5 Primeira Lei Da Termodinamica PDF

Você também pode gostar

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 25

5.

Primeira Lei da Termodinâmica

5.1 A Primeira Lei para Mudança de Estado de um Sistema

A Primeira Lei da Termodinâmica é uma lei, derivada da evidência experimental, que


expressa a conservação da energia.
Trabalho e calor somente aparecem como fenômenos de fronteira, como fluxo, de forma
que é impróprio dizer-se que um sistema “possui” trabalho ou calor.
Um sistema, porém, pode possuir energia numa multiplicidade de formas: energia cinética e
potencial em relação a um sistema de coordenadas; energia associada com o movimento e posição
das moléculas; energia associada com a estrutura do átomo; energia química, energia elétrica
potencial, etc.
No estudo da Termodinâmica é conveniente considerar-se separadamente as energias
cinética e potencial e admitir que as outras formas de energia do sistema sejam representadas por
uma única propriedade, denominada energia interna. Assim:

E = U+Ec+Ep, (5.1)

sendo: E, a soma das energias que o sistema possui, U, a energia interna, Ec, a energia cinética e Ep,
a energia potencial.
Como a evidência experimental nos diz que a energia se conserva, ou seja,

VARIAÇÃO DA ENERGIA DE UM SISTEMA = FLUXO LÍQUIDO DE ENERGIA (O


QUE SAI MENOS O QUE ENTRA),

podemos escrever:

∆E = ∆U +
(
m Vel 22 − Vel12)+ mg(z 2 − z1 ) = Q − W . (5.2.a)
2

O sinal negativo em frente ao símbolo que designa trabalho W, deve-se à convenção de


sinais, já vista.
Usualmente, a equação (5.2.a) aparece como:

Q = W + ∆E , (5.2.b)

ou, se dividirmos todos os termos pela massa do sistema, como:


q = w + ∆ e . (5.3)

Na forma diferencial a Primeira Lei da Termodinâmica é representada pelas equações:

δQ = δW + dE (5.4)
e
δq = δw + de . (5.5)

A variação da energia de um sistema depende somente dos estados inicial e final, sendo,
portanto uma função de ponto. A diferencial é uma diferencial exata:

dE = dU +dEc + dEp. (5.6)

Em certas situações pode ser conveniente escrever a equação da Primeira Lei da


Termodinâmica para sistemas em termos de quantidades dependentes do tempo. Assim,

& = dE + W
Q & . (5.7)
dt

A equação (5.7) estabelece que a taxa de variação da energia que um sistema possui, com o
tempo, é igual à diferença entre os fluxos de energia para dentro e para fora do sistema, sob forma
de calor e trabalho.

Exercícios:

1) O estado de um gás que se encontra sob o êmbolo em um cilindro está determinado pelo
ponto 1 na figura abaixo. O gás passa ao estado 2 uma vez pelo processo quase-estático 1a2
e outra vez pelo processo quase-estático 1b2. Determinar se diferirão nesses processos as
quantidades de calor trocadas e, se diferirem, em quanto. As pressões nos pontos 1 e 2 são,
respectivamente, iguais a 0,1 e 0,5 MPa. A variação do volume é V2 - V1 = 0,5 m3. R.: Q1a2 –
Q1b2 = 200 kJ.

Exercícios para Casa (Primeira Lei da Termodinâmica)

27
1) A taxa de transferência de calor ao meio de uma pessoa em repouso é cerca de 400 kJ/h.
Seja admitido que falhe o sistema de ventilação de um auditório que contém 100 pessoas. a)
Qual o aumento da energia interna do ar no auditório durante os primeiros 10 minutos após
a falha do sistema de ventilação? b) Considerando o auditório e todas as pessoas contidas
como o sistema, qual a variação da energia interna do sistema?
2) Uma bomba calorimétrica (recipiente rígido fechado) deve ser usada para medir a energia
liberada numa determinada reação química. Esse calorímetro contém inicialmente as
substâncias químicas apropriadas e está colocado em um grande tanque com água. Quando
as substâncias reagem, calor é transferido da bomba para a água, causando o aumento da sua
temperatura. A potência de acionamento de um agitador para fazer circular a água é de 0,05
kW. No período de 25 minutos, a transferência de calor da bomba para a água é de 1400 kJ e
da água do tanque para o meio ambiente é de 70 kJ. Admitindo que não há evaporação da
água, qual é o aumento da energia interna da água durante esse período de tempo? R.: 1405 kJ
3) Um gás, cujo estado é definido em um diagrama p vs. V (figura abaixo) pelo ponto 1, passa
ao estado 2 seguindo o caminho 1c2. Ao ocorrer tal processo são fornecidos 80 kJ de calor
ao gás e se obtém do mesmo 30 kJ de trabalho. Depois, este mesmo gás retorna ao estado
inicial em um processo definido pela curva 2a1. Que quantidade de calor deverá ser
fornecida ao gás em outro processo 1d2, para se obter do mesmo 10 kJ de trabalho? Que
quantidade de calor deve ser fornecida ou retirada no processo 2a1, se forem gastos no
mesmo 50 kJ de trabalho de compressão? R.: 60 kJ; -100 kJ

5.2 A Primeira Lei da Termodinâmica para um Sistema Percorrendo um Ciclo


Termodinâmico

Um ciclo termodinâmico pode ser encarado como uma sucessão de processos


termodinâmicos, no final dos quais o estado termodinâmico final é idêntico ao inicial. Integrando a
equação (5.4) ao longo de todo o ciclo, obtém-se as quantidades: calor total trocado, trabalho total
realizado e variação total da energia do sistema ao longo do ciclo. Matematicamente, tal somatório é
efetuado pelo operador ∫ . Assim,

∫ δQ = ∫ δW + ∫ dE . (5.8)

Como, no final de um ciclo, os valores das propriedades termodinâmicas (p, T, v, V, etc.) do


sistema são os mesmos do início do ciclo, significa que, somando todas as variações de energia que o
sistema sofreu ao longo dos processos, o resultado será nulo. Portanto:

28
∫ dE = 0 . (5.9)

Então, para um sistema sofrendo um ciclo termodinâmico:

∫ δQ = ∫ δW . (5.10)

A equação (5.10) é conhecida como a equação da Primeira Lei para ciclos


termodinâmicos.

