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ADAPTAÇÕES CARDIOVASCULARES

Durante o exercício físico, alguns ajustes hemodinâmicos são necessários para


a manutenção de uma perfusão tecidual adequada e manutenção da pressão
arterial em valores limítrofes. Assim, áreas neuronais do sistema nervoso
central processam as informações aferentes e produzem respostas para que
ocorram os ajustes necessários na frequência cardíaca, o retorno venoso e a
redistribuição do fluxo sanguíneo e etc.

Ao iniciar o exercício, ocorre diminuição imediata da atividade parassimpática,


o que permite que a frequência cardíaca aumente rapidamente, enquanto a
atividade simpática aumenta progressivamente, e consequentemente, a FC
pode atingir o valor máximo para o indivíduo. Durante o exercício, ocorre
aumento do volume de ejeção, em função do aumento do volume diastólico
final e da diminuição do volume sistólico final. O aumento do volume diastólico
final é atribuído ao aumento do retorno venoso, decorrente das contrações
musculares, que comprimem as veias dos músculos em exercício e do abdome
e da vasoconstrição provocada pelo aumento da atividade simpática.
Durante o exercício, a diferença arteriovenosa de O2 aumenta conforme o
aumento da intensidade de exercício. Essa resposta ocorre em função da
manutenção da concentração arterial de O2 e da diminuição da concentração
venosa mista de O2. Durante o exercício, ocorre aumento do débito cardíaco
que contribui para o aumento do fluxo sanguíneo muscular. Porém, para
atender a maior demanda de oxigênio e nutrientes para os grupos musculares
em atividade, o sistema reajusta os volumes de sangue para cada região do
corpo, denominado redistribuição do fluxo sanguíneo, que se da em grande
parte do sangue ejetado pelo coração se direcionando aos músculos em
exercício. Durante o exercício aeróbio, a pressão arterial sistólica aumenta
proporcionalmente com a intensidade de exercício, enquanto a pressão arterial
diastólica não aumenta ou até diminui, consequentemente, a pressão arterial
média, que resume o comportamento da pressão arterial sistólica e diastólica,
aumenta durante o exercício.
Em resumo, a FC é assistida pelo sistema nervoso autônomo (SNA), guiado
pelo ramo simpático durante a realização do exercício, e parassimpático (tônus
vagal) quando em repouso, tendo o exercício físico capacidade de interferir na
variabilidade da frequência cardíaca. Durante a realização de exercícios físicos,
os parâmetros volume sistólico, débito cardíaco, diferença arteriovenosa,
pressão arterial sistólica e a frequência cardíaca aumentam, em decorrência do
acréscimo de sangue circulante para suprir a exigência de oxigênio dos
músculos ao longo da atividade muscular, da contratilidade das fibras
musculares, da capacidade vasodilatadora, respiratória e outras circunstâncias.

MUDANÇAS NAS ADAPTAÇÕES CARDIOVASCULARES DA


CRIANÇA/ADULTO
O menor tamanho do coração e o menor volume sanguíneo nas
crianças resultam em menor volume de ejeção e débito cardíaco
durante exercícios máximos e submáximos. Como um mecanismo
compensatório, para uma mesma intensidade relativa de esforço que
um adulto, a frequência cardíaca (FC) é maior nas crianças, mas,
ainda assim, o débito cardíaco permanece menor. Em exercícios
submáximos, ocorrem o aumento na diferença arteriovenosa de
oxigênio e o aumento do fluxo sanguíneo para a musculatura ativa,
em decorrência da menor resistência vascular periférica, o que
garante adequado suprimento de oxigênio e nutrientes às células e a
remoção dos produtos finais do metabolismo.
A FC máxima é maior nos mais jovens, mas após o exercício retorna
mais rapidamente aos valores pré-exercício em crianças,
possivelmente pela menor quantidade de catecolaminas circulante.
O padrão de resposta cardiovascular em crianças é semelhante à
resposta de adultos. Contudo, as crianças possuem um débito
cardíaco, um volume sistólico e uma pressão sistólica mais baixos
para uma carga de trabalho absoluto e um exercício máximo. A
maioria dessas diferenças pode ser atribuída a diferenças no
tamanho do corpo e do coração.

