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Fisiologia e endocrinologia do

exercício e esporte
Prof. Dr. Arnaldo Moura Neto
Definição
• Atividade física:

Qualquer atividade que exija movimentação


corporal, como andar para o trabalho, limpar a casa,
subir escadas, etc.

• Exercício:
Atividade física programada e regular com a
intenção de obter melhora do condicionamento
físico e performance geral ou específica para
determinada atividade

AmericanCollegeofSports Medicine. Position Stand. MedSciSportsExerc 2011:1334


Benefícios e riscos

AmericanCollegeofSports Medicine. Position Stand. MedSciSportsExerc 2011:1334


Tipos de exercício

McArdle, Katch&Katch, Fisiologia


do Exercício, 2016. Guanabara
Koogan
Sistema endócrino
• Peso combinado de 0,5kg

• Responsável pelo controle de diversas funcões


orgânicas e integração dos demais sistemas
entre si e o ambiente

• Principais componentes: hipotálamo, hipófise,


tireóide, paratireóides, adrenais, pâncreas e
gônadas
McArdle, Katch&Katch, Fisiologia do Exercício, 2016. Guanabara Koogan
Músculo como parte do sistema
endócrino

Pedersen BK, Febbraio MA. Muscles, exerciseandobesity: skeletalmuscle


as a secretoryorgan. Nat RevEndocrinol 2012;8:457
Músculo como parte do sistema
endócrino

Pedersen BK, Febbraio MA. Muscles, exerciseandobesity: skeletalmuscle


as a secretoryorgan. Nat RevEndocrinol 2012;8:457
Irisina e tecido adiposo

Perakakis N et al. Nat RevEndocrinol online Feb 2017


Irisina e músculo

Perakakis N et al. Nat RevEndocrinol online Feb 2017


Irisna e hepatócito

Perakakis N et al. Nat RevEndocrinol online Feb 2017


Hormônios e atividade física
GH
• Atividade física aumentada de curta duração
aumenta a amplitude de pulso do GH e a
quantidade produzida por pulso

• Estimula produção de isoformas de meia vida


mais longa, potencializando a ação em tecidos
alvo
GH
Fígado e outros Ações indiretas GH Ações diretas
órgãos (anabólicas) (anti-insulina)

IGFs
Tecido adiposo

Efeitos Efeitos não


esqueléticos esqueléticos Liberação de Menor
TAG utilização de
glicose
Aumenta Aumenta
formação de síntese proteica
cartilagem e crescimento
celular Adaptado de:
McArdle, Katch&Katch, Fisiologia
Crescimento do Exercício, 2016. Guanabara
esquelético Koogan
GH
ADH
• Exercício físico é um poderoso estímulo para
secreção de ADH

• Ajuda a manter a volemia e reduzir a


desidratação

• Contribui para a modulação da resposta


cardiovascular ao exercício
ADH durante exercício
Prolactina
• Liberação prolongada de PRL induzida pelo
exercício pode contribuir para a amenorréia das
atletas

• Jejum e dieta rica em gorduras aumentam a


liberação da prolactina, assim como
movimentação dos seios

• Sua concentração também aumenta nos homens


após esforço máximo
Prolactina
Hormônios tireoidianos
• Treinamento físico reduz os níveis de T4 livre

• Níveis aumentados de TSH são preditivos de


síndrome metabólica

• Níveis mais baixos de T3 relacionam-se à


fadiga em pessoas com doença coronariana

Oh JY et al. Elevated thyroid stimulatinghormonelevels are associatedwithmetabolicsyndrome in


euthyoidyoungwomen. Korean J Inter Med 2013;28:180
Fadiga, tireoide e cortisol

Bunevicius A et al. Fatigue in patientswithcoronaryarterydisease: associationwith thyroid


axishormonesand cortisol. PsychosomMed 2012;74:848
Hormônios adrenais
• Catecolaminas

• Mineralocorticóides

• Glicocorticóides
Catecolaminas
• Liberação na atividade física tem maior correlação
com a intensidade relativa do exercício do que
com a intensidade absoluta

• Liberação é menor em indivíduos treinados em


relação a não treinados para a mesma carga de
atividade

• Estimula glicogenólise e lipólise durante o


exercício
Greiwe JS et al. Norepinephrineresponse to
exerciseatthesamerelativeintensitybeforeandafterendurance training. J ApplPhysiol
1999;86:531
Glicocorticóides
Cortisol

