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5 Primeira Lei Da Termodinamica PDF
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E = U+Ec+Ep, (5.1)
sendo: E, a soma das energias que o sistema possui, U, a energia interna, Ec, a energia cinética e Ep,
a energia potencial.
Como a evidência experimental nos diz que a energia se conserva, ou seja,
podemos escrever:
∆E = ∆U +
(
m Vel 22 − Vel12)+ mg(z 2 − z1 ) = Q − W . (5.2.a)
2
Q = W + ∆E , (5.2.b)
δQ = δW + dE (5.4)
e
δq = δw + de . (5.5)
A variação da energia de um sistema depende somente dos estados inicial e final, sendo,
portanto uma função de ponto. A diferencial é uma diferencial exata:
& = dE + W
Q & . (5.7)
dt
A equação (5.7) estabelece que a taxa de variação da energia que um sistema possui, com o
tempo, é igual à diferença entre os fluxos de energia para dentro e para fora do sistema, sob forma
de calor e trabalho.
Exercícios:
1) O estado de um gás que se encontra sob o êmbolo em um cilindro está determinado pelo
ponto 1 na figura abaixo. O gás passa ao estado 2 uma vez pelo processo quase-estático 1a2
e outra vez pelo processo quase-estático 1b2. Determinar se diferirão nesses processos as
quantidades de calor trocadas e, se diferirem, em quanto. As pressões nos pontos 1 e 2 são,
respectivamente, iguais a 0,1 e 0,5 MPa. A variação do volume é V2 - V1 = 0,5 m3. R.: Q1a2 –
Q1b2 = 200 kJ.
27
1) A taxa de transferência de calor ao meio de uma pessoa em repouso é cerca de 400 kJ/h.
Seja admitido que falhe o sistema de ventilação de um auditório que contém 100 pessoas. a)
Qual o aumento da energia interna do ar no auditório durante os primeiros 10 minutos após
a falha do sistema de ventilação? b) Considerando o auditório e todas as pessoas contidas
como o sistema, qual a variação da energia interna do sistema?
2) Uma bomba calorimétrica (recipiente rígido fechado) deve ser usada para medir a energia
liberada numa determinada reação química. Esse calorímetro contém inicialmente as
substâncias químicas apropriadas e está colocado em um grande tanque com água. Quando
as substâncias reagem, calor é transferido da bomba para a água, causando o aumento da sua
temperatura. A potência de acionamento de um agitador para fazer circular a água é de 0,05
kW. No período de 25 minutos, a transferência de calor da bomba para a água é de 1400 kJ e
da água do tanque para o meio ambiente é de 70 kJ. Admitindo que não há evaporação da
água, qual é o aumento da energia interna da água durante esse período de tempo? R.: 1405 kJ
3) Um gás, cujo estado é definido em um diagrama p vs. V (figura abaixo) pelo ponto 1, passa
ao estado 2 seguindo o caminho 1c2. Ao ocorrer tal processo são fornecidos 80 kJ de calor
ao gás e se obtém do mesmo 30 kJ de trabalho. Depois, este mesmo gás retorna ao estado
inicial em um processo definido pela curva 2a1. Que quantidade de calor deverá ser
fornecida ao gás em outro processo 1d2, para se obter do mesmo 10 kJ de trabalho? Que
quantidade de calor deve ser fornecida ou retirada no processo 2a1, se forem gastos no
mesmo 50 kJ de trabalho de compressão? R.: 60 kJ; -100 kJ
∫ δQ = ∫ δW + ∫ dE . (5.8)
28
∫ dE = 0 . (5.9)
∫ δQ = ∫ δW . (5.10)
2 2 2
Q 1 = ∆U 1 + W 1 .
Como o processo é quase-estático à pressão constante, o trabalho total pode ser calculado
por:
2 2
W 1 = ∫ pdV = p ∫ dV = p 2 V2 − p1 V1 .
2
1 1
Q 1 = (U 2 + p 2 V2 ) − (U 1 + p1 V1 ) .
2
H = U + pV, (5.11)
1
Contanto que as combinações das propriedades resultem em quantidades com as mesmas unidades que a fictícia
propriedade “A”.
