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Guilherme Rosa
Resumo
Durante o exercício, utilizam-se duas vias metabólicas para a produção de energia: uma dependente de O2 (aeróbia), usada em
exercícios de longa duração e intensidade baixa a moderada; e outra independente de O2 (anaeróbia), usada em exercícios de
alta intensidade e curta duração. O carboidrato (CHO) disponível no músculo, sob a forma de glicogênio muscular, é a principal
fonte energética para esses exercícios. A utilização do glicogênio muscular pode resultar em lactato e contribuir para a fadiga
muscular durante exercícios de elevada intensidade. Esse tipo de exercício promove o consumo de grande quantidade de CHO,
pois há um aumento na disponibilidade e na taxa de oxidação de glicose. Entretanto, a quantidade total utilizada está limitada à
duração do exercício. Durante uma sessão de exercício de força ou um “tiro” de 30 segundos, o consumo de glicogênio muscular
é da ordem de 25 a 30% das reservas do músculo exercitado, e exercícios repetidos causam grande diminuição nos estoques
de glicogênio. Sendo assim, ocorre uma depleção acentuada dos estoques de glicogênio muscular, podendo ocorrer queda
no desempenho esportivo, hipoglicemia e até desidratação. Vários estudos têm pesquisado a influência da suplementação de
CHO imediatamente pré, durante e pós-exercício de alta intensidade, assim como sua associação com proteína e ou cafeína. O
bochecho com soluções contendo CHO também parece ter um efeito benéfico, minimizando transtornos gastrointestinais. Este
artigo teve como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre as recomendações e os efeitos da suplementação de CHO em
exercícios de alta intensidade.
Palavras-chave: exercício de alta intensidade, suplementação de carboidratos, carboidratos, glicogênio, rendimento. Revista Brasileira de Nutrição Funcional - ano 15, nº 64, 2015
Abstract
During the exercise there are two metabolic pathways for energy production: one which is O2 dependent (aerobic), used in long
duration and low to moderate intensity exercise, and another which is O2 independent O2 (anaerobic), used in high-intensity
and short duration exercise. Carbohydrate available in the muscle, in the form of muscle glycogen, is the main energy source
for these exercises. The use of glycogen can result in lactate and contribute to muscle fatigue during high-intensity exercise. This
type of exercise promotes the consumption of large amounts of CHO, because there is an increase in glucose availability and
oxidation rate. However, the total amount used is limited to the duration of the exercise. During a strength workout or “shot” of
30 seconds, the consumption of muscle glycogen is around 25-30% of the exercised muscle reserves, and repeated exercises cause
great decrease in glycogen stores. Thus, there is a marked depletion of muscle glycogen stores, which may arouse a decrease in
sports performance, hypoglycemia and even dehydration. Several studies have investigated the influence of CHO supplemen-
tation immediately before, during and after high-intensity exercise, as well as its association with protein and or caffeine. The
mouth rinse with CHO solutions also seems to have a beneficial effect, minimizing gastrointestinal disorders. This article aimed
to perform a literature review on the recommendations and the effects of supplementation of CHO in high-intensity exercise.
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Dra. Erika Santinoni e Dr. Guilherme Rosa
O
de CHO similares aos atletas de endurance (em
O metabolismo de carboidratos (CHO) tem torno de 8 a 10g por kg de peso corporal [PC]/
função crucial no suprimento energético para dia), mas precisam modificar a ingestão de CHO
atividade física e para o exercício físico1. A exógenos baseado na intensidade e duração do
contribuição relativa deste substrato energético jogo, bem como os estoques de CHO endógenos
depende da intensidade e da duração do disponíveis.
exercício. Em exercícios de alta intensidade, O aporte adequado de CHO também tem um
a maior contribuição energética é proveniente papel importante para os atletas que precisam
da degradação dos CHO2, os quais se tornam competir duas vezes no período de 24 horas,
disponíveis para o organismo por meio da dieta quando a reposição rápida dos estoques
e são estocados como glicogênio muscular e endógenos de glicogênio é necessária para evitar
hepático3, e sua falta pode levar a fadiga2. A fadiga uma diminuição do desempenho. Para favorecer
que ocorre em exercícios físicos prolongados e a rápida reposição de glicogênio pós-exercício,
de alta intensidade está associada, em boa parte, devem ser fornecidas grandes quantidades de
com baixas reservas e depleção de glicogênio, CHO exógenos (1,2g/kg PC/h) durante a fase
hipoglicemia e desidratação1. Entretanto, as aguda da recuperação do exercício exaustivo2.
