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BOLSONARO
Ofensiva burguesa e
Resistência proletária
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2019
Sumário
Apresentação 4
Apresentação
Camaradas e leitores.
Os leitores não deverão esperar dos textos aqui reunidos nem uma proposta
de “política econômica” para a crise em que vivemos, nem uma proposta de
solução de “políticas públicas” para enfrentar o descalabro social no qual o
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resistência das classes dominadas, cada vez mais conscientes de que estão
sendo “enroladas” por um ou outro gestor capitalista de plantão. Isso gera o
aprofundamento da contradição principal do modo de produção capitalista,
a contradição entre a burguesia (os detentores dos meios de produção) e a
classe operária (os verdadeiros produtores de toda riqueza existente).
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31 de maio de 2019
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O que esperar?
O segundo turno reforçou as tendências já apontadas no primeiro: à
fascistização e ao aumento da repressão. Tendências já presentes na
conjuntura nacional há alguns anos, que deverão se aprofundar, não apenas
como resultado direto das eleições, mas sim como consequência das graves
crises nas quais estamos enfiados.
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Por fim, a pauta das “reformas” para o capital prevê cortes adicionais e
significativos nos orçamentos públicos (educação, saúde, transportes, etc.),
ratificação e aprofundamento da nova legislação trabalhista aprovada por
Temer (tema analisado no capítulo Aumentar a informalidade para
aumentar a exploração do trabalho: a reforma trabalhista e sindical de
Bolsonaro), privatizações, etc.
Que fazer?
O crescimento da alternativa Bolsonaro, no processo eleitoral, foi
respondido por um significativo movimento de massas pelo país,
liderado por mulheres e seus coletivos – movimento que ficou
conhecido internacionalmente como #EleNão. Aliás, esse movimento
traz similaridades às resistências à extrema-direita ocorridas em outros
países – por exemplo, o movimento de mulheres contra Trump. Foram dias
de importantes manifestações, em centenas de cidades, fora a constante
mobilização e início de uma organização mais consolidada. As tentativas
de aparelhar eleitoralmente esse movimento pelo reformismo e pelo
oportunismo (PT e outros) foram um fato, assim como o abraço “crítico” à
candidatura de Haddad por muitos do movimento. O que em nada reduz
sua relevância e importância política para uma perspectiva concreta de
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[1]
Sobre as eleições 2018. Análise da crise econômica e política no Brasil hoje.
http://cemflores.org/index.php/2018/09/11/sobre-as-eleicoes-2018-analise-da-crise-
economica-e-politica-no-brasil-hoje/.
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A magnitude da recessão
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Essa mesma tabela também quantifica o que o país precisaria crescer para
voltar ao patamar anterior ao início da crise (primeiro trimestre de 2014).
Ou seja, apenas para voltar para os níveis de cinco anos atrás, o PIB precisa
crescer 5%; a indústria, 14%; as importações, 18% e o investimento 35%!
Com o ritmo de crescimento de 1% observado em 2017, 2018 e, ao que
tudo indica, em 2019 (pode ser menos!), esses números só seriam
alcançados no final de 2023...
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ainda não tivemos recuperação. Se isso não é sinal de depressão, não sei o
que é”.
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Desigualdade crescente
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Prováveis “cenários”
Se esses resultados se confirmarem em termos de taxa de lucro, de acordo
com a teoria marxista, teríamos então as seguintes possibilidades: 1) a
contínua elevação da taxa de lucro estimularia os investimentos e a
acumulação (portanto, a exploração), encerrando a estagnação, ou 2) o
aumento da taxa de lucro se mostraria pequeno e insustentável, voltando a
se reduzir e indicando uma nova recessão à vista.
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E, como dissemos no início do texto, para sair desse inferno sem fim que é
o capitalismo, cabem à classe operária e aos comunistas construírem a
única alternativa possível: a revolucionária.
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[1]
Teses Sobre a Crise do Capital e a Luta de Classes no Brasil.
http://cemflores.org/index.php/2017/04/16/teses-sobre-a-crise-do-capital-e-a-luta-de-
classes-no-brasil/
[2]
Brasil: Crise e Regressão (Parte 2).
http://cemflores.org/index.php/2014/12/09/brasil-crise-e-regressao-parte-2/
[3]
Brasil: Crise e Regressão (Parte 3). http://cemflores.org/index.php/2015/01/21/265/
[4]
Marcelo Medeiros e Fábio Ávila de Castro. A composição da renda no topo da
distribuição: evolução no Brasil entre 2006 e 2012, a partir de informações do
Imposto de Renda. Economia e Sociedade, 2018.