Diversos Tecido Tecido Fígado


tecidos adiposo muscular

Menor Lipogênese Degradação Gliconeogênese


captação de de proteínas aumentada
glicose e musculares
aminoácidos
Menor síntese
proteica

Adaptado de:
McArdle, Katch&Katch, Fisiologia
do Exercício, 2016. Guanabara
Koogan
Glicocorticóides
• Produção de cortisol aumenta com a intensidade do
exercício

• Níveis muito altos podem ser encontrados após


atividade extrema (ex: maratona) e treinamento
resistido

• Indivíduos treinados mantem hipercortisolinemia que


é intensificada antes da competição

• Níveis permanecem elevados até 2h após a atividade


Baixo cortisol e exercício
Cortisol e recuperação
Hormônios gonadais
• As diferenças nas concentrações séricas de
testosterona entre homens e mulheres explicam
as diferenças de massa e força muscular

• Conversão de testosterona para estradiol


proporciona efeitos ósseos benéficos nos homens

• Estradiol acelera a liberação de AGL e inibe a


captação de glicose nos músculos
Testosterona
• Efeitos anabólicos diretos no músculo

• Estimula a liberação de GH

• Aumenta liberação de neurotransmissores e modifica


junção neuromuscular

• Concentração aumenta com exercício mesmo em


mulheres

• Resultados mais consistentes com exercícios resistidos


Testosterona e tipos de exercício
Testosterona após recuperação
Insulina
• Exercício aprimora a captação de glicose
independente da insulina

• Há redução da resistência à insulina e da


insulinemia

• Reduz adiposidade visceral e conteúdo de TG


intramuscular

• Reduz a incidência de DM tipo 2


Exercício aumenta GLUT-4
Ivy JL et al. Preventionandtreatmentofnoninsulin-dependent diabetes melito.
Exerc Sport SciRev 1999;27:1
Paciente com DM: melhor
exercício aeróbico ou resistido?
Exercício resistido e função endócrina
• Adaptações na fase inicial de treinamento
resistido refletem a resposta hormonal que
medeia as adaptações neuromusculares que
vão aprimorar a força muscular

• Testosterona e GH são os dois hormônios


principais que afetam as adaptações ao
treinamento resistido
GH e cortisol vs força e MCSG
Nutrição, endocrinologia e atividade
física
Refeição pré-treino

• Atividade intensa aeróbica de 1h reduz o


glicogênio hepático em 55% e atividade de 2h
esgota o glicogênio corporal
Refeição pré-treino
• A refeição ideal maximiza o armazenamento de
glicogênio e proporciona glicose para absorção
intestinal durante o exercício:

- 150-300g CHO
- consumir 1-4h antes da atividade
- conter pouca gordura e fibras

• Boas refeições pré competição não corrigem


deficiências crônicas na dieta
Refeição pré-treino
• Proporcionar ambiente de digestão gradual de
carboidratos para absorção durante a
atividade física

• Minimizar níveis de insulina para manter a


glicemia e manter lipólise disponível para
diminuir o consumo de glicogênio muscular
Carboidratos vs proteínas
• CHO repõem a depleção de glicogênio decorrente do jejum
noturno
• Digestão e absorção dos CHO é mais rápida,
proporcionando fornecimento mais rapidez e reduzem
sensação de plenitude gástrica
• Proteínas elevam o catabolismo de repouso pois sua
digestão requer mais energia e produzem maior efeito
térmico
• Catabolismo de proteína para produção de energia facilita a
desidratação (1g uréia = 50ml H2O)
• CHO e não a proteína representa o principal nutriente
energético da atividade anaeróbica de curto prazo e da
aeróbica intensa
Adaptado de:
McArdle, Katch&Katch, Fisiologia
do Exercício, 2016. Guanabara
Koogan
Qual CHO escolher?
Índice glicêmico

Adaptado de:
McArdle, Katch&Katch, Fisiologia
do Exercício, 2016. Guanabara
Koogan
De DeMarco HM et al. Pre-exercisecarbohydratemeals:
application of glycemic index. MedSciSportsExerc
1999;31:164
Durante a atividade física
• Consumo de CHO durante o exercício melhora
o desempenho físico e mental

