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TEATRO BRASILEIRO 1 - REG III

Teatro de Catequese
Brasil Colônia
Casas de Ópera
Comédia de Costumes
Romantismo no Brasil

Autores/ Atores:
José de Anchieta (1534/1597);
Manoel Botelho (1636/1711);
Antônio José da Silva, o Judeu (1705/1739) “Guerras do alecrim e da manjerona”;
João Caetano (1808/1863);
Gonçalves de Magalhães (1811/1882) “Antônio José, o poeta e a Inquisição” -1838;
Martins Pena (1815/1848) “O Diletante”; “O jogo de prendas” (finalização: Suzana
Abranches)
Joaquim Manoel de Macedo (1820/1882) “O primo da Califórnia”; por email
Gonçalves Dias (1823/1864) “Leonor de Mendonça” - 1846; email
José de Alencar (1829/1877) “Mãe” - 1859; por email
Qorpo Santo (1829/1883); “As relações naturais”
França Júnior (1838/1890); “Caiu o ministério”, ou “Maldita Parentela” email
Artur Azevedo (1855/1908) “A Capital Federal” ou “O Mambembe”;
Leopoldo Fróes (1882/1932);
Renato Viana (1894/1953) “A última encarnação de Fausto”

TEATRO DE CATEQUESE

Enquanto as autoridades portuguesas providenciavam a construção de fortes e a


formação de fazendas ao longo da costa brasileira, os jesuítas faziam a catequese.

As peças eram encenadas nos pátios das igrejas, e misturavam português, espanhol,
latim e tupi guarani, às vezes na mesma cena.

Os jesuítas eram obrigados a aprender os idiomas dos nativos, além das técnicas
teatrais, que eram mais interessantes do que os sermões.

Na Espanha, Índia e China já havia um teatro desenvolvido.

Os ingleses chegaram a pensar em traduzir as obras de Shakespeare para as línguas


indígenas da Nova Inglaterra.

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Aproveitavam as danças, adereços, lutas e músicas dos índios, que também usavam
cortejos e procissões para chamar chuva ou a produção de algodão. Usavam teatro e
poesia.

Na plateia, colonos, portugueses e índios. Os colonos portugueses eram turbulentos e


tinham a moral bastante elástica. Viviam aqui de forma desordeira e imoral.

Figuras como diabo, eram corporificadas, sempre com nomes do chefes indígenas
que resistiam ao catecismo. Ensino de moral. Os Autos ato público, gênero medieval
/ diferentes dos sermões/ hagiografias / personagens alegóricos (Temor de Deus, O
Governo / O Mundo / A Carne / A Ingratidão / A Alma).

Incutiram no índio a noção de pecado, arrependimento e perdão.

Utilizavam as crianças para influenciarem os pais.

Só homens em cena, brancos, índios e mamelucos.

As encenações aconteciam nos atros das igrejas, nos salões, ou ao ar livre.

Entre 1580 e 1640 Portugal e Espanha formavam um reino unido (Portugal anexado à
Espanha) e chegou-se a pensar em ter o espanhol como língua nacional.

Converter o tempo pagão. Trocaram a noção de tempo circular, de acordo com as


luas, que os índios adotavam, pelo calendário referente aos santos, a Cristo.

A noção de espaço comportaria uma divisão entre sagrado e profano. Céu e inferno.

A coletividade também é substituída na hora de tomar decisões, que passam a ser


individuais.

No século XVI foram representadas no Brasil vinte e cinco obras teatrais.

Os Jesuítas se empolgaram tanto com o teatro, que chegaram a ser chamados a


atenção pelo bispo.

Algumas tribos se organizaram e lutaram contra São Paulo. Confederação dos


Tamoios diversas vezes. Tamoios e tupinambás contra portugueses.
Conflito com Duarte da Costa. Entraram em acordo com os índios Tamoios em
Ubatuba.

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26 de Abril de 1500 – Primeira Missa – Em latim, celebrada por Frei Henrique
Soares (o capelão da frota), Praia Coroa Vermelha, mil homens convocados (oficiais,
marinheiros), 200 índios, que imitavam os gestos dos portugueses, demonstrando,
segundo relato de Caminha, respeito e adoração.
Pintura – Victor Meirelles (1832/1903).

01 de maio de 1500 - Na carta de Pero Vaz de Caminha a D. Manoel, já ressaltada a


necessidade de conversão dos índios, que eram, segundo os jesuítas, bárbaros,
selvagens.

1534 - Capitanias Hereditárias - Divisão em 15 territórios. Com o fracasso dessas, D.


João III instala o “governo geral” um sistema político administrativo que representa a
Coroa.

1549 - Primeiro grupo de missionários jesuítas desembarcou na Bahia, na comitiva


do governador geral Tomé de Souza. Dentre eles, Padre Manoel da Nóbrega. “Se El-
Rei determina povoar mais esta terra, é necessário que venham muitas mulheres órfãs
e de toda qualidade, até meretrizes, porque há aqui várias qualidades de homens.”

1553 – Chegada de José de Anchieta ao Brasil, com outros três jesuítas, a pedido de
Manoel da Nóbrega, na comitiva do segundo governador geral, Duarte da Costa.
Objetivos: civilizar os gentios (poligamia, nudez, canibalismo, nomadismo,
embriaguêz), alertar os colonos. Batismo, conversão e catequese. O único pecado
para o qual não havia perdão era a não aceitação da palavra de D’us. A condenação
era a queimação no inferno.

Lema de Manuel da Nóbrega: “Essa terra é nossa empresa.”

1557 – Nóbrega escreve “Diálogo sobre a conversão do gentio”.

1564 – Provável primeira apresentação de uma peça no Brasil (Bahia), o “Auto de


Santiago”, de autor português. Na plateia, o comportamento dos colonos não era dos
mais satisfatórios.

1565 – Os jesuítas aportaram, junto com Estácio de Sá, na Baia de Guanabara.

“A eficácia de uma obra sobre o público está intimamente ligada à sua


contemporaneidade absoluta” Sábato Magaldi em Panorama do Teatro Brasileiro.

Segundo DAP, "É possível que a dispersão deste heteróclito universo ficcional se
justificasse, em parte, pelo caráter itinerante do espetáculo, desenvolvido muitas
vezes em formato de procissão, com paradas em diferentes lugares, cada uma dando
origem a um episódio relativamente autônomo, dentro do tema religioso geral."
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Reaproveitamento de enredos, adaptados para a ocasião em que eram apresentados:
Natal, festa de São Lourenço, ou a substituição do Padre Anchieta pelo Padre Marçal,
recebimento de imagens de santos, relíquias, encerramento do ano escolar,
aniversários de padroeiros.

Algumas tribos se organizaram e lutaram contra São Paulo. Confederação dos


Tamoios diversas vezes. Tamoios e tupinambás contra portugueses.

Conflito com Duarte da Costa. Entraram em acordo com os índios Tamoios em


Ubatuba.

1615 – Havia no Brasil quinze colégios jesuítas em Portugal, e os jesuítas criaram um


teatro em língua latina para os seus estudantes.

1625 - Lope de Vega escreveu "El Brasil restituído", sobre as batalhas contra os
holandeses e a libertação da Bahia.

1641 - O governador da capitania do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá


Benevides, organiza homenagem à coroação de D. João VI, onde é a atual Praça XV,
com direito a espetáculo teatral (não se sabe qual). Como despencou um temporal, a
cerimônia foi transferida para o salão do palácio, que ficou lotado. Houve
comemorações também em Recife.

1662 - Carlos II da Inglaterra se casa com a infanta D. Catarina, e a Camara


Municipal da Bahia organiza representações teatrais, com ajuda dos abastados.

1686 - Manuel Beckman expulsou os jesuítas do Maranhão. A briga ali era porque os
a população estava insatisfeita com os altos preços e a baixa qualidade dos produtos
oferecidos pela Companhia de Comércio do Maranhão, além da escassês de produtos,
que demoravam a chegar. Havia também a falta de mão de obra escrava. Os
proprietários rurais queriam escravizar os índios, mas os jesuítas não deixavam. Os
irmãos Manuel e Tomás Beckman, apoiados pelos comerciantes locais, invadiram a
Cia de Comércio do Maranhão, expulsaram os jesuítas e tiraram o poder do
governador. Novo governador foi mandado por Portugal. Os irmãos Beckman foram
enforcados.

Decadência na vida cultural. Jesuítas atuam mais nas sombras, para não chamar
muito a atenção de Portugal.
Atividades religiosas em declínio.
Desenvolvimento de festas populares. Ex: bumba meu boi.
Eventos político-sociais.
Desfiles de escravos mascarados, cantando e dançando, com trages dos patrões e
donos. Pré Carnaval?
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1759 - Os jesuítas foram expulsos definitivamente por Marquês de Pombal.

JOSÉ DE ANCHIETA (1534/1597)

1534 - Nasceu nas Ilhas Canárias, era filho de judia convertida.


Estudou em Coimbra e cedo sentiu vocação jesuítica.

1553 - Chegou ao Brasil aos 19 anos. A população contava com 57.000 habitantes.
Para os índios era médico, sacerdote e educador.
Ensinou latim aos índios.
Ficou conhecido como Apóstolo do Brasil. Mediava conflitos entre colonos e índios.
Foi influenciado pela dramaturgia de Gil Vicente (“Farsa de Inês Pereira”, “A barca
do Inferno”)
De seus sermões dramáticos, mandados em manuscritos à Roma, oito chegaram até
os dias de hoje, recuperados durante o processo de sua beatificação.

Sobre o cerimonial – PG. 27 – Profa. Rosita Corrêa

Escreveu "Diálogo da fé", ou "Doutrina Cristã", com instruções para preparar os


índios para o batismo.

1567 – A pedido de Manoel de Nóbrega, escreve o “Auto da Pregação Universal”,


em espanhol, tupy e português (plurilinguismo), com três horas de duração,
encenado ao ar livre. Na estreia, havia o medo do temporal que se aproximava, mas
que desabou assim que o espetáculo acabou. No enredo, dois pecadores, cujos nomes
podiam ser modificados, de acordo com o lugar onde eram apresentados, sendo
escolhidos pecadores locais.

1583 - “Na Festa de São Lourenço” (supostamente de Anchieta), trilíngue,


apresentada na Capela de São Lourenço, em Niterói, sobre três diabos que martirizam
São Lourenço: Guaixará (rei), Aimbirê e Saravaia (servos) (índios tamoios, aliados
dos franceses na invasão).

1595 – Escreve "Arte da gramática da língua mais falada na Costa do Brasil" (tupy),
em Coimbra.