[5]
A propaganda da diminuição da ―desigualdade social‖ no Brasil e seu propósito
ideológico. http://cemflores.org/index.php/2014/12/17/a-propaganda-da-diminuicao-da-
desigualdade-social-no-brasil-e-seu-proposito-ideologico/
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e similares. Esses fazem uma parte do papel dos bancos: reúnem uma
massa gigantesca de dinheiro e o transformam em capital ao emprestar para
os capitalistas ampliarem sua acumulação e seus lucros, dos quais recebem
uma generosa porção.
Não era de outra forma que Lula justificava sua “reforma” em 2003: “Nas
justificativas que enviou com as propostas de mudanças constitucionais, o
presidente Lula assinala que elas são fundamentais para tornar a
Previdência mais justa”.
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Mais recentemente esta meta foi renovada em sua visita ao Chile: “Eu
tenho dito que na questão trabalhista nós devemos beirar a informalidade
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porque a nossa mão de obra talvez seja uma das mais caras do mundo”.
Ou seja, no Brasil o trabalho – mesmo após a enorme reforma trabalhista
de Temer, em 2017 (sobre a qual escrevemos em nosso site) – necessitaria
de ainda mais desregulamentação e ausência de fiscalização, mais
flexibilidade de contratos e mais restrições à atuação sindical… Melhores
condições, em suma, para o patrão esfolar o trabalhador como bem
entender. Mais poder ao código penal da fábrica, como diria Marx, e menos
Brasília, como diria Bolsonaro. Diminuindo, assim, o “horror” (sic!) que é
ser patrão no Brasil, também como diz esse último.
O governo seguiu anunciando (e, sobretudo, praticando!), dia após dia, suas
intenções abertamente patronais. Defesa do fim da justiça do trabalho e seu
suposto excesso de proteção ao trabalhador; proposta de criação de uma
nova carteira de trabalho (sic!), verde e amarela, revogando as conquistas
existentes e vinculada com a reforma da previdência; execução de
uma nova onda de privatizações e enxugamento de empregados e
servidores públicos etc.
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pelo ARE formal (e mesmo dele fazendo parte). Esse reforço se dá,
por exemplo, pelo apoio explícito de Bolsonaro e seus filhos às
milícias, na defesa (explícita/implícita) da impunidade das ações de
repressão, etc.
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Mas isso é apenas uma face da desgraça que a classe operária e os demais
trabalhadores têm sofrido nesses tempos. A taxa composta de subutilização
da força de trabalho é um indicador mais completo e representa melhor o
mercado de trabalho nessa conjuntura. Esta inclui não só os
desempregados, mas os subocupados (presos a empregos de menos de 40h
semanais) e a força de trabalho em potencial (os que queriam trabalhar,
mas estão sem procurar emprego por alguma razão). Essa taxa subiu quase
10 pontos percentuais entre 2014 e 2018, chegando a atingir praticamente
25% de toda a população trabalhadora do país, e permanece ainda mais
estável do que a taxa de desemprego – e no patamar mais alto desde o
início da série histórica (2012). São quase 30 milhões de trabalhadores
nessa situação. É gigantesco também o contingente dos que desistiram de
procurar emprego: quase 5 milhões de trabalhadores no quarto trimestre de
2018!
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Mas talvez o efeito mais robusto da reforma tenha sido através de sua
face “sindical”. A retirada do imposto sindical derrubou a arrecadação de
todas as entidades, inclusive as centrais sindicais. Segundo levantamento
feito pelo G1, em novembro de ano passado, os bilhões do movimento
sindical viraram apenas poucas centenas de milhões: de quase R$2 bilhões
de arrecadação em 2017, caiu para menos de R$300 milhões em 2018.
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Mas hoje o sonho maior da burguesia nessa vereda parece mesmo ter
uma coloração específica: auriverde. A proposta da famigerada
carteira de trabalho verde e amarela, que possuiria apenas os direitos
mínimos presentes (ainda) na Constituição atual, em uma só sacada:
descartaria a CLT, em vez de adentrar em seus meandros e em suas eternas
reformas; criaria mais uma subdivisão na força de trabalho e nas categorias,
semelhante ao feito com a massificação dos contratos terceirizados, com
efeitos nefastos à organização dos trabalhadores; criaria uma clientela
específica para o regime de capitalização, estudado para ser específico para
esses contratos.