5.3 A Propriedade Termodinâmica Entalpia

Uma combinação de propriedades termodinâmicas também é uma propriedade


termodinâmica. Por exemplo: A = B× C + D× E, se B, C, D, e E são propriedades termodinâmicas,
A também o será1, ou, se B, C, D, e E são funções de ponto, A também o será.
Considere um sistema constituído por um gás sofrendo uma expansão isobárica (a pressão
constante) quase-estática. Se não houver variações nas energias cinética e potencial do sistema, a
Primeira Lei da Termodinâmica, entre os estados inicial e final, será escrita como:

2 2 2
Q 1 = ∆U 1 + W 1 .

Como o processo é quase-estático à pressão constante, o trabalho total pode ser calculado
por:

2 2
W 1 = ∫ pdV = p ∫ dV = p 2 V2 − p1 V1 .
2
1 1

Com isso, a equação da Primeira Lei pode ser reescrita como:

Q 1 = (U 2 + p 2 V2 ) − (U 1 + p1 V1 ) .
2

Definindo entalpia como:

H = U + pV, (5.11)

1
Contanto que as combinações das propriedades resultem em quantidades com as mesmas unidades que a fictícia
propriedade “A”.

29
Obtemos:
2
Q 1 = H 2 − H 1 . (5.12)

A equação (5.12) nos diz que o calor total trocado por um sistema simples compressível,
sofrendo um processo isobárico quase-estático, sem variações nas energias cinética e potencial, é
igual à variação da sua entalpia total.
Considerando o resultado expresso na equação (5.12), podemos considerar a entalpia como
sendo nada mais que uma combinação conveniente de propriedades termodinâmicas.
Dividindo-se a equação (5.11) pela massa do sistema, obtém-se a entalpia específica do
sistema:

h = u + pv . (5.13)

A energia interna e a entalpia específicas de uma mistura saturada podem ser calculadas da
mesma maneira que o volume específico, ou seja:

u = u v x + u L (1 − x ) (5.14)
e
h = h v x + h L (1 − x ) . (5.15)

Nas tabelas termodinâmicas que não dispõem de valores para energia interna, a mesma pode
ser obtida a partir da entalpia:

u = h - pv.

Exercícios

1) Determine a entalpia da água nos seguintes estados termodinâmicos:


a) p = 0,60 MPa, x = 0,9 R.: 2548,174 kJ/kg
b) p = 0,60 MPa, T = 160°C R.: 2759,4 kJ/kg
2) Determine, para a água, a temperatura, se a substância for um vapor superaquecido, ou o título se
for uma mistura saturada: p = 0,50 MPa, h = 3000 kJ/kg. R.: 268,98 ºC
3) Determine o valor da energia interna específica do R-12 a T = 0°C e x = 0,5. R.: 103,134 kJ/kg
4) Considere um ciclo, constituído por quatro processos quase-estáticos, percorrido por 1 kg de
vapor d’água. Os estados termodinâmicos são caracterizados pelas seguintes propriedades: T1 =
150ºC, p1 = 100 kPa; v2 = v1, p2 = 200 kPa; p3 = p2, T3 = 700ºC; v4 = v3, p4 = p1. Determine o
calor total trocado, o trabalho total realizado e a variação da energia interna no ciclo. R.: 30,8 kJ

30
5.4 Calores Específicos a Volume e Pressão Constantes

De modo semelhante à entalpia, duas outras propriedades termodinâmicas, também


resultantes da combinação de propriedades, podem ser definidas. São elas o calor específico à
pressão constante (cP) e o calor específico a volume constante (cV).
O calor específico a volume constante é definido como:

 ∂u 
c v =   . (5.16)
 ∂T  v

Lê-se: calor específico a volume constante é igual à taxa de variação da energia interna
específica com relação à temperatura, a volume constante.
De modo semelhante define-se o calor específico à pressão constante:

 ∂h 
c p =   . (5.17)
 ∂T  p

Lê-se: calor específico à pressão constante é igual à taxa de variação da entalpia específica
com relação à temperatura, à pressão constante.
Para quaisquer substâncias sofrendo processos quaisquer, pode-se definir os calores
específicos a pressão e a volume constante. Na maior parte das situações, não existe um significado
físico diretamente associado às definições. Nesses casos considere apenas o calor específico como
sendo a taxa de variação de uma variável dependente (h ou u) com relação a uma variável
independente (T), quando uma terceira variável (p ou v) permanece constante.
Entretanto, em dois casos bastante específicos, cP e cV possuem um significado físico bem
claro, consistente com a definição de calor específico dado em cursos elementares de Física. Em tais
cursos define-se calor específico como uma propriedade que relaciona o calor adicionado a
(ou retirado de) uma unidade de massa de uma dada substância, com a variação da
temperatura da mesma.
Duas substâncias diferentes, de massas e temperaturas iniciais idênticas, recebendo a mesma
quantidade de calor, terão variações em sua temperatura diferentes. Isso se deve a terem calores
específicos diferentes.