Escreveu o "Poema em louvor à Virgem Maria", com 5732 versos, alguns escritos na
areia da praia.
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Realizou peças inteiras em tupi. Outras vezes misturava na mesma cena os três
idiomas. Ao todo, chegaram aos dias de hoje oito textos seus, que foram mandados à
Roma durante o seu processo de beatificação.

“Visitação de Santa Isabel” – último Auto.

MANOEL BOTELHO DE OLIVEIRA


(1636/1711)

Considerado o primeiro comediógrafo brasileiro.


Poeta barroco.

1636 – Nasce em Salvador./ Mesmo ano de Racine. Mesmo ano e local de


Gregório de Mattos, conhecido como "Boca do Inferno". Poesias líricas, sacras e
satíricas. Críticas à sociedade e às autoridades baianas. Chegou a ser exilado em
Angola. Nada foi publicado em vida. Só no século XX. Cadeira na ABL.
baiano, formado em Direito, em Coimbra, junto com Gregório de Matos. Vereador na
Câmara de Salvador, Presente no movimento barroco, no qual, a forma era rígida,
cheia de figuras de linguagem. Mistura deespiritual e material. Sombras, ventos,
fogo.

1694 – Graças ao empréstimo de vinte e dois mil cruzados que fez para a criação da
Casa da Moeda, conseguiu ser nomeado capitão - mor dos distritos de Gameleira,
Jacobina e Rio do Peixe.

1705 - Publica, em Lisboa, o livro "Música do Parnaso", em espanhol, italiano e


latim, no qual, entre poemas, havia as peças:
“Hay amigo para amigo” - segundo teóricos, réplica de “No hay amigo para amigo”,
de Zorilla (Francisco Rojas – 1607/1648); e
“Amor, enganos y celos”, semelhante a "La más constante mujer”, de Perez de
Montalvan (1602/1638, padre, poeta, dramaturgo, discípulo de Lope).
"Carregadas de uma enfadonha retórica cultíssima, exatamente como seus modelos, e
limitam-se a apresentar as habituais e complicadas intrigas amorosas, resolvidas
pelos matrimônios de praxe” MC.
Presença de fanfarrões e graciosos, longos monólogos, mais para exercícios literários.

Dedicatória: "Nesta America inculta, habitação antigamente de bárbaros índios, mal


se podia esperar que as Musas se fizessem brasileiras; contudo, quiseram também
passar-se a este empório onde como a doçura de açúcar é tão simpática com a

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suavidade do seu canto, acharam muitos engenhos, que imitando os poetas de Itália e
Espanha, se aplicassem a tão discreto entretenimento, para que não se queixasse esta
última parte do mundo, que assim como Apolo lhe comunica os raios para os dias,
lhe negasse as luzes para os entendimentos. Ao meu, posto que inferior aos de que é
tão fértil este país, ditaram as Musas as presentes rimas que me resolvi expor à
publicidade de todos para ao menos ser o primeiro filho do Brasil, que faça pública a
suavidade do metro, já que o não sou em merecer outros maiores créditos na poesia."

“A ilha da maré” - poema que exalta as belezas, riquezas naturais do Brasil.

Vale lembrar que, durante todo o século XVII, o Brasil foi disputado por Portugal,
Holanda e Espanha. Os holandeses chegaram a criar um centro de cultura em Recife.
Século tomado por muitas lutas: contra os franceses no Maranhão, os holandeses na
Bahia e Pernambuco, colonos contra jesuítas em São Paulo.

Decadência da vida cultural. O Teatro esmorece. Jesuítas trabalham mais na encolha


de Portugal.
Surgimento de diversões e jogos populares, como o bumba meu boi.
Substituição das festividades de cunho religioso pelas de cunho sócio político.

O jesuíta carioca Tomas do Couto (1668/1715) foi importante no Pará e Maranhão,


como professor de dicção e técnicas teatrais.

Eram compostas tragédias em trimestres jâmbicos, ao estilo de Sêneca (4 A.C./ 65


DC).

Século XVIII Na primeira metade, ainda acontecem espetáculos organizados em


conventos, adros, igrejas e no interior de palácios.

1705 - Nasce Antônio José da Silva, o Judeu.

1717 - Encenação de duas peças de Calderon de la Barca: "El Conde Lucanor" e


"Afectos de ódio y amor". O vice rei era Pedro Antônio de Noronha. Cacciaglia pg
20, 21 (1/2/3)

1729 - Em 13 de marco, o bispo de Pernambuco Jose Fialho faz uma pastoral


proibindo as representações em suas propriedades.
No mesmo ano, o vice-rei, Vasco Fernandes Cesar de Menezes, ignorou o veto
eclesiástico e, nas núpcias dos príncipes reais de Espanha e Portugal com as infantas
(Maria Barbara de Bragança e Maria Ana Vitoria de Bourbon) promoveu seis
apresentações de espetáculos na praça em frente ao palácio: "Los Fuegos Olímpicos",
"Fineza contra fineza", "La Fiera, ela rayo y la piedra", "El monstro de los jardines"
(Calderon) e "La fuerza del natural" e "El desden con el desden", de Moreto. Todos

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com grande aparato cênico: palácios, salas, jardins, naus, bosques, relâmpagos, raios,
mar, nuvens...
No aniversário do rei Joao V, o vice- rei inaugurou um local permanente para o teatro
na sala de reuniões da Camara Municipal da Bahia, com proscênio. Os espectadores
ficavam na escadaria.

1733 - O Conselho de Ultramar de Lisboa ordena a remoção do palco e da plateia.


Em Ouro Preto acontecem festas com procissões, declamações, danças, cantos em
louvor a Deus, agradecimento às riquezas das Minas Gerais. No espetáculo "Triunfo
Eucarístico", o povo participava. Um mês antes, arautos mascarados anunciavam o
evento. Exposição de bandeiras com imagem de Nossa. Sra. do Rosário, iluminação
ampla nas ruas. Antes da procissão, desfile de carnaval com danças de turcos e
cristãos, carros de triunfo, figuras alegóricas de tradição cristã e mitológica. Foi
montado, em frente à igreja, um palco para apresentação de comédias espanholas: "El
amo Criado" (de Zorilla), "El Magico prodigioso" e "El secreto a vocês" (Calderon).

1745 - Em Mariana, sede do bispado, ocorre o mesmo tipo de manifestações


artísticas. "Áureo Trono Episcopal"

1748 - Os mesmos espetáculos que ocorriam em Ouro Preto aconteciam em Mariana.


Apresentação em alusão à posse do primeiro bispo das Minas: Frei Manuel da Cruz.

1750 - Os franciscanos organizam a representação de uma peça de Metastasio (Pietro


Antonio Domenico Trapassi) poeta e dramaturgo italiano.

1751 - Em Vila Rica, vários espetáculos em comemoração à aclamação de D.Jose I.

1753 a 1771 - Em Diamantina (Arraial do Tijuco) o Contratador de diamantes Joao


Fernandes de Oliveira mandou construir para Xica da Silva, um castelo com capela,
jardim, um pequeno lago, salas e... Um teatro completamente equipado. Ali houve
apresentações de "Os encantos de Medeia", O "Anfitrião", "Porfiar amando".
Em Sabará existe um teatro desta época, outro em Ouro Preto, em Diamantina e São
João del Rei.

1759 – Os Jesuítas foram expulsos do Brasil. E as apresentações de cunho religioso


passaram a ser apresentadas pelos franciscanos.

1760 - Primeiro Teatro no Brasil - Teatro da Praia, em Salvador, com 28 camarotes,


plateia dividida entre nobres e plebeus (homens), galeria para mulheres da plebe.

1763 - Final do período de Salvador como capital do Brasil.

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1768 - Em Ouro Preto, por ocasião do aniversário do Governador José Luis de
Menezes, foi apresentado "O Parnaso obsequioso", drama do árcade Claudio Manuel
da Costa, um dos inconfidentes. Os protagonistas são Apolo, Mercúrio, Calíope, Clio,
Talia, Melpomenes. Louvores ao governador.

1770 - Teatro em Ouro Preto (Vila Rica), numa rua íngreme, sala pequena e bastante
desconfortável, com quatro ordens de camarotes, elegantes balaustradas, reservadas
às mulheres. Os homens sentavam-se em bancos, nas plateias. A iluminação era feita
com velas entre os camarotes. O pano de boca tinha uma pintura que representava as
quatro partes do mundo. Nesse teatro foram apresentadas peças das quais só sabemos
os títulos, provavelmente eram adaptações de autores espanhóis. A entrada era cara.
Os atores eram mulatos. Fracos.
Manuel Luis formou também uma das primeiras companhias permanentes de teatro,
composta por mulatos. Os mais conhecidos eram: Joaquim da Lapa, José Inácio da
Costa, o Capacho (mais tarde sargento mor do regimento dos mulatos, além de
comendador da Ordem de São Tiago. A cantora Joaquina Maria da Conceição Lapa,
a Lapinha, que cantou em Lisboa, também fazia parte da companhia.

1777 - Num édito de 17 de julho, o poder civil recomendou a construção se teatros


públicos, confortáveis e permanentes, pelo valor educativo, como escola de valores,
moral e fidelidade aos soberanos.

Segunda metade do século XVIII, surgimento das Casas de Ópera, ou Casas de


Comédia.

1778 - Os franciscanos organizam espetáculo de dança e canto, além de um banquete,


para festejar a nova província franciscana da Imaculada Conceição, no Convento de
Santo Antônio.

Brasil - Por volta da metade do século XVIII, na Rua do Fogo, atual Rua dos
Andradas, havia o teatro do Padre Ventura, que era um mulato corcunda, que fazia
tudo em cena: dirigia, regia a orquestra, tocava violão, dançava fado e lundu. Riqueza
em seus cenários. Apresentava em seu teatro obras d' O Judeu, de Metastasio,
Molière e Voltaire. No palco, mulatos de rosto pintado de branco ou vermelho.
Cacciaglia - pg 23/4 DAP pg.23

1779 a 1790 - O Vice-rei era Luis de Vasconcelos e Sousa, que não apreciava o
Teatro. Mas nessa época formou-se uma companhia dirigida pelo tenente coronel
Antonio Nascentes Pinto, que, tendo vivido na Itália, para agradar ao Vice- rei,
traduziu e apresentou as óperas "La italiana in Londra" (Cimarosa) e "Pieta d'Amore"
(Millico).