O proletariado, por sua vez, não tem nada a perder a não ser os seus
grilhões. Tem um mundo a ganhar!
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[1]
Aliás, o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia é
ninguém menos que o próprio relator da reforma trabalhista de 2017, o ex-deputado
Rogério Marinho (PSDB).
[2]
Isso não foi verdade nem mesmo após um levante proletário que derrubou a
monarquia, mas não o regime burguês, como em Fevereiro de 1848. Como afirmou
Marx em As Lutas de Classe na França:
“Os operários tinham feito a revolução de Fevereiro juntamente com a burguesia; ao
lado da burguesia procuravam fazer valer os seus interesses, tal como tinham instalado
um operário no próprio Governo provisório ao lado da maioria burguesa. Organização
do trabalho! Mas o trabalho assalariado é a organização burguesa existente do
trabalho. Sem ele não há capital, nem burguesia, nem sociedade
burguesa. Um ministério especial do Trabalho! Mas os ministérios das Finanças, do
Comércio, das Obras Públicas não são eles os ministérios burgueses do trabalho? Ao
lado deles, um ministério proletário do trabalho tinha de ser um ministério da
impotência, um ministério dos desejos piedosos, uma Comissão do Luxemburgo”
(https://www.marxists.org/portugues/marx/1850/11/lutas_class/cap01.htm).
[3]
Causas Contrariantes [da Lei da Queda Tendencial da Taxa de Lucro]:
“I. Elevação do grau de exploração do trabalho. O grau de exploração do trabalho, a
apropriação de mais trabalho e de mais-valia, é elevado a saber por meio de
prolongamento da jornada de trabalho e intensificação do trabalho. …
II. Compressão do salário abaixo de seu valor… é uma das causas mais significativas
de contenção da tendência à queda da taxa de lucro.”
MARX, Karl. O Capital. Crítica da Economia Política. Livro Terceiro, Tomo I,
Seção III (Lei da Queda da Taxa de Lucro), Capítulo XIV (Causas Contrariantes). 3ª
Edição. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 168-170.
[4]
Para nossa análise sobre o movimento sindical contemporâneo no Brasil,
ver: http://cemflores.org/index.php/2017/07/10/o-movimento-sindical-na-crise-do-
capitalismo-brasileiro/
[5]
A Medida Provisória 873/2019 e o Decreto 9.735/2019 impedem que a contribuição
sindical seja descontada na folha de pagamento. Essas medidas visam barrar alternativas
que os sindicatos estavam encontrando para continuar descontando o imposto sindical
de suas bases, contornando a reforma trabalhista. Sobre a situação financeira dos
sindicatos no atual cenário, trataremos mais à frente.
[6]
Wagner Freitas, presidente da CUT: “É verdade que o Governo [Bolsonaro] foi eleito
por 57 milhões de pessoas e que ele vai tomar posse no dia 1º de janeiro. A CUT vai
procurar o Governo para negociar os interesses dos trabalhadores. Diferentemente do
que fez com o [presidente Michel] Temer, que nunca foi eleito, o senhor Jair Bolsonaro,
com todas as críticas que eu possa fazer, foi eleito presidente da República. E portanto
nós vamos tratá-lo assim, como quem foi eleito, e vamos levar a nossa pauta de
reivindicação dos trabalhadores para ser negociada. […] devemos apresentar uma
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proposta de Previdência que nós entendemos que seja adequada ao momento que
estamos vivendo”.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/17/politica/1545056931_483830.html
A quase totalidade das Centrais Sindicais tem tratado o governo de
forma “diplomática”, mesmo que este deixe claro sua ojeriza ao sindicalismo – mais
ainda que o gerente anterior, Temer. Recentemente, os burocratas sindicais se
animaram em serem chamados pelo vice-presidente para uma “conversa”.
