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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO INTERNACIONAL DE ANGOLA

Criado pelo Decreto Presidencial nº 168/12 de 24 de julho


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DISCIPLINA

ÉTICA DA COMUNICAÇÃO E ÉTICA DA INFORMAÇÃO

Estudante: Jenoveva Valentina Poto


Curso: Comunicação Social e Imagem
1º Ano
Período: Tarde
Docente
_______________________

Luanda, 2024
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO INTERNACIONAL DE ANGOLA
Criado pelo Decreto Presidencial nº 168/12 de 24 de julho
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DISCIPLINA

ÉTICA DA COMUNICAÇÃO E ÉTICA DA INFORMAÇÃO

Jenoveva Valentina Poto

Luanda, 2024
ÍNDICE

INTRODUÇÃO...............................................................................................................1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................2
DEFINIÇÃO....................................................................................................................2
ÉTICA DA COMUNICAÇÃO........................................................................................2
Ética e meios de comunicação social - Duplo dinamismo na comunicação social...........6
Dimensão ética dos meios de comunicação.....................................................................6
Relações Públicas: o rosto humano da comunicação.......................................................7
A ÉTICA DA INFORMAÇÃO.......................................................................................7
Ética da Publicidade e da Propaganda.............................................................................9
CONCLUSÃO...............................................................................................................10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................11
INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa abordar sobre o tema “ética da comunicação e ética da informação”,
tema de grande interesse e importância.

O jornalismo e a informação são domínios da comunicação social que necessitam de um


enquadramento ético, moral e deontológico. A Ética dos Media, a Ética da Informação, a Ética do
Jornalismo, a Deontologia da Informação e a Deontologia do Jornalismo são áreas conceptuais de
acção inerentes à actividade jornalística e ao processo de informação em geral. A informação, para ser
global, necessita de uma tematização filosófica, sociológica e comunicacional sistemática.

Informação e comunicação são acções distintas. A comunicação é um processo global, que


deverá conter no mínimo e em termos lineares os seguintes elementos: um emissor, um canal, uma
mensagem (que deverá conter os signos comuns - código - aos interlocutores) um receptor. A
comunicação abrange não apenas a informação, mas também a interpretação, a explicação, a
compreensão, a opinião, a divulgação, a promoção e a publicitação.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

DEFINIÇÃO

Ética é o ramo da filosofia que trata de questões sobre como devemos viver e portanto
sobre a natureza do certo e do errado, bem e mal, dever, obrigação e outros conceitos”. (Livro
da filosofia. São paulo: globo livros, 2011, p. 341).

“A ética profissional é uma compilação dos escrúpulos, um denominador comum


traçado pela associação de vontades, um compromisso público ditado por um orgulho
profissional mutuamente partilhado” (Mascarenhas, 1988, p. 53). Enunciado nestes termos, o
conceito de ética profissional distancia-se do campo exclusivamente moral para se instalar
num território de partilha de propósitos, que só ganha sentido se ancorado na sua expressão
pública. Óscar Mascarenhas, jornalista profissional e docente, que presidiu ao Conselho
Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, instituição autorregulatória por excelência, referia-
se especificamente à ética jornalística, que frequentemente resumia numa palavra: lealdade.
“Não vou trair a pessoa, não vou atingi-la pelas costas, abrir-lhe alçapões; vou noticiar as
informações em termos de cidadania” (Mascarenhas, 1988 citado por Martins, 2013, p. 188).

ÉTICA DA COMUNICAÇÃO
A ética na comunicação é a adequação das ações do comunicador aos procedimentos
definidos como “éticos” pelo campo. e trocas discursivas marcadas por tensões e disputas, não
elimina os interesses e necessidades particulares das disputas.