Q ~ m.c.∆T
ou
Q
q= ~ c.∆T
m
ou

31
q
c~ .
∆T

Seja a equação da 1ª Lei da Termodinâmica para um sistema compressível simples,


sofrendo um processo quase-estático, sem variações das energias cinética e potencial:

δQ = dU + pdV . (5.18)

Se o processo ocorrer a volume constante, o termo pdV será nulo. Portanto:

1  δQ  1  dU + pdV  du
cv =   ≅  ≅ .
m  dT  V m  dT  dT

Se o processo ocorrer à pressão constante:

1  δQ  1  dH  dh
cp =   ≅  ≅ .
m  dT  p m  dT  dT

Vê-se claramente nos dois casos acima que a definição expressa nas equações (5.16) e (5.17),
coincide com o significado físico acima referido. Apenas, por generalidade, deve-se substituir as
derivadas totais pelas parciais, uma vez que as propriedades entalpia e energia interna podem não ser
funções exclusivas da temperatura.

5.5 Calores Específicos para as Fases Sólida e Líquida

Nas fases líquida e sólida, as substâncias são praticamente incompressíveis, ou seja, grandes
incrementos na pressão resultam em variações desprezíveis no volume.
Escrevendo a equação (5.13) na sua forma diferencial,

dh = du + d(pv) , (5.19.a)
ou

dh = du + pdv + vdp (5.19.b)

e considerando que, para substâncias incompressíveis, o termo pdV é nulo, resulta a seguinte
equação:

32
dh = du + vdp . (5.20)

Se o volume específico for muito pequeno (como de fato é para as fases citadas), o termo
v.dp poderá ser considerado desprezível. Assim, lembrando das equações (5.16) e (5.17), estabelece-
se a seguinte relação:

dh ≅ du ≅ cdT , (5.21)

onde “c” é o calor específico a volume ou pressão constante, pois os valores de ambos serão muito
próximos.
Em muitas situações envolvendo sólidos e líquidos, a não ser que o processo seja a baixa
temperatura ou através de um grande intervalo de temperaturas, podemos admitir que o calor
específico é constante (ver tabelas A.3 e A.4). Nesse caso, integrando a equação (5.21), obtém-se:

h 2 − h 1 ≅ u 2 − u 1 ≅ c (T2 − T1 ) . (5.22.a)

Se houver mudança de fase, um termo de calor latente de solidificação/fusão deve ser


adicionado à equação acima:

h 2 − h 1 ≅ u 2 − u 1 ≅ c (T2 − T1 ) + λ . (5.22.b)

Exercícios:

1) Que velocidade deve ter uma bala de chumbo para que, ao se chocar com uma parede de
aço, se funda totalmente? Suponha que ao se chocar com a parede a temperatura da bala seja
27 oC. A temperatura de fusão do chumbo é 327 oC, o calor latente de fusão 20,934 kJ/kg e
o calor específico 0,1256 kJ/kg.oC. R.: v = 342 m/s
2) Quantos quilogramas de chumbo podem aquecer-se desde a temperatura de 15 oC até sua
temperatura de fusão (327oC) devido ao golpe de um bate-estacas de 200 kg caindo de uma
altura de 2 m? Considere que toda a energia do bate-estacas é transferida ao chumbo. O
calor específico do chumbo pode ser considerado igual a 0,1256 kJ/ kg.oC. R.: m = 0,100 kg

5.6 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos de Gases Perfeitos

Pode-se mostrar que, para um gás que se comporta como um gás perfeito, a sua energia
interna depende unicamente da temperatura2:

2
Em 1843, Joule demonstrou esse fato, ao realizar a seguinte experiência. Dois recipientes ligados entre si por um
tubo contendo uma válvula, foram imersos em um banho de água e deixados em repouso até atingir o equilíbrio
térmico. Um dos recipientes apresentava-se em alto vácuo e o outro continha ar a 22 bar. Foram colocados ambos

33
u = u (T). (5.23)

Como cv torna-se, para os gases perfeitos, função exclusiva da temperatura, pode ser escrito
eliminando-se a derivada parcial:

 ∂u  du
c v =   ⇒ c v0 = , (5.24)
 ∂T  v dT

sendo c v 0 o calor específico a volume constante de um gás perfeito. Com a eliminação da derivada
parcial, a segunda equação que aparece em (5.24) pode ser reescrita como:

du = c v 0 dT . (5.25)

A entalpia específica do gás perfeito também será função exclusiva da temperatura, pois, para
um gás perfeito, pv = RT e u = u(T). Então:

h = u + pv ⇒ h = u(T) + RT . (5.26)

Portanto:

h = h(T). (5.27)

Por ser função exclusiva da temperatura, cp pode ser redefinido como:

 ∂h  dh
c p =   ⇒ c p0 = , (5.28)
 ∂T  p dT

sendo c p 0 o calor específico a pressão constante do gás perfeito. A variação da entalpia de um gás
perfeito pode, ainda, ser escrita como:

em contato pela abertura da válvula, até ser atingido o equilíbrio de pressões. Apesar desse processo, não foi
registrada qualquer variação da temperatura da água, denotando inexistência de transferência de calor dos vasos para
a água. Como tampouco existe trabalho no processo, nem variações das energias cinética e potencial, da equação da
Primeira Lei da Termodinâmica, conclui-se que não existe variação na energia interna do gás. Embora a pressão e o
volume do sistema (gás) em estudo tenham variado, não houve alteração na sua energia interna, podendo-se concluir
que a energia interna do gás (perfeito) não depende (não é função) dessas duas propriedades. (Medições mais
acuradas realizadas no experimento revelaram uma pequena variação da temperatura da água. Isso é devido ao ar,
nas condições do experimento, não se comportar exatamente como um gás perfeito).

34
dh = c p0 dT . (5.29)

Como a energia interna e a entalpia de um gás perfeito dependem somente da temperatura,


resulta:

c v 0 = c v0 (T ) (5.30)
e
c p0 = c p 0 (T ) . (5.31)

Os calores específicos a volume e pressão constante dos gases perfeitos têm padrões de
variação com a temperatura que dependem do número de átomos que constituem as suas moléculas.
Qualitativamente, tal comportamento pode ser assim resumido:

• Gases monoatômicos (Ar, Ne, Xe, He, etc.): calores específicos praticamente não variam com a
temperatura;
• Gases diatômicos (H2, N2, O2, etc.): calores específicos aumentam com o aumento da
temperatura;
• Gases poliatômicos (CO2, H20 (vapor superaquecido), etc.): calores específicos aumentam muito
com o aumento da temperatura.