reservas de CHO são limitadas no organismo, Achten et al.10, por exemplo, descobriram uma
sendo a modulação por meio de uma dieta rica melhora no desempenho físico e no humor de
em CHO essencial para a reposição muscular e corredores que receberam uma dieta contendo
hepática, resposta imune1,4 e recuperação pós- 8,5g/kg PC de CHO, em comparação com
treino, de forma a minimizar dano muscular4. uma dieta com 5,5g/kg PC de CHO, durante
Segundo alguns autores, a depleção e ressíntese um período de 11 dias de treinamento intenso.
de glicogênio pode influenciar respostas Outros autores11 realizaram um estudo por cinco
hormonais de testosterona, hormônio do dias com treinamento intenso e descobriram que
crescimento (GH), cortisol e fator de crescimento corredores que ingeriram 4g/kg PC de CHO
semelhante à insulina-1 (IGF-1)5. Alguns estudos relataram uma classificação mais elevada de
têm mostrado que a suplementação de CHO pode percepção de esforço (RPE) durante a realização
afetar respostas hormonais e metabólicas em do teste, em comparação com os corredores
exercícios intermitentes de alta intensidade6,7. que ingeriram 8g/kg PC. Embora estudos como
No entanto, a reposição de glicogênio depende esses sugiram uma ligação entre o consumo de
de vários fatores, como o estado nutricional e de CHO, o desempenho esportivo e o potencial de
treinamento, ou o tipo, a quantidade, o horário desenvolver a síndrome do overtraining durante
e a frequência de consumo de CHO8. Logo, um os períodos de treinamento intenso, a maioria
aporte adequado de CHO é de suma importância das pesquisas tem sido, até agora, baseadas
para o treinamento e o sucesso do rendimento em modelos experimentais que restringem
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Suplementação de carboidratos em esportes de alta intensidade
de alta intensidade2,12. Esta pesquisa teve como e imunológico), os quais são essencialmente
objetivo realizar uma revisão da literatura sobre mantidos a custa desse substrato18. A importância
as recomendações e a suplementação de CHO fisiológica desse mecanismo, o ciclo glicose-
em esportes de alta intensidade. O levantamento ácido graxo, portanto, consiste não somente no
bibliográfico usou a base de dados PubMed, aumento do fornecimento de energia aos tecidos,
sem limite de tempo ou tipo de publicação, e mas principalmente na economia da utilização
foram utilizadas as seguintes palavras-chave: dos estoques limitados de glicose16. Durante
exercício de alta intensidade; suplementação o exercício de alta intensidade há aumento
de carboidratos, carboidratos, glicogênio, na disponibilidade e na taxa de oxidação de
rendimento. glicose19,20.
Enquanto o glicogênio muscular é usado
CHO e intensidade do exercício exclusivamente pelos músculos, o hepático é
utilizado para a manutenção da glicemia e com
Os CHO, também conhecidos como hidratos o objetivo de suprir as necessidades energéticas
de carbono ou glicídios, são moléculas formadas do cérebro, do sistema nervoso e de outros
por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio tecidos1. Segundo Maughan et al.3, o conteúdo
associados22. A maior parte dos CHO é de origem de glicogênio presente no músculo esquelético é
vegetal e tem função principalmente energética, de aproximadamente 250-400g. No fígado de um
mas também apresentam funções estruturais, ser humano adulto em estado pós-prandial são
como participação na estrutura dos cromossomos estocados entre 80-110g de glicogênio, podendo
e genes13. Este nutriente é um importante substrato ser liberado na circulação para manter a glicemia
energético para a contração muscular durante o em mais ou menos 0,9g por litro. Estes limitados
exercício prolongado realizado sob intensidade depósitos de glicogênio influenciam o tempo que
moderada e em exercícios de alta intensidade o organismo será capaz de se exercitar. Quando
e curta duração. As estratégias nutricionais os estoques de glicogênio se tornam muito
utilizando o consumo de uma refeição rica baixos, o organismo alcança o limite, ocorre
em CHO pré-exercício elevam as reservas de uma sensação de extrema fadiga, o que ocasiona
glicogênio, tanto muscular quanto hepático, a interrupção do exercício21. Para manter ou
enquanto a ingestão de CHO durante o exercício até mesmo aumentar os estoques de glicogênio
auxilia na manutenção da glicemia e na oxidação muscular durante períodos de treinamento, é
desses substratos. No período pós-exercício, necessária uma dieta com elevada quantidade de
a ingestão de CHO tem por objetivo repor os CHO22. Tais valores podem ser modificados de
estoques depletados e garantir padrão anabólico14. acordo com o nível de treinamento do indivíduo,
Dietas hipoglicídicas favorecem a fadiga precoce associado à ingestão de dietas ricas em CHO23.