Componente moral das atividades comunicativas. Nos últimos anos observou-se o


interesse crescente dos profissionais da comunicação pelos problemas éticos. A facilidade de
acesso à informação e o aumento considerável dos canais informativos criaram certos perigos.
Em consequência, a liberdade de comunicação aumenta a responsabilidade individual nas
mensagens e nos seus efeitos. O problema é particularmente visível no caso da comunicação
persuasiva, como, por exemplo, a publicidade ou propaganda onde a fronteira entre
manipulação e informação tende a ser frágil. Também a retórica e, nomeadamente, a
argumentação correm o perigo de serem utilizadas com o intuito de manipular, de ocultar a
verdade ou relativizar o mal. A regra universal da ética da comunicação baseia-se no acordo
acerca dos princípios de informação e de argumentação. O cumprimento da regra mencionada
permite a explicação de situações de conflito, assim como o esclarecimento das mensagens
ilegíveis. Os grupos dos profissionais da comunicação costumam formular códigos
deontológicos que regem o exercício da profissão.
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Grande parte da reflexão teórica sobre a ética no campo da Comunicação concentra-se
em estudos a respeito de princípios deontológicos que regem as práticas dos profissionais de
comunicação (ESTEVES, 1998).

Contudo, e sem desconsiderarmos a importância dos códigos que dirigem a ação e os


interesses desses profissionais, é possível afirmar que a ética da comunicação diz respeito
também aos modos como as relações intersubjetivas são construídas – o que envolve a
constituição e percepção mútua dos parceiros de diálogo enquanto interlocutores, a elaboração
e expressão dos enunciados e a constante reformulação dos quadros de sentido e das formas
de linguagem que definem tanto a interlocução quanto seu contexto – e ao modo como os
sujeitos procuram associar sua liberdade de ação e seus próprios interesses ao respeito pelas
identidades e pelos interesses alheios (MARQUES, 2009).

Uma ética associada aos processos comunicativos atuais não pode deixar de
considerar, em um primeiro momento, 1) os modos operatórios da produção de informações
nos media; 2) os modos de difusão e apropriação crítica das mensagens mediáticas; 3) os
processos intersubjetivos que tentam descortinar a perspectiva de cada ator envolvido em uma
ação comunicativa, articulando-a ou não com a perspectiva de todos; 4) as situações
comunicativas e os contextos relacionais que são criados quando sujeitos acionam elementos
comuns de linguagem para buscarem o entendimento recíproco; e 5) o interesse próprio, que
pauta não só ações estratégicas, vistas como contrárias ao bem coletivo, mas sobretudo
direciona o engajamento discursivo dos atores com seus pares e que, por isso mesmo, precisa
ser considerado como elemento central de uma interação comunicativa.

A ética da comunicação também precisa se ocupar pelo peso dos interesses e pelo
papel da linguagem na relação prática entre os sujeitos, contemplando, as condições nas quais,
por meio da interação discursiva na esfera pública, os indivíduos identificam, expressam e
negociam suas necessidades (MARQUES, 2011).

Habermas, em Teoria da Ação Comunicativa (1987), procurou construir uma ética do


discurso capaz de evidenciar como o uso da linguagem é capaz de promover o entendimento
mútuo e um acordo provisório (sempre aberto a revisões) entre os participantes de discussões
práticas, a partir da avaliação coletiva de questões comuns e interesses particulares. Para esse
autor, a ética associa-se ao horizonte pessoal de interesses, escolhas, valores e visões de
mundo, enquanto o ponto de vista moral – adotado pelos participantes em uma discussão
prática acerca de questões de justiça – remete-se ao alargamento do horizonte subjetivo rumo
3
à solução de conflitos e problemas de ordem coletiva. O uso da linguagem em uma situação
argumentativa, segundo Habermas, confere igualmente aos sujeitos a capacidade de agir
racionalmente e de, a partir de seus interesses particulares, escolher as alternativas de ação
que privilegiem o bem comum. Dito de outro modo, a ação dos sujeitos não estaria prevista
ou constrangida por normas prévias, mas seria fruto de decisões moralmente construídas
através do debate e do diálogo.

