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UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA – UFDPAR

CURSO DE BACHARELADO EM FISIOTERAPIA


DISCIPLINA: FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO
Prof. Dr. MARCELO COERTJENS
Nome: DÉBORA CRISTINA LINHARES VIANA

RESUMO DO ARTIGO: REVISÃO BIOENERGÉTICA

PARNAÍBA – PI
MAIO – 2021
O estudo das trocas gasosas a nível pulmonar, pela análise dos gases
expirados, é um procedimento corrente no âmbito da caracterização da
produção de energia a nível muscular esquelético. A manutenção da
homeostasia requer uma regulação e integração fina dos níveis de
funcionamento de cada um desses sistemas de forma a manter o equilíbrio entre
a respiração celular e a respiração pulmonar. O nível de respiração celular real
e o que seria necessário para que toda a energia no miócito fosse produzida
aerobiamente. O estudo das trocas gasosas durante o esforço, em particular nas
fases de transição entre diferentes intensidades da carga de trabalho
externo, permite, por um lado, tipificar e quantificar a produção aeróbia de
energia a nível celular e, por outro, avaliar os tempos de resposta dos sistemas
cardiovascular e respiratório a essas transições de intensidade. A quantificação
das trocas gasosas a nível alveolar permite medir a respiração externa, mas não
mede a respiração celular. Mas, caso se verifique a condição de estado
estacionário para o consumo de oxigénio, ou seja, exista equilíbrio entre a
respiração celular e a respiração pulmonar, o VO2 é igual ao QO2. Neste caso, o
estudo das trocas gasosas permite também a medida indireta da respiração
celular. Em resposta, os sistemas de transporte de O2 e CO2 aumentam
também o seu nível de funcionamento, procurando que, ao fim de algum
tempo, se restabeleça o equilíbrio entre a respiração celular e pulmonar. Após
qualquer incremento de intensidade do esforço, no período necessário para que
a cinética do VO2 possa restabelecer o estado estacionário, desenvolve se um
défice de O2: ATP produzido por hidrólise da CP intramuscular; ATP produzido
por glicólise anaeróbia; ATP produzido aerobiamente por utilização de reservas
locais de O2. O défice de O2 é definido como o equivalente em O2 da energia
produzida anaerobiamente adicionado do decréscimo do conteúdo de O2 da
hemoglobina e da mioglobina. A interpretação dos dados obtidos em provas
ergométricas com análise de gases deve também ter em consideração o efeito
da constituição do défice. A associação de uma dada carga mecânica ao
correspondente consumo de oxigênio, deve levar em linha de conta o atraso
induzido pela constituição deste défice. A cinética do VO2 em resposta a um
incremento da intensidade do esforço é função, quer do metabolismo celular,
quer da capacidade de captação, fixação e transporte do sistema respiratório e
cardiovascular. Existem três tipos básicos de cinética relacionados com
diferentes domínios de intensidade da carga de trabalho: domínio das
intensidades, domínio das intensidades pesada e domínio das intensidades
severas. A classificação, em três domínios, das intensidades de trabalho em que
predomina a produção aeróbia de energia, passa pela definição de dois casos
particulares de níveis de intensidade metabólica: o limiar anaeróbio; o estado
estacionário máximo para o lactato. Estes dois níveis de intensidade
marcam, respectivamente, o limite inferior e superior do domínio dito das
intensidades pesadas, definindo, simultaneamente, o limite superior do domínio
das intensidades moderadas e o limite inferior do domínio das intensidades
severas. De fato, a determinação dos domínios de intensidade está relacionada
com a variação do padrão de resposta da cinética do O2 e é realizada,
sistematicamente, pela utilização de testes de carga constante. São referidas 5
hipóteses principais para o aparecimento da componente lenta em testes de
carga constante: vasodilatação progressiva a nível local; efeito da acidez sobre
a curva de dissociação da oxihemoglobina; o aumento do VO2 necessário para
a reconversão do lactato em piruvato no fígado que acompanha o aumento da
lactatemia e do VO2 relacionado com o trabalho suplementar dos músculos
responsáveis pela mecânica da ventilação e do próprio miocárdio; uma
diminuição da eficiência muscular induzida pelo recrutamento progressivo de
mais unidades motoras do tipo II. Embora os mecanismos precisos não estejam
bem estabelecidos, os estudos realizados sobre o efeito do treino, em especial
o treino de resistência aeróbia, sobre a cinética do VO2 apontam para um efeito
positivo. Coggan e colaboradores, encontraram aumentos na densidade
mitocondrial e na atividade das enzimas aeróbias e, em ambos os casos, com
efeito positivo sobre a cinética do VO2. Limiar anaeróbio, segundo Wasserman,
é a intensidade de esforço, expressa como VO2, acima da qual a glicólise
anaeróbia aumenta em relação aos valores de repouso, resultando na
diminuição do estado redox da célula, aumento do quociente lactato/piruvato
intracelular e aumento da produção líquida de lactato na célula. Quando são
usados testes de carga progressiva é sempre relativamente fácil determinar qual
a carga específica em que se atingiu o VO2 máx. É comum estabelecer uma
relação de causa e efeito entre uma dada carga e a potência aeróbia máxima.
Mas, a utilização de testes de carga constante evidencia, pelo contrário, a
impossibilidade de associar um dado valor de carga externa ao VO2 máx.

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