[7]
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/190320_cc_42_mercad
o_de_trabalho.pdf
[8]
Já comentamos sobre o tema, aqui: http://cemflores.org/index.php/2018/04/30/os-
impactos-iniciais-dos-primeiros-seis-meses-da-reforma-trabalhista/
[9]
Estas, se surgirem, terão que receber a autorização do funcionário do governo Sergio
Moro, ninguém menos do que o articulador da repressão no país. Moro escalou no
início do ano um delegado da Polícia Federal para cuidar dos registros sindicais,
Alexandre Rabelo Patury, que tem no currículo cursos ministrados pelo FBI.
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Essa unidade foi expressa não só pelo apoio unânime de tais setores à
eleição do fascista, mas também pelo programa e início do novo governo
que, como dissemos acima, dá mais voz e corpo (e cargos e sinecuras!) a
esses movimentos e bandeiras.
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[1]
A matéria traz as seguintes declarações textuais do deputado Sóstenes Cavalcanti
(DEM-RJ), um dos líderes da bancada evangélica:
– “Nós não vamos indicar qualquer nome, mas nos sentimos no direito de vetar quem
for de outro campo ideológico porque ajudamos a construir a candidatura de
Bolsonaro”;
– “Queremos que o governo dê certo na economia, isso é importante. Mas demoramos
para chegar a um governo ideologicamente afinado conosco, não vamos deixar que o
cérebro dele, que é o Ministério da Educação, fique com a esquerda”;
– “Para nós, o futuro governo pode errar no que quiser, menos no Ministério da
Educação”. (https://congressoemfoco.uol.com.br/legislativo/bancada-evangelica-tem-
direito-a-vetar-ministro-da-educacao-diz-deputado/).
O deputado parece identificar perfeitamente o papel do Aparelho Ideológico de Estado
escolar para a reprodução do capital e a luta de classes…
[2]
Recomendamos aos camaradas o seguinte texto sobre o tema,
do Lavrapalavra: https://lavrapalavra.com/2018/06/15/as-contribuicoes-do-marxismo-
althusseriano-para-o-debate-sobre-o-aparelho-escolar-na-sociedade-capitalista-notas-
introdutorias/.
[3]
POULANTZAS, Nicos. As classes sociais no capitalismo hoje. São Paulo: Zahar,
1975.
[4]
BAUDELOT, Christian; ESTABLET, Roger. La escuela capitalista. 10. ed. México:
Siglo XXI, 1987.
[5]
Aliás, a política petista para a educação pariu nada mais, nada menos, que o maior
monopólio educacional do mundo: a Kroton. https://exame.abril.com.br/revista-
exame/redes-privadas-de-ensino-ganharam-fortunas-com-governo/.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/06/conglomerados-do-ensino-superior-
avancam-sobre-a-educacao-basica.shtml.
[6]
Ver esse estudo do
IPEA: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3021/1/TD_1950.pdf.
[7]
Mas não só: no Paraná, por exemplo, se combinou com forte greve dos professores da
educação básica. Houve também uma Greve Geral da Educação em 2017.
[8]
“Fica um grupo muito seleto e relativamente homogêneo, que não é a realidade da
maior parte das escolas, por isso o desempenho final desses alunos tende a ser maior“,
diz professor da USP entrevistado na seguinte
matéria: https://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2019/03/escolas-militares-
modelo-excludente-educacao.
[9]
Isso também compreende eliminar referências a indígenas, negros, mulheres, LGBT.
Trata-se para o novo governo não só de desvio de recursos para o essencial como
também politicamente um perigo. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-
noticias/2019/01/02/velez-confirma-desmonte-de-secretaria-da-diversidade-apos-tuite-
bolsonaro.htm. Sem contar o revisionismo histórico, uma das metas incessantes dos
militares: https://apublica.org/2018/11/para-criticos-objetivo-do-escola-sem-partido-e-
reescrever-historia-da-ditadura/.
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O que já deve estar claro, mas ainda assim deve ser explicitado, é que “a
extrema violência da sociedade brasileira”, na verdade, é a extrema
violência do capitalismo brasileiro. Ou seja, a violência é causada, de
um lado, pelas condições bárbaras de vida impostas às classes
exploradas (desemprego, miséria, fome); de outro, tem um caráter de
repressão de classe, pela resposta repressiva da classe dominante por
meio de seu Estado, e de contínuo controle social. Essa repressão,
portanto, é apoiada e estimulada pelas classes dominantes e por uma
crescente maioria das camadas médias, e dirigida contra as classes
dominadas.
