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Pedagógicos
Contém resumos e testes selecionados
e comentados do ECA e LDB.
OT011-2017
DADOS DA OBRA
Autores
Ana Maria Barbosa Quiqueto
Camila Santos Cury
Angelo Rigon
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Suelen Domenica Pereira
Camila Lopes
Capa
Bruno Fernandes
Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
SUMÁRIO
Conhecimentos Pedagógicos
- Concepção e Prática;............................................................................................................................................................................................ 01
- Didática .................................................................................................................................................................................................................... 03
- O processo ensino aprendizagem: objetivos, planejamento, métodos e avaliação: Abordagens de acordo com as ten-
dências pedagógicas; ............................................................................................................................................................................................. 08
- Principais teorias da aprendizagem: inatismo, comportamentalismo, behaviorismo, interacionismo;............................... 18
- Teorias cognitivas.................................................................................................................................................................................................. 18
- Papel Político-Pedagógico e Organicidade do Ensinar;......................................................................................................................... 22
- Aprender e Pesquisar;.......................................................................................................................................................................................... 24
- Currículo e Construção do Conhecimento;................................................................................................................................................. 26
- Processo Ensino-Aprendizagem;..................................................................................................................................................................... 33
- Educação Inclusiva;............................................................................................................................................................................................... 35
- Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs;................................................................................................................................................. 48
- As contribuições de Piaget, Vygotsky e Wallon para a Psicologia e Pedagogia, as bases empíricas, metodológicas e
epistemológicas das diversas teorias de aprendizagem;.......................................................................................................................... 77
- Bases Legais da Educação Nacional: Constituição da República........................................................................................................ 77
- LDB - Lei nº 9.394/1996..................................................................................................................................................................................... 80
- Plano Nacional de Educação ........................................................................................................................................................................... 96
- Lei nº 10.172/2001................................................................................................................................................................................................ 96
- Estatuto da Criança e do Adolescente .......................................................................................................................................................111
- Lei nº 8.069/1990 (ECA)....................................................................................................................................................................................111
- A teoria das inteligências múltiplas de Gardner......................................................................................................................................147
- A avaliação como progresso e como produto.........................................................................................................................................150
- Informática educativa.......................................................................................................................................................................................152
- Questões do Estatuto da Criança e do Adolescente ............................................................................................................................156
- Questões Referentes à Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/96)........................................................................180
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
- Concepção e Prática;............................................................................................................................................................................................ 01
- Didática .................................................................................................................................................................................................................... 03
- O processo ensino aprendizagem: objetivos, planejamento, métodos e avaliação: Abordagens de acordo com as ten-
dências pedagógicas; ............................................................................................................................................................................................. 08
- Principais teorias da aprendizagem: inatismo, comportamentalismo, behaviorismo, interacionismo;............................... 18
- Teorias cognitivas.................................................................................................................................................................................................. 18
- Papel Político-Pedagógico e Organicidade do Ensinar;......................................................................................................................... 22
- Aprender e Pesquisar;.......................................................................................................................................................................................... 24
- Currículo e Construção do Conhecimento;................................................................................................................................................. 26
- Processo Ensino-Aprendizagem;..................................................................................................................................................................... 33
- Educação Inclusiva;............................................................................................................................................................................................... 35
- Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs;................................................................................................................................................. 48
- As contribuições de Piaget, Vygotsky e Wallon para a Psicologia e Pedagogia, as bases empíricas, metodológicas e
epistemológicas das diversas teorias de aprendizagem;.......................................................................................................................... 77
- Bases Legais da Educação Nacional: Constituição da República........................................................................................................ 77
- LDB - Lei nº 9.394/1996..................................................................................................................................................................................... 80
- Plano Nacional de Educação ........................................................................................................................................................................... 96
- Lei nº 10.172/2001................................................................................................................................................................................................ 96
- Estatuto da Criança e do Adolescente .......................................................................................................................................................111
- Lei nº 8.069/1990 (ECA)....................................................................................................................................................................................111
- A teoria das inteligências múltiplas de Gardner......................................................................................................................................147
- A avaliação como progresso e como produto.........................................................................................................................................150
- Informática educativa.......................................................................................................................................................................................152
- Questões do Estatuto da Criança e do Adolescente ............................................................................................................................156
- Questões Referentes à Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/96)........................................................................180
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Profª. Mestre Ana Maria Barbosa Quiqueto A função social do ensino e a concepção sobre os processos
de aprendizagem: instrumentos de análise
Assistente Social, Professora Universitária e Pesquisado-
ra em Assuntos Educacionais. Aluna ouvinte do Programa Sobre os conteúdos da aprendizagem, seus significados
de Doutorado da Universidade Estadual Paulista - UNESP, são ampliados para além da questão do que ensinar, encon-
Mestre em Educação pela Universidade do Oeste Paulista – trando sentido na indagação sobre por que ensinar. Deste
UNOESTE e Especialista em Gestão de Políticas Públicas pela modo, acabam por envolver os objetivos educacionais, definin-
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP). do suas ações no âmbito concreto do ambiente de aula. Esses
Atua como Assistente Social na Prefeitura Municipal de Ar- conteúdos assumem o papel de envolver todas as dimensões
co-Íris, no segmento Gestão de Políticas Públicas Sociais. da pessoa, caracterizando as seguintes tipologias de aprendi-
Professora de Graduação e Pós-Graduação na Universidade zagem: factual e conceitual (o que se deve aprender?); procedi-
Paulista (UNIP). Pesquisadora e Membro do Comitê Cientí- mental (o que se deve fazer?); e atitudinal (como se deve ser?).
fico de Pesquisa da Revista Espanhola Iberoamérica Social: Para o autor, o papel do objetivo educacional é a formação
Revista-red de estudios sociales - ISSN 2341-0485. Escritora integral para a autonomia, equilíbrio pessoal, relações interpes-
de assuntos socioassistenciais e educacionais, mais especifi- soais, etc.
camente na área acadêmica e elaboração de materiais para A primeira conclusão que o autor chega quanto ao conheci-
concursos públicos nos diversos tipos de escolaridade. mento dos processos de aprendizagem é a atenção à diversidade.
Para o autor a diversidade deve fazer parte do trabalho do
professor, pois alunos e alunas são diferentes em muitos aspec-
tos (físico, emocional, cognitivo, etc.)
- CONCEPÇÃO E PRÁTICA; Construtivismo: concepção sobre como se produzem os
processos de aprendizagem
Os tópicos em questão, serão estudados conforme as O ensino tradicional está relacionado às diferentes discipli-
ideias de Zabala, propostas no livro “A prática educativa: nas. Por conteúdos factuais se entende o conhecimento de fa-
como ensinar”1. tos, acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e
singulares: a idade de uma pessoa, a conquista de um território.
A prática educativa: unidades de análise São conteúdos em que as respostas são inequívocas.
Um conteúdo procedimental é um conjunto de ações or-
Buscar a competência em seu ofício é característica denadas e com um fim, para a realização de um objetivo. São
de qualquer bom profissional. Zabala elabora um modelo conteúdos procedimentais: ler, desenhar, observar, calcular,
que seria capaz de trazer subsídios para a análise da prá- classificar, traduzir, recortar, saltar, inferir, espetar, etc.
tica profissional. Como opção, utiliza-se do modelo de in- Os conteúdos atitudinais englobam conteúdos agrupados
terpretação, que se contrapõe àquele em que o professor em valores, atitudes e normas cada um destes com natureza
é um aplicador de fórmulas herdadas da tradição, funda- diferenciada.
mentando-se no pensamento prático e na capacidade re-
flexiva do docente. As sequências didáticas e as sequências de conteúdo
A finalidade da escola é promover a formação integral
dos alunos, segundo Zabala, que critica as ênfases atribuí- Certos questionamentos pareceram-nos relevantes: na se-
das ao aspecto cognitivo. Para ele, é na instituição escolar, quência há atividades que nos permitam determinar os conhe-
através das relações construídas a partir de experiências cimentos prévios? Atividades cujos conteúdos sejam propostos
vividas, que se estabelecem os vínculos e as condições de forma significativa e funcional? Atividades em que possamos
que definem as concepções pessoais sobre si e os demais. inferir sua adequação ao nível de desenvolvimento de cada alu-
A partir dessa posição ideológica acerca da finalidade da no? Atividades que representam um desafio alcançável? Provo-
educação escolarizada, é conclamada a necessidade de quem um conflito cognitivo e promovam a atividade mental?
uma reflexão profunda e permanente da condição de cida- Sejam motivadoras em relação à aprendizagem de novos con-
dania dos alunos, e da sociedade em que vivem. teúdos? Estimulem a autoestima e o autoconceito? Ajudem o
Segundo, o autor, na nossa vida particular e profissio- aluno a adquirir habilidades relacionadas com o aprender, sen-
nal, vivemos questionando sobre o que e como fazemos, e do cada vez mais autônomo em suas aprendizagens?
os resultados daí decorrentes. Concluímos então que algu- A partir de nossas propostas de trabalho, aparecem para
mas coisas fazemos muito bem, outras mais ou menos e, os alunos, diferentes oportunidades de aprender diversas coi-
por último, algumas que somos incapazes de realizar. sas; para os educadores, uma diversidade de meios para cap-
As variáveis que condicionam a prática educativa são tar os processos de construção que eles edificam, neles incidir
difíceis de definir, dada a complexidade como se manifesta, e avaliar; nem tudo se aprende do mesmo modo, no mesmo
pois nelas se expressam múltiplos fatores, ideias, valores, tempo, nem com o mesmo trabalho; por que nosso desejo de
hábitos, pedagógicos, etc. que sejam tolerantes e respeitosos se vê frustrado justamente
naquelas ocasiões em que é mais necessário exercer a tolerân-
cia e respeito?; refletir sobre o que aprender o que propomos
1 Material consultado em: http://apeoespbebedouro.blogspot.com. pode nos conduzir a estabelecer propostas suscetíveis de aju-
br/2011/07/pratica-educativacomo-ensinar-antoni.html dar mais os alunos e ajudar a nós mesmos.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Com o passar dos anos e o desenvolvimento da socie- Dentro dessa perspectiva percebemos que “a atividade
dade, da ciência e dos meios de produção, o clero e a no- de ensinar é vista, comumente, como transmissão de maté-
breza foram perdendo aos poucos seus “poderes”, enquan- ria aos alunos, realização de exercícios repetitivos, memo-
to crescia o da burguesia. Essas transformações fizeram rização de definições e fórmulas”. Essa caracterização de
crescer a necessidade de um ensino ligado ás exigências ensino é vista em muitas escolas em que o professor é o
do mundo atual, que contemplasse o livre desenvolvimen- elemento ativo que fala, interpreta e transmite o conteúdo;
to das capacidades e dos interesses individuais de cada um. levando ao aluno à tarefa de reproduzir mecanicamente o
Jean Jacques Rousseau (1712–1778) foi um pensador que absorveu; o que na visão de Libâneo é chamado de
que percebeu essas novas necessidades e propôs uma “ensino tradicional”.
nova concepção de ensino, baseada nos interesses e ne- Concordamos com o autor quando diz que o professor
cessidades imediatas da criança, sendo esse o centro de não proporcionar através desse método o desenvolvimen-
suas ideias. to individual de conhecimento; com isso é observável que
Enquanto Comênio, ao seguir as “pegadas da nature- o livro didático é feito para ser vencido, o trabalho do pro-
za”, pensava em “domar as paixões das crianças”, Rousseau fessor fica restrito às paredes de sala de aula, a realidade;
parte da ideia da bondade natural do homem, corrompido assim como o nível e condições que o aluno é submetido
pela sociedade. para chegar até o conhecimento não são levados em conta.
Veiga diz que “[...] dessa forma não se poderia pensar Nesse contexto a Didática é de extrema importância
em uma prática pedagógica, e muito menos em uma pers- para um bom funcionamento e desenvolvimento do traba-
pectiva transformadora na educação”. A metodologia de lho na escola de forma que ela organiza e planeja as ativi-
ensino (didática) era entendida somente como um conjun- dades do professor em relação aos alunos visando alcan-
to de regras e normas prescritivas que visam a orientação çar seus objetivos, desenvolvimento de habilidades; como
do ensino e do estudo. também hábitos e o conhecimento intelectual.
Após os jesuítas não ocorreram no país grandes mo-
vimentos pedagógicos, a nova organização instituída por A didática como fator de qualidade no processo de ensi-
Pombal representou pedagogicamente, um retrocesso no
no e aprendizagem
sistema educativo, pois professores leigos começaram a ser
admitidos para ministrar “aulas-régias”, introduzidas pela
O processo de ensino deve ter como ponto de partida
reforma pombalina.
o nível de conhecimento, as experiências que proporcio-
Para Veiga dada a predominância da influência da pe-
nam uma transmissão progressiva das capacidades cogniti-
dagogia nova na legislação educacional e nos cursos de
vas como intelectuais; o que liga o ensino à aprendizagem.
formação para o magistério, o professor absorveu seu
ideário. Nesse contexto a história da Didática e a prática escolar
Segundo Libâneo (1994) “um entendimento crítico da presente tende a separar os conteúdos de ensino do de-
realidade através do estudo das matérias escolares...”, e as- senvolvimento de capacidades e habilidades; configuradas
sim os alunos podem expressar de forma elaborada os co- também como aspecto material e formal do ensino. Desta
nhecimentos que correspondem aos interesses prioritários forma percebemos que o ensino une dois aspectos pelo
da sociedade e inserir-se ativamente nas lutas sociais, ou fato de que a assimilação de conteúdos requer desenvolvi-
seja, defender seus ideais de acordo com sua realidade. mento de capacidades e habilidades cognoscitivas.
Comênio acreditava poder definir um método capaz de É importante ressaltar que o processo de ensino faz a
ensinar tudo a todos, ou como ele cita em sua obra “a arte interação entre dois momentos fundamentais: a transmis-
de ensinar tudo a todos” e esclarece: são e assimilação ativa tanto de conhecimentos quanto de
A proa e a popa de nossa Didática será investigar e habilidades. Com isso cabe ao professor a tarefa de ensinar
descobrir o método segundo o qual os professores ensi- de modo que se tenha organização didática dos conteúdos
nem menos e os estudantes aprendam mais: nas escolas que venha a promover condições assimiláveis de aprendi-
haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inú- zagem; de forma que ele controle e avalie as atividades.
til, e, ao contrário, haja mais recolhimentos, mais atrativo e Nesse sentido, Planejamento de ensino é o processo de
mais sólido progresso; na Cristandade, haja menos trevas, decisão sobre atuação concreta dos professores, no coti-
menos confusão, menos dissídios, e mais luz, mais ordem, diano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e
mais paz, mais tranquilidade. situações, em constantes interações entre professor e alu-
De certo modo podemos dizer que a Didática é uma nos e entre os próprios alunos.
ciência cujo objetivo fundamental é ocupar-se das estraté- O professor, portanto, planeja, controla, facilita e orien-
gias de ensino, das questões práticas relativas à metodolo- ta o processo de ensino; de maneira que estimula o de-
gia e das estratégias de aprendizagem. senvolvimento de atividades próprias dos alunos para a
Ao longo do estudo sobre o processo de ensino na es- aprendizagem.
cola podemos observar a relação entre o ensino e a apren- Essa interação de acordo com o autor é que promove
dizagem através da atividade do professor em relação a do a situação de ensino aprendizagem; ela é denominada de
aluno. Desta forma a didática se manifesta no contexto de “aprendizagem organizada” por ter uma finalidade especi-
se organizar o ensino; de maneira que se tracem os objeti- fica onde as atividades são organizadas intencionalmente,
vos, estipulando os métodos a serem seguidos e planejan- com planejamento e de forma sistemática. Porém há por
do as ações conjuntas dentro da escola. outro lado a “aprendizagem casual” definida como uma
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
forma espontânea que surge naturalmente da interação A DIDÁTICA COMO DISCIPLINA NA FORMAÇÃO DO
entre pessoas com o meio; isto é ressaltado pelo fato de PROFESSOR
que a observação, experiência e acontecimentos do co-
tidiano proporcionam também aprendizagem e que isto Considerada uma ciência que estuda os saberes neces-
deve ser observado pelo professor de forma que se possa sários à prática docente a Didática é um dos principais ins-
utilizar didaticamente. trumentos para a formação do professor, pois é nela que se
A aprendizagem escolar também está vinculada com baseiam para adquirir os ensinamentos necessários para a prá-
a motivação dos alunos tanto para atender necessidades tica. De acordo com Libâneo (1990, p. 26) “a didática trata da
orgânicas ou sócias; quanto para atender exigências da teoria geral do ensino”. Como disciplina é entendida como um
escola, da família e até mesmo dos colegas. Essa aprendi- estudo sistematizado, intencional, de investigação e de prática
zagem resulta da reflexão proporcionada pela percepção (LIBÂNEO, 1990).
prático-sensorial e pelas ações mentais que caracterizam Ainda, nesta mesma linha de pensamento, Pimenta et al
o pensamento, estes vão sendo formados de acordo com (2013, p.146), diz que: A didática, como área da pedagogia, es-
a organização lógica e psicológica das matérias de ensino, tuda o fenômeno ensino. As recentes modificações nos sistemas
sendo que nos remete a ideia de que o desenvolvimento escolares e, especialmente, na área de formação de professores
escolar é progressivo, ou seja, a aprendizagem é um pro- configuram uma “explosão didática”. Sua ressignificação aponta
cesso contínuo de desenvolvimento. para um balanço do ensino como prática social, das pesquisas
Segundo Libâneo: A didática, assim, oferece uma con- e das transformações que têm provocado na prática social de
tribuição indispensável à formação dos professores, sinte- ensinar.
tizando no seu conteúdo a contribuição de conhecimentos Masetto (1997, p. 13), infere que “a didática como reflexão
de outras disciplinas que convergem para o esclarecimento é o estudo das teorias de ensino e aprendizagem aplicadas ao
dos fatores condicionantes do processo de instrução e en- processo educativo que se realiza na escola, bem como dos
sino, intimamente vinculado com a educação e, ao mesmo resultados obtidos”.
tempo, provendo os conhecimentos específicos necessá- Portanto, estudar Didática no Ensino Superior, não significa
rios para o exercício das tarefas docentes.
acumular informações sobre as práticas e técnicas do processo
Castro, afirma a importância da didática dizendo:
de ensino e aprendizagem, mas sim acrescentar em cada su-
Pois é certo que a didática tem uma determinada con-
jeito a capacidade crítica em questionar e fazer reflexão sobre
tribuição ao campo educacional, que nenhuma outra disci-
as informações adquiridas ao longo de todo processo de ensi-
plina poderá cumprir. E nem a teoria social ou a econômica,
no-aprendizado. Veiga (2010) diz que é preciso “tornar o ensi-
nem a cibernética ou a tecnologia do ensino, nem a psico-
no da Didática mais atraente e respaldado nos resultados das
logia aplicada à educação atingem o seu núcleo central: o
investigações envolvendo alunos em processo de formação”.
Ensino.
Para Rios (2001) “tratar o fenômeno do ensino como uma
A didática é uma disciplina que complementa todas as
outras, sendo interdisciplinar, pois será a “a essência” para totalidade concreta, buscar suas determinações, pensá-lo em
que o professor procure a melhor forma de desenvolver conexão com outras práticas sociais é o que se espera fazer, do
seu método de ensino. Podemos perceber que é clara a ponto de vista de uma concepção crítica do trabalho da didática”.
importância da didática na formação docente, no entanto, Por muito tempo ensinar era nada mais do que ter conteú-
notamos que no desenvolver histórico desta profissão, a dos para transmitir para os alunos, e estes eram considerados
didática não obteve (e ainda não têm) esta mesma relevân- seres sem luz, incapazes de construir conhecimentos próprios.
cia, e quando ministrada só alteava sua distorção e visão Diz Martins, “historicamente, é muito comum ouvir nos
técnica, acentuando a distância entre teoria e prática. meios educacionais, sobretudo entre alunos, afirmações como:
A didática é uma disciplina fundamental na formação “aquele professor não tem didática...”; “ele tem conhecimento,
do educador, pois, prepararão o futuro professor a estar mas não sabe comunicar”; “o professor conhece o assunto da
capacitado a trabalhar na sala de aula, uma vez que ele sua matéria, mas não sabe transmitir”. E acrescenta adiante “a
dominará os conteúdos científicos e práticos, e principal- didática é usualmente vista como sinônimo de métodos e téc-
mente já estará diante da realidade de sala de aula para nicas de ensino e, mais que isso, que a escola é tida como a
poder perceber se o que aprende é realmente válido ou instituição que transmite conhecimentos” (2006, p. 75-76).
não, e poder questionar e cobrar seus aprendizados em Contudo, o modo de atuar educacionalmente, requer
sala de aula. adequações ao mundo atual e suas transformações ágeis que
não permitem a estagnação, o que cobra do professor uma
Referência: posição dinâmica frente ao processo educacional.
AMANDA, ALESSANDRA. A Didática como Fator de Segundo Veiga (2004):
Qualidade no Processo de Ensino Aprendizagem. Texto Enfatizar o processo didático da perspectiva relacional signi-
disponível em: fica analisar suas características a partir de quatros dimensões:
http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/traba- ensinar, aprender, pesquisar e avaliar. O processo didático, assim,
lhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinscrito_1527_6e4e9e- desenvolve-se mediante a ação reciproca e interdisciplinar das
d0364cf72866c1c7293edfca21.pdf dimensões fundamentais. Integram-se, são complementares.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Pimenta et al (2013), também descreve a nova postura No mesmo ponto de vista Solé e Coll (1996), também
da didática diante da importância na formação profissional indagam a importância da teoria sobre a prática quando
quando enfatiza que: dizem:
[...] didática é, acima de tudo, a construção de conheci- Necessitamos de teorias que nos sirvam de referencial
mentos que possibilitem a mediação entre o que é preciso para contextualizar e priorizar metas e finalidades; para
ensinar e o que é necessário aprender; entre o saber estrutu- planejar a atuação; para analisar seu desenvolvimento e
rado nas disciplinas e o saber ensinável mediante as circuns- modifica-lo paulatinamente, em função daquilo que ocorre
tâncias e os momentos; entre as atuais formas de relação e para tomar decisões sobre a adequação de tudo.
com o saber e as novas formas possíveis de reconstruí-las.
A Didática integra diversas dimensões que buscam Freire (1996) afirma que, “a reflexão crítica sobre a prá-
uma ligação entre os pares que correspondem ao chama- tica se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a
do “triangulo didático”. Para Libâneo (2012, p. 1), “os ele- qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo”.
mentos integrantes do triângulo didático – o conteúdo, o E reforça a seguir que, “quando vivemos a autenticida-
professor, o aluno, as condições de ensinoaprendizagem de exigida pela prática de ensinar e aprender participamos
- articulam-se com aqueles socioculturais, linguísticos, éti- de uma experiência total, diretiva, ideológica, gnosiológi-
cos, estéticos, comunicacionais e midiáticos”. ca, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve
Veiga (1989, p. 22), sobre a importância da Didática no achar-se de mãos dadas com a decência e com a serieda-
currículo do professor diz que “o papel fundamental da Di- de” (FREIRE, 1996).
dática no currículo de formação de professor é o de ser Um dos campos específicos da Didática aplica-se à
instrumento de uma prática pedagógica reflexiva e crítica, constante articulação entre teoria e prática com outras
contribuindo para a formação da consciência crítica”. áreas do conhecimento para assim dar suporte ao profes-
E, diante desta interação, percebe-se que a construção sor no desenvolvimento de suas habilidades e competên-
de novos conhecimentos acontece de forma paralela à re- cias diante da educação.
lação professor-aluno, visto que este traz para o cotidiano Ao referir-se a tal assunto Libanêo (2012, p. 16) diz que:
escolar sua experiência do contexto social em que vive e, [...] a formação de professores precisa buscar uma uni-
com a ajuda mediadora do professor que deve conhecê-lo dade do processo formativo. A meu ver essa unidade implica
enquanto ser social considerando seus conhecimentos pré- em reconhecer que a formação inicial e continuada de pro-
vios, e ajudando-o, assim, a transformar essas vivências em fessores precisa estabelecer relações teóricas e práticas mais
conhecimentos relevantes dotados de significados. sólidas entre a didática e a epistemologia das ciências, de
modo a romper com a separação entre conhecimentos disci-
Articular teoria e prática, uma relação necessária. plinares e conhecimentos pedagógico-didáticos.
A formação do educador exige uma inter-relação entre Nesta perspectiva percebe-se a importância da Didá-
a teoria e a prática, sendo que a teoria se ocupa da pes- tica visto que ela “se caracteriza como mediação entre as
quisa unindo-se com os problemas reais que surgem na bases teórico-cientificas da educação escolar e a prática
prática e, esta, por sua vez, se determina pela teoria. docente” (LIBÂNEO, 1990, p. 28).
De acordo com Guimarães (2004, p. 31): Perrenoud (2000, p. 14), aponta como procedimentos
O que deve mover a discussão dessa temática é o em- da atuação do professor 10 (dez) famílias de competências
penho na formação profissional, é a convicção de que a que influenciam a formação contínua do educador:
educação é processo imprescindível para que o homem so- Eis as 10 famílias:
breviva e se humanize e de que a escola é instituição ainda 1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem.
necessária neste processo, enfim, a relevância dessa temá- 2. Administrar a progressão das aprendizagens.
tica está na compreensão da urgência, da complexidade e 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferen-
da utopia do projeto de escolarização obrigatória e da qua- ciação.
lidade por uma sociedade efetivamente mais democrática. 4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu
trabalho.
Os educadores enquanto seres sociais que transfor- 5. Trabalhar em equipe.
mam a realidade quando realizam sua prática, precisam es- 6. Participar da administração da escola.
tar conscientes da base teórica, a fim de se orientar por ela 7. Informar e envolver os pais.
ao mesmo tempo em que a teoria se alimenta da prática. 8. Utilizar novas tecnologias.
Freire (1996), aborda a importância da reflexão crítica, 9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
em que professor deve fazer da prática sobre a teoria e 10. Administrar sua própria formação contínua.
vice-versa.
Por isso é que, na formação permanente dos professo- Contudo, muitos profissionais não vêm necessidade
res, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre em se apropriar da teoria como base para suas ações, con-
a prática, é pensando criticamente a prática de hoje ou de sideram a boa atuação como “vocação natural ou somente
ontem que se pode melhorar a próxima pratica. O próprio da experiência prática, descartando-se a teoria” (LIBÂNEO,
discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de 1990).
tal concreto que quase se confunda com a prática.
6
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Entretanto, para Freire (1996), uma verdadeira formação Gadotti (2007), diz que “o poder do professor está tanto
docente acontece somente através de um novo olhar sobre a na sua capacidade de refletir criticamente sobre a realidade
curiosidade epistemológica, pois: para transformá-la, quanto na possibilidade de construir um
Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se coletivo para lutar por uma causa comum”.
alheada, de um lado, do exercício da criticidade que implica a Imbernón (2002) afirma que “[...] ser um profissional da
promoção da curiosidade ingênua a curiosidade epistemológi- educação significa participar da emancipação das pessoas. O
ca, e de outro, sem o reconhecimento do valor das emoções, da objetivo da educação é ajudar a tornar as pessoas mais livres,
sensibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação. menos dependentes do poder econômico, político e social. E
a profissão de ensinar tem essa obrigação intrínseca”.
E, acrescenta a seguir, que “o importante, não resta dúvi- Os professores precisam repensar o modo pelo qual
da, é não pararmos satisfeitos ao nível das intuições, mas sub- agem diante da sociedade e qual sua contribuição, uma vez
metê-las a análise metodicamente rigorosa de nossa curiosi- que identidade não é inerente ao ser humano, e sim, uma
dade epistemológica” (FREIRE, 1996, 51). posição que se constrói quer seja com certezas e/ou incerte-
De acordo com Giroux (1988), as instituições de ensino se zas estabelecidas nas relações com a realidade social. Freire
omitem ao negar aos docentes seu verdadeiro papel, que é (1996) enfatiza a respeito da formação que “quem forma se
educá-los como intelectuais, pois ao ignorarem a criatividade forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e for-
e o discernimento do professor separa-se a teoria da prática. ma ao ser formado”.
Do ponto de vista de Veiga (2010, p. 51) “a tarefa está em De acordo com Tardif ():
criar outras práticas, o desafio é construir de modo coletivo uma
Didática que faça pensar sobre nossas práticas pedagógicas”. A [...] um professor de profissão não é somente alguém que
autora também se utiliza da afirmação de que a prática peda- aplica conhecimentos produzidos por outros, não é somente
gógica é também uma dimensão da prática social inserida num um agente determinado por mecanismos sociais: é um ator
contexto social, e que nossa obrigação enquanto educadores é no sentido forte do termo, isto é, um sujeito que assume sua
possibilitar condições para que ela se realize (VEIGA, 1989). pratica a partir dos significados que ele mesmo lhe dá, um su-
Vemos assim que teoria e prática não se dissociam uma
jeito que possui conhecimentos e um saber-fazer provenientes
da outra, o que garante um pensamento crítico e uma ressig-
de sua própria atividade e a partir dos quais ele estrutura e a
nificação de atitude, já que para garantir satisfação na prática
orienta.
é preciso estar numa relação consciente e direta com a teoria
e basear-se nela em ações educacionais futuras.
No que concerne à identidade profissional do professor
A construção da identidade profissional pode-se dizer que o mesmo tem que ser mais do que um
coadjuvante no ensino, que cativa e tem a atenção do aluno;
A construção da identidade profissional é um processo de res- mais do que isso, tem que promover situações em que os alu-
significação em que o sujeito situado se constrói historicamente. nos sejam capazes de construir-se e reconstruir-se a partir de
O professor em formação tem que estar ciente sobre uma educação epistemologicamente cientifica, que garante
sua reflexão enquanto educador e de sua atualização sobre ao aluno um ensino produtivo e significativo cognitivamente,
o conteúdo aprendido; ele precisa estar em constante esta- estabelecendo intrínseca relação com a solidariedade, a de-
do de aprendizagem para melhorar suas competências tanto mocracia e o desenvolvimento humano enquanto ser social
como profissional, quanto na sua metodologia de ensino. e histórico.
Libâneo (2001, p. 36) se refere à ação docente quando diz que: Vale dizer que sendo sujeito de sua própria prática, o pro-
É certo, assim, que a tarefa de ensinar a pensar requer dos fessor constrói sua história a partir de seus valores e atitudes
professores o conhecimento de estratégias de ensino e o de- de seu dia a dia como cidadão, fundamentando assim sua
senvolvimento de suas próprias competências do pensar. Se o identidade.
professor não dispõe de habilidades de pensamento, se não
sabe “aprender a aprender”, se é incapaz de organizar e regular Considerações finais
suas próprias atividades de aprendizagem, será impossível aju-
dar os alunos a potencializarem suas capacidades cognitivas. A Didática como disciplina, deve desenvolver a capacidade
Para o autor, a formação docente é um processo pedagó- a crítica dos professores em formação, para que possam anali-
gico, que deve acontecer de forma a levar o professor a agir de sar de forma clara e objetiva a realidade do ensino de modo a
maneira competente no processo de ensino (LIBÂNEO, 2001). possibilitar que o educando construa seu próprio saber.
Maia, Scheibel e Urban (2009, p. 18), discorrem sobre os Entender que a Educação é um processo que faz parte do
fatores que possibilitam a identidade do professor: conteúdo global da sociedade significa entender que a práti-
- Significação social da profissão; ca pedagógica é parte integrante do todo social.
- Revisão constante dos significados sociais da profissão; Vale ressaltar que as bases teóricas que influenciam a prá-
- Revisão das tradições; tica estão intrinsicamente ligadas à formação da identidade
- Reafirmação de práticas consagradas culturalmente e profissional do professor, visto que, para uma formação com-
que permanecem significativas (resistentes a inovações); pleta, é preciso uma visão holística da práxis pedagógica.
- Significação conferida pelo professor à atividade docen- Necessidade indiscutível é a presença do professor na
te no seu cotidiano (a visão de mundo do professor); sociedade e, esta presença, se faz pelo trabalho e comprome-
- Rede de relações com outros professores, em escolas, timento em tratar a educação e os valores advindos da socie-
sindicatos e outros agrupamentos. dade na qual este profissional se insere.
7
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Percebe-se então, a necessidade da constância em bus- O regime autoritário fez com que muitos educadores
car uma Didática que valorize os envolvidos e transforme criassem uma resistência com relação à elaboração de pla-
os processos educacionais com propósito de integração. nos, uma vez que esses planos eram supervisionados ou
Sabendo que o fazer pedagógico do professor não se res- elaborados por técnicos que delimitavam o que professor
tringe a um fazer exclusivamente acadêmico, e que é pre- deveria ensinar, priorizando as necessidades do regime po-
ciso analisar criticamente o projeto econômico, político e lítico. “Num regime político de contenção, o planejamento
social para atuar satisfatoriamente no contexto atual, que é passa a ser bandeira altamente eficaz para o controle e or-
desafiador diante das mudanças dinâmicas que acontecem denamento de todo o sistema educativo.”
dia após dia. Reconhece-se a Didática como instrumento Apesar de se ter claro a importância do planejamento
que garante a grandiosidade no atendimento educacional. na formação, Fusari explica que:
“Naquele momento, o Golpe Militar de 1964 já implan-
Fonte: tava a repressão, impedindo rapidamente que um trabalho
BARBOSA, F. A. dos S; FREITAS, F. J. C. de. A didática e mais crítico e reflexivo, no qual as relações entre educação
sua contribuição no processo de formação do professor. e sociedade pudessem ser problematizadas, fosse vivencia-
das pelos educadores, criando, assim, um “terreno” propí-
cio para o avanço daquela que foi denominada “tendência
- O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM: tecnicista” da educação escolar.”
OBJETIVOS, PLANEJAMENTO, MÉTODOS E Mas não se pode pensar que o regime político era o
AVALIAÇÃO: ABORDAGENS DE ACORDO COM único fator que influenciava no pensamento com relação à
elaboração dos planos de aulas; as teorias da administra-
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS;
ção também refletiam no ato de planejar do professor, uma
vez que essas teorias traziam conceitos que iriam auxiliar
na definição do tipo de organização educacional que seria
OBJETIVOS, PLANEJAMENTO, MÉTODOS E AVA- adotado por uma determinada instituição.
LIAÇÃO
No início da história da humanidade, o planejamento
“O planejar é uma realidade que acompanhou a traje-
era utilizado sem que as pessoas percebessem sua impor-
tória histórica da humanidade. O homem sempre sonhou,
tância, porém com a evolução da vida humana, principal-
pensou e imaginou algo na sua vida.”
mente no setor industrial e comercial, houve a necessidade
Segundo Moretto, percebe-se que o planejamento é
adaptá-lo para os diversos setores. Nas escolas ele também
fundamental na vida do homem, porém no contexto es-
colar ele não tem tanta importância assim: “o planejamen- era muito utilizado; a princípio, o planejamento era uma
to no contexto escolar não parece ter a importância que maneira de controlar a ação dos professores de modo a
deveria ter”. Este fato acontece porque o planejamento só não interferir no regime político da época. Hoje o planeja-
passou a ser bem definido a partir do século passado, com mento já não tem a função reguladora dentro das escolas,
a revolução comunista que construiu a União Soviética. ele serve como uma ferramenta importantíssima para or-
No mundo capitalista, segundo Gandin, o planejamen- ganizar e subsidiar o trabalho do professor, assunto este
to passa a ser utilizado pelo governo, após a segunda guer- que será abordado mais detalhadamente nos próximos ca-
ra mundial, para a resolução de questões mais complexas. pítulos desta pesquisa.
A adoção do planejamento pelo governo teve uma adesão
tão grande que as outras instituições sentiram-se motiva- Planejamento, plano(s), projeto(s) – compreensão neces-
das e passaram a se preocupar com a importância do pla- sária
nejamento, uma vez que ele visava a suprir as necessidades
de um comércio em ascensão que exigia uma nova organi- “Hoje vivemos a segunda grande onda do planejamen-
zação. Com isso pode-se dizer que foi a partir desta época to. A primeira entra em crise na década de 70. A década
que o planejamento se universalizou. de 80, embora, na prática, se apresente como uma grande
Na educação esta realidade também não poderia ter resistência ao planejamento, contém os mais efetivos anos
sido diferente, uma vez que, segundo Kuenzer “o planeja- em termos da compreensão da necessidade, do estudo, do
mento de educação também é estabelecido a partir das esclarecimento e da confirmação desta ferramenta.”
regras e relações da produção capitalista, herdando, por- A citação demonstra a dimensão da necessidade de se
tanto, as formas, os fins, as capacidades e os domínios do compreender a importância do ato de planejar, não apenas
capitalismo monopolista do Estado.” no nosso dia-a-dia, mas principalmente, no dia-a-dia de
Aqui no Brasil, Padilha explica que “Durante o regime sala de aula.
autoritário, eles foram utilizados com um sentido autocrá- Para Moretto, planejar é organizar ações. Essa é uma
tico. Toda decisão política era centralizada e justificada tec- definição simples mas que mostra uma dimensão da im-
nicamente por tecnocratas à sombra do poder.” Kuenzer portância do ato de planejar, uma vez que o planejamen-
complementa a citação acima explicando que “A ideolo- to deve existir para facilitar o trabalho tanto do professor
gia do Planejamento então oferecida a todos, no entanto, como do aluno.
escondia essas determinações político-econômicas mais
abrangentes e decididas em restritos centros de poder.”
8
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
O planejamento deve ser uma organização das ideias e “Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser
informações. Gandin (2008) sugere que se pense no plane- planejada. O planejamento é uma espécie de garantia dos
jamento como uma ferramenta para dar eficiência à ação resultados. E sendo a educação, especialmente a educação
humana, ou seja, deve ser utilizado para a organização na escolar, uma atividade sistemática, uma organização da
tomada de decisões e para melhor entender isto precisa-se situação de aprendizagem, ela necessita evidentemente
compreender alguns conceitos, tais como: planejar, planeja- de planejamento muito sério. Não se pode improvisar a
mento e planos que segundo Menegolla & Sant’Anna “são educação, seja ela qual for o seu nível.”
palavras sofisticadamente pedagógicas e que “rolam” de
boca em boca, no dia-a-dia da vida escolar.” Porém, para Professor x plano de aula: inimigos ou aliados
Padilha, estes termos têm sido compreendidos de muitas
maneiras. Dentre elas destaca-se: “A educação, a escola e o ensino são os grandes meios
que o homem busca para poder realizar o seu projeto de vida.
- Planejamento: Portanto, cabe à escola e aos professores o dever de planejar
“É um instrumento direcional de todo o processo edu- a sua ação educativa para construir o seu bem viver.
cacional, pois estabelece e determina as grandes urgências, A citação acima deixa clara a importância tanto da escola
indica as prioridades básicas, ordena e determina todos os como dos professores na formação humana; por este moti-
recursos e meios necessários para a consecução de gran- vo todas as ações educativas devem ter como perspectiva a
des finalidades, metas e objetivos da educação.” construção de uma sociedade consciente de seus direitos e
- Plano Nacional de Educação: obrigações, sejam eles individuais ou coletivos.
“Nele se reflete a política educacional de um povo, Infelizmente, apesar do planejamento da ação educativa
num determinado momento histórico do país. É o de maior ser de suma importância, existem professores que são negli-
abrangência porque interfere nos planejamentos feitos no gentes na sua prática educativa, improvisando suas ativida-
nível nacional, estadual e municipal.” des. Em consequência, não conseguem alcançar os objetivos
- Plano de Curso: quanto à formação do cidadão.
“O plano de curso é a sistematização da proposta geral “A ausência de um processo de planejamento de ensino
nas escolas, aliado às demais dificuldades enfrentadas pelos
de trabalho do professor naquela determinada disciplina
docentes do seu trabalho, tem levado a uma contínua impro-
ou área de estudo, numa dada realidade. Pode ser anual ou
visação pedagógica das aulas. Em outras palavras, aquilo que
semestral, dependendo da modalidade em que a disciplina
deveria ser uma prática eventual acaba sendo uma “regra”,
é oferecida.”
prejudicando, assim, a aprendizagem dos alunos e o próprio
- Plano de Aula:
trabalho escolar como um todo.”
“É a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido em
Para Moretto: “Há, ainda, quem pense que sua experiência
um dia letivo. (...) É a sistematização de todas as ativida- como professor seja suficiente para ministrar suas aulas com
des que se desenvolvem no período de tempo em que o competência.” Professores com este tipo de pensamento des-
professor e o aluno interagem, numa dinâmica de ensino conhecem a função do planejamento bem como sua impor-
-aprendizagem.” tância. Simplesmente estão preocupados em ministrar conteú-
- Plano de Ensino: dos, desconsiderando a realidade e a herança cultural existente
“É a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho do- em cada comunidade escolar bem como suas necessidades.
cente para um ano ou um semestre; é um documento mais Outro aspecto que vem influenciando o ato de planejar
elaborado, no qual aparecem objetivos específicos, conteú- dos professores são os materiais didáticos ou as instruções
dos e desenvolvimento metodológico.” metodológicas para os professores que acompanham estes
- Projeto Político Pedagógico: materiais. Na presente pesquisa não se pretende discutir se
“É o planejamento geral que envolve o processo de re- eles são bons ou ruins e sim a forma com a qual estão sendo
flexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento utilizados pelos professores. O que acontece é que o profes-
e a proposta pedagógica da instituição. É um processo de sor faz um apanhado geral dos conteúdos dispostos no mate-
organização e coordenação da ação dos professores. Ele rial e confronta com o tempo que tem disponível para ensinar
articula a atividade escolar e o contexto social da escola. É esses conteúdos aos alunos e a partir desses dados divide-os
o planejamento que define os fins do trabalho pedagógi- atribuindo a este ato erroneamente o nome de plano de aula.
co.” (MEC, 2006) “Muitas vezes os professores trocam o que seria o seu
Os conceitos apresentados têm por objetivo mostrar planejamento pela escolha de um livro didático. Infelizmente,
para o professor a importância, a funcionalidade e princi- quando isso acontece, na maioria das vezes, esses professores
palmente a relação íntima existente entre essas tipologias. acabam se tornando simples administradores do livro esco-
Segundo Fusari, “Apesar de os educadores em geral utili- lhido. Deixam de planejar seu trabalho a partir da realidade
zarem, no cotidiano do trabalho, os termos “planejamento” de seus alunos para seguir o que o autor do livro considerou
e “plano” como sinônimos, estes não o são.” Outro aspec- como mais indicado” (MEC, 2006)
to importante, segundo Schmitz é que “as denominações Outra situação muito comum em relação à elaboração
variam muito. Basta que fique claro o que se entende por do plano de aula é que “em muitos casos, os professores
cada um desses planos e como se caracterizam.” O que se copiam ou fazem cópia do plano do ano anterior e o en-
faz necessário é estar consciente que: tregam a secretaria da escola, com a sensação de mais uma
atividade burocrática”.
9
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Luckesi afirma que o ato de planejar, em nosso país, Partindo do princípio de que o professor deve ensinar os
principalmente na educação, tem sido considerada como conteúdos e também formar o aluno para que ele se torne
uma atividade sem significado, ou seja, os professores es- atuante na sociedade, ele deve organizar seu plano de aula
tão muito preocupados com os roteiros bem elaborados e de modo que o aluno possa perceber a importância do que
esquecem do aperfeiçoamento do ato político do planeja- está sendo ensinado, seja num contexto histórico, para o seu
mento. dia-a-dia ou para seu futuro.
Os professores precisam quebrar o paradigma de que o É claro que integrar estes dois aspectos, senso comum e
planejamento é um ato simplesmente técnico e passar a se consciência filosófica, nem sempre é tão fácil. Para que isso
questionarem sobre o tipo de cidadão que pretendem for- aconteça faz-se necessário muito empenho por parte do
mar, analisando a sociedade na qual ele está inserido, bem professor. “(...) um mínimo de intimidade com a realidade
como suas necessidades para se tornar atuante nesta socie- concreta das escolas é necessário à formação do educador.
dade. Para Luckesi: Sem isso, abre-se a possibilidade de improvisação ou, o que
é pior, de experimentação para ver se “dá certo” em termos
“O planejamento não será nem exclusivamente um ato do encaminhamento do ensino. Até que o professor se situe
político-filosófico, nem exclusivamente um ato técnico; será criticamente no contexto de sala de aula, os alunos passam
sim um ato ao mesmo tempo político-social, científico e téc- a ser cobaias desse profissional.”
nico: político-social, na medida em que está comprometido Menegolla & Sant’Anna explicam que o planejamento
com as finalidades sociais e políticas; científicas na medida também serve para desenvolver tanto nos professores como
em que não pode planejar sem um conhecimento da reali- nos alunos uma ação eficaz de ensino e aprendizagem, uma
dade; técnico, na medida em que o planejamento exige uma vez que ambos são atuantes em sala de aula. Porém é de
definição de meios eficientes para se obter resultados.” responsabilidade do professor elaborar o plano de aula, pois
é ele quem conhece as reais aspirações de cada turma.
O ato de planejar não pode priorizar o lado técnico em
detrimento do lado político-social ou vice-versa, ambos são “O preparo das aulas é uma das atividades mais importantes
importantes. Por este motivo, devem ser muito bem pensados do trabalho do profissional de educação escolar. Nada substitui a
ao serem formulados visando à transformação da sociedade. tarefa de preparação da aula em si. (...) faz parte da competência
teórica do professor, e dos compromissos com a democratização
Plano de aula: do senso comum à consciência filosófica do ensino, a tarefa cotidiana de preparar suas aulas (...)”.
Considerando que o planejamento deve ser pensado Moretto acredita que o professor, ao elaborar o plano
como um ato político- -social, não se pode conceber que o de aula, deve considerar alguns componentes fundamen-
professor não realize o mínimo de planejamento necessário tais, tais como: conhecer a sua personalidade enquanto pro-
para seus alunos, afinal, o planejamento, no processo edu- fessor, conhecer seus alunos (características psicossociais e
cativo, segundo Menegolla & Sant’Anna, não deve ser visto cognitivas), conhecer a epistemologia e a metodologia mais
como regulador das ações humanas, ou seja, um limitador adequada às características das disciplinas, conhecer o con-
das ações tanto pessoais como sociais, e sim ser visto e pla- texto social de seus alunos. Conhecer todos os componen-
nejado no intuito de nortear o ser humano na busca da au- tes acima possibilita ao professor escolher as estratégias que
tonomia, na tomada de decisões, na resolução de problemas melhor se encaixam nas características citadas aumentando
e principalmente na capacidade de escolher seus caminhos. as chances de se obter sucesso nas aulas.
“Essencialmente, educar/ensinar é um ato político. En- Outro grupo que deve estar atento à importância de
tendamos bem essa proposição: a essência política do ato se elaborar planos de aula são os professores em início de
pedagógico orienta a práxis do educador quanto aos obje- carreira, pois, para Schmitz, esses profissionais iniciando sua
tivos a serem atingidos, aos conteúdos a serem transmitidos carreira no magistério adquirem confiança para dar aula,
e aos procedimentos a serem utilizados, quando do trabalho uma vez que, no plano de aula, é possível esclarecer os ob-
junto a um determinado grupo de alunos.” jetivos da mesma, sistematizar as atividades e facilitar seu
acompanhamento.