Uma relação importante entre os calores específicos à pressão e volume constante e a constante
do gás perfeito pode ser deduzida, seguindo os passos abaixo:

h = u + RT ⇒ dh = du + RdT ⇒ c p0 dT = c v0 dT + RdT .

Então:

c p0 = c v0 + R . (5.32)

Existem três maneiras de se determinar a variação da entalpia de um gás perfeito, utilizando-se


c p0 . (O mesmo raciocínio pode ser aplicado para o cálculo da variação da energia interna
utilizando-se c v 0 ). Tais métodos são resumidos abaixo:

1) Considerar c p0 constante: é uma aproximação razoável se o calor específico não variar


significativamente com a temperatura, na faixa de temperaturas em consideração. Na tabela A5
de Van Wilen et al. são apresentados valores dos calores específicos de vários gases na
temperatura de 25 ºC.

35
dh = ∫ c p0 dT ⇒ h 2 − h 1 = c p 0 (T2 − T1 ) . (5.33)
2 2

1 1

De forma similar, para a variação da energia interna:

du = ∫ c v 0 dT ⇒ u 2 − u 1 = c v0 (T2 − T1 ) . (5.34)
2 2

1 1

2) Usar equações empíricas para os calores específicos em função da temperatura. Na tabela A.6,
calores específicos de vários gases são apresentados como polinômios em função da
temperatura, cujas constantes são determinadas empiricamente. O uso de tais equações, na faixa
de temperaturas recomendada produz resultados com muito boa precisão.


1
2 2

1
2

1
2

1
( )
dh = ∫ c p 0 (T )dT ⇒ h 2 − h 1 = ∫ c p 0 (T )dT = ∫ A + B.T b + C.T c + ... dT . (5.35)

Para a variação da energia interna pode-se utilizar a equação (5.32), juntamente com a tabela A6:

∫1
2

1
2

1
( )
du = ∫ c v 0 (T )dT ⇒ u 2 − u 1 = ∫ c p 0 (T ) − R dT . (5.36)
2

3) Usar os valores tabelados (tabelas A.8) para a função:

T
h T = ∫ c p 0 dT , (5.37)
T0

sendo T0 uma temperatura de referência. Os valores hT são obtidos usando métodos da


Termodinâmica Estatística, propiciando resultados com uma precisão excelente. A variação da
entalpia é obtida do modo abaixo:

T2 T1
h 2 − h 1 = ∫ c p0 dT − ∫ c p 0 dT = h T2 − h T1 . (5.38)
T0 T0

Exercícios:

1) Calcular a variação da entalpia específica do N2, entre as temperaturas de 300 e 1800K,


usando os seguintes métodos:
a) Calor específico constante, valor dado pela tabela A.5; R.: 1562,4 kJ/kg
b) Calor específico variável, integrando a equação da tabela A.6; R.: 1746,2 kJ/kg
c) Calor específico variável, obtido das tabelas de gases perfeitos, tabelas A.8. R.: 1746,5 kJ/kg

36
2) Repetir o exercício anterior para a faixa entre 300 K e 400 K. Verificar se a diferença percentual
entre os valores obtidos pelos três métodos de cálculo se mantém.

3) Num sistema constituído de 0,5 kg de ar realiza-se uma expansão isobárica quase-estática, que se
processa até que o volume final seja o dobro do inicial. No início da transformação o ar está a
27 °C e 0,1 MPa Determinar:
a) a temperatura e o volume do ar no final da transformação; R.: 600 K, 0,86142 m3
b) o trabalho realizado durante a transformação; R.: 43,07 kJ
c) a quantidade de calor trocada pelo sistema; R.: 150,48 kJ
d) a variação da energia interna do sistema. R.: 107,41 kJ
Considere que a constante do gás do ar seja R = 287,14 J/(kg-K) e o calor específico à pressão
constante do ar passa ser considerada igual a 1,0032 kJ/(kg-K).

4) Determinada massa de ar seco, ocupando um volume de 340 litros a uma pressão de 100 kPa, é
comprimida isotermicamente num processo quase-estático, até atingir a pressão de 600 kPa.
Determinar:
a) a variação da energia interna do gás; R.: 0 kJ
b) o trabalho de compressão; R.: -60,92 kJ
c) o calor trocado durante o processo. R.: -60,92 kJ
Admitir que o modelo do gás perfeito é adequado para transformação.

Exercícios para casa (Calores Específicos, Energia Interna e Entalpia)

1) Uma hélice acionada por um motor de 1 HP é colocada em um tanque de água, como mostra a
figura. O tanque contém 20 kg de água a 20°C na pressão de 0,1 MPa e a hélice atua durante 1h.
Considerando que o volume seja perfeitamente isolado e que não se verifique mudança de fase
no sistema, determinar a variação da energia interna da água e sua temperatura final. Admitir
que o calor específico da água é igual a 4,18 kJ/(kg-K). R.: U2 – U1 =2684,5 kJ; T2 ≅ 52ºC

2) Um quilograma de dióxido de carbono é aquecido de 300 a 2200 K. Calcular a variação da


entalpia pelos seguintes métodos:
a) Calor específico constante, valor dado pela tabela A.5.
c) Calor específico variável, integrando a equação da tabela A.6.
d) Calor específico variável, obtido das tabelas de gases perfeitos, tabela A.8.