ADAPTAÇÕES RESPIRATORIAS

Durante o exercício a demanda de energia aumenta, variando evidentemente


com o tipo, a intensidade e a duração do exercício. Na maioria das situações
relacionadas ao exercício uma grande parte da capacidade do corpo de
responder à demanda de mais energia depende da disponibilidade de oxigênio.
Para fornecer o oxigênio necessário para a produção aeróbica de energia, o
sistema respiratório — incluindo ventilação pulmonar, respiração externa e
respiração interna — terá de responder. Com o aumento do metabolismo
durante o exercício, maior quantidade de ventilação será necessária para
captar maior quantidade de O2 e eliminar maior quantidade de CO2. O sistema
respiratório se ajusta diante dessa nova necessidade, aumentando o volume
corrente e também a frequência respiratória. O volume corrente de um
exercício extenuante pode chegar a 3 a 3,5 L, e a frequência respiratória
comumente chega a 40 a 50 rpm, o que garante uma ventilação pulmonar de
120 a 175 L/min, evidenciando a enorme reserva do sistema respiratório.
A redistribuição de fluxo sanguíneo para os territórios musculares em atividade
decorre de uma vasodilatação mediada por metabólitos, que promove alteração
de pH, temperatura, PO2, osmolaridade e concentração de potássio. Mesmo
com aumento do débito cardíaco, o fluxo sanguíneo não aumenta
indiscriminadamente para territórios que não estejam sendo exercitados,
porque, nessas áreas, ocorre aumento de resistência local em consequência
de uma descarga simpática difusa. Durante o exercício sobrevém um aumento
de descarga simpática e uma diminuição do tônus vagal, resultando em
elevação da frequência cardíaca. Esse aumento é linear com relação ao
consumo de oxigênio e alcança seu valor máximo no mesmo patamar em que
é máxima a captação de oxigênio.
O balanço acidobásico não é alterado durante os primeiros estágios do
exercício físico (até́ cerca de seis vezes de aumento do consumo de oxigênio),
pois nesse caso o transporte de oxigênio para as mitocôndrias é suficiente para
atender as demandas energéticas. No entanto, com o aumento da intensidade
do exercício, as células passam a realizar uma combinação de metabolismo
aeróbio e anaeróbio. O ácido láctico formado durante a glicólise difunde-se
para o sangue e aumenta a concentração de íons H+, proporcionando um
estímulo ventilatório adicional.

Durante o exercício físico, ocorrem aumento da descarga simpática e diminuição


do tônus vagal, resultando em elevação da frequência cardíaca. Os valores
médios da PO2 e da PCO2 arteriais não se modificam durante o esforço físico.
No entanto, a PCO2 venosa aumenta em razão do transporte do excesso de
dióxido de carbono produzido pelos músculos exercitados. Na transição do
exercício de intensidade leve para moderada e intensa, tanto a frequência
cardíaca quanto o volume corrente contribuem para o aumento do volume-
minuto. Inicialmente, o volume corrente aumenta mais que a frequência
respiratória, mas à medida que se desenvolve acidose metabólica o aumento da
frequência respiratória predomina. Essas mudanças acontecem em virtude da
duração do exercício e da contração dos músculos respiratórios. O aumento
imediato da ventilação ocorre rapidamente por ser uma resposta a alterações
metabólicas ou dos gases sanguíneos. Esse “componente neural” consiste
parcialmente em fibras colaterais ao centro respiratório de neurônios do córtex
motor. Esses neurônios inervam os músculos esqueléticos que estão sendo
exercitados ao centro respiratório e também podem ser responsáveis por um
reflexo condicionado, que representa uma resposta aprendida ao exercício. Não
existe um fator isolado que possa ser responsabilizado pela resposta ventilatória
ao exercício. Vários mecanismos estão envolvidos nesse contexto, no entanto a
interrelação entre eles não está totalmente elucidada.

