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Aluno: Jesuel Arruda CP3002217 26/02/2019

TEORIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS – PROF. JOSÉ FERRAZ NETO


RESENHA: HOMO SACER

AGAMBEN G. Homo sacer. In: Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2002, ps. 79-121.

I. Biografia
Giorgio Agamben é filósofo e advogado, italiano, contemporâneo, nascido em Roma no
ano de 1942. Foi professor de Filosofia lecionou em diversas instituições, dentre elas, a
Universidade de Rennes, Macerata e Verona. Foi aluno de Martin Heidegger. No
Direito, defendeu uma tese sobre o pensamento político de Simone Wel em 1965. É
autor de diversos livros que transcorrem da estética à política. Dentre suas obras mais
conhecidas consta Homo Sacer, onde investiga conceitos de estado de exceção, do
poder soberano e da sacralidade.

II. Homo Sacer


O autor inicia o capítulo 1 da parte 2 de seu livro Homo Sacer: o poder soberano e a
vida nua I, fazendo referência a Festo, que em seu tratado sobre o significado das
palavras, apresenta o verbete “sacer mons”. A descrição, em latim, aponta para uma
pessoa revestida de sacralidade, que não poderia, de acordo com direito humano em
consonância com o direito divino, ser sacrificado mediante um rito religioso, porém, ao
mesmo tempo estava sujeito a tirar-lhe a vida sem que fosse imputado ao agressor, as
sanções da lei, ou seja, sua morte seria legítima, pois, sendo sagrado pertencia aos
deuses e deveria ser enviado o quanto antes, sem que o assassino sofresse qualquer
responsabilidade.
Agamben apresenta, neste primeiro capítulo vários entendimentos que analisam o
ordenamento social e jurídico romano e que buscam compreender o que levaria à
legitimidade desta prática de se expor a qualquer um o direito de tirar a vida de um
sagrado sem que se tornasse impuro e assassino.
No capítulo seguinte, Agamben trata da ambivalência do sagrado, que possui ao mesmo
tempo, caráter “fasto” (fausto, feliz, próspero) e “nefasto” (de mau agouro, funesto). O
autor ainda relaciona o sagrado ao profano, conceitua o que sejam os termos “tabu” e
“bando”.
Em seguida, Agamben discorre sobre o que seja a vida sacra, e afirma que “o homo
sacer pertence ao Deus na forma da insacrificabilidade e é incluído na comunidade na
forma da matabilidade. A vida insacrificável e, todavia, matável, é a vida sacra”
(AGAMBEN, p. 90).
No capítulo seguinte, o autor transcorre do poder soberano, citando Michel Foucault
que em A vontade de saber trata sobre o direito de vida e o direito de morte, que os
poderes soberanos reivindicam para si, em analogia ao poder pátrio de dar e tirar a vida
dos filhos, sobretudo no estado de exceção.

III- Conclusão
O texto de Agamben se apesenta bastante denso; é uma leitura não muito fácil, visto que
traz muitos conceitos não somente filosóficos, mas históricos, bíblico-teológicos,
jurídicos e da sociologia de povos de temporalidade remota, entretanto é uma leitura
interessante, por tratar de temas e problemas muito atuais.
Um exemplo é o conceito de estado de exceção, muito comum nos dias atuais,
sobretudo nas democracias mais fragilizadas, onde a institucionalidade e o direito são
flutuantes e variam de acordo com o poder de organização das classes sociais e da
correlação de forças ente o poder dominante e a grande maioria de dominado na
sociedade. Por conta desta característica sua leitura torna-se indispensável.
Muito importante que esta leitura seja lenta e reflexiva, permeada de um estudo
minucioso e da relação crítica com a conjuntura político-social do Brasil que por hora
estamos vivenciando.

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