37
3) Um tanque rígido de 250 litros contém gás metano (CH4) a 500 ºC e 600 kPa. O tanque é
resfriado até 30 ºC. Use a tabela A.6 lembrando que cp0= cv0+ R e que du = cv0 dT, para
responder às questões abaixo.
a) Calcular a pressão final e o calor trocado no processo. R.: 235 kPa
b) Qual é o erro percentual do calor trocado, se for admitido um valor constante do calor específico,
determinado à temperatura ambiente (tabela A5)?
4) Um cilindro provido de êmbolo contém gás propano (C3H8) a 100 kPa e 300 K; neste ponto o
volume é de 200 litros. O gás é então lentamente comprimido segundo a relação politrópica
PV1,1 = cte., até que atinja a temperatura final de 340 K. Considere cv0 = 1,4909 kJ/(kg-K).
a) Qual a pressão final? R.: 396 kPa
b) Qual é o trabalho realizado durante o processo? R.: -26,7 kJ
c) Qual o calor trocado? R.: -5,6 kJ

5.7 Relações entre Propriedades Termodinâmicas para Gases Perfeitos


Sofrendo uma Transformação Adiabática

Uma transformação termodinâmica adiabática é uma transformação que ocorre sem que
haja troca de calor.
Seja um sistema simples compressível, comportando-se como gás perfeito e sofrendo uma
transformação adiabática quase-estática, sem variações nas energias cinética e potencial. A equação
da Primeira Lei para a situação acima pode ser escrita como:

δq = c v0 dT + pdv = 0 . (5.39)

Chamando de k ao quociente

c p0
k= (5.40)
c v0

e lembrando da equação (5.32), obtemos:

R
c v0 = . (5.41)
k −1

Substituindo a equação (5.41) na equação (5.39), obtém-se:

R
dT + pdv = 0 . (5.42)
k −1

38
Para gases perfeitos d(pv ) = RdT . Introduzindo essa relação na equação (5.42),
reordenando os termos e manipulando algebricamente, a equação diferencial abaixo é obtida:

dp dv
+k = 0 . (5.43)
p v

A equação diferencial acima é facilmente resolvida integrando-se termo a termo, de forma


que:

pv k = constante1 . (5.44.a)

Como v = V/m, a equação acima pode ainda ser escrita como

pV k = constante 2 . (5.44.b)

A equação (5.44.a) é a equação que representa, num gráfico p vs. v, um processo quase-
estático adiabático sofrido por um gás perfeito. Escrevendo essa equação para os estados inicial e
final da transformação e empregando a equação dos gases perfeitos, as seguintes relações entre
temperatura, pressão e volume (ou volume específico) nos estados inicial e final da transformação
são obtidas:

k −1
1− k
T2  p 2  k v 
=  =  2  . (5.45)
T1  p1   v1 

A teoria cinética dos gases estipula os seguintes valores para a constante adiabática k,
aproximadamente seguida pelos gases (ver tabela A5):
• monoatômicos: k ≅ 1,67;
• diatômicos: k ≅ 1,40;
• poliatômicos: k ≅ 1,33.

Exercício:

1) Um grama de N2 sofre a seguinte seqüência de processos quase-estáticos, em um conjunto


pistão-cilindro:
a) uma expansão adiabática na qual o volume duplica;
b) uma transformação isobárica na qual o volume é reduzido ao volume inicial;
c) um processo isovolumético até o estado inicial.

39
O N2 está inicialmente a 150 ºC e 507 kPa e pode ser considerado um gás perfeito com
calores específicos a volume e a pressão constantes, respectivamente iguais a 741,1 J/(kg-K) e
1038,3 J/(kg-K). A massa molecular do gás nitrogênio pode ser considerada igual a 28 kg/kmol.
Pede-se esboçar o diagrama pressão vs. volume (específico) e calcular o trabalho e o calor no
ciclo. R.: 28,5 J

5.8 Transformações Termodinâmicas Politrópicas para Gases Perfeitos

Uma transformação termodinâmica politrópica caracteriza-se por obedecer à seguinte


equação:

pVn = constante, (4.2)

sendo n uma constante que, teoricamente, pode assumir qualquer valor entre - ∞ e + ∞.
Conforme o valor que o expoente n assumir, a transformação politrópica coincidirá com
algum dos seguintes casos particulares:

1) Processo isovolumétrico: V = constante


1
[ ] = [C ]
1 1
pV n = C1 ⇒ pV n n
1
n ⇒ p n V = C2
Se n → ±∞ ⇒ V = constante;

2) Processo isobárico:
pVn = constante. Se n = 0 ⇒ p = constante;

3) Processo isotérmico:
pV = mRT = constante. Para n = 1, T= constante;

4) Processo adiabático:
pV k = constante. Se n = k ⇒ Q=0, sendo k definido pela equação (5.40).

À semelhança das relações obtidas para as transformações adiabáticas, pode-se demonstrar


que, para transformações politrópicas quaisquer, envolvendo gases perfeitos:

n −1
1− n
T2  v 2  p  n
=  =  2  . (5.46)
T1  v1   p1 

40
5.9 A Primeira Lei da Termodinâmica para um Volume de Controle

5.9.1 A conservação da massa e o volume de controle

Para um volume de controle qualquer, a lei da conservação da massa é expressa pela equação
abaixo:

dm vc
+ ∑m
& s − ∑m
& e = 0 , (5.47)
dt

sendo:
dm vc
: a taxa de variação instantânea da massa no interior do volume de controle, com o
dt
tempo;
m
& e a taxa de ingresso de massa instantânea no volume de controle ou vazão mássica de
entrada;
m
& s a taxa de massa que abandona o volume de controle, ou vazão mássica de saída.