29
Obtemos:
2
Q 1 = H 2 − H 1 . (5.12)
A equação (5.12) nos diz que o calor total trocado por um sistema simples compressível,
sofrendo um processo isobárico quase-estático, sem variações nas energias cinética e potencial, é
igual à variação da sua entalpia total.
Considerando o resultado expresso na equação (5.12), podemos considerar a entalpia como
sendo nada mais que uma combinação conveniente de propriedades termodinâmicas.
Dividindo-se a equação (5.11) pela massa do sistema, obtém-se a entalpia específica do
sistema:
h = u + pv . (5.13)
A energia interna e a entalpia específicas de uma mistura saturada podem ser calculadas da
mesma maneira que o volume específico, ou seja:
u = u v x + u L (1 − x ) (5.14)
e
h = h v x + h L (1 − x ) . (5.15)
Nas tabelas termodinâmicas que não dispõem de valores para energia interna, a mesma pode
ser obtida a partir da entalpia:
u = h - pv.
Exercícios
30
5.4 Calores Específicos a Volume e Pressão Constantes
∂u
c v = . (5.16)
∂T v
Lê-se: calor específico a volume constante é igual à taxa de variação da energia interna
específica com relação à temperatura, a volume constante.
De modo semelhante define-se o calor específico à pressão constante:
∂h
c p = . (5.17)
∂T p
Lê-se: calor específico à pressão constante é igual à taxa de variação da entalpia específica
com relação à temperatura, à pressão constante.
Para quaisquer substâncias sofrendo processos quaisquer, pode-se definir os calores
específicos a pressão e a volume constante. Na maior parte das situações, não existe um significado
físico diretamente associado às definições. Nesses casos considere apenas o calor específico como
sendo a taxa de variação de uma variável dependente (h ou u) com relação a uma variável
independente (T), quando uma terceira variável (p ou v) permanece constante.
Entretanto, em dois casos bastante específicos, cP e cV possuem um significado físico bem
claro, consistente com a definição de calor específico dado em cursos elementares de Física. Em tais
cursos define-se calor específico como uma propriedade que relaciona o calor adicionado a
(ou retirado de) uma unidade de massa de uma dada substância, com a variação da
temperatura da mesma.
Duas substâncias diferentes, de massas e temperaturas iniciais idênticas, recebendo a mesma
quantidade de calor, terão variações em sua temperatura diferentes. Isso se deve a terem calores
específicos diferentes.
Q ~ m.c.∆T
ou
Q
q= ~ c.∆T
m
ou
31
q
c~ .
∆T
δQ = dU + pdV . (5.18)
1 δQ 1 dU + pdV du
cv = ≅ ≅ .
m dT V m dT dT
1 δQ 1 dH dh
cp = ≅ ≅ .
m dT p m dT dT
Vê-se claramente nos dois casos acima que a definição expressa nas equações (5.16) e (5.17),
coincide com o significado físico acima referido. Apenas, por generalidade, deve-se substituir as
derivadas totais pelas parciais, uma vez que as propriedades entalpia e energia interna podem não ser
funções exclusivas da temperatura.
Nas fases líquida e sólida, as substâncias são praticamente incompressíveis, ou seja, grandes
incrementos na pressão resultam em variações desprezíveis no volume.
Escrevendo a equação (5.13) na sua forma diferencial,
dh = du + d(pv) , (5.19.a)
ou
e considerando que, para substâncias incompressíveis, o termo pdV é nulo, resulta a seguinte
equação:
32
dh = du + vdp . (5.20)
Se o volume específico for muito pequeno (como de fato é para as fases citadas), o termo
v.dp poderá ser considerado desprezível. Assim, lembrando das equações (5.16) e (5.17), estabelece-
se a seguinte relação:
dh ≅ du ≅ cdT , (5.21)
onde “c” é o calor específico a volume ou pressão constante, pois os valores de ambos serão muito
próximos.