1786 - Em 13 de maio, núpcias de D.Joao VI com Carlota Joaquina, houve três


representações no Teatro de Ouro Preto, que existe até hoje.
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1787 - D. Maria I proibiu as mulheres de subirem ao palco. O decreto foi revogado
em 1800, mas, por muito tempo permaneceu a tradição de atores e dançarinos
travestis. Alem da proibição das mulheres no palco, o intendente Pina Manique
proibiu as cortinas nos camarotes, para evitar encontros amorosos.

1790 - Manuel Luis traz de Portugal a primeira companhia estrangeira, a do ator,


autor e tradutor dos textos de Racine e Voltaire, Antonio Jose de Paula. A companhia
também se apresentou em Recife "A gratidão", do português. pg 24
Havia também um teatro em frente ao Passeio Público.

1792 - Conjuração Mineira

1790 a 1801 - O vice- rei era José Luis de Castro, Conde de Resende, que achava que
o Teatro era um perigoso foco de subversão.

1798 - Construção do segundo, o Teatro de Guadalupe (demolido em 1827), todo de


madeira, internamente forrado de pano, perto da antiga Rua da Vala, onde é hoje a
Baixa do Sapateiro. Próximo a vários poços, podia-se ouvir o coaxar de sapos de
dentro dele, que às vezes adentravam o teatro, atrapalhando o espetáculo. Lá foram
apresentadas peças de Antônio José da Silva, o Judeu: "O labirinto de Creta",
"Guerras do alecrim e da manjerona", "Encantos de Medeia"

Atores famosos da época: Damião Barbosa, José Rebouças e Honorato Regis.

ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA, O JUDEU


8/5/1705 - 19/10/1739 (LISBOA/ AUTO DE FÉ) Touro

1705 - Nasce no Rio de Janeiro, filho do advogado e poeta João Mendes da Silva e de
Lourença Coutinho (filha de cristão novo, proprietário de plantações de cana de
açúcar), portugueses. Seus avós paternos, André Mendes da Silva e Maria Henriques
já moravam no Brasil.

1712 – Sua mãe é presa e deportada para Portugal, a bordo da nau Candelária. Seu
pai segue com os filhos Antônio, Baltazar e André. Antônio era o mais novo.

1713 - Dez meses depois seus pais são condenados, ficam presos, têm os bens
confiscados, além de serem obrigados a abjurar. "Tirana ausência que me roubaste e
me levaste da alma o melhor. Ai de quem sente de um bem ausente a ingrata dor."

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1726 - Cursa Direito em Coimbra, destaca-se pela inteligência e como poeta.
Frequenta a casa do conde de Ericeira, junto com outros intelectuais, como Francisco
Xavier de Oliveira e o Padre Álvares de Aguiar. O satirista Tomás Pinto Brandão
também era seu amigo.
Ele e seus amigos desdenham de uma obra que falava mal de judeus. Dias depois, é
preso e torturado, junto com sua mãe e seus irmãos. Perguntado qual era sua religião
diz que só vai à igreja por “cumprimento do mundo”. Ao ser pressionado a dedurar
parentes pelo judaísmo, acusa uma tia que já falecera. Após gritar muito por súplica,
perde a fala e fica parcialmente inválido. Obrigado a abjurar. Solto no mesmo ano.
"Oh! D'us, se sois justo/Como assim tiranamente /a este mísero inocente/chegas hoje
a castigar".

1728 - Vai para Lisboa, onde exerce a advocacia, junto com seu pai. Baltazar e André
são soltos. Moram no Pátio das Comédias, onde havia um teatro público.

1729 - Sua mãe é solta.

1733 – Escreve “Vida do Grande D.Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho


Pança”, que só será publicada após a sua morte, por Francisco Luís Ameno. A ópera
estreia no Teatro do Bairro Alto.

1734 - Casa-se com sua prima Leonor Maria de Carvalho, que já sofrera perseguições
da Inquisição.

Escreve “Esopaida ou Vida de Esopo” que só será publicada após a sua morte, por
Francisco Luís Ameno.

1734 - Publicação, em Portugal, do relato do Triunfo Eucarístico. A Igreja proíbe


apresentações de Teatro em todo o território brasileiro.

1735 - Nasce sua filha Lourença. Escreve “Os encantos de Medeia” que só será
publicada após a sua morte, por Francisco Luís Ameno. A peça estreia no Teatro do
Bairro Alto, bairro popular de Lisboa.

1736 – “Anfitrião ou Jupiter e Alcmena” (com críticas ao comportamento do rei, só


será publicada após a sua morte, por Francisco Luís Ameno) e “Labirinto de Creta”
(editada por Antônio Isidoro da Fonseca).
Morre seu pai.

1737 – “As variedades de Proteu”, “Guerras do Alecrim e da Manjerona” (editadas


por Antônio Isidoro da Fonseca) e “El prodígio de Amarante” (para atores, e não
bonecos, por isso em castelhano, não havia atores portugueses para fazer).

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Preso novamente, junto com sua mãe, agora viúva, acusada por uma escrava, Leonor
Nunes, de guardar o Shabat. Sua esposa, grávida, também foi presa, além de sua tia, o
irmão e a cunhada. Antônio ficou um ano na cela 6.

A PROPÓSITO:
No Brasil e em Portugal, o teatro de bonecos gozava de prestígio e eram três formas:
• títeres de porta (manipulados por alguém situado atrás de um pano estendido
entre os batentes de uma porta, organizadas para angariar dinheiro dos
estrangeiros. Na plateia, prostitutas em profusão),
• títeres de capote (manipulados por um garoto escondido atrás de um capote
aberto pelos braços de um adulto) e
• títeres de sala (exibidos no teatro da Rua do Carmo (hoje Sete de Setembro),
acompanhados de violino. Repertório de peças edificantes, conversão de
infiéis. As mulheres ficavam nos camarotes, atrás de cortinas, e os homens na
plateia.

1738 – Estreia, no Teatro do Bairro Alto, “Precipício de Faetonte” (publicada após a


sua morte, por Francisco Luís Ameno).
Na prisão, Leonor dá à luz um menino, que é batizado.

1739 - Após longo processo, é condenado por ser "convicto, negativo e relapso".
Estrangulado e queimado morto. (Os que não se arrependiam, eram queimados vivos)
em Lisboa, no Terreiro do Trigo, num Auto de Fé, cerimônia presidida por D. João
V, o Magnânimo, que começava com um sermão e terminava com a morte do
acusado na fogueira. Nesse dia foram queimados mais dez “judaizantes”. "Ouve D'us
os ecos, os clamores, de um mísero infeliz a quem a sorte dá na vida o rigor da
mesma morte."

1744 - Francisco Luís Ameno publica suas oito peças no livro "Teatro Cómico
Português", sem menção à autoria. No prólogo, escrito em versos, pode-se ler o seu
nome sob a forma de acrônimos (ONG/ONG – PCP/ BANERJ).

Obras perdidas: “Amor vencido de amor” e “Os amantes de Escabech”.

Influenciado por Plauto, Metastasio, Gil Vicente, Antônio Ferreira e Almeida Garret,
pela comédia espanhola e pela Commedia Dell’Arte.

1866 – Portugal - Camilo Castelo Branco escreve o romance "O judeu".

1966 – Portugal - Bernardo Santareno (judeu) escreve a peça "O judeu"

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1992 – “Vínculos de fogo: Antônio José da Silva, o Judeu, e outras Histórias da
Inquisição em Portugal e no Brasil”, de Alberto Dines, Cia das Letras. Sete anos de
pesquisa.

1995 – Portugal - Jom Tob Azulay, brasileiro, faz o filme "O judeu". Produção
Brasil/Portugal. Estrelado por Felipe Pinheiro, que morreu durante as filmagens.

2005 – Alberto Dines, junto com Victor Eleutério, lança, em edição bilingue
(português e espanhol) “O judeu em cena: o prodígio do Amarante”, comprovando a
autoria da obra de Antônio José. EDUSP.

“Guerras do alecrim e da manjerona”

Prosa, misturada com versos rimados, figuras de linguagem, declamações, árias, com
“plebeísmo”.

Mudanças de cenário.

Única ambientada em Portugal.

Final feliz.

Crítica à nobreza, à fidalguia, aos médicos, ao falar empolado.


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No interior continuam as representações de origem portuguesa, com sucesso:


mistérios, pastoris, pantomimas.

Havia também um teatro em frente ao Passeio Público, onde representaram


"Mèrope", de Maffei, traduzida por Alvarenga Peixoto.

1750 - Levaram à cena uma peça de Metastasio, no Convento da Ajuda.

1778 - Espetáculo de canto e dança e três banquetes no Convento de Santo Antônio.

Segunda metade do Século XVIII - florescimento das Casas de Ópera


Portugal se reportava à Franca, Espanha e Itália, e ao Brasil cabia um papel menor
DAP "o de satélite, de um astro que só muito raro brilhava por conta própria"

Nas platéias brasileiras, o público se dividia em "partidos teatrais" em favor de uma,


ou outra prima dona italiana.

13
Claudio Manuel da Costa teve parte de sua obra desaparecida.

"Mas, o que desperta a atenção é a presença de homens ilustrados, conhecedores da


cultura portuguesa, mas também dos ideais iluministas vindos da Franca, que
determinaram a construção de casas de ópera na região a partir de meados do século
XVIII".
"Ao lado dessas festas mais populares, no principio do século XVIII, o músico oficial
da corte Antonio Teixeira contratou para Portugal não só os mais famosos maestros e
cantores italianos do seu tempo, como até decoradores e arquitetos a quem
encarregava sa edificação das novas casas de espetáculo"
Prof Evelyn Furquim Werneck Lima (Pós doutora - UNIRIO, CNPq, in Teatro e
Memória: casas de ópera nas Minas Gerais no século XVIII - Urdimento -2004

JOÃO CAETANO
(1808 / 1863- Itaborai /Rio de Janeiro) coração.

MARTINS PENA
(1815/1848 – Rio de Janeiro/ Lisboa) tuberculose

"O teatro é um campo de batalha, onde se está sempre lutando, tanto por ideias, como
por espaço." JC

1808 - Vinda da Coroa portuguesa para o Brasil/ Abertura dos Portos/ 01 de junho
Fundação do Correio Brasiliense, ou Armazém Literário (mensal, 80 páginas), por
Hipólito da Costa (jornalista, maçom, diplomata brasileiro, cadeira 17 da ABL) em
Londres. Durou até 1822, quando passou a circular clandestinamente. Primeira
publicação em língua portuguesa, pregava a independência do Brasil, a liberdade de
expressão, e criticava os aristocratas parasitas e a explorarão de Portugal sobre o
Brasil. Morreu em Londres, e, em 2001, a Fundação Assis Chateaubriand promove o
traslado de seus restos mortais para Brasilia.
Primeira livraria, Biblioteca Pública, teatros, escolas superiores.