A equação (5.47) estabelece um balanço de massa para o volume de controle, ou seja, a


diferença entre a quantidade de massa que ingressa e a quantidade de massa que abandona o volume
de controle é igual, por unidade de tempo, à variação da massa no seu interior.
O símbolo Σ designa um somatório, uma vez que podem haver múltiplas entradas e saídas
de massa no volume de controle.
Se os somatórios das vazões mássicas de entrada e de saída forem exatamente iguais, não
serão verificadas variações da quantidade de massa no interior do volume de controle, ao longo do
tempo. Tal situação, comum em problemas de engenharia, é expressa pelas equações abaixo,
características do chamado regime permanente.

dm vc
= 0 (5.48.a)
dt

∑ m& − ∑ m&
s e = 0 (5.48.b)

A vazão mássica pode ser expressa por:

& = ρ.A.Vel (5.49)


m

41
Demonstração:

Figura 5.1. Volume de controle de seção transversal constante.

A quantidade de massa que cruza a superfície A no intervalo ∆t é:

∆m = ρ.∆V = ρ.A ∆x ,

sendo ρ a densidade do fluido e ∆V o volume ocupado pela referida massa.


Dividindo-se a quantidade acima por ∆t e fazendo-se ∆t tender a zero, obtém-se3:

 ∆m   ∆x 
lim   = ρ. A lim   = ρ .A .Vel
 ∆t 
∆t →0 ∆t → 0
 ∆t 

5.9.2. A Primeira Lei da Termodinâmica e o volume de controle

A equação (5.7) estabelece que a taxa de variação da energia que um sistema possui, com o
tempo, é igual à diferença entre os fluxos de energia para dentro e para fora do sistema, sob forma
de calor e trabalho:

& = dE + W
Q & . (5.7)
dt

Para volumes de controle, além das quantidades acima, um balanço de energia deve levar em
conta a taxa de energia que entra e que sai do volume de controle com o tempo, associada à entrada
e saída de massa no volume de controle. Na figura abaixo é representado um volume de controle,
no qual estão indicadas as trocas de energia através da superfície de controle não associadas com
fluxos de massa: Q& (taxa de transferência de calor), W
& (potência associada à rotação de um eixo) e
R
&
WV (potência associada à deformação, ou mudança de volume, da superfície de controle). Com a
massa, ingressa no volume de controle (ou o abandona), energia cinética, potencial e interna. Além
destas três formas já conhecidas de energia, há ainda o chamado trabalho de fluxo ou de
escoamento, como se verá em seguida.

3
Supõe-se na equação, implicitamente, que a densidade e a área transversal não variam com o tempo.

42
Figura 5.2. Ilustração para a introdução à Primeira Lei para volumes de controle.

Uma equação similar à equação (5.7), porém para volumes de controle, incluindo os termos
de energia que ingressam e abandonam o mesmo juntamente com a massa, pode ser vista abaixo:

& + E& = E& + dE vc + W


Q & . (5.50)
e s
dt

Na equação (5.50), os termos E& e e E& s representam, respectivamente, os fluxos de energia


que ingressam e abandonam o volume de controle juntamente com a massa. O termo de potência
(último termo do lado direito) engloba os trabalhos associados à mudança de volume do volume de
controle e também os associados à rotação de um eixo.

5.9.2.1 O trabalho de fluxo (trabalho de escoamento ou trabalho de introdução e expulsão)

Na figura (5.3), um pequeno volume de líquido V, de comprimento L está prestes a ingressar


em um volume de controle.

Figura 5.3. Ilustração para a introdução ao trabalho de fluxo.

A força que faz com que o volume V ingresse no volume de controle num dado intervalo de
tempo é dada por:

F = σ n .A,

43
sendo σn a tensão normal no fluido, que envolve a pressão estática e os efeitos viscosos; e A, a área
transversal ao escoamento.
Admitindo que a pressão estática do fluido seja a componente mais importante da tensão
normal4, resulta que:

F = p.A

O trabalho efetuado pela força F para “empurrar” a quantidade de fluido de comprimento L


para dentro do volume de controle é:

WF = F.L = p.A.L = p.V (5.51)

Esse trabalho é denominado trabalho de fluxo. Existe também trabalho de fluxo como o
trabalho que o fluido que está saindo faz para “empurrar” para adiante a porção do fluido que está à
jusante (posterior no sentido do fluxo).
O trabalho de fluxo por unidade de tempo é:

& = p.V
WF
& = p.m & (p.v )
& .v = m

O trabalho de fluxo depende apenas do estado (p, v) da substância ao cruzar a fronteira do


sistema; é, portanto, uma função de ponto (ao contrário do trabalho associado a um eixo que gira ou
à deformação de um volume).
Os fluxos de energia associadas aos fluxos de massa que entram e que saem do volume de
controle (energias cinética, potencial, interna e trabalho de fluxo) podem ser expressas em associação
à vazão mássica:

& e  vel e2 + g.z e + u e + p e v e  (5.52.a)


1
E& e = m
2 
e

& s  vel s2 + g.z s + u s + p s v s  . (5.52.b)


1
E& s = m
2 

Os dois últimos termos das equações (5.52) podem ser reunidos em um só, com o auxílio da
definição de entalpia:

h = u + pv. (5.13)

4
A origem desta tensão normal localiza-se, remotamente no desenho, de uma elevação superior do fluido oriundo
do reservatório mostrado. Poderia resultar também da elevação de pressão originada pela ação de uma bomba de
recalque, por exemplo. O agente da força que “empurra” o volume V para dentro do volume de controle é o fluido a
montante (anterior no sentido do fluxo) ao mesmo.

44
Com as considerações acima, a equação da Primeira Lei para volumes de controle,
representada pela equação (5.50), torna-se, então:

1  1  dE
∑e & e  2 vele2 + g.z e + h e  = ∑s m& s  2 vels2 + g.z s + h s  + dtvc + W& . (5.53)
&+ m
Q

Na equação (5.53), o símbolo Σ representa um somatório, posto que pode haver múltiplas
entradas e saídas de massa no volume de controle.