Durante o exercício, apesar de o débito cardíaco aumentar significativamente,


a pressão arterial pulmonar média não sofre grandes alterações. A pressão
arterial pulmonar quase não aumenta, porque o aumento do débito cardíaco é
um estímulo para recrutar capilares pulmonares que, em repouso, estavam
fechados. Além do recrutamento de novos capilares, ocorre também a
distensão dos capilares previamente recrutados. O recrutamento de novos
capilares e a distensão dos capilares pré-recrutados diminuem a resistência
vascular pulmonar e, dessa forma, não permitem grandes variações da pressão
arterial pulmonar. Esse mecanismo de recrutamento de novos capilares no
exercício garante maior área de trocas gasosas, evitando que o tempo de
trânsito da hemácia na unidade alveolar diminua, comprometendo as trocas
gasosas.

Em resumo, a ventilação pulmonar aumenta para aprimorar a ventilação


alveolar; a respiração externa se ajusta de maneira a poder manter a relação
entre ventilação e perfusão na maioria dos casos; a respiração interna
responde com uma maior extração de oxigênio pelos músculos. Essas
mudanças na respiração não proporcionam apenas uma oxigenação adequada
para os músculos, mas desempenham também um papel proeminente no
sentido de preservar o equilíbrio ácido-básico, que por sua vez está
intimamente relacionado com os níveis de dióxido de carbono.

MUDANÇAS NAS ADAPTAÇÕES RESPIRATORIAS DA CRIANÇA/ADULTO

Os padrões básicos da resposta ventilatória ao exercić io são


similares em crianças e adultos. No entanto, existem certas
caracteriś ticas anatômicas e funcionais das crianças em idade pré-
púbere que distinguem suas alteraçoe ̃ s ventilatórias durante o
exercić io em relação aos individ
́ uos maduros.
As crianças hiperventilam durante o exercício em comparação aos
adultos. A sua VE para um determinado equivalente metabólico
(VE/VO2) é mais alta em todas as intensidades de exercício. A PCO2
arterial é mais baixa e o pH maior no exercić io máximo nos individ
́ uos
jovens, e a inclinação da relação entre a VE e o VCO2 diminui com a
idade. Apesar de as crianças desenvolverem uma acidose
metabólica menor durante o exercício (como resultado de uma
produção de lactato menor), sua resposta ventilatória compensatória
é exagerada.
A cinética da ventilação no inić io do exercić io é mais rápida nas
crianças do que nos adultos. Essa resposta hiperventilatória se torna
menos óbvia à medida que as crianças crescem, sugerindo que
fatores relacionados a maturação biológica.
As crianças respiram mais rápido que os adultos para atingirem uma
ventilação minuto especif́ ica. Podemos assumir que isso
simplesmente reflita o fato de que as crianças tenham pulmões
menores (e, portanto, volumes correntes menores).
A complacência pulmonar é menor e a resistência das vias aéreas
maior nas crianças, mas elas se aproximam dos valores encontrados
em adultos nos últimos anos da infância. A influência desses fatores
sobre o trabalho muscular ventilatório, à medida que as crianças
crescem, é desconhecida.
As crianças demonstram alterações no fluxo ventilatório durante o
exercić io sustentado em estado-estável, similares àquelas dos
adultos. Assumindo que essas alterações reflitam uma resposta aos
aumentos na temperatura central, essas descobertas significam que
(a) os aumentos de temperatura são independentes do status
maturacional e (b) a ligação entre a temperatura e o aumento na FR
é similar em crianças e adultos.