Menegolla & Sant’Anna ainda completam argumentan- Mediante todos os fatos pesquisados até agora, não se
do que o plano das aulas visa à liberdade de ação e não discute a necessidade e a importância de se elaborar o plano
pode ser planejado somente pelo bom senso, sem bases de aula, porém, segundo Schmitz, ele não precisa ser des-
científicas que norteiem o professor. Segundo Gutenberg crito minuciosamente, mas deve ser estruturado, escrito ou
essa base científica utilizada para organizar o trabalho peda- mentalmente. “Trata-se de fazer uma organização mental e
gógico são os pilares e princípios da Educação, anunciados uma tomada de consciência do que o professor de fato pre-
e exigidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei tende fazer e alcançar. Se tiver esse planejamento presente,
9.394/96) (MEC); por este motivo faz-se necessário conhecê evitará ser colhido de surpresa por acontecimentos impre-
-los e compreendê-los muito bem. vistos. A sua criatividade, a sua intuição, torna-se mais agu-
“Todo mestre precisa entender que esse conjunto de re- çada e com mais facilidade percebe novas oportunidades.”
gras, embora pareça muito burocrático e teórico para uns, Alguns autores sugerem que o planejamento tenha al-
ou mesmo inútil para outros, trata-se de uma tentativa clara gumas etapas principais, pois serão estas etapas que darão
para que os alunos aprendam e apreendam o que for neces- uma visão do que é necessário e conveniente ao professor e
sário durante o período escolar.” aos alunos. São elas:
10
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
- Objetivos:
“Os objetivos indicam aquilo que o aluno deverá ser capaz como consequência de seu desempenho em atividades de uma
determinada escola, série, disciplina ou mesmo uma aula.”
- Conteúdo:
“É um conjunto de assuntos que serão estudados durante o curso em cada disciplina. Assuntos que fazem parte do acervo
cultural da humanidade traduzida em linguagem escolar para facilitar sua apropriação pelos estudantes. Estes assuntos são
selecionados e organizados a partir da definição dos objetivos, sendo assim meios para que os alunos atinjam os objetivos de
ensino.”
- Metodologia:
“Tratam-se de atividades, procedimentos, métodos, técnicas e modalidades de ensino, selecionados com o propósito de
facilitar a aprendizagem. São, propriamente, os diversos modos de organizar as condições externas mais adequadas à promoção
da aprendizagem.”
- Avaliação:
“Na verdade, a avaliação acompanha todo o processo de aprendizagem e não só um momento privilegiado (o de prova
ou teste) pois é um instrumento de feedback contínuo para o educando e para todos os participantes. Nesse sentido, fala da
consecução ou não dos objetivos da aprendizagem. (...) O processo de avaliação se coloca como uma situação frequentemente
carregada de ameaça, pressão ou terror.”
A partir das definições das principais etapas que devem conter um planejamento, o professor já tem condições necessárias
para fazê-lo e utilizá-lo adequadamente. Vale lembrar, porém, que segundo Menegolla & Sant’anna, não existe um modelo único
de planejamento e sim vários esquemas e modelos. Também não existe um modelo melhor do que o outro, cabe ao professor
escolher aquele que melhor atenda suas necessidades bem como as de seus alunos, que seja funcional e de bons resultados.
Fonte
CASTRO, P. A. P. P.; TUCUNDUVA, C. C. e ARNS, E. M.
Neste texto objetiva-se sistematizar as características do pensamento pedagógico de diferentes autores sobre a contextua-
lização dos ambientes educativos de onde emergem a compreensão de homem, mundo e sociedade; compreender o papel
do professor, do aluno, da escola e dos elementos que compõem o ambiente escolar; estabelecer relação entre as tendências
pedagógicas e a prática docente que os professores adotam na sala de aula. Além disso, busca-se verificar os pressupostos de
aprendizagem empregados pelas diferentes tendências pedagógicas na prática escolar brasileira, numa tentativa de contribuir,
teoricamente, para a formação continuada de professores.
As tendências pedagógicas definem o papel do homem e da educação no mundo, na sociedade e na escola, o que repercute
na prática docente em sala de aula graças a elementos constitutivos que envolvem o ato de ensinar e de aprender.
A seguir, serão apresentados, os pensamentos pedagógicos dos estudiosos Paulo Freire, José Carlos Libâneo, Fernando
Becker e Maria das Graças Nicoletti Mizukami.
11
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
A partir desse quadro-síntese constata-se que a Educação Bancária fundamenta-se numa prática narradora, sem diá-
logo, para a transmissão e avaliação de conhecimento numa relação vertical – o saber é fornecido de cima para baixo – e
autoritária, pois manda aquele que sabe.
O método da concepção bancária é a opressão, o antidiálogo. Configura-se então a educação exercida como uma
prática da dominação, “em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos,
guardá-los e arquivá-los. Margem para serem colecionadores ou fichadores das coisas que arquivam”.
Na educação problematizadora, o conhecimento deve vir do contato do homem com o seu mundo, que é dinâmico,
e não como um ato de doação. Supera-se, pois a relação vertical e se estabelece a relação dialógica, que supõe uma troca
de conhecimento.
Freire (1982) destaca que o “educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo
com o educando que, ao ser educado, também educa”. Para o autor a dialogicidade é a essência da Educação Libertadora.
Além disso, outras características são necessárias para que ela se concretize tais como: colaboração, união, organização e
síntese cultural.
Ao desenvolver uma epistemologia do conhecimento, Freire parte de uma reflexão acerca de uma experiência concreta
para desenvolver sua metodologia dialética: ação-reflexão- ação. Metodologia que parte da problematização da prática
concreta, vai à teoria estudando-a e reelaborando-a criticamente e retorna à prática para transformá-la. Nesta concepção,
o diálogo se apresenta como condição fundamental para sua concretização.
Ele nos apresenta sua teoria metodológica a partir da sua prática refletida na alfabetização de jovens e adultos, inicia-
da na década de 1960. O trabalho, que foi denominado como “método Paulo Freire”, ou “método de conscientização” foi
desenvolvido, a partir de uma leitura de mundo, em cinco fases: levantamento do universo vocabular, temas geradores e
escolha de palavras geradoras, criação de situações existenciais típicas do grupo, elaboração de fichas-roteiro e leitura de
fichas com a decomposição das famílias fonêmicas. Apesar do reconhecimento da qualidade emancipatória do processo de
alfabetização divulgada e experienciada em vários países, Freire insistiu que as experiências não podem ser transplantadas,
mas reinventadas. Nesse sentido, o da reinvenção, é que acreditamos nas possibilidades didáticas das experiências com a
pedagogia freireana.
Ele reforça a importância da participação democrática e o exercício da autonomia para construção dos projetos político
-pedagógicos. Em oposição, condena os novos pacotes pedagógicos impostos sem a participação da comunidade escolar
e incentiva a incorporação de múltiplos saberes necessários à prática de educação crítica. Para isso, referencia o respeito
aos saberes socialmente construídos na prática comunitária e sugere que se discuta com os alunos a razão de ser de alguns
desses saberes em relação ao ensino dos conteúdos e às razões políticas ideológicas.
12
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Segundo LIBÂNEO (1994), a pedagogia liberal sustenta O conteúdo a ser ensinado é tratado isoladamente, isto
a ideia de que a escola tem por função preparar os indiví- é, desvinculado dos interesses dos alunos e dos problemas
duos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com reais da sociedade e da vida. O método de ensino é dado pela
as aptidões individuais. Isso pressupõe que o indivíduo pre- lógica e sequência do assunto, modo pelo qual o professor se
cisa adaptar-se aos valores e normas vigentes na sociedade apoia para comunicar-se desconsiderando o processo cogni-
de classe, através do desenvolvimento da cultura individual. tivo desenvolvido pelos alunos para aprender. Todavia, alguns
Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as diferenças en- 5 métodos intuitivos foram incorporados ao ensino tradicio-
tre as classes sociais não são consideradas, pois, embora a nal, baseando-se na apresentação de dados ligados à sensi-
escola passe a difundir a ideia de igualdade de oportunida- bilidade dos alunos de modo que eles pudessem observá-los
des, não leva em conta a desigualdade de condições. e, a partir daí, formar imagens mentais. Muitos professores
ainda acham que “partir do concreto” constitui-se na chave
As Tendências Pedagógicas Liberais tiveram seu início do ensino atualizado. Essa ideia, entretanto, já fazia parte da
no século XIX, tendo recebido as influências do ideário da Pedagogia Tradicional porque o concreto (mostrar objetos,
Revolução Francesa (1789), de “igualdade, liberdade, frater- ilustrações, gravuras, entre outros) serve apenas para que o
nidade”, que foi, também, determinante do liberalismo no aluno grave na mente o que é captado pelos sentidos. O ma-
mundo ocidental e do sistema capitalista, onde estabeleceu terial concreto é mostrado, demonstrado, manipulado, mas
uma forma de organização social baseada na propriedade o aluno não lida mentalmente com ele, não o repensa, não o
privada dos meios de produção, o que se denominou como reelabora com o seu próprio pensamento. A aprendizagem é,
sociedade de classes. Sua preocupação básica é o cultivo portanto, receptiva, automática, não mobilizando a atividade
dos interesses individuais e não-sociais. Para essa tendência mental do aluno e o desenvolvimento de suas capacidades
educacional, o saber já produzido (conteúdos de ensino) é intelectuais, embora tenham surgido nos últimos anos inúme-
muito mais importante que a experiência do sujeito e o pro- ras propostas de renovação das abordagens do processo en-
cesso pelo qual ele aprende, mantendo o instrumento de sinoaprendizagem, como as sugestões presentes nos atuais
poder entre dominador e dominado. Parâmetros Curriculares Nacionais.
Na Tendência Liberal Tradicional, é tarefa do educador A Pedagogia Renovada, por outro lado, retoma aspectos
fazer com que o educando atinja a realização pessoal atra- referentes às perspectivas progressivistas baseadas em John
vés de seu próprio esforço. O cultivo do intelecto é descon- Dewey, bem como a não-diretiva inspirada em Carl Rogers, a
textualizado da realidade social, com ênfase para o estudo culturalista, a piagetiana, a montessoriana e outras. Todavia, o
dos clássicos e das biografias dos grandes mestres. A trans- que caracteriza fortemente os conhecimentos e a experiência
missão é feita a partir dos conteúdos acumulados historica- da Didática brasileira vem, em sua maioria, do movimento da
mente pelo homem, num processo cumulativo, sem recons- Escola Nova (entendida como “direção da aprendizagem” e
trução ou questionamento. A aprendizagem se dá de forma que considera o aluno como sujeito da aprendizagem). Nessa
receptiva, automática, sem que seja necessário acionar as concepção pedagógica, o professor deve deixar o aluno em
habilidades mentais do educando além da memorização. condições mais adequadas possíveis para que possa partir
Seu método enfatiza a transmissão de conteúdos e a das suas necessidades e ser estimulado pelo ambiente para
assimilação passiva. É ainda intuitivo, baseado na estimula- vivenciar experiências e buscar por si mesmo o conhecimento.
ção dos sentidos e na observação. Através da memorização, Segundo Libâneo (1994), essa tendência, no Brasil, segue
da repetição e da exposição verbal, o educador chega a um duas versões distintas: a Renovada Progressivista (que se refe-
interrogatório (tipo socrático), estimulando o individualis- re a processos internos de desenvolvimento do indivíduo; não
mo e a competição. Envolve cinco passos que, segundo confundir com progressista, que se refere a processos sociais)
Friedrich Herbart, são os seguintes: preparação, recordação, ou Pragmatista, inspirada nos Pioneiros da Escola Nova, e a
associação, generalização e aplicação. Tendência Renovada não-Diretiva, inspirada em Carl Rogers
Libâneo (1994) afirma ainda que o ensino é centrado e A. S. Neill, que se volta muito mais para os objetivos de de-
no professor que expõe e interpreta o conhecimento. Às senvolvimento pessoal e relações interpessoais (sendo que
vezes, o conteúdo de ensino é apresentado com auxílio de este último não chegou a desenvolver um sistema a respeito
objetos, ilustrações ou exemplos, embora o meio principal dos métodos da educação). Seu método de ensino é o ativo,
seja a palavra, a exposição oral. Supõe-se que ouvindo e que inicialmente se caracteriza pelo método “aprender fazen-
fazendo exercícios repetitivos, os alunos “gravam” o assunto do” e, após a junção dos cinco passos propostos por Dewey
para depois reproduzi-lo quando forem interrogados pelo (experiência, problema, pesquisa, ajuda discreta do professor,
professor ou através das provas. Para isso, é importante que estudo do meio natural e social), desenvolve o “aprender a
o aluno “preste atenção” para que possa registrar mais facil- aprender”, que, privilegiando os estudos independentes e
mente, na memória, o que é transmitido. também os estudos em grupo, seleciona uma situação vivida
Desse modo, o aluno é um recebedor do conteúdo, ca- pelo educando que seja desafiante e que careça de uma solu-
bendo-lhe a obrigação de memorizá-lo. Os objetivos das ção para um problema prático. Para Saviani, por estes motivos
aulas, explícitos ou não no planejamento dos professores, e outros de ordem política, a Escola Nova, seguidora dessas
referem-se à formação de um aluno ideal, desvinculado da vertentes, acaba por aprimorar o ensino das elites e rebaixar
sua realidade concreta. O professor tende a encaixar os alu- o das classes populares. Mas, mesmo recebendo esse tipo de
nos num modelo idealizado de homem que nada tem a ver crítica, podemos considerá-la como o mais forte movimento
com a vida presente e futura. “renovador” da educação brasileira.
13
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Para a tendência renovada, o papel da educação é o de a educação à sociedade, tendo como função principal a pro-
atender as diferenças individuais, as necessidades e interesses dução de indivíduos competentes, ou seja, a preparação da
dos educandos, enfatizando os processos mentais e 6 habili- mão-de-obra especializada para o mercado de trabalho a ser
dades cognitivas necessárias à adaptação do homem ao meio consolidado. Neste contexto, a pedagogia tecnicista termina
social. O educando é, portanto, o centro e sujeito do conhe- contribuindo ainda mais para o caos no campo educativo, ge-
cimento. rando, assim, a inviabilidade do trabalho pedagógico.
Nessa perspectiva, Libâneo (1994) afirma que o aluno Seu método é o da transmissão e recepção de informa-
aprende melhor tudo o que faz por si próprio. Não se trata ções. Nele, o educando é submetido a um processo de con-
apenas de aprender fazendo, no sentido de trabalho manual, trole do comportamento, a fim de que os objetivos operacio-
de ações de manipulação de objetos. Trata-se de colocar o nais previamente estabelecidos possam ser atingidos. Trata-
aluno frente a situações que mobilizem suas habilidades inte- se do “aprender fazendo”.
lectuais de criação, de expressão verbal, escrita, plástica, entre Trata-se de uma tendência pedagógica que ganhou cer-
outras formas de exercício cognitivo. O centro da atividade ta autonomia quando se constituiu especificamente como
escolar, portanto, não é o professor nem a matéria, mas o alu- tendência independente, inspirada na teoria behaviorista da
no em seu caráter ativo e investigador. O professor incentiva, aprendizagem. De acordo com Libâneo (1994), essa orienta-
orienta, organiza as situações de aprendizagem, adequando ção acabou sendo imposta às escolas pelos organismos ofi-
-as às capacidades de características individuais dos alunos. ciais ao longo de boa parte das décadas que constituíram o
Assim, essa didática ativa valoriza métodos e técnicas regime militar de governo, por ser compatível com a orien-
como o trabalho em grupo, as atividades cooperativas, o es- tação econômica, política e ideológica desse regime político,
tudo individual, as pesquisas, os projetos, as experimentações, então vigente.
dentre outros, bem como os métodos de reflexão e método Atualmente, ainda percebemos a predominância dessas
científico de descobrir conhecimentos. Tanto na organização características tecnicistas em alguns cursos de formação de
das experiências de aprendizagem como na seleção de méto- professores, principalmente das áreas de Ciências e Matemá-
dos, importa o processo de aprendizagem e não diretamente tica, com relação ao uso de manuais didáticos com essas ca-
o ensino. O melhor método é aquele que atende às exigências racterísticas (tecnicistas), especificamente instrumentais. Essa
psicológicas do aprender. tendência didática tem como objetivo a racionalização do en-
Em síntese, a tendência dessa escola é deixar os conheci- sino, o uso de meios e técnicas mais eficazes, cujo sistema de
mentos sistematizados em segundo plano, valorizando mais instrução é composto de:
o processo de aprendizagem e os fatores que possibilitam o - Especificação de objetivos instrucionais a serem opera-
desenvolvimento das capacidades e habilidades intelectuais cionalizados;
de quem aprende. Desse modo, os adeptos dessa tendência - Avaliação prévia dos alunos para estabelecer pré-requisi-
didática acreditam que o professor não ensina, mas orienta o tos visando alcançar os objetivos;
aluno durante o processo de aprendizagem, sugerindo assim - Ensino ou organização das experiências de aprendiza-
uma didática não diretiva no ensinoaprendizagem. Isso por- gem;
que o conhecimento ocorre a partir de um processo ativo de - Avaliação dos alunos relativa ao que se propôs nos obje-
busca do aprendiz e orientado pelo professor, constituindo- tivos iniciais.
se, então, o eixo norteador da ação educativa, centrada nas O arranjo mais simplificado dessa sequência resultou na
atividades de investigação. seguinte sequência: objetivos, conteúdos, estratégias, avalia-
A Tendência Liberal Tecnicista tem seu início com o declí- ção. O professor é um administrador e executor do planeja-
nio, no final dos anos 60, da Escola Renovada, quando, mais mento, o meio de previsão das ações a serem executadas e
uma vez, sob a instalação do regime militar no país, as eli- dos meios necessários para se atingir os objetivos. De acordo
tes dão ênfase a um outro tipo de educação direcionada às com essa tendência, os livros didáticos usados nas escolas
massas, a fim de conservar a posição de dominação, ou seja, eram, e ainda são, elaborados, em sua maioria, com base na
manter o status quo dominante. tecnologia da instrução, ou seja, sob a forma de atividades di-
Atendendo os interesses da sociedade capitalista, inspira- rigidas nas quais os alunos seguem etapas sequenciadas que
da especialmente na teoria behaviorista, corrente comporta- os levem ao alcance dos objetivos previamente estabelecidos,
mentalista organizada por Skinner e na abordagem sistêmica sem que possam exercitar a sua criatividade cognitiva.
de ensino, traz como verdade absoluta a neutralidade científi- Se, nas Tendências Liberais, a escola possuía uma função
ca e a transposição dos acontecimentos naturais à sociedade. equalizadora, nas Tendências Progressistas, derivada das teo-
Negando os determinantes sociais, o tecnicismo tinha rias críticas, ela passa a ser analisada como reprodutora das
como princípios a racionalidade, a eficiência, a produtividade desigualdades de classe e reforçadora do modo de produção
e a neutralidade científica, produzindo, no âmbito educacio- capitalista.
nal, uma enorme distância entre o planejamento - preparado Tendo surgido na França a partir de 1968 e no Brasil com
por especialistas e não por educadores, seus meros executo- a Revolução Cultural, nas Tendências Progressistas, a escola
res - e a prática educativa. passa a ser vista não mais como redentora, mas como repro-
Nesse período, a educação passa a ter seu trabalho par- dutora da classe dominante. Snyders (1994) foi o primeiro a
celado, fragmentado, a fim de produzir determinados produ- usar o termo “Pedagogia Progressista”, partindo de uma aná-
tos desejáveis pela sociedade capitalista e industrial. Muitas lise crítica da realidade social, sustentando, implicitamente, as
propostas surgem como enfoque sistêmico, o microensino, o finalidades sociais e políticas da educação.
tele-ensino, a instrução programada, entre outras. Subordina
14
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Nessa perspectiva, Libâneo (1994), designa à Pedagogia Há, nessa perspectiva pedagógica, uma didática implícita
Progressista três tendências: na orientação das atividades escolares de modo que o profes-
A Pedagogia Progressista Libertadora que, partindo de sor se coloque diante de sua classe como um orientador da
uma análise crítica das realidades sociais, sustenta os fins so- aprendizagem dos seus alunos. Entretanto, essas atividades
ciopolíticos da educação. Teve seu início com Paulo Freire, nos estão centradas na discussão de temas sociais e políticos, ou
anos 60, rebelando-se contra toda forma de autoritarismo e seja, o foco do ensino é a realidade social, em que o professor
dominação, defendendo a conscientização como processo a e os alunos estão envolvidos. Assim, eles analisam os proble-
ser conquistado pelo homem, através da problematização de mas da realidade do contexto sócioeconômico e cultural da
sua própria realidade. Sendo revolucionária, ela preconizava a sua comunidade com seus recursos e necessidades, visando ao
transformação da sociedade e acreditava que a educação, por desenvolvimento de ações coletivas para a busca de descrição,
si só, não faria tal revolução, embora fosse uma ferramenta análise e soluções para os problemas extraídos da realidade.
importante e fundamental nesse processo. As atividades escolares não se constituem meramente da
A teoria educacional freireana é utópica, em seu sentido exploração dos conteúdos de ensino, já sistematizados nos livros
de vir-a-ser, de inédito viável, expressões usadas por Freire, e didáticos ou previstos pelos programas oficiais, mas sim em um
esperançosa, porque deposita na transformação do homem a processo de participação ativa nas discussões e nas ações práticas
ideia de que mudar é possível e de que não estamos neces- sobre as questões da realidade social de todos os envolvidos. Nes-
sariamente imobilizados por estarmos submetidos a papéis se processo, a discussão, os relatos da experiência vivida, a sociali-
pré-determinados em uma sociedade de classes. Segundo zação das informações, a pesquisa participante, o trabalho de gru-
ele, apesar de os seguidores dessa tendência não terem tido po, entre outros atos educativo-reflexivos, fazem emergir temas
a preocupação com uma proposta pedagógica explícita, ha- geradores que podem ser sistematizados de modo a consolidar o
via uma didática implícita em seus “círculos de cultura”, sendo conhecimento pelo aluno, com as orientações do professor.
cerne da atividade pedagógica a discussão de temas sociais A tendência libertadora tem sido a perspectiva didática mais
e políticos, que a nós parece ser claro o método dialógico, praticada com muito êxito em vários setores dos movimentos
usado para o despertar da consciência política. sociais, como sindicatos, associações de bairro, comunidades
religiosas, entre outros. Parte desse êxito deve-se ao fato de tal
A Pedagogia Progressista Libertária tem como ideia bási-
tendência ser utilizada entre adultos que vivenciam uma prática
ca modificações institucionais, que, a partir dos níveis subal-
política e em situações nas quais o debate sobre a problemática
ternos, vão “contaminando” todo o sistema, sem modelos e
econômica, social e política pode ser aprofundado com a orienta-
recusando-se a considerar qualquer forma de poder ou au-
ção de intelectuais comprometidos com os interesses populares.
toridade.
A Pedagogia Progressista Crítico-Social dos Conteúdos,
Percebemos esta tendência como decorrência de uma
tendo sido fortalecida a princípio na Europa e depois no Brasil,
abertura para uma sociedade democrática, que vai se fir-
a partir da década de 80, foi considerada como sinônimo de
mando lentamente a partir do início dos anos 80, com a volta pedagogia dialética, no sentido da “dialógica”. Firmando-se
dos exilados políticos e a liberdade de expressão nos meios como teoria que busca captar o movimento objetivo do pro-
acadêmicos, políticos e culturais do país. Firmando-se os in- cesso histórico, uma vez que concebe o homem através do
teresses por escolas realmente democráticas e inclusivas e a materialismo histórico-marxista, trata-se de uma síntese su-
ideia do projeto políticopedagógico da escola como forma de peradora do que há de significado na Pedagogia Tradicional e
identificação política que atenda aos interesses locais e regio- na Escola Nova, direcionando o ensino para a superação dos
nais, primando por uma educação de qualidade para todos. A problemas cotidianos da prática social e, ao mesmo tempo,
participação em grupos e movimentos sociais na sociedade, buscando a emancipação intelectual do educando, 10 consi-
além dos muros escolares, é incentivada e ampliada, trazendo derado um ser concreto, inserido num contexto de relações
para dentro dela a necessidade de concretizar a democracia, sociais. Da articulação entre a escola e a assimilação dos con-
através de eleições para conselhos, direção da escola, grêmios teúdos por parte deste aluno concreto é que resulta o saber
estudantis e outras formas de gestão participativa. criticamente elaborado (Libâneo, 1990).
No Brasil, os libertários recebem a influência do pensa- Essa tendência prioriza o domínio dos conteúdos científi-
mento de Celestin Freinet e suas técnicas nas quais os pró- cos, os métodos de estudo, habilidades e hábitos de raciocí-
prios alunos organizavam os seus planos de trabalho. O mé- nio científico, como modo de formar a consciência crítica face
todo de ensino é a própria autogestão, tornando o interesse à realidade social, instrumentalizando o educando como su-
pedagógico dependente de suas necessidades ou do próprio jeito da história, apto a transformar a sociedade e a si próprio.
grupo. Seu método de ensino parte da prática social, constituindo
Para Libâneo (1994), na didática centrada na Pedagogia tanto o ponto de partida como o ponto de chegada, porém,
Libertadora, o professor busca desenvolver o processo educa- melhor elaborado teoricamente.
tivo como tarefa que se dá no interior dos grupos sociais e, por
isso, ele é o coordenador ou o animador das atividades que se c) Fernando Becker: Pedagogia Diretiva, Pedagogia Não-
organizam sempre pela ação conjunta dele e dos alunos. Não Diretiva e Pedagogia Relacional
há, portanto, uma proposta explícita de Didática e muitos dos Fernando Becker (2001) desenvolveu a ideia de mode-
seus seguidores, entendendo que toda didática resumir-se-ia los pedagógicos e modelos epistemológicos para explicar
ao seu caráter tecnicista, instrumental, meramente prescritivo, os pressupostos pelos quais cada professor atua. Apresenta,
até recusam admitir o papel dessa disciplina na formação dos então, três modelos: Pedagogia Diretiva, Pedagogia Não-Di-
professores. retiva e Pedagogia Relacional.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Complementando esta classificação, Fialho destaca que os psicólogos cognitivistas procuram compreender a “mente” e
sua capacidade (realização) na percepção, na aprendizagem, no pensamento e no uso da linguagem. Assim, a organização
do conhecimento, o processamento de informações, a aquisição de conceitos, os estilos de pensamento, os comportamentos
relativos à tomada de decisões e resolução de problemas são alguns dos “processos centrais” dos indivíduos dificilmente ob-
serváveis e que são investigados.
TEORIAS COGNITIVAS
Dentre as teorias mais contemporâneas de aprendizagem, em especial as cognitivistas, destacamos a teoria construtivista
de Jean Piaget e as teorias sociointeracionistas de Lev Vygotsky e Henri Wallon devido à pertinência com que suas preocupa-
ções epistemológicas, culturais, linguísticas, biológicas e lógico-matemáticas têm sido difundidas e aplicadas para o ambiente
educacional, em especial na didática e em alguns dos programas de ensino auxiliado por computador, bem como sua influencia
no desenvolvimento de novas pesquisas na área da cognição e educação.
As respostas às questões sobre a natureza da aprendizagem de Piaget são dadas à luz de sua epistemologia genética, na qual
o conhecimento se constrói pouco a pouco, à medida em que as estruturas mentais e cognitivas se organizam, de acordo com
os estágios de desenvolvimento da inteligência.
A inteligência é antes de tudo adaptação. Esta característica se refere ao equilíbrio entre o organismo e o meio ambiente, que
resulta de uma interação entre assimilação e acomodação.
A assimilação e a acomodação são, pois, os motores da aprendizagem. A adaptação intelectual ocorre quando há o equi-
líbrio de ambas.
Segundo discorre Ulbritch, a aquisição do conhecimento cognitivo ocorre sempre que um novo dado é assimilado à estru-
tura mental existente que, ao fazer esta acomodação modifica-se, permitindo um processo contínuo de renovação interna. Na
organização cognitiva, são assimiladas o que as assimilações passadas preparam, para assimilar, sem que haja ruptura entre o
novo e o velho.
Pela assimilação, justificam-se as mudanças quantitativas do indivíduo, seu crescimento intelectual mediante a incorpora-
ção de elementos do meio a si próprio.
Pela acomodação, as mudanças qualitativas de desenvolvimento modificam os esquemas existentes em função das carac-
terísticas da nova situação; juntas justificam a adaptação intelectual e o desenvolvimento das estruturas cognitivas.
As estruturas de conhecimento, designadas por Piaget (Gaonach’h e Golder) como esquemas, se complexificam sobre o
efeito combinado dos mecanismos de assimilação e acomodação. Ao nascer, o indivíduo ainda não possui estas estruturas, mas
reflexos (sucção, por exemplo) e um modo de emprego destes reflexos para elaboração dos esquemas que irão se desenvolver.
As obras de Piaget e de seus interpretantes discorrem sobre os estágios de desenvolvimento da inteligência, que se efetua
de modo sucessivo, segundo a lógica das construções mentais - da inteligência sensório-motora à inteligência operatório for-
mal, conforme se ilustra sinteticamente no quadro:
A primeira forma de inteligência é uma estrutura sensório motora, que permite a coordenação das informações senso-
riais e motoras. Surge aos cerca de 18 meses. Consuma-se e equilibra-se entre os 18 meses e 2 anos.
No estágio das operações concretas, esta estrutura (equilibrada) se acha aperfeiçoada: o que a criança teria adquirido
no nível da ação, ela vai aprender a fazer em pensamento. Precede de uma fase de preparação entre 2 e 7 anos e se equi-
libra entre 7 e 11 anos.
No estágio das operações formais, operam-se novas modificações e deve se equilibrar para poder se aplicar, não mais
aos objetos presentes, mas aos objetos ausentes, hipotéticos. O desenvolvimento das estruturas mentais segue uma lógica
de construção semelhante aos estudos da lógica, ou seja, que o desenvolvimento da inteligência em seus sucessivos está-
gios segue uma lógica coerente, tal que pode ser descrita em suas estruturas.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Os cinco estágios de desenvolvimento do ser humano que se regeneram continuamente, pela sua transformação e
apresentados por Galvão sucedem-se em fases com predomi- interação, a rede que os produziu e que constituem o sistema
nância afetiva e cognitiva: enquanto uma unidade concreta no espaço onde ele existe, es-
Impulsivo-emocional, que ocorre no primeiro ano de vida. A pecificando o domínio topológico onde ele se realiza como rede.
predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê - Robert M. Gagné, que compartilha dos enfoques
às pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico; behavioristas e cognitivistas em sua teoria. Para ele, as
Sensório-motor e projetivo, que vai até os três anos. A fases da aprendizagem se apresentam associadas aos pro-
aquisição da marcha e da prensão, dão à criança maior autono- cessos internos que, por sua vez, podem ser influenciados
mia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços. por processos externos. Para Gagné, a aprendizagem é um
Também, nesse estágio, ocorre o desenvolvimento da função processo de mudança nas capacidades do indivíduo, no
simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se ao fato qual se produz estados persistentes e é diferente da ma-
da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. turação ou desenvolvimento orgânico. A aprendizagem
O ato mental “projeta-se” em atos motores. Como diz Dantas, se produz usualmente mediante interação do indivíduo
para Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor; com seu meio (físico, social, psicológico). As oito fases que
constituem o ato de aprendizagem de Gagné.
- Personalismo, ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio - Paulo Freire não desenvolveu uma teoria da aprendi-
desenvolve-se a construção da consciência de si mediante as inte- zagem, mas seus postulados sobre a pedagogia problema-
rações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas; tizadora e transformadora enfatizam uma visão de mundo e
- Categorial. Os progressos intelectuais dirigem o interesse de homem não neutro. Assim. o homem é um ser no mun-
da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do do e com o mundo. A inspiração de seu trabalho nasce de
mundo exterior; dois conceitos básicos: a noção de consciência dominada
- Predominância funcional. Ocorre nova definição dos con- mais dois elementos subjetivos que a compõem e a ideia
de que há determinadas estruturas que conformam o modo
tornos da personalidade, desestruturados devido às modifica-
de pensar e agir das pessoas. Essas estruturas impregnam o
ções corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais,
comportamento subjetivo à percepção e à consciência que
morais e existenciais são trazidas à tona.
cada indivíduo ou grupo tem dos fenômenos sociais.
- Howard Gardner muito tem contribuído para o pro-
O referido autor ressalta ainda que na sucessão de estágios
cesso educacional. Ele defende que o ser humano possui
há uma alternância entre as formas de atividades e de interesses
múltiplas inteligências, ou um espectro de competências
da criança, denominada de “alternância funcional”, onde cada fase
manifestadas pela inteligência. Todas essas competências
predominante (de dominância, afetividade, cognição), incorpora estão presentes no indivíduo, sendo `que se manifestam
as conquistas realizadas pela outra fase, construindo-se reciproca- com maior ou menor intensidade, tornando o indivíduo
mente, num permanente processo de integração e diferenciação. mais ou menos deficiente, mais ou menos competente
dentro de uma ou várias dessas competências. Em sua teo-
Outras abordagens sobre aprendizagem ria, defende que os indivíduos aprendem de maneiras dife-
rentes e apresentam diferentes configurações e inclinações
Outras correntes teóricas buscaram aprofundar e/ou expli- intelectuais. Destaca, ainda, veementemente, o papel da
car as teorias mais representativas, propondo inclusive novas educação no desenvolvimento global e aplicação das inte-
abordagens para compreensão dos processos de desenvol- ligências. As inteligências múltiplas a que se refere Garder
vimento cognitivo e aprendizagem. Dentre elas destacam-se: são: a lógico-matemática, a linguística, a espacial, a musi-
cal, a corporal- sinestésica, a interpessoal e a intrapessoal.
- Albert Bandura, que levanta uma abordagem de aprendi- Na prática escolar convencional, a concretização das
zagem social e o papel das influências sociais na aprendizagem. condições de aprendizagem que asseguram a realização
- J. S. Bruner e a teoria de que o desenvolvimento cognitivo do trabalho docente, estão pautadas nas teorias deter-
se dá numa perspectiva de tratamento da informação, que ocor- minando as tendências pedagógicas. Estas práticas pos-
re de três modos: inativo, onde a informação é representada em suem condicionantes psico sociopolíticos que configuram
termos de ações especificadas e habituais (caminhar, andar de concepções inteligência e conhecimento, de homem e de
bicicleta); o modo icônico, onde a informação é representada sociedade. Com base nesses condicionantes, diferentes
em termos de imagens, e, simbólica, onde a informação é apre- pressupostos sobre o papel da escola, a aprendizagem, a
sentada sobre a forma de um esquema arbitrário e abstrato. relações professor-aluno, a recursos de ensino e o método
- Maturana e Varela, que não desenvolveram um estudo pedagógico .... Influenciam e orientam a didática utilizada.
sobre a cognição especificamente, mas sua teoria sobre o ho- Os programas educacionais informatizados, dos diver-
mem como um sistema autopoiético tem influenciado bastante sos tipos, igualmente contém implícito ou explicitamente
a construção de modelos computadorizados. Os autores enten- (ou no uso educacional que se faz deles) os pressupostos
dem que os seres vivos são um tipo particular de máquinas ho- teórico metodológicos desses condicionantes).
meostáticas. A ideia de autopoiesis é uma expansão da ideia de
homeostase, no sentido em que ela transforma todas as referên- Fonte
cias da homeostase em internas ao sistema e, afirma ou produz SILVA, C. R. de O. Bases pedagógicas e ergonômicas
a identidade do sistema. O sistema autopoiético é organizado para concepção e avaliação de produtos educacionais in-
como uma rede de processos de produção de componentes formatizados.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
O Papel Políticopedagógico deve se constituir na refe- Começar elucidando os termos pode nos auxiliar a
rência norteadora de todos os âmbitos da ação educativa da posicionar mais claramente a relação entre PPP e gestão
escola. Por isso, sua elaboração requer, para ser expressão democrática da escola, especialmente em tempos em que
viva de um projeto coletivo, a participação de todos aque- uma pluralidade de orientações teóricometodológicas ten-
les que compõem a comunidade escolar. Todavia, articular e de a ser assimilada pelas escolas públicas, diluindo-se, mui-
construir espaços participativos, produzir no coletivo um pro- tas vezes, nas distintas vinculações políticas, ideológicas e
jeto que diga não apenas o que a escola é hoje, mas também organizacionais que lhes dão direção.
aponte para o que pretende ser, exige método, organização A palavra projeto traz imiscuída a ideia de futuro, de
e sistematização. vir-a-ser, que tem como ponto de partida o presente (daí
Queremos dizer que não é apenas com “boas intenções” a expressão “projetar o futuro”). É extensão, ampliação, re-
ou voluntarismo que se constroi um projeto dessa natureza; criação, inovação, do presente já construído e, sendo histó-
é preciso muito trabalho organizado se quisermos, de fato, rico, pode ser transformado: “um projeto necessita rever o
que o projeto proposto desencadeie mudanças na direção de instituído para, a partir dele, instituir outra coisa. Tornar-se
uma formação educativa e cultural, de qualidade, para todas instituinte”.
as crianças e jovens que frequentam a escola pública. Vaz- Não se constrói um projeto sem objetivos, sem direção;
quez (1977), ao discutir a questão da práxis, compreendida é uma ação orientada pela intencionalidade, tem um sen-
como prática transformadora, já chamava a atenção para a tido explícito, de um compromisso, e no caso da escola, de
necessidade de ações intencionalmente organizadas, plane- um compromisso coletivamente firmado. Ainda, conforme
jadas, sistematizadas para a realização de práticas transfor- Gadotti (2000), não se constrói um projeto sem uma di-
madoras. reção política, um norte, um rumo. Por isso, todo projeto
Como ressalta o autor: A teoria em si [...] não transforma pedagógico da escola é também político, O projeto peda-
o mundo. Pode contribuir para sua transformação, mas para gógico da escola é, por isso mesmo, sempre um processo
isso tem que sair de si mesma, e, em primeiro lugar, tem que inconcluso, uma etapa em direção a uma finalidade que
ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos reais,
permanece como horizonte da escola.
efetivos, tal transformação. Entre a teoria e a atividade prá-
Compreender o caráter político e pedagógico do PPP
tica transformadora se insere um trabalho de educação das
nos leva a considerar dois outros aspectos:
consciências, de organização dos meios materiais e planos
1) a função social da educação e da escola em uma
concretos de ação: tudo isso como passagem indispensável
sociedade cada vez mais excludente, compreendendo que
para desenvolver ações reais, efetivas. Nesse sentido, uma
a educação, como campo de mediações sociais, define-se
teoria é prática na medida em que materializa, através de
sempre por seu caráter intencional e político. Pode, assim,
uma série de mediações, o que antes só existia idealmente,
contraditoriamente, tanto reforçar, manter, reproduzir for-
como conhecimento da realidade ou antecipação ideal de
sua transformação. mas de dominação e de exclusão como constituir-se em
Discutir as dimensões político e pedagógica dos proje- espaço emancipatório, de construção de um novo projeto
tos de escola pode parecer um assunto já esgotado. Também social, que atenda às necessidades da grande maioria da
não são poucos os que acreditam que a proposta de constru- população
ção de PPP nas e pelas escolas também já se esgotou, prefe- 2) a necessária organicidade entre o PPP e os anseios
rindo aderir a novas linguagens, quase sempre oriundas do da comunidade escolar, implicando a efetiva participação
universo gerencial, consideradas mais “modernas”, “eficien- de todos em todos os seus momentos (elaboração, imple-
tes”, “técnicas”, para se resolver os problemas das instituições. mentação, acompanhamento, avaliação). Dessa perspecti-
Infelizmente, adesões pouco críticas a “conceitos midiáticos”, va, o projeto se expressa como uma totalidade (presente-
ou a fácil penetração dos modismos no campo da educação futuro), englobando todas as dimensões da vida escolar;
têm levado muitos educadores a descartar conceitos e pro- não se reduz a uma somatória de planos ou de sugestões,
postas, vinculados muitas vezes ao ideário crítico, em favor não é transposição ou cópia de projetos elaborados em
de uma suposta eficiência técnica. outras realidades escolares; não é documento “esquecido
Acreditamos, como nos lembra Gimeno Sacristán que: em gavetas”
É preciso fazer um problema do óbvio, daquilo que se É esse compromisso do PPP com os interesses reais e
forma o cotidiano, como meio de ressaltar, de sentir o mundo coletivos da escola que materializa seu caráter político e
mais vivamente e de poder voltar a encontrar o significado pedagógico, posto que essas duas dimensões são indisso-
daquilo que nos rodeia. ciáveis, como destaca Saviani, ao afirmar que a “dimensão
Procurando, então, problematizar o óbvio, propomos política se cumpre na medida em que ela se realiza en-
começar nossa discussão pelos termos que compõem o con- quanto prática especificamente pedagógica”.
ceito de “Projeto Políticopedagógico” e nos perguntarmos:
22
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Assim, é na ação pedagógica da escola que se torna pos- damentos, as orientações curriculares e organizacionais
sível a efetivação de práticas sociais emancipatórias, da for- de uma instituição educativa. Abandona-se, nesse caso, a
mação de um sujeito social crítico, solidário, compromissado, concepção de PPP como construção coletiva. Outorga-se à
criativo, participativo. É nessa ação que se cumpre, se realiza, escola um documento a ser executado, cuja principal preo-
a intencionalidade orientadora do projeto construído. cupação é inovar para produzir melhores resultados.
Compreender essa dialética entre o político e o pedagó- A inovação regulatória significa assumir o projeto polí-
gico torna-se imprescindível para que o PPP não se torne um ticopedagógico como um conjunto de atividades que vão
documento pleno de intenções e vazio de ações; de pouco gerar um produto: um documento pronto e acabado. Nes-
adianta declarar que a finalidade da escola é “formar um su- se caso, deixa-se de lado o processo de produção coletiva.
jeito crítico, criativo, participativo”, ou anunciar sua vinculação Perde-se a concepção integral de um projeto e este se con-
às teorias críticas se, nas suas práticas pedagógicas cotidia- verte em uma relação insumo/processo/produto. Pode-
nas, perduram estruturas de poder autoritárias, currículos en- se inovar para melhorar resultados parciais do ensino, da
gessados, experiências culturais empobrecidas. Ao contrário, aprendizagem, da pesquisa, dos laboratórios, da biblioteca,
é desvelando essas condições, afirmando seu caráter político, mas o processo não está articulado integralmente com o
que a escola, por meio de seu Projeto Políticopedagógico, produto.
pode mobilizar forças para mudanças qualitativas. É nessa Aqui, a inovação não rompe com o que já está insti-
perspectiva que fazem sentido problematizações como: tuído, pelo contrário, trata-se de uma simples rearticula-
- Qual a finalidade da escola? ção do sistema, visando apenas uma introdução acrítica do
- Que sujeitos, cidadãos queremos formar? novo no velho. O PPP torna-se um instrumento de controle,
- Que sociedade queremos construir? burocratizado, voltado apenas para o cumprimento de nor-
mas técnicas, de aplicação de estatísticas, de cumprimento
- Que conhecimentos, saberes a escola irá trabalhar?
de metas, sem que se atente para o caráter processual e
- Como possibilitará a apropriação dos saberes cultural e
para a qualidade das mudanças projetadas.
historicamente construídos, por seus alunos?
- Que espaços participativos criará?
Ao contrário, na perspectiva emancipatória, a inovação
- Como estimulará, apoiará e efetivará a participação do
e o PPP estão organicamente articulados, integrando-se
coletivo da escola?
finalidades e meios, inspirados por processos de ruptura
com o já instituído; não se trata apenas de introdução de
Problematizações dessa natureza possibilitam dois mo-
novas regras, de novas ferramentas, ou formulários de con-
vimentos: por um lado, conhecer, explicitar e discutir concep- trole. A inovação metodológica está vinculada com trans-
ções e valores nem sempre revelados, mas sempre presentes formações nas concepções, com orientações claras e assu-
como orientações imiscuídas em nossas práticas cotidianas midas com relação a um projeto coletivo:
e, por outro, reconstruir essas concepções, reorientar ações, a Sob essa ótica, o projeto é um meio de engajamen-
partir do desvelamento das contradições que estão em suas to coletivo para integrar ações dispersas, criar sinergias no
origens. sentido de buscar soluções alternativas para diferentes mo-
Se mudanças, inovações, transformações são possibili- mentos do trabalho pedagógico-administrativo, desenvol-
dades que o PPP da escola traz consigo, elas não se realizam ver o sentimento de pertença, mobilizar os protagonistas
de modo “automático”; é preciso “educar as consciências”, para a explicitação de objetivos comuns definindo o norte
como nos diz Vazquez (1977), posto que nem toda inova- das ações a serem desencadeadas, fortalecer a construção
ção tem caráter emancipatório. Discutindo essa relação – PPP de uma coerência comum, mas indispensável, para que a
e inovação, Veiga (2003), apoiando-se nas contribuições de ação coletiva produza seus efeitos.
Boaventura Santos, faz uma interessante distinção entre “ino- Na construção do PPP, Veiga (2003) parte do princípio
vação regulatória” e “inovação emancipatória”. de que a inovação emancipatória não pode ser confundi-
Segundo Veiga (2003), tanto a inovação regulatória da com reforma, invenção ou mudança; ela se constitui, de
como a emancipatória provocam mudanças na escola, con- fato, em processos de ruptura com aquilo que está instituí-
tudo, há diferenças substanciais que acompanham cada uma do, cristalizado. A inovação emancipatória é resultante da
delas. Enquanto as inovações do tipo emancipatório têm sua reflexão sobre a realidade da escola, tomando-se sempre
origem e destino nas necessidades do coletivo da escola, as como referência as articulações entre essa “realidade da
inovações regulatórias decorrem de prescrições, de reco- escola” e o contexto social mais amplo. Baseia-se em pro-
mendações externas à escola; tendem a ser burocratizadas, cessos dialógicos e não impositivos, na comunicação e na
não sendo resultado de processos participativos e partilha- argumentação, e não na imposição de ideias, valorizando
dos pela comunidade escolar. Predominam, nas inovações os diferentes tipos de saberes.
regulatórias, aspectos técnicos, ao passo que na primeira Numa perspectiva emancipatória, o PPP apresenta
prevalecem preocupações de cunho político-cultural. as seguintes características:
Adotar a perspectiva da inovação regulatória signi- - ¾ é um movimento de luta em prol da democracia
fica, ainda segundo a autora, compreender o PPP como da escola; não esconde as dificuldades, os pessimismos da
um conjunto de atividades que resultarão em um produto: realidade educacional, mas não se deixa imobilizar por es-
um documento programático, pronto e acabado, no qual tes, procurando assumir novos compromissos em direção a
aparecem sistematizadas as principais concepções, os fun- um futuro melhor; orienta a reflexão e ação da escola
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Os docentes enfrentam dificuldades de ensinar a apren- Seja como for, o importante é que os docentes tenham
der, isto é, desconhecem, muitas vezes, como os alunos po- conhecimento dessas pedagogias e possam criar modelos
dem aprender e quais os processos que devem realizar para alternativos para que haja a possibilidade de o aluno apren-
que seus alunos adquiram, desenvolvam e processem as infor- der a aprender, ou seja, ser capaz de descobrir e aprender
mações ensinadas e apreendidas em sala de aula. Nesse sen- por ele mesmo, ou, em colaboração com outros, os proce-
tido, o trabalho com conceitos como aprendizagem, memória dimentos, conhecimentos e atitudes que atendam às novas
sensorial, memória de curto prazo, memória de longo prazo, exigências da sociedade do conhecimento.
estratégias cognitivas, quando não bem assimilados, no pro- A Constituição Federal, no seu artigo 205, e a LDB,
cesso de formação dos docentes, serão convertidos em dores no seu artigo 2, preceituam que a educação é dever da
de cabeça constantes, em que o docente ensina, mas não tem família e do Estado. Em diferentes momentos, a família é
a garantia de que está, realmente, ensinando a aprender. A no- convocada, pelo poder público, a participar do processo
ção de memória é central para quem ensinar a aprender. de formação escolar: no primeiro instante, matriculando,
As maiores dificuldades dos alunos residem no apren- obrigatoriamente, seu filho, em idade escolar, no ensino
dizado de estratégias de aprendizagem. A leitura, a escrita fundamental.
e a matemática são meios ou estratégias para o desenvolvi- No segundo instante, zelando pela frequência à escola
mento da capacidade de aprender. Entre as três, certamente, e num terceiro momento se articulando com a escola, de
a leitura, especialmente a compreensão leitora, tem o seu modo a assegurar meios para a recuperação dos alunos
lugar de destaque. de menor rendimento e zelando, com os docentes, pela
Ler para aprender é fundamental para qualquer compo- aprendizagem dos alunos.
nente pedagógico do currículo escolar. Através dessa habili- O papel da família, no desenvolvimento da capacidade
dade, a leitura envolve a atividade de ler para compreender, de aprender, é tarefa, pois, de natureza legal ou jurídica,
exigindo que o aluno, por seu turno, aprenda a concentrar-se deve ser, pois, o de articular-se com a escola e seus do-
na seleção de informação relevante no texto, utilizando, para centes, velando, de forma permanente, pela qualidade de
tanto, estratégias de aprendizagem e avaliação de eficácia. ensino.