A partir do horizonte de suas respectivas auto-compreensões e compreensões de


mundo, as diferentes partes em diálogo referem-se a um ponto de vista moral
pretensamente partilhado, que induz a uma descentralização sempre crescente das
diversas perspectivas, sob as condições simétricas do discurso. (HABERMAS, 2004,
p. 316)

A citação acima reitera que ações comunicativas não estão descoladas dos interesses
particulares dos sujeitos em interlocução. Pelo contrário: é a partir do universo de
compreensões e interesses singulares desses sujeitos que se configura um horizonte ampliado
e partilhado de sentidos. Pode-se, contudo, questionar até que ponto a discussão fornece,
mesmo, condições paritárias de expressão e contextos de enunciação livres de desigualdades
de poder, dificultando a construção de estratégias voltadas para o alcance de fins particulares.
E, para isso, é importante aproximar a abordagem habermasiana de uma outra que ressalte as
dinâmicas de poder que perpassam as relações comunicativas e os contextos de mise en scène
do discurso. É nesse sentido que a reflexão proposta por este artigo pretende recuperar a
reflexão de Pierre Bourdieu a respeito de uma “ética do uso da linguagem” estritamente
direcionada para o sucesso da ação estratégica dos sujeitos.

Para Bourdieu, o sujeito age e usa a linguagem seguindo as diretrizes e lógicas de um


determinado campo, visando obter um ganho simbólico e reiterando os princípios que guiam
suas escolhas particulares. Neste contexto, usa-se ”campo“ na acepção de Bourdieu (1980a,
1980b), como espaço social estruturado, no qual agentes em disputa, que dispõem de um
capital simbólico limitado e acumulado no decorrer de sua trajetória social, buscam as
melhores posições e o bônus a elas associado.

Ao refletirmos sobre a ética e a moral no âmbito da Comunicação, não podemos


negligenciar o fato de que tanto os atores sociais quanto os atores mediáticos agem em
contextos marcados por estruturas amplamente centralizadas, baseadas em formas
hierárquicas e assimétricas de comunicação. Tampouco, não podemos nos esquecer de que os
agentes mediáticos estão vinculados a estruturas de poder que reproduzem e renovam
constantemente um habitus específico. De maneira geral, o habitus é um sistema de orientação
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que orienta os indivíduos em suas escolhas. Faz com que os membros de um mesmo grupo
social compartilhem princípios e definições acerca da realidade social. Dito de outro modo, o
habitus refere-se a uma série de disposições pré-reflexivas para o comportamento prático que
orientam as pessoas em um sentido peculiar em todas as esferas de sua experiência
(BOURDIEU, 1980b).

Algumas questões podem ser extraídas dessas considerações: os interesses de um


agente mediático são fruto de sua escolha autônoma ou coincidem com os interesses do
campo no qual ele se insere? É possível pensar em uma conduta ética sem considerar as
condições e contextos de ação dos indivíduos?

Por sua vez, no que se refere aos processos intersubjetivos de aproximação entre
interesses privados e públicos, salientamos que o desenvolvimento ético e moral das
sociedades contemporâneas deve levar em conta o modo como os sujeitos debatem, dialogam
e negociam suas diferenças, seus interesses, pontos de vista e suas necessidades. Sob um viés
pragmático, do uso da linguagem como forma de ação prática para a busca do entendimento
recíproco, a teoria da ação comunicativa de Habermas (1987), como salientado anteriormente,
pode ser apontada como uma importante contribuição para pensarmos como indivíduos e
grupos questionam, em uma postura ética, os valores e as bases que ancoram as regras morais
que os vinculam, aliando interesses particulares a interesses coletivos.

O ser humano é e está em comunicação. Para poder relacionar-se e trabalhar


coletivamente no desenvolvimento social e na construção da história, os seres humanos criam
condições de comunicação cada vez mais sofisticadas. Portanto, a comunicação é um fato
(existe desde o momento da hominização, do brotar da consciência) e uma necessidade social
(sem ela não existe ser humano, não existe consciência, não existe sociedade). É a
comunicação, e seus diversos processos, que possibilita que o imenso patrimônio cultural da
humanidade possa ser distribuído, socializado. Comunicação democrática: critério de
julgamento da saúde social. Desse modo, caso a comunicação não possa ser estabelecida
livremente na sociedade, a própria sociedade humana tem a sua constituição ameaçada.
Defender a vida social é defender o estabelecimento de uma comunicação que possa ser
acessível a todos, onde a verdade e a liberdade sejam o apanágio. Daí que o primeiro critério
para se julgar a saúde de uma sociedade seja a análise dos seus fluxos comunicativos. Uma
sociedade em que parcelas consideráveis de seus integrantes estejam de antemão excluídas
dos processos comunicativos é uma sociedade moribunda e destinada a morrer. Uma

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sociedade que concentra seus recursos comunicacionais nas mãos de grupos seletos não pode
pretender-se livre, soberana e democrática.