Em muitas situações envolvendo sólidos e líquidos, a não ser que o processo seja a baixa
temperatura ou através de um grande intervalo de temperaturas, podemos admitir que o calor
específico é constante (ver tabelas A.3 e A.4). Nesse caso, integrando a equação (5.21), obtém-se:
h 2 − h 1 ≅ u 2 − u 1 ≅ c (T2 − T1 ) . (5.22.a)
h 2 − h 1 ≅ u 2 − u 1 ≅ c (T2 − T1 ) + λ . (5.22.b)
Exercícios:
1) Que velocidade deve ter uma bala de chumbo para que, ao se chocar com uma parede de
aço, se funda totalmente? Suponha que ao se chocar com a parede a temperatura da bala seja
27 oC. A temperatura de fusão do chumbo é 327 oC, o calor latente de fusão 20,934 kJ/kg e
o calor específico 0,1256 kJ/kg.oC. R.: v = 342 m/s
2) Quantos quilogramas de chumbo podem aquecer-se desde a temperatura de 15 oC até sua
temperatura de fusão (327oC) devido ao golpe de um bate-estacas de 200 kg caindo de uma
altura de 2 m? Considere que toda a energia do bate-estacas é transferida ao chumbo. O
calor específico do chumbo pode ser considerado igual a 0,1256 kJ/ kg.oC. R.: m = 0,100 kg
Pode-se mostrar que, para um gás que se comporta como um gás perfeito, a sua energia
interna depende unicamente da temperatura2:
2
Em 1843, Joule demonstrou esse fato, ao realizar a seguinte experiência. Dois recipientes ligados entre si por um
tubo contendo uma válvula, foram imersos em um banho de água e deixados em repouso até atingir o equilíbrio
térmico. Um dos recipientes apresentava-se em alto vácuo e o outro continha ar a 22 bar. Foram colocados ambos
33
u = u (T). (5.23)
Como cv torna-se, para os gases perfeitos, função exclusiva da temperatura, pode ser escrito
eliminando-se a derivada parcial:
∂u du
c v = ⇒ c v0 = , (5.24)
∂T v dT
sendo c v 0 o calor específico a volume constante de um gás perfeito. Com a eliminação da derivada
parcial, a segunda equação que aparece em (5.24) pode ser reescrita como:
du = c v 0 dT . (5.25)
A entalpia específica do gás perfeito também será função exclusiva da temperatura, pois, para
um gás perfeito, pv = RT e u = u(T). Então:
h = u + pv ⇒ h = u(T) + RT . (5.26)
Portanto:
h = h(T). (5.27)
∂h dh
c p = ⇒ c p0 = , (5.28)
∂T p dT
sendo c p 0 o calor específico a pressão constante do gás perfeito. A variação da entalpia de um gás
perfeito pode, ainda, ser escrita como:
em contato pela abertura da válvula, até ser atingido o equilíbrio de pressões. Apesar desse processo, não foi
registrada qualquer variação da temperatura da água, denotando inexistência de transferência de calor dos vasos para
a água. Como tampouco existe trabalho no processo, nem variações das energias cinética e potencial, da equação da
Primeira Lei da Termodinâmica, conclui-se que não existe variação na energia interna do gás. Embora a pressão e o
volume do sistema (gás) em estudo tenham variado, não houve alteração na sua energia interna, podendo-se concluir
que a energia interna do gás (perfeito) não depende (não é função) dessas duas propriedades. (Medições mais
acuradas realizadas no experimento revelaram uma pequena variação da temperatura da água. Isso é devido ao ar,
nas condições do experimento, não se comportar exatamente como um gás perfeito).
34
dh = c p0 dT . (5.29)
c v 0 = c v0 (T ) (5.30)
e
c p0 = c p 0 (T ) . (5.31)
Os calores específicos a volume e pressão constante dos gases perfeitos têm padrões de
variação com a temperatura que dependem do número de átomos que constituem as suas moléculas.
Qualitativamente, tal comportamento pode ser assim resumido:
• Gases monoatômicos (Ar, Ne, Xe, He, etc.): calores específicos praticamente não variam com a
temperatura;
• Gases diatômicos (H2, N2, O2, etc.): calores específicos aumentam com o aumento da
temperatura;
• Gases poliatômicos (CO2, H20 (vapor superaquecido), etc.): calores específicos aumentam muito
com o aumento da temperatura.