Aprender, pois, a selecionar informação, é uma tarefa de
O papel, pois, da família é de zelar, a exemplo dos do-
quem ensina e desafio para A escola e a família são institui-
centes, pela aprendizagem. Isto significa acompanhar de
ções ainda muito conservadoras. Nisso, por um lado, não
perto a elaboração da proposta pedagógica da escolar, não
há demérito, mas às vezes também não há mérito. No Bra-
abrindo mão de prover meios para a recuperação dos alu-
sil, muitas escolas utilizam procedimentos do século XVI, do
nos de menor rendimento ou em atraso escolar bem como
período jesuítico como a cópia e o ditado. Nada contra os
assegurar meios de acesso aos níveis mais elevados de en-
dois procedimentos, mas se que tenham uma fundamenta-
ção pedagógica e que valorizem a escrita criativa do aluno, sino segundo a capacidade de cada um.
decerto, terão pouca repercussão no seu aprendizado. As mídias convencionais ou eletrônicas apontam para
Muitas escolas, por pressões familiares, não discutem te- uma revolução pós-industrial, centrada no conhecimen-
mas como sexualidade, especialmente a vertente homosse- to. Estamos na chamada sociedade do conhecimento em
xual. Sexualidade é tabu no meio familiar e no meio escolar que um aprendente dedicado à pesquisa pode, em pouco
mesmo numa sociedade que enfrenta uma síndrome grave tempo, superar os conhecimentos acumulados do mestre.
como a AIDS. A escola ensina, como paradigma da língua pa- E tudo isso é bom para quem ensina e para quem aprende.
drão, regras gramaticais com exemplário de citações do século O conhecimento é possível de ser democraticamente
XIX, e não aceita a variação linguística de origem popular, que capturado ou adquirido por todos: todos estão em con-
traz marcas do padrão oral e não escrito. E assim por diante. dições de aprendizagem. Claro, a figura do professor não
São exemplos de que a escola é realmente conservadora. desaparece, exceto o modelo tradicional do tipo sabe-tu-
do, mas passa a exercer um papel de mediador ou instrutor
Isso acontece também com as pedagogias. Tivemos a ou mesmo um facilitador na aquisição e desenvolvimento
pedagogia tradicional, a escolanovista, piagetiana, Vigostky de aprendizagem.
e já falamos em uma pedagógica pós-construtivista com A tarefa do mediador deve ser, então, a de buscar,
base em teoria de Gardner. Umas cuidam plenamente de orientar, diante das diversas fontes disponíveis, especial-
um aspecto do aprendizado como o conhecimento, mas se mente as eletrônicas, os melhores sites, indicando links que
descuidam completamente da capacidade cognitiva e meta- realmente trazem a informação segura.
cognitiva, interesses e necessidades dos alunos. Infelizmente, por uma série de fatores de ordem so-
Na história educacional, no Brasil, os dados mostram cioeconômica, muitos docentes não acessam a Internet e,
que quanto mais teoria educacional mirabolante, menos co- o mais grave, já sofrem consequência dessa limitação, le-
nhecemos o processo ensino-aprendizagem e mais tende- vando, para sala de aula, informações desatualizadas e des-
mos, também a reforçar um distanciamento professor-aluno, necessárias para os alunos, especialmente em disciplinas
porque as pedagogias tendem a reduzir ações e espaços de como História, Biologia, Geografia e Língua Portuguesa.
um lado ou do outro. Ora o professor é sujeito do processo
pedagógico ora o aluno é o sujeito aprendente. O desafio, Referência:
para todos nós, é o equilíbrio que vem da conjugação dos MARTINS, V. Como desenvolver a capacidade de apren-
pilares do processo de ensino-aprendizagem: mediação, der. UVA, Ceará.
avaliação e qualidade educacional.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
...aquele instrumento de trabalho que seleciona as apren- Presentemente outras influências vêm se agregando à teo-
dizagens e consequentes experiências consideradas básicas e ria crítica do currículo, destacando-se o pós-estruturalismo, os
fundamentais para todos os alunos porque elas derivam-se estudos culturais, a psicanálise, embora alguns autores admi-
das fontes propulsoras e sociais que formarão os membros tam um momento de crise dessa tendência, inclusive por certo
participantes da sociedade democrática”. (Martins, 1968). ecletismo do discurso crítico em educação (Moreira, 1997).
Nessas definições, nota-se a influência da concepção de
currículo da escola nova, largamente adotada no Brasil nos Referência:
anos 60-70, ou seja, o currículo como experiência ou currícu- LIBÂNEO, José Carlos. Didática: Velhos e novos temas. Edi-
lo por atividades. Mais tarde, já na vigência da Lei 5.692/71, ção do Autor, 2002.
circulam os livros de Taba (publicado nos EUA em 1962, na
Argentina em 1974), Tyler (1974), Fleming (1970) entre outros. CURRÍCULO E SUAS DEFINIÇÕES
É interessante mencionar o livro de Dalila Sperb, Problemas
Gerais de Currículo (1966), bastante utilizado nos cursos de O debate sobre Currículo e sua conceituação é necessário
formação de professores à época. Esses livros traziam o enten- para que saibamos defini-lo e para conhecer quais as teorias
dimento clássico de currículo como toda a aprendizagem pla- que o sustentam na educação. Um Currículo não é um con-
nejada e guiada pela escola e, portanto, supunha uma ênfase junto de conteúdos dispostos em um sumário ou índice. Pelo
no planejamento curricular como atividade racional formada contrário, a construção de um Currículo demanda:
por três elementos: objetivos, conteúdos ou matéria e méto- a) uma ou mais teorias acerca do conhecimento escolar;
dos ou processos. Essa linha consolidou-se com os livros de b) a compreensão de que o Currículo é produto de um pro-
Bloom, Mager, Gagné, entre outros, que acabaram por mar- cesso de conflitos culturais dos diferentes grupos de educadores
car a tendência em currículo cunhada entre nós de tecnicismo que o elaboram;
educacional. c) conhecer os processos de escolha de um conteúdo e não
A recepção no Brasil dessa noção globalizante, isto é, cur- de outro (disputa de poder pelos grupos) (LOPES, 2006).
rículo como soma total de experiências dos alunos planejadas Para iniciar o debate vamos apresentar algumas definições
pela escola incluindo processos de ensino e a própria organi- de currículo para compreender as teorias que circulam entre
nós, educadores. De acordo com Lopes (2006, contra capa):
zação da escola, tem a ver com uma relação de continuidade
[...] o currículo se tece em cada escola com a carga de seus
entre a corrente progressivista de Dewey e a abordagem sistê-
participantes, que trazem para cada ação pedagógica de sua cul-
mica/comportamentalista no pensamento educacional brasi-
tura e de sua memória de outras escolas e de outros cotidianos
leiro dos anos 60-70, conforme sugeri em outro lugar (Libâneo,
nos quais vive. É nessa grande rede cotidiana, formada de múlti-
1990). No Brasil, essa noção de currículo, obviamente inclui a
plas redes de subjetividade, que cada um de nós traçamos nos-
didática, mas como área subordinada, uma variável curricular sas histórias de aluno/aluna e de professor/professora. O grande
encarregada dos métodos e material didático. A didática fica tapete que é o currículo de cada escola, também sabemos todos,
reduzida ao seu caráter instrumental, e as funções tradicio- nos enreda com os outros formando tramas diferentes e mais
nalmente inscritas no seu âmbito teórico - o que, como, para belas ou menos belas, de acordo com as relações culturais que
quem etc. - passam para o currículo. mantemos e do tipo de memória que nós temos de escola [...].
Com estas últimas considerações, quero ressaltar que os Essa concepção converge com a de Tomaz Tadeu da
estudos sobre currículo que se consolidam a partir dos anos Silva (2005, p.15):
60 têm uma óbvia origem norte-americana e é nessa linha O currículo é sempre resultado de uma seleção: de um
que se desenvolveu boa parte da mentalidade do professo- universo mais amplo de conhecimentos e saberes seleciona-se
rado sobre currículo e didática. Devido provavelmente à forte aquela parte que vai constituir, precisamente o currículo.
estruturação disciplinar dos currículos de formação, pouco se As definições de currículo de Lopes (2006) e Silva (2005)
questionou sobre a presença das duas disciplinas, com temá- são aquelas de Sacristán (2003):
ticas bastante parecidas. A diferenciação começou a ocorrer [...] conjunto de conhecimentos ou matérias a serem supera-
com a introdução e incorporação no Brasil das teorias repro- das pelo aluno dentro de um ciclo-nível educativo ou modalidade
dutivistas (segunda metade dos anos 70), da Nova Sociologia de ensino; o currículo como experiência recriada nos alunos por
da Educação, da teoria crítica (por volta de 1988), que possibili- meio da qual podem desenvolver-se; o currículo como tarefa e
taram o questionamento da concepção tecnicista e eficientista habilidade a serem dominadas; o currículo como programa que
do currículo e a formulação de um corpo teórico para a teoria proporciona conteúdos e valores para que os alunos melhorem a
curricular crítica. sociedade em relação à reconstrução da mesma [...]
Todavia, a tendência que foi ganhando mais destaque foi Lopes (2006), Silva (2005) e Sacristán (2000) afirmam que o
a sociologia crítica do currículo que passa a desenvolver um Currículo não é uma listagem de conteúdos. O currículo é processo
corpo de ideias inteiramente distinto daquelas convencionais constituído por um encontro cultural, saberes, conhecimentos esco-
anteriormente mencionadas. Tudo parece inverter-se, as cate- lares na prática da sala de aula, locais de interação professor e aluno.
gorias ganham outros significados. Vendo essa tendência de Essas reflexões devem orientar a ação dos profissionais
fora, fica-se com a sensação de que se construiu muito mais da educação quanto ao Currículo, além de estimular o valor
uma sociologia do currículo do que uma teoria crítica do cur- formativo do conhecimento pedagógico para os professores, o
rículo para uso dos professores, como propunham, por exem- que realmente nos importa como docentes.
plo, Stenhouse ou Gimeno Sacristán, que assumiam o currículo Conhecer as teorias sobre o Currículo nos leva a refletir
como um conceito integrador da teoria e da prática educativa sobre para que serve, a quem serve e que política pedagógica
e principal instrumento de inovação e mudança educativas. elabora o Currículo.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Todavia, diante do desafio de ser professor, cabe-nos A sala de aula é o espaço onde se concretiza o currí-
entender quais os saberes socialmente relevantes, quais os culo e deve acontecer o processo ensino e aprendizagem.
critérios de hierarquização entre esses saberes/disciplinas, Este processo acontece não só por meio da transferência
as concepções de educação, de sociedade, de homem que de conteúdos, mas, também pela influência das diversas
sustentam as propostas curriculares implantadas. Quem relações e interações desse espaço escolar, na sala de aula
são os sujeitos que poderão definir e organizar o currículo? e na relação professor-aluno.
E quais os pressupostos que defendemos? Concordamos que o eixo central do Currículo é diver-
O estudo das teorias do currículo não é a garantia de sos conhecimentos. Para defini-lo se faz necessário discutir
se encontrar as respostas a todos os nossos questionamen- a serviço de quem a escola está. Defendemos que o traba-
tos, é uma forma de recuperarmos as discussões curricula- lho escolar defina seu Currículo a partir da cultura do aluno,
res no ambiente escolar e conhecer os diferentes discur- respeitando-a, mas sem perder a ênfase no conhecimento
sos pedagógicos que orientam as decisões em torno dos clássico das disciplinas que compõem a grade curricular.
conteúdos até a “racionalização dos meios para obtê-los e Alguns autores afirmam que o ponto de partida é o
comprovar seu sucesso” (SACRISTÁN, 2000). aluno concreto. Outros questionam o que sabemos so-
bre esse aluno concreto, se realmente partimos dele. E ao
Para nós, professores, os estudos sobre as teorias do questionarem afirmam que “a cultura popular é, assim, um
poderão responder aos questionamentos da comunidade conhecimento que deve, legitimamente, fazer parte do
escolar como: a valorização dos professoras/es, o baixo Currículo, pois toda cultura é fruto do trabalho humano”.
rendimento escolar, dificuldades de aprendizagem, desin- O conhecimento científico é o que dá as explicações
teresse, indisciplina e outras dimensões. Poderão, sobre- mais objetivas para a realidade e este é o objetivo principal
tudo, mostrar que os Currículos não são neutros. Eles são da escola. No entanto, é preciso questionar, o que determi-
elaborados com orientações políticas e pedagógicas. Ou na a legitimidade de um conhecimento.
seja, é produto de grupos sociais que disputam o poder.
As reformulações curriculares atuais promovem discus- Fonte:
sões entre posições diferentes, há os que defendem os cur-
SABAINI, S. M. G; BELLINI, L. M. Porque estudar currícu-
rículos por competências, os científicos, os que enfatizam
lo e teorias de currículo.
a cultura, a diversidade, os mais críticos à ciência moderna,
enfim, teorias tradicionais, críticas e pós-críticas disputam
Bibliografia
esse espaço cheio de conflitos, Como afirma Silva (2005), o
ALBUQUERQUE, Janeslei A; KUNZLE, Maria Rosa. O
Currículo é um território político contestado.
currículo e suas dimensões, multirracial e multicultural. In:
Diante desse complexo mundo educacional de tendên-
cias, teorias, ideologias e práticas diversas, cabe-nos estu- Caderno Pedagógico nº 4, APP-SINDICATO 60 ANOS. 2007.
dar para conhecê-las, podendo assim assumir uma condu- LOPES, Alice C. Pensamento e política curricular – en-
ta crítica na ação docente. trevista com William Pinar. In: Políticas de currículo em múl-
tiplos contextos. São Paulo: Cortez, 2006.
William Pinar (apud LOPES, 2006), estudioso do campo SACRISTÁN J. G.; PÉREZ GÓMEZ A. I. Compreender e
do currículo, afirma: transformar o ensino. Porto Alegre: ArtMed, 2000.
[...] estudar teoria de currículo, é importante na medida SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de Identidade: uma
em que oferece aos professores de escolas públicas, a com- introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autên-
preensão dos diversos mundos em que habitamos e, espe- tica, 2005.
cialmente a retórica política que cerca as propostas educa-
cionais e os conteúdos curriculares. Os professores de escolas COMO SE DÁ A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO?
(norte americanas) têm dificuldades em resistir a modismos
educacionais passageiros, porque, em parte não lembram Apesar de Piaget e Vygotsky partilharem algumas
das teorias e da história do currículo, porque muito frequen- crenças – por exemplo, que o desenvolvimento é um pro-
temente não as estudaram [...] cesso dialético e que as crianças são cognitivamente ativas
Essa também é a realidade brasileira. Precisamos es- no processo de imitar modelos em seu mundo social – eles
tudar nossas propostas curriculares, bem como as teorias divergem na ênfase sobre outros aspectos. Eu gostaria de
do currículo e tendências pedagógicas para que possamos apontar e analisar três desses aspectos divergentes e mos-
entender nossa prática e suas consequências aos alunos e trar como eles fundamentam minha proposta:
docentes. - desenvolvimento versus aprendizagem
Acerca disso, Eisner (apud SACRISTÁN, 2000), pontua - interação social versus interação com os objetos
que: - interação horizontal versus interação vertical.
[...] que o ensino é o conjunto de atividades que trans- No primeiro aspecto, temos, por um lado, a convicção
formam o currículo na prática para produzir a aprendiza- de Piaget de que o desenvolvimento precede a aprendiza-
gem, é uma característica marcante do pensamento curri- gem e, por outro, a afirmação de Vygotsky de que a apren-
cular atual, interar o plano curricular a prática de ensiná-lo dizagem pode (e deve) anteceder o desenvolvimento. Um
não apenas o torna realidade em termos de aprendizagem, primeiro exame dos estudos Vygotskianos nos mostra que
mas que na própria atividade podem se modificar as pri- os problemas relacionados com o processo ensino-apren-
meiras intenções e surgir novos fins [...] dizagem não podem ser resolvidos sem uma análise da re-
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
lação aprendizagem-desenvolvimento. Vygotsky (1988) diz que os professores deveriam adotar, quando necessário, o
que, da mesma forma que algumas aprendizagens podem papel de um colega mais experiente, ajudando os alunos a
contribuir para a transformação ou organização de outras superar impasses que surgem durante as discussões, dan-
áreas de pensamento, podem, também, tanto seguir o pro- do exemplos (ou contraexemplos) que estimulem o pen-
cesso de maturação como precedê-lo e mesmo acelerar samento.
seu progresso. Essa ideia revolucionou a noção de que os Hatano ataca a rígida divisão entre construção indivi-
processos de aprendizagem são limitados pelo desenvol- dual e social do conhecimento ao enfatizar as vantagens da
vimento biológico que, por sua vez, depende do proces- adoção de uma postura mais flexível:
so maturacional individual e não pode ser acelerado. Mais Arguir que o conhecimento é individualmente cons-
ainda, considera que o desenvolvimento biológico, pode truído não é ignorar o papel das outras pessoas no pro-
ser decisivamente influenciado pelo ambiente, no caso, a cesso de construção. Similarmente, enfatizar o papel das
escola e o ensino. interações sociais e/ou com os objetos na construção do
A convicção de Piaget de que as crianças são como conhecimento, não desmerece a crucial importância da
cientistas, trabalhando nos materiais de seu mundo físico e orientação a ser dada pelo professor.
lógico-matemático para dar sentido à realidade, de forma Dessa forma, reforça a importância do papel do profes-
alguma nega sua preocupação com o papel exercido pelo sor e do contexto social na construção do conhecimento
meio social. Existe aqui, em minha opinião, apenas uma pelo aluno. No trabalho de Vygotsky, a dialética da mudan-
questão de ênfase. Enquanto Piaget enfatiza a interação ça é clara: as atividades na sala de aula são influenciadas
com os objetos, Vygotsky enfatiza a interação social. pela sociedade, mas, ao mesmo tempo, podem, também,
A idade mental da criança é tradicionalmente defini- influenciá-la. Como conclusão Hatano escreve:
da pelas tarefas que elas são capazes de desempenhar de Se nós queremos estabelecer uma concepção ou teoria
forma independente. Vygotsky chama essa capacidade de de aquisição de conhecimento geralmente aceita, devería-
zona de desenvolvimento real. Estendendo esse conceito mos estimular o diálogo (ou o “poliálogo”) entre as teorias
Vygotsky afirma que, mesmo que as crianças não possam ou programas de pesquisa. Esta prática pode nos conduzir ao
ainda desempenhar tais tarefas sozinhas algumas dessas fortalecimento de uma teoria pela incorporação de insights
podem ser realizadas com a ajuda de outras pessoas. Isso de uma outra o que pode algumas vezes ser considerado
identifica sua zona de desenvolvimento potencial. Final- problemático.
mente, ele sugere que entre a zona de desenvolvimento Esse problema pode, no entanto, ser contornado, se
real (funções dominadas ou amadurecidas) e a zona de de- aqueles insights forem harmoniosamente integrados den-
senvolvimento potencial (funções em processo de matu- tro da teoria Vygotskiana.
ração) existe uma outra que ele chama de zona de desen- Em seguida, eu gostaria de ir mais além, incluir a peda-
volvimento proximal. Desenvolvendo sua teoria, Vygotsky gogia crítica de Paulo Freire nesta discussão e mostrar suas
demonstra a efetividade da interação social no desenvolvi- características complementares aos enfoques Piagetiano e
mento de altas funções mentais tais como: memória volun- Vygotskiano na formulação de um ensino crítico-constru-
tária, atenção seletiva e pensamento lógico. Sugere, tam- tivista.
bém, que a escola atue na estimulação da zona de desen- A compreensão do papel da educação no desenvol-
volvimento proximal, pondo em movimento processos de vimento dos seres humanos, partilhada por Vygotsky e
desenvolvimento interno que seriam desencadeados pela Freire, é baseada na preocupação de ambos com o desen-
interação da criança com outras pessoas de seu meio. Uma volvimento integral das pessoas, na filosofia marxista, no
vez internalizados, esses atos se incorporariam ao processo enfoque construtivista, na importância do contexto social e
de desenvolvimento da criança. na firme crença na natureza dos seres humanos.
Seguindo essa linha de raciocínio, o aspecto mais re- Tudge (1990) – um forte Vygotskiano escreve:
levante da aprendizagem escolar parece ser o fato de criar A colaboração com outras pessoas seja um adulto ou
zonas de desenvolvimento proximal. um colega mais adiantado, dentro da zona de desenvolvi-
Inagaki e Hatano (1983) sugerem um modelo que tenta mento proximal, conduz ao desenvolvimento dentro de pa-
sintetizar as contribuições de Vygotsky e Piaget, analisando râmetros culturalmente apropriados. Esta concepção não é
o papel das interações sociais entre os alunos (interações teleológica no sentido de algum ponto final universal de
horizontais) no processo de aprendizagem. Eles conside- desenvolvimento, mas pode ser, em um sentido mais re-
ram que a integração do conhecimento é mais forte quan- lativo, que o mundo social preexistente, internalizado no
do as crianças são instigadas a defender seu ponto de vis- adulto ou no colega mais adiantado, é o objetivo para o
ta. Isto acontece mais naturalmente quando elas tentam qual o desenvolvimento conduz.
convencer seus colegas. Elas também tendem a ser mais A citação acima mostra como eu vejo a convergência
críticas quando discutindo com seus pares que com os pro- das ideias de Freire e Vygotsky acerca de direção. Ambos
fessores, por aceitarem mais passivamente a opinião dos rejeitam a ideia de não diretividade no ensino. Para eles, o
adultos. processo de aprendizagem deve ser conduzido pelo pro-
Esse estudo propõe a aquisição de conhecimento inte- fessor visando a atingir os alvos desejados. Em ambos os
grado através da discussão em sala de aula e tenta ampliar casos, os alvos devem convergir para o desenvolvimento
a participação do adulto em mais do que simplesmente or- integral da pessoa, seja num contexto de opressão – adul-
ganizar condições para o trabalho dos alunos. É sugerido tos analfabetos – ou num contexto de deficiência – crianças
30
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
surdas. Quando o educador assume que os alunos não po- socialmente construído pode também contribuir, embora
dem aprender algum tópico ou habilidade, seja porque não temporariamente, para reforçar tais conceitos espontâneos
estão completamente maduros para essa aprendizagem ou uma vez que as crianças tendem a buscar o consenso e
porque são deficientes, a tendência pode ser negligenciar podem facilmente tender para a opinião da maioria. Nesses
esses alunos. Isso foi observado por Schneider (1974), ao casos, a orientação do professor é crucial.
estudar o aluno excepcional ou atrasados especiais, por Em resumo, para tornar a aprendizagem mais efetiva,
Cunha (1989), quando sugere que a deficiência pode ser os professores deveriam planejar suas lições levando em
produzida ou reforçada pela escola, e por Tudge. consideração tanto a forma como os alunos aprendem
Vygotsky (1988) menciona que quando crianças men- como os conceitos prévios que trazem. Os estudos de Pia-
talmente retardadas não são expostas ao raciocínio abs- get são de fundamental importância ao apontar as diferen-
trato durante sua escolarização (porque se supõe que são ças entre o raciocínio da criança, em seus vários estágios,
capazes apenas de raciocinar concretamente), o resultado e o raciocínio de um adulto que atingiu o nível das ope-
pode ser a supressão dos rudimentos de qualquer capaci- rações formais. Muitos professores, não compreendendo
dade de abstração que tal criança por ventura possua. esses diferentes níveis de desenvolvimento mental, podem
empregar estratégias de ensino totalmente inadequadas
Como pode o professor facilitar a construção do conhe- que, ao invés de facilitar a progressão para um nível mais
cimento? elevado de conhecimento, leve o aluno a superpor o con-
ceito espontâneo com o cientificamente aceito, apenas
Dentro de um enfoque construtivista é dever do pro- para atender às exigências formais dos testes escolares. Na
fessor assegurar um ambiente dentro do qual os alunos vida diária, no entanto, a criança continuará a utilizar os
possam reconhecer e refletir sobre suas próprias ideias; conceitos espontâneos por melhor traduzirem sua visão de
aceitar que outras pessoas expressem pontos de vista dife- mundo.
rentes dos seus, mas igualmente válidos e possam avaliar Considerando que a responsabilidade final pela pró-
a utilidade dessas ideias em comparação com as teorias pria aprendizagem pertence a cada aluno, a tarefa do pro-
apresentadas pelo professor. De fato, desenvolver o res-
fessor é encorajá-los a verbalizarem suas ideias, ajudá-los
peito pelos outros e a capacidade de dialogar é um dos
a tornarem-se conscientes de seu próprio processo de
aspectos fundamentais do pensamento Freireano (Taylor,
aprendizagem e a relacionarem suas experiências prévias
1993). Assim, é importante para as crianças discutir ideias
às situações sob estudo. Uma construção crítica do conhe-
em todas as lições. Pensar sobre as próprias ideias ajuda
cimento está intimamente associada com questionamen-
os alunos a se tornarem conscientes de suas concepções
tos: seja para entender o pensamento do aluno, seja para
alternativas ou ideias informais (Black e Lucas, 1993).
promover uma aprendizagem conceitual.
Nesse enfoque, os professores deveriam também es-
timular os alunos a refletirem sobre suas próprias ideias –
encorajando-os a compararem-nas com o conhecimento Diferenças entre o ensino tradicional e o ensino cons-
cientificamente aceito – e procurarem estabelecer um elo trutivista
entre esses dois conhecimentos. Essa comparação é impor-
tante por propiciar um conflito cognitivo e, assim, ajudar os Algumas virtudes, de grande importância para os edu-
alunos a reestruturarem suas ideias o que pode representar cadores, estão presentes numa prática de ensino tradicio-
um salto qualitativo na sua compreensão. Essa comparação nal. Entretanto, existem outros aspectos a serem conside-
também pode ajudar o aluno a desenvolver sua capacida- rados num enfoque construtivista de ensino. Um deles é
de de análise. Em outras palavras, espera-se que o novo a ênfase atribuída aos conhecimentos prévios dos alunos
conhecimento não seja aprendido mecanicamente, mas na busca de entender seus significados e dar-lhes voz. Por
ativamente construído pelo aluno, que deve assumir-se conhecimentos prévios eu não me refiro ao conhecimento
como o sujeito do ato de aprender. Eu gostaria também de aprendido em lições anteriores, mas às ideias espontâneas
sugerir que o professor provocasse nos seus alunos o de- trazidas pelos alunos que são frutos de suas vivências e
senvolvimento de uma atitude crítica que transcendesse os que, muitas vezes, diferem dos conceitos científicos. Essas
muros da escola e refletisse na sua atuação na sociedade. ideias deveriam ser utilizadas como um ponto de partida
Estar consciente dos conceitos prévios dos alunos – para a construção de um novo conhecimento na sala de
que estejam em desacordo com o conhecimento científico aula. Naturalmente, todos nós trazemos uma bagagem de
– capacita os professores a planejar estratégias para recons- experiências vividas e ninguém pode ser considerado um
truí-los, utilizando contraexemplos ou situações-problema, recipiente vazio. Por esse motivo, os professores deveriam
para confrontá-los. Esse confronto pode causar uma ruptu- estar atentos aos conhecimentos prévios dos alunos, visan-
ra no conhecimento dos alunos, provocando desequilíbrios do a ajudá-los a tornar claras para eles próprios (e também
(ou conflitos cognitivos) que podem impulsioná-los para para o professor) as crenças que trazem e a forma como
a frente na tentativa de recuperar o equilíbrio. Entretanto, interpretam o mundo. Seria também útil se os professores
existe também a possibilidade de que o processo de iden- se dispusessem a aprender com as questões colocadas pe-
tificação das concepções espontâneas possa, ao invés de los alunos. Isso não significa que professor e aluno tenham
removê-las, funcionar como um reforço. Solomon (1993) o mesmo conhecimento científico, mas os professores de-
apresenta um exemplo que ilustra como o conhecimento veriam ser capazes de aprender com os alunos como eles
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
podem aprender melhor. Essa atitude demanda humildade. mudar quando necessário. Comumente a falta de interesse
Como é possível aprender com os alunos se estou conven- pelas aulas origina-se do fato de que os tópicos não são
cido de que sei o que é melhor para eles? Os alunos têm conectados. Os alunos não conseguem entender a razão
muito a nos ensinar se apenas pararmos para ouvi-los. E, para determinadas questões; não conseguem perceber as
quanto mais distante, cultural ou afetivamente, o professor relações desses tópicos com suas próprias experiências
estiver do seu aluno, mais provável é que ele formule as nem como poderão utilizar o novo conhecimento em seu
perguntas erradas. Seria bem melhor se a vaidade permitis- próprio benefício. Ensinar não é apenas transmitir o conhe-
se aos professores fazer perguntas aos alunos e se procu- cimento acumulado pela humanidade, mas fazê-lo signifi-
rassem entender que, por estarmos aprendendo o tempo cante para os alunos.
todo com os outros e com a vida, somos, todos, eternos Tendo abertura para aprender com os alunos, sendo
aprendizes. reflexivo e pronto para mudar, o professor pode vir a co-
Eu estou consciente de que isso não é fácil. É também nhecer o suficiente sobre o aluno de forma a favorecer uma
importante que os professores não confundam constru- aprendizagem significativa.
tivismo com falta de disciplina e de direção. O papel do
professor é, de fato, ajudar os alunos a perceber as incon- O que é uma construção crítica do conhecimento?
gruências e vazios no seu entendimento. Para fazer isso, os
professores têm que respeitar os alunos e tal respeito tem Minha preocupação, no entanto, vai além de um ensi-
que ser mútuo. No entanto, respeito não é alguma coisa no construtivista e, naturalmente, de um ensino tradicional.
imposta de cima para baixo. Preferivelmente, deveria ser O tipo de ensino que eu tenho em mente deve ser tam-
alguma coisa construída e oferecida ao professor, pelos bém crítico. Por uma construção crítica do conhecimento
alunos, que o consideram merecedor dessa consideração. eu me refiro a um ensino cuja preocupação transcenda a
Assim, o papel de um ensino crítico construtivista deveria transmissão de um conteúdo específico. Sua preocupa-
considerar que: ção deve ser também com o pensamento crítico do aluno,
- o conhecimento prévio do aluno é importante e alta- sua compreensão de que toda pessoa merece dignidade
e felicidade e que, finalmente, é dever de todos lutar para
mente relevante para o processo de ensino;
atingir esses objetivos. Assim, uma construção crítica do
- o papel do professor é ajudar o aluno a construir o
conhecimento implica um compromisso com o pensamen-
seu próprio conhecimento;
to independente e o bem-estar comum. Tais compromis-
- as estratégias de ensino devem ser planejadas para
sos devem estar coerentemente presentes na conduta do
ajudar o aluno a adotar novas ideias ou integrá-las com
professor para apoiar sua análise do contexto da sala de
seus conceitos prévios;
aula e sua capacidade de tomar decisões coerentes. Como
- qualquer trabalho prático é planejado para ajudar
Freire (1977) diz, nós deveríamos não importar ideias, mas
a construção do conhecimento através da experiência do
recriá-las. Dessa forma, um ensino construtivista crítico
mundo real e da interação social capacitando a ação; não poderia ser entendido como receitas prontas a serem
- o trabalho prático envolve a construção de elos com seguidas, mas como sugestões a serem examinadas pelos
os conceitos prévios num processo de geração, checagem professores. Tal criticismo é crucial em todos os níveis de
e restruturação de ideias; educação e deve estar presente, particularmente, durante
- a aprendizagem envolve não só a aquisição e exten- programas de formação de professores devido ao seu efei-
são de novos conceitos mas também sua reorganização e to multiplicador. Um exemplo de sua utilidade é evitar os
análise crítica; “especialismos estreitos” frequentemente observados entre
- a responsabilidade final com a aprendizagem é dos experts, que, ao se aprofundarem num determinado aspec-
próprios alunos. to, perdem a visão do todo e, muitas vezes, não percebem
Outra importante característica que eu sugiro para um as implicações éticas de suas decisões.
ensino construtivista é a empatia. Por empatia eu me refiro Em resumo, num ensino para uma construção crítica
à capacidade de ser sensível às necessidades dos alunos do conhecimento, devem estar presentes atitudes como:
ou, em outras palavras, ser disponível. É também a capaci- - estar consciente do que está acontecendo ao redor
dade de escutar e entender as mensagens dos alunos. Para (comunidade, sociedade, mundo) e revelar como a domi-
fazer isso o professor deve aprender a ler entre as linhas nação e a opressão são produzidas dentro da escola;
e decodificar mensagens que não são percebidas sequer - estimular o pensamento crítico dos alunos;
pelos próprios alunos. Isso equivale a tentar devolver aos - introduzir o diálogo crítico entre os participantes;
alunos, de forma estruturada, as informações que vêm de- - buscar respostas para os problemas colocados;
les de forma desestruturada. Frequentemente, uma respos- - colocar novas questões para serem respondidas, me-
ta deixa de ser dada não porque os alunos não sabem a lhorando assim a prática;
resposta, mas porque eles não entenderam nem mesmo - tornar a aprendizagem significante, crítica, emanci-
a pergunta. Em tais casos, o professor deve ser suficien- patória e comprometida com as mudanças na direção do
temente sensível para perceber isso, e aberto (disponível), bem-estar coletivo; e
para aprender com os alunos a fazer perguntas que sejam - estar consciente de que todos temos uma parte a
entendidas por todos e não só pelos “melhores” alunos. cumprir em prol de uma sociedade mais justa.
O professor deve também ser flexível e estar pronto para
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
uma repetição sem sentido, em que apenas respondem a co- processo de racionalização do ensino). A prática de pla-
mandos arbitrários, Bruner propõe o ensino pela descoberta. nejamento do ensino tem sido questionada quanto a sua
O método da descoberta não só ensina a criança a resolver validade como instrumento de melhoria qualitativa no pro-
problemas da vida prática, como também garante a ela uma cesso de ensino como o trabalho do professor:
compreensão da estrutura fundamental do conhecimento, [...] a vivência do cotidiano escolar nos tem evidencia-
possibilitando assim economia no uso da memória, e a trans- do situações bastante questionáveis neste sentido. Perce-
ferência da aprendizagem no sentido mais amplo e total. be-se, de início, que os objetivos educacionais propostos
Segundo Bock (2001), a preocupação de Bruner é que nos currículos dos cursos apresentam confusos e desvincu-
a criança aprenda a aprender corretamente, ainda que “cor- lados da realidade social. Os conteúdos a serem trabalha-
retamente” assuma, na prática, sentidos diferentes para as dos, por sua vez, são definidos de forma autoritária, pois os
diferentes faixas etárias. Para que se garanta uma apren- professores, via re regra, não participam dessa tarefa. Nes-
dizagem correta, o ensino deverá assegurar a aquisição sas condições, tendem a mostrar-se sem elos significativos
e permanência do aprendido (memorização), de forma a com as experiências de vida dos alunos, seus interesses e
facilitar a aprendizagem subsequente (transferência). Este necessidades.
é um método não estruturado, portanto o professor deve De modo geral, no meio escolar, quando se faz referên-
estar preparado para lidar com perguntas e situações di- cia a planejamento do ensino – aprendizagem, este se re-
versas. O professor deve conhecer a fundo os conteúdos a duz ao processo através do qual são definidos os objetivos,
serem tratados. Deve estar apto a conhecer respostas cor- o conteúdo programático, os procedimentos de ensino, os
retas e reconhecer quando e porque as respostas alternati- recursos didáticos, a sistemática de avaliação da aprendi-
vas estão erradas. Também necessita saber esperar que os zagem, bem como a bibliografia básica a ser consultada
alunos cheguem à descoberta, sem apressa-los, mas ga- no decorrer de um curso, série ou disciplina de estudo.
rantindo a execução de um programa mínimo. Deve tam- Com efeito, este é o padrão de planejamento adotado pela
bém ter cuidado para não promover um clima competitivo maioria dos professores e que passou a ser valorizado ape-
que gere, ansiedade e impeça alguns alunos de aprender. nas em sua dimensão técnica.
O modelo de ensino e aprendizagem de David P. Ausu- Em nosso entendimento a escola faz parte de um con-
bel (1980) caracteriza-se como um modelo cognitivo que texto que engloba a sociedade, sua organização, sua estru-
apresenta peculiaridades bastante interessantes para os tura, sua cultura e sua história. Desse modo, qualquer pro-
professores, pois centraliza-se, primordialmente, no pro- jeto de ensino – aprendizagem está ligado a este contexto
cesso de aprendizagem tal como ocorre em sala de aula. e ao modo de cultura que orienta um modelo de homem
Para Ausubel, aprendizagem significa organização e inte- e de mulher que pretendemos formar, para responder aos
gração do material aprendido na estrutura cognitiva, es- desafios desta sociedade. Por esta razão, pensamos que
trutura esta na qual essa organização e integração se pro- é de fundamental importância que os professores saibam
cessam. que tipo de ser humano pretendem formar para esta so-
Psicólogos e educadores têm demonstrado uma cres- ciedade, pois disto depende, em grande parte, as escolhas
cente preocupação com o modo como o indivíduo apren- que fazemos pelos conteúdos que ensinamos, pela me-
de e, desde Piaget, questões do tipo: “Como surge o co- todologia que optamos e pelas atitudes que assumimos
nhecer no ser humano? Como o ser humano aprende? O diante dos alunos. De certo modo esta visão limitada ou
conhecimento na escola é diferente do conhecimento da potencializada o processo ensino-aprendizagem não de-
vida diária? O que é mais fácil esquecer?” atravessaram as pende das políticas públicas em curso, mas do projeto de
investigações científicas. Assim, deve interessar à escola formação cultural que possui o corpo docente e seu com-
saber como criança, adolescentes e adultos elaboram seu promisso com objeto de estudo.
conhecer, haja vista que a aquisição do conhecimento é a Como o ato pedagógico de ensino-aprendizagem
questão fundamental da educação formal. constitui-se, ao longo prazo, num projeto de formação hu-
A psicologia cognitiva preocupa responder estas ques- mana, propomos que esta formação seja orientada por um
tões estudando o dinamismo da consciência. A aprendi- processo de autonomia que ocorra pela produção autôno-
zagem é, portanto, a mudança que se preocupa com o eu ma do conhecimento, como forma de promover a demo-
interior ao passar de um estado inicial a um estado final. cratização dos saberes e como modo de elaborar a crítica
Implica normalmente uma interação do indivíduo com o da realidade existente.
meio, captando e processando os estímulos selecionados. Isto quer dizer que só há crítica se houver produção
O ato de ensinar envolve sempre uma compreensão autônoma do conhecimento elaborado através de uma
bem mais abrangente do que o espaço restrito do profes- prática efetiva da pesquisa. Entendemos que é pela prática
sor na sala de aula ou às atividades desenvolvidas pelos da pesquisa que exercitamos a reflexão sobre a realidade
alunos. Tanto o professor quanto o aluno e a escola encon- como forma de sistematizar metodologicamente nosso
tram-se em contextos mais globais que interferem no pro- olhar sobre o mundo para podermos agir sobre os proble-
cesso educativo e precisam ser levados em consideração mas. Isto quer dizer que não pesquisamos por pesquisar e
na elaboração e execução do ensino. nem refletimos por refletir. Tanto a reflexão quanto à pes-
Ensinar algo a alguém requer, sempre, duas coisas: uma quisa são meios pelos quais podemos agir como sujeitos
visão de mundo (incluídos aqui os conteúdos da apren- transformadores da realidade social. Isto indica que nosso
dizagem) e planejamento das ações (entendido como um trabalho, como professores, é o de ensinar a aprender para
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito dis- Toda criança precisa da escola para aprender e não para
torcido e um movimento muito polemizado pelos mais diferentes marcar passo ou ser segregada em classes especiais e atendi-
segmentos educacionais e sociais. No entanto, inserir alunos com mentos à parte. A trajetória escolar não pode ser comparada
déficits de toda ordem, permanentes ou temporários, mais gra- a um rio perigoso e ameaçador, em cujas águas os alunos
ves ou menos severos no ensino regular nada mais é do que ga- podem afundar. Mas há sistemas organizacionais de ensino
rantir o direito de todos à educação - e assim diz a Constituição! que tornam esse percurso muito difícil de ser vencido, uma
Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. verdadeira competição entre a correnteza do rio e a força dos
As grandes inovações estão, muitas vezes na concretização que querem se manter no seu curso principal.
do óbvio, do simples, do que é possível fazer, mas que preci- Um desses sistemas, que muito apropriadamente se de-
sa ser desvelado, para que possa ser compreendido por to- nomina “de cascata”, prevê a exclusão de algumas crianças,
dos e aceito sem outras resistências, senão aquelas que dão que têm déficits temporários ou permanentes e em função
brilho e vigor ao debate das novidades. dos quais apresentam dificuldades para aprender. Esse sis-
O objetivo de nossa participação neste evento é clarear o tema contrapõe-se à melhoria do ensino nas escolas, pois
sentido da inclusão, como inovação, tornando-o compreen- mantém ativo, o ensino especial, que atende aos alunos que
sível, aos que se interessam pela educação como um direito caíram na cascata, por não conseguirem corresponder às exi-
de todos, que precisa ser respeitado. Pretendemos, também gências e expectativas da escola regular. Para se evitar a que-
demonstrar a viabilidade da inclusão pela transformação ge- da na cascata, na maioria das vezes sem volta, é preciso remar
ral das escolas, visando a atender aos princípios deste novo contra a correnteza, ou seja, enfrentar os desafios da inclusão:
paradigma educacional. o ensino de baixa qualidade e o subsistema de ensino espe-
Para descrever o nosso caminho na direção das escolas cial, desvinculada e justaposto ao regular.
inclusivas vamos focalizar nossas experiências, no cenário Priorizar a qualidade do ensino regular é, pois, um desa-
educacional brasileiro sob três ângulos: o dos desafios pro- fio que precisa ser assumido por todos os educadores. É um
vocados por essa inovação, o das ações no sentido de efeti- compromisso inadiável das escolas, pois a educação básica é
vá-la nas turmas escolares, incluindo o trabalho de formação um dos fatores do desenvolvimento econômico e social. Tra-
de professores e, finalmente o das perspectivas que se abrem ta-se de uma tarefa possível de ser realizada, mas é impossível
à educação escolar, a partir de sua implementação. de se efetivar por meio dos modelos tradicionais de organiza-
ção do sistema escolar.
Uma educação para todos Se hoje já podemos contar com uma Lei Educacional que
propõe e viabiliza novas alternativas para melhoria do ensino
O princípio democrático da educação para todos só se nas escolas, estas ainda estão longe, na maioria dos casos, de
evidencia nos sistemas educacionais que se especializam em se tornarem inclusivas, isto é, abertas a todos os alunos, indis-
todos os alunos, não apenas em alguns deles, os alunos com tinta e incondicionalmente. O que existe em geral são proje-
deficiência. A inclusão, como consequência de um ensino de tos de inclusão parcial, que não estão associados a mudanças
qualidade para todos os alunos provoca e exige da escola de base nas escolas e que continuam a atender aos alunos
brasileira novos posicionamentos e é um motivo a mais para com deficiência em espaços escolares semi ou totalmente se-
que o ensino se modernize e para que os professores aper- gregados (classes especiais, salas de recurso, turmas de acele-
feiçoem as suas práticas. É uma inovação que implica num ração, escolas especiais, os serviços de itinerância).
esforço de atualização e reestruturação das condições atuais As escolas que não estão atendendo alunos com defi-
da maioria de nossas escolas de nível básico. ciência em suas turmas regulares se justificam, na maioria das
O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma vezes pelo despreparo dos seus professores para esse fim.
nova perspectiva para as pessoas com deficiência é, sem dú- Existem também as que não acreditam nos benefícios que es-
vida, a qualidade de ensino nas escolas públicas e privadas, ses alunos poderão tirar da nova situação, especialmente os
de modo que se tornem aptas para responder às necessida- casos mais graves, pois não teriam condições de acompanhar
des de cada um de seus alunos, de acordo com suas espe- os avanços dos demais colegas e seriam ainda mais margina-
cificidades, sem cair nas teias da educação especial e suas lizados e discriminados do que nas classes e escolas especiais.
modalidades de exclusão. Em ambas as circunstâncias, o que fica evidenciado é a
O sucesso da inclusão de alunos com deficiência na necessidade de se redefinir e de se colocar em ação novas
escola regular decorre, portanto, das possibilidades de se alternativas e práticas pedagógicas, que favoreçam a todos
conseguir progressos significativos desses alunos na esco- os alunos, o que, implica na atualização e desenvolvimento
laridade, por meio da adequação das práticas pedagógicas de conceitos e em aplicações educacionais compatíveis com
à diversidade dos aprendizes. E só se consegue atingir esse esse grande desafio.
sucesso, quando a escola regular assume que as dificulda- Muda então a escola ou mudam os alunos, para se
des de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em ajustarem às suas velhas exigências? Ensino especializado
grande parte do modo como o ensino é ministrado, a apren- em todas as crianças ou ensino especial para deficientes?
dizagem é concebida e avaliada. Pois não apenas as deficien- Professores que se aperfeiçoam para exercer suas funções,
tes são excluídas, mas também as que são pobres, as que não atendendo às peculiaridades de todos os alunos, ou pro-
vão às aulas porque trabalham, as que pertencem a grupos fessores especializados para ensinar aos que não apren-
discriminados, as que de tanto repetir desistiram de estudar. dem e aos que não sabem ensinar?
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
O tutoramento nas salas de aula tem sido uma solução Em uma palavra, os professores acreditam que a forma-
natural, que pode ajudar muito os alunos, desenvolvendo ção em serviço lhes assegurará o preparo de que necessitam
neles o hábito de compartilhar o saber. O apoio ao colega para se especializarem em todos os alunos, mas concebem
com dificuldade é uma atitude extremamente útil e huma- essa formação como sendo mais um curso de extensão, de
na e que tem sido muito pouco desenvolvida nas escolas, especialização com uma terminalidade e com um certificado
sempre tão competitivas e despreocupadas com a constru- que lhes convalida a capacidade de efetivar a inclusão esco-
ção de valores e de atitudes morais. lar. Eles introjetaram o papel de praticantes e esperam que os
Além dessas sugestões, referentes ao ensino nas esco- formadores lhes ensinem o que é preciso fazer, para trabalhar
las, a educação de qualidade para todos e a inclusão impli- com níveis diferentes de desempenho escolar, transmitindo-
cam em mudanças de outras condições relativas à admi- lhes os novos conhecimentos, conduzindo-lhes da mesma
nistração e aos papéis desempenhados pelos membros da maneira como geralmente trabalham com seus próprios alu-
organização escolar. nos. Acreditam que os conhecimentos que lhes faltam para
Nesse sentido é primordial que sejam revistos os pa- ensinar as crianças com deficiência ou dificuldade de apren-
péis desempenhados pelos diretores e coordenadores, no der por outras incontáveis causas referem-se primordialmen-
sentido de que ultrapassem o teor controlador, fiscaliza- te à conceituação, etiologia, prognósticos das deficiências e
dor e burocrático de suas funções pelo trabalho de apoio, que precisam conhecer e saber aplicar métodos e técnicas
orientação do professor e de toda a comunidade escolar. específicas para a aprendizagem escolar desses alunos. Os
A descentralização da gestão administrativa, por sua dirigentes das redes de ensino e das escolas particulares
vez, promove uma maior autonomia pedagógica, adminis- também pretendem o mesmo, num primeiro momento, em
trativa e financeira de recursos materiais e humanos das que solicitam a nossa colaboração.
escolas, por meio dos conselhos, colegiados, assembleias Se de um lado é preciso continuar investindo maciça-
de pais e de alunos. Mudam-se os rumos da administração mente na direção da formação de profissionais qualificados,
escolar e com isso o aspecto pedagógico das funções do não se pode descuidar da realização dessa formação e estar
diretor e dos coordenadores e supervisores emerge. Dei- atento ao modo pelo qual os professores aprendem para se
xam de existir os motivos pelos quais que esses profissio- profissionalizar e para aperfeiçoar seus conhecimentos peda-
gógicos, assim como reagem às novidades, aos novos possí-
nais ficam confinados aos gabinetes, às questões burocráti-
veis educacionais.
cas, sem tempo para conhecer e participar do que acontece
nas salas de aula.