e a queda de rendimento durante treinos de alta
intensidade15. Os CHO constituem um valioso Figura 1. Efeito da intensidade (VO2max%) de
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substrato energético, mas a capacidade de estocá- exercício no consumo de glicose e ácidos graxos
lo é limitada, fazendo-se necessária a busca por plasmáticos, glicogênio, e triglicerídeo muscular.
estratégias de economia e armazenamento de Os valores (%) são relativos ao consumo máximo
energia na forma de carboidrato16. A capacidade de energia (J/kg/min).
do fígado, principal reservatório de CHO, em 25% 65% 85%
armazenar glicogênio é de cerca de 100g/dia 9%
13%
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Figura 2. Efeito da intensidade de exercício no consumo de glicose e ácidos graxos. Os valores são
relativos da cinética de consumo de glicose e ácidos graxos pelo músculo esquelético durante contrações.
Oxidação de glicose
Glicose
Ácidos graxos
Em exercícios de força, o treinamento físico pelo consumo de CHO antes, durante e após o
associado ao uso de dietas hiperglicídicas pode exercício físico mereciam especial atenção quanto
proporcionar um aumento nas reservas de à melhoria do desempenho físico24.
glicogênio muscular, acentuando o processo de Os tipos de carboidratos e suas características
hipertrofia14. Há muitos anos já se sabe que os específicas, como a velocidade de oxidação,
efeitos metabólicos e ergogênicos alcançados encontram-se na tabela 1.
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Suplementação de carboidratos em esportes de alta intensidade
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Dra. Erika Santinoni e Dr. Guilherme Rosa
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Suplementação de carboidratos em esportes de alta intensidade
muscular 33. Corroborando com este estudo, enquanto a disponibilidade de creatina fosfato
Kreider et al.34 avaliaram 32 homens realizando é o fator determinante quando sprints curtos
13 exercícios de musculação com 3 séries de 10 são intercalados com a recuperação passiva
repetições e também usaram CHO, aminoácido adequada, durante jogos de equipe, os indivíduos
essencial ou CHO mais aminoácido essencial são obrigados a correr e/ou caminhar entre cada
(MIX) ou placebo. O MIX mostrou mais efeitos sprint. Nesta situação, a ressíntese de fosfocreatina
anticatabólicos do que apenas uma das substâncias pode não ser completa o suficiente para contribuir
separadamente. plenamente para cada sprint. Neste caso, outros
substratos, principalmente de CHO e gordura,
Suplementação de carboidratos em jogos se tornariam combustíveis mais prevalentes41.