Uma relação importante entre os calores específicos à pressão e volume constante e a constante
do gás perfeito pode ser deduzida, seguindo os passos abaixo:
h = u + RT ⇒ dh = du + RdT ⇒ c p0 dT = c v0 dT + RdT .
Então:
c p0 = c v0 + R . (5.32)
35
dh = ∫ c p0 dT ⇒ h 2 − h 1 = c p 0 (T2 − T1 ) . (5.33)
2 2
∫
1 1
du = ∫ c v 0 dT ⇒ u 2 − u 1 = c v0 (T2 − T1 ) . (5.34)
2 2
∫
1 1
2) Usar equações empíricas para os calores específicos em função da temperatura. Na tabela A.6,
calores específicos de vários gases são apresentados como polinômios em função da
temperatura, cujas constantes são determinadas empiricamente. O uso de tais equações, na faixa
de temperaturas recomendada produz resultados com muito boa precisão.
∫
1
2 2
1
2
1
2
1
( )
dh = ∫ c p 0 (T )dT ⇒ h 2 − h 1 = ∫ c p 0 (T )dT = ∫ A + B.T b + C.T c + ... dT . (5.35)
Para a variação da energia interna pode-se utilizar a equação (5.32), juntamente com a tabela A6:
∫1
2
1
2
1
( )
du = ∫ c v 0 (T )dT ⇒ u 2 − u 1 = ∫ c p 0 (T ) − R dT . (5.36)
2
T
h T = ∫ c p 0 dT , (5.37)
T0
T2 T1
h 2 − h 1 = ∫ c p0 dT − ∫ c p 0 dT = h T2 − h T1 . (5.38)
T0 T0
Exercícios:
36
2) Repetir o exercício anterior para a faixa entre 300 K e 400 K. Verificar se a diferença percentual
entre os valores obtidos pelos três métodos de cálculo se mantém.
3) Num sistema constituído de 0,5 kg de ar realiza-se uma expansão isobárica quase-estática, que se
processa até que o volume final seja o dobro do inicial. No início da transformação o ar está a
27 °C e 0,1 MPa Determinar:
a) a temperatura e o volume do ar no final da transformação; R.: 600 K, 0,86142 m3
b) o trabalho realizado durante a transformação; R.: 43,07 kJ
c) a quantidade de calor trocada pelo sistema; R.: 150,48 kJ
d) a variação da energia interna do sistema. R.: 107,41 kJ
Considere que a constante do gás do ar seja R = 287,14 J/(kg-K) e o calor específico à pressão
constante do ar passa ser considerada igual a 1,0032 kJ/(kg-K).
4) Determinada massa de ar seco, ocupando um volume de 340 litros a uma pressão de 100 kPa, é
comprimida isotermicamente num processo quase-estático, até atingir a pressão de 600 kPa.
Determinar:
a) a variação da energia interna do gás; R.: 0 kJ
b) o trabalho de compressão; R.: -60,92 kJ
c) o calor trocado durante o processo. R.: -60,92 kJ
Admitir que o modelo do gás perfeito é adequado para transformação.
1) Uma hélice acionada por um motor de 1 HP é colocada em um tanque de água, como mostra a
figura. O tanque contém 20 kg de água a 20°C na pressão de 0,1 MPa e a hélice atua durante 1h.
Considerando que o volume seja perfeitamente isolado e que não se verifique mudança de fase
no sistema, determinar a variação da energia interna da água e sua temperatura final. Admitir
que o calor específico da água é igual a 4,18 kJ/(kg-K). R.: U2 – U1 =2684,5 kJ; T2 ≅ 52ºC
37
3) Um tanque rígido de 250 litros contém gás metano (CH4) a 500 ºC e 600 kPa. O tanque é
resfriado até 30 ºC. Use a tabela A.6 lembrando que cp0= cv0+ R e que du = cv0 dT, para
responder às questões abaixo.
a) Calcular a pressão final e o calor trocado no processo. R.: 235 kPa
b) Qual é o erro percentual do calor trocado, se for admitido um valor constante do calor específico,
determinado à temperatura ambiente (tabela A5)?