A metodologia
Visando à formação continuada dos professores
Diante dessas circunstâncias e para que possamos atingir
nossos propósitos de formar professores para uma escola de
Sabemos que, no geral, os professores são bastante qualidade para todos, idealizamos um projeto de formação
resistentes às inovações educacionais, como a inclusão. A que tem sido adotado por redes de ensino públicas e escolas
tendência é se refugiarem no impossível, considerando que particulares brasileiras, desde 1991.
a proposta de uma educação para todos é válida, porém Nossa proposta de formação se baseia em princípios
utópica, impossível de ser concretizada com muitos alunos educacionais construtivistas, pois reconhecemos que a coo-
e nas circunstâncias em que se trabalha, hoje, nas escolas, peração, a autonomia intelectual e social, a aprendizagem
principalmente nas redes públicas de ensino. ativa e a cooperação são condições que propiciam o desen-
A maioria dos professores têm uma visão funcional do volvimento global de todos os alunos, assim como a capaci-
ensino e tudo o que ameaça romper o esquema de tra- tação e o aprimoramento profissional dos professores.
balho prático que aprenderam a aplicar em suas salas de Nesse contexto, o professor é uma referência para o
aula é rejeitado. Também reconhecemos que as inovações aluno e não apenas um mero instrutor, pois enfatizamos a
educacionais abalam a identidade profissional, e o lugar importância de seu papel tanto na construção do conheci-
conquistado pelos professores em uma dada estrutura ou mento, como na formação de atitudes e valores do futuro
sistema de ensino, atentando contra a experiência, os co- cidadão. Assim sendo, a formação continuada vai além dos
nhecimentos e o esforço que fizeram para adquiri-los. aspectos instrumentais de ensino.
Os professores, como qualquer ser humano, tendem a A metodologia que adotamos reconhece que o profes-
adaptar uma situação nova às anteriores. E o que é habi- sor, assim como o seu aluno, não aprende no vazio. Assim
tual, no caso dos cursos de formação inicial e na educação sendo, partimos do “saber fazer” desses profissionais, que já
continuada, é a separação entre teoria e prática. Essa visão possuem conhecimentos, experiências, crenças, esquemas
dicotômica do ensino dificulta a nossa atuação, como for- de trabalho, ao entrar em contato com a inclusão ou qual-
madores. Os professores reagem inicialmente à nossa me- quer outra inovação.
todologia, porque estão habituados a aprender de maneira Em nossos projetos de aprimoramento e atualização do
incompleta, fragmentada e essencialmente instrucional. professor consideramos fundamental o exercício constante de
Eles esperam aprender uma prática inclusiva, ou melhor, reflexão e o compartilhamento de ideias, sentimentos, ações
uma formação que lhes permita aplicar esquemas de tra- entre os professores, diretores, coordenadores da escola. Inte-
balho pré-definidos às suas salas de aulas, garantindo-lhes ressam-nos as experiências concretas, os problemas reais, as si-
a solução dos problemas que presumem encontrar nas es- tuações do dia-a-dia que desequilibram o trabalho, nas salas de
colas inclusivas. aula. Eles são a matéria-prima das mudanças. O questionamen-
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
to da própria prática, as comparações, a análise das circunstân- Temos estimulado em todas as redes em que atuamos a
cias e dos fatos que provocam perturbações e/ou respondem criação dos centros, pois ao nosso ver, eles resumem o que
pelo sucesso vão definindo, pouco a pouco, aos professores as pretendemos, quando nos referimos à formação continuada
suas “teorias pedagógicas”. Pretendemos que os professores - um local em que o professor e toda comunidade escolar
sejam capazes de explicar o que outrora só sabiam reproduzir, vem para realimentar o conhecimento pedagógico, além de
a partir do que aprendiam em cursos, oficinas, palestras, exclu- servir igualmente aos alunos e a todos os interessados pela
sivamente. Incentivamos os professores para que interajam com educação, no município.
seus colegas com regularidade, estudem juntos, com e sem o Ao nosso ver, os cursos e demais atividades de formação
nosso apoio técnico e que estejam abertos para colaborar com em serviço, habitualmente oferecidos aos professores não es-
seus pares, na busca dos caminhos pedagógicos da inclusão. tão obtendo o retorno que o investimento propõe. Temos in-
O fato de os professores fundamentarem suas práticas sistido na criação desses Centros, porque a existência de seus
e argumentos pedagógicos no senso comum dificulta a ex- serviços redireciona o que já é usual nas redes de ensino, ou
plicitação dos problemas de aprendizagem. Essa dificuldade seja, o apoio ao professor, pelos itinerantes. Não concorda-
pode mudar o rumo da trajetória escolar de alunos que mui- mos com esse suporte a alunos e professores com dificulda-
tas vezes são encaminhados indevidamente para as moda- des, porque “apagam incêndio”, agem sobre os sintomas, ofe-
lidades do ensino especial e outras opções segregativas de recem soluções particularizadas, locais, mas não vão à fundo
atendimento educacional. no problema e suas causas. Os serviços itinerantes de apoio
Daí a necessidade de se formarem grupos de estudos nas não solicitam o professor, no sentido de que se mobilize, de
escolas, para a discussão e a compreensão dos problemas que reveja sua prática. Sua existência não obriga o professor
educacionais, à luz do conhecimento científico e interdisci- a assumir a responsabilidade pela aprendizagem de todos os
plinarmente, se possível. Os grupos são organizados espon- alunos, pois já existe um especialista para atender aos casos
taneamente pelos próprios professores, no horário em que mais difíceis, que são os que justamente fazem o professor
estão nas escolas e são acompanhados, inicialmente, pela evoluir, na maneira de proceder com a turma toda. Porque
equipe da rede de ensino, encarregada da coordenação das se um aluno não vai bem, seja ele uma pessoa com ou sem
ações de formação. As reuniões têm como ponto de partida, deficiência, o problema precisa ser analisado não apenas com
as necessidades e interesse comuns de alguns professores de relação às reações dessa ou de outra criança, mas ao grupo
esclarecer situações e de aperfeiçoar o modo como traba- como um todo, ao ensino que está sendo ministrado, para
lham nas salas de aula. O foco dos estudos está na resolução que os alunos possam aprender, naquele grupo.
dos problemas de aprendizagem, o que remete à análise de A itinerância não faz evoluir as práticas, o conhecimento
como o ensino está sendo ministrado, pois o processo de pedagógico dos professores. Ë, na nossa opinião, mais uma
construção do conhecimento é interativo e os seus dois lados modalidade da educação especial que acomoda o profes-
devem ser analisados, quando se quer esclarecê-lo. sor do ensino regular, tirando-lhe a oportunidade de crescer,
Participam dos grupos, além dos professores, o diretor de sentir a necessidade de buscar soluções e não aguardar
da escola, coordenadores, mas há grupos que se formam en- que alguém de fora venha, regularmente, para resolver seus
tre membros de diversas escolas, que estejam voltados para problemas. Esse serviço igualmente reforça a ideia de que os
um mesmo tema de estudo, como por exemplo a indiscipli- problemas de aprendizagem são sempre do aluno e que só o
na, a sexualidade, a ética e a violência, a avaliação e outros especialista poderá se incumbir de removê-los, com adequa-
assuntos pertinentes. ção e eficiência.
A equipe responsável pela coordenação da formação O tipo de formação que estamos implementando para
é constituída por professores, coordenadores, que são da tornar possível a inclusão implica no estabelecimento de
própria rede de ensino, e por parceiros de outras Secretarias parcerias entre professores, alunos, escolas, profissionais de
afins: Saúde, Esportes, Cultura. Nós trabalhamos diretamente outras áreas afins, Universidades, para que possa se manter
com esses profissionais, mas também participamos do traba- ativa e capaz de fazer frente às inúmeras solicitações que essa
lho nas escolas, acompanhando-as esporadicamente, quan- modalidade de trabalho provoca nos interessados. Por outro
do somos solicitados - minha equipe de alunos e eu. lado, essas parcerias ensejam o desenvolvimento de outras
ações, entre as quais a investigação educacional e em outros
Os Centros de Desenvolvimento do Professor ramos do conhecimento. São nessas redes e a partir dessa
formação que estamos pesquisando e orientando trabalhos
Algumas redes de ensino criaram o que chamamos de de nossos alunos de graduação e pós-graduação da Facul-
Centros de Desenvolvimento do Professor, os quais represen- dade de Educação / Unicamp e onde estamos observando os
tam um avanço nessa nova direção de formação continuada, efeitos desse trabalho, nas redes.
que estamos propondo, pois sediam a maioria das ações de Não dispensamos os cursos, oficinas e outros eventos de
aprimoramento da rede, promovendo eventos de pequeno, atualização e de aperfeiçoamento, quando estes são reivindi-
médio e grande porte, como workshops, seminários, entre- cados pelo professor e nesse sentido a parceria com outros
vistas, com especialistas, fóruns e outras atividades. Sejam grupos de pesquisa da Unicamp e colegas de outras Univer-
atendendo individualmente, como em pequenos e grandes sidades têm sido muito eficiente. Mas há cursos que oferece-
grupos os professores, pais, comunidade. Os referidos Cen- mos aos professores, que são ministrados por seus colegas da
tros também se dedicam ao encaminhamento e atendimento própria rede, quando estes se dispõem a oferecê-los ou são
de alunos que necessitam de tratamento clínico, em áreas convidados por nós, ao conhecermos o valor de sua contri-
que não sejam a escolar, propriamente dita. buição para os demais.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Integração x Inclusão: Escola (de qualidade) para Outros obstáculos à consecução de um ensino espe-
Todos cializado no aluno, implicam a adequação de novos conhe-
cimentos oriundos das investigações atuais em educação
Sabemos que a situação atual do atendimento às ne- e de outras ciências às salas de aula, às intervenções ti-
cessidades escolares da criança brasileira é responsável picamente escolares, que têm uma vocação institucional
pelos índices assustadores de repetência e evasão no en- específica de sistematizar os conhecimentos acadêmicos,
sino fundamental. Entretanto, no imaginário social, como as disciplinas curriculares. De fato, nem sempre os estudos
na cultura escolar, a incompetência de certos alunos - os e as comprovações científicas são diretamente aplicáveis à
pobres e os deficientes - para enfrentar as exigências da realidade escolar e as implicações pedagógicas que pode-
escolaridade regular é uma crença que aparece na simpli- mos retirar de um novo conhecimento também precisam
cidade das afirmações do senso comum e até mesmo em de ser testadas, para confirmar sua eficácia no domínio do
certos argumentos e interpretações teóricas sobre o tema. ensino escolar.
Por outro lado, já se conhece o efeito solicitador do O paradigma vigente de atendimento especializado e
meio escolar regular no desenvolvimento de pessoas com segregativo é extremamente forte e enraizado no ideário
deficiências (Mantoan:1988) e é mesmo um lugar comum das instituições e na prática dos profissionais que atuam
afirmar-se que é preciso respeitar os educandos em sua no ensino especial. A indiferenciação entre os significados
individualidade, para não se condenar uma parte deles ao específicos dos processos de integração e inclusão escolar
fracasso e às categorias especiais de ensino. Ainda assim, é reforça ainda mais a vigência do paradigma tradicional de
ousado para muitos, ou melhor, para a maioria das pessoas, serviços e muitos continuam a mantê-lo, embora estejam
a ideia de que nós, os humanos, somos seres únicos, singu- defendendo a integração!
lares e que é injusto e inadequado sermos categorizados, a Ocorre que os dois vocábulos - integração e inclusão
qualquer pretexto! - conquanto tenham significados semelhantes, estão sen-
Todavia, apesar desses e de outros contrassensos, do empregados para expressar situações de inserção dife-
sabemos que é normal a presença de déficits em nossos rentes e têm por detrás posicionamentos divergentes para
comportamentos e em áreas de nossa atuação, pessoal ou a consecução de suas metas. A noção de integração tem
grupal, assim como em um ou outro aspecto de nosso de- sido compreendida de diversas maneiras, quando aplicada
senvolvimento físico, social, cultural, por sermos seres per- à escola. Os diversos significados que lhe são atribuídos
fectíveis, que constroem, pouco a pouco e, na medida do devem-se ao uso do termo para expressar fins diferentes,
possível, suas condições de adaptação ao meio. A diversi- sejam eles pedagógicos, sociais, filosóficos e outros. O
dade no meio social e, especialmente no ambiente escolar, emprego do vocábulo é encontrado até mesmo para de-
é fator determinante do enriquecimento das trocas, dos signar alunos agrupados em escolas especiais para defi-
intercâmbios intelectuais, sociais e culturais que possam cientes, ou mesmo em classes especiais, grupos de lazer,
ocorrer entre os sujeitos que neles interagem. residências para deficientes. Por tratar-se de um construc-
Acreditamos que o aprimoramento da qualidade do to histórico recente, que data dos anos 60, a integração
ensino regular e a adição de princípios educacionais váli- sofreu a influência dos movimentos que caracterizaram e
dos para todos os alunos, resultarão naturalmente na inclu- reconsideraram outras ideias, como as de escola, socieda-
são escolar dos deficientes. Em consequência, a educação de, educação. O número crescente de estudos referentes
especial adquirirá uma nova significação. Tornar-se-á uma à integração escolar e o emprego generalizado do termo
modalidade de ensino destinada não apenas a um grupo têm levado a muita confusão a respeito das ideias que cada
exclusivo de alunos, o dos deficientes, mas especializada caso encerra.
no aluno e dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de Os movimentos em favor da integração de crianças
novas maneiras de se ensinar, adequadas à heterogeneida- com deficiência surgiram nos países nórdicos, quando se
de dos aprendizes e compatível com os ideais democráti- questionaram as práticas sociais e escolares de segregação,
cos de uma educação para todos. assim como as atitudes sociais em relação às pessoas com
Nessa perspectiva, os desafios que temos a enfrentar deficiência intelectual.
são inúmeros e todas e quaisquer investidas no sentido de A noção de base em matéria de integração é o prin-
se ministrar um ensino especializado no aluno depende de cípio de normalização, que não sendo específico da vida
se ultrapassar as condições atuais de estruturação do en- escolar, atinge o conjunto de manifestações e atividades
sino escolar para deficientes. Em outras palavras, depende humanas e todas as etapas da vida das pessoas, sejam elas
da fusão do ensino regular com o especial. afetadas ou não por uma incapacidade, dificuldade ou ina-
Ora, fusão não é junção, justaposição, agregação de daptação. A normalização visa tornar accessível às pessoas
uma modalidade à outra. Fundir significa incorporar ele- socialmente desvalorizadas condições e modelos de vida
mentos distintos para se criar uma nova estrutura, na qual análogos aos que são disponíveis de um modo geral ao
desaparecem os elementos iniciais, tal qual eles são origi- conjunto de pessoas de um dado meio ou sociedade; im-
nariamente. Assim sendo, instalar uma classe especial em plica a adoção de um novo paradigma de entendimento
uma escola regular nada mais é do que uma justaposição das relações entre as pessoas fazendo-se acompanhar de
de recursos, assim como o são outros, que se dispõem do medidas que objetivam a eliminação de toda e qualquer
mesmo modo. forma de rotulação.
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Nesta perspectiva, o Ministério da Educação/Secreta- A Lei nº 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao de-
ria de Educação Especial apresenta a Política Nacional de finir “tratamento especial” para os alunos com “deficiências
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, físicas, mentais, os que se encontram em atraso considerá-
que acompanha os avanços do conhecimento e das lutas vel quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”,
sociais, visando constituir políticas públicas promotoras de não promove a organização de um sistema de ensino capaz
uma educação de qualidade para todos os alunos. de atender às necessidades educacionais especiais e acaba
reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e
Marcos históricos e normativos escolas especiais.
Em 1973, o MEC cria o Centro Nacional de Educação
A escola historicamente se caracterizou pela visão da Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação
educação que delimita a escolarização como privilégio de especial no Brasil, que, sob a égide integracionista, impulsio-
um grupo, uma exclusão que foi legitimada nas políticas nou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência
e práticas educacionais reprodutoras da ordem social. A e às pessoas com superdotação, mas ainda configuradas por
partir do processo de democratização da escola, eviden- campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado.
cia-se o paradoxo inclusão/exclusão quando os sistemas Nesse período, não se efetiva uma política pública de
de ensino universalizam o acesso, mas continuam excluin- acesso universal à educação, permanecendo a concepção de
do indivíduos e grupos considerados fora dos padrões ho- “políticas especiais” para tratar da educação de alunos com
mogeneizadores da escola. Assim, sob formas distintas, a deficiência. No que se refere aos alunos com superdotação,
exclusão tem apresentado características comuns nos pro- apesar do acesso ao ensino regular, não é organizado um
cessos de segregação e integração, que pressupõem a se- atendimento especializado que considere as suas singulari-
leção, naturalizando o fracasso escolar. dades de aprendizagem.
A partir da visão dos direitos humanos e do conceito A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus
de cidadania fundamentado no reconhecimento das dife- objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem
renças e na participação dos sujeitos, decorre uma identifi- preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
cação dos mecanismos e processos de hierarquização que outras formas de discriminação” (art.3º, inciso IV). Define,
no artigo 205, a educação como um direito de todos, ga-
operam na regulação e produção das desigualdades. Essa
rantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício
problematização explicita os processos normativos de dis-
da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo
tinção dos alunos em razão de características intelectuais,
206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso
físicas, culturais, sociais e linguísticas, entre outras, estrutu-
e permanência na escola” como um dos princípios para o
rantes do modelo tradicional de educação escolar.
ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendi-
A educação especial se organizou tradicionalmente
mento educacional especializado, preferencialmente na rede
como atendimento educacional especializado substituti- regular de ensino (art. 208).
vo ao ensino comum, evidenciando diferentes compreen- O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei nº
sões, terminologias e modalidades que levaram à criação 8.069/90, no artigo 55, reforça os dispositivos legais supra-
de instituições especializadas, escolas especiais e classes citados ao determinar que “os pais ou responsáveis têm a
especiais. Essa organização, fundamentada no conceito de obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede re-
normalidade/anormalidade, determina formas de atendi- gular de ensino”. Também nessa década, documentos como
mento clínico-terapêuticos fortemente ancorados nos tes- a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a
tes psicométricos que, por meio de diagnósticos, definem Declaração de Salamanca (1994) passam a influenciar a for-
as práticas escolares para os alunos com deficiência. mulação das políticas públicas da educação inclusiva.
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação
teve início na época do Império, com a criação de duas Especial, orientando o processo de “integração instrucional”
instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em que condiciona o acesso às classes comuns do ensino regu-
1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto lar àqueles que “(...) possuem condições de acompanhar e
dos Surdos Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto desenvolver as atividades curriculares programadas do en-
Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio sino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais”
de Janeiro. No início do século XX é fundado o Instituto (p.19). Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de
Pestalozzi (1926), instituição especializada no atendimento padrões homogêneos de participação e aprendizagem, a
às pessoas com deficiência mental; em 1954, é fundada a Política não provoca uma reformulação das práticas educa-
primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – cionais de maneira que sejam valorizados os diferentes po-
APAE; e, em 1945, é criado o primeiro atendimento edu- tenciais de aprendizagem no ensino comum, mas mantendo
cacional especializado às pessoas com superdotação na a responsabilidade da educação desses alunos exclusiva-
Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff. mente no âmbito da educação especial.
Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
deficiência passa a ser fundamentado pelas disposições da Lei nº 9.394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, re-
Lei nº 4.024/61, que aponta o direito dos “excepcionais” cursos e organização específicos para atender às suas ne-
à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de cessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que
ensino. não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
fundamental, em virtude de suas deficiências; e assegura a A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Si-
aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do nais – Libras como meio legal de comunicação e expressão,
programa escolar. Também define, dentre as normas para a determinando que sejam garantidas formas institucionaliza-
organização da educação básica, a “possibilidade de avan- das de apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da
ço nos cursos e nas séries mediante verificação do apren- disciplina de Libras como parte integrante do currículo nos
dizado” (art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais cursos de formação de professores e de fonoaudiologia.
apropriadas, consideradas as características do alunado, A Portaria nº 2.678/02 do MEC aprova diretrizes e nor-
seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante mas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do sistema
cursos e exames” (art. 37). Braille em todas as modalidades de ensino, compreendendo
Em 1999, o Decreto nº 3.298, que regulamenta a Lei nº o projeto da Grafia Braille para a Língua Portuguesa e a re-
7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a Integra- comendação para o seu uso em todo o território nacional.
ção da Pessoa Portadora de Deficiência, define a educação Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Edu-
especial como uma modalidade transversal a todos os níveis cação Inclusiva: direito à diversidade, com vistas a apoiar a
e modalidades de ensino, enfatizando a atuação comple- transformação dos sistemas de ensino em sistemas educa-
mentar da educação especial ao ensino regular. cionais inclusivos, promovendo um amplo processo de for-
Acompanhando o processo de mudança, as Diretrizes mação de gestores e educadores nos municípios brasileiros
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Re- para a garantia do direito de acesso de todos à escolariza-
solução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que: ção, à oferta do atendimento educacional especializado e à
“Os sistemas de ensino devem matricular todos os alu- garantia da acessibilidade.
nos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento Em 2004, o Ministério Público Federal publica o docu-
aos educandos com necessidades educacionais especiais, mento O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e
Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de disse-
assegurando as condições necessárias para uma educação
minar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, rea-
de qualidade para todos.”
firmando o direito e os benefícios da escolarização de alunos
As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial
com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular.
para realizar o atendimento educacional especializado com- Impulsionando a inclusão educacional e social, o De-
plementar ou suplementar à escolarização, porém, ao admi- creto nº 5.296/04 regulamentou as Leis nº 10.048/00 e nº
tir a possibilidade de substituir o ensino regular, não poten- 10.098/00, estabelecendo normas e critérios para a promo-
cializam a adoção de uma política de educação inclusiva na ção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com
rede pública de ensino, prevista no seu artigo 2º. mobilidade reduzida. Nesse contexto, o
O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, Programa Brasil Acessível, do Ministério das Cidades, é
destaca que “o grande avanço que a década da educação desenvolvido com o objetivo de promover a acessibilidade
deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva urbana e apoiar ações que garantam o acesso universal aos
que garanta o atendimento à diversidade humana”. Ao es- espaços públicos.
tabelecer objetivos e metas para que os sistemas de ensino O Decreto nº 5.626/05, que regulamenta a Lei nº
favoreçam o atendimento às necessidades educacionais es- 10.436/2002, visando ao acesso à escola dos alunos surdos,
peciais dos alunos, aponta um déficit referente à oferta de dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular,
matrículas para alunos com deficiência nas classes comuns a formação e a certificação de professor, instrutor e tradutor/
do ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa como
e ao atendimento educacional especializado. segunda língua para alunos surdos e a organização da edu-
A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Bra- cação bilíngue no ensino regular.
sil pelo Decreto nº 3.956/2001, afirma que as pessoas com Em 2005, com a implantação dos Núcleos de Atividades
deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades de Altas Habilidades/Superdotação – NAAH/S em todos os
fundamentais que as demais pessoas, definindo como dis- estados e no Distrito Federal, são organizados centros de refe-
criminação com base na deficiência toda diferenciação ou rência na área das altas habilidades/superdotação para o aten-
exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direi- dimento educacional especializado, para a orientação às famí-
tos humanos e de suas liberdades fundamentais. Este Decre- lias e a formação continuada dos professores, constituindo a
to tem importante repercussão na educação, exigindo uma organização da política de educação inclusiva de forma a ga-
rantir esse atendimento aos alunos da rede pública de ensino.
reinterpretação da educação especial, compreendida no
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Defi-
contexto da diferenciação, adotado para promover a elimi-
ciência, aprovada pela ONU em 2006 e da qual o Brasil é
nação das barreiras que impedem o acesso à escolarização.
signatário, estabelece que os Estados-Partes devem assegu-
Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/
rar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de
CP nº 1/2002, que estabelece as Diretrizes Curriculares Na- ensino, em ambientes que maximizem o desenvolvimento
cionais para a Formação de Professores da Educação Básica, acadêmico e social compatível com a meta da plena partici-
define que as instituições de ensino superior devem prever, pação e inclusão, adotando medidas para garantir que:
em sua organização curricular, formação docente voltada a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do
para a atenção à diversidade e que contemple conhecimen- sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as
tos sobre as especificidades dos alunos com necessidades crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino funda-
educacionais especiais. mental gratuito e compulsório, sob alegação de deficiência;
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao especializado; às matrículas, conforme tipos de deficiência,
ensino fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em transtornos do desenvolvimento e altas habilidades/super-
igualdade de condições com as demais pessoas na comu- dotação; à infraestrutura das escolas quanto à acessibilida-
nidade em que vivem (Art.24). de arquitetônica, à sala de recursos ou aos equipamentos
Neste mesmo ano, a Secretaria Especial dos Direitos específicos; e à formação dos professores que atuam no
Humanos, os Ministérios da Educação e da Justiça, junta- atendimento educacional especializado.
mente com a Organização das Nações Unidas para a Edu- A partir de 2004, são efetivadas mudanças no instru-
cação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, lançam o Plano mento de pesquisa do Censo, que passa a registrar a sé-
Nacional de Educação em Direitos Humanos, que objetiva, rie ou ciclo escolar dos alunos identificados no campo da
dentre as suas ações, contemplar, no currículo da educa- educação especial, possibilitando monitorar o percurso
ção básica, temáticas relativas às pessoas com deficiência escolar. Em 2007, o formulário impresso do Censo Escolar
e desenvolver ações afirmativas que possibilitem acesso e foi transformado em um sistema de informações on-line,
permanência na educação superior. o Censo Web, que qualifica o processo de manipulação e
Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da tratamento das informações, permite atualização dos da-
Educação – PDE, reafirmado pela Agenda Social, tendo dos dentro do mesmo ano escolar, bem como possibilita o
como eixos a formação de professores para a educação es- cruzamento com outros bancos de dados, tais como os das
pecial, a implantação de salas de recursos multifuncionais, áreas de saúde, assistência e previdência social. Também
a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, acesso são realizadas alterações que ampliam o universo da pes-
e a permanência das pessoas com deficiência na educação quisa, agregando informações individualizadas dos alunos,
superior e o monitoramento do acesso à escola dos favore- das turmas, dos professores e da escola.
cidos pelo Benefício de Prestação Continuada – BPC. Com relação aos dados da educação especial, o Censo
No documento do MEC, Plano de Desenvolvimento da Escolar registra uma evolução nas matrículas, de 337.326
Educação: razões, princípios e programas é reafirmada a em 1998 para 700.624 em 2006, expressando um cresci-
visão que busca superar a oposição entre educação regular mento de 107%. No que se refere ao ingresso em classes
e educação especial. comuns do ensino regular, verifica-se um crescimento de
Contrariando a concepção sistêmica da transversali- 640%, passando de 43.923 alunos em 1998 para 325.316
dade da educação especial nos diferentes níveis, etapas e em 2006.
modalidades de ensino, a educação não se estruturou na Quanto à distribuição dessas matrículas nas esferas
perspectiva da inclusão e do atendimento às necessidades pública e privada, em 1998 registra-se 179.364 (53,2%) alu-
educacionais especiais, limitando, o cumprimento do prin- nos na rede pública e 157.962 (46,8%) nas escolas privadas,
cípio constitucional que prevê a igualdade de condições principalmente em instituições especializadas filantrópicas.
para o acesso e permanência na escola e a continuidade Com o desenvolvimento das ações e políticas de educação
nos níveis mais elevados de ensino (2007, p. 09). inclusiva nesse período, evidencia-se um crescimento de
Para a implementação do PDE é publicado o Decreto nº 146% das matrículas nas escolas públicas, que alcançaram
6.094/2007, que estabelece nas diretrizes do Compromisso 441.155 (63%) alunos em 2006.
Todos pela Educação, a garantia do acesso e permanência Com relação à distribuição das matrículas por etapa de
no ensino regular e o atendimento às necessidades educa- ensino em 2006: 112.988 (16%) estão na educação infan-
cionais especiais dos alunos, fortalecendo seu ingresso nas til, 466.155 (66,5%) no ensino fundamental, 14.150 (2%) no
escolas públicas. ensino médio, 58.420 (8,3%) na educação de jovens e adul-
tos, e 48.911 (6,3%) na educação profissional. No âmbito
Diagnóstico da Educação Especial da educação infantil, há uma concentração de matrículas
nas escolas e classes especiais, com o registro de 89.083
O Censo Escolar/MEC/INEP, realizado anualmente em alunos, enquanto apenas 24.005 estão matriculados em
todas as escolas de educação básica, possibilita o acom- turmas comuns.
panhamento dos indicadores da educação especial: acesso O Censo da Educação Especial na educação superior
à educação básica, matrícula na rede pública, ingresso nas registra que, entre 2003 e 2005, o número de alunos pas-
classes comuns, oferta do atendimento educacional espe- sou de 5.078 para 11.999 alunos, representando um cres-
cializado, acessibilidade nos prédios escolares, municípios cimento de 136%. A evolução das ações referentes à edu-
com matrícula de alunos com necessidades educacionais cação especial nos últimos anos é expressa no crescimento
especiais, escolas com acesso ao ensino regular e formação de 81% do número de municípios com matrículas, que em
docente para o atendimento às necessidades educacionais 1998 registra 2.738 municípios (49,7%) e, em 2006 alcança
especiais dos alunos. 4.953 municípios (89%).
Para compor esses indicadores no âmbito da educação Aponta também o aumento do número de escolas
especial, o Censo Escolar/MEC/INEP coleta dados referen- com matrícula, que em 1998 registra apenas 6.557 esco-
tes ao número geral de matrículas; à oferta da matrícula las e, em 2006 passa a registrar 54.412, representando um
nas escolas públicas, escolas privadas e privadas sem fins crescimento de 730%. Das escolas com matrícula em 2006,
lucrativos; às matrículas em classes especiais, escola es- 2.724 são escolas especiais, 4.325 são escolas comuns com
pecial e classes comuns de ensino regular; ao número de classe especial e 50.259 são escolas de ensino regular com
alunos do ensino regular com atendimento educacional matrículas nas turmas comuns.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial Na educação superior, a educação especial se efetiva por
na Perspectiva da Educação Inclusiva meio de ações que promovam o acesso, a permanência e
a participação dos alunos. Estas ações envolvem o planeja-
A educação especial é uma modalidade de ensino que mento e a organização de recursos e serviços para a promo-
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o ção da acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos
atendimento educacional especializado, disponibiliza os sistemas de informação, nos materiais didáticos e pedagógi-
recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no cos, que devem ser disponibilizados nos processos seletivos
processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvam
do ensino regular. o ensino, a pesquisa e a extensão.
O atendimento educacional especializado tem como Para o ingresso dos alunos surdos nas escolas comuns, a
função identificar, elaborar e organizar recursos pedagó- educação bilíngue – Língua Portuguesa/Libras desenvolve o
gicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a ensino escolar na Língua Portuguesa e na língua de sinais, o
plena participação dos alunos, considerando suas necessi- ensino da Língua Portuguesa como segunda língua na mo-
dades específicas. As atividades desenvolvidas no atendi- dalidade escrita para alunos surdos, os serviços de tradutor/
mento educacional especializado diferenciam-se daquelas intérprete de Libras e Língua Portuguesa e o ensino da Libras
realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas para os demais alunos da escola. O atendimento educacional
à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou su- especializado para esses alunos é ofertado tanto na modali-
plementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e dade oral e escrita quanto na língua de sinais. Devido à di-
independência na escola e fora dela. ferença linguística, orienta-se que o aluno surdo esteja com
Dentre as atividades de atendimento educacional es- outros surdos em turmas comuns na escola regular.
pecializado são disponibilizados programas de enriqueci- O atendimento educacional especializado é realizado
mento curricular, o ensino de linguagens e códigos espe- mediante a atuação de profissionais com conhecimentos es-
cíficos de comunicação e sinalização e tecnologia assistiva. pecíficos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua
Ao longo de todo o processo de escolarização esse aten- Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do
dimento deve estar articulado com a proposta pedagógica sistema Braille, do Soroban, da orientação e mobilidade, das
do ensino comum. O atendimento educacional especializa- atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do
do é acompanhado por meio de instrumentos que possi- desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos pro-
bilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada nas gramas de enriquecimento curricular, da adequação e produ-
escolas da rede pública e nos centros de atendimento edu- ção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de re-
cacional especializados públicos ou conveniados. cursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outros.
O acesso à educação tem início na educação infantil, na A avaliação pedagógica como processo dinâmico consi-
qual se desenvolvem as bases necessárias para a constru- dera tanto o conhecimento prévio e o nível atual de desen-
ção do conhecimento e desenvolvimento global do aluno. volvimento do aluno quanto às possibilidades de aprendiza-
Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de gem futura, configurando uma ação pedagógica processual
comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, e formativa que analisa o desempenho do aluno em relação
emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convi- ao seu progresso individual, prevalecendo na avaliação os as-
vência com as diferenças favorecem as relações interpes- pectos qualitativos que indiquem as intervenções pedagógi-
soais, o respeito e a valorização da criança. cas do professor. No processo de avaliação, o professor deve
Do nascimento aos três anos, o atendimento educa- criar estratégias considerando que alguns alunos podem de-
cional especializado se expressa por meio de serviços de mandar ampliação do tempo para a realização dos trabalhos
estimulação precoce, que objetivam otimizar o processo e o uso da língua de sinais, de textos em Braille, de informá-
de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os tica ou de tecnologia assistiva como uma prática cotidiana.
serviços de saúde e assistência social. Em todas as etapas Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação
e modalidades da educação básica, o atendimento educa- especial na perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar
cional especializado é organizado para apoiar o desenvol- as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia
vimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos intérprete, bem como de monitor ou cuidador dos alunos
sistemas de ensino. Deve ser realizado no turno inverso ao com necessidade de apoio nas atividades de higiene, alimen-
da classe comum, na própria escola ou centro especializa- tação, locomoção, entre outras, que exijam auxílio constante
do que realize esse serviço educacional. no cotidiano escolar.
Desse modo, na modalidade de educação de jovens Para atuar na educação especial, o professor deve ter
e adultos e educação profissional, as ações da educação como base da sua formação, inicial e continuada, conheci-
especial possibilitam a ampliação de oportunidades de es- mentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos
colarização, formação para ingresso no mundo do trabalho específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação
e efetiva participação social. no atendimento educacional especializado, aprofunda o ca-
A interface da educação especial na educação indíge- ráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns
na, do campo e quilombola deve assegurar que os recursos, do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de aten-
serviços e atendimento educacional especializado estejam dimento educacional especializado, nos núcleos de acessi-
presentes nos projetos pedagógicos construídos com base bilidade das instituições de educação superior, nas classes
nas diferenças socioculturais desses grupos. hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos
serviços e recursos de educação especial.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Para assegurar a intersetorialidade na implementação Por sua natureza aberta, configuram uma proposta flexí-
das políticas públicas a formação deve contemplar conhe- vel, a ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre
cimentos de gestão de sistema educacional inclusivo, tendo currículos e sobre programas de transformação da realidade
em vista o desenvolvimento de projetos em parceria com educacional empreendidos pelas autoridades governamen-
outras áreas, visando à acessibilidade arquitetônica, aos tais, pelas escolas e pelos professores. Não configuram, por-
atendimentos de saúde, à promoção de ações de assistência tanto, um modelo curricular homogêneo e impositivo, que
social, trabalho e justiça. se sobreporia à competência político-executiva dos Estados e
Os sistemas de ensino devem organizar as condições de Municípios, à diversidade sociocultural das diferentes regiões
acesso aos espaços, aos recursos pedagógicos e à comuni- do País ou à autonomia de professores e equipes pedagógicas.
cação que favoreçam a promoção da aprendizagem e a va- O conjunto das proposições aqui expressas responde à
lorização das diferenças, de forma a atender as necessidades necessidade de referenciais a partir dos quais o sistema edu-
educacionais de todos os alunos. A acessibilidade deve ser cacional do País se organize, a fim de garantir que, respeitadas
assegurada mediante a eliminação de barreiras arquitetôni- as diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e polí-
cas, urbanísticas, na edificação – incluindo instalações, equi- ticas que atravessam uma sociedade múltipla, estratificada e
pamentos e mobiliários – e nos transportes escolares, bem complexa, a educação possa atuar, decisivamente, no processo
como as barreiras nas comunicações e informações. de construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma
crescente igualdade de direitos entre os cidadãos, baseado
Referência: nos princípios democráticos. Essa igualdade implica neces-
http://peei.mec.gov.br/arquivos/politica_nacional_ sariamente o acesso à totalidade dos bens públicos, entre os
educacao_especial.pdf quais o conjunto dos conhecimentos socialmente relevantes.
Entretanto, se estes Parâmetros Curriculares Nacionais
podem funcionar como elemento catalisador de ações na
- PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - busca de uma melhoria da qualidade da educação brasileira,
PCNS; de modo algum pretendem resolver todos os problemas que
afetam a qualidade do ensino e da aprendizagem no País. A
busca da qualidade impõe a necessidade de investimentos
em diferentes frentes, como a formação inicial e continuada
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
de professores, uma política de salários dignos, um plano de
carreira, a qualidade do livro didático, de recursos televisivos
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são a re-
e de multimídia, a disponibilidade de materiais didáticos. Mas
ferência básica para a elaboração das matrizes de referên-
cia. Os PCNs foram elaborados para difundir os princípios esta qualificação almejada implica colocar também, no centro
da reforma curricular e orientar os professores na busca de do debate, as atividades escolares de ensino e aprendizagem
novas abordagens e metodologias. Eles traçam um novo e a questão curricular como de inegável importância para a
perfil para o currículo, apoiado em competências básicas política educacional da nação brasileira.
para a inserção dos jovens na vida adulta; orientam os pro-
fessores quanto ao significado do conhecimento escolar BREVE HISTÓRICO
quando contextualizado e quanto à interdisciplinaridade,
incentivando o raciocínio e a capacidade de aprender. Até dezembro de 1996 o ensino fundamental esteve es-
Segundo as orientações dos PCNs o currículo está sempre truturado nos termos previstos pela Lei Federal n. 5.692, de
em construção e deve ser compreendido como um processo 11 de agosto de 1971. Essa lei, ao definir as diretrizes e bases
contínuo que influencia positivamente a prática do professor. da educação nacional, estabeleceu como objetivo geral, tan-
Com base nessa prática e no processo de aprendizagem dos to para o ensino fundamental (primeiro grau, com oito anos
alunos os currículos devem ser revistos e sempre aperfeiçoados. de escolaridade obrigatória) quanto para o ensino médio (se-
A opção teórica adotada é a que pressupõe a existência gundo grau, não obrigatório), proporcionar aos educandos a
de competências cognitivas e habilidades a serem desen- formação necessária ao desenvolvimento de suas potenciali-
volvidas pelo aluno no processo de ensino-aprendizagem. dades como elemento de auto realização, preparação para o
trabalho e para o exercício consciente da cidadania.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES: Também generalizou as disposições básicas sobre o currí-
O QUE SÃO OS PARÂMETROS CURRICULARES NA- culo, estabelecendo o núcleo comum obrigatório em âmbito
CIONAIS? nacional para o ensino fundamental e médio. Manteve, porém,
uma parte diversificada a fim de contemplar as peculiaridades
Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um locais, a especificidade dos planos dos estabelecimentos de
referencial de qualidade para a educação no Ensino Fun- ensino e as diferenças individuais dos alunos. Coube aos Esta-
damental em todo o País. Sua função é orientar e garantir dos a formulação de propostas curriculares que serviriam de
a coerência dos investimentos no sistema educacional, so- base às escolas estaduais, municipais e particulares situadas
cializando discussões, pesquisas e recomendações, subsi- em seu território, compondo, assim, seus respectivos sistemas
diando a participação de técnicos e professores brasileiros, de ensino. Essas propostas foram, na sua maioria, reformula-
principalmente daqueles que se encontram mais isolados, das durante os anos 80, segundo as tendências educacionais
com menor contato com a produção pedagógica atual. que se generalizaram nesse período.
48
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Em 1990 o Brasil participou da Conferência Mundial de Em linha de síntese, pode-se afirmar que o currículo, tanto
Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, convocada para o ensino fundamental quanto para o ensino médio, deve
pela Unesco, Unicef, PNUD e Banco Mundial. Dessa confe- obrigatoriamente propiciar oportunidades para o estudo da
rência, assim como da Declaração de Nova Delhi — assina- língua portuguesa, da matemática, do mundo físico e natural
da pelos nove países em desenvolvimento de maior con- e da realidade social e política, enfatizando-se o conhecimento
tingente populacional do mundo —, resultaram posições do Brasil. Também são áreas curriculares obrigatórias o ensi-
consensuais na luta pela satisfação das necessidades bási- no da Arte e da Educação Física, necessariamente integradas
cas de aprendizagem para todos, capazes de tornar univer- à proposta pedagógica. O ensino de pelo menos uma língua
sal a educação fundamental e de ampliar as oportunidades estrangeira moderna passa a se constituir um componente
de aprendizagem para crianças, jovens e adultos. curricular obrigatório, a partir da quinta série do ensino funda-
Tendo em vista o quadro atual da educação no Brasil e mental (art. 26, § 5o). Quanto ao ensino religioso, sem onerar
os compromissos assumidos internacionalmente, o Minis- as despesas públicas, a LDB manteve a orientação já adotada
tério da Educação e do Desporto coordenou a elaboração pela política educacional brasileira, ou seja, constitui disciplina
do Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003), dos horários normais das escolas públicas, mas é de matrícula
concebido como um conjunto de diretrizes políticas em facultativa, respeitadas as preferências manifestadas pelos alu-
contínuo processo de negociação, voltado para a recupera- nos ou por seus responsáveis (art. 33).
ção da escola fundamental, a partir do compromisso com a
equidade e com o incremento da qualidade, como também O ensino proposto pela LDB está em função do objetivo
com a constante avaliação dos sistemas escolares, visando maior do ensino fundamental, que é o de propiciar a todos
ao seu contínuo aprimoramento. formação básica para a cidadania, a partir da criação na escola
O Plano Decenal de Educação, em consonância com o de condições de aprendizagem para:
que estabelece a Constituição de 1988, afirma a necessida- “I- o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
de e a obrigação de o Estado elaborar parâmetros claros no como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e
campo curricular capazes de orientar as ações educativas do cálculo;
do ensino obrigatório, de forma a adequá-lo aos ideais de- II- a compreensão do ambiente natural e social, do siste-
ma político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
mocráticos e à busca da melhoria da qualidade do ensino
fundamenta a sociedade;
nas escolas brasileiras.
III- o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
Nesse sentido, a leitura atenta do texto constitucional
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e
vigente mostra a ampliação das responsabilidades do po-
a formação de atitudes e valores;
der público para com a educação de todos, ao mesmo tem-
IV- o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
po que a Emenda Constitucional n. 14, de 12 de setembro
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se as-
de 1996, priorizou o ensino fundamental, disciplinando a senta a vida social” (art. 32).
participação de Estados e Municípios no tocante ao finan- Verifica-se, pois, como os atuais dispositivos relativos à
ciamento desse nível de ensino. organização curricular da educação escolar caminham no sen-
tido de conferir ao aluno, dentro da estrutura federativa, efeti-
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio- vação dos objetivos da educação democrática.
nal (Lei Federal n. 9.394), aprovada em 20 de dezembro de
1996, consolida e amplia o dever do poder público para O processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares
com a educação em geral e em particular para com o en- Nacionais
sino fundamental. Assim, vê-se no art. 22 dessa lei que a
educação básica, da qual o ensino fundamental é parte in- O processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares
tegrante, deve assegurar a todos “a formação comum in- Nacionais teve início a partir do estudo de propostas curricu-
dispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes lares de Estados e Municípios brasileiros, da análise realizada
meios para progredir no trabalho e em estudos posterio- pela Fundação Carlos Chagas sobre os currículos oficiais e do
res”, fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo contato com informações relativas a experiências de outros
tempo, um caráter de terminalidade e de continuidade. países. Foram analisados subsídios oriundos do Plano Decenal
Essa LDB reforça a necessidade de se propiciar a todos de Educação, de pesquisas nacionais e internacionais, dados
a formação básica comum, o que pressupõe a formulação estatísticos sobre desempenho de alunos do ensino funda-
de um conjunto de diretrizes capaz de nortear os currículos mental, bem como experiências de sala de aula difundidas em
e seus conteúdos mínimos, incumbência que, nos termos encontros, seminários e publicações.
do art. 9º, inciso IV, é remetida para a União. Para dar conta Formulou-se, então, uma proposta inicial que, apresenta-
desse amplo objetivo, a LDB consolida a organização cur- da em versão preliminar, passou por um processo de discussão
ricular de modo a conferir uma maior flexibilidade no trato em âmbito nacional, em 1995 e 1996, do qual participaram
dos componentes curriculares, reafirmando desse modo o docentes de universidades públicas e particulares, técnicos de
princípio da base nacional comum (Parâmetros Curriculares secretarias estaduais e municipais de educação, de instituições
Nacionais), a ser complementada por uma parte diversifi- representativas de diferentes áreas de conhecimento, espe-
cada em cada sistema de ensino e escola na prática, repe- cialistas e educadores. Desses interlocutores foram recebidos
tindo o art. 210 da Constituição Federal. aproximadamente setecentos pareceres sobre a proposta ini-
cial, que serviram de referência para a sua reelaboração.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Desempenho
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
No contexto atual, a inserção no mundo do trabalho Natureza e função dos Parâmetros Curriculares Na-
e do consumo, o cuidado com o próprio corpo e com a cionais
saúde, passando pela educação sexual, e a preservação do
meio ambiente são temas que ganham um novo estatuto, Cada criança ou jovem brasileiro, mesmo de locais com
num universo em que os referenciais tradicionais, a partir pouca infraestrutura e condições socioeconômicas desfa-
dos quais eram vistos como questões locais ou individuais, voráveis, deve ter acesso ao conjunto de conhecimentos
já não dão conta da dimensão nacional e até mesmo inter- socialmente elaborados e reconhecidos como necessários
nacional que tais temas assumem, justificando, portanto, para o exercício da cidadania para deles poder usufruir. Se
sua consideração. Nesse sentido, é papel preponderante existem diferenças socioculturais marcantes, que determi-
da escola propiciar o domínio dos recursos capazes de nam diferentes necessidades de aprendizagem, existe tam-
levar à discussão dessas formas e sua utilização crítica na bém aquilo que é comum a todos, que um aluno de qual-
perspectiva da participação social e política. quer lugar do Brasil, do interior ou do litoral, de uma gran-
Desde a construção dos primeiros computadores, na de cidade ou da zona rural, deve ter o direito de aprender
metade deste século, novas relações entre conhecimento e e esse direito deve ser garantido pelo Estado.
trabalho começaram a ser delineadas. Um de seus efeitos Mas, na medida em que o princípio da equidade re-
é a exigência de um reequacionamento do papel da edu- conhece a diferença e a necessidade de haver condições
cação no mundo contemporâneo, que coloca para a escola diferenciadas para o processo educacional, tendo em vista
um horizonte mais amplo e diversificado do que aquele a garantia de uma formação de qualidade para todos, o
que, até poucas décadas atrás, orientava a concepção e que se apresenta é a necessidade de um referencial co-
construção dos projetos educacionais. Não basta visar à ca- mum para a formação escolar no Brasil, capaz de indicar
pacitação dos estudantes para futuras habilitações em ter- aquilo que deve ser garantido a todos, numa realidade com
mos das especializações tradicionais, mas antes trata-se de características tão diferenciadas, sem promover uma uni-
ter em vista a formação dos estudantes em termos de sua formização que descaracterize e desvalorize peculiaridades
capacitação para a aquisição e o desenvolvimento de novas culturais e regionais.
competências, em função de novos saberes que se produ- É nesse sentido que o estabelecimento de uma refe-
zem e demandam um novo tipo de profissional, preparado rência curricular comum para todo o País, ao mesmo tem-
para poder lidar com novas tecnologias e linguagens, ca- po que fortalece a unidade nacional e a responsabilidade
paz de responder a novos ritmos e processos. Essas novas do Governo Federal com a educação, busca garantir, tam-
relações entre conhecimento e trabalho exigem capacida- bém, o respeito à diversidade que é marca cultural do País,
de de iniciativa e inovação e, mais do que nunca, “aprender mediante a possibilidade de adaptações que integrem as
a aprender”. Isso coloca novas demandas para a escola. A diferentes dimensões da prática educacional.
educação básica tem assim a função de garantir condições Para compreender a natureza dos Parâmetros Curricu-
para que o aluno construa instrumentos que o capacitem lares Nacionais, é necessário situá-los em relação a quatro
para um processo de educação permanente. níveis de concretização curricular considerando a estrutura
do sistema educacional brasileiro. Tais níveis não represen-
Para tanto, é necessário que, no processo de ensino e tam etapas sequenciais, mas sim amplitudes distintas da
aprendizagem, sejam exploradas: a aprendizagem de me- elaboração de propostas curriculares, com responsabili-
todologias capazes de priorizar a construção de estratégias dades diferentes, que devem buscar uma integração e, ao
de verificação e comprovação de hipóteses na construção mesmo tempo, autonomia.
do conhecimento, a construção de argumentação capaz
de controlar os resultados desse processo, o desenvolvi- Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem o pri-
mento do espírito crítico capaz de favorecer a criatividade, meiro nível de concretização curricular.
a compreensão dos limites e alcances lógicos das explica- São uma referência nacional para o ensino fundamen-
ções propostas. Além disso, é necessário ter em conta uma tal; estabelecem uma meta educacional para a qual devem
dinâmica de ensino que favoreça não só o descobrimento convergir as ações políticas do Ministério da Educação e do
das potencialidades do trabalho individual, mas também, Desporto, tais como os projetos ligados à sua competência
e sobretudo, do trabalho coletivo. Isso implica o estímulo na formação inicial e continuada de professores, à análise
à autonomia do sujeito, desenvolvendo o sentimento de e compra de livros e outros materiais didáticos e à avalia-
segurança em relação às suas próprias capacidades, inte- ção nacional. Têm como função subsidiar a elaboração ou
ragindo de modo orgânico e integrado num trabalho de a revisão curricular dos Estados e Municípios, dialogando
equipe e, portanto, sendo capaz de atuar em níveis de in- com as propostas e experiências já existentes, incentivando
terlocução mais complexos e diferenciados. a discussão pedagógica interna das escolas e a elaboração
de projetos educativos, assim como servir de material de
reflexão para a prática de professores.