• Acréscimo de CHO + proteína (4:1) produz


resultados superiores a CHO isolados

• Durante o exercício o tipo de CHO exerce


pouca ou nenhuma influência
CHO e exercício
• Consumo de 60g de CHO em forma líquida ou
sólida a cada 1h durante o exercício beneficia
a atividade aeróbica de alta intensidade e
longa duração

• CHO suplementares em atividades


intermitentes e prolongadas melhoram as
manobras de habilidade (ex: tênis)
Exercício, CHO e performance
Tipo de CHO durante exercício
• Durante o exercício os altos níveis de
catecolaminas inibem a secreção de insulina

• O exercício acelera a captação de glicose pelo


músculo esquelético

• Captação de glicose acontece com menor


demanda de insulina
Suplementação de CHO e proteína
durante exercício
Resumo
• CHO durante atividade física poupa o glicogênio
muscular

• Mantém níveis de glicemia durante a atividade

• Auxilia manutenção do fornecimento de glicose ao


músculo quando as reservas de glicogênio se esgotam

• Melhora a endurance e capacidade nas provas de alta


intensidade no final do esforço prolongado
Efeito poupador de glicogênio

Figure 4-Mixed muscle glycogen concentration and utilization Figure 5-Muscle glycogen concentration [mmolglucosyl units
[mmolglucosyl units (kg·DM−1)] during the CHO and CON trials. (kg·DM−1)] in Type I and Type II fibers at rest and after 90 min
*Significantly different from postexercise, P < 0.01. of intermittent high-intensity shuttle running in the CON trial (N
a - Significantly different from CHO, P < 0.05. = 5). aSignificantly different from Type II at rest and Type I
postexercise, P < 0.01. bSignificantly different from Type II
postexercise, P < 0.01. *Significantly different from Type I, P <
0.01.
Manutenção da glicemia

Coggan AR et al. Metabolismand performance


followingcarbohydrateingestion late in exercise. MedSciSportsExerc
Após o exercício
• Nutrição adequada visa proporcionar reposição das
reservas de glicogênio e renovação para o próximo treino

• Depleção de glicogênio do músculo esquelético acelera a


ressíntese do glicogênio na recuperação

• Alimento com alto índice glicêmico oferece mais benefício


para reposição rápida do CHO

• Alta glicose estimula a secreção de insulina, com maior


captação de glicose e síntese de glicogênio e proteínas e
inibe a produção de cortisol, reduzindo o catabolismo
protéico
Maltodextrina +
glicose/frutose/galactose e
recuperação glicogênio
Cafeína e proteína + CHO
• Adição destes compostos teria efeito
estimulatório na secreção de insulina e
captação de glicose e atividade de glicogênio
sintase

• Quando a reposição de CHO é suficiente


(1g/kg/h) não há benefício de adição de
proteína ou cafeína na síntese de glicogênio
Considerações importantes
• Importância da reidratação oral para manutenção de
volemia e para acelerar o esvaziamento gástrico

• Solução ideal contém concentração não alta de


solutos para aprimorar absorção e esvaziamento
gástrico

• Acréscimo de quantidades moderadas de sódio ajuda


a manter a natremia, reduz a produção de urina e
preserva o impulso para beber, além de ajudar na
absorção intestinal da glicose por co-transporte
Atividade física no tratamento da obesidade
Bray G. et al JAMA 2012;307:47
Bray G. et al JAMA 2012;307:47
Bray G. et al JAMA 2012;307:47
De Souza RJ et al. Am J ClinNutr 2012;95:614
De Souza RJ et al. Am J ClinNutr 2012;95:614
Beavers KM et al. Am J ClinNutr 2011;94:767
Dietas pobres em CHO
• Eleva níveis de ácido úrico
• Potencializa formação de cálculos renais (oxalato)
• Altera concentrações eletrolíticas e favorece
arritmias
• Causa acidose leve
• Depleta reservas de glicogênio contribuindo para
estado de fadiga
• Causa desidratação
• Retarda o desenvolvimento fetal na gravidez
Perda inicial de peso

McArdle, Katch&Katch, Fisiologia do Exercício, 2016. Guanabara Koogan


Atividade aeróbica para perda de
gordura

Slentz CA et al. Am J PhysiolEndocrinolMetab 2011:301:E1033


Melhora do metabolismo de repouso
após 14h de exercício

Knab AM et al. MedSciSportsExerc 2011;43:1643

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