5.10 O Processo em Regime Permanente

Os fluxos de energia em alguns equipamentos como turbinas, compressores, bocais,


caldeiras, condensadores, etc., podem ser analisadas segundo a equação da Primeira Lei para
volumes de controle, deduzida anteriormente.
Na operação de tais equipamentos, existem períodos de tempo, definidos como transientes,
nos quais, em cada uma das regiões nas quais o equipamento pode estar dividido, a massa presente e
a energia associada à mesma podem variar com o tempo. Como conseqüência disto, as
propriedades termodinâmicas variam com o tempo em um mesmo local. Os regimes transientes
(ou transitórios) típicos são os de entrada em operação e de parada dos equipamentos. Para regimes
transientes:
dm vc
≠0
dt
e/ou
dE vc
≠ 0.
dt

Entre estes períodos transientes (entrada em operação e parada), os equipamentos entram no


que se convencionou chamar de regime permanente. O regime permanente é, por definição, o
regime no qual nem a massa e nem a energia variam com o passar do tempo, numa dada região do
interior do volume de controle (podendo variar, no entanto, de região para região):

dm vc
=0
dt
e
dE vc
= 0.
dt

45
Como resultado da invariância da energia e da massa com o tempo, o estado termodinâmico
da substância (e as propriedades termodinâmicas que o caracterizam), em cada região do volume de
controle, não varia com o tempo.
Para que a energia não varie com o tempo no volume de controle, duas condições devem ser
satisfeitas:
1) O volume de controle não se move em relação ao sistema de coordenadas: não há trabalho
associado com a aceleração do mesmo.
2) Os fluxos de massa (e os estados termodinâmicos das mesmas) são constantes, bem como as
taxas de calor e de trabalho.

No regime permanente, a equação da continuidade torna-se:

∑ m& s = ∑m
& e (5.48.b)

e a equação da Primeira Lei é simplificada:

1  1 
∑e & e  2 vele2 + g.z e + h e  = ∑s m& s  2 vels2 + g.z s + h s  + W& . (5.54)
&+ m
Q

Para casos em que há uma única entrada e uma única saída de massa no volume de controle:

&e =m
m &s =m
& ,

ficando a equação (5.54) reduzida a:

& =m
Q
2
( )
&  vel s2 − vel e2 + g(z s − z e ) + h s − h e  + W
1 & . (5.55)
 

Exercícios:

1) Um compressor recebe ar a 100 kPa e 20°C e descarrega-o em uma linha que tem 1 cm de
diâmetro. A velocidade e a pressão do ar na seção de descarga são, respectivamente, 7 m/s e
350 kPa. Considerando que a compressão ocorre adiabaticamente, determinar a potência a ser
fornecida ao compressor. Considere que a velocidade de tomada do ar seja semelhante a zero e
que seja desprezível a variação da energia potencial. Considere cp0 = 1004 J/[kg-K] e R = 287
J/[kg-K]. R: -202,6 W

46
5.11 Relação entre a Primeira Lei da Termodinâmica para Volumes de Controle
e a Equação de Bernoulli

Seja a equação da Primeira Lei para regime permanente:

1  1 
∑e & e  2 vele2 + g.z e + h e  = ∑s m& s  2 vels2 + g.z s + h s  + W& .
&+ m
Q

Na ausência de fluxos de calor e trabalho, e tendo o volume de controle uma única entrada e
uma única saída, a equação acima se reduz a:

1 1
vel e2 + g.z e + h e = vel s2 + g.z s + h s
2 2
ou
1 1
vel e2 + g.z e + p e v e + u e = vel s2 + g.z s + p s v s + u s .
2 2

Na ausência de variações na energia interna entre a entrada e a saída do volume de controle e


se o fluido for incompressível (v = constante) a equação acima se torna a conhecida equação de
Bernoulli:

1
2
( )
vel s2 − vel e2 + g(z s − z e ) + (p s − p e )v = 0 .

Em sua forma mais usual, a equação de Bernoulli é escrita em termos da massa específica (e
não em termos do volume específico):

p − pe
1
2
( )
vel s2 − vel e2 + g(z s − z e ) + s
ρ
= 0 . (5.56)

Exercícios:

1) Vapor d'água a 700 kPa e 200°C entra em um bocal isolado com uma velocidade de 60 m/s. Sai
a uma pressão de 150 kPa e uma velocidade de 600 m/s. Determine a temperatura na seção de
saída, se o vapor no estado final for superaquecido, ou o título se for saturado. R.:T = 111,4ºC;
x = 0,988 Obs.: notar a impossibilidade de uso da equação de Bernoulli, por ser o fluido
compressível.
2) Uma turbina é alimentada com 100 kg/s de vapor d’água a 15 MPa e 600 ºC. Num estágio
intermediário, onde a pressão é 2 MPa, e a temperatura é igual a 350 ºC, é realizada uma extração
de 20 kg/s (ver figura abaixo). Na seção final de descarga a pressão e o título são,

47
respectivamente, iguais a 75 kPa e 95%. Admitindo que a turbina seja adiabática e que as
variações de energia cinética e potencial sejam desprezíveis, determine a potência da turbina. R.:
91,56 MW

Exercícios para Casa (Primeira Lei da Termodinâmica para Volumes de Controle – Regime
Permanente)