Todos os documentos aqui apresentados configuram
uma referência nacional em que são apontados conteúdos
e objetivos articulados, critérios de eleição dos primeiros,
questões de ensino e aprendizagem das áreas, que per-
54
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
meiam a prática educativa de forma explícita ou implícita, O quarto nível de concretização curricular é o momen-
propostas sobre a avaliação em cada momento da escola- to da realização da programação das atividades de ensi-
ridade e em cada área, envolvendo questões relativas a o no e aprendizagem na sala de aula. É quando o professor,
que e como avaliar. Assim, além de conter uma exposição segundo as metas estabelecidas na fase de concretização
sobre seus fundamentos, contém os diferentes elementos anterior, faz sua programação, adequando-a àquele gru-
curriculares — tais como Caracterização das Áreas, Obje- po específico de alunos. A programação deve garantir uma
tivos, Organização dos Conteúdos, Critérios de Avaliação distribuição planejada de aulas, distribuição dos conteúdos
e Orientações Didáticas —, efetivando uma proposta arti- segundo um cronograma referencial, definição das orien-
culadora dos propósitos mais gerais de formação de cida- tações didáticas prioritárias, seleção do material a ser utili-
dania, com sua operacionalização no processo de apren- zado, planejamento de projetos e sua execução. Apesar de
dizagem. a responsabilidade ser essencialmente de cada professor,
Apesar de apresentar uma estrutura curricular com- é fundamental que esta seja compartilhada com a equipe
pleta, os Parâmetros Curriculares Nacionais são abertos da escola por meio da corresponsabilidade estabelecida no
e flexíveis, uma vez que, por sua natureza, exigem adap- projeto educativo.
tações para a construção do currículo de uma Secretaria Tal proposta, no entanto, exige uma política educacio-
ou mesmo de uma escola. Também pela sua natureza, eles nal que contemple a formação inicial e continuada dos pro-
não se impõem como uma diretriz obrigatória: o que se fessores, uma decisiva revisão das condições salariais, além
pretende é que ocorram adaptações, por meio do diálogo, da organização de uma estrutura de apoio que favoreça o
entre estes documentos e as práticas já existentes, desde as desenvolvimento do trabalho (acervo de livros e obras de
definições dos objetivos até as orientações didáticas para a referência, equipe técnica para supervisão, materiais didá-
manutenção de um todo coerente. ticos, instalações adequadas para a realização de trabalho
de qualidade), aspectos que, sem dúvida, implicam a valo-
Os Parâmetros Curriculares Nacionais estão situados rização da atividade do professor.
historicamente — não são princípios atemporais. Sua vali-
dade depende de estarem em consonância com a realida- FUNDAMENTOS DOS PARÂMETROS CURRICULA-
RES NACIONAIS
de social, necessitando, portanto, de um processo periódi-
co de avaliação e revisão, a ser coordenado pelo MEC.
A tradição pedagógica brasileira
O segundo nível de concretização diz respeito às pro-
postas curriculares dos Estados e Municípios. Os Parâme-
A prática de todo professor, mesmo de forma incons-
tros Curriculares Nacionais poderão ser utilizados como
ciente, sempre pressupõe uma concepção de ensino e
recurso para adaptações ou elaborações curriculares reali-
aprendizagem que determina sua compreensão dos papéis
zadas pelas Secretarias de Educação, em um processo defi-
de professor e aluno, da metodologia, da função social da
nido pelos responsáveis em cada local.
escola e dos conteúdos a serem trabalhados. A discussão
O terceiro nível de concretização refere-se à elabora- dessas questões é importante para que se explicitem os
ção da proposta curricular de cada instituição escolar, con- pressupostos pedagógicos que subjazem à atividade de
textualizada na discussão de seu projeto educativo. Enten- ensino, na busca de coerência entre o que se pensa estar
de-se por projeto educativo a expressão da identidade de fazendo e o que realmente se faz. Tais práticas se consti-
cada escola em um processo dinâmico de discussão, refle- tuem a partir das concepções educativas e metodologias
xão e elaboração contínua. Esse processo deve contar com de ensino que permearam a formação educacional e o per-
a participação de toda equipe pedagógica, buscando um curso profissional do professor, aí incluídas suas próprias
comprometimento de todos com o trabalho realizado, com experiências escolares, suas experiências de vida, a ideo-
os propósitos discutidos e com a adequação de tal projeto logia compartilhada com seu grupo social e as tendências
às características sociais e culturais da realidade em que a pedagógicas que lhe são contemporâneas.
escola está inserida. É no âmbito do projeto educativo que As tendências pedagógicas que se firmam nas escolas
professores e equipe pedagógica discutem e organizam os brasileiras, públicas e privadas, na maioria dos casos não
objetivos, conteúdos e critérios de avaliação para cada ci- aparecem em forma pura, mas com características parti-
clo. culares, muitas vezes mesclando aspectos de mais de uma
Os Parâmetros Curriculares Nacionais e as propostas linha pedagógica.
das Secretarias devem ser vistos como materiais que sub-
sidiarão a escola na constituição de sua proposta educa- A análise das tendências pedagógicas no Brasil deixa
cional mais geral, num processo de interlocução em que evidente a influência dos grandes movimentos educacio-
se compartilham e explicitam os valores e propósitos que nais internacionais, da mesma forma que expressam as es-
orientam o trabalho educacional que se quer desenvolver pecificidades de nossa história política, social e cultural, a
e o estabelecimento do currículo capaz de atender às reais cada período em que são consideradas. Pode-se identificar,
necessidades dos alunos. na tradição pedagógica brasileira, a presença de quatro
grandes tendências: a tradicional, a renovada, a tecnicista e
aquelas marcadas centralmente por preocupações sociais
e políticas. Tais tendências serão sintetizadas em grandes
55
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
traços que tentam recuperar os pontos mais significativos Nos anos 70 proliferou o que se chamou de “tecnicismo
de cada uma das propostas. Este documento não ignora o educacional”, inspirado nas teorias behavioristas da apren-
risco de uma certa redução das concepções, tendo em vista dizagem e da abordagem sistêmica do ensino, que definiu
a própria síntese e os limites desta apresentação. uma prática pedagógica altamente controlada e dirigida pelo
A “pedagogia tradicional” é uma proposta de educação professor, com atividades mecânicas inseridas numa proposta
centrada no professor, cuja função se define como a de vi- educacional rígida e passível de ser totalmente programada
giar e aconselhar os alunos, corrigir e ensinar a matéria. em detalhes. A supervalorização da tecnologia programada
A metodologia decorrente de tal concepção baseia-se de ensino trouxe consequências: a escola se revestiu de uma
na exposição oral dos conteúdos, numa sequência predeter- grande autossuficiência, reconhecida por ela e por toda a co-
minada e fixa, independentemente do contexto escolar; en- munidade atingida, criando assim a falsa ideia de que aprender
fatiza-se a necessidade de exercícios repetidos para garantir não é algo natural do ser humano, mas que depende exclusi-
a memorização dos conteúdos. A função primordial da es- vamente de especialistas e de técnicas. O que é valorizado nes-
cola, nesse modelo, é transmitir conhecimentos disciplinares sa perspectiva não é o professor, mas a tecnologia; o professor
para a formação geral do aluno, formação esta que o leva- passa a ser um mero especialista na aplicação de manuais e
rá, ao inserir-se futuramente na sociedade, a optar por uma sua criatividade fica restrita aos limites possíveis e estreitos da
profissão valorizada. Os conteúdos do ensino correspondem técnica utilizada. A função do aluno é reduzida a um indivíduo
aos conhecimentos e valores sociais acumulados pelas gera- que reage aos estímulos de forma a corresponder às respostas
ções passadas como verdades acabadas, e, embora a escola esperadas pela escola, para ter êxito e avançar. Seus interesses
vise à preparação para a vida, não busca estabelecer relação e seu processo particular não são considerados e a atenção
entre os conteúdos que se ensinam e os interesses dos alu- que recebe é para ajustar seu ritmo de aprendizagem ao pro-
nos, tampouco entre esses e os problemas reais que afetam grama que o professor deve implementar. Essa orientação foi
a sociedade. Na maioria das escolas essa prática pedagógica dada para as escolas pelos organismos oficiais durante os anos
se caracteriza por sobrecarga de informações que são vei- 60, e até hoje está presente em muitos materiais didáticos com
culadas aos alunos, o que torna o processo de aquisição de caráter estritamente técnico e instrumental.
conhecimento, para os alunos, muitas vezes burocratizado e
destituído de significação. No ensino dos conteúdos, o que No final dos anos 70 e início dos 80, a abertura política
orienta é a organização lógica das disciplinas, o aprendizado decorrente do final do regime militar coincidiu com a intensa
moral, disciplinado e esforçado. mobilização dos educadores para buscar uma educação crítica
a serviço das transformações sociais, econômicas e políticas,
Nesse modelo, a escola se caracteriza pela postura con- tendo em vista a superação das desigualdades existentes no
servadora. O professor é visto como a autoridade máxima, interior da sociedade. Ao lado das denominadas teorias críti-
um organizador dos conteúdos e estratégias de ensino e, co-reprodutivistas, firma-se no meio educacional a presença
portanto, o guia exclusivo do processo educativo. da “pedagogia libertadora” e da “pedagogia crítico-social dos
A “pedagogia renovada” é uma concepção que inclui conteúdos”, assumida por educadores de orientação marxista.
várias correntes que, de uma forma ou de outra, estão liga- A “pedagogia libertadora” tem suas origens nos mo-
das ao movimento da Escola Nova ou Escola Ativa. Tais cor- vimentos de educação popular que ocorreram no final dos
rentes, embora admitam divergências, assumem um mesmo anos 50 e início dos anos 60, quando foram interrompidos
princípio norteador de valorização do indivíduo como ser pelo golpe militar de 1964; teve seu desenvolvimento retoma-
livre, ativo e social. O centro da atividade escolar não é o do no final dos anos 70 e início dos anos 80. Nessa proposta,
professor nem os conteúdos disciplinares, mas sim o aluno, a atividade escolar pauta-se em discussões de temas sociais e
como ser ativo e curioso. O mais importante não é o ensino, políticos e em ações sobre a realidade social imediata; anali-
mas o processo de aprendizagem. Em oposição à Escola Tra- sam-se os problemas, seus fatores determinantes e organiza-
dicional, a Escola Nova destaca o princípio da aprendizagem se uma forma de atuação para que se possa transformar a
por descoberta e estabelece que a atitude de aprendizagem realidade social e política. O professor é um coordenador de
parte do interesse dos alunos, que, por sua vez, aprendem atividades que organiza e atua conjuntamente com os alunos.
fundamentalmente pela experiência, pelo que descobrem A “pedagogia crítico-social dos conteúdos” que surge no
por si mesmos. final dos anos 70 e início dos 80 se põe como uma reação de
O professor é visto, então, como facilitador no processo alguns educadores que não aceitam a pouca relevância que
de busca de conhecimento que deve partir do aluno. Cabe a “pedagogia libertadora” dá ao aprendizado do chamado
ao professor organizar e coordenar as situações de aprendi- “saber elaborado”, historicamente acumulado, que constitui
zagem, adaptando suas ações às características individuais parte do acervo cultural da humanidade.
dos alunos, para desenvolver suas capacidades e habilidades A “pedagogia crítico-social dos conteúdos” assegura a
intelectuais. função social e política da escola mediante o trabalho com
A ideia de um ensino guiado pelo interesse dos alunos conhecimentos sistematizados, a fim de colocar as classes po-
acabou, em muitos casos, por desconsiderar a necessidade pulares em condições de uma efetiva participação nas lutas
de um trabalho planejado, perdendo-se de vista o que deve sociais. Entende que não basta ter como conteúdo escolar as
ser ensinado e aprendido. Essa tendência, que teve grande questões sociais atuais, mas que é necessário que se tenha
penetração no Brasil na década de 30, no âmbito do ensino domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais
pré-escolar ( jardim de infância), até hoje influencia muitas amplas para que os alunos possam interpretar suas experiên-
práticas pedagógicas. cias de vida e defender seus interesses de classe.
56
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
As tendências pedagógicas que marcam a tradição construtivista, as ideias de que não se devem corrigir os er-
educacional brasileira e aqui foram expostas sinteticamen- ros e de que as crianças aprendem fazendo “do seu jeito”.
te trazem, de maneira diferente, contribuições para uma Essa pedagogia, dita construtivista, trouxe sérios problemas
proposta atual que busque recuperar aspectos positivos ao processo de ensino e aprendizagem, pois desconsidera
das práticas anteriores em relação ao desenvolvimento e a função primordial da escola que é ensinar, intervindo para
à aprendizagem, realizando uma releitura dessas práticas que os alunos aprendam o que, sozinhos, não têm condi-
à luz dos avanços ocorridos nas produções teóricas, nas ções de aprender.
investigações e em fatos que se tornaram observáveis nas
experiências educativas mais recentes realizadas em dife- A orientação proposta nos Parâmetros Curriculares
rentes Estados e Municípios do Brasil. Nacionais reconhece a importância da participação cons-
No final dos anos 70, pode-se dizer que havia no Brasil, trutiva do aluno e, ao mesmo tempo, da intervenção do
entre as tendências didáticas de vanguarda, aquelas que ti- professor para a aprendizagem de conteúdos específicos
nham um viés mais psicológico e outras cujo viés era mais que favoreçam o desenvolvimento das capacidades ne-
sociológico e político; a partir dos anos 80 surge com maior cessárias à formação do indivíduo. Ao contrário de uma
evidência um movimento que pretende a integração entre concepção de ensino e aprendizagem como um processo
essas abordagens. Se por um lado não é mais possível deixar que se desenvolve por etapas, em que a cada uma delas o
de se ter preocupações com o domínio de conhecimentos conhecimento é “acabado”, o que se propõe é uma visão da
formais para a participação crítica na sociedade, considera- complexidade e da provisoriedade do conhecimento. De
se também que é necessária uma adequação pedagógica às um lado, porque o objeto de conhecimento é “complexo”
características de um aluno que pensa, de um professor que de fato e reduzi-lo seria falsificá-lo; de outro, porque o pro-
sabe e aos conteúdos de valor social e formativo. cesso cognitivo não acontece por justaposição, senão por
Esse momento se caracteriza pelo enfoque centrado no reorganização do conhecimento. É também “provisório”,
caráter social do processo de ensino e aprendizagem e é uma vez que não é possível chegar de imediato ao conhe-
marcado pela influência da psicologia genética. cimento correto, mas somente por aproximações sucessi-
O enfoque social dado aos processos de ensino e apren- vas que permitem sua reconstrução.
dizagem traz para a discussão pedagógica aspectos de ex- Os Parâmetros Curriculares Nacionais, tanto nos objeti-
trema relevância, em particular no que se refere à maneira vos educacionais que propõem quanto na conceitualização
como se devem entender as relações entre desenvolvimen- do significado das áreas de ensino e dos temas da vida so-
to e aprendizagem, à importância da relação interpessoal cial contemporânea que devem permeá-las, adotam como
nesse processo, à relação entre cultura e educação e ao pa- eixo o desenvolvimento de capacidades do aluno, processo
pel da ação educativa ajustada às situações de aprendiza- em que os conteúdos curriculares atuam não como fins em
gem e às características da atividade mental construtiva do si mesmos, mas como meios para a aquisição e desenvolvi-
aluno em cada momento de sua escolaridade. mento dessas capacidades. Nesse sentido, o que se tem em
vista é que o aluno possa ser sujeito de sua própria forma-
A psicologia genética propiciou aprofundar a com- ção, em um complexo processo interativo em que também
preensão sobre o processo de desenvolvimento na constru- o professor se veja como sujeito de conhecimento.
ção do conhecimento. Compreender os mecanismos pelos
quais as crianças constroem representações internas de co- Escola e constituição da cidadania
nhecimentos construídos socialmente, em uma perspectiva
psicogenética, traz uma contribuição para além das descri- A importância dada aos conteúdos revela um com-
ções dos grandes estágios de desenvolvimento. promisso da instituição escolar em garantir o acesso aos
A pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita saberes elaborados socialmente, pois estes se constituem
chegou ao Brasil em meados dos anos 80 e causou gran- como instrumentos para o desenvolvimento, a socialização,
de impacto, revolucionando o ensino da língua nas séries o exercício da cidadania democrática e a atuação no senti-
iniciais e, ao mesmo tempo, provocando uma revisão do do de refutar ou reformular as deformações dos conheci-
tratamento dado ao ensino e à aprendizagem em outras mentos, as imposições de crenças dogmáticas e a petrifica-
áreas do conhecimento. Essa investigação evidencia a ati- ção de valores. Os conteúdos escolares que são ensinados
vidade construtiva do aluno sobre a língua escrita, objeto devem, portanto, estar em consonância com as questões
de conhecimento reconhecidamente escolar, mostrando a sociais que marcam cada momento histórico.
presença importante dos conhecimentos específicos sobre Isso requer que a escola seja um espaço de formação
a escrita que a criança já tem, os quais, embora não coinci- e informação, em que a aprendizagem de conteúdos deve
dam com os dos adultos, têm sentido para ela. necessariamente favorecer a inserção do aluno no dia-a-dia
A metodologia utilizada nessas pesquisas foi mui- das questões sociais marcantes e em um universo cultural
tas vezes interpretada como uma proposta de pedagogia maior. A formação escolar deve propiciar o desenvolvimen-
construtivista para alfabetização, o que expressa um duplo to de capacidades, de modo a favorecer a compreensão e a
equívoco: redução do construtivismo a uma teoria psico- intervenção nos fenômenos sociais e culturais, assim como
genética de aquisição de língua escrita e transformação de possibilitar aos alunos usufruir das manifestações culturais
uma investigação acadêmica em método de ensino. Com nacionais e universais.
esses equívocos, difundiram-se, sob o rótulo de pedagogia
57
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
No contexto da proposta dos Parâmetros Curriculares de significados, e não a uniformidade destes. Os conheci-
Nacionais se concebe a educação escolar como uma práti- mentos que se transmitem e se recriam na escola ganham
ca que tem a possibilidade de criar condições para que to- sentido quando são produtos de uma construção dinâmica
dos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam que se opera na interação constante entre o saber escolar e
os conteúdos necessários para construir instrumentos de os demais saberes, entre o que o aluno aprende na escola e
compreensão da realidade e de participação em relações o que ele traz para a escola, num processo contínuo e per-
sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais manente de aquisição, no qual interferem fatores políticos,
amplas, condições estas fundamentais para o exercício da sociais, culturais e psicológicos.
cidadania na construção de uma sociedade democrática e As questões relativas à globalização, as transforma-
não excludente. ções científicas e tecnológicas e a necessária discussão
ético-valorativa da sociedade apresentam para a escola a
A prática escolar distingue-se de outras práticas edu- imensa tarefa de instrumentalizar os jovens para participar
cativas, como as que acontecem na família, no trabalho, na da cultura, das relações sociais e políticas. A escola, ao po-
mídia, no lazer e nas demais formas de convívio social, por sicionar-se dessa maneira, abre a oportunidade para que
constituir-se uma ação intencional, sistemática, planejada os alunos aprendam sobre temas normalmente excluídos
e continuada para crianças e jovens durante um período e atua propositalmente na formação de valores e atitudes
contínuo e extenso de tempo. A escola, ao tomar para si do sujeito em relação ao outro, à política, à economia, ao
o objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com com- sexo, à droga, à saúde, ao meio ambiente, à tecnologia, etc.
petência e dignidade na sociedade, buscará eleger, como Um ensino de qualidade, que busca formar cidadãos
objeto de ensino, conteúdos que estejam em consonância capazes de interferir criticamente na realidade para trans-
com as questões sociais que marcam cada momento histó- formá-la, deve também contemplar o desenvolvimento de
rico, cuja aprendizagem e assimilação são as consideradas capacidades que possibilitem adaptações às complexas
essenciais para que os alunos possam exercer seus direitos condições e alternativas de trabalho que temos hoje e a
e deveres. Para tanto ainda é necessário que a instituição lidar com a rapidez na produção e na circulação de novos
escolar garanta um conjunto de práticas planejadas com o conhecimentos e informações, que têm sido avassaladores
propósito de contribuir para que os alunos se apropriem e crescentes. A formação escolar deve possibilitar aos alu-
dos conteúdos de maneira crítica e construtiva. A escola, nos condições para desenvolver competência e consciência
por ser uma instituição social com propósito explicitamen- profissional, mas não restringir-se ao ensino de habilidades
te educativo, tem o compromisso de intervir efetivamente imediatamente demandadas pelo mercado de trabalho.
para promover o desenvolvimento e a socialização de seus
alunos. A discussão sobre a função da escola não pode igno-
Essa função socializadora remete a dois aspectos: o de- rar as reais condições em que esta se encontra. A situa-
senvolvimento individual e o contexto social e cultural. É ção de precariedade vivida pelos educadores, expressa
nessa dupla determinação que os indivíduos se constroem nos baixos salários, na falta de condições de trabalho, de
como pessoas iguais, mas, ao mesmo tempo, diferentes de metas a serem alcançadas, de prestígio social, na inércia
todas as outras. Iguais por compartilhar com outras pessoas de grande parte dos órgãos responsáveis por alterar esse
um conjunto de saberes e formas de conhecimento que, quadro, provoca, na maioria das pessoas, um descrédito na
por sua vez, só é possível graças ao que individualmente se transformação da situação. Essa desvalorização objetiva do
puder incorporar. Não há desenvolvimento individual pos- magistério acaba por ser interiorizada, bloqueando as mo-
sível à margem da sociedade, da cultura. Os processos de tivações. Outro fator de desmotivação dos profissionais da
diferenciação na construção de uma identidade pessoal e rede pública é a mudança de rumo da educação diante da
os processos de socialização que conduzem a padrões de orientação política de cada governante. Às vezes as trans-
identidade coletiva constituem, na verdade, as duas faces formações propostas reafirmam certas posições, às vezes
de um mesmo processo. outras. Esse movimento de vai e volta gera, para a maioria
A escola, na perspectiva de construção de cidadania, dos professores, um desânimo para se engajar nos projetos
precisa assumir a valorização da cultura de sua própria co- de trabalho propostos, mesmo que lhes pareçam interes-
munidade e, ao mesmo tempo, buscar ultrapassar seus li- santes, pois eles dificilmente terão continuidade.
mites, propiciando às crianças pertencentes aos diferentes
grupos sociais o acesso ao saber, tanto no que diz respeito Em síntese, as escolas brasileiras, para exercerem a fun-
aos conhecimentos socialmente relevantes da cultura bra- ção social aqui proposta, precisam possibilitar o cultivo dos
sileira no âmbito nacional e regional como no que faz parte bens culturais e sociais, considerando as expectativas e as
do patrimônio universal da humanidade. necessidades dos alunos, dos pais, dos membros da comu-
nidade, dos professores, enfim, dos envolvidos diretamente
O desenvolvimento de capacidades, como as de relação no processo educativo. É nesse universo que o aluno viven-
interpessoal, as cognitivas, as afetivas, as motoras, as éticas, cia situações diversificadas que favorecem o aprendizado,
as estéticas de inserção social, torna-se possível mediante para dialogar de maneira competente com a comunidade,
o processo de construção e reconstrução de conhecimen- aprender a respeitar e a ser respeitado, a ouvir e a ser ou-
tos. Essa aprendizagem é exercida com o aporte pessoal de vido, a reivindicar direitos e a cumprir obrigações, a parti-
cada um, o que explica por que, a partir dos mesmos sabe- cipar ativamente da vida científica, cultural, social e política
res, há sempre lugar para a construção de uma infinidade do País e do mundo.
58
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Escola: uma construção coletiva e permanente Deve ser ressaltado que uma prática de reflexão coletiva
não é algo que se atinge de uma hora para outra e a esco-
Nessa perspectiva, é essencial a vinculação da escola la é uma realidade complexa, não sendo possível tratar as
com as questões sociais e com os valores democráticos, questões como se fossem simples de serem resolvidas. Cada
não só do ponto de vista da seleção e tratamento dos con- escola encontra uma realidade, uma trama, um conjunto de
teúdos, como também da própria organização escolar. As circunstâncias e de pessoas. É preciso que haja incentivo do
normas de funcionamento e os valores, implícitos e explíci- poder público local, pois o desenvolvimento do projeto re-
tos, que regem a atuação das pessoas na escola são deter- quer tempo para análise, discussão e reelaboração contínua,
minantes da qualidade do ensino, interferindo de maneira o que só é possível em um clima institucional favorável e com
significativa sobre a formação dos alunos. condições objetivas de realização.
59
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
“equivocadas”, ou seja, construídas e transformadas ao lon- mente organizada, ou seja, socialmente produzida e histo-
go do desenvolvimento, fruto de aproximações sucessivas, ricamente acumulada, não se excluem nem se confundem,
são expressão de uma construção inteligente por parte do mas interagem. Daí a importância das interações entre crian-
sujeito e, portanto, interpretadas como erros construtivos. ças e destas com parceiros experientes, dentre os quais des-
A tradição escolar — que não faz diferença entre erros tacam-se professores e outros agentes educativos.
integrantes do processo de aprendizagem e simples enga-
nos ou desconhecimentos — trabalha com a ideia de que O conceito de aprendizagem significativa, central na
a ausência de erros na tarefa escolar é a manifestação da perspectiva construtivista, implica, necessariamente, o tra-
aprendizagem. Hoje, graças ao avanço da investigação cien- balho simbólico de “significar” a parcela da realidade que
tífica na área da aprendizagem, tornou-se possível interpre- se conhece. As aprendizagens que os alunos realizam na
tar o erro como algo inerente ao processo de aprendizagem escola serão significativas à medida que conseguirem es-
e ajustar a intervenção pedagógica para ajudar a superá-lo. tabelecer relações substantivas e não-arbitrárias entre os
A superação do erro é resultado do processo de incorpora- conteúdos escolares e os conhecimentos previamente
ção de novas ideias e de transformação das anteriores, de construídos por eles, num processo de articulação de no-
maneira a dar conta das contradições que se apresentarem vos significados.
ao sujeito para, assim, alcançar níveis superiores de conhe- Cabe ao educador, por meio da intervenção pedagógi-
cimento. ca, promover a realização de aprendizagens com o maior
grau de significado possível, uma vez que esta nunca é
O que o aluno pode aprender em determinado momen- absoluta — sempre é possível estabelecer alguma relação
to da escolaridade depende das possibilidades delineadas entre o que se pretende conhecer e as possibilidades de
pelas formas de pensamento de que dispõe naquela fase observação, reflexão e informação que o sujeito já possui.
de desenvolvimento, dos conhecimentos que já construiu A aprendizagem significativa implica sempre alguma
anteriormente e do ensino que recebe. Isto é, a intervenção ousadia: diante do problema posto, o aluno precisa ela-
pedagógica deve-se ajustar ao que os alunos conseguem borar hipóteses e experimentá-las. Fatores e processos
realizar em cada momento de sua aprendizagem, para se afetivos, motivacionais e relacionais são importantes nesse
constituir verdadeira ajuda educativa. O conhecimento é re- momento. Os conhecimentos gerados na história pessoal e
sultado de um complexo e intrincado processo de modifica- educativa têm um papel determinante na expectativa que
ção, reorganização e construção, utilizado pelos alunos para o aluno tem da escola, do professor e de si mesmo, nas
assimilar e interpretar os conteúdos escolares. suas motivações e interesses, em seu autoconceito e em
Por mais que o professor, os companheiros de classe e sua autoestima. Assim como os significados construídos
os materiais didáticos possam, e devam, contribuir para que pelo aluno estão destinados a ser substituídos por outros
a aprendizagem se realize, nada pode substituir a atuação no transcurso das atividades, as representações que o alu-
do próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os no tem de si e de seu processo de aprendizagem também.
conteúdos da aprendizagem. É ele quem modifica, enrique- É fundamental, portanto, que a intervenção educativa es-
ce e, portanto, constrói novos e mais potentes instrumentos colar propicie um desenvolvimento em direção à disponibi-
de ação e interpretação. lidade exigida pela aprendizagem significativa.
Mas o desencadeamento da atividade mental constru-
tiva não é suficiente para que a educação escolar alcance os Se a aprendizagem for uma experiência de sucesso,
objetivos a que se propõe: que as aprendizagens estejam o aluno constrói uma representação de si mesmo como
compatíveis com o que significam socialmente. alguém capaz. Se, ao contrário, for uma experiência de
O processo de atribuição de sentido aos conteúdos es- fracasso, o ato de aprender tenderá a se transformar em
colares é, portanto, individual; porém, é também cultural na ameaça, e a ousadia necessária se transformará em medo,
medida em que os significados construídos remetem a for- para o qual a defesa possível é a manifestação de desinte-
mas e saberes socialmente estruturados. resse.
Conceber o processo de aprendizagem como proprie- A aprendizagem é condicionada, de um lado, pelas
dade do sujeito não implica desvalorizar o papel determi- possibilidades do aluno, que englobam tanto os níveis de
nante da interação com o meio social e, particularmente, organização do pensamento como os conhecimentos e ex-
com a escola. Ao contrário, situações escolares de ensino periências prévias, e, de outro, pela interação com os ou-
e aprendizagem são situações comunicativas, nas quais os tros agentes.
alunos e professores atuam como corresponsáveis, ambos Para a estruturação da intervenção educativa é funda-
com uma influência decisiva para o êxito do processo. mental distinguir o nível de desenvolvimento real do po-
A abordagem construtivista integra, num único esque- tencial. O nível de desenvolvimento real se determina como
ma explicativo, questões relativas ao desenvolvimento indi- aquilo que o aluno pode fazer sozinho em uma situação
vidual e à pertinência cultural, à construção de conhecimen- determinada, sem ajuda de ninguém. O nível de desenvol-
tos e à interação social. vimento potencial é determinado pelo que o aluno pode
Considera o desenvolvimento pessoal como o processo fazer ou aprender mediante a interação com outras pes-
mediante o qual o ser humano assume a cultura do grupo soas, conforme as observa, imitando, trocando ideias com
social a que pertence. Processo no qual o desenvolvimento elas, ouvindo suas explicações, sendo desafiado por elas
pessoal e a aprendizagem da experiência humana cultural- ou contrapondo-se a elas, sejam essas pessoas o professor
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ou seus colegas. Existe uma zona de desenvolvimento pró- Organização dos parâmetros curriculares nacionais
ximo, dada pela diferença existente entre o que um aluno
pode fazer sozinho e o que pode fazer ou aprender com a A análise das propostas curriculares oficiais para o en-
ajuda dos outros. De acordo com essa concepção, falar dos sino fundamental, elaborada pela Fundação Carlos Chagas,
mecanismos de intervenção educativa equivale a falar dos aponta dados relevantes que auxiliam a reflexão sobre a
mecanismos interativos pelos quais professores e colegas organização curricular e a forma como seus componentes
conseguem ajustar sua ajuda aos processos de construção são abordados.
de significados realizados pelos alunos no decorrer das ati- Segundo essa análise, as propostas, de forma geral,
vidades escolares de ensino e aprendizagem. apontam como grandes diretrizes uma perspectiva demo-
crática e participativa, e que o ensino fundamental deve se
Existem ainda, dentro do contexto escolar, outros me- comprometer com a educação necessária para a formação
canismos de influência educativa, cuja natureza e funcio- de cidadãos críticos, autônomos e atuantes. No entanto, a
namento em grande medida são desconhecidos, mas que maioria delas apresenta um descompasso entre os objeti-
têm incidência considerável sobre a aprendizagem dos vos anunciados e o que é proposto para alcançá-los, entre
alunos. Dentre eles destacam-se a organização e o fun- os pressupostos teóricos e a definição de conteúdos e as-
cionamento da instituição escolar e os valores implícitos e pectos metodológicos.
explícitos que permeiam as relações entre os membros da
escola; são fatores determinantes da qualidade de ensino A estrutura dos Parâmetros Curriculares Nacionais
e podem chegar a influir de maneira significativa sobre o buscou contribuir para a superação dessa contradição. A
que e como os alunos aprendem. Os alunos não contam integração curricular assume as especificidades de cada
exclusivamente com o contexto escolar para a construção componente e delineia a operacionalização do processo
de conhecimento sobre conteúdos considerados escolares. educativo desde os objetivos gerais do ensino fundamen-
A mídia, a família, a igreja, os amigos, são também fontes tal, passando por sua especificação nos objetivos gerais de
de influência educativa que incidem sobre o processo de cada área e de cada tema transversal, deduzindo desses
construção de significado desses conteúdos. Essas influên- objetivos os conteúdos apropriados para configurar as
cias sociais normalmente somam-se ao processo de apren- reais intenções educativas. Assim, os objetivos, que defi-
dizagem escolar, contribuindo para consolidá-lo; por isso é nem capacidades, e os conteúdos, que estarão a serviço do
importante que a escola as considere e as integre ao tra- desenvolvimento dessas capacidades, formam uma unida-
balho. Porém, algumas vezes, essa mesma influência pode de orientadora da proposta curricular.
apresentar obstáculos à aprendizagem escolar, ao indicar Para que se possa discutir uma prática escolar que real-
uma direção diferente, ou mesmo oposta, daquela presen- mente atinja seus objetivos, os Parâmetros Curriculares Na-
te no encaminhamento escolar. É necessário que a escola cionais apontam questões de tratamento didático por área
considere tais direções e forneça uma interpretação dessas e por ciclo, procurando garantir coerência entre os pressu-
diferenças, para que a intervenção pedagógica favoreça a postos teóricos, os objetivos e os conteúdos, mediante sua
ultrapassagem desses obstáculos num processo articulado operacionalização em orientações didáticas e critérios de
de interação e integração. Se o projeto educacional exige avaliação. Em outras palavras, apontam o que e como se
ressignificar o processo de ensino e aprendizagem, este pode trabalhar, desde as séries iniciais, para que se alcan-
precisa se preocupar em preservar o desejo de conhecer cem os objetivos pretendidos.
e de saber com que todas as crianças chegam à escola. As propostas curriculares oficiais dos Estados estão or-
Precisa manter a boa qualidade do vínculo com o conheci- ganizadas em disciplinas e/ou áreas. Apenas alguns Muni-
mento e não destruí-lo pelo fracasso reiterado. Mas garan- cípios optam por princípios norteadores, eixos ou temas,
tir experiências de sucesso não significa omitir ou disfarçar que visam tratar os conteúdos de modo interdisciplinar,
o fracasso; ao contrário, significa conseguir realizar a tarefa buscando integrar o cotidiano social com o saber escolar.
a que se propôs. Relaciona-se, portanto, com propostas e
intervenções pedagógicas adequadas. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, optou-se por
um tratamento específico das áreas, em função da impor-
O professor deve ter propostas claras sobre o que, tância instrumental de cada uma, mas contemplou-se tam-
quando e como ensinar e avaliar, a fim de possibilitar o pla- bém a integração entre elas. Quanto às questões sociais
nejamento de atividades de ensino para a aprendizagem relevantes, reafirma-se a necessidade de sua problematiza-
de maneira adequada e coerente com seus objetivos. É a ção e análise, incorporando-as como temas transversais. As
partir dessas determinações que o professor elabora a pro- questões sociais abordadas são: ética, saúde, meio ambien-
gramação diária de sala de aula e organiza sua intervenção te, orientação sexual e pluralidade cultural.
de maneira a propor situações de aprendizagem ajustadas Quanto ao modo de incorporação desses temas no
às capacidades cognitivas dos alunos. currículo, propõe-se um tratamento transversal, tendência
Em síntese, não é a aprendizagem que deve se ajus- que se manifesta em algumas experiências nacionais e in-
tar ao ensino, mas sim o ensino que deve potencializar a ternacionais, em que as questões sociais se integram na
aprendizagem. própria concepção teórica das áreas e de seus componen-
tes curriculares.
61
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
De acordo com os princípios já apontados, os conteú- Os Parâmetros Curriculares Nacionais adotam a propos-
dos são considerados como um meio para o desenvolvi- ta de estruturação por ciclos, pelo reconhecimento de que
mento amplo do aluno e para a sua formação como ci- tal proposta permite compensar a pressão do tempo que é
dadão. Portanto, cabe à escola o propósito de possibilitar inerente à instituição escolar, tornando possível distribuir os
aos alunos o domínio de instrumentos que os capacitem conteúdos de forma mais adequada à natureza do processo
a relacionar conhecimentos de modo significativo, bem de aprendizagem. Além disso, favorece uma apresentação
como a utilizar esses conhecimentos na transformação e menos parcelada do conhecimento e possibilita as aproxi-
construção de novas relações sociais. mações sucessivas necessárias para que os alunos se apro-
Os Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam os priem dos complexos saberes que se intenciona transmitir.
conteúdos de tal forma que se possa determinar, no mo- Sabe-se que, fora da escola, os alunos não têm as mes-
mento de sua adequação às particularidades de Estados mas oportunidades de acesso a certos objetos de conheci-
e Municípios, o grau de profundidade apropriado e a sua mento que fazem parte do repertório escolar. Sabe-se tam-
melhor forma de distribuição no decorrer da escolaridade, bém que isso influencia o modo e o processo como atribui-
de modo a constituir um corpo de conteúdos consistentes rão significados aos objetos de conhecimento na situação
e coerentes com os objetivos. escolar: alguns alunos poderão estar mais avançados na
A avaliação é considerada como elemento favorece- reconstrução de significados do que outros.
dor da melhoria de qualidade da aprendizagem, deixan- Ao se falar em ritmos diferentes de aprendizagem, é
do de funcionar como arma contra o aluno. É assumida preciso cuidado para não incorrer em mal-entendidos pe-
como parte integrante e instrumento de auto-regulação do rigosos. Uma vez que não há uma definição precisa e clara
processo de ensino e aprendizagem, para que os objetivos de quais seriam esses ritmos, os educadores podem ser le-
propostos sejam atingidos. A avaliação diz respeito não só vados a rotular alguns alunos como mais lentos que outros,
ao aluno, mas também ao professor e ao próprio sistema estigmatizando aqueles que estão se iniciando na interação
escolar. com os objetos de conhecimento escolar.
A opção de organização da escolaridade em ciclos, No caso da aprendizagem da língua escrita, por exem-
plo, se um aluno ingressa na primeira série sabendo escre-
tendência predominante nas propostas mais atuais, é re-
ver alfabeticamente, isso se explica porque seu ritmo é mais
ferendada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. A or-
rápido ou porque teve múltiplas oportunidades de atuar
ganização em ciclos é uma tentativa de superar a segmen-
como leitor e escritor? Se outros ingressam sem saber se-
tação excessiva produzida pelo regime seriado e de buscar
quer como se pega um livro, é porque são lentos ou porque
princípios de ordenação que possibilitem maior integração
estão interatuando pela primeira vez com os objetos com
do conhecimento.
que os outros interatuam desde que nasceram? E, no caso
Os componentes curriculares foram formulados a par- desta última hipótese, por mais rápidos que possam ser,
tir da análise da experiência educacional acumulada em será que poderão em alguns dias percorrer o caminho que
todo o território nacional. Pautaram-se, também, pela aná- outros realizaram em anos?
lise das tendências mais atuais de investigação científica, Outras vezes, o que se interpreta como “lentidão” é a
a fim de poderem expressar um avanço na discussão em expressão de dificuldades relacionadas a um sentimento de
torno da busca de qualidade de ensino e aprendizagem. incapacidade para a aprendizagem que chega a causar blo-
queios nesse processo.
A organização da escolaridade em ciclos É fundamental que se considerem esses aspectos e é
necessário que o professor possa intervir para alterar as si-
Na década de 80, vários Estados e Municípios reestru- tuações desfavoráveis ao aluno.
turaram o ensino fundamental a partir das séries iniciais. Em suma, o que acontece é que cada aluno tem, habi-
Esse processo de reorganização, que tinha como objetivo tualmente, desempenhos muito diferentes na relação com
político minimizar o problema da repetência e da evasão objetos de conhecimento diferentes e a prática escolar tem
escolar, adotou como princípio norteador a flexibilização buscado incorporar essa diversidade de modo a garantir
da seriação, o que abriria a possibilidade de o currículo ser respeito aos alunos e a criar condições para que possam
trabalhado ao longo de um período de tempo maior e per- progredir nas suas aprendizagens.
mitiria respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem que A adoção de ciclos, pela flexibilidade que permite, pos-
os alunos apresentam. sibilita trabalhar melhor com as diferenças e está plenamen-
Desse modo, a seriação inicial deu lugar ao ciclo básico te coerente com os fundamentos psicopedagógicos, com
com a duração de dois anos, tendo como objetivo propiciar a concepção de conhecimento e da função da escola que
maiores oportunidades de escolarização voltada para a al- estão explicitados no item Fundamentos dos Parâmetros
fabetização efetiva das crianças. As experiências, ainda que Curriculares Nacionais.
tenham apresentado problemas estruturais e necessidades
de ajustes da prática, acabaram por mostrar que a organi- Os conhecimentos adquiridos na escola passam por
zação por ciclos contribui efetivamente para a superação um processo de construção e reconstrução contínua e não
dos problemas do desenvolvimento escolar. Tanto isso é por etapas fixadas e definidas no tempo. As aprendizagens
verdade que, onde foram implantados, os ciclos se manti- não se processam como a subida de degraus regulares, mas
veram, mesmo com mudanças de governantes. como avanços de diferentes magnitudes.
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ensino é de fundamental importância, pois permite incluir Considerar conteúdos procedimentais e atitudinais
conhecimentos que têm sido tradicionalmente excluídos como conteúdos do mesmo nível que os conceituais não
do ensino, como a revisão do texto escrito, a argumentação implica aumento na quantidade de conteúdos a serem tra-
construída, a comparação dos dados, a verificação, a docu- balhados, porque eles já estão presentes no dia-a-dia da
mentação e a organização, entre outros. sala de aula; o que acontece é que, na maioria das vezes,
não estão explicitados nem são tratados de maneira cons-
Ao ensinar procedimentos também se ensina um certo ciente. A diferente natureza dos conteúdos escolares deve
modo de pensar e produzir conhecimento. Exemplo: uma ser contemplada de maneira integrada no processo de en-
das questões centrais do trabalho em matemática refere-se sino e aprendizagem e não em atividades específicas.