de equipe Portanto, os suplementos de CHO podem ser
importantes para a manutenção de desempenho
Philips et al.35, em sua revisão, analisaram do sprint durante os últimos estágios dos jogos
a influência da ingestão de soluções de CHO de equipe, sendo particularmente pertinentes
e eletrólitos imediatamente antes e durante quando os estoques de glicogênio muscular no
exercícios intermitentes de alta intensidade e pré-exercício não estejam ideais 38, podendo
prolongados (jogos de equipe, como futebol, rugby também ajudar a explicar os resultados de Welsh
e hóquei). Uma preocupação e crítica dos autores et al.36 e Winnick et al.37, que encontraram uma
foi a utilização de protocolos de exercício que melhora significativa em desempenho do sprint
conseguissem replicar o padrão de atividade ou apenas nos estágios finais do exercício. Entretanto,
demanda fisiológica em jogos de equipe. são necessários estudos mais aprofundados35. A
Os autores concluíram que a maioria das ingestão de CHO durante os jogos da equipe foi
pesquisas não mostrou melhorias no desempenho significativamente associada a melhor manutenção
de sprint durante exercícios em jogos de equipe das habilidades motoras de corpo inteiro e estado
com a ingestão de CHO, talvez devido à falta de de humor36,37 e reduziu a percepção de esforço38,
influência de CHO no desempenho de sprint quando fadiga42 e a produção de força 43 nos últimos
a concentração de glicogênio muscular permanece estágios do exercício. A ingestão de CHO não
acima de um limiar crítico de ~200 mmol/kg de parece influenciar a função cognitiva durante
peso seco. Apenas três estudos demonstraram os exercícios em jogos de equipe42,43. Segundo
melhora no desempenho de sprint36-38, a qual Phillips et al.35, a suplementação com CHO pode
tem sido atribuída à manutenção dos níveis provocar alterações na percepção de esforço e
glicêmicos 36,38, que pode permitir um maior no estado de humor que poderiam melhorar o
metabolismo muscular e cerebral38, mantendo, desempenho nas fases finais dos jogos de equipe
assim, a função do sistema nervoso central (SNC) e permitiriam uma melhor manutenção de tiro
e permitindo uma melhor manutenção da potência de precisão durante os jogos. As melhoras com
ou poupando o glicogênio muscular37. Além disso, a ingestão de CHO são atribuídas a melhora
em um dos estudos38 os indivíduos começaram o da captação de glicose cerebral, maior função Revista Brasileira de Nutrição Funcional - ano 15, nº 64, 2015
exercício com reservas de glicogênio esgotadas do SNC e controle motor. Mais trabalhos são
(~ 200 mmol/kg de peso seco), o que poderia exigidos nestas áreas. A ingestão de CHO
explicar a melhora do desempenho do sprint com não altera diretamente respostas fisiológicas
a suplementação de CHO39 nesse estudo. Quando durante exercício intermitente prolongado. A
a disponibilidade de glicogênio não estiver suplementação com CHO normalmente aumenta
comprometida, a concentração de creatina fosfato a glicemia e insulinemia regulares ou durante
e sua taxa de ressíntese, ao invés de disponibilidade o treino, aumenta taxas de oxidação de CHO e
de carboidratos, estará mais relacionada com o a razão de troca respiratória e atenua os níveis
desempenho do sprint40 e talvez explique a falta de de ácidos graxos livres no sangue e oxidação de
efeito do CHO no rendimento do sprint na maioria gordura35.
dos estudos. Entretanto, deve ser considerado que Quanto ao tipo de CHO, a ingestão de múltiplos
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volume de uma solução de CHO na cavidade oral Uma revisão sistemática foi realizada por Silva
tem demonstrado melhorar o rendimento durante et al.32 para identificar estudos que avaliaram o
a corrida e o ciclismo, com duração de ~ 30-60 efeito do bochecho com CHO no desempenho
minutos51-53. Estudos com imagens de ressonância do exercício e para quantificar a diferença média
magnética funcional demonstram que a introdução geral deste tipo de manipulação em todos os
de carboidratos doces ou não doces na cavidade estudos analisados. Em nove dos onze estudos