Nasce João Caetano. O pai era militar. Chegou a ser cadete, mas não seguiu. O pai, a
princípio, não o perdoou por não seguir seus passos. Lutou na Guerra da Cisplatina.
Foi ensaiador, encenador, empresário.
Parecia-se com Napoleão e tinha habilidade para cenas de batalha.

Predomínio de peças traduzidas, principalmente do francês. O circo era tão


importante que João Caetano pediu a proibição de apresentações circenses em dias de
espetáculos teatrais.

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1810 - Decreto de D.Joao VI sobre construção de teatro: "nesta capital... Se erija um
teatro decente e proporcionado à população e ao maior grau de elevação e grandeza
em que se acha pela minha residência nela..."

1813 - Real Theatro São João - O marquês Fernando José de Portugal e Castro (ex
vice rei do Brasil) e seu ex barbeiro Fernando José de Almeida Castro - o
Fernandinho - constroem, com isenção alfandegária para todo o material, seis loterias
beneficentes e blocos de pedras que serviriam para erguer uma nova catedral.
Inaugura com ópera "O juramento de Numes", libreto de de um tenente da Marinha.
Na inauguração, a parte dramática ficou a encargo da companhia da atriz portuguesa
Mariana Torres, "a mais famosa atriz portuguesa do primeiro quartel do século
passado"
Nas núpcias de D.Pedro e Leopoldina houve baile com cenário de Debret.
Apresentações de óperas de Rossini, Mozart.
Foto do teatro em 1928 DAP pg 34

1816 - Missão Artistica Francesa no Brasil (liderados por Joachim Lebreton, o


alemão Johan Moritz Rugendas, o paisagista francês Nicolas Taunay, seu irmão
Auguste Marie, escultor, Grandjean de Montigny (PUC), além de Jean Baptiste
Debret, entre outros). Casa França Brasil (antigo prédio da Alfândega), Academia
Imperial de Belas Artes,
Decreto para a Criação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que estabelece
pensão para artistas franceses. Resistência: baixo interesse por Artes, lusitanos do
governo não gostam da presença francesa, entre outros. A escola só vai abrir mesmo
em 1826.

1818 - Ornamentação da cidade do Rio para a aclamação de D.Joao VI como rei do


Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.

1819 - Na Casa de Ópera de São Paulo, em homenagem à Carlota Joaquina, no Dia


de São Carlos, houve apresentação de "O avarento", de Molière, com atores mulatos
e meretrizes.

1820 - Academia e Escola Real. Grandjean de Montigny constrói um pequeno teatro


destinado a apresentações de amadores da alta sociedade.

1821 - No Teatro São João, D.João VI lê o decreto que aprova a Constituição


elaborada pelas Cortes de Lisboa.

1822 - Independência do Brasil. Na Casa de Ópera, em São Paulo, horas após bradar
a Independência do Brasil, D. Pedro aparece para assistir ao espetáculo da companhia
Zachelli e a multidão o recebe com gritos de "Independência ou Morte!"

15
No Teatro São João, em 15 de setembro, logo após a Independência do Brasil,
D.Pedro aparece num dos camarotes com uma faixa verde e amarela no braço escrito
"Independência ou Morte". Ovacionado pelo público.
Em outubro, D.Pedro recebe o título de Imperador Constitucional e Defensor
Perpétuo do Brasil, é representada a peça "O príncipe amante da liberdade ou a
independência da Escócia", adaptada para a ocasião.

1823 - No Teatro do Palácio, no Largo do Rossio, dois espetáculos por mês, na


entrada vigiavam as pessoas, não permitindo gente de baixo nível, reputação dúbia.

1824 - Nesse mesmo Teatro do Palácio barram a entrada de Domitila. D.Pedro I


compra o teatro, despeja a companhia, que joga objetos de cena e cenário pela janela,
leva até a Praça da República (antigo Campo de Santana) e queima numa fogueira,
com insultos aos dois.

1824 - Em 25 de Março, D.Pedro assina a Constituição do Império do Brasil. Quatro


poderes: Moderador, que cabia ao Imperador, tinha o poder de desfazer tudo. À noite,
foi assistir ao espetáculo "Vida de São Hermenegildo" (autor desconhecido) no
Teatro São João. Após o espetáculo, numa briga entre o ator protagonista e alguns
maquinistas, o teatro pega fogo. A população acha que foi castigo divino, por terem
usado pedras destinadas à construção de uma Catedral para fazer um teatro.
Com empréstimos do Banco do Brasil, novas loterias, venda antecipada de ações dos
camarotes, Fernandinho, agora coronel, consegue reerguer o teatro em Dezembro,
com 24 camarotes, 150 poltronas de plateia. Inaugura com "L'ingano felice", de
Rossini, com companhia italiana.
Censura prévia de peças a serem apresentadas nos palcos brasileiros. O intendente
geral de policia Francisco Teixeira de Aragão, averiguação se as pecas atendiam aos
bons costumes e leis do Império.

1825 - MP fica órfão de mãe. Tutela do avô e depois, um tio materno. Comerciantes.

1826 - Fundação da Academia de Belas Artes.


Em 22 de janeiro, aniversário de D. Leopoldina, O teatro São João, depois Teatro
Constitucional e agora Imperial Teatro São Pedro de Alcântara, inaugura com
"Tancredi", de Rossini. Fernandinho recebe a comenda Ordem de Cristo.

1827 - Estreia de João Caetano no Teatro de Itaboraí, com "O carteiro de Livônia”.

1828 - Depoimento de Victor Jacquemont, escritor francês, sobre a apresentação da


ópera "L'Italiana in Algeri", de Rossini: DAP pg. 35

1829 - Primeira Exposição de Arte no Brasil, organizada por Jean Baptiste Debret.
D.Pedro I traz uma companhia de teatro de Portugal (20 componentes, primeira
dama, segundas damas, primeiro galã, galã central e tirano, velho sério, primeiro
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gracioso, petimetre, segundo gracioso, etc). A primeira dama era Ludovina Soares da
Costa (1802/1868), filha e neta de atores.
Martins Pena é apresentado ao entremez (peça breve, personagens populares, tom
jocoso), que, junto com os números musicais, servia para arejar as peças longas.

1830 - Assassinato do jornalista oposicionista Líbero Badaró, jornalista, médico,


político, fundador do jornal Observador Constitucional. "Morre um liberal, mas não a
liberdade". Há quem diga que o tiro disparado foi a mando de D. Pedro I.

1831 - "Noite das garrafadas" (batalha de oposicionistas contra portugueses)


Abdicação de D.Pedro I (deixa para seu filho Pedro II, então com 5 anos).
Tema do primeiro conto de MP, "Um episódio de 1831", publicado em 1838 na
revista "Gabinete de Leitura"
João Caetano estreia como profissional. "O carpinteiro de Livônia", mais tarde
"Pedro, o grande", de Gaetano Donizete.
Fechamento por dois meses do Teatro Constitucional Fluminense, antes São Pedro de
Alcântara. Durante apresentação de "O estatutário", alguém grita na plateia "Viva a
República!". Motim, três mortos e vários feridos. Decreto proibia manifestações e
gritos dentro de teatros, exceto "bravo!” ou "fora!”, sob pena de multa.

1832 - JC se une com Estela Sezefreda, atriz e bailarina. Esta se torna sua
companheira de vida. Numa cena de "Os seis degraus do crime" calça os joelhos no
peito dela e quase a estrangula com seus próprios cabelos, em cena, por ciúmes reais.
Gritava "Morre, diabo!", para desespero da plateia e do público. O próprio ator
comentava o fato, dizendo que um ator jamais deveria se deixar levar pelo papel,
citando Diderot em "O paradoxo do comediante".
MP estuda Comercio

1833 - JC Funda a Cia Dramática Nacional – elenco todo brasileiro – no ano seguinte
Companhia Nacional João Caetano. Estreia no Teatro Niteroiense.
1833 (provável) - 1 ato - "O juiz de paz na roça" - três redações, revisões, cortes e
acréscimo de cenas em 1833, 1837 e 1838. No início, era uma peça de entreato. As
peças de entreato, até então, eram farsas portuguesas. Juiz conciliador prega a
conciliação entre todos os envolvidos em seus julgamentos.

1833/1837 (datas prováveis) - MP escreve "Um sertanejo na Corte" 1 ato, inacabada.

1834 - Irmã de MP, Carolina se casa com Joaquim Francisco Viana, um alto
funcionário da Alfândega, depois deputado geral do Partido Conservador da
Província do Rio de Janeiro.

1835 - Revolução Farroupilha (disputa espanhóis e portugueses, altos impostos sobre


produtos da região), no RS, citada nas primeiras comédias de MP.
"Fernando ou o cinto acusador" - três atos, não foi publicada nem encenada na época.
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1837 - "A família e a festa da roça" - 1 ato. Antes se chamava "A família roceira".
JC escreve "Reflexões dramáticas" - manual de representação.

1838 - Martins Pena Ingressa na Escola Imperial de Belas Artes (fundada por D.João
VI), com ajuda do cunhado. Acaba abandonando as matérias pintura, estatuária e
arquitetura, para se dedicar à música, e canto, inglês, francês e italiano.
Nomeado amanuense (escriturário) da Mesa do Consulado da Corte.
Em 13 de março, João Caetano, com a Companhia Dramática, encena, no Teatro
Constitucional Fluminense (rebatizado com esse nome entre abril e junho), no Largo
do Rossio, hoje Praça Tiradentes, "Antônio José, ou o poeta da Inquisição", tragédia
em cinco atos, versos brancos, de Gonçalves de Magalhães, Visconde de Araguaia
1811/1882 (escreveu a peça em temporada em Bruxelas, em 1836, com influência
romântica). Respeito à regra das três unidades, com inspiração romântica.
Considerada por alguns a primeira obra romântica do Brasil. Triângulo amoroso entre
Antônio José, Mariana (colega de palco) e Frei Gil. O conde de Ericeira, que traduziu
"Arte poética", de Boileau, tenta dissuadi-lo a seguir com o seus discursos públicos
por liberdade artística e por uma pátria que acolhesse o gênio.
Foi a primeira montagem brasileira de autor brasileiro, elenco brasileiro e tema
brasileiro. DAP pg, cita comentário de Jose Veríssimo, educador, jornalista, escritor,
ABL. João recebe a medalha de bronze "Talma Brasileiro". A história permitia um
paralelo com a opressão que o Brasil colonial sofria de Portugal.
Em 4 de outubro João Caetano e sua companhia apresentam "O juiz da roça", depois
"O juiz de paz na roça". Martins Pena ainda não assina. Estela Sezefreda faz o papel
de Aninha. Em novembro a peça é levada a Niterói, com sucesso. Anúncio no Jornal
do Commercio dizia que Estela Sezefreda levaria um novo drama romântico
(espanhol) em três atos intitulado "A conjuração de Veneza", seguindo- se a nova
farsa "O juiz da roça" que termina com uma tocata e dança própria do lugar. Estava
fundada a comédia de costumes brasileira.