Ética e meios de comunicação social - Duplo dinamismo na comunicação social


A comunicação social se vê levada por um duplo dinamismo que favorece o
desenvolvimento e comanda a orientação: os interesses particulares dos profissionais ou
usuários da comunicação, e o bem geral da própria comunicação enquanto serviço público. O
projeto ético deve elaborar, aprofundar a compreensão integral dos objetivos da comunicação
social, propor e fundar os valores éticos que daí derivam, em tudo analisando as condições
concretas de sua realização no interior das tensões, e mesmo dos conflitos de interesses, bem
como das coações que existem dentro do sistema técnico dos meios. Devemos partir do
princípio que a comunicação social é uma das dimensões-chave, fundamentais mesmo, da
pessoa humana. Dependendo do modo como ela é manejada, poderá servir de instrumento de
despersonalização. Daí a necessidade de uma proposta ética, que se impõe hoje como tarefa e
desafio. Será que a sociedade em geral e os jornalistas em particular serão capazes de
responder a este questionamento ético? Quando se fala em Meios de Comunicação Social,
está-se referindo àqueles que apresentam grande idoneidade de comunicação, pronunciada
tecnicidade e relevante papel de socialização. A pessoa humana deve situar Ética da
Publicidade e da Propaganda É importante assinalar que a publicidade e a propaganda
pertencem à chamada comunicação persuasiva. Embora não se limitem aos meios de
comunicação de massa, é neles que elas encontram seus veículos mais eficazes. É importante
fazer uma distinção entre informação e a publicidade e propaganda. De acordo com a
sociologia, entende-se por publicidade e propaganda a apresentação ao público de fatos –
reais ou supostos – argumentos e opiniões, organizados de tal maneira, que induzam a
conclusões favoráveis aos interesses de quem os apresente. A informação, por sua vez, é a
pura e simples relação de fatos em todos os domínios, reduzindo-se, ao mínimo, os resíduos
de subjetivismo inerente a todo testemunho. A partir deste esclarecimento, podemos apontar
as exigências éticas da publicidade e da propaganda. Estas são fundamentais, inclusive, para a
boa realização profissional do jornalista, visto que este, muitas vezes, se depara com dilemas
advindos da publicidade e propaganda.

Dimensão ética dos meios de comunicação


Destes aspectos, deriva a dimensão ética de alguns pontos que se mostram mais
influentes. Tais pontos são: a informação, a publicidade e propaganda, e a opinião pública.
Estes pontos dizem respeito, também, ao trabalho do profissional do jornalismo. Também o
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aspecto da publicidade, muito embora concirna mais aos publicitários, deve estar no horizonte
do interesse ético do jornalista.

Relações Públicas: o rosto humano da comunicação

Hoje existe uma certa confusão no campo da comunicação que torna, na prática
distinguir entre atividades informativas, publicitárias e propagandistas. No caso das Relações
Públicas, muitas vezes o profissional não tem uma clareza suficiente sobre a sua identidade
nem sobre o que lhe compete no campo da comunicação. Isso traz, freqüentemente,
problemas éticos para os profissionais dessa área.

