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A crescente prevalência de obesidade e sobrepeso ressalta a Keywords: Obesity. Weight loss. EPOC. RMR.
necessidade de intervenções para reverter esse quadro. Nesse Palabras-clave: Obesidad. Adelgazamiento. EPOC. TMR.
Maehlum et al.(55) 4M, 4H 80’ a 70% do VO2máx > 12h – O EPOC pode persistir por até 24h
(3 ou 4 x de 10-30’)
Bahr et al.(10) 6H 20, 40 e 76’ a 70% do VO2máx 76’: > 12h – 12h: ! 15% na TMR
(56)
Sedlock et al. 10H 20’ a 75%; 30’ a 50% e EPOC curto 29,4; 14,3 Exercício de alta intensidade
60’ a 50% do VO2máx e 12,1kcal e curta dur. (> EPOC)
Kaminsky et al. (31) 6M 50’ de corrida e, 2x 25’ 30’ 6, 39kcal x Exercício intervalado: > EPOC e GE
a 70% do VO2máx 13, 88kcal
Dawson et al.(39) 8M 34’ a 67%; 41’ a 55% e 13,9 a 14,1’ – Mesmo trabalho total (através
49’ a 45% do VO2máx do gasto energético)
Quinn et al.(9) 8M 20, 40 e 60’ a 70% do VO2máx > 3h 42,6; 59,6 EPOC: ! da TMR em ~16,5%
e 89,2kcal
Fukuba et al.(52) 5M 60’ a 70% do VO2máx 7h – 4 dietas nas 2 fases do ciclo menstrual
Brockman et al.(20) 5M 2h a 25%; 10’ a 81% 7x2’ > 1h – ! de 12, 23 e 44% do metabolismo
a 89% do VO2máx
Imamura et al.(27) 7M 30 e 60’ a 60% do VO2máx 46’ e 116’ – Magnitude do EPOC: mais import.
p/ o emagrecimento
Binzen et al.(41) 45’ de exercício resistido > 2h 29,2kcal O EPOC é insignificante p/ esses autores
Burleson et al. (34) 15H 27’ (caminhada) e > 1:30h 30’ de recup: O volume do trein. resistido
27’ (exercício resistido) 64 e 95kcal é muito importante
H = homens; M = mulheres; GE = gasto energético; ! = elevação; trein = treinamento; dur = duração; sub = submáximo; TMR = taxa metabólica de repouso; recup = recuperação.
Com relação aos efeitos agudos do exercício, Osterberg e Mel- madamente 15% (260kcal /dia) ou a oxidação de gordura como con-
by(44) verificaram que o exercício resistido aumenta a TMR por 16 seqüência da redução da massa corporal anterior. Da mesma for-
horas após o exercício em aproximadamente 4,2%, sugerindo au- ma, dois grupos de mulheres não-obesas foram treinadas, um gru-
mento de aproximadamente 50kcal /dia na TMR com o exercício po com exercício resistido e outro com exercício aeróbio por seis
físico(33). Outro estudo(38) verificou que a TMR na manhã seguinte meses. O gasto energético diário foi mensurado 10 dias após os
após um exercício resistido foi 4,7% maior que o mensurado na seis meses. Concluiu-se que os benefícios do treinamento físico
manhã antes do exercício. no aumento do gasto energético é primariamente decorrente do
Para analisar o efeito crônico do exercício, mulheres obesas na efeito do exercício e não de elevação crônica do gasto energético
pós-menopausa foram acompanhadas por 16 semanas de treina- diário em mulheres não-obesas(42).
mento resistido. Os resultados demonstraram aumento significa- Contudo, deve-se ressaltar que os dados sobre os efeitos do
tivo (aproximadamente 4%) da TMR e da massa muscular em treinamento em longo prazo sobre a TMR são contraditórios. Isso
ambos os grupos de obesas e não-obesas(31). Além disso, as pes- pode ser devido ao fato de ser difícil quantificar o tempo exato da
soas obesas obtiveram redução significativa da massa corporal, recuperação de um treinamento prévio, quando se pretende men-
massa gorda e percentual de gordura, indicando que o exercício surar apenas o efeito crônico do treinamento, excluindo o efeito
resistido pode ser um importante componente integrado a progra- agudo da última sessão (para não superestimar a TMR).
mas de emagrecimento em mulheres pós-menopausa. Esse es- Fatores genéticos e fisiológicos que influenciam a TMR tam-
tudo acrescenta um aspecto importante na literatura ao demons- bém passaram a ser investigados, como, por exemplo, os níveis
trar que o treinamento resistido acompanhado de redução na massa circulantes dos hormônios tireoidianos(46), turnover das uncoupling
corporal não resultou em redução da TMR. Corroborando esse re- proteins 2 e 3(47) e níveis circulantes de leptina(48). Esses aspectos
sultado, foi encontrado aumento de 7,7% da TMR em homens do metabolismo de repouso indicam que a atividade física pode
idosos com um protocolo similar(45). ter dois efeitos distintos na TMR. Além do efeito do treinamento
Entretanto, alguns autores(40) analisaram os efeitos de 12 sema- no aumento da massa magra, um segundo efeito pode resultar
nas (3 x por semana) de exercício aeróbio e resistido no peso cor- desses processos fisiológicos que influenciam a TMR(43).
poral, composição corporal e TMR em 18 idosos (aproximadamente A proteína desacopladora (UCP3) foi descoberta em 1997(49).