ADAPTAÇÕES ENDÔCRINAS

O sistema endócrino é um sistema de regulação importante para o organismo


humano, modulando e integrando as funções corporais, mantendo o equilíbrio
do corpo nos estados de repouso e no exercício. É composto por um conjunto
de órgãos hospedeiros, GLÂNDULAS ENDÓCRINAS, as quais produzem
substâncias químicas sintetizadas, mensageiros químicos, HORMÔNIOS, que
ativam os sistemas enzimáticos, estimulam a atividade secretória, induzindo a
síntese das gorduras e proteínas que são liberadas para a corrente sanguínea,
espalhada pelo corpo e auxiliando o organismo a responder ao estresse físico e
fisiológico gerado com a prática física.
O sistema endócrino envia seus impulsos de forma química, permitindo a
liberação de hormônios na circulação sanguínea, onde realizam suas funções de
várias maneiras: por alterações da permeabilidade da membrana aos íons
(norepinefrina, epinefrina), por ativação de genes por meio de sua ligação aos
intracelulares (ligação dos esteroides e tireoides aos receptores proteicos no
interior da célula) e por formação de AMP (Adenosina monofosfato cíclico), que
é um segundo mensageiro, emite sinal celular, age como um modulador
fisiológico. Regulam o crescimento e o desenvolvimento de certos órgãos, tais
como sexuais e reprodutivos, nervosos e mentais, influenciando no
desenvolvimento da personalidade. Os hormônios atuam por meio de receptores
específicos presentes nas células-alvo.
A resposta das informações fornecidas pelo exercício é feita da seguinte forma:
pela secreção de hormônios por meio das glândulas exócrinas e endócrinas do
corpo inteiro, pela contração dos músculos esqueléticos e pela contração da
musculatura lisa interna dos órgãos. O exercício físico age como um estímulo
para a secreção de alguns hormônios e como fator inibitório para outros, e essas
alterações hormonais ainda necessitam de mais estudos para serem mais bem
compreendidas. Analisaremos agora as influências do exercício em alterações
na secreção hormonal de cada uma das principais glândulas do corpo humano,
bem como, quando for o caso, o efeito inverso, ou seja, a influência destas
secreções no exercício.
HOMONIO DO CRESCIMENTO HUMANO
É sabido que, com o exercício, a liberação de GH é estimulada, além disso, a
quantidade deste hormônio liberada é tanto maior quanto mais intenso for o
exercício. Em geral, porém, o exercício acima de 50% do VO2máx é necessário
para produzir um aumento substancial. Isso sugere que algum gatilho fisiológico
relacionado à intensidade da contração muscular serve como estímulo para a
liberação de GH pela hipófise. O mecanismo pelo qual isso ocorre é que o
exercício estimula a produção de opiáceos endógenos, que inibem a produção
de somatostatina pelo fígado, um hormônio que reduz a liberação de GH. A
concentração plasmática de catecolaminas em repouso e durante o exercić io
correlaciona-se positivamente com a concentraç ão de GH. O incremento rápido
da concentração plasmática de [H+] produzido durante o exercić io intenso pode
estimular a liberação de GH. Essa proposiç ão é suportada pelo fato de que a
alcalose experimentalmente induzida durante o exercić io reduz a resposta aguda
de GH. O GH também é liberado em resposta à hipoglicemia. Assim, durante o
exercić io e a recuperação, o GH estimula lipólise; oxidaç ão de ácidos graxos;
aumenta a sensibilidade a ação das catecolaminas e a síntese adicional de
receptores beta-adrenérgicos no tecido adiposo; e inibe a captaç ão e oxidaç ão
de glicose no músculo esquelético.

CORTISOL
Em resposta a qualquer estímulo interno ou externo que perturbe a homeostase
do organismo (p. ex., o exercício fiś ico), ocorre aumento na liberaç ão de cortisol
pelo eixo hipotálamo-hipófiseadrenal (HHA). Uma sessão de exercício intenso
ou submáximo prolongado promove aumento na atividade do eixo HHA e na
concentração plasmática de ACTH e cortisol. A resposta do cortisol ao exercício
apresenta grande variação individual em razão dos fatores psicológicos antes e
durante o exercício, que podem modificar a resposta do eixo HHA ao estresse
físico.
O cortisol estimula a lipólise no tecido adiposo e a degradaç ão de proteínas nos
tecidos periféricos. No músculo esquelético, o cortisol reduz a sin ́ tese de
proteínas. Por sua vez, estimula o catabolismo proteico no fígado. Como
resultado desses efeitos há aumento de ácidos graxos e aminoácidos na
circulação durante o exercić io. No perio ́ do de recuperaç ão, o cortisol facilita a
ressin ́ tese de glicogênio no fig
́ ado (por meio da gliconeogênese). O aumento na
concentração de lactato é um dos fatores responsáveis pela ativaç ão do eixo
HHA durante o exercício. A ativaç ão simpática é um estímulo importante para a
elevação da secreção de cortisol no exercício. Alteraç ões no volume plasmático
e osmolaridade induzidas pelo exercício também estimulam a liberaç ão do ACTH
e cortisol.