4) Um cilindro provido de êmbolo contém gás propano (C3H8) a 100 kPa e 300 K; neste ponto o
volume é de 200 litros. O gás é então lentamente comprimido segundo a relação politrópica
PV1,1 = cte., até que atinja a temperatura final de 340 K. Considere cv0 = 1,4909 kJ/(kg-K).
a) Qual a pressão final? R.: 396 kPa
b) Qual é o trabalho realizado durante o processo? R.: -26,7 kJ
c) Qual o calor trocado? R.: -5,6 kJ
Uma transformação termodinâmica adiabática é uma transformação que ocorre sem que
haja troca de calor.
Seja um sistema simples compressível, comportando-se como gás perfeito e sofrendo uma
transformação adiabática quase-estática, sem variações nas energias cinética e potencial. A equação
da Primeira Lei para a situação acima pode ser escrita como:
δq = c v0 dT + pdv = 0 . (5.39)
Chamando de k ao quociente
c p0
k= (5.40)
c v0
R
c v0 = . (5.41)
k −1
R
dT + pdv = 0 . (5.42)
k −1
38
Para gases perfeitos d(pv ) = RdT . Introduzindo essa relação na equação (5.42),
reordenando os termos e manipulando algebricamente, a equação diferencial abaixo é obtida:
dp dv
+k = 0 . (5.43)
p v
pv k = constante1 . (5.44.a)
pV k = constante 2 . (5.44.b)
A equação (5.44.a) é a equação que representa, num gráfico p vs. v, um processo quase-
estático adiabático sofrido por um gás perfeito. Escrevendo essa equação para os estados inicial e
final da transformação e empregando a equação dos gases perfeitos, as seguintes relações entre
temperatura, pressão e volume (ou volume específico) nos estados inicial e final da transformação
são obtidas:
k −1
1− k
T2 p 2 k v
= = 2 . (5.45)
T1 p1 v1
A teoria cinética dos gases estipula os seguintes valores para a constante adiabática k,
aproximadamente seguida pelos gases (ver tabela A5):
• monoatômicos: k ≅ 1,67;
• diatômicos: k ≅ 1,40;
• poliatômicos: k ≅ 1,33.
Exercício:
39
O N2 está inicialmente a 150 ºC e 507 kPa e pode ser considerado um gás perfeito com
calores específicos a volume e a pressão constantes, respectivamente iguais a 741,1 J/(kg-K) e
1038,3 J/(kg-K). A massa molecular do gás nitrogênio pode ser considerada igual a 28 kg/kmol.
Pede-se esboçar o diagrama pressão vs. volume (específico) e calcular o trabalho e o calor no
ciclo. R.: 28,5 J
sendo n uma constante que, teoricamente, pode assumir qualquer valor entre - ∞ e + ∞.
Conforme o valor que o expoente n assumir, a transformação politrópica coincidirá com
algum dos seguintes casos particulares:
2) Processo isobárico:
pVn = constante. Se n = 0 ⇒ p = constante;
3) Processo isotérmico:
pV = mRT = constante. Para n = 1, T= constante;
4) Processo adiabático:
pV k = constante. Se n = k ⇒ Q=0, sendo k definido pela equação (5.40).
n −1
1− n
T2 v 2 p n
= = 2 . (5.46)
T1 v1 p1
40
5.9 A Primeira Lei da Termodinâmica para um Volume de Controle
Para um volume de controle qualquer, a lei da conservação da massa é expressa pela equação
abaixo:
dm vc
+ ∑m
& s − ∑m
& e = 0 , (5.47)
dt
sendo:
dm vc
: a taxa de variação instantânea da massa no interior do volume de controle, com o
dt
tempo;
m
& e a taxa de ingresso de massa instantânea no volume de controle ou vazão mássica de
entrada;
m
& s a taxa de massa que abandona o volume de controle, ou vazão mássica de saída.