MP escreve "D.João de Lira", 4 atos, nunca representada ou publicada, "Itaminda ou


o guerreiro de Tupã" (revisado em 1846).

1839 - MP publica na revista "Correio das Modas" pequenas crônicas e adaptações de


textos estrangeiros e a peça "Dona Leonor Teles", reprovada pelo Conservatório
Dramático, que a definiu unanimemente como "monstruosa"
Segunda tragédia de Gonçalves de Magalhães "Olgiato", em versos, no Teatro São
Pedro de Alcântara (Rio), cuja ação se passa em 1476, sobre a conjuração contra
milanês Galeazzo, que nunca aparece em cena. Olgiato é do bem, mas confundido, é
morto, bradando "A morte é dura! Mas a glória é eterna!" Magalhães declara, no
prefácio, que rejeitará a barafunda romântica e se inspirara na simplicidade de Alfieri
(1749/1803 - tragédias "Saul", "Antígona" e "Maria Stuart") e Corneille. Considerado
prolixo e retórico. Fracassou.

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Criada uma comissão de censura a cargo do cônego Januário da Cunha Barbosa.
Homens de letras passavam a ajudar a policia no oficio de fiscalizar.
O teatro mais importante do Brasil na época era o São Pedro, ou Constitucional
Fluminense, ocupado por portugueses. João Caetano mexe seus pauzinhos na corte
para que sua companhia o ocupe. Inspirado na Comèdie Française, almeja uma
subvenção para sua companhia, mas com liberdade de expressão. Os atores deveriam
ser funcionários públicos. Excursiona pelo Rio (Itaborai, Niterói) e, pelo Brasil
(Pernambuco, Rio Grande do Sul, na época do segundo incêndio do teatro)

1840/1 - Anos prováveis da escrita do drama em verso "Vitiza ou Nero de Espanha",


nunca publicado.

1842 (provável) - "Os dois ou o Inglês maquinista" - 1 ato - contrabando de escravos.


Primeira peça em que usa o cruzamento de tramas, misturando mocinhas que não
aprovam o marido escolhido pelo pai, venda de escravos, e as peças vendidas pelo
inglês. Critica a Revolução Industrial. Peça foi censurada pela Câmara dos
Deputados. Representada em 1845.

1843 - MP é nomeado amanuense da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros.


Fundação do Conservatório Dramático Brasileiro, que exercia a censura nos teatros
públicos. Pureza da língua, moral e bons costumes. Durou até 1864. Apresentação
prévia para o Secretário. O presidente atendia em casa.
GD escreve "Patkull", sobre guerra de trinta anos na Livônia. Inspirada em
a"Wallenstein", de Schiller e, em Coimbra, onde cursava Direito, "Canção do Exílio".

1844 - GD escreve "Beatriz Cenci" - tragédia releitura de obra europeia sobre amor e
morte juvenil
MP escreve 5 peças:
"O judas em sábado de aleluia" (VA = "obra prima em 12 cenas, manuscrito recheado
de cortes e rasuras)
"Os irmãos das almas" - ao fundo, o dobrar dos sinos em dia de Finados. Igreja e
maçonaria como tema. "Deus não se ocupa com consintas tão pequeninas nem com
indivíduos como eu. Lá com essas coisas de grande vulto, é outro caso. Um
cometa,...um terremoto, ...um temporal, que afunda navios, uma eleição, isso sim!" J
... "Tirar esmolas para almas e para os santos é um dos melhores e mais cômodos
ofícios que eu conheço." Garnier, o protagonista, inventa uma máquina de
transformar boi em bifes, um sistema de tirar açúcar de ossos humanos. Exploração
da fé.
"O diletante" - paródia de Norma, de Vicenzo Bellini (1831). Norma é uma
sacerdotisa druida que vai libertar o povo do jugo dos romanos. Ela tem dois filhos
ocultos do romano Polione, que agora tem um caso com Adalgisa, subordinada de
Norma.
"Os três médicos" - briga entre alopatas, homeopatas e hidropatas.

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"O namorador ou a noite de São João" - 1 ato - segundo VA, uma das mais bem
urdidas de Pena "conjugando também três fios: o enredo amoroso, a farsa rústica
portuguesa, com palavras chulas e pancadarias, e a farsa propriamente dita." Relações
entre pessoas de diferentes condições econômicas, idades, estado civil, bonitos, feios.
Fogueira como metáfora de fogo da paixão.

1845 - GD escreve dramas recusados pelo Conservatório Dramático.


JC Casa-se com Estela Sezefreda. Consegue a concessão do São Pedro, além da
subvenção de dois, depois três, depois quatro contos de reis. Em sua temporada, o
teatro queimou duas vezes:
MP escreve 8 peças, sendo "As casadas solteiras" ou "Bolynbrook & Cia", adaptação
da francesa "Le trios dimanches" (irmãos Cogniard e Jules Cordier). A figura do
velhote ridículo e a descrição da festa popular de São Roque, em Paquetá.
"Sitia, ou Nero da Espanha"- em versos, prólogo e 5 atos.
"O noviço" - 3 atos, considerada por muitos como a melhor comédia dele.
"O usurário" - o projeto era uma peça de três atos, mas só se conhece um.
"O cigano" - menor
"O namorador" farsa, tentativa de crítica social, confusa. Tema: ascensão social.
"Os meirinhos" - mais equilibrada, menos pancadaria e esconderijos, mistura de
comédia e melodrama. Desdobramento do palco.
"O caixeiro da taverna" - jogo de aparências (verdade/ mentira), falsos triângulos
amorosos. Aprimoramento do tom de "O namorador". Falsificação de produtos
portugueses.
"Quem casa quer casa" - peça provérbio, farsa musical. Personagem gago fala
cantando, em ritmo de polca, miudinho e "muquirão". Carpintaria bem construída.
Retomada de traços de "O diletante" e "Os irmãos das almas"
"As desgraças de uma criança" - primeira vez que aparece a figura da criada ladina,
figura clássica, investidas sexuais de patrões, racismo. Ligação com Punch and Judy,
ligada à Commedia dell'Arte, muito representada nas ruas do Rio na época. Variação
de Polichinelo, criatura corcunda e nariguda.

"Os ciúmes de um pedestre ou o terrível capitão do mato" - peça que causou a maior
polêmica na época. Paródia jocosa de "Otelo" João Caetano, referência a fatos
ocorridos na época (fait divers): corpo de escravo encontrado em saco e a sedução de
uma jovem por um homem conhecido da sociedade. Paródias sem cerimônia de
"Otelo" e "Pedro sem". Critica ao melodrama e à máquina escravista. JF. Ducis
(1733/1816) era um autor francês, que não falava inglês, mas pegava traduções de
clássicos, muitas peças de Shakespeare, e adaptava ao gosto clássico, mirando
excessos.

1846 - Gonçalves Dias lança "Leonor de Mendonça". A ação se passa em 1512, Vila
Viçosa, Portugal. O Duque de Bragança mata sua mulher. Os Bragança eram a
dinastia da qual o Brasil descendia. Ataque ao patriarcalismo e ao desmando dos
poderosos. Segundo DAP, Gonçalves Dias "nunca definiu bem se queria ser o ultimo
20
clássico ou o primeiro romântico" E na Pg.48. Gonçalves Dias sobre João Caetano.
“Leonor...” foi montada pela primeira vez em 1939, pelo Teatro do Estudante,
dirigida pela português Esther Leão. 1954 - Segunda montagem - TBC , direção de
Adolfo Celi, com Cleyde Yaconis, Paulo Autran, Sergio Cardoso, Leonardo Vilar,
Beyla Genauer. 1957 - No Rio, direção de Ziembinski, com Cleyde Yaconis,
Leonardo Vilar, Célia Biar, Raul Cortez

1846 - A companhia de JC apresenta "A família e a festa na roça". No mesmo ano,


uma companhia francesa se apresenta no Rio, Teatro São Januário, com uma peça de
Molière. 1846 – MP escreve "O usurário", comedia em 3 atos, e "O jogo de prendas",
incompletas, nunca representadas ou publicadas. Planeja escrever "A barriga do meu
tio".
1846 - Espetáculo comemorativo ao batizado da Princesa Isabel, realizado no quartel
de artilharia da Rua dos Barbonos. Corpo de baile composto por soldados.

1847 - MP Publica em O jornal do Comercio artigo apoiando a greve dos coristas,


dizendo "a imparcialidade era fazenda que não se conhecia no mundo"... "tudo é
parcialidade". Isto lhe rendeu campanha contra ele movida pelo O Mercantil, que
afirmava ser inadmissível que os cantores se unissem e fizessem greve. Nesse ano a
censura nos teatros passa a ficar a encargo da polícia.

1846/7 - MP Escreve folhetins no Jornal do Commercio, sobre espetáculos líricos,


críticas de óperas apresentadas no Rio. Confessa o desejo de escrever a ópera cômica
brasileira. Esses artigos foram republicados em 1965 com o título "Folhetins - a
semana lírica", pelo Ministério Nacional da Cultura / Instituto Nacional do Livro.
Solteiro, tem uma filha, Julieta Pena de Araújo Guimarães, com uma atriz.
Embarca para Londres como adido de primeira classe à Legação Brasileira em
Londres.
GD publica "Leonor de Mendonça" - O Conservatório aprova sua obra prima, mas
João Caetano não aceita a representação no Teatro São Pedro, por ser o papel central
dedicado a uma mulher, o que ele não poderia protagonizar. Ler DAP pg.48
GD publica "Boabdil", história de amor, invasão dos mouros em Granada, disputa do
amor de Zorayma pelos amigos Boabdil e Ibrahim. Há quem diga que foi encenada
na Alemanha. Não é certo.

1848 - MP morre de tuberculose, no Hotel de Francês, em Lisboa. Sepultado no


Cemitério dos Prazeres.

1850 – JC encena "A Gargalhada", de Jacques Arago, que o saudou pelo papel, além
de Lapuerta, ator que fazia o personagem na Espanha, que o chamou de mestre. A
peça conta a historia de um homem que rouba dinheiro de seu lugar de trabalho para
salvar a vida de sua mãe. Quando vai devolver, é pego e preso. Enlouquece e passa a
se expressar unicamente com uma gargalhada fantasmagórica. Um médico consegue

21
reverter o quadro, forjando a morte de sua mãe, ao que o personagem reage com
choro. João fez pesquisa em hospício.