CETECOLAMINAS
Durante o exercício, ocorre aumento da atividade adrenérgica representada pela
atividade elétrica dos nervos simpáticos e pela concentraç ão plasmática de
epinefrina e norepinefrina (catecolaminas). O aumento da atividade adrenérgica
durante o exercić io fiś ico resulta em aumento da frequência cardia ́ ca, débito
cardiá co e vasoconstrição da circulaç ão esplâncnica. Além disso, epinefrina e
norepinefrina atuam no metabolismo energético por: (a) estimular a glicogenólise
no músculo esquelético, (b) aumentar a liberaç ão de glicose hepática, (c) acionar
os receptores b para liberação de ácidos graxos do tecido adi- poso, (d) acionar
os receptores a no pâncreas endócrino para inibir a secreç ão de insulina e
estimular a liberação de glucagon, e (e) aumentar a secreç ão de GH,
testosterona e cortisol. O efeito da epinefrina sobre o metabolismo energético
durante o exercić io é mais pronunciado do que da norepinefrina.
TIREOIDE

A tireoide, durante a prática do treinamento físico, esses hormônios estimulam a


síntese de enzimas e produzem um aumento da massa de mitocôndrias,
importante em práticas que exijam resistência, porque geram energia nos
músculos e aumentam a força. O cérebro fica mais insensível à fadiga,
aumentando o desempenho e proporcionando efeitos positivos com exercício
físico, pois quanto maior o treinamento, maior será a produção do hormônio da
tireoide, interferindo no metabolismo das gorduras, aumentando os ácidos
graxos livres no sangue (CANALI; KRUEL, 2001).
SUPRARRENAIS

As relações da prática do exercício físico com as glândulas suprarrenais são


relevantes, acelerando a síntese e a secreção das catecolaminas com
consequente aumento da atividade das glândulas suprarrenais, acelerando o
metabolismo e o aumento dos níveis de testosterona, assim como a regulação
da lipólise (transformação da gordura em energia) no tecido adiposo, e ainda a
diminuição de insulina. Os níveis de catecolaminas aumentam durante o
exercício físico, variando com a intensidade na prática, sendo a epinefrina a que
mais aumenta, seguida da noradrenalina, quando ao término do treinamento os
níveis de epinefrina se normalizam de imediato e os níveis da noradrenalina
persistem elevados por algumas horas. Acompanhando os níveis hormonais
também ocorrem a elevação do aporte sanguíneo e o acréscimo na força das
contrações cardíacas para suprir a imposição da atividade muscular.

INSULINA E GLUCAGON
Ressaltar a relevância da insulina e do glucagon que são secretados pelo
pâncreas, para o metabolismo dos carboidratos, eles controlam os níveis de
produção e degradação da glicose, que possuem efeitos contrários em diversos
processos enzimáticos no fígado, sendo estimulados pelos exercícios físicos,
quando os músculos secretam uma substância chamada Interleucina 6 (IL-6),
que aumenta a sobrevida das células pancreáticas produtoras de insulina, o que
é extremamente importante no controle da diabetes. O glucagon, que em
resposta ao exercício aumenta a concentração de glicose por meio da
glicogenólise e gliconeogênese, liberando o próprio glucagon e a glicose durante
todo o período do treinamento na corrente sanguínea, entendendo que com a
prática do exercício há uma elevação do glucagon e um declínio da insulina. O
hormônio insulínico aumenta sua produção em resposta ao aumento dos níveis
circundantes de glicose, com consequente captação periférica de carboidratos
para os músculos e adipócitos. Assim podemos dizer, caro acadêmico, que um
dos benefícios do exercício físico é a indução de captação de glicose pelos
músculos, regulando o aumento da sensibilidade à insulina em nível muscular,
estimulando o transporte da glicose no músculo esquelético, GLUT4 (substância
que realiza o transporte da glicose), e proporciona efeito potencializador na
fosforilação do IRS-2 (substrato do receptor de insulina). Assim, entendemos que
a relação da insulina com o exercício físico é expressiva, pois a prática de
exercício físico viabiliza o aumento da sinalização da insulina pelos
transportadores de GLUT4, aumentando a fosforilação do receptor de insulina,
favorecendo e otimizando a captação de insulina, baixando a síntese e a
secreção de insulina, diminuindo o tamanho da célula adiposa, sinalizando
efeitos positivos do exercício físico para o organismo humano.