dm vc
= 0 (5.48.a)
dt
∑ m& − ∑ m&
s e = 0 (5.48.b)
41
Demonstração:
∆m = ρ.∆V = ρ.A ∆x ,
∆m ∆x
lim = ρ. A lim = ρ .A .Vel
∆t
∆t →0 ∆t → 0
∆t
A equação (5.7) estabelece que a taxa de variação da energia que um sistema possui, com o
tempo, é igual à diferença entre os fluxos de energia para dentro e para fora do sistema, sob forma
de calor e trabalho:
& = dE + W
Q & . (5.7)
dt
Para volumes de controle, além das quantidades acima, um balanço de energia deve levar em
conta a taxa de energia que entra e que sai do volume de controle com o tempo, associada à entrada
e saída de massa no volume de controle. Na figura abaixo é representado um volume de controle,
no qual estão indicadas as trocas de energia através da superfície de controle não associadas com
fluxos de massa: Q& (taxa de transferência de calor), W
& (potência associada à rotação de um eixo) e
R
&
WV (potência associada à deformação, ou mudança de volume, da superfície de controle). Com a
massa, ingressa no volume de controle (ou o abandona), energia cinética, potencial e interna. Além
destas três formas já conhecidas de energia, há ainda o chamado trabalho de fluxo ou de
escoamento, como se verá em seguida.
3
Supõe-se na equação, implicitamente, que a densidade e a área transversal não variam com o tempo.
42
Figura 5.2. Ilustração para a introdução à Primeira Lei para volumes de controle.
Uma equação similar à equação (5.7), porém para volumes de controle, incluindo os termos
de energia que ingressam e abandonam o mesmo juntamente com a massa, pode ser vista abaixo:
A força que faz com que o volume V ingresse no volume de controle num dado intervalo de
tempo é dada por:
F = σ n .A,
43
sendo σn a tensão normal no fluido, que envolve a pressão estática e os efeitos viscosos; e A, a área
transversal ao escoamento.
Admitindo que a pressão estática do fluido seja a componente mais importante da tensão
normal4, resulta que:
F = p.A
Esse trabalho é denominado trabalho de fluxo. Existe também trabalho de fluxo como o
trabalho que o fluido que está saindo faz para “empurrar” para adiante a porção do fluido que está à
jusante (posterior no sentido do fluxo).
O trabalho de fluxo por unidade de tempo é:
& = p.V
WF
& = p.m & (p.v )
& .v = m
Os dois últimos termos das equações (5.52) podem ser reunidos em um só, com o auxílio da
definição de entalpia:
h = u + pv. (5.13)
4
A origem desta tensão normal localiza-se, remotamente no desenho, de uma elevação superior do fluido oriundo
do reservatório mostrado. Poderia resultar também da elevação de pressão originada pela ação de uma bomba de
recalque, por exemplo. O agente da força que “empurra” o volume V para dentro do volume de controle é o fluido a
montante (anterior no sentido do fluxo) ao mesmo.
44
Com as considerações acima, a equação da Primeira Lei para volumes de controle,
representada pela equação (5.50), torna-se, então:
1 1 dE
∑e & e 2 vele2 + g.z e + h e = ∑s m& s 2 vels2 + g.z s + h s + dtvc + W& . (5.53)
&+ m
Q
Na equação (5.53), o símbolo Σ representa um somatório, posto que pode haver múltiplas
entradas e saídas de massa no volume de controle.
dm vc
=0
dt
e
dE vc
= 0.
dt
45
Como resultado da invariância da energia e da massa com o tempo, o estado termodinâmico
da substância (e as propriedades termodinâmicas que o caracterizam), em cada região do volume de
controle, não varia com o tempo.
Para que a energia não varie com o tempo no volume de controle, duas condições devem ser
satisfeitas:
1) O volume de controle não se move em relação ao sistema de coordenadas: não há trabalho
associado com a aceleração do mesmo.
2) Os fluxos de massa (e os estados termodinâmicos das mesmas) são constantes, bem como as
taxas de calor e de trabalho.