Desse modo, para uma sadia reflexão ética, torna-se imprescindível que se estabeleça e
se defina o campo específico das Relações Públicas em contraste com a informação e a
publicidade. Somente depois disso se pode realizar uma avaliação ética adequada. Afirma
Blazquez que o conceito de relações públicas é relativamente recente e é confundido, às
vezes, com imprensa publicitária e propaganda. Nos países industrializados, as relações
públicas são associadas imediatamente ao marketing e à propaganda comercial. Um primeiro
passo para a distinção é olhar o que todas têm em comum. Todas são processos de
comunicação. Cada uma delas, a seu modo, são atividades comunicativas, com um
destinatário comum: o grande público. Para atingir a esse público, utilizam-se dos grandes
meios. Na sociedade, qualquer coletivo pode estar interessado em dar-se a conhecer através da
informação publicitária, propagandística ou de relações públicas. Essa informação custa
dinheiro e procura, de certa forma, atingir

A ÉTICA DA INFORMAÇÃO

Esta expressão pressupõe: uma abordagem filosófica; uma tematização sociológica e


comunicacional de cariz praxiológica. Entre as várias teorias filosóficas sobre a informação,
Capurro (1992) propõe uma poli-ética da informação, cuja análise incide sobre os ângulos de
verdade, poder e desejo. A genealogia destes três conceitos manifesta-se em autores como
Platão e Kant.

Na controvérsia entre ser, fala e escrita, Platão na figura de Sócrates evoca a ágora
como o lugar da filosofia e da pluralidade de opiniões. A verdade, o poder e o desejo são o
resultado de uma retórica da fala prédeterminada, que apela ao mundo das ideias opondo-se à
natureza sensível da escrita. Nos diálogos platónicos, Sócrates procura descobrir a verdade
através do método dialéctico. A escrita possui uma duplicidade: ela é um meio caminho, nem

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puramente falsidade (simula uma ausência de fala), nem puramente verdade (só a fala aspira à
verdade através do logos). Em Platão, os media são a caverna tecnológica, da qual devemos
sair para procurar a claridade da razão.

Kant opõe-se a Platão afirmando que, se a liberdade de comunicação torna possível a


liberdade de pensamento, então deve existir o primado de uma escrita verdadeira. A escrita é
o campo do uso público da razão definindo o ser e o saber, enquanto que o uso privado da
razão só existe em comunidades específicas (por exemplo, o oficial, professor, cidadão, o
padre). Em Kant, o poder deve estar subordinado ao imperativo categórico, que regula a
liberdade, a autonomia e a moral. O desejo encontra-se no domínio da sensibilidade. A fala é
o campo da crença. Kant afirma a função reguladora da fala universal enquanto identidade
entre fala e escrita. A mediatização da razão, através da escrita, situa-se num nível de
particularização em relação à mediatização da fala.

Na perspectiva sociológica e comunicacional, definir a ética da informação é uma


tarefa difícil, pois trata-se de conciliar a universalidade da ética com a aplicabilidade da
informação. Prodhomme (1999: 20) salienta que a "definição de ética da informação não
encontra nenhum consenso na literatura nem constitui o objecto de nenhuma sedimentação no
discurso que a sustém".

Pigeat (apud Prodhomme, 1999: 16) identifica a ética da informação com a ética dos
media, "ela consiste no objecto de pesquisas e de definições, sem dúvida na qualidade de uma
teoria dos media em vias de ser feita". Nas teses de Cornu (1994), a ética da informação não é
somente a ética do jornalismo informativo. Ela inclui também os media e o público que lê,
escuta ou vê os jornalistas. Estes últimos ocupam um lugar estratégico: são eles que
contactam com as fontes de informação sendo chamados a elaborar a estória (story) dos
acontecimentos e a repensar a sua conduta profissional numa sociedade que reclama valores
éticos, morais e deontológicos.