GÔNADAS
Em relação as glândulas gônadas, a relação do exercício físico com as gônadas
é bastante significativa, pois seus benefícios auxiliam no alívio dos sintomas
provocados pela tensão pré-menstrual na mulher, e no homem estimula a
produção de esperma. Nos homens, por exemplo, ocorre um aumento da
produção de testosterona pela alta intensidade de treinamento físico, o que faz
com que aumente a síntese proteica que resulta no aumento gradual e
proporcional da massa muscular, gerando potência e força muscular.

ADAPTAÇÕES NERVOSAS

O sistema nervoso interage com cada sistema fisiológico do corpo. Sinais


neurais, apresentados na forma de atividade elétrica, transmitem informações
sobre os ambientes externo e interno do corpo. Esses sinais não só permitem a
homeostasia normal de repouso do corpo, como também possibilitam que o
corpo alcance um estado fisiológico de alerta, ou resposta de “luta ou fuga”
durante exercício intenso ou estresse fisiológico.
O encéfalo e a medula espinal formam a parte central do sistema nervoso, que
funciona como o controlador primário de todas as ações corporais. A parte
periférica do sistema nervoso inclui os nervos que não estão no encéfalo ou na
medula espinal e conecta todas as partes do corpo com a parte central do
sistema nervoso. A parte periférica do sistema nervoso (sensitivo) recebe
estímulos, e a parte central do sistema nervoso os interpreta, então a parte
periférica do sistema nervoso (motor) inicia as respostas. A divisão somática do
sistema nervoso controla as funções que estão sob o controle voluntário
consciente, como os músculos esqueléticos. A divisão autonômica do sistema
nervoso, na maior parte nervos motores, controla as funções dos músculos liso
involuntário, do músculo estriado cardíaco e das glândulas. A divisão autonômica
do sistema nervoso fornece a quase todos os órgãos um conjunto duplo de
nervos – os sistemas nervosos simpático e parassimpático. Esses sistemas
geralmente, mas não sempre, trabalham em oposição um ao outro (p. ex., o
sistema simpático aumenta a frequência cardíaca e o sistema parassimpático a
diminui). O sistema simpático ativo e prepara o corpo para atividade muscular
vigorosa, estresse e emergências, enquanto o sistema parassimpático diminui o
excitamento e predomina em situações normais ou de repouso. O sistema
nervoso comanda o movimento pelo controle da atividade muscular. Para
controlar a força produzida por um músculo, a quantidade de unidades motoras
recrutadas e a taxa de codificação de cada unidade motora podem variar. O
desempenho de quase todas as atividades e habilidades esportivas requer o
recrutamento adequado de unidades motoras para desenvolver a força
necessária, na ordem correta e no tempo certo. Adaptações do sistema nervoso
induzidas pelo treinamento são a base do treinamento de habilidades para
qualquer atividade física e servem para melhorar o desempenho físico.

O SNC, formado pela medula espinal e o encéfalo, tem a função de processar


as diferentes informações sensitivas e é também a fonte de pensamentos,
emoções e memórias, e é responsável pela “maioria dos impulsos nervosos que
estimulam os músculos a se contraírem e as glândulas a secretarem”.
O SNP inclui os neurônios aferentes, que têm a função de retransmitir a
informação sensorial proveniente dos receptores existentes na periferia para o
SNC, e neurônios eferentes, que transmitem a informação do cérebro para os
tecidos periféricos, sendo que os dois tipos de neurônios aferentes são
conhecidos como nervos somáticos e autônomos. Os nervos autônomos, ou
chamados de involuntários, são os músculos do intestino, vasos sanguíneos,
glândulas salivares e sudoríparas, músculo cardíaco e algumas glândulas
endócrinas. Já “as fibras nervosas somáticas (ou motoneurônios) inervam o
músculo esquelético e a descarga desses neurônios é sempre excitatória em
sua resposta, acarretando uma contração muscular”.

