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INTRODUÇÃO
A mandioca pertence ao grupo de plantas cianogênicas por apresentar compostos ciânicos e enzimas
distribuídas em concentrações variáveis nas diferentes partes da planta. Pela ruptura da estrutura
celular da raiz, as enzimas presentes (linamarase), degradam estes compostos, liberando o ácido
cianídrico (HCN), que é o princípio tóxico da mandioca e cuja ingestão ou mesmo inalação, representa
sério perigo à saúde, podendo ocorrer casos extremos de envenenamento (CAGNON et al., 2002),
gerando como conseqüência intoxicações crônicas, que envolvem o sistema nervoso e é chamada de
neuropatia atáxica tropical (TAN), que é representada por uma mielopatia, atrofia óptica bilateral,
surdez bilateral e polineuropatia (MIDIO & MARTINS, 2000).
A forma tóxica do cianeto é a livre (CN-) ou do seu ácido (HCN), sendo que a linamarina ligada é
dosada como cianeto total (ligado ou potencial), e para analisar o cianeto livre (fração tóxica) é
necessário hidrolisar a linamarina (CAGNON et al., 2002). Portanto, a presença de cianeto total é
apresentada como um risco potencial para a intoxicação devido à sua capacidade de gerar cianeto livre
(CN-) ou o ácido cianídrico (HCN).
Sendo solúvel em água, a maior parte dos glicosídeos capazes de gerar HCN, como a linamarina, é
removida durante o processamento da mandioca para a obtenção da farinha (OKE, 1969). A redução
efetiva do nível de composto cianogênicos ocorre: na ralação ou trituração, que permite que a ruptura
das células libere a linamarase e; na torração da massa de raízes raladas para remover os resíduos de
cianeto livre. Entre essas duas fases tem-se a prensagem, onde os glicocianetos solúveis em água são
arrastados com a água de constituição das raízes, sendo que este líquido, denominado de manipueira,
pode trazer sérios transtornos ao meio ambiente em razão da presença de cianeto em águas residuais
(COGNON et al., 2002).
Da manipueira produz-se o tucupi, que é o molho parcialmente fermentado da manipueira. O tucupi é
um alimento de pH baixo (em torno de 3,6), e a combinação entre este pH baixo e o alto teor de
linamarina pode levar à fixação do cianeto (CAGNON et al., 2002).
1
Bolsista PIBIC/CNPq/UEPA, Acadêmico do 6 semestre do curso de tecnologia Agroindustrial – Alimentos.
2
Orienadora/Pesquisadora Dra. Embrapa Amazônia Oriental.
3
. Bolsista de DCR/CNPq.
O limite para que haja intoxicação por uma substância tóxica é denominado Dose Letal (DL) que é
estabelecida em ensaios experimentais com animais. A DL50 representa a quantidade de substância
tóxica que em uma dose única, causa a morte de 50% dos indivíduos que a ingeriram. No caso da
linamarina da mandioca, esse limite ainda é discutível (CEREDA, 2003). Considera-se que a dose letal
é de aproximadamente 10 mg de HCN por kg de peso vivo (CAGNON et al., 2002).
Segundo CEREDA (2003), a manipueira apresenta cerca de 436,76 mg HCN/L, tornando-se
necessário quantificar o teor de cianeto no tucupi, para saber se seu processo de obtenção é efetivo na
detoxificação do cianeto.
OBJETIVO
MATERIAL E MÉTODOS
As amostras de tucupi analisadas foram adquiridas nas principais feiras e supermercados da cidade de
Belém-PA. Foram selecionadas oito (08) amostras de tucupi, sendo quatro (04) de tucupi sem pimenta
e quatro (04) de tucupi com pimenta, para melhor generalização dos resultados do trabalho, pois o
produto é oferecido à população nessas duas opções.
A quantificação dos cianetos total e livre nas amostras de tucupi foram realizadas no Laboratório de
Agroindústria da Embrapa Amazônia Oriental, utilizando a metodologia descrita por ESSERS et al.
(1993).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da quantificação de cianeto livre e total nas oito amostras de tucupi analisados constam
na tabela 1.
Tabela 1- Dosagem de cianeto livre e total nas amostras de tucupi da cidade de Belém-PA.
CONCLUSÃO
Pela variação dos resultados obtidos de cianetos livre e total nas amostras de tucupi, conclui-se que o
processo de obtenção do produto deve ser estudado para que o mesmo proporcione detoxificação mais
eficaz para a segurança do consumidor e que este processo seja padronizado.
AGRADECIMENTOS
ESSERS, A.J.A.; BOSVELD, Margaret; GRIFT, Remco M. van der; VORAGEN, Alfons G. J. Assay
for the cyanogens content in cassava products. (Preliminary Version, December, 1993). Department
of food Science, Wageningen. Agricultural University, Netherlands. 9p.
MIDIO, A.F. & MARTINS, D.I. Toxicologia de alimentos. Ed. Varela. São Paulo, 2000.