à validação. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, os conteúdos
Trata-se de o aluno saber por seus próprios meios se o referentes a conceitos, procedimentos, valores, normas e
resultado que obteve é razoável ou absurdo, se o procedi- atitudes estão presentes nos documentos tanto de áreas
mento utilizado é correto ou não, se o argumento de seu quanto de Temas Transversais, por contribuírem para a
colega é consistente ou contraditório. aquisição das capacidades definidas nos Objetivos Gerais
Já os conteúdos atitudinais permeiam todo o conhe- do Ensino Fundamental. A consciência da importância des-
cimento escolar. A escola é um contexto socializador, ge- ses conteúdos é essencial para garantir-lhes tratamento
rador de atitudes relativas ao conhecimento, ao professor, apropriado, em que se vise um desenvolvimento amplo,
aos colegas, às disciplinas, às tarefas e à sociedade. A não- harmônico e equilibrado dos alunos, tendo em vista sua
compreensão de atitudes, valores e normas como conteú- vinculação à função social da escola. Eles são apresentados
dos escolares faz com estes sejam comunicados sobretudo nos blocos de conteúdos e/ou organizações temáticas.
de forma inadvertida — acabam por ser aprendidos sem
que haja uma deliberação clara sobre esse ensinamento. Os blocos de conteúdos e/ou organizações temáti-
Por isso, é imprescindível adotar uma posição crítica em cas são agrupamentos que representam recortes internos
relação aos valores que a escola transmite explícita e im- à área e visam explicitar objetos de estudo essenciais à
plicitamente mediante atitudes cotidianas. A consideração aprendizagem. Distinguem as especificidades dos conteú-
dos, para que haja clareza sobre qual é o objeto do traba-
positiva de certos fatos ou personagens históricos em de-
lho, tanto para o aluno como para o professor — é impor-
trimento de outros é um posicionamento de valor, o que
tante ter consciência do que se está ensinando e do que
contradiz a pretensa neutralidade que caracteriza a apre-
se está aprendendo. Os conteúdos são organizados em
sentação escolar do saber científico.
função da necessidade de receberem um tratamento didá-
Ensinar e aprender atitudes requer um posicionamento
tico que propicie um avanço contínuo na ampliação de co-
claro e consciente sobre o que e como se ensina na escola.
nhecimentos, tanto em extensão quanto em profundidade,
Esse posicionamento só pode ocorrer a partir do estabe- pois o processo de aprendizagem dos alunos requer que
lecimento das intenções do projeto educativo da escola, os mesmos conteúdos sejam tratados de diferentes ma-
para que se possam adequar e selecionar conteúdos bási- neiras e em diferentes momentos da escolaridade, de for-
cos, necessários e recorrentes. ma a serem “revisitados”, em função das possibilidades de
É sabido que a aprendizagem de valores e atitudes compreensão que se alteram pela contínua construção de
é de natureza complexa e pouco explorada do ponto de conhecimentos e em função da complexidade conceitual
vista pedagógico. Muitas pesquisas apontam para a im- de determinados conteúdos. Por exemplo, ao apresentar
portância da informação como fator de transformação de problemas referentes às operações de adição e subtração.
valores e atitudes; sem dúvida, a informação é necessária,
mas não é suficiente. Para a aprendizagem de atitudes é Exemplo 1: Pedro tinha 8 bolinhas de gude, jogou uma
necessária uma prática constante, coerente e sistemática, partida e perdeu 3. Com quantas bolinhas ficou? (8 - 3 =
em que valores e atitudes almejados sejam expressos no 5 ou 3 + ? = 8). Exemplo 2: Pedro jogou uma partida de
relacionamento entre as pessoas e na escolha dos assuntos bolinha de gude. Na segunda partida, perdeu 3 bolinhas,
a serem tratados. Além das questões de ordem emocional, ficando com 5 no final. Quantas bolinhas Pedro ganhou na
tem relevância no aprendizado dos conteúdos atitudinais o primeira partida? (? - 3 = 5 ou 8 - 3 = 5 ou 3 + ? = 8). O
fato de cada aluno pertencer a um grupo social, com seus problema 1 é resolvido pela maioria das crianças no início
próprios valores e atitudes. da escolaridade obrigatória em função do conhecimento
matemático que já têm; no entanto, o problema 2 para ser
Embora esteja sempre presente nos conteúdos especí- resolvido necessita que o aluno tenha tido diferentes opor-
ficos que são ensinados, os conteúdos atitudinais não têm tunidades para operar com os conceitos envolvidos, caso
sido formalmente reconhecidos como tal. A análise dos contrário não o resolverá. O mesmo conteúdo — adição e
conteúdos, à luz dessa dimensão, exige uma tomada de subtração — para ser compreendido requer uma aborda-
decisão consciente e eticamente comprometida, interferin- gem mais ampla dos conceitos que o envolvem. Com esses
do diretamente no esclarecimento do papel da escola na exemplos buscou-se apontar também que situações apa-
formação do cidadão. Ao enfocar os conteúdos escolares rentemente fáceis e simples são complexas tanto do ponto
sob essa dimensão, questões de convívio social assumem de vista do objeto como da aprendizagem. No problema 2
um outro status no rol dos conteúdos a serem abordados. a variação no local da incógnita solicita um tipo de raciocí-
nio diferente do problema 1. A complexidade dos próprios
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
conteúdos e as necessidades das aprendizagens compõem Tomar a avaliação nessa perspectiva e em todas essas
um todo dinâmico, sendo impossível esgotar a aprendiza- dimensões requer que esta ocorra sistematicamente du-
gem em um curto espaço de tempo. O conhecimento não rante todo o processo de ensino e aprendizagem e não so-
é um bem passível de acumulação, como uma espécie de mente após o fechamento de etapas do trabalho, como é o
doação da fonte de informações para o aprendiz. habitual. Isso possibilita ajustes constantes, num mecanis-
Para o tratamento didático dos conteúdos é preciso con- mo de regulação do processo de ensino e aprendizagem,
siderar também o estabelecimento de relações internas ao que contribui efetivamente para que a tarefa educativa te-
bloco e entre blocos. Exemplificando: os blocos de conteúdos nha sucesso.
de Língua Portuguesa são língua oral, língua escrita, análise O acompanhamento e a reorganização do processo de
e reflexão sobre a língua; é possível aprender sobre a língua ensino e aprendizagem na escola inclui, necessariamente,
escrita sem necessariamente estabelecer uma relação direta uma avaliação inicial, para o planejamento do professor, e
com a língua oral; por outro lado, não é possível aprender uma avaliação ao final de uma etapa de trabalho.
a analisar e a refletir sobre a língua sem o apoio da língua A avaliação investigativa inicial instrumentalizará o pro-
oral, ou da escrita. Dessa forma, a inter-relação dos elementos fessor para que possa pôr em prática seu planejamento de
de um bloco, ou entre blocos, é determinada pelo objeto da forma adequada às características de seus alunos. Esse é o
aprendizagem, configurado pela proposta didática realizada momento em que o professor vai se informar sobre o que
pelo professor. o aluno já sabe sobre determinado conteúdo para, a partir
Dada a diversidade existente no País, é natural e desejá- daí, estruturar sua programação, definindo os conteúdos e
vel que ocorram alterações no quadro proposto. A definição o nível de profundidade em que devem ser abordados. A
dos conteúdos a serem tratados deve considerar o desenvol- avaliação inicial serve para o professor obter informações
vimento de capacidades adequadas às características sociais, necessárias para propor atividades e gerar novos conhe-
culturais e econômicas particulares de cada localidade. cimentos, assim como para o aluno tomar consciência do
Assim, a definição de conteúdos nos Parâmetros Curri- que já sabe e do que pode ainda aprender sobre um deter-
culares Nacionais é uma referência suficientemente aberta minado conjunto de conteúdos. É importante que ocorra
para técnicos e professores analisarem, refletirem e tomarem uma avaliação no início do ano; o fato de o aluno estar
decisões, resultando em ampliações ou reduções de certos iniciando uma série não é informação suficiente para que o
aspectos, em função das necessidades de aprendizagem de professor saiba sobre suas necessidades de aprendizagem.
seus alunos. Mesmo que o professor acompanhe a classe de um ano
para o outro, e tenha registros detalhados sobre o desem-
Avaliação penho dos alunos no ano anterior, não se exclui essa inves-
tigação inicial, pois os alunos não deixam de aprender du-
A concepção de avaliação dos Parâmetros Curriculares rante as férias e muita coisa pode ser alterada no intervalo
Nacionais vai além da visão tradicional, que focaliza o con- dos períodos letivos. Mas essas avaliações não devem ser
trole externo do aluno mediante notas ou conceitos, para ser aplicadas exclusivamente nos inícios de ano ou de semes-
compreendida como parte integrante e intrínseca ao proces- tre; são pertinentes sempre que o professor propuser no-
so educacional. vos conteúdos ou novas sequências de situações didáticas.
A avaliação, ao não se restringir ao julgamento sobre
sucessos ou fracassos do aluno, é compreendida como um É importante ter claro que a avaliação inicial não im-
conjunto de atuações que tem a função de alimentar, susten- plica a instauração de um longo período de diagnóstico,
tar e orientar a intervenção pedagógica. Acontece contínua que acabe por se destacar do processo de aprendizagem
e sistematicamente por meio da interpretação qualitativa do que está em curso, no qual o professor não avança em suas
conhecimento construído pelo aluno. Possibilita conhecer o propostas, perdendo o escasso e precioso tempo escolar
quanto ele se aproxima ou não da expectativa de aprendiza- de que dispõe. Ela pode se realizar no interior mesmo de
gem que o professor tem em determinados momentos da es- um processo de ensino e aprendizagem, já que os alunos
colaridade, em função da intervenção pedagógica realizada. põem inevitavelmente em jogo seus conhecimentos pré-
Portanto, a avaliação das aprendizagens só pode acontecer vios ao enfrentar qualquer situação didática.
se forem relacionadas com as oportunidades oferecidas, isto O processo também contempla a observação dos
é, analisando a adequação das situações didáticas propostas avanços e da qualidade da aprendizagem alcançada pe-
aos conhecimentos prévios dos alunos e aos desafios que es- los alunos ao final de um período de trabalho, seja este
tão em condições de enfrentar. determinado pelo fim de um bimestre, ou de um ano, seja
A avaliação subsidia o professor com elementos para uma pelo encerramento de um projeto ou sequência didática.
reflexão contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos Na verdade, a avaliação contínua do processo acaba por
instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que de- subsidiar a avaliação final, isto é, se o professor acompanha
vem ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequados o aluno sistematicamente ao longo do processo pode sa-
para o processo de aprendizagem individual ou de todo gru- ber, em determinados momentos, o que o aluno já apren-
po. Para o aluno, é o instrumento de tomada de consciência deu sobre os conteúdos trabalhados. Esses momentos, por
de suas conquistas, dificuldades e possibilidades para reor- outro lado, são importantes por se constituírem boas situa-
ganização de seu investimento na tarefa de aprender. Para a ções para que alunos e professores formalizem o que foi
escola, possibilita definir prioridades e localizar quais aspectos e o que não foi aprendido. Esta avaliação, que intenciona
das ações educacionais demandam maior apoio. averiguar a relação entre a construção do conhecimento
68
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
por parte dos alunos e os objetivos a que o professor se Para obter informações em relação aos processos de
propôs, é indispensável para se saber se todos os alunos aprendizagem, é necessário considerar a importância de
estão aprendendo e quais condições estão sendo ou não uma diversidade de instrumentos e situações, para possibi-
favoráveis para isso, o que diz respeito às responsabilida- litar, por um lado, avaliar as diferentes capacidades e con-
des do sistema educacional. teúdos curriculares em jogo e, por outro lado, contrastar os
Um sistema educacional comprometido com o desen- dados obtidos e observar a transferência das aprendizagens
volvimento das capacidades dos alunos, que se expressam em contextos diferentes.
pela qualidade das relações que estabelecem e pela pro-
fundidade dos saberes constituídos, encontra, na avaliação, É fundamental a utilização de diferentes códigos, como
uma referência à análise de seus propósitos, que lhe per- o verbal, o oral, o escrito, o gráfico, o numérico, o pictórico,
mite redimensionar investimentos, a fim de que os alunos de forma a se considerar as diferentes aptidões dos alunos.
aprendam cada vez mais e melhor e atinjam os objetivos Por exemplo, muitas vezes o aluno não domina a escrita su-
propostos. ficientemente para expor um raciocínio mais complexo so-
Esse uso da avaliação, numa perspectiva democrática, bre como compreende um fato histórico, mas pode fazê-lo
só poderá acontecer se forem superados o caráter de ter- perfeitamente bem em uma situação de intercâmbio oral,
minalidade e de medição de conteúdos aprendidos — tão como em diálogos, entrevistas ou debates. Considerando
arraigados nas práticas escolares — a fim de que os resul- essas preocupações, o professor pode realizar a avaliação
tados da avaliação possam ser concebidos como indica- por meio de:
dores para a reorientação da prática educacional e nunca - observação sistemática: acompanhamento do proces-
como um meio de estigmatizar os alunos. so de aprendizagem dos alunos, utilizando alguns instru-
Utilizar a avaliação como instrumento para o desenvol- mentos, como registro em tabelas, listas de controle, diário
vimento das atividades didáticas requer que ela não seja de classe e outros;
interpretada como um momento estático, mas antes como - análise das produções dos alunos: considerar a varie-
um momento de observação de um processo dinâmico e dade de produções realizadas pelos alunos, para que se pos-
não-linear de construção de conhecimento. sa ter um quadro real das aprendizagens conquistadas. Por
exemplo: se a avaliação se dá sobre a competência dos alu-
nos na produção de textos, deve-se considerar a totalidade
Em suma, a avaliação contemplada nos Parâmetros
dessa produção, que envolve desde os primeiros registros
Curriculares Nacionais é compreendida como: elemento
escritos, no caderno de lição, até os registros das atividades
integrador entre a aprendizagem e o ensino; conjunto de
de outras áreas e das atividades realizadas especificamente
ações cujo objetivo é o ajuste e a orientação da intervenção
para esse aprendizado, além do texto produzido pelo aluno
pedagógica para que o aluno aprenda da melhor forma;
para os fins específicos desta avaliação;
conjunto de ações que busca obter informações sobre o - atividades específicas para a avaliação: nestas, os alu-
que foi aprendido e como; elemento de reflexão contínua nos devem ter objetividade ao expor sobre um tema, ao
para o professor sobre sua prática educativa; instrumento responder um questionário. Para isso é importante, em pri-
que possibilita ao aluno tomar consciência de seus avan- meiro lugar, garantir que sejam semelhantes às situações de
ços, dificuldades e possibilidades; ação que ocorre durante aprendizagem comumente estruturadas em sala de aula, isto
todo o processo de ensino e aprendizagem e não apenas é, que não se diferenciem, em sua estrutura, das atividades
em momentos específicos caracterizados como fechamen- que já foram realizadas; em segundo lugar, deixar claro para
to de grandes etapas de trabalho. Uma concepção desse os alunos o que se pretende avaliar, pois, inevitavelmente, os
tipo pressupõe considerar tanto o processo que o aluno alunos estarão mais atentos a esses aspectos.
desenvolve ao aprender como o produto alcançado. Pres-
supõe também que a avaliação se aplique não apenas ao Quanto mais os alunos tenham clareza dos conteúdos e
aluno, considerando as expectativas de aprendizagem, do grau de expectativa da aprendizagem que se espera, mais
mas às condições oferecidas para que isso ocorra. Avaliar terão condições de desenvolver, com a ajuda do professor,
a aprendizagem, portanto, implica avaliar o ensino ofere- estratégias pessoais e recursos para vencer dificuldades.
cido — se, por exemplo, não há a aprendizagem esperada A avaliação, apesar de ser responsabilidade do profes-
significa que o ensino não cumpriu com sua finalidade: a sor, não deve ser considerada função exclusiva dele. Dele-
de fazer aprender. gá-la aos alunos, em determinados momentos, é uma con-
dição didática necessária para que construam instrumentos
Orientações para avaliação de auto regulação para as diferentes aprendizagens. A auto
avaliação é uma situação de aprendizagem em que o aluno
Como avaliar se define a partir da concepção de ensino desenvolve estratégias de análise e interpretação de suas
e aprendizagem, da função da avaliação no processo edu- produções e dos diferentes procedimentos para se avaliar.
cativo e das orientações didáticas postas em prática. Em- Além desse aprendizado ser, em si, importante, porque é
bora a avaliação, na perspectiva aqui apontada, aconteça central para a construção da autonomia dos alunos, cum-
sistematicamente durante as atividades de ensino e apren- pre o papel de contribuir com a objetividade desejada na
dizagem, é preciso que a perspectiva de cada momento avaliação, uma vez que esta só poderá ser construída com a
da avaliação seja definida claramente, para que se possa coordenação dos diferentes pontos de vista tanto do aluno
alcançar o máximo de objetividade possível. quanto do professor.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ser a expressão de um “castigo” nem ser unicamente pau- É importante ressaltar a diferença que existe entre a
tada no quanto se aprendeu ou se deixou de aprender dos comunicação da avaliação e a qualificação.
conteúdos propostos. Para tal decisão é importante consi- Uma coisa é a necessidade de comunicar o que se
derar, simultaneamente aos critérios de avaliação, os aspec- observou na avaliação, isto é, o retorno que o professor
tos de sociabilidade e de ordem emocional, para que a de- dá aos alunos e aos pais do que pôde observar sobre o
cisão seja a melhor possível, tendo em vista a continuidade processo de aprendizagem, incluindo também o diálogo
da escolaridade sem fracassos. No caso de reprovação, a dis- entre a sua avaliação e a auto avaliação realizada pelo alu-
cussão nos conselhos de classe, assim como a consideração no. Outra coisa é a qualificação que se extrai dela, e se ex-
das questões trazidas pelos pais nesse processo decisório, pressa em notas ou conceitos, histórico escolar, boletins,
podem subsidiar o professor para a tomada de decisão ama- diplomas, e cumprem uma função social. Se a comunica-
durecida e compartilhada pela equipe da escola. ção da avaliação estiver pautada apenas em qualificações,
pouco poderá contribuir para o avanço significativo das
Os altos índices de repetência em nosso país têm sido aprendizagens; mas, se as notas não forem o único canal
objeto de muita discussão, uma vez que explicitam o fra- que o professor oferece de comunicação sobre a avaliação,
casso do sistema público de ensino, incomodando demais podem constituir-se uma referência importante, uma vez
tanto educadores como políticos. No entanto, muitas ve- que já se instituem como representação social do aprovei-
zes se cria uma falsa questão, em que a repetência é vista tamento escolar.
como um problema em si e não como um sintoma da má
qualidade do ensino e, consequentemente, da aprendiza- Orientações didáticas
gem, que, de forma geral, o sistema educacional não tem
conseguido resolver. A conquista dos objetivos propostos para o ensino
Como resultado, ao reprovar os alunos que não reali- fundamental depende de uma prática educativa que tenha
zam as aprendizagens esperadas, cristaliza-se uma situa- como eixo a formação de um cidadão autônomo e par-
ção em que o problema é do aluno e não do sistema edu- ticipativo. Nessa medida, os Parâmetros Curriculares Na-
cacional. cionais incluem orientações didáticas, que são subsídios à
A repetência deve ser um recurso extremo; deve ser reflexão sobre como ensinar.
estudada caso a caso, no momento que mais se adequar a Na visão aqui assumida, os alunos constroem signifi-
cada aluno, para que esteja de fato a serviço da escolarida- cados a partir de múltiplas e complexas interações. Cada
de com sucesso. aluno é sujeito de seu processo de aprendizagem, enquan-
A permanência em um ano ou mais no ciclo deve ser to o professor é o mediador na interação dos alunos com
compreendida como uma medida educativa para que os objetos de conhecimento; o processo de aprendizagem
o aluno tenha oportunidade e expectativa de sucesso e compreende também a interação dos alunos entre si, es-
motivação, para garantir a melhoria de condições para a sencial à socialização. Assim sendo, as orientações didáti-
aprendizagem. Quer a decisão seja de reprovar ou aprovar cas apresentadas enfocam fundamentalmente a interven-
um aluno com dificuldades, esta deve sempre ser acompa- ção do professor na criação de situações de aprendizagem
nhada de encaminhamentos de apoio e ajuda para garantir coerentes com essa concepção.
a qualidade das aprendizagens e o desenvolvimento das Para cada tema e área de conhecimento correspon-
capacidades esperadas. de um conjunto de orientações didáticas de caráter mais
abrangente — orientações didáticas gerais — que indicam
As avaliações oficiais: boletins e diplomas como a concepção de ensino proposta se estabelece no
tratamento da área. Para cada bloco de conteúdo corres-
Um outro lado na questão da avaliação é o aspecto pondem orientações didáticas específicas, que expressam
normativo do sistema de ensino que diz respeito ao con- como determinados conteúdos podem ser tratados.
trole social. À escola é socialmente delegada a tarefa de Assim, as orientações didáticas permeiam as explicita-
promover o ensino e a aprendizagem de determinados ções sobre o ensinar e o aprender, bem como as explica-
conteúdos e contribuir de maneira efetiva na formação de ções dos blocos de conteúdos ou temas, uma vez que a
seus cidadãos; por isso, a escola deve responder à socie- opção de recorte de conteúdos para uma situação de en-
dade por essa responsabilidade. Para tal, estabelece uma sino e aprendizagem é também determinada pelo enfoque
série de instrumentos para registro e documentação da didático da área.
avaliação e cria os atestados oficiais de aproveitamento. No entanto, há determinadas considerações a fazer a
Assim, as notas, conceitos, boletins, recuperações, apro- respeito do trabalho em sala de aula, que extravasam as
vações, reprovações, diplomas, etc., fazem parte das deci- fronteiras de um tema ou área de conhecimento. Estas
sões que o professor deve tomar em seu dia-a-dia para considerações evidenciam que o ensino não pode estar
responder à necessidade de um testemunho oficial e social limitado ao estabelecimento de um padrão de interven-
do aproveitamento do aluno. O professor pode aproveitar ção homogêneo e idêntico para todos os alunos. A prática
os momentos de avaliação bimestral ou semestral, quando educativa é bastante complexa, pois o contexto de sala de
precisa dar notas ou conceitos, para sistematizar os proce- aula traz questões de ordem afetiva, emocional, cognitiva,
dimentos que selecionou para o processo de avaliação, em física e de relação pessoal. A dinâmica dos acontecimentos
função das necessidades psicopedagógicas. em uma sala de aula é tal que mesmo uma aula planeja-
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
da, detalhada e consistente dificilmente ocorre conforme o própria saúde e da de outros, colocar-se no lugar do outro
imaginado: olhares, tons de voz, manifestações de afeto ou para melhor refletir sobre uma determinada situação, con-
desafeto e diversas outras variáveis interferem diretamente siderar as regras estabelecidas — é o instrumento para a
na dinâmica prevista. No texto que se segue, são aponta- construção da autonomia. Procedimentos e atitudes dessa
dos alguns tópicos sobre didática considerados essenciais natureza são objeto de aprendizagem escolar, ou seja, a es-
pela maioria dos profissionais em educação: autonomia; cola pode ensiná-los planejada e sistematicamente criando
diversidade; interação e cooperação; disponibilidade para situações que auxiliem os alunos a se tornarem progressi-
a aprendizagem; organização do tempo; organização do vamente mais autônomos. Por isso é importante que desde
espaço; e seleção de material. as séries iniciais as propostas didáticas busquem, em apro-
ximações sucessivas, cada vez mais essa meta.
Autonomia O desenvolvimento da autonomia depende de supor-
tes materiais, intelectuais e emocionais.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais a autonomia é No início da escolaridade, a intervenção do professor é
tomada ao mesmo tempo como capacidade a ser desen- mais intensa na definição desses suportes: tempo e forma
volvida pelos alunos e como princípio didático geral, orien- de realização das atividades, organização dos grupos, ma-
tador das práticas pedagógicas. teriais a serem utilizados, resolução de conflitos, cuidados
A realização dos objetivos propostos implica necessa- físicos, estabelecimentos de etapas para a realização das
riamente que sejam desde sempre praticados, pois não se atividades.
desenvolve uma capacidade sem exercê-la. Por isso didáti- Também é preciso considerar tanto o trabalho indivi-
ca é um instrumento de fundamental importância, na me- dual como o coletivo-cooperativo. O individual é poten-
dida em que possibilita e conforma as relações que alunos cializado pelas exigências feitas aos alunos para se respon-
e educadores estabelecem entre si, com o conhecimento sabilizarem por suas ações, suas ideias, suas tarefas, pela
que constroem, com a tarefa que realizam e com a institui- organização pessoal e coletiva, pelo envolvimento com o
ção escolar. Por exemplo, para que possa refletir, participar objeto de estudo.
e assumir responsabilidades, o aluno necessita estar inseri- O trabalho em grupo, ao valorizar a interação como ins-
do em um processo educativo que valorize tais ações. trumento de desenvolvimento pessoal, exige que os alunos
Este é o sentido da autonomia como princípio didático considerem diferenças individuais, tragam contribuições,
geral proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais: uma respeitem as regras estabelecidas, proponham outras, ati-
opção metodológica que considera a atuação do aluno na tudes que propiciam o desenvolvimento da autonomia na
construção de seus próprios conhecimentos, valoriza suas dimensão grupal.
experiências, seus conhecimentos prévios e a interação É importante salientar que a autonomia não é um esta-
professor-aluno e aluno-aluno, buscando essencialmente a do psicológico geral que, uma vez atingido, esteja garanti-
passagem progressiva de situações em que o aluno é diri- do para qualquer situação. Por um lado, por envolver a ne-
gido por outrem a situações dirigidas pelo próprio aluno. cessidade de conhecimentos e condições específicas, uma
pessoa pode ter autonomia para atuar em determinados
A autonomia refere-se à capacidade de posicionar-se, campos e não em outros; por outro, por implicar o estabe-
elaborar projetos pessoais e participar enunciativa e coo- lecimento de relações democráticas de poder e autoridade
perativamente de projetos coletivos, ter discernimento, é possível que alguém exerça a capacidade de agir com au-
organizar-se em função de metas eleitas, governar-se, par- tonomia em algumas situações e não noutras, nas quais não
ticipar da gestão de ações coletivas, estabelecer critérios pode interferir. É portanto necessário que a escola busque
e eleger princípios éticos, etc. Isto é, a autonomia fala de sua extensão aos diferentes campos de atuação. Para tanto,
uma relação emancipada, íntegra com as diferentes dimen- é necessário que as decisões assumidas pelo professor auxi-
sões da vida, o que envolve aspectos intelectuais, morais, liem os alunos a desenvolver essas atitudes e a aprender os
afetivos e sociopolíticos. Ainda que na escola se destaque procedimentos adequados a uma postura autônoma, que
a autonomia na relação com o conhecimento — saber o só será efetivamente alcançada mediante investimentos sis-
que se quer saber, como fazer para buscar informações e temáticos ao longo de toda a escolaridade.
possibilidades de desenvolvimento de tal conhecimento, É importante ressaltar que a construção da autonomia
manter uma postura crítica comparando diferentes visões não se confunde com atitudes de independência. O aluno
e reservando para si o direito de conclusão, por exemplo pode ser independente para realizar uma série de ativida-
—, ela não ocorre sem o desenvolvimento da autonomia des, enquanto seus recursos internos para se governar são
moral (capacidade ética) e emocional que envolvem auto ainda incipientes. A independência é uma manifestação im-
respeito, respeito mútuo, segurança, sensibilidade, etc. portante para o desenvolvimento, mas não deve ser con-
Como no desenvolvimento de outras capacidades, a fundida com autonomia.
aprendizagem de determinados procedimentos e atitudes
— tais como planejar a realização de uma tarefa, identificar
formas de resolver um problema, formular boas pergun-
tas e boas respostas, levantar hipóteses e buscar meios de
verificá-las, validar raciocínios, resolver conflitos, cuidar da
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Disponibilidade para a aprendizagem Mas isso tudo não basta. Mesmo garantindo todas es-
sas condições, pode acontecer que a ansiedade presente
Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, na situação de aprendizagem se torne muito intensa e im-
é necessária a disponibilidade para o envolvimento do aluno peça uma atitude favorável. A ansiedade pode estar ligada
na aprendizagem, o empenho em estabelecer relações entre o ao medo de fracasso, desencadeado pelo sentimento de
que já sabe e o que está aprendendo, em usar os instrumentos incapacidade para realização da tarefa ou de insegurança
adequados que conhece e dispõe para alcançar a maior com- em relação à ajuda que pode ou não receber de seu pro-
preensão possível. Essa aprendizagem exige uma ousadia para fessor, ou de seus colegas, e consolidar um bloqueio para
se colocar problemas, buscar soluções e experimentar novos aprender.
caminhos, de maneira totalmente diferente da aprendizagem Quando o sujeito está aprendendo, se envolve inteira-
mecânica, na qual o aluno limita seu esforço apenas em me- mente. O processo, assim como seu resultado, repercutem
morizar ou estabelecer relações diretas e superficiais. de forma global. Assim, o aluno, ao desenvolver as ativida-
A aprendizagem significativa depende de uma motivação des escolares, aprende não só sobre o conteúdo em ques-
intrínseca, isto é, o aluno precisa tomar para si a necessidade e tão mas também sobre o modo como aprende, construindo
a vontade de aprender. Aquele que estuda apenas para passar uma imagem de si como estudante. Essa autoimagem é
de ano, ou para tirar notas, não terá motivos suficientes para também influenciada pelas representações que o professor
empenhar-se em profundidade na aprendizagem. e seus colegas fazem dele e, de uma forma ou outra, são
A disposição para a aprendizagem não depende exclusi- explicitadas nas relações interpessoais do convívio escolar.
vamente do aluno, demanda que a prática didática garanta Falta de respeito e forte competitividade, se estabelecidas
condições para que essa atitude favorável se manifeste e pre- na classe, podem reforçar os sentimentos de incompetência
valeça. Primeiramente, a expectativa que o professor tem do de certos alunos e contribuir de forma efetiva para consoli-
tipo de aprendizagem de seus alunos fica definida no contra- dar o seu fracasso.
to didático estabelecido. Se o professor espera uma atitude O aluno com um autoconceito negativo, que se consi-
curiosa e investigativa, deve propor prioritariamente atividades dera fracassado na escola, ou admite que a culpa é sua e se
que exijam essa postura, e não a passividade. Deve valorizar o convence de que é um incapaz, ou vai buscar ao seu redor
processo e a qualidade, e não apenas a rapidez na realização. outros culpados: o professor é chato, as lições não servem
Deve esperar estratégias criativas e originais e não a mesma para nada. Acaba por desenvolver comportamentos proble-
resposta de todos. máticos e de indisciplina.
A intervenção do professor precisa, então, garantir que
o aluno conheça o objetivo da atividade, situe-se em relação Aprender é uma tarefa árdua, na qual se convive o tem-
à tarefa, reconheça os problemas que a situação apresenta, e po inteiro com o que ainda não é conhecido. Para o suces-
seja capaz de resolvê-los. Para tal, é necessário que o professor so da empreitada, é fundamental que exista uma relação
proponha situações didáticas com objetivos e determinações de confiança e respeito mútuo entre professor e aluno, de
claros, para que os alunos possam tomar decisões pensadas maneira que a situação escolar possa dar conta de todas
sobre o encaminhamento de seu trabalho, além de selecionar as questões de ordem afetiva. Mas isso não fica garantido
e tratar ajustadamente os conteúdos. A complexidade da ati- apenas e exclusivamente pelas ações do professor, embora
vidade também interfere no envolvimento do aluno. Um nível sejam fundamentais dada a autoridade que ele representa,
de complexidade muito elevado, ou muito baixo, não contribui mas também deve ser conseguido nas relações entre os alu-
para a reflexão e o debate, situação que indica a participação nos. O trabalho educacional inclui as intervenções para que
ativa e compromissada do aluno no processo de aprendiza- os alunos aprendam a respeitar diferenças, a estabelecer
gem. As atividades propostas precisam garantir organização vínculos de confiança e uma prática cooperativa e solidária.
e ajuste às reais possibilidades dos alunos, de forma que cada Em geral, os alunos buscam corresponder às expectati-
uma não seja nem muito difícil nem demasiado fácil. Os alunos vas de aprendizagem significativa, desde que haja um clima
devem poder realizá-la numa situação desafiadora. favorável de trabalho, no qual a avaliação e a observação
do caminho por eles percorrido seja, de fato, instrumento
Nesse enfoque de abordagem profunda da aprendiza- de auto-regulação do processo de ensino e aprendizagem.
gem, o tempo reservado para a atuação dos alunos é deter- Quando não se instaura na classe um clima favorável de
minante. Se a exigência é de rapidez, a saída mais comum é confiança, compromisso e responsabilidade, os encaminha-
estudar de forma superficial. O professor precisa buscar um mentos do professor ficam comprometidos.
equilíbrio entre as necessidades da aprendizagem e o exíguo
tempo escolar, coordenando-o para cada proposta que enca- Organização do tempo
minha.
Outro fator que interfere na disponibilidade do aluno para A consideração do tempo como variável que interfere
a aprendizagem é a unidade entre escola, sociedade e cultura, na construção da autonomia permite ao professor criar si-
o que exige trabalho com objetos socioculturais do cotidiano tuações em que o aluno possa progressivamente controlar
extraescolar, como, por exemplo, jornais, revistas, filmes, ins- a realização de suas atividades. Por meio de erros e acertos,
trumentos de medida, etc., sem esvaziá-los de significado, ou o aluno toma consciência de suas possibilidades e constrói
seja, sem que percam sua função social real, contribuindo, as- mecanismos de auto-regulação que possibilitam decidir
sim, para imprimir sentido às atividades escolares. como alocar seu tempo.
74
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Por essa razão, são importantes as atividades em que No dia-a-dia devem-se aproveitar os espaços externos
o professor seja somente um orientador do trabalho, ca- para realizar atividades cotidianas, como ler, contar histó-
bendo aos alunos o planejamento e a execução, o que os rias, fazer desenho de observação, buscar materiais para
levará a decidir e a vivenciar o resultado de suas decisões coleções. Dada a pouca infraestrutura de muitas escolas,
sobre o uso do tempo. é preciso contar com a improvisação de espaços para o
Delegar esse controle não quer dizer, de modo al- desenvolvimento de atividades específicas de laboratório,
gum, que os alunos devam arbitrar livremente a respeito teatro, artes plásticas, música, esportes, etc.
de como e quando atuar na escola. A vivência do controle Concluindo, a utilização e a organização do espaço e
do tempo pelos alunos se insere dentro de limites crite- do tempo refletem a concepção pedagógica e interferem
riosamente estabelecidos pelo professor, que se tornarão diretamente na construção da autonomia.
menos restritivos à medida que o grupo desenvolva sua
autonomia. Seleção de material
Assim, é preciso que o professor defina claramente as
atividades, estabeleça a organização em grupos, disponi- Todo material é fonte de informação, mas nenhum
bilize recursos materiais adequados e defina o período de deve ser utilizado com exclusividade. É importante haver
execução previsto, dentro do qual os alunos serão livres diversidade de materiais para que os conteúdos possam
para tomar suas decisões. Caso contrário, a prática de sala ser tratados da maneira mais ampla possível.
de aula torna-se insustentável pela indisciplina que gera. O livro didático é um material de forte influência na
Outra questão relevante é o horário escolar, que deve prática de ensino brasileira. É preciso que os professores
obedecer ao tempo mínimo estabelecido pela legislação estejam atentos à qualidade, à coerência e a eventuais res-
vigente para cada uma das áreas de aprendizagem do cur- trições que apresentem em relação aos objetivos educacio-
rículo. A partir desse critério, e em função das opções do nais propostos. Além disso, é importante considerar que o
projeto educativo da escola, é que se poderá fazer a distri- livro didático não deve ser o único material a ser utilizado,
buição horária mais adequada. pois a variedade de fontes de informação é que contribuirá
No terceiro e no quarto ciclos, nos quais as aulas se para o aluno ter uma visão ampla do conhecimento.
organizam por áreas com professores específicos e tempo Materiais de uso social frequente são ótimos recursos
previamente estabelecido, é interessante pensar que uma de trabalho, pois os alunos aprendem sobre algo que tem
das maneiras de otimizar o tempo escolar é organizar aulas função social real e se mantêm atualizados sobre o que
duplas, pois assim o professor tem condições de propor acontece no mundo, estabelecendo o vínculo necessário
atividades em grupo que demandam maior tempo (aulas entre o que é aprendido na escola e o conhecimento ex-
curtas tendem a ser expositivas). traescolar.
A utilização de materiais diversificados como jornais,
Organização do espaço revistas, folhetos, propagandas, computadores, calculado-
ras, filmes, faz o aluno sentir-se inserido no mundo à sua
Uma sala de aula com carteiras fixas dificulta o trabalho volta.
em grupo, o diálogo e a cooperação; armários trancados É indiscutível a necessidade crescente do uso de com-
não ajudam a desenvolver a autonomia do aluno, como putadores pelos alunos como instrumento de aprendiza-
também não favorecem o aprendizado da preservação do gem escolar, para que possam estar atualizados em relação
bem coletivo. A organização do espaço reflete a concepção às novas tecnologias da informação e se instrumentaliza-
metodológica adotada pelo professor e pela escola. rem para as demandas sociais presentes e futuras.
Em um espaço que expresse o trabalho proposto nos A menção ao uso de computadores, dentro de um am-
Parâmetros Curriculares Nacionais é preciso que as cartei- plo leque de materiais, pode parecer descabida perante as
ras sejam móveis, que as crianças tenham acesso aos ma- reais condições das escolas, pois muitas não têm sequer giz
teriais de uso frequente, as paredes sejam utilizadas para para trabalhar.
exposição de trabalhos individuais ou coletivos, desenhos, Sem dúvida essa é uma preocupação que exige posi-
murais. cionamento e investimento em alternativas criativas para
Nessa organização é preciso considerar a possibilidade que as metas sejam atingidas.
de os alunos assumirem a responsabilidade pela decora-
ção, ordem e limpeza da classe. Quando o espaço é tratado Considerações finais
dessa maneira, passa a ser objeto de aprendizagem e res-
peito, o que somente ocorrerá por meio de investimentos A qualidade da atuação da escola não pode depender
sistemáticos ao longo da escolaridade. somente da vontade de um ou outro professor. É preci-
É importante salientar que o espaço de aprendizagem so a participação conjunta dos profissionais (orientadores,
não se restringe à escola, sendo necessário propor ativi- supervisores, professores polivalentes e especialistas) para
dades que ocorram fora dela. A programação deve contar tomada de decisões sobre aspectos da prática didática,
com passeios, excursões, teatro, cinema, visitas a fábricas, bem como sua execução. Essas decisões serão necessaria-
marcenarias, padarias, enfim, com as possibilidades exis- mente diferenciadas de escola para escola, pois dependem
tentes em cada local e as necessidades de realização do do ambiente local e da formação dos professores.
trabalho escolar.
75
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
As metas propostas não se efetivarão a curto prazo. É ne- - questionar a realidade formulando-se problemas e
cessário que os profissionais estejam comprometidos, dispo- tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento
nham de tempo e de recursos. Mesmo em condições ótimas lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise
de recursos, dificuldades e limitações sempre estarão presen- crítica, selecionando procedimentos e verificando sua ade-
tes, pois na escola se manifestam os conflitos existentes na quação.
sociedade.
As considerações feitas pretendem auxiliar os professo- Estrutura organizacional dos Parâmetros Curricula-
res na reflexão sobre suas práticas e na elaboração do pro- res Nacionais
jeto educativo de sua escola. Não são regras a respeito do
que devem ou não fazer. No entanto, é necessário estabelecer Todas as definições conceituais, bem como a estrutura
acordos nas escolas em relação às estratégias didáticas mais organizacional dos Parâmetros Curriculares Nacionais, fo-
adequadas. A qualidade da intervenção do professor sobre ram pautadas nos Objetivos Gerais do Ensino Fundamen-
o aluno ou grupo de alunos, os materiais didáticos, horários, tal, que estabelecem as capacidades relativas aos aspectos
espaço, organização e estrutura das classes, a seleção de con- cognitivo, afetivo, físico, ético, estético, de atuação e de
teúdos e a proposição de atividades concorrem para que o inserção social, de forma a expressar a formação básica ne-
caminho seja percorrido com sucesso. cessária para o exercício da cidadania. Essas capacidades,
que os alunos devem ter adquirido ao término da escolari-
Objetivos gerais do ensino fundamental dade obrigatória, devem receber uma abordagem integra-
da em todas as áreas constituintes do ensino fundamental.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como obje- A seleção adequada dos elementos da cultura — conteú-
tivos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de: dos — é que contribuirá para o desenvolvimento de tais
- compreender a cidadania como participação social e capacidades arroladas como Objetivos Gerais do Ensino
política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, Fundamental.
civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidarieda- Os documentos das áreas têm uma estrutura comum:
de, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e iniciam com a exposição da Concepção de Área para todo
exigindo para si o mesmo respeito; o ensino fundamental, na qual aparece definida a funda-
- posicionar-se de maneira crítica, responsável e construti- mentação teórica do tratamento da área nos Parâmetros
va nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como Curriculares Nacionais.
forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; Os Objetivos Gerais de Área, da mesma forma que os
- conhecer características fundamentais do Brasil nas di- Objetivos Gerais do Ensino Fundamental, expressam capa-
mensões sociais, materiais e culturais como meio para cons- cidades que os alunos devem adquirir ao final da escolari-
truir progressivamente a noção de identidade nacional e pes- dade obrigatória, mas diferenciam-se destes últimos por
soal e o sentimento de pertinência ao País; explicitar a contribuição específica dos diferentes âmbitos
- conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio socio- do saber presentes na cultura; trata-se, portanto, de obje-
cultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de ou- tivos vinculados ao corpo de conhecimentos de cada área.
tros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discri- Os Objetivos Gerais do Ensino Fundamental e os Objetivos
minação baseada em diferenças culturais, de classe social, de Gerais de Área para o Ensino Fundamental foram formu-
crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais lados de modo a respeitar a diversidade social e cultural e
e sociais; são suficientemente amplos e abrangentes para que pos-
- perceber-se integrante, dependente e agente transfor- sam conter as especificidades locais.
mador do ambiente, identificando seus elementos e as inte- O ensinar e o aprender em cada ciclo enfoca as ne-
rações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do cessidades e possibilidades de trabalho da área no ciclo
meio ambiente; e indica os Objetivos de Ciclo por Área, estabelecendo as
- desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o conquistas intermediárias que os alunos deverão atingir
sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, para que progressivamente cumpram com as intenções
cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção educativas gerais. Segue-se a apresentação dos Blocos de
social, para agir com perseverança na busca de conhecimento Conteúdos e/ou Organizações Temáticas de Área por Ciclo.
e no exercício da cidadania; Esses conteúdos estão detalhados em um texto explicativo
- conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e ado- dos conteúdos que abrangem e das principais orientações
tando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da didáticas que envolvem. Nesta primeira fase de definição
qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, segundo prioridade
à sua saúde e à saúde coletiva; dada pelo Ministério da Educação e do Desporto, há espe-
- utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, cificação dos Blocos de Conteúdos apenas para primeiro e
gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, ex- segundo ciclos.
pressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das pro- A eleição de objetivos e conteúdos de área por ciclo
duções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo está diretamente relacionada com os Objetivos Gerais do
a diferentes intenções e situações de comunicação; Ensino Fundamental e com os Objetivos Gerais de Área, da
- saber utilizar diferentes fontes de informação e recur- mesma forma que também expressa a concepção de área
sos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; adotada.
76
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Os Critérios de Avaliação explicitam as aprendizagens fun- V - valorização dos profissionais da educação escolar, ga-
damentais a serem realizadas em cada ciclo e se constituem rantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso ex-
em indicadores para a reorganização do processo de ensino clusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das
e aprendizagem. Vale reforçar que tais critérios não devem ser redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
confundidos com critérios de aprovação e reprovação de alunos. 53, de 2006)
O último item são as Orientações Didáticas, que discutem VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
questões sobre a aprendizagem de determinados conteúdos e VII - garantia de padrão de qualidade.
sobre como ensiná-los de maneira coerente com a fundamen- VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais
tação explicitada anteriormente. da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluí-
do pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Referência: Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de traba-
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros lhadores considerados profissionais da educação básica e so-
curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curricula- bre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus
res nacionais/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
MEC/SEF, 1997. Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 53, de 2006)
77
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará
as seguintes condições: prioridade ao atendimento das necessidades do ensino
I - cumprimento das normas gerais da educação na- obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de
cional; padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano na-
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder cional de educação. (Redação dada pela Emenda Constitu-
Público. cional nº 59, de 2009)
§ 4º - Os programas suplementares de alimentação e
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o en- assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financia-
sino fundamental, de maneira a assegurar formação básica dos com recursos provenientes de contribuições sociais e
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacio- outros recursos orçamentários.
nais e regionais. § 5º A educação básica pública terá como fonte adicio-
§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, cons- nal de financiamento a contribuição social do salário-edu-
tituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas cação, recolhida pelas empresas na forma da lei. (Redação
de ensino fundamental. dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (Vide De-
§ 2º - O ensino fundamental regular será ministrado em creto nº 6.003, de 2006)
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da
também a utilização de suas línguas maternas e processos contribuição social do salário-educação serão distribuídas
próprios de aprendizagem. proporcionalmente ao número de alunos matriculados na
educação básica nas respectivas redes públicas de ensi-
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os no. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Municípios organizarão em regime de colaboração seus
sistemas de ensino. Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às es-
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e colas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitá-
o dos Territórios, financiará as instituições de ensino pú- rias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
blicas federais e exercerá, em matéria educacional, função I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização seus excedentes financeiros em educação;
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qua- II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
lidade do ensino mediante assistência técnica e financeira escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Po-
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação der Público, no caso de encerramento de suas atividades.
dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental
fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insu-
Emenda Constitucional nº 14, de 1996) ficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cur-
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão priorita- sos regulares da rede pública na localidade da residência
riamente no ensino fundamental e médio. (Incluído pela do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir
Emenda Constitucional nº 14, de 1996) prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estí-
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios defini- mulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/
rão formas de colaboração, de modo a assegurar a univer- ou por instituições de educação profissional e tecnológica
salização do ensino obrigatório. (Redação dada pela Emen- poderão receber apoio financeiro do Poder Público. (Re-
da Constitucional nº 59, de 2009) dação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritaria-
mente ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Constitu- Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de edu-
cional nº 53, de 2006) cação, de duração decenal, com o objetivo de articular o
sistema nacional de educação em regime de colaboração
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de imple-
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios mentação para assegurar a manutenção e desenvolvimen-
vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de to do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades
impostos, compreendida a proveniente de transferências, por meio de ações integradas dos poderes públicos das
na manutenção e desenvolvimento do ensino. diferentes esferas federativas que conduzam a:
§ 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida I - erradicação do analfabetismo;
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí- II - universalização do atendimento escolar;
pios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é III - melhoria da qualidade do ensino;
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, IV - formação para o trabalho;
receita do governo que a transferir. V - promoção humanística, científica e tecnológica do
§ 2º - Para efeito do cumprimento do disposto no País.
«caput» deste artigo, serão considerados os sistemas de VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados públicos em educação como proporção do produto interno
na forma do art. 213. bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
78
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
79
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à dis- VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
ciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as oficiais;
instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. VII - valorização do profissional da educação escolar;
§ 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de ses- VIII - gestão democrática do ensino público, na forma
senta dias, contados da instauração do processo, para proferir desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
decisão final. IX - garantia de padrão de qualidade;
§ 3º - O Poder Público incentivará o lazer, como forma de X - valorização da experiência extraescolar;
promoção social. XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais.
Fonte XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
ConstituicaoCompilado.htm TÍTULO III
Do Direito à Educação e do Dever de Educar
- LDB - LEI Nº 9.394/1996. Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública
será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 forma:
(Contempla atualizações da Lei nº 13.415, de 2017) a) pré-escola;
b) ensino fundamental;
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. c) ensino médio;
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- anos de idade;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
III - atendimento educacional especializado gratuito aos
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvol-
TÍTULO I
vimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a
Da Educação
todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na
rede regular de ensino;
Art. 1º A educação abrange os processos formativos
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e
que se desenvolvem na vida familiar, na convivência huma-
médio para todos os que não os concluíram na idade própria;
na, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesqui-
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais. sa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se de- VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
senvolve, predominantemente, por meio do ensino, em dições do educando;
instituições próprias. VII - oferta de educação escolar regular para jovens e
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo adultos, com características e modalidades adequadas às
do trabalho e à prática social. suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que
forem trabalhadores as condições de acesso e permanência
TÍTULO II na escola;
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
educação básica, por meio de programas suplementares de
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspi- material didático-escolar, transporte, alimentação e assistên-
rada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidarie- cia à saúde;
dade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos
do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de in-
sua qualificação para o trabalho. sumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de
ensino-aprendizagem.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguin- X – vaga na escola pública de educação infantil ou de
tes princípios: ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda
I - igualdade de condições para o acesso e permanên- criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de
cia na escola; idade.
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
a cultura, o pensamento, a arte e o saber; Art. 5° O acesso à educação básica obrigatória é direito
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cida-
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; dãos, associação comunitária, organização sindical, entidade
V - coexistência de instituições públicas e privadas de de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministé-
ensino; rio Público, acionar o poder público para exigi-lo.
80
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 1o O poder público, na esfera de sua competência fe- IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Dis-
derativa, deverá: trito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio,
idade escolar, bem como os jovens e adultos que não con- que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de
cluíram a educação básica; modo a assegurar formação básica comum;
II - fazer-lhes a chamada pública; IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Dis-
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência trito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos para
à escola. identificação, cadastramento e atendimento, na educação bá-
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público sica e na educação superior, de alunos com altas habilidades
assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigató- ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
rio, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a
demais níveis e modalidades de ensino, conforme as priori- educação;
dades constitucionais e legais.
VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendi-
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste
mento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em
artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário,
colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a defini-
na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sen-
ção de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;
do gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente.
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade compe- VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e
tente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, pós-graduação;
poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade. VIII - assegurar processo nacional de avaliação das insti-
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensi- tuições de educação superior, com a cooperação dos sistemas
no, o Poder Público criará formas alternativas de acesso aos diferen- que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino;
tes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior. IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e ava-
liar, respectivamente, os cursos das instituições de educação
Art. 6° É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrí- superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino.
cula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Na-
anos de idade. cional de Educação, com funções normativas e de supervisão
e atividade permanente, criado por lei.
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a
seguintes condições: União terá acesso a todos os dados e informações necessários
I - cumprimento das normas gerais da educação nacio- de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.
nal e do respectivo sistema de ensino; § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser
II - autorização de funcionamento e avaliação de quali- delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que man-
dade pelo Poder Público; tenham instituições de educação superior.
