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DISCIPLINA DE FILOSOFIA
10 º ANO Abril/2014
A FILOSOFIA POLÍTICA DE RAWLS
A teoria da justiça de Rawls é interessante por várias razões sendo uma delas
captar algumas de nossas intuições morais básicas acerca da justiça. Trata-se de uma
teoria influente e precisamente por isso foi imensamente discutida, sendo alvo de
várias objeções. Uma das objeções, apresentada por Dworkin, é que a sua teoria não
corresponde às nossas intuições acerca da justiça, pois implica que certas escolhas
devem injustamente subsidiar outras.
Exemplo:
Imagine dois professores de filosofia que dão aulas na mesma escola. Ambos
também têm os mesmos recursos financeiros, talentos naturais e antecedentes sociais.
Um dos professores é, no seu tempo livre, um boémio que esbanja o seu dinheiro em
discotecas caras. Como ele também tem uma família para sustentar, muitas vezes fica
sem dinheiro para pagar as contas. Nessas situações de apuros financeiros ele recorre
ao apoio social do Estado.
O outro professor, por sua vez, dedicou-se no seu tempo livre a estudar mais
filosofia. Com muito esforço e dedicação ele passa até mesmo a fazer palestras para
complementar o seu vencimento, ganhando duas vezes mais do que antes. De acordo
com o princípio da diferença as desigualdades de rendimento só são permitidas se
beneficiam os menos favorecidos. Isso implica em dizer que nesse caso o professor
boémio deve ser beneficiado pelo professor dedicado, mas esta consequência é
inaceitável, pois vai contra as nossas intuições morais e fundamentais de justiça.
Pensamos que é justo compensar os custos que não são escolhidos como as
doenças e deficiências de algumas pessoas, mas é injusto compensar os custos
escolhidos pelas pessoas. A teoria de Rawls diz-nos que o professor dedicado deve
sustentar não apenas as suas próprias escolhas, mas também as escolhas do professor
esbanjador, por meio dos impostos. Essa consequência inaceitável ocorre porque o
princípio da diferença proposto por Rawls não faz distinção entre custos escolhidos e
não escolhidos. Cada pessoa pode ter o estilo de vida que preferir e por isso temos a
intuição de que é legítimo que cada um deva ser responsável pelo custo das suas
escolhas, mas a teoria de Rawls não apreende essa intuição fundamental.
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A maior parte dos filósofos políticos importantes, como Robert Nozick e Michael
Walzer, vão tentar responder a estas questões.
John Rawls, tem uma clara visão otimista dos homens, confiando nas suas capacidades
racionais para resolver estes dilemas. Ele acredita que a solução está na criação de uma
Sociedade Justa, que promova a Justiça Social.
Há um ponto que nenhuma sociedade justa pode abdicar: o respeito pelos Direitos e
as Liberdades que gozam os cidadãos. Estes direitos são invioláveis e não podem ser
instrumentalizáveis sob nenhum pretexto, ao contrário do que admitiam os utilitaristas.
A Justiça deve ser a regra de qualquer sociedade humana bem ordenada, o que implica
uma distribuição equitativa dos direitos e dos deveres entre os cidadãos de modo a gerar a
máxima cooperação entre eles e uma correta distribuição dos benefícios alcançados.
A sua filosofia política assenta numa conceção universalista da Justiça (deontológica),
seguindo um modelo inspirado em I. Kant. John Rawls estabelece os princípios de uma
sociedade justa, tendo por base uma situação inicial hipotética. Ele irá mostrar que todo o
homem razoável, colocado nesta situação imaginária, apenas pode desejar pertencer a um
sistema social o mais equitativo possível.
A) Situação Original.
- Nome que designa a situação imaginada por John Rawls, onde os indivíduos
estabelecem um contrato social sob certas condições. Trata-se uma situação idêntica ao
estado natureza ou estado natural imaginado por John Locke, no qual os indivíduos
estabeleceram o Contrato Social que passou a reger as suas relações sociais. Para que as
decisões, tomadas nesta situação original, sejam inteiramente justas é necessário respeitar as
seguintes regras:
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máxima liberdade individual com a igualdade de direitos para todos. Os princípios que forem
estabelecidos deverão atender apenas ao interesse geral.
Maximini designa o critério que deverá ser seguido na escolha dos princípios da justiça:
maximizar todas as oportunidades e calcular o risco previsível para as diferentes opções. De
acordo com este princípio é sempre preferível escolher a opção mais segura que implica o
menor risco para todos.
Rawls defende, assim, que todos os indivíduos que abordem a questão da justiça da
forma anteriormente descrita, só podem chegar aos princípios que a seguir enunciaremos.
2. Princípio da Diferença.
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aos mais desfavorecidos as condições para melhorarem as suas condições de vida. Uma
sociedade justa, baseada nestes princípios aceita a desigualdade entre os indivíduos, mas
garante a todos eles as mesmas oportunidades básicas.
C) Estado e Cidadãos.
- Rawls admite a legitimidade de ações militares contra Estados opressores que violem
os direitos dos seus cidadãos. A filosofia política de John Rawls tem para muitos dos seus
críticos apenas um objetivo: contribuir para atenuar as desigualdades das sociedades
capitalistas propondo formas mais equitativas de distribuição da riqueza, numa perspetiva
muito próxima da social-democracia europeia.