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TEORIA DA AÇÃO COMUNICATIVA DE HABERMAS

A teoria da ação comunicativa de Habermas é uma abordagem sociológica e


filosófica que busca compreender como os indivíduos interagem e se comunicam uns
com os outros a fim de alcançar uma compreensão mútua e tomar decisões racionais.
Segundo Habermas, a ação comunicativa é a forma mais básica e primordial de
interação entre os seres humanos. Ela é caracterizada pelo compartilhamento de
significados, normas e valores, por meio da linguagem e da comunicação. É através da
ação comunicativa que as pessoas constroem sua realidade e dão sentido ao mundo
social.
Habermas argumenta que a ação comunicativa ocorre em dois níveis: o nível do
discurso e o nível da estrutura social. No nível do discurso, os indivíduos se engajam em
diálogos e debates para alcançarem um entendimento mútuo sobre questões relevantes à
sociedade. Já no nível da estrutura social, as normas e instituições são estabelecidas com
base nas deliberações e acordos alcançados no nível do discurso.
No entanto, Habermas também identifica os obstáculos à ação comunicativa,
como a dominação, a manipulação e a distorção da linguagem, que impedem a obtenção
de uma compreensão verdadeiramente mútua. Ele argumenta que esses obstáculos são
resultado da influência da razão instrumental e do poder nas relações sociais.
A teoria da ação comunicativa de Habermas tem sido amplamente debatida e
criticada. Alguns críticos questionam a viabilidade de alcançar um entendimento mútuo
e racional em todas as situações, argumentando que as diferenças culturais e sociais
podem levar a interpretações e perspectivas divergentes. Outros críticos também
argumentam que a teoria não leva em consideração as desigualdades de poder na
sociedade, tornando difícil a aplicabilidade prática da ação comunicativa.
Habermas manifesta preocupação na relação com as implicações do capitalismo
nas sociedades contemporâneas, o que motiva pesquisas sistemáticas com o objetivo de
formular uma nova perspectiva sobre a racionalidade, que se manifesta por meio do ano
comunicativo. Segundo o autor, a transição para o paradigma da teoria da comunicação
abrirá possibilidades para o ressurgimento de uma análise crítica da sociedade.
Foram incorporados princípios da filosofia e da ciência, tendo a focar na
racionalidade em sua essência mais profunda, buscando obter uma compreensão mais
ampla. A partir dessa compreensão, as pessoas conseguem avançar e, por isso, utilizam
a linguagem para se comunicarem com outras pessoas, a fim de chegarem a um
entendimento mútuo. In verbis:

Chamo ação comunicativa (grifo do autor) àquela forma de


interação socialem que os planos de ação dos diversos atores
ficam coordenados pelo intercâmbio de atos comunicativos,
fazendo, para isso, uma utilização da linguagem (ou das
correspondentes manifestações extraverbais) orientada ao
entendimento. À medida em que a comunicação serve ao
entendimento (e não só ao exercício das influências recíprocas)
pode adotar para as interações o papel de um mecanismo de
coordenação da ação e com isso fazer possível a ação
comunicativa. (HABERMAS, 1997; p.418).
A comunicação se estabelece por meio da interação entre os indivíduos, com o
objetivo de compreender a realidade. Como interações dentro da sociedade, surgem
debates dessas interações e é possível distinguir e separar, ou ao mesmo tempo
generalizar, os interesses. Dentro dessa situação, a racionalidade é considerada como
motivação para as ações realizadas pelos seres humanos, como objetivo de libertá-los e
proporcionar uma compreensão mais ampla do mundo e da sociedade em que estão
inseridos.