III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o pre-
visto no art. 213 da Constituição Federal. Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
TÍTULO IV ções oficiais dos seus sistemas de ensino;
Da Organização da Educação Nacional II - definir, com os Municípios, formas de colaboração
na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo
cípios organizarão, em regime de colaboração, os respecti-
com a população a ser atendida e os recursos financeiros dis-
vos sistemas de ensino.
poníveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais,
de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e
exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em em consonância com as diretrizes e planos nacionais de edu-
relação às demais instâncias educacionais. cação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organiza- Municípios;
ção nos termos desta Lei. IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e ava-
liar, respectivamente, os cursos das instituições de educação
Art. 9º A União incumbir-se-á de: (Regulamento) superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino;
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabora- V - baixar normas complementares para o seu sistema
ção com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; de ensino;
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui- VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prio-
ções oficiais do sistema federal de ensino e o dos Territórios; ridade, o ensino médio a todos que o demandarem, respeita-
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, do o disposto no art. 38 desta Lei;
ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimen- VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede es-
to de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário tadual.
à escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistri- Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as com-
butiva e supletiva; petências referentes aos Estados e aos Municípios.
81
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui- gestão democrática do ensino público na educação básica,
ções oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às de acordo com as suas peculiaridades e conforme os se-
políticas e planos educacionais da União e dos Estados; guintes princípios:
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; I - participação dos profissionais da educação na ela-
III - baixar normas complementares para o seu sistema boração do projeto pedagógico da escola;
de ensino; II - participação das comunidades escolar e local em
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabeleci- conselhos escolares ou equivalentes.
mentos do seu sistema de ensino;
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-es- Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unida-
colas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a des escolares públicas de educação básica que os integram
atuação em outros níveis de ensino somente quando estive- progressivos graus de autonomia pedagógica e adminis-
rem atendidas plenamente as necessidades de sua área de trativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais
competência e com recursos acima dos percentuais mínimos de direito financeiro público.
vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desen-
volvimento do ensino. Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:(Re-
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede mu- gulamento)
nicipal. I - as instituições de ensino mantidas pela União;
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por II - as instituições de educação superior criadas e man-
se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele tidas pela iniciativa privada;
um sistema único de educação básica. III - os órgãos federais de educação.
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a in- Federal compreendem:
cumbência de: I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente,
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e II - as instituições de educação superior mantidas pelo
financeiros; Poder Público municipal;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas III - as instituições de ensino fundamental e médio cria-
-aula estabelecidas; das e mantidas pela iniciativa privada;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Fe-
cada docente; deral, respectivamente.
V - prover meios para a recuperação dos alunos de me- Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de
nor rendimento; educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada,
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando integram seu sistema de ensino.
processos de integração da sociedade com a escola;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus fi- Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreen-
lhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequên- dem:
cia e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da I - as instituições do ensino fundamental, médio e de
proposta pedagógica da escola; educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao II - as instituições de educação infantil criadas e manti-
juiz competente da Comarca e ao respectivo representante das pela iniciativa privada;
do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem III – os órgãos municipais de educação.
quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do per-
centual permitido em lei. Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis
classificam-se nas seguintes categorias administrativas:
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: (Regulamento)
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorpora-
estabelecimento de ensino; das, mantidas e administradas pelo Poder Público;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a pro- II - privadas, assim entendidas as mantidas e adminis-
posta pedagógica do estabelecimento de ensino; tradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alu- Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadra-
nos de menor rendimento; rão nas seguintes categorias: (Regulamento)
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as
além de participar integralmente dos períodos dedicados ao que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola as características dos incisos abaixo;
com as famílias e a comunidade.
82
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas c) independentemente de escolarização anterior, me-
por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas ju- diante avaliação feita pela escola, que defina o grau de de-
rídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, senvolvimento e experiência do candidato e permita sua
que incluam na sua entidade mantenedora representantes da inscrição na série ou etapa adequada, conforme regula-
comunidade; mentação do respectivo sistema de ensino;
III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas III - nos estabelecimentos que adotam a progressão
por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurí- regular por série, o regimento escolar pode admitir formas
dicas que atendem a orientação confessional e ideologia espe- de progressão parcial, desde que preservada a sequência
cíficas e ao disposto no inciso anterior; do currículo, observadas as normas do respectivo sistema
IV - filantrópicas, na forma da lei. de ensino;
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alu-
TÍTULO V nos de séries distintas, com níveis equivalentes de adian-
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino tamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras,
CAPÍTULO I artes, ou outros componentes curriculares;
Da Composição dos Níveis Escolares V - a verificação do rendimento escolar observará os
seguintes critérios:
Art. 21. A educação escolar compõe-se de: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
fundamental e ensino médio; quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre
II - educação superior. os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos
CAPÍTULO II com atraso escolar;
DA EDUCAÇÃO BÁSICA c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me-
Seção I diante verificação do aprendizado;
Das Disposições Gerais d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre-
Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo
o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progre- de ensino em seus regimentos;
dir no trabalho e em estudos posteriores. VI - o controle de frequência fica a cargo da escola,
conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima
anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de pe- de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para
ríodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, aprovação;
na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históri-
organização, sempre que o interesse do processo de aprendi- cos escolares, declarações de conclusão de série e diplo-
zagem assim o recomendar. mas ou certificados de conclusão de cursos, com as espe-
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quan- cificações cabíveis.
do se tratar de transferências entre estabelecimentos situados § 1º A carga horária mínima anual de que trata o in-
no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares ciso I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva,
gerais. no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculia- os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco
ridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a par-
respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número tir de 2 de março de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de
de horas letivas previsto nesta Lei. 2017)
§ 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular,
será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: adequado às condições do educando, conforme o inciso VI
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas do art. 4o. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas
por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades res-
excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; ponsáveis alcançar relação adequada entre o número de
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017); alunos e o professor, a carga horária e as condições mate-
II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a pri- riais do estabelecimento.
meira do ensino fundamental, pode ser feita: Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino,
a) por promoção, para alunos que cursaram, com aprovei- à vista das condições disponíveis e das características re-
tamento, a série ou fase anterior, na própria escola; gionais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento
b) por transferência, para candidatos procedentes de do disposto neste artigo.
outras escolas;
83
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de
fundamental e do ensino médio devem ter base nacional caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular de-
comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino penderá de aprovação do Conselho Nacional de Educação
e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diver- e de homologação pelo Ministro de Estado da Educação.
sificada, exigida pelas características regionais e locais da (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (Re-
dação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino funda-
§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abran- mental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se
ger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 1º O conteúdo programático a que se refere este ar-
§ 2º O ensino da arte, especialmente em suas expres- tigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
sões regionais, constituirá componente curricular obrigató- caracterizam a formação da população brasileira, a partir
rio da educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história
de 2017) da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos
§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagógi- indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o
ca da escola, é componente curricular obrigatório da edu- negro e o índio na formação da sociedade nacional, resga-
cação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Reda- tando as suas contribuições nas áreas social, econômica e
ção dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a Lei nº 11.645, de 2008).
seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) § 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro
II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº -brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão minis-
10.793, de 1º.12.2003) trados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial
III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, nas áreas de educação artística e de literatura e história
em situação similar, estiver obrigado à prática da educação brasileiras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de ou- Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica
tubro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) observarão, ainda, as seguintes diretrizes:
V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) I - a difusão de valores fundamentais ao interesse so-
VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de cial, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao
1º.12.2003) bem comum e à ordem democrática;
§ 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as II - consideração das condições de escolaridade dos
contribuições das diferentes culturas e etnias para a forma- alunos em cada estabelecimento;
ção do povo brasileiro, especialmente das matrizes indíge- III - orientação para o trabalho;
na, africana e europeia. IV - promoção do desporto educacional e apoio às prá-
§ 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do ticas desportivas não-formais.
sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) Art. 28. Na oferta de educação básica para a população
§ 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro são rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações ne-
as linguagens que constituirão o componente curricular de cessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e
que trata o § 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº de cada região, especialmente:
13.278, de 2016) I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas
§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo II - organização escolar própria, incluindo adequação
os temas transversais de que trata o caput. (Redação dada do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condi-
pela Lei nº 13.415, de 2017) ções climáticas;
§ 8º A exibição de filmes de produção nacional cons- III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
tituirá componente curricular complementar integrado à Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo,
proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obri- indígenas e quilombolas será precedido de manifestação
gatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. (Incluído do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que
pela Lei nº 13.006, de 2014) considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de
§ 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à pre- Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a
venção de todas as formas de violência contra a criança manifestação da comunidade escolar. (Incluído pela Lei nº
e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, 12.960, de 2014)
nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo,
tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produ-
ção e distribuição de material didático adequado. (Incluído
pela Lei nº 13.010, de 2014)
84
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
III - o aprimoramento do educando como pessoa huma- I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
na, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da auto- presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº 13.415,
nomia intelectual e do pensamento crítico; de 2017)
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnoló- II - conhecimento das formas contemporâneas de lingua-
gicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a gem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
prática, no ensino de cada disciplina.
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos,
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, con- que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes
forme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas se- arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto
guintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: (Reda-
13.415, de 2017) ção dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
13.415, de 2017) nº 13.415, de 2017)
II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
13.415, de 2017) nº 13.415, de 2017)
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação
pela Lei nº 13.415, de 2017) dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada
Lei nº 13.415, de 2017) pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei nº
caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá 13.415, de 2017)
estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser § 1º A organização das áreas de que trata o caput e das
articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, respectivas competências e habilidades será feita de acordo
ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. (Re-
§ 2o A Base Nacional Comum Curricular referente ao en-
dação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
sino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
nº 13.415, de 2017)
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
§ 3o O ensino da língua portuguesa e da matemática
§ 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser com-
será obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada
às comunidades indígenas, também, a utilização das respec- posto itinerário formativo integrado, que se traduz na compo-
tivas línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de sição de componentes curriculares da Base Nacional Comum
2017) Curricular - BNCC e dos itinerários formativos, considerando
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoria- os incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei nº 13.415,
mente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras de 2017)
línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente § 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de
o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino
e horários definidos pelos sistemas de ensino. (Incluído pela médio cursar mais um itinerário formativo de que trata o
Lei nº 13.415, de 2017) caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base § 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de for-
Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e mação com ênfase técnica e profissional considerará: Incluído
oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, pela Lei nº 13.415, de 2017)
de acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor
pela Lei nº 13.415, de 2017) produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo par-
§ 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho cerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos es-
esperados para o ensino médio, que serão referência nos tabelecidos pela legislação sobre aprendizagem profissional;
processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) II - a possibilidade de concessão de certificados interme-
§ 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar a diários de qualificação para o trabalho, quando a formação
formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho for estruturada e organizada em etapas com terminalidade.
voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais. § 7º A oferta de formações experimentais relacionadas ao
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) inciso V do caput, em áreas que não constem do Catálogo
§ 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de ava- Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua continui-
liação processual e formativa serão organizados nas redes dade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho Estadual
de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no Catá-
orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de logo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos,
tal forma que ao final do ensino médio o educando demons- contados da data de oferta inicial da formação. (Incluído pela
tre: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Lei nº 13.415, de 2017)
86
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 8º A oferta de formação técnica e profissional a que II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
se refere o inciso V do caput, realizada na própria insti- concluído o ensino médio.
tuição ou em parceria com outras instituições, deverá ser Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível
aprovada previamente pelo Conselho Estadual de Educa- médio deverá observar:
ção, homologada pelo Secretário Estadual de Educação e I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes cur-
certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº riculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de
13.415, de 2017) Educação;
§ 9º As instituições de ensino emitirão certificado com II - as normas complementares dos respectivos sistemas
validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino de ensino;
médio ao prosseguimento dos estudos em nível superior III - as exigências de cada instituição de ensino, nos ter-
ou em outros cursos ou formações para os quais a conclu- mos de seu projeto pedagógico.
são do ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela
Lei nº 13.415, de 2017) Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio
§ 10. Além das formas de organização previstas no art. articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei,
23, o ensino médio poderá ser organizado em módulos e será desenvolvida de forma:
adotar o sistema de créditos com terminalidade específica. I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluí-
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) do o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo
§ 11. Para efeito de cumprimento das exigências cur- a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível
riculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se matrí-
reconhecer competências e firmar convênios com institui- cula única para cada aluno;
ções de educação a distância com notório reconhecimento, II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino
mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas dis-
pela Lei nº 13.415, de 2017) tintas para cada curso, e podendo ocorrer:
I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415, a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
de 2017) oportunidades educacionais disponíveis;
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído oportunidades educacionais disponíveis;
pela Lei nº 13.415, de 2017) c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios
III - atividades de educação técnica oferecidas em ou- de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
tras instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.
nº 13.415, de 2017)
IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocu- Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissio-
pacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) nal técnica de nível médio, quando registrados, terão validade
V - estudos realizados em instituições de ensino nacio- nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na edu-
nais ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) cação superior.
VI - cursos realizados por meio de educação a distância Parágrafo único. Os cursos de educação profissional téc-
ou educação presencial mediada por tecnologias. (In- nica de nível médio, nas formas articulada concomitante e
cluído pela Lei nº 13.415, de 2017) subsequente, quando estruturados e organizados em etapas
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no proces- com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados
so de escolha das áreas de conhecimento ou de atuação de qualificação para o trabalho após a conclusão, com apro-
profissional previstas no caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, veitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação
de 2017) para o trabalho.
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões no ensino fundamental e médio na idade própria.
técnicas. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos
facultativamente, a habilitação profissional poderão ser de- na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
senvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino mé- consideradas as características do alunado, seus interesses,
dio ou em cooperação com instituições especializadas em condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
educação profissional § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
permanência do trabalhador na escola, mediante ações inte-
Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível mé- gradas e complementares entre si.
dio será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela § 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
Lei nº 11.741, de 2008) preferencialmente, com a educação profissional, na forma do
I - articulada com o ensino médio; regulamento.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 2º No caso de empate no processo seletivo, as institui- tras com a mesma finalidade, deve conter a ligação desta
ções públicas de ensino superior darão prioridade de matrícu- com a página específica prevista neste inciso; (Incluída pela
la ao candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez lei nº 13.168, de 2015)
salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio
de um candidato preencher o critério inicial. (Incluído pela Lei eletrônico, deve criar página específica para divulgação das
nº 13.184, de 2015) informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº 13.168,
§ 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará de 2015)
as competências e as habilidades definidas na Base Nacional d) a página específica deve conter a data completa de sua
Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
II - em toda propaganda eletrônica da instituição de en-
Art. 45. A educação superior será ministrada em institui- sino superior, por meio de ligação para a página referida no
ções de ensino superior, públicas ou privadas, com variados inciso I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
graus de abrangência ou especialização. III - em local visível da instituição de ensino superior e de
fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente,
como o credenciamento de instituições de educação supe- de acordo com a duração das disciplinas de cada curso ofe-
rior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, recido, observando o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de
após processo regular de avaliação. (Regulamento) 2015)
§ 1º Após um prazo para saneamento de deficiências a) caso o curso mantenha disciplinas com duração dife-
eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere renciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela lei nº
este artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme 13.168, de 2015)
o caso, em desativação de cursos e habilitações, em interven- b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do
ção na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas início das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
da autonomia, ou em descredenciamento. c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo do-
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo res-
cente até o início das aulas, os alunos devem ser comunicados
ponsável por sua manutenção acompanhará o processo de sa-
sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
neamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários, para
V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela lei
a superação das deficiências.
nº 13.168, de 2015)
§ 3º No caso de instituição privada, além das sanções pre-
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de
vistas no § 1º, o processo de reavaliação poderá resultar tam-
ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
bém em redução de vagas autorizadas, suspensão temporária
de novos ingressos e de oferta de cursos. (Incluído pela Medi- b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular
da Provisória nº 785, de 2017) de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela lei
§ 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante proce- nº 13.168, de 2015)
dimento específico e com a aquiescência da instituição de ensino, c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas
com vistas a resguardar o interesse dos estudantes, comutar as em cada curso, as disciplinas que efetivamente ministrará na-
penalidades previstas nos § 1o e § 3º em outras medidas, desde quele curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a qualifica-
que adequadas para a superação das deficiências e irregularida- ção profissional do docente e o tempo de casa do docente, de
des constatadas. (Incluído pela Medida Provisória nº 785, de 2017) forma total, contínua ou intermitente. (Incluída pela lei nº
13.168, de 2015)
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, in- § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento
dependente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros ins-
trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos trumentos de avaliação específicos, aplicados por banca exa-
exames finais, quando houver. minadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus
§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes de cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.
cada período letivo, os programas dos cursos e demais com- § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores,
ponentes curriculares, sua duração, requisitos, qualificação dos salvo nos programas de educação a distância.
professores, recursos disponíveis e critérios de avaliação, obri- § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no
gando-se a cumprir as respectivas condições, e a publicação período noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões
deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras formas concomitan- de qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a
temente: (Redação dada pela lei nº 13.168, de 2015). oferta noturna nas instituições públicas, garantida a necessária
I - em página específica na internet no sítio eletrônico previsão orçamentária.
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o se-
guinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos,
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter quando registrados, terão validade nacional como prova da
como título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº formação recebida por seu titular.
13.168, de 2015) § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por
b) a página principal da instituição de ensino superior, elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições
bem como a página da oferta de seus cursos aos ingres- não-universitárias serão registrados em universidades indica-
santes sob a forma de vestibulares, processo seletivo e ou- das pelo Conselho Nacional de Educação.
89
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por univer- VII - firmar contratos, acordos e convênios;
sidades estrangeiras serão revalidados por universidades VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de
públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equi- investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
valente, respeitando-se os acordos internacionais de recipro- geral, bem como administrar rendimentos conforme disposi-
cidade ou equiparação. tivos institucionais;
§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma
por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos es-
por universidades que possuam cursos de pós-graduação re- tatutos;
conhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e X - receber subvenções, doações, heranças, legados e
em nível equivalente ou superior. cooperação financeira resultante de convênios com entida-
des públicas e privadas.
Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-
a transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hi- científica das universidades, caberá aos seus colegiados de
pótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo. ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários
Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na disponíveis, sobre:
forma da lei. (Regulamento) I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos;
II - ampliação e diminuição de vagas;
Art. 50. As instituições de educação superior, quando da III - elaboração da programação dos cursos;
ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus IV - programação das pesquisas e das atividades de ex-
cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade tensão;
de cursá-las com proveito, mediante processo seletivo prévio. V - contratação e dispensa de professores;
VI - planos de carreira docente.
Art. 51. As instituições de educação superior credencia-
das como universidades, ao deliberar sobre critérios e nor- Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público
mas de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para
os efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino mé- atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e
dio, articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus
de ensino. planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal.
§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribui-
Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplina- ções asseguradas pelo artigo anterior, as universidades pú-
res de formação dos quadros profissionais de nível superior, blicas poderão:
de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e
humano, que se caracterizam por: (Regulamento) administrativo, assim como um plano de cargos e salários,
I - produção intelectual institucionalizada mediante o atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos dis-
estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, poníveis;
tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional II - elaborar o regulamento de seu pessoal em confor-
e nacional; midade com as normas gerais concernentes;
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titula- III - aprovar e executar planos, programas e projetos de
ção acadêmica de mestrado ou doutorado; investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
III - um terço do corpo docente em regime de tempo geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo
integral. Poder mantenedor;
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
especializadas por campo do saber. (Regulamento) V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às
suas peculiaridades de organização e funcionamento;
Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas VI - realizar operações de crédito ou de financiamento,
às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atri-
com aprovação do Poder competente, para aquisição de
buições:
bens imóveis, instalações e equipamentos;
I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e pro-
VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras
gramas de educação superior previstos nesta Lei, obedecen-
providências de ordem orçamentária, financeira e patrimo-
do às normas gerais da União e, quando for o caso, do res-
nial necessárias ao seu bom desempenho.
pectivo sistema de ensino; (Regulamento)
§ 2º Atribuições de autonomia universitária poderão
II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, ob-
servadas as diretrizes gerais pertinentes; ser estendidas a instituições que comprovem alta qualifica-
III - estabelecer planos, programas e projetos de pesqui- ção para o ensino ou para a pesquisa, com base em avalia-
sa científica, produção artística e atividades de extensão; ção realizada pelo Poder Público.
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade
institucional e as exigências do seu meio; Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e
em consonância com as normas gerais atinentes; desenvolvimento das instituições de educação superior por
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; ela mantidas.
90
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 56. As instituições públicas de educação superior Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro
obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegura- nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação
da a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que matriculados na educação básica e na educação superior, a
participarão os segmentos da comunidade institucional, fim de fomentar a execução de políticas públicas destina-
local e regional. das ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse
Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocupa- alunado. (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
rão setenta por cento dos assentos em cada órgão colegia-
do e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino
e modificações estatutárias e regimentais, bem como da estabelecerão critérios de caracterização das instituições
escolha de dirigentes. privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico
Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, e financeiro pelo Poder Público.
o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas sema- Parágrafo único. O poder público adotará, como alter-
nais de aulas. (Regulamento) nativa preferencial, a ampliação do atendimento aos edu-
candos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
CAPÍTULO V mento e altas habilidades ou superdotação na própria rede
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL pública regular de ensino, independentemente do apoio às
instituições previstas neste artigo.
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efei-
tos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida TÍTULO VI
preferencialmente na rede regular de ensino, para educan- Dos Profissionais da Educação
dos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
mento e altas habilidades ou superdotação. Art. 61. Consideram-se profissionais da educação esco-
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio es- lar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo
pecializado, na escola regular, para atender às peculiarida- sido formados em cursos reconhecidos, são:
des da clientela de educação especial. I – professores habilitados em nível médio ou superior
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, para a docência na educação infantil e nos ensinos funda-
escolas ou serviços especializados, sempre que, em função mental e médio;
das condições específicas dos alunos, não for possível a sua II – trabalhadores em educação portadores de diploma
integração nas classes comuns de ensino regular. de pedagogia, com habilitação em administração, plane-
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucio- jamento, supervisão, inspeção e orientação educacional,
nal do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas
durante a educação infantil. mesmas áreas;
III - trabalhadores em educação, portadores de diplo-
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos edu- ma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou
candos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi- afim;
mento e altas habilidades ou superdotação: IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos
organização específicos, para atender às suas necessida- de áreas afins à sua formação ou experiência profissional,
des; atestados por titulação específica ou prática de ensino em
II - terminalidade específica para aqueles que não pu- unidades educacionais da rede pública ou privada ou das
derem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino corporações privadas em que tenham atuado, exclusiva-
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração mente para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluí-
para concluir em menor tempo o programa escolar para os do pela lei nº 13.415, de 2017)
superdotados; V - profissionais graduados que tenham feito comple-
III - professores com especialização adequada em nível mentação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho
médio ou superior, para atendimento especializado, bem Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
como professores do ensino regular capacitados para a in- Parágrafo único. A formação dos profissionais da edu-
tegração desses educandos nas classes comuns; cação, de modo a atender às especificidades do exercício
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condi- etapas e modalidades da educação básica, terá como fun-
ções adequadas para os que não revelarem capacidade damentos:
de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação I – a presença de sólida formação básica, que propicie
com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, in- suas competências de trabalho;
telectual ou psicomotora; II – a associação entre teorias e práticas, mediante está-
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas so- gios supervisionados e capacitação em serviço;
ciais suplementares disponíveis para o respectivo nível do III – o aproveitamento da formação e experiências an-
ensino regular. teriores, em instituições de ensino e em outras atividades.
91
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educa- § 2º As instituições de ensino responsáveis pela ofer-
ção básica far-se-á em nível superior, em curso de licencia- ta de cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão
tura plena, admitida, como formação mínima para o exercí- critérios adicionais de seleção sempre que acorrerem aos
cio do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros certames interessados em número superior ao de vagas
anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, disponíveis para os respectivos cursos. (Incluído pela Lei nº
na modalidade normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, 13.478, de 2017)
de 2017) § 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem de-
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu- finidos em regulamento pelas universidades, terão priori-
nicípios, em regime de colaboração, deverão promover a dade de ingresso os professores que optarem por cursos
formação inicial, a continuada e a capacitação dos profis- de licenciatura em matemática, física, química, biologia e
sionais de magistério. língua portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profis-
sionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnolo- Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:
gias de educação a distância. I - cursos formadores de profissionais para a educa-
§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério ção básica, inclusive o curso normal superior, destinado à
dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fa- formação de docentes para a educação infantil e para as
zendo uso de recursos e tecnologias de educação a distân- primeiras séries do ensino fundamental;
cia. II - programas de formação pedagógica para porta-
§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu- dores de diplomas de educação superior que queiram se
nicípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e dedicar à educação básica;
permanência em cursos de formação de docentes em nível III - programas de educação continuada para os profis-
superior para atuar na educação básica pública. sionais de educação dos diversos níveis.
§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí-
pios incentivarão a formação de profissionais do magistério Art. 64. A formação de profissionais de educação para
para atuar na educação básica pública mediante programa administração, planejamento, inspeção, supervisão e orien-
institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes tação educacional para a educação básica, será feita em
matriculados em cursos de licenciatura, de graduação ple- cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
na, nas instituições de educação superior. graduação, a critério da instituição de ensino, garantida,
§ 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer nota nesta formação, a base comum nacional.
mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do en-
sino médio como pré-requisito para o ingresso em cursos Art. 65. A formação docente, exceto para a educação
de graduação para formação de docentes, ouvido o Conse- superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas
lho Nacional de Educação - CNE. horas.
§ 7o (Vetado).
§ 8o Os currículos dos cursos de formação de docen- Art. 66. A preparação para o exercício do magistério
tes terão por referência a Base Nacional Comum Curricular. superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritaria-
(Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) (Vide Lei nº 13.415, de mente em programas de mestrado e doutorado.
2017) Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por uni-
versidade com curso de doutorado em área afim, poderá
Art. 62. A- A formação dos profissionais a que se re- suprir a exigência de título acadêmico.
fere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de
conteúdo técnicopedagógico, em nível médio ou superior, Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valoriza-
incluindo habilitações tecnológicas. ção dos profissionais da educação, assegurando-lhes, in-
Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada clusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira
para os profissionais a que se refere o caput, no local de tra- do magistério público:
balho ou em instituições de educação básica e superior, in- I - ingresso exclusivamente por concurso público de
cluindo cursos de educação profissional, cursos superiores provas e títulos;
de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação. II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive
com licenciamento periódico remunerado para esse fim;
Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas III - piso salarial profissional;
de educação básica a cursos superiores de pedagogia e li- IV - progressão funcional baseada na titulação ou habi-
cenciatura será efetivado por meio de processo seletivo di- litação, e na avaliação do desempenho;
ferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) V - período reservado a estudos, planejamento e ava-
§ 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput liação, incluído na carga de trabalho;
deste artigo os professores das redes públicas municipais, VI - condições adequadas de trabalho.
estaduais e federal que ingressaram por concurso público, § 1o A experiência docente é pré-requisito para o exer-
tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e cício profissional de quaisquer outras funções de magisté-
não sejam portadores de diploma de graduação. (Incluído rio, nos termos das normas de cada sistema de ensino.
pela Lei nº 13.478, de 2017)
92
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao
no § 8o do art. 201 da Constituição Federal, são conside- final de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
radas funções de magistério as exercidas por professores § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a cor-
e especialistas em educação no desempenho de ativida- reção monetária e à responsabilização civil e criminal das
des educativas, quando exercidas em estabelecimento de autoridades competentes.
educação básica em seus diversos níveis e modalidades,
incluídas, além do exercício da docência, as de direção de Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e de-
unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pe- senvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas
dagógico. à consecução dos objetivos básicos das instituições edu-
§ 3o A União prestará assistência técnica aos Estados, cacionais de todos os níveis, compreendendo as que se
ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de con- destinam a:
cursos públicos para provimento de cargos dos profissio- I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docen-
nais da educação. te e demais profissionais da educação;
II - aquisição, manutenção, construção e conservação
TÍTULO VII de instalações e equipamentos necessários ao ensino;
Dos Recursos financeiros III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados
ao ensino;
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas vi-
os originários de: sando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à
I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, expansão do ensino;
do Distrito Federal e dos Municípios; V - realização de atividades-meio necessárias ao fun-
II - receita de transferências constitucionais e outras cionamento dos sistemas de ensino;
transferências; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas
III - receita do salário-educação e de outras contribui- públicas e privadas;
ções sociais; VII - amortização e custeio de operações de crédito
IV - receita de incentivos fiscais; destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo;
V - outros recursos previstos em lei. VIII - aquisição de material didático-escolar e manu-
tenção de programas de transporte escolar.
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e
vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com:
Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de
impostos, compreendidas as transferências constitucionais, ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino,
na manutenção e desenvolvimento do ensino público. que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida qualidade ou à sua expansão;
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí- II - subvenção a instituições públicas ou privadas de
pios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não será caráter assistencial, desportivo ou cultural;
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, III - formação de quadros especiais para a administra-
receita do governo que a transferir. ção pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos;
§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de im- IV - programas suplementares de alimentação, assis-
postos mencionadas neste artigo as operações de crédito tência médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e
por antecipação de receita orçamentária de impostos. outras formas de assistência social;
§ 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para
aos mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a re- beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;
ceita estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quan- VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educa-
do for o caso, por lei que autorizar a abertura de créditos ção, quando em desvio de função ou em atividade alheia à
adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação. manutenção e desenvolvimento do ensino.
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas
e as efetivamente realizadas, que resultem no não atendi- Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e de-
mento dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apu- senvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos
radas e corrigidas a cada trimestre do exercício financeiro. balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal.
caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, priorita-
nicípios ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela riamente, na prestação de contas de recursos públicos, o
educação, observados os seguintes prazos: cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição Fe-
I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de deral, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
cada mês, até o vigésimo dia; Transitórias e na legislação concernente.
II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigési-
mo dia de cada mês, até o trigésimo dia;
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, ad- Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
mitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas nicípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino
fixadas pelos sistemas de ensino. às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a
partir da data de sua publicação.
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser § 1º As instituições educacionais adaptarão seus esta-
aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respecti- tutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas
vas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes
com seu rendimento e seu plano de estudos. estabelecidos.
§ 2º O prazo para que as universidades cumpram o dis-
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação posto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.
própria poderá exigir a abertura de concurso público de
provas e títulos para cargo de docente de instituição públi- Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que ve-
ca de ensino que estiver sendo ocupado por professor não nham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar
concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos da publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema
assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do de ensino.
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o
Art. 86. As instituições de educação superior constituí- regime anterior e o que se institui nesta Lei serão resol-
das como universidades integrar-se-ão, também, na sua vidas pelo Conselho Nacional de Educação ou, mediante
condição de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional delegação deste, pelos órgãos normativos dos sistemas de
de Ciência e Tecnologia, nos termos da legislação específica. ensino, preservada a autonomia universitária.
TÍTULO IX Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
Das Disposições Transitórias cação.
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024,
um ano a partir da publicação desta Lei. de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publica- 1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novem-
ção desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano bro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda,
Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18
anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial so- de outubro de 1982, e as demais leis e decretos-lei que as
bre Educação para Todos. modificaram e quaisquer outras disposições em contrário.
§ 2º (Revogado)
§ 3o O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, su-
pletivamente, a União, devem:
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
O Plano Nacional de Educação (PNE) determina dire- Art. 4º As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ter
trizes, metas e estratégias para a política educacional dos como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de Domi-
próximos dez anos. O primeiro grupo são metas estrutu- cílios - PNAD, o censo demográfico e os censos nacionais da
rantes para a garantia do direito a educação básica com educação básica e superior mais atualizados, disponíveis na
qualidade, e que assim promovam a garantia do acesso, à data da publicação desta Lei.
universalização do ensino obrigatório, e à ampliação das Parágrafo único. O poder público buscará ampliar o es-
oportunidades educacionais. Um segundo grupo de metas copo das pesquisas com fins estatísticos de forma a incluir
diz respeito especificamente à redução das desigualdades informação detalhada sobre o perfil das populações de 4
e à valorização da diversidade, caminhos imprescindíveis (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência.
para a equidade. O terceiro bloco de metas trata da valo-
rização dos profissionais da educação, considerada estra- Art. 5º A execução do PNE e o cumprimento de suas me-
tégica para que as metas anteriores sejam atingidas, e o tas serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
quarto grupo de metas refere-se ao ensino superior. periódicas, realizados pelas seguintes instâncias:
I - Ministério da Educação - MEC;
O Ministério da Educação se mobilizou de forma arti-
II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e
culada com os demais entes federados e instâncias repre-
Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal;
sentativas do setor educacional, direcionando o seu traba-
III - Conselho Nacional de Educação - CNE;
lho em torno do plano em um movimento inédito: referen-
IV - Fórum Nacional de Educação.
ciou seu Planejamento Estratégico Institucional e seu Plano
§ 1º Compete, ainda, às instâncias referidas no caput:
Tático Operacional a cada meta do PNE, envolveu todas as
I - divulgar os resultados do monitoramento e das avalia-
secretarias e autarquias na definição das ações, dos res- ções nos respectivos sítios institucionais da internet;
ponsáveis e dos recursos. A elaboração do Plano Plurianual II - analisar e propor políticas públicas para assegurar a
(PPA) 2016-2019 também foi orientada pelo PNE. implementação das estratégias e o cumprimento das metas;
III - analisar e propor a revisão do percentual de investi-
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014 mento público em educação.
§ 2º A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de vigên-
Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras cia deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
providências. Educacionais Anísio Teixeira - INEP publicará estudos para
aferir a evolução no cumprimento das metas estabelecidas
Art. 1º É aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE, no Anexo desta Lei, com informações organizadas por ente
com vigência por 10 (dez) anos, a contar da publicação federado e consolidadas em âmbito nacional, tendo como
desta Lei, na forma do Anexo, com vistas ao cumprimento referência os estudos e as pesquisas de que trata o art. 4º,
do disposto no art. 214 da Constituição Federal. sem prejuízo de outras fontes e informações relevantes.
§ 3º A meta progressiva do investimento público em
Art. 2º São diretrizes do PNE: educação será avaliada no quarto ano de vigência do PNE e
I - erradicação do analfabetismo; poderá ser ampliada por meio de lei para atender às necessi-
II - universalização do atendimento escolar; dades financeiras do cumprimento das demais metas.
III - superação das desigualdades educacionais, com § 4º O investimento público em educação a que se refe-
ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de to- rem o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e a meta
das as formas de discriminação; 20 do Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados na forma
IV - melhoria da qualidade da educação; do art. 212 da Constituição Federal e do art. 60 do Ato das
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com Disposições Constitucionais Transitórias, bem como os recur-
ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta sos aplicados nos programas de expansão da educação pro-
a sociedade; fissional e superior, inclusive na forma de incentivo e isenção
VI - promoção do princípio da gestão democrática da fiscal, as bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior,
educação pública; os subsídios concedidos em programas de financiamento es-
VII - promoção humanística, científica, cultural e tecno- tudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e de edu-
lógica do País; cação especial na forma do art. 213 da Constituição Federal.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
1.12) implementar, em caráter complementar, programas 2.5) promover a busca ativa de crianças e adolescentes
de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação das fora da escola, em parceria com órgãos públicos de assistência
áreas de educação, saúde e assistência social, com foco no social, saúde e proteção à infância, adolescência e juventude;
desenvolvimento integral das crianças de até 3 (três) anos de 2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que combinem,
idade; de maneira articulada, a organização do tempo e das ativida-
1.13) preservar as especificidades da educação infantil na des didáticas entre a escola e o ambiente comunitário, consi-
organização das redes escolares, garantindo o atendimento derando as especificidades da educação especial, das escolas
da criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em estabelecimentos do campo e das comunidades indígenas e quilombolas;
que atendam a parâmetros nacionais de qualidade, e a arti- 2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a orga-
culação com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do nização flexível do trabalho pedagógico, incluindo adequação
(a) aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental; do calendário escolar de acordo com a realidade local, a iden-
1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento tidade cultural e as condições climáticas da região;
do acesso e da permanência das crianças na educação infantil, 2.8) promover a relação das escolas com instituições e
em especial dos beneficiários de programas de transferência movimentos culturais, a fim de garantir a oferta regular de
de renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos atividades culturais para a livre fruição dos (as) alunos (as)
públicos de assistência social, saúde e proteção à infância; dentro e fora dos espaços escolares, assegurando ainda que
1.15) promover a busca ativa de crianças em idade corres- as escolas se tornem polos de criação e difusão cultural;
pondente à educação infantil, em parceria com órgãos públi- 2.9) incentivar a participação dos pais ou responsáveis no
cos de assistência social, saúde e proteção à infância, preser- acompanhamento das atividades escolares dos filhos por meio
vando o direito de opção da família em relação às crianças de do estreitamento das relações entre as escolas e as famílias;
até 3 (três) anos; 2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em espe-
1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a colabora- cial dos anos iniciais, para as populações do campo, indígenas
ção da União e dos Estados, realizarão e publicarão, a cada e quilombolas, nas próprias comunidades;
ano, levantamento da demanda manifesta por educação in- 2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino
fantil em creches e pré-escolas, como forma de planejar e ve- fundamental, garantida a qualidade, para atender aos filhos e
rificar o atendimento; filhas de profissionais que se dedicam a atividades de caráter
1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo itinerante;
integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, 2.12) oferecer atividades extracurriculares de incentivo
conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais aos (às) estudantes e de estímulo a habilidades, inclusive me-
para a Educação Infantil. diante certames e concursos nacionais;
2.13) promover atividades de desenvolvimento e estí-
Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) mulo a habilidades esportivas nas escolas, interligadas a um
anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos plano de disseminação do desporto educacional e de desen-
e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) volvimento esportivo nacional.
dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o
último ano de vigência deste PNE. Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar
para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos
Estratégias: e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa
2.1) o Ministério da Educação, em articulação e colabo- líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e
ração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, de- cinco por cento).
verá, até o final do 2o (segundo) ano de vigência deste PNE,
elaborar e encaminhar ao Conselho Nacional de Educação, Estratégias:
precedida de consulta pública nacional, proposta de direitos 3.1) institucionalizar programa nacional de renovação do
e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os (as) ensino médio, a fim de incentivar práticas pedagógicas com
alunos (as) do ensino fundamental; abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre
2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Mu- teoria e prática, por meio de currículos escolares que organi-
nicípios, no âmbito da instância permanente de que trata o § zem, de maneira flexível e diversificada, conteúdos obrigatórios
5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos e objeti- e eletivos articulados em dimensões como ciência, trabalho,
vos de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a linguagens, tecnologia, cultura e esporte, garantindo-se a aqui-
base nacional comum curricular do ensino fundamental; sição de equipamentos e laboratórios, a produção de material
2.3) criar mecanismos para o acompanhamento indivi- didático específico, a formação continuada de professores e a
dualizado dos (as) alunos (as) do ensino fundamental; articulação com instituições acadêmicas, esportivas e culturais;
2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento 3.2) o Ministério da Educação, em articulação e colaboração
do acesso, da permanência e do aproveitamento escolar dos com os entes federados e ouvida a sociedade mediante con-
beneficiários de programas de transferência de renda, bem sulta pública nacional, elaborará e encaminhará ao Conselho
como das situações de discriminação, preconceitos e violên- Nacional de Educação - CNE, até o 2o(segundo) ano de vigência
cias na escola, visando ao estabelecimento de condições ade- deste PNE, proposta de direitos e objetivos de aprendizagem e
quadas para o sucesso escolar dos (as) alunos (as), em cola- desenvolvimento para os (as) alunos (as) de ensino médio, a se-
boração com as famílias e com órgãos públicos de assistência rem atingidos nos tempos e etapas de organização deste nível
social, saúde e proteção à infância, adolescência e juventude; de ensino, com vistas a garantir formação básica comum;
99
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Mu- Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17
nicípios, no âmbito da instância permanente de que trata o § (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do de-
5o do art. 7o desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos senvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à
de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base educação básica e ao atendimento educacional especializado,
nacional comum curricular do ensino médio; preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de
3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de forma sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifun-
regular, bem como a ampliação da prática desportiva, integra- cionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou
da ao currículo escolar; conveniados.
3.5) manter e ampliar programas e ações de correção de
fluxo do ensino fundamental, por meio do acompanhamento Estratégias:
individualizado do (a) aluno (a) com rendimento escolar defa- 4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de
sado e pela adoção de práticas como aulas de reforço no turno Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
complementar, estudos de recuperação e progressão parcial, de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB,
de forma a reposicioná-lo no ciclo escolar de maneira compa- as matrículas dos (as) estudantes da educação regular da
tível com sua idade; rede pública que recebam atendimento educacional espe-
3.6) universalizar o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, cializado complementar e suplementar, sem prejuízo do
fundamentado em matriz de referência do conteúdo curricular cômputo dessas matrículas na educação básica regular, e
do ensino médio e em técnicas estatísticas e psicométricas que as matrículas efetivadas, conforme o censo escolar mais
permitam comparabilidade de resultados, articulando-o com o atualizado, na educação especial oferecida em instituições
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica - SAEB, e pro- comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucra-
mover sua utilização como instrumento de avaliação sistêmica, tivos, conveniadas com o poder público e com atuação ex-
para subsidiar políticas públicas para a educação básica, de ava- clusiva na modalidade, nos termos da Lei no11.494, de 20
liação certificadora, possibilitando aferição de conhecimentos e de junho de 2007;
habilidades adquiridos dentro e fora da escola, e de avaliação 4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a uni-
classificatória, como critério de acesso à educação superior; versalização do atendimento escolar à demanda manifesta
3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de en- pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos com
sino médio integrado à educação profissional, observando-se deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e al-
as peculiaridades das populações do campo, das comunidades tas habilidades ou superdotação, observado o que dispõe
indígenas e quilombolas e das pessoas com deficiência; a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o mo- as diretrizes e bases da educação nacional;
nitoramento do acesso e da permanência dos e das jovens 4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos
beneficiários (as) de programas de transferência de renda, no multifuncionais e fomentar a formação continuada de pro-
ensino médio, quanto à frequência, ao aproveitamento esco- fessores e professoras para o atendimento educacional es-
lar e à interação com o coletivo, bem como das situações de pecializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de
discriminação, preconceitos e violências, práticas irregulares de comunidades quilombolas;
exploração do trabalho, consumo de drogas, gravidez precoce, 4.4) garantir atendimento educacional especializado
em colaboração com as famílias e com órgãos públicos de as- em salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou
sistência social, saúde e proteção à adolescência e juventude; serviços especializados, públicos ou conveniados, nas for-
3.9) promover a busca ativa da população de 15 (quinze) mas complementar e suplementar, a todos (as) alunos (as)
a 17 (dezessete) anos fora da escola, em articulação com os com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
serviços de assistência social, saúde e proteção à adolescência e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede
e à juventude; pública de educação básica, conforme necessidade identi-
3.10) fomentar programas de educação e de cultura para a ficada por meio de avaliação, ouvidos a família e o aluno;
população urbana e do campo de jovens, na faixa etária de 15 4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares
(quinze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos, com qualificação de apoio, pesquisa e assessoria, articulados com institui-
social e profissional para aqueles que estejam fora da escola e ções acadêmicas e integrados por profissionais das áreas
com defasagem no fluxo escolar; de saúde, assistência social, pedagogia e psicologia, para
3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos turnos apoiar o trabalho dos (as) professores da educação básica
diurno e noturno, bem como a distribuição territorial das es- com os (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais
colas de ensino médio, de forma a atender a toda a demanda, do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
de acordo com as necessidades específicas dos (as) alunos (as); 4.6) manter e ampliar programas suplementares que
3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino promovam a acessibilidade nas instituições públicas, para
médio, garantida a qualidade, para atender aos filhos e filhas de garantir o acesso e a permanência dos (as) alunos (as) com
profissionais que se dedicam a atividades de caráter itinerante; deficiência por meio da adequação arquitetônica, da oferta
3.13) implementar políticas de prevenção à evasão moti- de transporte acessível e da disponibilização de material
vada por preconceito ou quaisquer formas de discriminação, didático próprio e de recursos de tecnologia assistiva, as-
criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão; segurando, ainda, no contexto escolar, em todas as etapas,
3.14) estimular a participação dos adolescentes nos cursos níveis e modalidades de ensino, a identificação dos (as) alu-
das áreas tecnológicas e científicas. nos (as) com altas habilidades ou superdotação;
100
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua 4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Educação,
Brasileira de Sinais - LIBRAS como primeira língua e na moda- nos órgãos de pesquisa, demografia e estatística competentes,
lidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, aos a obtenção de informação detalhada sobre o perfil das pessoas
(às) alunos (as) surdos e com deficiência auditiva de 0 (zero) a com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
17 (dezessete) anos, em escolas e classes bilíngues e em esco- habilidades ou superdotação de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos;
las inclusivas, nos termos do art. 22 do Decreto no 5.626, de 22 4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e nos
de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e 30 da Convenção sobre demais cursos de formação para profissionais da educação,
os Direitos das Pessoas com Deficiência, bem como a adoção inclusive em nível de pós-graduação, observado o disposto
do Sistema Braille de leitura para cegos e surdos-cegos; no caput do art. 207 da Constituição Federal, dos referenciais
4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a ex- teóricos, das teorias de aprendizagem e dos processos de en-
clusão do ensino regular sob alegação de deficiência e pro- sino-aprendizagem relacionados ao atendimento educacional
movida a articulação pedagógica entre o ensino regular e o de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
atendimento educacional especializado; mento e altas habilidades ou superdotação;
4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento 4.17) promover parcerias com instituições comunitárias,
do acesso à escola e ao atendimento educacional especializa- confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas
do, bem como da permanência e do desenvolvimento escolar com o poder público, visando a ampliar as condições de apoio
dos (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do ao atendimento escolar integral das pessoas com deficiência,
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação bene- transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
ficiários (as) de programas de transferência de renda, junta- superdotação matriculadas nas redes públicas de ensino;
mente com o combate às situações de discriminação, precon- 4.18) promover parcerias com instituições comunitárias,
ceito e violência, com vistas ao estabelecimento de condições confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas
adequadas para o sucesso educacional, em colaboração com com o poder público, visando a ampliar a oferta de formação
as famílias e com os órgãos públicos de assistência social, saú- continuada e a produção de material didático acessível, assim
de e proteção à infância, à adolescência e à juventude; como os serviços de acessibilidade necessários ao pleno aces-
so, participação e aprendizagem dos estudantes com deficiên-
4.10) fomentar pesquisas voltadas para o desenvolvimen-
cia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilida-
to de metodologias, materiais didáticos, equipamentos e re-
des ou superdotação matriculados na rede pública de ensino;
cursos de tecnologia assistiva, com vistas à promoção do en-
4.19) promover parcerias com instituições comunitárias, con-
sino e da aprendizagem, bem como das condições de acessi-
fessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com
bilidade dos (as) estudantes com deficiência, transtornos glo-
o poder público, a fim de favorecer a participação das famílias
bais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
e da sociedade na construção do sistema educacional inclusivo.
4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas inter-
disciplinares para subsidiar a formulação de políticas públicas Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o fi-
intersetoriais que atendam as especificidades educacionais de nal do 3o (terceiro) ano do ensino fundamental.