61 anos) que tiveram redução da massa corporal de 9 ± 1kg em Essas proteínas transportam alguns prótons ou ânions de ácidos
11 semanas. Os resultados indicaram que nenhum dos dois tipos graxos através da membrana interna da mitocôndria, de modo a
de exercício conseguiu reverter a diminuição da TMR de aproxi- produzir ATP e elevar o gasto energético. Entretanto, também exis-
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te a evidência de que a função fisiológica primária da UCP3 não é a Neste sentido, torna-se importante mencionar que um estudo
regulação do gasto energético, porém, esta ainda permanece obs- recente de nosso grupo de estudos(53) demonstrou que a maioria
cura. Tem sido sugerido(50) que a UCP3 pode estar envolvida com das adolescentes obesas, ingressantes em nosso programa mul-
as adaptações induzidas pelo treinamento no metabolismo ener- tidisciplinar para o tratamento da obesidade, apresentou hiperlep-
gético, exercendo uma down-regulation na UCP3, que, por sua vez, tinemia exacerbada. Isso poderia sugerir resistência à ação desse
está associada ao aumento do mecanismo de eficiência no apro- hormônio decorrente de alterações nos seus receptores, o que
veitamento de energia. Deve-se ressaltar, no entanto, que no exer- resultaria em menor termogênese e redução da TMR desses pa-
cício agudo ocorre up regulation da UCP3(51), possibilitando maior cientes. Além disso, essas alterações sugerem ainda a necessi-
oxidação de ácidos graxos. Entretanto, com o treinamento a capa- dade de estratégias em longo prazo para o restabelecimento da
cidade de oxidar ácidos graxos poderia aumentar, reduzindo a ne- ação da leptina, podendo este ser um fator contribuinte para os
cessidade de altos níveis de UCP3. resultados discrepantes relativos à TMR de obesos e não obesos.
Por outro lado, no mesmo estudo anteriormente mencionado,
TMB nos obesos e leptina verificamos que, após um período de intervenção de curto prazo,
A leptina, um hormônio produzido pelo tecido adiposo, é o maior a hiperleptinemia foi reduzida significativamente. No entanto, não
regulador da ingestão de alimentos e da taxa metabólica(48). De restabelecida a valores de normalidade, confirmando a necessida-
acordo com esses mesmos autores, o nível plasmático de leptina de de tratamento em longo prazo para os ajustes hormonais e
reflete-se nos estoques energéticos, uma vez que esse hormônio metabólicos que favorecem o aumento da TMR e, conseqüente-
exerce um feedback negativo no eixo hipotálamo-pituitária-tireói- mente, maior facilidade para a obtenção do balanço energético
de e eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. negativo e redução da massa adiposa.
O mecanismo de ação da leptina envolve diminuição da inges-
tão de alimento e o aumento do gasto energético, resultando em
CONSIDERAÇÕES FINAIS
redução da massa corporal. A leptina também aumenta a ativida-
de simpática, sugerindo aumento da termogênese no tecido adi- Não se sabe, portanto, qual a combinação exata, mas o desen-
poso marrom (regula o peso corporal após hiperfagia), o que po- volvimento de programas de treinamento que maximizem o EPOC
deria ser um mecanismo no qual a leptina regularia a massa pode ser um importante fator para a redução ponderal(9,54). Embo-
corporal(52). Os resultados desse estudo mostraram diminuição de ra o custo energético do EPOC em uma sessão de treinamento se
43% na ingestão de alimento com a administração de leptina. Além mostre pequeno, seu efeito cumulativo poderá ter um impacto
disso, também foi verificado aumento significativo no consumo positivo no quadro da obesidade. O mesmo raciocínio é válido para
de oxigênio, o que foi associado com o aumento na síntese de a TMR. Entretanto, torna-se interessante ressaltar que a perda de
novas proteínas UCP (uncoupling protein ). A concentração total peso e EPOC não tem sido comprovada. Há necessidade de mais
de UCP aumentou 131% com a administração de leptina, promo- e mais estudos para que esse tema seja mais bem compreendi-
vendo a redução da massa corporal. A ativação da UCP aumenta a do.
taxa de oxidação de substrato e produção de calor. Esses autores
concluíram que a leptina aumenta o turnover de norepinefrina no
tecido adiposo, uma vez que a leptina eleva a ativação simpática,
aumentando a termogênese no tecido adiposo marrom e a ex- Todos os autores declararam não haver qualquer potencial confli-
pressão da UCP. to de interesses referente a este artigo.
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