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terceiro. Desta forma, a prestação feita a terceiro não extingue a obrigação (art.º 770.

º, CC), admitindo-
se, todavia, em obediência a diversos institutos, que esta possa ser liberatória, mesmo quando feita a
terceiro, nos casos seguintes:
a. Se assim foi estipulado ou consentido pelo credor;
b. Se o credor a ratificar;
c. Se quem a recebeu houver adquirido posteriormente o crédito;
d. Se o credor vier a aproveitar-se do cumprimento e não tiver interesse fundado em não a
considerar como feita a si próprio;
e. Se o credor for herdeiro de quem a receber e responder pelas obrigações do autor da sucessão;
f. Nos demais casos em que a lei o determinar.
Assim, a prestação feita a terceiro pode ser repetida pelo devedor enquanto não se tornar liberatória,
nos termos do art.º 770.º e do n.º 2 do art.º 476.º. Este preceito opera quando o devedor tenha animus
solvendi mas, por efectuar o pagamento a terceiro fora das alíneas do art.º 770.º não logre liberar-se da
obrigação.

O art.º 476.º, n.º 3, prevê a prestação feita por erro desculpável antes do vencimento da obrigação.
Pressupõe, naturalmente, que a iniciativa do solvens não venha, só por si, provocar o vencimento em
jogo, como sucede no âmbito do n.º 1 do art.º 777.º.
Efectuando o pagamento antecipado, o devedor vai (ou pode) beneficiar o credor, atribuindo-lhe uma
vantagem que o ordenamento não previu para ele; e em paralelo, ele irá (ou poderá) suportar uma
desvantagem, também não fixada pelo Direito. Todavia, não parece adequado considerar, aí, a ausência
de uma obrigação, permitindo a repetição pura e simples do solutum: o credor recebe aquilo que lhe é
devido, aderindo, confiante, ao pagamento; além disso, pode piorar a situação do devedor, tornando-se
este insolvente no momento do pagamento. Desta forma, o legislador considerou que só há lugar a uma
obrigação de restituir aquilo com que o credor se enriqueceu, por via do pagamento antecipado, desde
que o devedor, ao antecipar o pagamento, tenha agido “por erro desculpável”, i.e., sem violação dos
deveres de cuidado que ao caso coubessem.

Cumprimento de obrigação alheia

O cumprimento de obrigação alheia, contemplado nos artigos 477.º e 478.º, coloca questões mais
delicadas. De facto, o princípio geral é o de que a prestação tanto pode ser feita pelo próprio devedor,
como por um terceiro (art.º 767.º, n.º 1, CC), apenas com a ressalva do credor não poder ser
constrangido a receber a prestação de terceiro quando se tenha expressamente acordado que ela deva
ser feita pelo devedor ou quando a substituição o prejudique (art.º 767.º, n.º 2, CC), o que desde logo
sucederá sempre que se trate de uma prestação não-fungível. A recusa, pelo credor, de uma prestação
feita por terceiro vem, depois, regulada no art.º 768.º.
Sob este pano de fundo, o art.º 477.º dispõe sobre o cumprimento de obrigação alheia, na convicção de
que é própria. Sendo o erro desculpável, i.e., havendo erro sem violação de deveres de cuidado eu no
caso se imponham, cabe a repetição do indevido, em favor do solvens. Tal não ocorre, no entanto, se o
credor, desconhecendo o erro do autor da prestação (art.º 477.º, n.º 1, 2.ª parte, CC):
a. Se tiver privado do título ou das garantias do crédito;
b. Tiver

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