A LINGUAGEM, O CONHECIMENTO E A
RACIONALIDADE
Na teoria de Habermas, a linguagem é vista como fundamental para que o ser
humano modifique seu comportamento, independentemente de como ele se manifesta.
Neste contexto, a comunicação é vista como o meio de comunicação entre os
indivíduos, com a intenção de garantir a participação democrática nas decisões do grupo
através de debates.
Na Teoria da Ação Comunicativa, Habermas aprimora e dá a devida importância
à racionalização, dando a ela um novo conceito: a razão comunicativa.
O conhecimento não pode ser adquirido sem a interação entre as pessoas e o
bioma, abrindo a ciência e a filosofia para a emancipação e a compreensão coletiva,
resultando na formação da consciência. A filosofia da linguagem e da comunicação
consiste na interação entre os sujeitos que constituem a comunicação, portanto, por
meio da consciência compartilhada do diálogo, é possível adquirir conhecimentos
histórico-dialéticos situados em seu contexto.
Isso acontece quando, numa interação entre indivíduos, são apresentados
argumentos visando tornar a razão das buscas sociais mais humanizada, crítica e
focada . É possível ter uma atuação mais eficiente para libertar as pessoas e
compreender a sociedade.
Portanto, Habermas busca uma solução para as sociedades contemporâneas que
aplicam uma racionalidade instrumental e inconsistente: a razão comunicativa. A busca
pela compreensão e concordância com os demais indivíduos, vivenciada no dia a dia,
pode ser considerada uma alternativa eficaz para entendimento e consenso pessoal e
coletivo na vida em comunidade.
A racionalidade comunicativa baseia-se na compreensão e na aprendizagem, o
que possibilita a socialização e o reconhecimento livre de dois objetos e acontecimentos
pelos indivíduos participantes. Ao desenvolver a Teoria da Ação Comunicativa,
Habermas baseia-se numa filosofia que considera o ser humano como um indivíduo
com capacidade linguística , impulsionado a compreender os acontecimentos. Para
comunicar e expressar o pensamento e o senso crítico, o indivíduo se depara com
tradições culturais, regimes sociais e características de personalidade, elementos que
mantêm uma relação íntima entre si.
Quando ocorrem mal-entendidos diários na sociedade, é crucial procurar
consenso através da educação em todas as áreas da vida , em vez de situações coercivas
importantes em todo o Sistema.
Habermas faz uma breve explicação da distinção entre racionalidade e
conhecimento; em segundo lugar, no senso comum, acredita-se que alguém sabe algo
devido à sua capacidade de pensar de forma lógica e rápida . Neste caso, a racionalidade
está menos relacionada com a posse de conhecimento e mais com a forma como as
pessoas obtêm e utilizam esse conhecimento.
As palavras de Habermas:
Habermas – referir-se às coisas que existem no mundo, como,
por exemplo, dizer para alguém: “Vou sentar, pois estou
cansado”. Tal comportamento deve ser eficaz, ou seja, deve ser
uma intervenção no mundo para que as pessoas a nossa volta
compreendam os motivos de determinada ação: “quanto melhor
puder fundamentar uma pretensão de eficiência ou de verdade
proposicional associadas às pretensões tanto mais racionais elas
serão” (HABERMAS, 2012, v. 1, p. 34).

Habermas procura demonstrar a presença da racionalidade nas ações de todos os


indivíduos. Nesse sentido, a eficácia de uma ação específica pretende ser comunicada
para ser compreendida com pistas significativas para reconstituir a racionalidade como
elemento essencial da sociologia .

TEORIA DA AÇÃO COMUNICATIVA DE HABERMAS E


APLICADA AO DIREITO
No contexto do direito, essa teoria tem sido usada para entender a estrutura
social da justiça e do direito. Habermas entende que o direito não deve ser visto apenas
como um conjunto de regras a serem cumpridas, mas sim como uma forma de
comunicação que busca o entendimento mútuo entre as pessoas envolvidas em um caso.
Ao analisar a comunicação jurídica por meio da Teoria da Ação Comunicativa,
Habermas afirma que é possível entender as diferentes formas de interação e conflito
que ocorrem no sistema jurídico. Além disso, ele destaca a importância da participação
democrática, da inclusão social e da compreensão mútua no processo de e uma maior
legitimidade na decisão jurídica.
A teoria da ação comunicativa pode ajudar a resolver conflitos jurídicos ao
promover o diálogo e a busca por consensos entre as partes envolvidas. Ela propõe que,
por meio da comunicação livre e igualitária, é possível chegar a acordos justos e
legítimos, evitando assim a imposição de decisões unilaterais.
A teoria da ação comunicativa pode ser aplicada na prática do direito por meio
da promoção do diálogo e da busca por consensos. Ela propõe que as decisões jurídicas
sejam tomadas de forma democrática, levando em consideração os diferentes pontos de
vista e interesses envolvidos
O direito é o elemento ético que garante o consenso. Com a finalidade de
garantir a igualdade de oportunidades de se manifestar dentro de uma sociedade com
ideologias e na formação de normas jurídicas. Isso é a base do direito nacional e
internacional. É puro consenso.

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