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moradores das periferias das (grandes) cidades. E essa maioria tem cor,
são…
… mulatos
Ou quase pretos
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Composição do ARE
entanto, “não está formada apenas por homens armados, mas também por
acessórios materiais, as prisões e as instituições coercitivas de todo
gênero” (Engels). Na época do imperialismo, com o fortalecimento ainda
maior do Estado burguês, Lênin o qualifica de “presídios militares para os
operários”, dada a “monstruosa opressão das massas trabalhadoras pelo
Estado”.
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Logo, mais repressão, por mais irracional que pareça aos especialistas, é
a única solução da burguesia em tal cenário e em última instância. Não
só para retomada de regiões e populações ―fora do controle‖, mas
também como salvaguarda para qualquer tentativa de revide político dos
dominados, cuja situação de crise econômica só tende a acirrar tal
tendência”.
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(55%) tem menos de 30 anos, 465 mil (64%) são negros, e 545 mil (75%)
tem, no máximo, o ensino fundamental. O ARE no Brasil identifica a
idade, a cor, o local de moradia e a classe social dos seus alvos.
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Desde os anos 1960, a periferia das grandes cidades vem sendo infestada
pelos “esquadrões da morte”, organizados seja para a vingança das mortes
de policiais, seja para vender segurança aos pequenos proprietários e
população de suas áreas de atuação. A partir dos anos 2000, essa atuação
violenta/repressora das milícias vem se ampliando para uma atuação mais
orgânica e profissional, emulando a atividade empresarial e buscando
diversificar suas fontes de rendimento mediante controle de território e de
todo o tipo de produtos e serviços nessa área (do “gatonet” às drogas,
passando pela construção civil). Um pressuposto desse controle é a
eliminação violenta e imediata de qualquer ameaça à sua atuação, como foi
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[1]
Essas citações e as seguintes (quando não houver atribuição específica), mesmo
quando referentes a Marx e a Engels, constam do livro O Estado e a Revolução, de
Lênin (1917), e foram traduzidas do espanhol: El Estado y la Revolución. La Doctrina
Marxista del Estado y las Tareas del Proletariado em la Revoluciíon. Obras
Completas, tomo 33. Moscou: Editorial Progresso, 1986. Disponível em português
em https://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/08/estadoerevolucao/index.htm.
[2]
ALTHUSSER, Louis. (Março-Abril de 1969). Sobre a Reprodução. Petrópolis:
Vozes, 1999, pg. 225.
[3]
“As classes dominantes não podem dominar as classes exploradas exclusivamente
pelo uso da violência; a dominação deve sempre ser apresentada como legítima pela
manipulação estatal da ideologia dominante, a qual provoca um certo consenso em
certas classes e frações das classes dominadas”. POULANTZAS. Nicos. (1976). The
Political Crisis and the Crisis of the State. In: MARTIN, James (editor). The
Poulantzas Reader: Marxism, Law and the State. Londres: Verso, 2008, pg. 301.
[4]
A imprensa diária nos informa sem parar dessas contradições entre as diferentes
facções do governo (militares x olavetes), do poder judiciário (STF x Lava-Jato), entre
outros. Mais além dos conflitos entre personalidades, trata-se de disputas de poder entre
essas facções, travadas sobre os rumos das políticas de Estado, ou seja, sobre as
melhores formas de dominação burguesa em cada conjuntura.
Nas palavras de Althusser: “Mas o fato é que o conjunto desses membros faz parte de
um único e mesmo corpo de executantes repressores às ordens dos detentores do poder
de Estado que são os representantes políticos da classe dominante …, aplicando sua
política de classe. É a razão pela qual podemos dizer que o Aparelho repressor de
Estado constitui um todo orgânico porque organizado-unificado sob uma direção
única: a dos representantes políticos da classe no poder” (op. cit., pg. 160).
[5]
Ainda Althusser: “desde a mais brutal força física até às simples ordens e proibições
administrativas, à censura aberta ou tácita, etc.” (op. cit., pg. 164).
[6]
No gráfico, os números de 2008 a 2016 têm como fonte o Atlas da Violência 2018,
do Ipea/FBSP, disponível em http://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/. Para 2017, a fonte
é o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2018, do FBSP, disponível
em http://www.forumseguranca.org.br/wp-
content/uploads/2018/08/Apresenta%C3%A7%C3%A3o_Anu%C3%A1rio.pdf.