oral ativa o paladar putativo primário e secundário analisados, o bochecho com CHO aumentou a
no córtex orbitofrontal54,55. A estimulação dessas performance (intervalo de 1,50 % a 11,59 %)
regiões pode também ativar o córtex pré-frontal durante exercício de moderada a alta intensidade
dorsolateral, o córtex cingulado anterior, estriado com aproximadamente 1 hora de duração. A
ventral e ínsula anterior / opérculo frontal54. Estas análise estatística para quantificar as diferenças
regiões cerebrais podem controlar respostas médias individuais e totais foi realizada em
comportamentais e autonômicas a estímulos sete dos onze estudos elegíveis que relataram
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Suplementação de carboidratos em esportes de alta intensidade
potência (watts) como o principal resultado de primeiro teste de 1000m e depois da décima série
desempenho. O efeito global do bochecho com de 800m. Durante a corrida intermitente em alta
CHO sobre o desempenho foi significativo (p = intensidade, os corredores ingeriram 2 ml/kgPC de
0,02), mas houve uma grande heterogeneidade uma solução contendo 7% de CHO ou CON depois
entre os estudos (I2 = 52%). Uma ativação dos de cada duas séries, até o final do protocolo de
receptores bucais e, consequentemente, das áreas exercícios. Em resumo, eles ingeriram um total de
do cérebro envolvidas com a recompensa (ínsula / 5 vezes (após a série 1, 3, 5, 7 e 9). Após o segundo
opérculo frontal, córtex orbitofrontal e núcleo teste de 1000m, eles continuaram recebendo 3 ml/
estriado) é sugerida como um possível mecanismo kgPC de água contendo CHO complementar a uma
fisiológico responsável pelo melhor desempenho concentração de CHO (1,2 g/kgPC) ou CON de
com o bochecho com CHO. No entanto, esse efeito 0 até 60 minutos do período de recuperação. Nos
positivo parece ser acentuado quando estoques de intervalos do período de recuperação, os atletas
glicogênio muscular e hepático estão reduzidos, ingeriram água ad libitum, e a temperatura das
possivelmente devido a uma maior sensibilidade soluções ingeridas durante os testes ficaram em
dos receptores orais, e necessita pesquisas mais torno de 4-7°C. O desempenho nas séries de 800m
detalhadas. Diferenças no tempo de jejum antes não apresentou diferença entre os grupos, mas no
do ensaio, duração do bochecho, tipo de atividade, teste de 1000m a redução de desempenho foi menor
protocolos de exercício e tamanho da amostra para o grupo CHO. As concentrações de cortisol
podem explicar a grande variabilidade entre os foram mais baixas no grupo CHO em relação ao
estudos. grupo CON, e a razão IGF1/IGFBP3 aumentou
12,7% no grupo CHO. Durante a recuperação, as
Efeitos metabólicos e hormonais da concentrações glicêmicas permaneceram maiores
suplementação de CHO pré, durante e no grupo CHO em comparação ao grupo CON.
pós-treino Os autores concluíram que a suplementação de
CHO possivelmente atenuou a supressão do
Sousa et al.59 avaliaram os efeitos da sobrecarga eixo hipotálamo-hipófise gonadal, resultando em
de um microciclo do treinamento (do primeiro menos estresse catabólico, e, assim, melhorou
ao oitavo dia) nas respostas metabólicas e o desempenho da execução. O estudo enfatizou
hormonais em corredores do sexo masculino, a necessidade de suplementação com CHO
com ou sem a suplementação de CHO, em uma em atletas de alto rendimento durante treinos
sessão de corrida intermitente de alta intensidade. intervalados de alta intensidade, tanto em treinos
Foram acompanhados 24 corredores homens, longos como em treinos com menos de 1 hora
divididos em dois grupos: um recebendo 61% de duração. Além disso, os autores reforçaram
de sua ingestão energética como CHO (grupo- a necessidade de nutricionistas em equipes
CHO), e outro, 54%, no grupo-controle (CON). esportivas para orientar sobre dieta e a importância
A testosterona foi maior para o grupo CHO do do consumo adequado de CHO na melhora do
que para o CON após a formação de sobrecarga. desempenho, o que ainda é negligenciado por
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No nono dia, os indivíduos realizaram 10 tiros de alguns atletas.