1851 O Teatro pega fogo. JC vende uma temporada inteira antecipadamente para
angariar fundos para a reconstrução do Teatro

1852 - Abertura do Teatro Lírico Fluminense.

Os restos mortais de MP são exumados e enviados ao Brasil. Colocado no Cemitério


São João Batista.

1897 - Artur Azevedo, um dos fundadores da ABL, escolhe Martins Pena como
patrono de sua cadeira.

1898 - Aos 50 anos do falecimento de MP, Melo Morais publica antologia de Martins
Pena e declara "É preciso que a atual geração brasileira percorra essas páginas, para
ficar sabendo que o nosso pais produziu um escritor dramático de grande
originalidade, cujos trabalhos, longe de serem simples produtos de assimilação,
revelam um talento criador, uma individualidade única."

À época, alguns diziam que MP escrevia mal, desleixadamente, coloquial, e que não
se interessava por questões sociais, queria apenas fazer rir. Brasilidade comparável a
Jose de Alencar e Mario de Andrade.
Transfere a responsabilidade da ação cômica das mãos dos criados, para outras
situações, fugiu da centralização do tema do amor, o escravo não aparece mais como
simples palhaço'.
Raramente foi encenado por atores brasileiros e sim por portugueses.
Compôs árias, cantava em teatros particulares tendo inserido na tragédia lírica
Gemma di Vergy, de Gaetano Donizetti (1834)
Iluminismo brasileiro
Observador dos tipos brasileiros (soldado fanfarrão, o sacristão, o parzinho, a criada
ladina), da violência nas relações familiares e sociais, entre escravos e senhores, a
corrupção da justiça.
Cenas de pancadaria - Circo/ Molière, teatro de bonecos e entremezos e Commedia
dell’Arte.

Entre Parênteses:
1755 - Lessing publicara "Miss Sarah Sampson" - primeira tragédia alemã, heroína
classe média
1757 - Diderot publicara "O filho natural"
1758 - Diderot escreve "O pai de família" , publicado em 1788
1776 - "Sturm und Drang" "Tempestade e ímpeto", de Friedrich M. Klinger

22
1827 - "Do grotesco e do sublime" - Prefácio de "Cromwel", de Victor Hugo.
Segundo Théophile Gautier, irradiava aos olhos dos jovens "como as tábuas da lei no
Monte Sinai"
"Porque a verdadeira poesia, a poesia completa, está na harmonia dos contrários" -
LERPG69!!!

1855 - Nasce Artur Azevedo.


Nascimento do chamado Teatro Realista brasileiro. O empresário Joaquim Heliodoro
Gomes dos Santos arrenda (até 1851) o antigo teatro São Francisco de Paula, situado
à Rua do Teatro, com 256 lugares e rebatiza como Ginásio Dramático, em
homenagem ao Gymnase Dramatique de Paris. A princípio apresenta comédias
ligeiras, mas...
Em 12 de abril estreia "O primo da Califórnia", de Joaquim Manuel de Macedo.
Modelo europeu empregado numa ópera brasileira. No elenco, Maria Velluti,
desligada da companhia de João Caetano. O ensaiador era o francês Emilio Doux
Realismo, reação ao Romantismo. Percepção e análise do homem através de seu
cotidiano, suas mesquinharias, traições, questões familiares, trabalho, prostituição,
conflitos psicológicos, nada idealizado. Diferente do Romantismo, o presente é mais
importante que o passado. Narrativa lenta, descrição detalhista da realidade. A classe
média. O Drama burguês, de Diderot.
Saiu na imprensa, tirado do artigo "O Realismo no Teatro Brasileiro - 1a fase
(1855/1884), de Elza de Andrade, no blog de Lionel Fischer.

1856 - Novo incêndio no Teatro São Pedro de Alcântara.

1857 – Publicação de “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert - primeiro romance


realista da Europa. No Ginásio Dramático, estreia, com enorme sucesso "A dama das
Camélias", de Alexandre Dumas Filho (a estreia em Paris tinha sido em 1852). O
Teatro Ginásio Dramático apresentou 38 peças. Repertório realista, que mostrava a
sociedade como era, ganhou a simpatia dos intelectuais, inclusive Machado de Assis.
"o verdadeiro modo de civilizar a sociedade e os povos".

1858 - Primeira greve no Brasil, dos tipógrafos. Quase houve também a dos
acendedores de lampião.

1859 - O prestígio do ator Furtado Coelho, do Ginásio Dramático, rivaliza com o de


João Caetano. Ele tinha gestos contidos, voz elegante, interpretação comedida. Na
imprensa, principalmente no Jornal do Commercio, polêmica envolve admiradores
dos dois atores e suas respectivas companhias.
Trecho de publicação assinada por "um artista dramático" ... (...) Os artistas devem
procurar representar naturalmente, mas o natural do teatro, que não é o natural de
uma conversa particular... O senhor Furtado é sem dúvida um moço inteligente, a
quem a natureza dotou de boas qualidades para vir a ser um bom ator, mas a quem

23
falta os estudos preparatórios e a prática indispensável para ser, não diremos um
mestre, mas um artista regular. (...)

1860 – JC viaja pela Europa. Apresenta-se em Lisboa. Compara a realidade do ator


brasileiro com a do europeu, o que se revelará em seu segundo livro “Lições
Dramáticas”

1861 - JC recusa-se a fazer "O jesuíta", de Jose de Alencar, que ele mesmo havia
encomendado. Alencar, deputado, escritor renomado, trama no parlamento a retirada
da subvenção a companhia de Joao Caetano. A justificativa para o ato e o incentivo a
livre concorrência. Joao Caetano tenta manter a subvenção, mas não consegue.
Joaquim Manuel de Macedo (que se referia a Joao como "dotado pela própria
natureza") intercede a seu favor, tentando que o Estado lhe pague uma dívida que
teria com ele, mas nada consegue.

1862 - JC Publica "Lições dramáticas", mas acaba ficando à deriva do mercado.


Problemas cardíacos. "um drama, por melhor que seja, cansa e não pode ir à cena
mais do que três ou quatro vezes, qualquer ator medíocre nos teatros da Europa
reproduz o papel como se dotado de grande talento, porque o estudou durante três ou
quatro meses e o reproduziu cinquenta ou sessenta vezes, sabendo-o por conseguinte
de cor". DAP pg.40

1863 - JC Morre "Morro, e comigo morre o teatro brasileiro!" O imperador concede


uma pensão vitalícia a viúva, que vive ate 1874.

1898 - Aos 50 anos do falecimento de MP, Melo Morais publica antologia de Martins
Pena e declara "É preciso que a atual geração brasileira percorra essas páginas, para
ficar sabendo que o nosso pais produziu um escritor dramático de grande
originalidade, cujos trabalhos, longe de serem simples produtos de assimilação,
revelam um talento criador, uma individualidade única."

1897 - Artur Azevedo, um dos fundadores da ABL, escolhe Martins Pena como
patrono de sua cadeira.

JC se inspirava em François Riccoboni e (séc XVIII) e Aristipe (séc XIX).


Conciliava tradição e renovação, formação clássica e inspiração romântica.
1851 e 1856 (quando ele acabava de se recuperar do prejuízo da primeira, vendendo
quatro anos de representações. Suspeitas não confirmadas de incêndios criminosos.)
Tenta, mas não consegue, criar uma escola de representação, onde se ensinaria
pronúncia, história, declamação, esgrima.
A platéia carioca era, na maior parte, constituída de portugueses ou portugueses
naturalizados.
O Teatro São João, depois São Pedro de Alcântara, depois Constitucional
Fluminense, depois São Pedro, queimou três vezes em cinquenta anos.
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GONÇALVES DIAS
(1823/1864) - Maranhão/Naufrágio do Navio Ville de Bologne, na Costa
maranhense
Pai: Comerciante português, João Manuel, de Trás dos Montes.
Mãe: Vicência, mestiça.

1824 - Em 25 de Março, D.Pedro assina a Constituição do Império do Brasil. Quatro


poderes: Moderador, que cabia ao Imperador.

1825 - O pai se casa com outra mulher, assume a guarda do filho e o inscreve no
curso de latim, francês e filosofia do professor Ricardo Leão Sabino.

1829 - Primeira exposição de Arte no Brasil, organizada por Jean Baptiste Debret.
D. Pedro I traz uma companhia de teatro de Portugal (20 componentes, primeira
dama, segundas damas, primeiro galã, galã central e tirano, velho sério, primeiro
gracioso, petimetre, segundo gracioso, etc). A primeira dama era Ludovina Soares da
Costa (1802/1868), filha e neta de atores.

1838 - O pai morre, enquanto Gonçalves está em Portugal, estudando.

1840 - Estuda Direito, em Coimbra, com ajuda da madrasta. Participa do grupo De


poetas intitulado Medievalistas.

1843 - "Patkull" (Alemanha e Polônia) drama do ano de 1707, inspirado em


"Wallenstein", trilogia de de Schiller e em "História de Carlos XII da Suécia", de
Voltaire, sobre a Guerra dos Trinta Anos. Príncipe da Livônia luta pela
independência de seu povo. Intriga palaciana. Heroína: Namry Rombor ama Paikel, o
alquimista. Mas está prometida a Patkull. Paikel teria seduzido e abandonado Berta,
criada de Namry, expulsa da casa dos pais. Sabendo das maldades de Paikel, Namry
se apaixona por Patkull. Mas ele já está condenado.

1843/5 - "Beatriz Cenci" (Itália) Jovem mata o pai por vingança de estupro.
Condenada pelo Papa Clemente VIII, foi executada em praça pública. Terras da
família confiscadas pela Igreja. Único sobrevivente da tragédia foi o irmão mais
novo. Proibida pelo Conservatório, segundo o presidente, Diogo Soares da Silva de
Bivar, "À vista da censura e do que dispõe o Imperial Decreto de 19 de julho de
1845, no artigo IV, não pode representar-se o drama intitulado Beatriz Cenci, Rio de
Janeiro 21 de setembro de 1846." Considerada imoral, mas a justificativa pelo
estudioso de de literatura Afrânio Coutinho, foi por "conter erros crassos de
linguagem". Gonçalves Dias guardou os manuscritos das proibições e, posteriormente
foram parar nas mãos de D.Pedro II, que os encadernou. Ele, que havia proibido as
peças.