[7]
http://cemflores.blogspot.com/2013/09/cade-os-amarildos.html
[8]
http://cemflores.org/index.php/2018/06/16/os-limites-da-dominacao-capitalista-no-
brasil/
[9]
POULANTZAS. Op. cit., pg. 322.
[10]
PASSOS, Aline e OLIVEIRA, Henrique. O Pretexto da Legítima Defesa. Revista
Cult, ano 22, nº 244, abril de 2019, pg. 28.
[11]
http://cemflores.org/index.php/2018/06/16/os-limites-da-dominacao-capitalista-no-
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Essa nova disposição “brazileira” já foi muito bem captada pelo atual
principal artífice político da estratégia imperialista dos EUA para a
América Latina, Marco Rubio, gusano e senador republicano da Flórida
[6]
. Em artigo recente [7], Rubio define um programa para o Brasil de
forma explícita como há tempo não se via. Vejamos suas, digamos,
“orientações” para Bolsonaro:
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a defesa dos seus interesses e lucros e, para isso, não poderão negligenciar
a China. Ou seja, os interesses do vil metal da burguesia colocam-na, e
ao governo brasileiro, no meio da disputa interimperialista dominante
no mundo de hoje [12]. Não haverá posicionamento em favor de um lado
que não gere contradições com o outro.
110
Cem Flores (cemflores.org)
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O governo Bolsonaro: Ofensiva burguesa e Resistência proletária
[1]
Ver a lista dos 32 principais, dos quais 26 oficiais generais das três forças,
principalmente do Exército, em https://congressoemfoco.uol.com.br/governo/governo-
bolsonaro-ja-passa-de-30-militares-em-postos-chave/. A Folha de São Paulo já fala em
mais de 45 os militares nomeados para cargos no governo:
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/01/militares-ja-se-espalham-por-21-areas-
do-governo-bolsonaro-de-banco-estatal-a-educacao.shtml
[2]
Inspirado na frase de Marx sobre o Bonaparte menor no prefácio à segunda edição
de O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, de 1869, disponível
em https://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/prefacio.htm.
[3]
Conceito e frase (explicitamente) althusserianos citados conforme o filme Luta em
Itália, de 1970, do Coletivo Dziga Vertov.
[4]
Conforme, entre outros, a insuspeita Veja: https://veja.abril.com.br/mundo/em-
encontro-no-rio-bolsonaro-presta-continencia-para-bolton/.
[5]
https://theintercept.com/2018/11/11/amadorismo-e-delirios-conspiratorios-marcam-
primeiros-passos-da-politica-externa-de-bolsonaro/.
[6]
Conforme as informações do New York Times
em https://www.nytimes.com/2019/01/26/world/americas/marco-rubio-venezuela.html.
[7]
Marco Rubio. US Should Go Big on Brazil.
https://edition.cnn.com/2019/01/29/opinions/us-should-go-big-on-brazil-
rubio/index.html.
[8]
Lênin. Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, disponível
em https://www.marxists.org/portugues/lenin/1916/imperialismo/cap7.htm.
[9]
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/02/bannon-anuncia-eduardo-bolsonaro-
como-lider-sul-americano-de-movimento-de-ultradireita.shtml.
[10]
http://www.mdic.gov.br/balanca/mes/2018/BCP056A.xlsx.
[11]
https://www.bcb.gov.br/publicacoes/relatorioid.
[12]
Para acrescentar um pouco de comédia pastelão a essa história, veja-se o caso da
viagem da comitiva dos parlamentares eleitos do partido de Bolsonaro à China e
diatribes que isso causou na parcela americanista de seus apoiadores. O melhor relato
está na piauí: https://piaui.folha.uol.com.br/olavo-lidera-insurgencia-entre-
bolsonaristas/ e https://piaui.folha.uol.com.br/deputados-do-psl-na-china-mandam-
recado-para-bolsonaro-sobre-previdencia/.
[13]
Ao substituir a Liga dos Justos pela Liga Comunista e trocar seu slogan, de “Todos
os Homens São Irmãos” para “Proletários de Todos os Países, Uni-vos”, “Marx teria
declarado que havia muitos homens de quem ele não desejava ser irmão de modo
algum” (McLELLAN, Donald. Karl Marx. Vida e Pensamento. Petrópolis: Vozes,
1990, pg. 188).
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Cem Flores (cemflores.org)
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