Segundo Höffe (apud Prodhomme, 1999: 18-19) a ética da informação constitui "uma
reflexão sobre os abusos cometidos pelos regimes de ditadura, posteriormente ocupou-se das
condições de realização do ideal de liberdade de imprensa (...) em seguida, na reacção ao
liberalismo extremo em matéria de informação, ela inquieta-se face à responsabilidade dos
meios de informação e dos jornalistas, sublinhando uma deontologia em matéria de
informação que abordaria não apenas os problemas particulares da informação, mas também a
totalidade do processo".
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Neste sentido, Prodhomme (1999: 19) assinala a "necessidade de elaborar uma ética da
informação que poderíamos qualificar de totalizante e global, isto é, aplicada ao conjunto dos
actores do sistema mediático, receptor incluído, devido ao jogo da informação que
compromete cada indivíduo". No entanto, torna-se imprescindível colocar uma questão:
Como é que a ética da informação se poderá tornar global "devido ao jogo da informação que
compromete cada indivíduo", se o seu objecto de estudo é estritamente a informação e não a
comunicação global? Uma ética da informação, que inclua apenas os media, os jornalistas
(enquanto agentes do jornalismo informativo) e o próprio público nunca poderá ser totalizante
já que não compreende a globalidade do processo comunicacional. Deste modo, a existência
de condições mínimas de globalidade na ética da informação, numa perspectiva sociológica e
comunicacional, terá de incluir necessariamente as acções de relações públicas (em particular
a assessoria de Imprensa) operadas por quadros estatais, corporativos, religiosos e sindicais.
De facto, quando um assessor de Imprensa3 de qualquer instituição envia para os media um
comunicado, convoca os jornalistas para uma conferência de Imprensa, fornece dossiers de
Imprensa aos jornalistas e mesmo quando elabora uma publi-reportagem, com intuitos de
mera divulgação não-publicitária, está a participar no processo de informação.

Ética da Publicidade e da Propaganda

É importante assinalar que a publicidade e a propaganda pertencem à chamada


comunicação persuasiva. Embora não se limitem aos meios de comunicação de massa, é neles
que elas encontram seus veículos mais eficazes.

É importante fazer uma distinção entre informação e a publicidade e propaganda. De


acordo com a sociologia, entende-se por publicidade e propaganda a apresentação ao público
de fatos – reais ou supostos – argumentos e opiniões, organizados de tal maneira, que
induzam a conclusões favoráveis aos interesses de quem os apresente. A informação, por sua
vez, é a pura e simples relação de fatos em todos os domínios, reduzindo-se, ao mínimo, os
resíduos de subjetivismo inerente a todo testemunho.

A partir deste esclarecimento, podemos apontar as exigências éticas da publicidade e


da propaganda. Estas são fundamentais, inclusive, para a boa realização profissional do
jornalista, visto que este, muitas vezes, se depara com dilemas advindos da publicidade e
propaganda.

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CONCLUSÃO

Em suma, a ética profissional é uma compilação dos escrúpulos, um denominador


comum traçado pela associação de vontades, um compromisso público ditado por um orgulho
profissional mutuamente partilhado.

A ética na comunicação é a adequação das ações do comunicador aos procedimentos


definidos como “éticos” pelo campo. e trocas discursivas marcadas por tensões e disputas, não
elimina os interesses e necessidades particulares das disputas.

A informação, por sua vez, é a pura e simples relação de fatos em todos os domínios,
reduzindo-se, ao mínimo, os resíduos de subjetivismo inerente a todo testemunho. A partir
deste esclarecimento, podemos apontar as exigências éticas da publicidade e da propaganda.
Estas são fundamentais, inclusive, para a boa realização profissional do jornalista, visto que
este, muitas vezes, se depara com dilemas advindos da publicidade e propaganda.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Marco António. Ética da comunicação e ética da informação: teoria sistemática.


Disponível em: https://www.bocc.ubi.pt/pag/antunes-marco-etica-da-comunicacao-e-etica-da-
informacao.pdf.
GOMES, Pedro Gilberto. A ética e os meios de comunicação social. Encontros Teológicos nº
35, Ano 18 / número 2 / 2003.
MARTINO, L. M; MARQUES, A. A ética da comunicação a partir da abordagem dos
conceitos de interesse e uso da linguagem. Galaxia (São Paulo, Online), n. 23, p. 139-152,
jun. 2012.
PORTO EDITORA – ética da comunicação na Infopédia. Porto: Porto Editora. Disponível
em: https://www.infopedia.pt/$etica-da-comunicacao.
SEBASTIÃO, Sónia Pedro, MARTINS, Paulo. Ética em Comunicação Reflexões sobre os
atributos, os desafios e as práticas Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
Universidade de Lisboa Editores. Disponível em:
https://www.iscsp.ulisboa.pt/pt/media-f-o/open?guid=5cc874e75f355.

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