800m com intervalo de 1 minuto e 30 segundos
para a recuperação e dois testes de desempenho
máximo de 1000m de corrida, antes e após as séries Carboidrato e cafeína pós-treino
de 800m. Antes, durante e após este protocolo, os
corredores receberam solução contendo CHO A coingestão de cafeína (CAF) com CHO
ou CON. O atletas ingeriram um café da manhã parece otimizar as taxas de ressíntese de glicogênio
padronizado 140 minutos antes do início do muscular durante a recuperação do exercício
protocolo de exercícios (770 calorias e 132,8 g de exaustivo. Em 2008, Pedersen e colaboradores,
CHO). Trinta minutos antes do início dos testes, em dois ensaios experimentais de desenho
os atletas receberam 4 ml/kgPC de uma solução cruzado, duplo-cego e randomizado, forneceram
contendo 7% de CHO ou o equivalente CON. a primeira evidência de que em indivíduos
Essa solução foi oferecida imediatamente após o treinados a coingestão de CAF (8mg/kgPC) com
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CHO (4g/kgPC) tem um efeito aditivo sobre as que pode estar relacionada com as taxas mais
taxas de glicogênese muscular pós-exercício em elevadas de ressíntese de glicogênio muscular pós-
comparação ao consumo de CHO (4 g/kgPC) exercício anteriormente observadas em condições
isolado60. Segundo Jensen et al.61, a AMPK está alimentares similares64. Entretanto, um estudo
relacionada com a resposta à captação de glicose crossover, duplo-cego e randomizado avaliou, em
estimulada pela cafeína. Alguns autores62 sugerem 11 atletas mulheres, os efeitos da suplementação
que os aumentos induzidos pela cafeína na de CAF (6 mg/kgPC) com PLA, CAF (6 mg/kgPC)
sinalização de Ca2+ e na atividade de AMPK estão com CHO (0,8 g/kgPC) e CHO (0,8 g/kgPC) com
ambos envolvidos na mediação do aumento do PLA 60 minutos antes de 10 séries de 5 sprints
transporte de glicose no músculo. Segundo outros de 4 segundos no ciclo ergômetro com intervalo
pesquisadores, em adição à ação da cafeína no para recuperação de 20 segundos. Os resultados
Ca2+ e AMPK no transporte de glicose, a proteína indicaram que CAF + PLA ou CAF + CHO não
quinase B/Akt também tem importante associação melhoraram o desempenho ou agilidade de sprints
na ligação entre a cascata de sinalização de insulina com intervalos de descanso curtos. No entanto,
e mecanismos importantes para translocação CHO ingerido imediatamente pré-exercício
de GLUT463. Taylor et al.64 também avaliaram forneceu um pequeno mas significativo benefício
se a adição de cafeína à refeição contendo no desempenho de repetidos sprints em atletas do
CHO no pós-exercício melhora o rendimento sexo feminino65.
em corrida intervalada em alta intensidade em
comparação ao consumo apenas de CHO. Seis
Considerações finais
homens realizaram um protocolo de exercício
para redução do glicogênio até a exaustão,
imediatamente após e 1, 2, e 3 h pós-exercício. Os A maioria dos estudos aponta para melhora de
participantes consumiram CHO (1,2 g/kgPC) de rendimento em esporte de alta intensidade com
uma solução com 15% de CHO, uma solução de a suplementação de CHO pré, durante e pós-
CHO semelhante com a adição de cafeína (8 mg/ exercício. O bochecho com soluções contendo
kgPC) (CHO + CAF), ou um volume equivalente CHO parece ter um efeito positivo no rendimento
de água apenas aromatizada (A). Após o período de esporte de alta intensidade de duração entre
de recuperação de 4 horas, os participantes 30 e 60 minutos e evitar certos desconfortos
realizaram um teste com exercício intermitente gastrointestinais causados pelo consumo oral de
em alta intensidade para a exaustão voluntária. Os CHO. Apesar da divergência entre alguns autores,
valores médios de glicemia durante o período de a associação da cafeína ao CHO no pós-exercício
recuperação de 4 horas foram maiores na condição parece otimizar a reposição do glicogênio
CHO (p <0,005) do que na A, porém não houve muscular. Deve-se atentar para o tipo de CHO,
diferença (p = 0,46) entre CHO e CHO + CAF. associações de CHO, quantidade e concentração
A capacidade de exercício foi significativamente de CHO em função do horário (pré, durante ou pós-
maior na condição CHO + CAF (48 ± 15 min) do exercício) de acordo com a demanda específica da
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que na CHO (32 ± 15 min, p = 0,04) e na A (19 modalidade nos treinos e competições. Da mesma
± 6 min, p = 0,001). Todos os seis participantes forma, deve-se respeitar a individualidade de cada
melhoraram o desempenho em CHO + CAF quando atleta e avaliar a quantidade adequada para que a
comparado a apenas CHO. O estudo demonstrou melhora do rendimento ocorra sem prejudicar a
que a adição de cafeína ao CHO pós-exercício composição corporal que o atleta deva alcançar
melhora a capacidade de execução de exercício e/ou manter.
intervalado em alta intensidade, uma descoberta
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