1) O compressor de uma grande turbina a gás recebe ar do meio a 95 kPa e 20°C, com baixa
velocidade. Na saída do compressor, o ar está a 1,14 MPa, 380°C e com velocidade de 110
m/s. A potência de acionamento do compressor é de 5000 kW. Admita que a compressão
se dá adiabaticamente e que a variação da energia potencial do gás entre a entrada e a saída é
desprezível. Determinar a vazão mássica do ar na unidade. Considere cp=1,0 kJ/(kg-ºC).
Dica: lembre que a entalpia de um gás perfeito depende somente da temperatura. R.: 13,7 kg/s
2) Um compressor centrífugo comprime 100 kg/h de nitrogênio. Durante a compressão
aumenta a entalpia do gás em 200 kJ/kg. Que potência deve ter o acionamento do
compressor se se desprezam trocas de calor com o meio circundante e variações nas energias
cinética e potencial? R.: -5,56 kW
3) Uma caldeira produz 30000 kg/h de vapor na pressão manométrica de 20 bar e à
temperatura de 250 ºC. O combustível fornece 9500 kcal/kg, dos quais 75% são cedidos à
água, sendo o restante perdido com os gases de combustão. Calcular o consumo horário de
combustível, sabendo que a temperatura da água de alimentação é 93 ºC. Considerar
desprezíveis as variações nas energias cinética e potencial entre a entrada e a saída da caldeira.
Obs.: a) pressão absoluta = pressão manométrica + pressão atmosférica; b) pressão
atmosférica local = 1 bar; c) considere a entalpia do líquido subresfriado como sendo igual à
entalpia do líquido saturado na mesma temperatura. R.: 2520 kg/h
4) Uma turbina opera em regime permanente com uma vazão mássica de 0,450 kg/s de vapor.
O vapor ingressa na turbina com uma pressão de 3,5 MPa e temperatura de 400 °C. Sua
velocidade inicial é 250 m/s. O vapor abandona a turbina a 35 kPa, 100 °C e velocidade de
30m/s. Calcular a potência fornecida pelo vapor à turbina. Considere que a variação na
energia potencial e perdas de calor através da carcaça da turbina são desprezíveis. R.: 228,2 kW

5.12 O Processo de Estrangulamento

O processo de estrangulamento é um processo em regime permanente através de um volume


de controle constituído por uma restrição como, por exemplo, o escoamento através de uma válvula
parcialmente aberta, resultando numa queda de pressão. Na maior parte das vezes, o processo se dá
tão rapidamente e em espaço tão pequeno, que se pode considerar, com boa precisão, que não há
tempo, nem área suficiente para uma troca de calor.

48
Para a situação mostrada na figura 5.4, pode-se considerar que a equação da Primeira Lei
para volumes de controle, em regime permanente, resume-se a:

1 1
vel e2 + h e = vel s2 + h s .
2 2

Figura 5.4. Exemplo de um processo de estrangulamento.

Se o fluido for um gás, o volume específico aumentará no processo e, se o tubo tem


diâmetro constante, a energia cinética aumentará também. Em muitos casos, entretanto, esse
aumento de energia cinética é pequeno, de forma que pode ser considerado desprezível. Dessa
forma, a equação da Primeira Lei resume-se somente a:

he = hs. (5.57)

Exercícios

1) Por uma linha de suprimento escoa uma mistura saturada de água a 2 MPa, cujo título se quer
determinar. Para isso, uma pequena fração da mistura é succionada para dentro de um
calorímetro de estrangulamento, e liberada para a atmosfera a 100 kPa e 120°C. Determine o
título da mistura. R.: x = 0,956

5.13 O Processo em Regime Uniforme

49
Uma parcela dos processos transientes (ou transitórios, ou não-permanentes) – por exemplo, o
enchimento de tanques fechados com gás ou líquido ou a descarga de tanques fechados – pode ser
razoavelmente representada, em primeira aproximação, por um modelo denominado processo em
regime uniforme.
As hipóteses simplificadoras são:
1) O volume de controle permanece fixo em relação ao sistema de coordenadas.
2) O estado da massa interna ao volume de controle pode variar com o tempo. Porém, em
qualquer instante, o estado é uniforme em todo o volume de controle (ou sobre as várias regiões
que o compõe).
3) O estado da massa que atravessa cada uma das áreas de fluxo, na superfície de controle, é
constante com o tempo, embora as vazões possam variar.
A equação para a Primeira Lei para volumes de controle em regime uniforme para um período
de tempo t é:

 vel e2   vel s2 
Q + ∑ m e  h e + + gz e  = ∑ m s  h s + + gz s  +
 2   2 
. (5.58)
  vel 22   vel12  
m 2  u 2 + + gz 2  − m1  u 1 + + gz 1  + W 
  2   2  

Na equação (5.58), os índices e e s correspondem às condições na entrada e na saída do


volume de controle, respectivamente, e os índices 1 e 2, às condições reinantes uniformemente no
volume de controle, no início e no final do processo.

Exercícios:

1) Vapor d’água à pressão de 1,4 MPa e temperatura de 300°C escoa num tubo, conforme a
figura. Um tanque em vácuo está ligado a esse tubo através de uma válvula. Abre-se a
válvula e o vapor enche o tanque até que a pressão atinja 1,4 MPa, quando a válvula é
fechada. O processo é adiabático e as variações de energia cinética e potencial são
desprezíveis. Determinar a temperatura final no tanque. R.: 452 ºC
2) Admitamos que o tanque do exemplo anterior tenha um volume de 0,4 m3 e contenha
inicialmente vapor saturado a 350 kPa. Abre-se a válvula e o vapor d’água da linha, a 1,4
MPa e 300 °C escoa para o tanque até que a pressão atinja 1,4 MPa. Calcular a massa de
vapor d’água que escoa para o tanque.

Exercícios para Casa (Regime Uniforme)

1) Um tanque isolado, em vácuo, de 15 m3 está ligado a uma linha onde o vapor d’água escoa a 2 MPa e 400
ºC. A válvula é aberta e o vapor flui para o tanque, até que este contenha 20 kg de vapor, quando a
válvula é fechada. Qual a pressão final no interior do tanque? R. 0,517 MPa
2) Um vaso isolado de 2 m3 contém vapor d’água saturado à pressão de 4 MPa. A válvula colocada no
topo do vaso é aberta, permitindo o escape do vapor. Durante esse processo, qualquer líquido
formado é coletado no fundo do vaso, de maneira que sai apenas vapor saturado. Calcular a massa
total que saiu do vaso quando a pressão interna atingiu 1 MPa. R.: 27,24 kg

50

Você também pode gostar