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Imortalizada, também pelo Poeta inglês Shelley, 1819, por , Stendhal, e pelo italiano
Guerrazzi. "Canção do exílio" Montagem da cia. Paulista Teatro do Incêndio, sobre o
texto de Artaud, dirigida por Marcelo Marcus Fonseca.

1845 - Forma-se em Direito, com ajuda financeira de amigos.

1846 - Gonçalves Dias escreve "Leonor de Mendonça". A ação se passa em 1512,


Vila Viçosa, Portugal. O Duque de Bragança mata sua mulher. Os Bragança eram a
dinastia da qual o Brasil descendia. Ela, "filha do primeiro duque de Espanha, mulher
do primeiro duque de Portugal" Ataque ao patriarcalismo e ao desmando dos
poderosos. Segundo DAP, Gonçalves Dias "nunca definiu bem se queria ser o ultimo
clássico ou o primeiro romântico". Alcoforado é apenas um simples "moço fidalgo".
DAP: "As circunstâncias, no caso, não dispensando um fundo psicológico neurótico
(sadismo e masoquismo), são fortemente sociais. Dada a hierarquia predominante em
Portugal no inicio do Séc. XVI, na hora do confronto, o mais nobre por força
estraçalhará o menos nobre, como o homem esmagará a mulher."

DAP - Pg.48. Gonçalves Dias sobre João Caetano.

1847 - "Leonor de Mendonça" - Proibida pelo Conservatório Dramático.


Indianista: "Primeiros cantos"(obra da qual faz parte "Canção do exílio"), "Poesias
americanas", elogiadas por D.Pedro II. Cargos públicos
Autor sobre o texto: PG 6 do livro do texto PGs 101/102 Hessel/ Readers

1849 - Professor de latim e História do Colégio Pedro II.


Funda a revista "Guanabara", com Joaquim Manuel de Macedo e Porto Alegre.

1850 - "Boabdil", história de amor, invasão dos mouros em Granada, disputa do amor
de Zorayma pelos amigos Boabdil e Ibrahim. Há quem diga que foi encenada na
Alemanha. Não e certo.

1851 - "Últimos cantos"

1852 - Casa-se com Olímpia Carolina da Costa, com quem teve uma filha, morta na
primeira infância. Mas o amor da sua vida foi Ana Amélia Ferreira do Vale, de 14
anos, com quem tentou se casar aos 28.

1856 - Separação.

1854 a 1858 - Trabalha na Secretaria dos Negócios Estrangeiros, na Europa.

1862 - Volta ao Rio. Traduz "A noiva de Messina", de Schiller, que consta em alguns
livros de coletâneas de suas obras.

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1864 - Vai tratar da saúde na Europa, e, ao voltar no navio Ville de Bologne,
naufragado, morre, sendo a única vítima do acidente.

Montagens de "Leonor de Mendonça":

1939 - Teatro do Estudante do Brasil, criado por Paschoal Carlos Magno, sob a
direção da atriz, professora e diretora Esther Leão, portuguesa.

1954 - TBC, direção de A. Celi, com Cleyde Yáconis, Sergio Cardoso, Paulo Autran,
Leonardo Villar e Beyla Genauer.

1957 - TBC Rio - Direção de Ziembinski, com Cleyde Yáconis, Leonardo Vilar,
Egydio Eccio, Fredi Kleeman, Célia Biar, Jorge Chaia e Raul Cortez. LER Alfredo
Mesquita, in email.

1974 - Teatro Popular do SESI, dirigida por Osmar Rodrigues Cruz, com Claudio
Corrêa e Castro, Ana Maria Dias, Ewerton de Castro (Ricceli) e Abraão Farc.

2006 - Cia. De Teatro Encena - Dir: Orias Elias - Sala experimental Teatro Augusta
Poeta, indianista, considerado o maior romântico brasileiro.
"Primeiros Cantos", "Segundos Cantos", "Últimos Cantos", "Os Timbiras",
"Dicionário da Língua Tupi", "Sextilhas de Frei Antão" (português arcaico), "Juca
Pirama"

Enquanto viveu, nenhuma de suas quatro peças (Paktul, Beatriz Cenci, Leonor de
Mendonça, Boabdil) foi encenada no Rio ou São Paulo. Houve montagem no
Maranhão.

Mereceu biografias de Manoel Bandeira, Josué Montello e Ruggero Jacobbi, entre


outros. Falava fluentemente francês, alemão e italiano.
Muita influência de Schiller e Manzoni.
Reza a lenda que estava traduzindo "Natan, o sábio", quando morreu.

JOSÉ DE ALENCAR
(1829/1877) Fortaleza / Rio de Janeiro - tuberculose

Filho do padre, senador, Jose Martiniano de Alencar e sua prima Ana Josefina de
Alencar.
Sua avó, D. Barbara de Alencar, foi, juntamente com seu pai, heroína da Revolução
de 1817. Presos quatro anos. Revolução emancipacionista, insatisfação com o
funcionamento da Corte portuguesa no Brasil.
Colégio da Instrução Elementar. Rio de Janeiro (carreira política do pai)

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1844 - Cursa Direito em São Paulo, Mas faz o terceiro ano em Olinda.
Formado, advoga no Rio de Janeiro. Colabora com o jornal "Correio Mercantil" e
escreve para "Jornal do Commercio" (folhetins reunidos em 1874 intitulados "Ao
correr da pena").

1855 - Redator chefe do "Diário do Rio de Janeiro"

1856 - "Cartas sobre a Confederação dos Tamoios", pseudônimo Ig, no "Diário do


Rio de Janeiro", critica sobre o poema épico de Gonçalves de Magalhães, favorito de
D.Pedro II. Polêmica. Gênero épico não combinava com a literatura brasileira.
Publica seu primeiro romance "Cinco minutos"

1857 - "O guarani" - Sucesso e notoriedade.


Advogado, jornalista, deputado (Partido Conservador) e ministro da Justiça (1868 a
1870).

1861 - JC recusa-se a fazer "O jesuíta", de José de Alencar, que ele mesmo havia
encomendado. Alencar, deputado, escritor renomado, trama no parlamento a retirada
da subvenção a companhia de JC. A justificativa para o ato e o incentivo a livre
concorrência. JC tenta manter a subvenção, mas não consegue. Joaquim Manuel de
Macedo (que se referia a JC como "dotado pela própria natureza" intercede a seu
favor, tentando que o Estado lhe pague uma dívida que teria com ele, mas nada
consegue).
Alencar, sobre “O Jesuíta” – “As mágicas e espalhafatos que se dão na cena
fluminense, em todo caso, são um esboço de teatro brasileiro, de que sem eles não
existiriam tais vestígios. Em vez de desacreditá-los, devemos animá-los; e fique à boa
sociedade o vexame de seu atraso. O povo tem um teatro brasileiro; a alta classe
frequenta os estrangeiros.”

1866 - Machado de Assis elogia "Iracema" (publicado em 1865), no "Diário do Rio


de Janeiro". Responde em agradecimento com "Como e porque sou romancista",
apresentando sua doutrina sobre a escrita.

1897 - Patrono da cadeira 23 da ABL, por escolha de Machado de Assis.


Casado com Georgina Augusta Cochrane, dois filhos: Mario e Augusto
Obras mais importantes: O Guarani, O tronco do ipê, O sertanejo, Iracema, Luciola,
O gaúcho, A guerra dos mascates, As minas da prata.
Teatro: Mãe, Nas asas de um anjo, O demônio familiar.
“MÃE”- 1859

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FRANÇA JR.
(1838 Rio de Janeiro/1890 Poços de Caldas) - Joaquim José
24 peças, 12 de um ato.
Segundo Sábato, é mais realista, elaborado, às vezes vulgar.
Foi Promotor Público e Curador da Vara de Órfãos do Rio de Janeiro. Pintor,
Jornalista.

1861 - “Meia hora de cinismo” - estudantada, debocha de um calouro. Estudante


endividado

1862 – Bacharel em Direito, Universidade de São Paulo. Estreia de “Tipos da


atualidade, ou O Barão de Cutia” - mãe quer que filha Mariquinhas se case com ele,
mas o pretendente pobre de quem a moça gosta recebe herança. Mãe acaba caindo de
amores por um explorador de viúvas.

1864 – “Ingleses na Costa”. Balzac chamava credores de ingleses.

1870 - “O defeito de família” - um criado alerta o pretendente sobre o costume da


jovem de receber com frequência um homem. O pai da moça acha que a mulher o
trai. O visitante é um pedicuro, que trata do joanete das mulheres, o defeito da
família. O criado acha que abafaram o escândalo no final.
“Amor com amor se paga” - pg 134
“Direito por linhas tortas” - 4 atos - Cia Fênix Dramática, de Jacinto Heller - família
do interior vêm pra Corte, serviu de inspiração para “A Capital Federal”, de Arthur
Azevedo, seu amigo e quase colaborador.

“A lotação dos bondes”

Para de escrever por um tempo trabalhando como secretário do governo provincial da


Bahia.

1873 – Junto com outros pintores, representa o Brasil na Exposição Universal de


Viena
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1876 - Afasta se do Teatro para escrever as crônicas, depois publicadas em Folhetins,
que alcançou, em 1926, a quarta edição.

1878 – Seus contos publicados em O Globo Ilustrado, O País e Correio Mercantil,


são reunidos em “Folhetins”, coordenado por Alfredo Mariano de Oliveira.

1881 – “Como se faz um deputado” - 3 Atos - França Jr. está desanimado com o
teatro. A Azevedo insiste para que ele termine a peça, prometendo fazer de tudo para
montá- la. Durante os ensaios foi promulgada a Lei Saraiva (José Antônio Saraiva,
ministro do Império, voto direto, título eleitoral, voto vedado a analfabetos.
Estrangeiros e não católicos podiam se eleger se tivessem 200 mil reis), e o autor
teve que mudar o nome para "Fazia". Um recém formado em Direito do interior do
estado quer ser deputado. O pai do rapaz combina o apoio ao filho com o casamento
deste com a filha de um político. Quando o rapaz diz ao pai que não tem opinião
política, o pai retruca "Pois olha, és mais político do que pensava." Pg.136.

1882 - "Caiu o ministério" - 3 Atos - inspirada em “Quase ministro”, de M de Assis.


Considerada uma das suas melhores peças. Apesar do sucesso, novo desânimo. Entre
1882 e 1884 frequenta aulas de apisagem na Academia Imperial de belas Artes.
“O tipo brasileiro” - aproveitadores europeus dos ingênuos brasileiros. Pai quer que
Henriqueta, sua filha, se case com inglês. John Reed quer privilégios do governo
para exportação. Ela gosta do brasileiro Henrique, que se disfarça de francês.