∑ m& s = ∑m
& e (5.48.b)
1 1
∑e & e 2 vele2 + g.z e + h e = ∑s m& s 2 vels2 + g.z s + h s + W& . (5.54)
&+ m
Q
Para casos em que há uma única entrada e uma única saída de massa no volume de controle:
&e =m
m &s =m
& ,
& =m
Q
2
( )
& vel s2 − vel e2 + g(z s − z e ) + h s − h e + W
1 & . (5.55)
Exercícios:
1) Um compressor recebe ar a 100 kPa e 20°C e descarrega-o em uma linha que tem 1 cm de
diâmetro. A velocidade e a pressão do ar na seção de descarga são, respectivamente, 7 m/s e
350 kPa. Considerando que a compressão ocorre adiabaticamente, determinar a potência a ser
fornecida ao compressor. Considere que a velocidade de tomada do ar seja semelhante a zero e
que seja desprezível a variação da energia potencial. Considere cp0 = 1004 J/[kg-K] e R = 287
J/[kg-K]. R: -202,6 W
46
5.11 Relação entre a Primeira Lei da Termodinâmica para Volumes de Controle
e a Equação de Bernoulli
1 1
∑e & e 2 vele2 + g.z e + h e = ∑s m& s 2 vels2 + g.z s + h s + W& .
&+ m
Q
Na ausência de fluxos de calor e trabalho, e tendo o volume de controle uma única entrada e
uma única saída, a equação acima se reduz a:
1 1
vel e2 + g.z e + h e = vel s2 + g.z s + h s
2 2
ou
1 1
vel e2 + g.z e + p e v e + u e = vel s2 + g.z s + p s v s + u s .
2 2
1
2
( )
vel s2 − vel e2 + g(z s − z e ) + (p s − p e )v = 0 .
Em sua forma mais usual, a equação de Bernoulli é escrita em termos da massa específica (e
não em termos do volume específico):
p − pe
1
2
( )
vel s2 − vel e2 + g(z s − z e ) + s
ρ
= 0 . (5.56)
Exercícios:
1) Vapor d'água a 700 kPa e 200°C entra em um bocal isolado com uma velocidade de 60 m/s. Sai
a uma pressão de 150 kPa e uma velocidade de 600 m/s. Determine a temperatura na seção de
saída, se o vapor no estado final for superaquecido, ou o título se for saturado. R.:T = 111,4ºC;
x = 0,988 Obs.: notar a impossibilidade de uso da equação de Bernoulli, por ser o fluido
compressível.
2) Uma turbina é alimentada com 100 kg/s de vapor d’água a 15 MPa e 600 ºC. Num estágio
intermediário, onde a pressão é 2 MPa, e a temperatura é igual a 350 ºC, é realizada uma extração
de 20 kg/s (ver figura abaixo). Na seção final de descarga a pressão e o título são,
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respectivamente, iguais a 75 kPa e 95%. Admitindo que a turbina seja adiabática e que as
variações de energia cinética e potencial sejam desprezíveis, determine a potência da turbina. R.:
91,56 MW
Exercícios para Casa (Primeira Lei da Termodinâmica para Volumes de Controle – Regime
Permanente)
1) O compressor de uma grande turbina a gás recebe ar do meio a 95 kPa e 20°C, com baixa
velocidade. Na saída do compressor, o ar está a 1,14 MPa, 380°C e com velocidade de 110
m/s. A potência de acionamento do compressor é de 5000 kW. Admita que a compressão
se dá adiabaticamente e que a variação da energia potencial do gás entre a entrada e a saída é
desprezível. Determinar a vazão mássica do ar na unidade. Considere cp=1,0 kJ/(kg-ºC).
Dica: lembre que a entalpia de um gás perfeito depende somente da temperatura. R.: 13,7 kg/s
2) Um compressor centrífugo comprime 100 kg/h de nitrogênio. Durante a compressão
aumenta a entalpia do gás em 200 kJ/kg. Que potência deve ter o acionamento do
compressor se se desprezam trocas de calor com o meio circundante e variações nas energias
cinética e potencial? R.: -5,56 kW
3) Uma caldeira produz 30000 kg/h de vapor na pressão manométrica de 20 bar e à
temperatura de 250 ºC. O combustível fornece 9500 kcal/kg, dos quais 75% são cedidos à
água, sendo o restante perdido com os gases de combustão. Calcular o consumo horário de
combustível, sabendo que a temperatura da água de alimentação é 93 ºC. Considerar
desprezíveis as variações nas energias cinética e potencial entre a entrada e a saída da caldeira.
