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Em suas obras, a teórica feminista e ativista social - bell hooks - fala muito sobre
o amor. Um amor libertador, político e revolucionário. Um amor capaz de
cicatrizar as mais profundas marcas das opressões sociais. Um amor totalmente
oposto ao que cultuamos historicamente.
Vivemos em uma sociedade que celebra um amor que mais aprisiona do que
liberta; que mais exclui do que inclui; que mais fere do que afaga... O amor
romântico nada mais é que um mito construído e atravessado por uma ideologia
hegemônica patriarcal, que projeta um ideal de relação baseado em normas e
padrões socioculturais. Dessa forma, tende a abjetificar corpos dissidentes, de
possibilidades afetivas instituídas socialmente.
O amor romântico não é para todos. A naturalização desse tipo de amor legitima
a exclusão de muitos corpos no processo de afetividade na sociedade.
Justamente por conta disso, é necessário pensar em diversas possibilidades de
amar, que não sejam alicerçadas em construções hegemônicas.
Por muitas vezes, no processo de solidão afetiva, pensamos que o amor não é pra
nós. De fato, o amor romântico nos mostra isso de todas as formas. Entretanto,
existem diversas possibilidades de praticar o amor, que geralmente são mais
invisibilizadas socialmente.
Com toda sinceridade, não posso afirmar que estas outras formas de amor darão
conta de todas as lacunas e marcas provocadas pelo vazio do preterimento
afetivo – até por que continuaremos vivendo em uma sociedade com as
dinâmicas afetivo-sexuais pautadas no amor romântico. Porém, outras formas de
amor e afeto, para além do convencional, nos direcionam para um caminho de
fortalecimento e reconstrução.
Dedico esse texto para todos os corpos dissidentes que se sentem rejeitados ou
preteridos. Principalmente para as bixas pretas afeminadas e travestis. Não
desistamos do amor. Nossos corpos dissidentes já passam por tantas provações
nessa sociedade altamente opressora, que no final das contas, o amor acaba
sendo a nossa forma de regeneração e resistência. Nossos corpos merecem ser
amados. Que nos amemos!