1883 - “Dois proveitos em um saco” - Amélia detesta morar em Petrópolis. Propõe


um jogo com o marido e se vencer mudarão para a capital.

1887 - “Entrei para o Clube Jácome” - a entrada do pretendente no clube de cavalos


assegura a aceitação do pai da moça que é louco por cavalos.
“Maldita parentela”

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1889 – “As Doutoras” - Carlota, advogada, pedante. Dra. Luisa se casa com um
colega de turma. Ciúmes profissionais. Separação. No processo de Divórcio, Carlota
se insinua para o marido de Luisa. A vinda de um bebê reconcilia o casal. Carlota
também se casa e tem filho. Ambas abandonam a profissão.

1890 – “Portugueses às direitas”. Morte do autor.


Patrono da cadeira 12, da ABL, escolhido por Urbano Duarte.

ARTUR AZEVEDO
(1855 Sao Luiz /1908 Rio de Janeiro)

Irmão de Aluisio de Azevedo


Criou a cadeira 29 da ABL, escolhendo Martins Pena como patrono.
Filho de David Gonçalves de Azevedo (vice cônsul de Portugal em São Luís) e
Emília Amália Pinto de Magalhães, separada de um comerciante, com quem casara à
contragosto. Total de filhos: 3 meninos e 2 meninas. Quando o primeiro marido
morreu de febre amarela, anos depois, os dois se casaram.
Aos oito, adaptava obras de outros, dentre os quais, Joaquim Manuel de Macedo.
Trabalhou no comércio. Empregado da administração provincial, de onde foi
despedido, por satirizar figuras, autoridades do governo.
Primeiras peças lançadas no Teatro São Luís

1870 - "Amor por anexins"

1873 - Amanuense da Fazenda - Concurso público. Transferência para o Rio de


Janeiro. Ministério da Agricultura.
Lecionava Português no Colégio Pinheiro.
Fundou as publicações literárias "A gazetilha", "Vida moderna" e "O álbum"
Colaborador de A estação, junto com Machado de Assis e no jornal "Novidades",
com Alcindo Guanabara, Moreira Sampaio, Olavo Bilac, Coelho Neto.
Defensor da abolição da escravatura, em artigos e nas peças "O liberato" e "A família
Salazar" (com colaboração de Urbano Duarte), proibida pela Censura imperial,
publicada depois com o título "O escravocrata"
Mais de 4000 artigos sobre eventos artísticos, principalmente sobre Teatro.
Pseudônimos: Eloi o herói, Gavroche, Petrônio, Cosimo, Juvenal, Dorante, Frivolino,
Batista o trocista.

1879 - Dirige, junto com Lopes Cardoso, a Revista do Teatro.

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Trabalhou durante trinta anos pela construção do Teatro Municipal, que só foi
inaugurado em 1909

1889 - Publica Contos possíveis, dedicado a Machado de Assis, seu mais severo
critico, com quem trabalhou na Secretaria de Viação.

1894 - Contos fora de moda, Contos Cariocas e Vida Alheia.


Peças: mais de 100: A capital federal, O Mambembe, A almanarra, O bilontra.

1904 - “O MAMBEMBE” – Burleta em três atos e 12 quadros. Sua obra mais


conhecida. Estreia no Teatro Apolo e, em 1959, no Teatro Municipal, com montagem
do Teatro dos Sete, direção de Gianni Ratto, com Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi e
Sérgio Britto.

1908 – Construção do Teatro da Exposição – ocupado pela Companhia Dramática


Brasileira – produções nacionais

Inauguração do Teatro por sessões, por Cinira Polônio – concorrência com cinema.
Várias por dia.

1909 – Inauguração do Teatro Municipal – em 14 de julho. “Bonança”, de Coelho


Neto e a ópera lírica “moema”, de Delgado de Carvalho e ocupado pela Companhia
Dramática Francesa Réjane, depois a italiana Nina Sanzi. Em 1912 a companhia
nacional de Eduardo Vitorino, após fazer campanha na imprensa. Público decaiu.
1911- “Forrobodó” – burleta de Luiz Peixoto e Carlos bettencourt, música de
Chiquinha Gonzada. Mais de 1500 apresentações; Teatro São José.

1913 – Elite: peças estranjeiras, francesas e italianas; popular, circo e revistas;


portugueses, peças vindas de Portugal
Teatro musicado: monopolizado por duas empresas: José Loureiro (importava
companhias portuguesas, possuía os teatros Apolo e Recreio ) e Paschoal Segretto
(público nacional, teatros São José, Carlos Gomes e São Pedro).
Os outros teatros: Cine-Teatro Rio Branco (musicado), Chantecler (idem), Parque
Fluminense (teatro e cinema) Lírico (maior e melhor na acústica, arrendável), Fênix
(luxuoso) e Municipal.

1914 – Primeira Guerra – as companhias estrangeiras diminuem suas viagens. Os


teatros fecharam, com excessão do São José. Cia de paschoal Segretto.

O TRIANON

1915 – Inauguração Trianon – ponto, preço, produto, promoção e público.


Cristiano de Souza, ator e advogado português naturalizado brasileiro.
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“elegante teatrinho na Avenida Rio Branco”, bom teatro de declamação.
“magnífica, luxuosa e popular casa de diversões”
Gazeta – “o teatro mais chic do Rio”
Estreia: “Guilherme, o conquistador” (vaudeville francês) e “Apaches em casa”
(burleta nacional de Eustórgio Wanderley)
“Eu arranjo tudo” – Claudio de Souza 22/11 – estreia; sucesso de crítica; 25/11
Claudio publica carta a Cristiano elogiando a montagem; 28/11 – sai de cartaz.
Elite popular. Marqueting – anúncios em jornais, cartazes e apoio de críticos.
Peças ligeiras, finas, bem ensaiadas, elenco de alto nível, autores nacionais, ou
estrangeiros, bem traduzidas.
Av. Rio Branco – Av. Central. Intermediário entre o luxo do teatro Municipal e o
popular sem conteúdo dos teatros da Praça Tiradentes
Uma peça a cada semana, às segundas.

1916 - Teatro da Natureza – Campo de Santana, anfiteatro, 70 camarotes, 1000


lugares populares, mil cadeiras, 10000 em pé, Itália Fausta, “Orestes”, “Antígona”.
Companhias estranjeiras voltam a vir com frequência. Trupe Infantil de Teatro –
variedades, atiradores, etc.
Cia de Maria Falcão – portuguesa.- fracasso
Alexandre Azevedo – despejado
Cia Dramática de São Paulo – Gomes Cardim e Itália Fausta

1917 a 1919 – Cia. Leopoldo Fróes – estreia 3/2 – “O comissário de polícia” –


portuguesa, depois “Flores de Sombra”.
Peças francesas. Depois “Nossa terra”, de A.F Rosa; “Sol do sertão”, V. Correa
(fracasso). Em 1916 fizera sucesso em SP com “Flores de Sombra”, de Claudio de
Souza – 50 apresentações – Teatro Boa Vista, 159 sessões.

1920 – Cia Alexandre Azevedo: predomínio de peças nacionais

LEOPOLDO FRÓES – 1882/ Niteroi


Bacharel em Direito – o Doutor – ator vedete, improvisos, estrela, nao ensaiava,
boêmio. Chegou a trabalhar como delegado em cidade do interior do Rio e
mambembou em cias de teatro

1902 – pai arranja emprego de auxiliar diplomático na Inglaterra. Acabou chegando a


Portugal.

1908 - Vem ao Brasil com cia portuguesa, mas passa despercebido.


Em Lisboa é protejido da atriz espanhola Dolores Rentine, esposa de José Loureiro.

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1911 – Vem ao Brasil com nova cia, com Dolores, alguns morrem de febre amarela
nbo Norte e Nordeste. Cia e namoro terminam.

1912 – Volta a Portugal.

1914 – Conhece, no Brasil, Lucília Peres – portuguesa, cia Eduardo Vitorino – galã
numa comédia. Os dois fundam a sua companhia. Sucessos – mais de cem
apresentações: “Flores de Sombra” (Claudio de Souza) rompimento com Lucília; “O
simpático Jeremias” (Gastão Tojero), mais de cem mil espectadores; e “Longe dos
Olhos” (Abadie Faria Rosa)

Com a criação da SBAT, começam os problemas de direitos autorais.


Sua companhia realizou 2017 representações, lucro de 300 contos de reis, 90
montagens,

1918 – Surto de influenza. Fechamento dos teatros. Na reabertura, “O doutor... com


sorte”, com o ator Carlos Torres. Sucesso!!! Froes tira a peça de cartaz.
1919 (final) – Gastão Tojeiro

1920 – L Fróes faz sucesso no Teatro Lírico.

1921 – Froes no Fênix – Costinha contrarregra substituto. Depois volta Alexandre


Azevedo, e Oduvaldo Vianna, Viriato Correa, Abigail Maia, Procópio Ferreira, Jaime
Costa. Alterna com cinema

1939 – Criação do SNT – Estado Novo

REFERÊNCIAS:
CACCIAGLIA, Mario. Pequena história do teatro no Brasil.Ed. da Universidade de
São Paulo, 1986. Apresentação de Sabato Magaldi. Tradução de Carla de Queiroz
PRADO, Décio de Almeida. História concisa do teatro brasileiro: (1570/1908). Ed.
da Universidade de São Paulo, 1999.
CORREA, Rosita Silveirinha Paneiro Corrêa. O teatro colonial brasileiro; AREAS,
Vilma. Martins Pena: um crítico social; AGUIAR, Flávio. João Caetano: o mestre
aprendiz, in O teatro através da História - Teatro Brasileiro. Vol.2, Coordenação
Profa. Tânia Brandão. Ed. Centro Cultural Banco do Brasil.1994.
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. 1996. Tradução sob direção de J.Ginsburg, de
Maria Lúcia Ferreira. Perspectiva. São Paulo. 1999.
FO, Dario. Manual mínimo do ator; Franca Rame (organização); Lucas Baldovino,
Carlos David Szlak (tradução); 2a ed. - São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 1999.
ARÊAS, Vilma. Martins Pena: Comédias. Ed. Martins Fontes, São Paulo. 2007-
Coleção Dramaturgos do Brasil.

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MAGALDI, Sábato. Panorama do Teatro Brasileiro. Coleção Ensaios, Vol. 4. DAC -
FUNARTE -Rio de Janeiro. Seg. Edição. Primeira em 1962.
www.pequenogesto.com.br seção Folhetim
www.ceart.udesc.br/ppgt/urdimento

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