Obs.: a) pressão absoluta = pressão manométrica + pressão atmosférica; b) pressão
atmosférica local = 1 bar; c) considere a entalpia do líquido subresfriado como sendo igual à
entalpia do líquido saturado na mesma temperatura. R.: 2520 kg/h
4) Uma turbina opera em regime permanente com uma vazão mássica de 0,450 kg/s de vapor.
O vapor ingressa na turbina com uma pressão de 3,5 MPa e temperatura de 400 °C. Sua
velocidade inicial é 250 m/s. O vapor abandona a turbina a 35 kPa, 100 °C e velocidade de
30m/s. Calcular a potência fornecida pelo vapor à turbina. Considere que a variação na
energia potencial e perdas de calor através da carcaça da turbina são desprezíveis. R.: 228,2 kW
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Para a situação mostrada na figura 5.4, pode-se considerar que a equação da Primeira Lei
para volumes de controle, em regime permanente, resume-se a:
1 1
vel e2 + h e = vel s2 + h s .
2 2
he = hs. (5.57)
Exercícios
1) Por uma linha de suprimento escoa uma mistura saturada de água a 2 MPa, cujo título se quer
determinar. Para isso, uma pequena fração da mistura é succionada para dentro de um
calorímetro de estrangulamento, e liberada para a atmosfera a 100 kPa e 120°C. Determine o
título da mistura. R.: x = 0,956
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Uma parcela dos processos transientes (ou transitórios, ou não-permanentes) – por exemplo, o
enchimento de tanques fechados com gás ou líquido ou a descarga de tanques fechados – pode ser
razoavelmente representada, em primeira aproximação, por um modelo denominado processo em
regime uniforme.
As hipóteses simplificadoras são:
1) O volume de controle permanece fixo em relação ao sistema de coordenadas.
2) O estado da massa interna ao volume de controle pode variar com o tempo. Porém, em
qualquer instante, o estado é uniforme em todo o volume de controle (ou sobre as várias regiões
que o compõe).
3) O estado da massa que atravessa cada uma das áreas de fluxo, na superfície de controle, é
constante com o tempo, embora as vazões possam variar.
A equação para a Primeira Lei para volumes de controle em regime uniforme para um período
de tempo t é:
vel e2 vel s2
Q + ∑ m e h e + + gz e = ∑ m s h s + + gz s +
2 2
. (5.58)
vel 22 vel12
m 2 u 2 + + gz 2 − m1 u 1 + + gz 1 + W
2 2
Exercícios:
1) Vapor d’água à pressão de 1,4 MPa e temperatura de 300°C escoa num tubo, conforme a
figura. Um tanque em vácuo está ligado a esse tubo através de uma válvula. Abre-se a
válvula e o vapor enche o tanque até que a pressão atinja 1,4 MPa, quando a válvula é
fechada. O processo é adiabático e as variações de energia cinética e potencial são
desprezíveis. Determinar a temperatura final no tanque. R.: 452 ºC
2) Admitamos que o tanque do exemplo anterior tenha um volume de 0,4 m3 e contenha
inicialmente vapor saturado a 350 kPa. Abre-se a válvula e o vapor d’água da linha, a 1,4
MPa e 300 °C escoa para o tanque até que a pressão atinja 1,4 MPa. Calcular a massa de
vapor d’água que escoa para o tanque.
1) Um tanque isolado, em vácuo, de 15 m3 está ligado a uma linha onde o vapor d’água escoa a 2 MPa e 400
ºC. A válvula é aberta e o vapor flui para o tanque, até que este contenha 20 kg de vapor, quando a
válvula é fechada. Qual a pressão final no interior do tanque? R. 0,517 MPa
2) Um vaso isolado de 2 m3 contém vapor d’água saturado à pressão de 4 MPa. A válvula colocada no
topo do vaso é aberta, permitindo o escape do vapor. Durante esse processo, qualquer líquido
formado é coletado no fundo do vaso, de maneira que sai apenas vapor saturado. Calcular a massa
total que saiu do vaso quando a pressão interna atingiu 1 MPa. R.: 27,24 kg
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