O sistema nervoso central que determina quais músculos contribuem durante o


exercić io e o quão vigorosamente eles se contraem. Os sinais do cérebro
determinam a força contrátil da bomba muscular esquelética quando alguém
deseja aumentar sua velocidade, é o cérebro que direciona as mudanç as no
comprimento e na freqüência de passadas que aumentam a velocidade. A
motivação, tanto para o esforço no pico do exercić io quanto para a tolerância à
atividade sustentada, é definida por fatores centrais que incluem não somente
uma interpretação de sinais a partir dos pulmões e músculos, mas também de
caracteriś ticas psicológicas como a auto-percepç ão e a confianç a.
Em um niv́ el inconsciente, o SNC também desempenha um papel integral na
resposta fisiológica ao exercić io. Alteraç ões na freqüência cardia
́ ca e na pressão
sangüínea envolvem reflexos centrais. As funç ões do sistema autonômico em
resposta ao exercício são múltiplas, mudanç as no fluxo sangüíneo para a pele e
na taxa de suor, controle da circulaç ão sangüínea regional, estimulaç ão do
metabolismo glicolit́ ico, broncodilataç ão, contratilidade miocárdica, entre outras.

MUDANÇAS NAS ADAPTAÇÕES NERVOSAS DA CRIANÇA/ADULTO

A maturação dos fatores neurológicos centrais possui um papel


importante na melhora do desempenho motor durante o crescimento
das crianças. Existem evidências, a partir de diversas funções
biológicas, que a percepção da fadiga pelo cérebro possa limitar a
capacidade fisiológica durante o exercić io. Nesse papel, como um
“controlador”, o SNC pode agir no sentido de prevenir os riscos da
atividade motora excessiva (danos musculares, isquemia miocárdica,
choque cardiogênico). Não se sabe se alterações em tais efeitos
inibitórios durante a infância influenciam o desenvolvimento da força
muscular, do VO2máx ou da capacidade de se exercitar no calor.
Estudos que discutem a possibilidade de as crianças perceberem o
estresse no exercić io de forma diferente da dos adultos tiveram
resultados conflitantes. O uso de escalas de classificação da PSE
mais adequadas à idade podem ajudar no esclarecimento dessa
questão.
Os niv́ eis de noradrenalina em repouso e durante o exercić io e os
achados sobre a variabilidade da freqüência cardia
́ ca sugerem que
as crianças possam ser caracterizadas por uma atividade simpática
menor e parassimpática vagal maior, em relação aos adultos. A
magnitude e a importância de tais diferenças para a aptidão
fisiológica ainda precisam ser estudadas.

FINALIZANDO

As atividades práticas desenvolvidas pelo professor durante as


aulas de Educação Física estimulam e beneficiam vários aspectos
dos processos de crescimento e desenvolvimento da criança, bem
como aumentam suas capacidades e habilidades orgânicas, tais
como força muscular, agilidade, resistência, flexibilidade,
velocidade, coordenação motora, entre outras. Ademais, os efeitos
positivos do exercício físico são percebidos também na maturação
dos aspectos neuropsicológicos, como potencial acréscimo de
concentração, memória, percepção e outros mais, além de fomentar
os aspectos éticos, morais e sociais. Considerando os aspectos
fisiológicos que sofrem alterações por estímulo do exercício físico,
muitas são as respostas produtivas no crescimento normal da
criança, pois o organismo adéqua-se ao esforço exigido, a
capacidade aeróbia, a frequência e o débito cardíaco aumentam
durante o exercício, auxiliando em vários ganhos, como: massa
muscular e fortalecimento, equilíbrio, flexibilidade, resistência, além
dos benefícios psicossociais, como: a socialização que proporciona
novas experiências, aprender a lidar com as derrotas, as vitórias, os
limites e fazer e cultivar novas amizades.

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