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvol-
vimento e altas habilidades ou superdotação que requeiram Estratégias:
medidas de atendimento especializado; 5.1) estruturar os processos pedagógicos de alfabetização,
4.12) promover a articulação intersetorial entre órgãos e nos anos iniciais do ensino fundamental, articulando-os com
políticas públicas de saúde, assistência social e direitos huma- as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com qualificação
nos, em parceria com as famílias, com o fim de desenvolver e valorização dos (as) professores (as) alfabetizadores e com
modelos de atendimento voltados à continuidade do atendi- apoio pedagógico específico, a fim de garantir a alfabetização
mento escolar, na educação de jovens e adultos, das pessoas plena de todas as crianças;
com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento 5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional periódicos
com idade superior à faixa etária de escolarização obrigatória, e específicos para aferir a alfabetização das crianças, aplicados
de forma a assegurar a atenção integral ao longo da vida; a cada ano, bem como estimular os sistemas de ensino e as
4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais da escolas a criarem os respectivos instrumentos de avaliação e
educação para atender à demanda do processo de escolari- monitoramento, implementando medidas pedagógicas para
zação dos (das) estudantes com deficiência, transtornos glo- alfabetizar todos os alunos e alunas até o final do terceiro ano
bais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, do ensino fundamental;
garantindo a oferta de professores (as) do atendimento edu- 5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacio-
cacional especializado, profissionais de apoio ou auxiliares, nais para a alfabetização de crianças, assegurada a diversidade
tradutores (as) e intérpretes de Libras, guias-intérpretes para de métodos e propostas pedagógicas, bem como o acompa-
surdos-cegos, professores de Libras, prioritariamente surdos, nhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que fo-
e professores bilíngues; rem aplicadas, devendo ser disponibilizadas, preferencialmen-
4.14) definir, no segundo ano de vigência deste PNE, indi- te, como recursos educacionais abertos;
cadores de qualidade e política de avaliação e supervisão para 5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias educa-
o funcionamento de instituições públicas e privadas que pres- cionais e de práticas pedagógicas inovadoras que assegurem
tam atendimento a alunos com deficiência, transtornos glo- a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo escolar e a
bais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas as diversas
abordagens metodológicas e sua efetividade;
101
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo, indígenas, quilombolas e de populações itinerantes, com a produção de
materiais didáticos específicos, e desenvolver instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da língua materna pelas
comunidades indígenas e a identidade cultural das comunidades quilombolas;
5.6) promover e estimular a formação inicial e continuada de professores (as) para a alfabetização de crianças, com o conhe-
cimento de novas tecnologias educacionais e práticas pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre programas de
pós-graduação stricto sensu e ações de formação continuada de professores (as) para a alfabetização;
5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com deficiência, considerando as suas especificidades, inclusive a alfabetização bilín-
gue de pessoas surdas, sem estabelecimento de terminalidade temporal.
Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a
atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos (as) alunos (as) da educação básica.
Estratégias:
6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de educação básica pública em tempo integral, por meio de atividades de
acompanhamento pedagógico e multidisciplinares, inclusive culturais e esportivas, de forma que o tempo de permanência dos (as)
alunos (as) na escola, ou sob sua responsabilidade, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias durante todo o ano letivo,
com a ampliação progressiva da jornada de professores em uma única escola;
6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de construção de escolas com padrão arquitetônico e de mobiliário adequado
para atendimento em tempo integral, prioritariamente em comunidades pobres ou com crianças em situação de vulnerabilidade social;
6.3) institucionalizar e manter, em regime de colaboração, programa nacional de ampliação e reestruturação das escolas pú-
blicas, por meio da instalação de quadras poliesportivas, laboratórios, inclusive de informática, espaços para atividades culturais,
bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e outros equipamentos, bem como da produção de material didático e da
formação de recursos humanos para a educação em tempo integral;
6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes espaços educativos, culturais e esportivos e com equipamentos públi-
cos, como centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e planetários;
6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas escolas da rede
pública de educação básica por parte das entidades privadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de forma concomi-
tante e em articulação com a rede pública de ensino;
6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art. 13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009, em atividades de
ampliação da jornada escolar de alunos (as) das escolas da rede pública de educação básica, de forma concomitante e em articu-
lação com a rede pública de ensino;
6.7) atender às escolas do campo e de comunidades indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo integral, com
base em consulta prévia e informada, considerando-se as peculiaridades locais;
6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas ha-
bilidades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional especializado
complementar e suplementar ofertado em salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em instituições especializadas;
6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão da jornada para o
efetivo trabalho escolar, combinado com atividades recreativas, esportivas e culturais.
Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da
aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:
Estratégias:
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base na-
cional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos (as) para cada ano do
ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local;
7.2) assegurar que:
a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70% (setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino fundamental e do
ensino médio tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvol-
vimento de seu ano de estudo, e 50% (cinquenta por cento), pelo menos, o nível desejável;
b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham alcançado
nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 80%
(oitenta por cento), pelo menos, o nível desejável;
102
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
7.3) constituir, em colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, um conjunto nacional de indicadores
de avaliação institucional com base no perfil do alunado e do corpo de profissionais da educação, nas condições de infraestrutura
das escolas, nos recursos pedagógicos disponíveis, nas características da gestão e em outras dimensões relevantes, considerando as
especificidades das modalidades de ensino;
7.4) induzir processo contínuo de autoavaliação das escolas de educação básica, por meio da constituição de instrumentos de avaliação
que orientem as dimensões a serem fortalecidas, destacando-se a elaboração de planejamento estratégico, a melhoria contínua da qualidade
educacional, a formação continuada dos (as) profissionais da educação e o aprimoramento da gestão democrática;
7.5) formalizar e executar os planos de ações articuladas dando cumprimento às metas de qualidade estabelecidas para a educação
básica pública e às estratégias de apoio técnico e financeiro voltadas à melhoria da gestão educacional, à formação de professores e pro-
fessoras e profissionais de serviços e apoio escolares, à ampliação e ao desenvolvimento de recursos pedagógicos e à melhoria e expansão
da infraestrutura física da rede escolar;
7.6) associar a prestação de assistência técnica financeira à fixação de metas intermediárias, nos termos estabelecidos conforme
pactuação voluntária entre os entes, priorizando sistemas e redes de ensino com Ideb abaixo da média nacional;
7.7) aprimorar continuamente os instrumentos de avaliação da qualidade do ensino fundamental e médio, de forma a englobar
o ensino de ciências nos exames aplicados nos anos finais do ensino fundamental, e incorporar o Exame Nacional do Ensino Médio,
assegurada a sua universalização, ao sistema de avaliação da educação básica, bem como apoiar o uso dos resultados das avaliações
nacionais pelas escolas e redes de ensino para a melhoria de seus processos e práticas pedagógicas;
7.8) desenvolver indicadores específicos de avaliação da qualidade da educação especial, bem como da qualidade da educação
bilíngue para surdos;
7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de ensino, de forma a buscar atingir as metas do Ideb, diminuindo a diferença entre as
escolas com os menores índices e a média nacional, garantindo equidade da aprendizagem e reduzindo pela metade, até o último ano de
vigência deste PNE, as diferenças entre as médias dos índices dos Estados, inclusive do Distrito Federal, e dos Municípios;
7.10) fixar, acompanhar e divulgar bienalmente os resultados pedagógicos dos indicadores do sistema nacional de avaliação da
educação básica e do Ideb, relativos às escolas, às redes públicas de educação básica e aos sistemas de ensino da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, assegurando a contextualização desses resultados, com relação a indicadores sociais relevantes, como
os de nível socioeconômico das famílias dos (as) alunos (as), e a transparência e o acesso público às informações técnicas de concepção
e operação do sistema de avaliação;
7.11) melhorar o desempenho dos alunos da educação básica nas avaliações da aprendizagem no Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes - PISA, tomado como instrumento externo de referência, internacionalmente reconhecido, de acordo com
as seguintes projeções:
7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para a educação infantil,
o ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas pedagógicas inovadoras que assegurem a melhoria do fluxo
escolar e a aprendizagem, assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, com preferência para softwa-
res livres e recursos educacionais abertos, bem como o acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que
forem aplicadas;
7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os (as) estudantes da educação do campo na faixa etária da educa-
ção escolar obrigatória, mediante renovação e padronização integral da frota de veículos, de acordo com especificações
definidas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO, e financiamento compartilhado, com
participação da União proporcional às necessidades dos entes federados, visando a reduzir a evasão escolar e o tempo
médio de deslocamento a partir de cada situação local;
7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos de atendimento escolar para a população do campo que conside-
rem as especificidades locais e as boas práticas nacionais e internacionais;
7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência deste PNE, o acesso à rede mundial de computadores em banda larga
de alta velocidade e triplicar, até o final da década, a relação computador/aluno (a) nas escolas da rede pública de educação
básica, promovendo a utilização pedagógica das tecnologias da informação e da comunicação;
7.16) apoiar técnica e financeiramente a gestão escolar mediante transferência direta de recursos financeiros à escola,
garantindo a participação da comunidade escolar no planejamento e na aplicação dos recursos, visando à ampliação da
transparência e ao efetivo desenvolvimento da gestão democrática;
7.17) ampliar programas e aprofundar ações de atendimento ao (à) aluno (a), em todas as etapas da educação básica,
por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
7.18) assegurar a todas as escolas públicas de educação básica o acesso a energia elétrica, abastecimento de água tra-
tada, esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sólidos, garantir o acesso dos alunos a espaços para a prática esportiva,
a bens culturais e artísticos e a equipamentos e laboratórios de ciências e, em cada edifício escolar, garantir a acessibilidade
às pessoas com deficiência;
103
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
7.19) institucionalizar e manter, em regime de colabo- 7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas es-
ração, programa nacional de reestruturação e aquisição de pecíficas para educação escolar para as escolas do campo e
equipamentos para escolas públicas, visando à equalização para as comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os
regional das oportunidades educacionais; conteúdos culturais correspondentes às respectivas comuni-
7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos di- dades e considerando o fortalecimento das práticas socio-
gitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar a culturais e da língua materna de cada comunidade indígena,
todas as escolas públicas da educação básica, criando, in- produzindo e disponibilizando materiais didáticos específicos,
clusive, mecanismos para implementação das condições inclusive para os (as) alunos (as) com deficiência;
necessárias para a universalização das bibliotecas nas ins- 7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil,
tituições educacionais, com acesso a redes digitais de com- articulando a educação formal com experiências de educa-
putadores, inclusive a internet; ção popular e cidadã, com os propósitos de que a educação
7.21) a União, em regime de colaboração com os entes seja assumida como responsabilidade de todos e de ampliar
federados subnacionais, estabelecerá, no prazo de 2 (dois) o controle social sobre o cumprimento das políticas públicas
anos contados da publicação desta Lei, parâmetros míni- educacionais;
mos de qualidade dos serviços da educação básica, a serem 7.29) promover a articulação dos programas da área da edu-
utilizados como referência para infraestrutura das escolas, cação, de âmbito local e nacional, com os de outras áreas, como
recursos pedagógicos, entre outros insumos relevantes, saúde, trabalho e emprego, assistência social, esporte e cultu-
bem como instrumento para adoção de medidas para a ra, possibilitando a criação de rede de apoio integral às famílias,
melhoria da qualidade do ensino; como condição para a melhoria da qualidade educacional;
7.22) informatizar integralmente a gestão das escolas 7.30) universalizar, mediante articulação entre os órgãos
públicas e das secretarias de educação dos Estados, do Dis- responsáveis pelas áreas da saúde e da educação, o atendi-
trito Federal e dos Municípios, bem como manter programa mento aos (às) estudantes da rede escolar pública de edu-
nacional de formação inicial e continuada para o pessoal cação básica por meio de ações de prevenção, promoção e
técnico das secretarias de educação; atenção à saúde;
7.31) estabelecer ações efetivas especificamente voltadas
7.23) garantir políticas de combate à violência na es-
para a promoção, prevenção, atenção e atendimento à saúde
cola, inclusive pelo desenvolvimento de ações destinadas
e à integridade física, mental e emocional dos (das) profissio-
à capacitação de educadores para detecção dos sinais de
nais da educação, como condição para a melhoria da quali-
suas causas, como a violência doméstica e sexual, favore-
dade educacional;
cendo a adoção das providências adequadas para promo-
7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e financeira da
ver a construção da cultura de paz e um ambiente escolar
União, em articulação com o sistema nacional de avaliação, os
dotado de segurança para a comunidade;
sistemas estaduais de avaliação da educação básica, com par-
7.24) implementar políticas de inclusão e permanência ticipação, por adesão, das redes municipais de ensino, para
na escola para adolescentes e jovens que se encontram em orientar as políticas públicas e as práticas pedagógicas, com o
regime de liberdade assistida e em situação de rua, assegu- fornecimento das informações às escolas e à sociedade;
rando os princípios da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 7.33) promover, com especial ênfase, em consonância
- Estatuto da Criança e do Adolescente; com as diretrizes do Plano Nacional do Livro e da Leitura, a
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos sobre formação de leitores e leitoras e a capacitação de professo-
a história e as culturas afro-brasileira e indígenas e imple- res e professoras, bibliotecários e bibliotecárias e agentes da
mentar ações educacionais, nos termos das Leis nos 10.639, comunidade para atuar como mediadores e mediadoras da
de 9 de janeiro de 2003, e 11.645, de 10 de março de 2008, leitura, de acordo com a especificidade das diferentes etapas
assegurando-se a implementação das respectivas diretrizes do desenvolvimento e da aprendizagem;
curriculares nacionais, por meio de ações colaborativas com 7.34) instituir, em articulação com os Estados, os Municí-
fóruns de educação para a diversidade etnicorracial, con- pios e o Distrito Federal, programa nacional de formação de
selhos escolares, equipes pedagógicas e a sociedade civil; professores e professoras e de alunos e alunas para promover
7.26) consolidar a educação escolar no campo de popu- e consolidar política de preservação da memória nacional;
lações tradicionais, de populações itinerantes e de comuni- 7.35) promover a regulação da oferta da educação básica
dades indígenas e quilombolas, respeitando a articulação pela iniciativa privada, de forma a garantir a qualidade e o
entre os ambientes escolares e comunitários e garantindo: cumprimento da função social da educação;
o desenvolvimento sustentável e preservação da identida- 7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que me-
de cultural; a participação da comunidade na definição do lhorarem o desempenho no Ideb, de modo a valorizar o mé-
modelo de organização pedagógica e de gestão das insti- rito do corpo docente, da direção e da comunidade escolar.
tuições, consideradas as práticas socioculturais e as formas Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18
particulares de organização do tempo; a oferta bilíngue na (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no
educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigên-
em língua materna das comunidades indígenas e em língua cia deste Plano, para as populações do campo, da região de
portuguesa; a reestruturação e a aquisição de equipamen- menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cen-
tos; a oferta de programa para a formação inicial e conti- to) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros
nuada de profissionais da educação; e o atendimento em e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de
educação especial; Geografia e Estatística - IBGE.
104
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Estratégias: Estratégias:
9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens e 10.1) manter programa nacional de educação de jovens
adultos a todos os que não tiveram acesso à educação básica e adultos voltado à conclusão do ensino fundamental e à for-
na idade própria; mação profissional inicial, de forma a estimular a conclusão da
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com ensino educação básica;
fundamental e médio incompletos, para identificar a demanda 10.2) expandir as matrículas na educação de jovens e adul-
ativa por vagas na educação de jovens e adultos; tos, de modo a articular a formação inicial e continuada de tra-
9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e adul- balhadores com a educação profissional, objetivando a eleva-
tos com garantia de continuidade da escolarização básica; ção do nível de escolaridade do trabalhador e da trabalhadora;
9.4) criar benefício adicional no programa nacional de 10.3) fomentar a integração da educação de jovens e
transferência de renda para jovens e adultos que frequentarem adultos com a educação profissional, em cursos planejados,
cursos de alfabetização; de acordo com as características do público da educação de
9.5) realizar chamadas públicas regulares para educação jovens e adultos e considerando as especificidades das popu-
de jovens e adultos, promovendo-se busca ativa em regime de lações itinerantes e do campo e das comunidades indígenas e
colaboração entre entes federados e em parceria com organi- quilombolas, inclusive na modalidade de educação a distância;
zações da sociedade civil; 10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos jovens
9.6) realizar avaliação, por meio de exames específicos, e adultos com deficiência e baixo nível de escolaridade, por
que permita aferir o grau de alfabetização de jovens e adultos meio do acesso à educação de jovens e adultos articulada à
com mais de 15 (quinze) anos de idade; educação profissional;
9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudante da 10.5) implantar programa nacional de reestruturação
educação de jovens e adultos por meio de programas suple- e aquisição de equipamentos voltados à expansão e à
mentares de transporte, alimentação e saúde, inclusive aten- melhoria da rede física de escolas públicas que atuam na
dimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos, em educação de jovens e adultos integrada à educação profis-
articulação com a área da saúde; sional, garantindo acessibilidade à pessoa com deficiência;
105
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
10.6) estimular a diversificação curricular da educação de 11.5) ampliar a oferta de programas de reconhecimento de
jovens e adultos, articulando a formação básica e a preparação saberes para fins de certificação profissional em nível técnico;
para o mundo do trabalho e estabelecendo inter-relações entre 11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educação
teoria e prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e profissional técnica de nível médio pelas entidades privadas de
da cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo e o espaço formação profissional vinculadas ao sistema sindical e entida-
pedagógicos adequados às características desses alunos e alunas; des sem fins lucrativos de atendimento à pessoa com deficiên-
10.7) fomentar a produção de material didático, o desenvol- cia, com atuação exclusiva na modalidade;
vimento de currículos e metodologias específicas, os instrumen- 11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à edu-
tos de avaliação, o acesso a equipamentos e laboratórios e a for- cação profissional técnica de nível médio oferecida em institui-
mação continuada de docentes das redes públicas que atuam na ções privadas de educação superior;
educação de jovens e adultos articulada à educação profissional; 11.8) institucionalizar sistema de avaliação da qualidade
10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial e con- da educação profissional técnica de nível médio das redes es-
tinuada para trabalhadores e trabalhadoras articulada à edu- colares públicas e privadas;
cação de jovens e adultos, em regime de colaboração e com 11.9) expandir o atendimento do ensino médio gratuito
apoio de entidades privadas de formação profissional vincula- integrado à formação profissional para as populações do cam-
das ao sistema sindical e de entidades sem fins lucrativos de po e para as comunidades indígenas e quilombolas, de acordo
atendimento à pessoa com deficiência, com atuação exclusiva com os seus interesses e necessidades;
na modalidade; 11.10) expandir a oferta de educação profissional técnica de
10.9) institucionalizar programa nacional de assistência nível médio para as pessoas com deficiência, transtornos glo-
ao estudante, compreendendo ações de assistência social, fi- bais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
nanceira e de apoio psicopedagógico que contribuam para 11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a conclu- cursos técnicos de nível médio na Rede Federal de Educação
são com êxito da educação de jovens e adultos articulada à Profissional, Científica e Tecnológica para 90% (noventa por
educação profissional; cento) e elevar, nos cursos presenciais, a relação de alunos (as)
10.10) orientar a expansão da oferta de educação de jo- por professor para 20 (vinte);
vens e adultos articulada à educação profissional, de modo a 11.12) elevar gradualmente o investimento em programas de
atender às pessoas privadas de liberdade nos estabelecimen- assistência estudantil e mecanismos de mobilidade acadêmica,
tos penais, assegurando-se formação específica dos professo- visando a garantir as condições necessárias à permanência dos
res e das professoras e implementação de diretrizes nacionais (as) estudantes e à conclusão dos cursos técnicos de nível médio;
em regime de colaboração; 11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e regionais
10.11) implementar mecanismos de reconhecimento de no acesso e permanência na educação profissional técnica de
saberes dos jovens e adultos trabalhadores, a serem conside- nível médio, inclusive mediante a adoção de políticas afirmati-
rados na articulação curricular dos cursos de formação inicial e vas, na forma da lei;
continuada e dos cursos técnicos de nível médio. 11.14) estruturar sistema nacional de informação profis-
sional, articulando a oferta de formação das instituições espe-
Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional cializadas em educação profissional aos dados do mercado de
técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e trabalho e a consultas promovidas em entidades empresariais
pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no seg- e de trabalhadores
mento público.
Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação su-
Estratégias: perior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para
11.1) expandir as matrículas de educação profissional téc- 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24
nica de nível médio na Rede Federal de Educação Profissional, (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e ex-
Científica e Tecnológica, levando em consideração a responsa- pansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas
bilidade dos Institutos na ordenação territorial, sua vinculação matrículas, no segmento público.
com arranjos produtivos, sociais e culturais locais e regionais,
bem como a interiorização da educação profissional; Estratégias:
11.2) fomentar a expansão da oferta de educação profissio- 12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura física e
nal técnica de nível médio nas redes públicas estaduais de ensino; de recursos humanos das instituições públicas de educação
11.3) fomentar a expansão da oferta de educação profis- superior, mediante ações planejadas e coordenadas, de forma
sional técnica de nível médio na modalidade de educação a a ampliar e interiorizar o acesso à graduação;
distância, com a finalidade de ampliar a oferta e democratizar 12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e
o acesso à educação profissional pública e gratuita, assegura- interiorização da rede federal de educação superior, da Rede
do padrão de qualidade; Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do
11.4) estimular a expansão do estágio na educação pro- sistema Universidade Aberta do Brasil, considerando a den-
fissional técnica de nível médio e do ensino médio regular, sidade populacional, a oferta de vagas públicas em relação à
preservando-se seu caráter pedagógico integrado ao itinerá- população na idade de referência e observadas as característi-
rio formativo do aluno, visando à formação de qualificações cas regionais das micro e mesorregiões definidas pela Funda-
próprias da atividade profissional, à contextualização curricular ção Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, unifor-
e ao desenvolvimento da juventude; mizando a expansão no território nacional;
106
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos 12.16) consolidar processos seletivos nacionais e regionais
cursos de graduação presenciais nas universidades públicas para acesso à educação superior como forma de superar exa-
para 90% (noventa por cento), ofertar, no mínimo, um terço mes vestibulares isolados;
das vagas em cursos noturnos e elevar a relação de estudantes 12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas ocio-
por professor (a) para 18 (dezoito), mediante estratégias de sas em cada período letivo na educação superior pública;
aproveitamento de créditos e inovações acadêmicas que valo- 12.18) estimular a expansão e reestruturação das institui-
rizem a aquisição de competências de nível superior; ções de educação superior estaduais e municipais cujo ensi-
12.4) fomentar a oferta de educação superior pública e no seja gratuito, por meio de apoio técnico e financeiro do
gratuita prioritariamente para a formação de professores e Governo Federal, mediante termo de adesão a programa de
professoras para a educação básica, sobretudo nas áreas de reestruturação, na forma de regulamento, que considere a sua
ciências e matemática, bem como para atender ao défice de contribuição para a ampliação de vagas, a capacidade fiscal e
profissionais em áreas específicas; as necessidades dos sistemas de ensino dos entes mantene-
12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência es- dores na oferta e qualidade da educação básica;
tudantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições públicas, 12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos e
bolsistas de instituições privadas de educação superior e be- qualidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos, os procedi-
neficiários do Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de mentos adotados na área de avaliação, regulação e supervisão,
que trata a Lei no 10.260, de 12 de julho de 2001, na educação em relação aos processos de autorização de cursos e institui-
superior, de modo a reduzir as desigualdades étnico-raciais e ções, de reconhecimento ou renovação de reconhecimento de
ampliar as taxas de acesso e permanência na educação supe- cursos superiores e de credenciamento ou recredenciamento
rior de estudantes egressos da escola pública, afrodescenden- de instituições, no âmbito do sistema federal de ensino;
tes e indígenas e de estudantes com deficiência, transtornos 12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamento
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdota- ao Estudante do Ensino Superior - FIES, de que trata a Lei nº
ção, de forma a apoiar seu sucesso acadêmico; 10.260, de 12 de julho de 2001, e do Programa Universidade
12.6) expandir o financiamento estudantil por meio do para Todos - PROUNI, de que trata a Lei no11.096, de 13 de ja-
Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei
neiro de 2005, os benefícios destinados à concessão de finan-
no 10.260, de 12 de julho de 2001, com a constituição de fundo
ciamento a estudantes regularmente matriculados em cursos
garantidor do financiamento, de forma a dispensar progressi-
superiores presenciais ou a distância, com avaliação positiva,
vamente a exigência de fiador;
de acordo com regulamentação própria, nos processos con-
12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total
duzidos pelo Ministério da Educação;
de créditos curriculares exigidos para a graduação em progra-
12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios multifun-
mas e projetos de extensão universitária, orientando sua ação,
cionais das IES e ICTs nas áreas estratégicas definidas pela po-
prioritariamente, para áreas de grande pertinência social;
12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da formação lítica e estratégias nacionais de ciência, tecnologia e inovação.
na educação superior;
12.9) ampliar a participação proporcional de grupos his- Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e am-
toricamente desfavorecidos na educação superior, inclusive pliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em
mediante a adoção de políticas afirmativas, na forma da lei; efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior
12.10) assegurar condições de acessibilidade nas institui- para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no míni-
ções de educação superior, na forma da legislação; mo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores.
12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a ne-
cessidade de articulação entre formação, currículo, pesquisa e Estratégias:
mundo do trabalho, considerando as necessidades econômi- 13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação da Edu-
cas, sociais e culturais do País; cação Superior - SINAES, de que trata a Lei no 10.861, de 14 de
12.12) consolidar e ampliar programas e ações de incenti- abril de 2004, fortalecendo as ações de avaliação, regulação e
vo à mobilidade estudantil e docente em cursos de graduação supervisão;
e pós-graduação, em âmbito nacional e internacional, tendo 13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de Desem-
em vista o enriquecimento da formação de nível superior; penho de Estudantes - ENADE, de modo a ampliar o quantita-
12.13) expandir atendimento específico a populações do tivo de estudantes e de áreas avaliadas no que diz respeito à
campo e comunidades indígenas e quilombolas, em relação a aprendizagem resultante da graduação;
acesso, permanência, conclusão e formação de profissionais 13.3) induzir processo contínuo de autoavaliação das ins-
para atuação nessas populações; tituições de educação superior, fortalecendo a participação
12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de forma- das comissões próprias de avaliação, bem como a aplicação
ção de pessoal de nível superior, destacadamente a que se re- de instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a
fere à formação nas áreas de ciências e matemática, conside- serem fortalecidas, destacando-se a qualificação e a dedicação
rando as necessidades do desenvolvimento do País, a inova- do corpo docente;
ção tecnológica e a melhoria da qualidade da educação básica; 13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos de
12.15) institucionalizar programa de composição de acer- pedagogia e licenciaturas, por meio da aplicação de ins-
vo digital de referências bibliográficas e audiovisuais para os trumento próprio de avaliação aprovado pela Comissão
cursos de graduação, assegurada a acessibilidade às pessoas Nacional de Avaliação da Educação Superior - CONAES,
com deficiência; integrando-os às demandas e necessidades das redes de
107
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
educação básica, de modo a permitir aos graduandos a 14.7) manter e expandir programa de acervo digital de
aquisição das qualificações necessárias a conduzir o pro- referências bibliográficas para os cursos de pós-graduação,
cesso pedagógico de seus futuros alunos (as), combinando assegurada a acessibilidade às pessoas com deficiência;
formação geral e específica com a prática didática, além da 14.8) estimular a participação das mulheres nos cursos
educação para as relações étnico-raciais, a diversidade e as de pós-graduação stricto sensu, em particular aqueles liga-
necessidades das pessoas com deficiência; dos às áreas de Engenharia, Matemática, Física, Química, In-
13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades, formática e outros no campo das ciências;
direcionando sua atividade, de modo que realizem, efetiva- 14.9) consolidar programas, projetos e ações que obje-
mente, pesquisa institucionalizada, articulada a programas tivem a internacionalização da pesquisa e da pós-graduação
de pós-graduação stricto sensu; brasileiras, incentivando a atuação em rede e o fortalecimen-
13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho de Es- to de grupos de pesquisa;
tudantes - ENADE aplicado ao final do primeiro ano do curso 14.10) promover o intercâmbio científico e tecnológico,
de graduação pelo Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, nacional e internacional, entre as instituições de ensino, pes-
a fim de apurar o valor agregado dos cursos de graduação; quisa e extensão;
13.7) fomentar a formação de consórcios entre insti- 14.11) ampliar o investimento em pesquisas com foco
tuições públicas de educação superior, com vistas a poten- em desenvolvimento e estímulo à inovação, bem como incre-
cializar a atuação regional, inclusive por meio de plano de mentar a formação de recursos humanos para a inovação, de
desenvolvimento institucional integrado, assegurando maior modo a buscar o aumento da competitividade das empresas
visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino, de base tecnológica;
pesquisa e extensão; 14.12) ampliar o investimento na formação de doutores
13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos de modo a atingir a proporção de 4 (quatro) doutores por
cursos de graduação presenciais nas universidades públicas, 1.000 (mil) habitantes;
de modo a atingir 90% (noventa por cento) e, nas instituições 14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o desem-
privadas, 75% (setenta e cinco por cento), em 2020, e fomen- penho científico e tecnológico do País e a competitividade
tar a melhoria dos resultados de aprendizagem, de modo internacional da pesquisa brasileira, ampliando a cooperação
que, em 5 (cinco) anos, pelo menos 60% (sessenta por cento) científica com empresas, Instituições de Educação Superior -
dos estudantes apresentem desempenho positivo igual ou IES e demais Instituições Científicas e Tecnológicas - ICTs;
superior a 60% (sessenta por cento) no Exame Nacional de 14.14) estimular a pesquisa científica e de inovação e
Desempenho de Estudantes - ENADE e, no último ano de promover a formação de recursos humanos que valorize a
vigência, pelo menos 75% (setenta e cinco por cento) dos es- diversidade regional e a biodiversidade da região amazônica
tudantes obtenham desempenho positivo igual ou superior e do cerrado, bem como a gestão de recursos hídricos no
a 75% (setenta e cinco por cento) nesse exame, em cada área semiárido para mitigação dos efeitos da seca e geração de
de formação profissional; emprego e renda na região;
13.9) promover a formação inicial e continuada dos (as) 14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das IES e
profissionais técnico-administrativos da educação superior. das ICTs, de modo a incrementar a inovação e a produção e
registro de patentes.
Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas
na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a
anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no pra-
mil) doutores. zo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de
formação dos profissionais da educação de que tratam os
Estratégias: incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de
14.1) expandir o financiamento da pós-graduação stricto dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e
sensu por meio das agências oficiais de fomento; as professoras da educação básica possuam formação espe-
14.2) estimular a integração e a atuação articulada entre a cífica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Supe- área de conhecimento em que atuam.
rior - CAPES e as agências estaduais de fomento à pesquisa;
14.3) expandir o financiamento estudantil por meio do Estratégias:
Fies à pós-graduação stricto sensu; 15.1) atuar, conjuntamente, com base em plano estratégi-
14.4) expandir a oferta de cursos de pós-graduação stric- co que apresente diagnóstico das necessidades de formação
to sensu, utilizando inclusive metodologias, recursos e tecno- de profissionais da educação e da capacidade de atendimento,
logias de educação a distância; por parte de instituições públicas e comunitárias de educação
14.5) implementar ações para reduzir as desigualdades superior existentes nos Estados, Distrito Federal e Municípios,
étnico-raciais e regionais e para favorecer o acesso das po- e defina obrigações recíprocas entre os partícipes;
pulações do campo e das comunidades indígenas e quilom- 15.2) consolidar o financiamento estudantil a estudantes
bolas a programas de mestrado e doutorado; matriculados em cursos de licenciatura com avaliação positi-
14.6) ampliar a oferta de programas de pós-gradua- va pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
ção stricto sensu, especialmente os de doutorado, nos cam- - SINAES, na forma da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004,
pi novos abertos em decorrência dos programas de expan- inclusive a amortização do saldo devedor pela docência efe-
são e interiorização das instituições superiores públicas; tiva na rede pública de educação básica;
108
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
17.4) ampliar a assistência financeira específica da Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois)
União aos entes federados para implementação de políti- anos, para a efetivação da gestão democrática da educa-
cas de valorização dos (as) profissionais do magistério, em ção, associada a critérios técnicos de mérito e desempe-
particular o piso salarial nacional profissional. nho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito
das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da
Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a exis- União para tanto.
tência de planos de Carreira para os (as) profissionais da
educação básica e superior pública de todos os sistemas Estratégias:
de ensino e, para o plano de Carreira dos (as) profissionais 19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias
da educação básica pública, tomar como referência o piso da União na área da educação para os entes federados que
salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos tenham aprovado legislação específica que regulamente a
termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal. matéria na área de sua abrangência, respeitando-se a le-
gislação nacional, e que considere, conjuntamente, para a
Estratégias: nomeação dos diretores e diretoras de escola, critérios téc-
18.1) estruturar as redes públicas de educação básica nicos de mérito e desempenho, bem como a participação
de modo que, até o início do terceiro ano de vigência deste da comunidade escolar;
PNE, 90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos 19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos
profissionais do magistério e 50% (cinquenta por cento), (às) conselheiros (as) dos conselhos de acompanhamen-
no mínimo, dos respectivos profissionais da educação não to e controle social do Fundeb, dos conselhos de alimen-
docentes sejam ocupantes de cargos de provimento efe- tação escolar, dos conselhos regionais e de outros e aos
tivo e estejam em exercício nas redes escolares a que se (às) representantes educacionais em demais conselhos de
encontrem vinculados; acompanhamento de políticas públicas, garantindo a esses
18.2) implantar, nas redes públicas de educação básica colegiados recursos financeiros, espaço físico adequado,
e superior, acompanhamento dos profissionais iniciantes, equipamentos e meios de transporte para visitas à rede
supervisionados por equipe de profissionais experientes, a
escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções;
fim de fundamentar, com base em avaliação documenta-
19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
da, a decisão pela efetivação após o estágio probatório e
nicípios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação,
oferecer, durante esse período, curso de aprofundamento
com o intuito de coordenar as conferências municipais, es-
de estudos na área de atuação do (a) professor (a), com
taduais e distrital bem como efetuar o acompanhamento
destaque para os conteúdos a serem ensinados e as meto-
da execução deste PNE e dos seus planos de educação;
dologias de ensino de cada disciplina;
18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da Educação, 19.4) estimular, em todas as redes de educação básica,
a cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de vigência a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e
deste PNE, prova nacional para subsidiar os Estados, o Dis- associações de pais, assegurando-se lhes, inclusive, espa-
trito Federal e os Municípios, mediante adesão, na realiza- ços adequados e condições de funcionamento nas escolas
ção de concursos públicos de admissão de profissionais do e fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos
magistério da educação básica pública; escolares, por meio das respectivas representações;
18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de
da educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- conselhos escolares e conselhos municipais de educação,
cípios, licenças remuneradas e incentivos para qualificação como instrumentos de participação e fiscalização na ges-
profissional, inclusive em nível de pós-graduação stricto tão escolar e educacional, inclusive por meio de programas
sensu; de formação de conselheiros, assegurando-se condições
18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano de de funcionamento autônomo;
vigência deste PNE, por iniciativa do Ministério da Educa- 19.6) estimular a participação e a consulta de profissio-
ção, em regime de colaboração, o censo dos (as) profissio- nais da educação, alunos (as) e seus familiares na formula-
nais da educação básica de outros segmentos que não os ção dos projetos político-pedagógicos, currículos escola-
do magistério; res, planos de gestão escolar e regimentos escolares, asse-
18.6) considerar as especificidades socioculturais das gurando a participação dos pais na avaliação de docentes
escolas do campo e das comunidades indígenas e quilom- e gestores escolares;
bolas no provimento de cargos efetivos para essas escolas; 19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica,
18.7) priorizar o repasse de transferências federais vo- administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos
luntárias, na área de educação, para os Estados, o Distrito de ensino;
Federal e os Municípios que tenham aprovado lei específi- 19.8) desenvolver programas de formação de diretores
ca estabelecendo planos de Carreira para os (as) profissio- e gestores escolares, bem como aplicar prova nacional es-
nais da educação; pecífica, a fim de subsidiar a definição de critérios objetivos
18.8) estimular a existência de comissões permanentes para o provimento dos cargos, cujos resultados possam ser
de profissionais da educação de todos os sistemas de ensi- utilizados por adesão.
no, em todas as instâncias da Federação, para subsidiar os
órgãos competentes na elaboração, reestruturação e im-
plementação dos planos de Carreira.
110
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Meta 20: ampliar o investimento público em educação 20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 (três) anos e será
pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete continuamente ajustado, com base em metodologia formula-
por cento) do Produto Interno Bruto - PIB do País no 5o (quin- da pelo Ministério da Educação - MEC, e acompanhado pelo
to) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a Fórum Nacional de Educação - FNE, pelo Conselho Nacional
10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio. de Educação - CNE e pelas Comissões de Educação da Câ-
mara dos Deputados e de Educação, Cultura e Esportes do
Estratégias: Senado Federal;
20.1) garantir fontes de financiamento permanentes e 20.9) regulamentar o parágrafo único do art. 23 e o art.
sustentáveis para todos os níveis, etapas e modalidades da 211 da Constituição Federal, no prazo de 2 (dois) anos, por lei
educação básica, observando-se as políticas de colaboração complementar, de forma a estabelecer as normas de coope-
entre os entes federados, em especial as decorrentes do art. ração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e do § cípios, em matéria educacional, e a articulação do sistema na-
1o do art. 75 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, cional de educação em regime de colaboração, com equilíbrio
que tratam da capacidade de atendimento e do esforço fiscal na repartição das responsabilidades e dos recursos e efetivo
de cada ente federado, com vistas a atender suas demandas cumprimento das funções redistributiva e supletiva da União
educacionais à luz do padrão de qualidade nacional; no combate às desigualdades educacionais regionais, com
20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de acompa- especial atenção às regiões Norte e Nordeste.
nhamento da arrecadação da contribuição social do salário 20.10) caberá à União, na forma da lei, a complementação
-educação; de recursos financeiros a todos os Estados, ao Distrito Fede-
20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do ensi- ral e aos Municípios que não conseguirem atingir o valor do
no, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do art. CAQi e, posteriormente, do CAQ;
212 da Constituição Federal, na forma da lei específica, a 20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de Respon-
parcela da participação no resultado ou da compensação fi- sabilidade Educacional, assegurando padrão de qualidade na
nanceira pela exploração de petróleo e gás natural e outros educação básica, em cada sistema e rede de ensino, aferida
recursos, com a finalidade de cumprimento da meta prevista pelo processo de metas de qualidade aferidas por institutos
no inciso VI do caput do art. 214 da Constituição Federal; oficiais de avaliação educacionais;
20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que 20.12) definir critérios para distribuição dos recursos adi-
assegurem, nos termos do parágrafo único do art. 48 da Lei cionais dirigidos à educação ao longo do decênio, que consi-
Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a transparência derem a equalização das oportunidades educacionais, a vul-
e o controle social na utilização dos recursos públicos aplica- nerabilidade socioeconômica e o compromisso técnico e de
dos em educação, especialmente a realização de audiências gestão do sistema de ensino, a serem pactuados na instância
públicas, a criação de portais eletrônicos de transparência e a prevista no § 5o do art. 7o desta Lei.
capacitação dos membros de conselhos de acompanhamen-
to e controle social do Fundeb, com a colaboração entre o
Ministério da Educação, as Secretarias de Educação dos Esta-
dos e dos Municípios e os Tribunais de Contas da União, dos - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Estados e dos Municípios; - LEI Nº 8.069/1990 (ECA)
20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de Es-
tudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, estudos
e acompanhamento regular dos investimentos e custos por Desde a sua criação, em 13 de julho de 1990, o Estatuto
aluno da educação básica e superior pública, em todas as suas da Criança e do Adolescente é de referência mundial como
etapas e modalidades; legislação destinada a proteger a juventude.
20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE, Fruto de um extraordinário processo de mobilização
será implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi, re- social e política, que envolveu representantes do Legisla-
ferenciado no conjunto de padrões mínimos estabelecidos na tivo, do mundo jurídico e do movimento social, este orde-
legislação educacional e cujo financiamento será calculado namento legal adota a chamada Doutrina da Proteção In-
com base nos respectivos insumos indispensáveis ao processo tegral, concepção que é a base da Convenção Internacional
de ensino-aprendizagem e será progressivamente reajustado dos Direitos da Criança, aprovada pela Assembleia Geral da
até a implementação plena do Custo Aluno Qualidade - CAQ; ONU em 20 de novembro de 1989.
20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ como Anos após sua promulgação, no entanto, o estatuto
parâmetro para o financiamento da educação de todas etapas ainda não foi plenamente implantado no país. Para que
e modalidades da educação básica, a partir do cálculo e do isso ocorra, é necessário que seus fundamentos sejam
acompanhamento regular dos indicadores de gastos educa- compreendidos e praticados em todos os municípios bra-
cionais com investimentos em qualificação e remuneração do sileiros. Faz-se importante, tarefa de divulgar o texto legal,
pessoal docente e dos demais profissionais da educação pú- para tirá-lo, definitivamente, do papel.
blica, em aquisição, manutenção, construção e conservação
de instalações e equipamentos necessários ao ensino e em
aquisição de material didático-escolar, alimentação e trans-
porte escolar;
111
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar
e dá outras providências. da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimen-
to.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Título II
Título I Dos Direitos Fundamentais
Das Disposições Preliminares Capítulo I
Do Direito à Vida e à Saúde
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à crian-
ça e ao adolescente. Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à
vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públi-
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a cas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente harmonioso, em condições dignas de existência.
aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos pro-
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e gramas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento
vinte e um anos de idade. reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção huma-
nizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, asse- § 1º O atendimento pré-natal será realizado por profissio-
gurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
nais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o de-
2016)
senvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da gestante
condições de liberdade e de dignidade.
garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei apli-
estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o di-
cam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discrimina-
reito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
ção de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, et-
2016)
nia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal
§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado as-
de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica,
ambiente social, região e local de moradia ou outra condi- segurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta
ção que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária,
em que vivem. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) bem como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à
amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da socie- § 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência
dade em geral e do poder público assegurar, com abso- psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, in-
luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, clusive como forma de prevenir ou minorar as consequências
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, do estado puerperal.
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à § 5º A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser
liberdade e à convivência familiar e comunitária. prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e
a) primazia de receber proteção e socorro em quais- mães que se encontrem em situação de privação de liberdade.
quer circunstâncias; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
b) precedência de atendimento nos serviços públicos § 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acom-
ou de relevância pública; panhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do
c) preferência na formulação e na execução das políti- trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº
cas sociais públicas; 13.257, de 2016)
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas § 7º A gestante deverá receber orientação sobre aleitamen-
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. to materno, alimentação complementar saudável e crescimento
e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favore-
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto cer a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvi-
de qualquer forma de negligência, discriminação, explora- mento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
ção, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei § 8º A gestante tem direito a acompanhamento saudável
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabele-
fundamentais. cendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgi-
cas por motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
112
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da § 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses
pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habi-
consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) litação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acor-
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à do com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades
mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência § 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou fre-
que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema quente de crianças na primeira infância receberão formação
Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação específica e permanente para a detecção de sinais de risco
com o sistema de ensino competente, visando ao desenvol- para o desenvolvimento psíquico, bem como para o acom-
vimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de panhamento que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº
2016) 13.257, de 2016)
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregado- Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
res propiciarão condições adequadas ao aleitamento mater- inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cui-
no, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida priva- dados intermediários, deverão proporcionar condições para a
tiva de liberdade. permanência em tempo integral de um dos pais ou respon-
§ 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde sável, nos casos de internação de criança ou adolescente.
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de
ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento mater- Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo
no e à alimentação complementar saudável, de forma contí- físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos
nua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comu-
§ 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neona- nicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem pre-
tal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de juízo de outras providências legais. (Redação dada pela Lei nº
13.010, de 2014)
coleta de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse em
entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente en-
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de aten-
caminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da
ção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obri-
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
gados a:
§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através
entrada, os serviços de assistência social em seu componente
de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; especializado, o Centro de Referência Especializado de Assis-
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de tência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garan-
sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, tia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir
sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade máxima prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária
administrativa competente; da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e tera- de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular
pêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nasci- que inclua intervenção em rede e, se necessário, acompanha-
do, bem como prestar orientação aos pais; mento domiciliar. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
necessariamente as intercorrências do parto e do desenvol- Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de
vimento do neonato; assistência médica e odontológica para a prevenção das enfer-
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neo- midades que ordinariamente afetam a população infantil, e cam-
nato a permanência junto à mãe. panhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, § 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos reco-
prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto mendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do
a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016)
técnico já existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) § 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à
saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal,
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui- integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcio-
dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por in- nadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
termédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio § 3º A atenção odontológica à criança terá função educati-
da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, va protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nas-
proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº cer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente,
13.257, de 2016) no sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas ne- § 4º A criança com necessidade de cuidados odontoló-
cessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e rea- gicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.
bilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
113
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
114
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamen- Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é di-
to, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, reito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qual-
filiação. quer restrição, observado o segredo de Justiça.
115
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 30. A colocação em família substituta não admi- § 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais,
tirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou distritais e municipais para a manutenção dos serviços de
a entidades governamentais ou não-governamentais, sem acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse
autorização judicial. de recursos para a própria família acolhedora. (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
constitui medida excepcional, somente admissível na mo- Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo,
dalidade de adoção. mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
116
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença
independentemente do estado civil. judicial, que será inscrita no registro civil mediante manda-
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do do do qual não se fornecerá certidão.
adotando. § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes
§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os ado- como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
tantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará
comprovada a estabilidade da família. o registro original do adotado.
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos § 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser
mais velho do que o adotando. lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua
§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- residência.
companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que § 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato po-
acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o derá constar nas certidões do registro.
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do ado-
estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
tante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a
período de convivência e que seja comprovada a existência de
modificação do prenome.
vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida
da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão.
pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observa-
§ 5º Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demons- do o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
trado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guar- § 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito
da compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese
10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força
§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após retroativa à data do óbito.
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso § 8º O processo relativo à adoção assim como outros a
do procedimento, antes de prolatada a sentença. ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se
seu armazenamento em microfilme ou por outros meios,
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais garantida a sua conservação para consulta a qualquer tem-
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. po.
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e adoção em que o adotando for criança ou adolescente
saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o com deficiência ou com doença crônica. (Incluído pela Lei
pupilo ou o curatelado. nº 12.955, de 2014)
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
do representante legal do adotando. biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes,
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou após completar 18 (dezoito) anos.
tenham sido destituídos do poder familiar. Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção po-
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de derá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoi-
idade, será também necessário o seu consentimento. to) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência
jurídica e psicológica.
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivên-
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder
cia com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade
familiar dos pais naturais.
judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso.
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada co-
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante marca ou foro regional, um registro de crianças e adoles-
durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a con- centes em condições de serem adotados e outro de pes-
veniência da constituição do vínculo. soas interessadas na adoção.
§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
dispensa da realização do estágio de convivência. consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Minis-
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou tério Público.
domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias. satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
§ 4º O estágio de convivência será acompanhado pela hipóteses previstas no art. 29.
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da § 3º A inscrição de postulantes à adoção será prece-
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res- dida de um período de preparação psicossocial e jurídica,
ponsáveis pela execução da política de garantia do direito orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da
à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res-
acerca da conveniência do deferimento da medida. ponsáveis pela execução da política municipal de garantia
do direito à convivência familiar.
117
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 4º Sempre que possível e recomendável, a prepara- Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na
ção referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domici-
crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou insti- liado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Con-
tucional em condições de serem adotados, a ser realizado venção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção
sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Inter-
da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos téc- nacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de
nicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21
execução da política municipal de garantia do direito à de junho de 1999.
convivência familiar. § 1º A adoção internacional de criança ou adolescente
§ 5º Serão criados e implementados cadastros esta- brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quan-
duais e nacional de crianças e adolescentes em condições do restar comprovado:
de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à I - que a colocação em família substituta é a solução
adoção. adequada ao caso concreto;
§ 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais II - que foram esgotadas todas as possibilidades de
residentes fora do País, que somente serão consultados na colocação da criança ou adolescente em família substituta
inexistência de postulantes nacionais habilitados nos ca- brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art.
dastros mencionados no § 5o deste artigo. 50 desta Lei;
§ 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este
adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo- foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de de-
lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para senvolvimento, e que se encontra preparado para a medida,
melhoria do sistema. mediante parecer elaborado por equipe interprofissional,
§ 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e § 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferên-
adolescentes em condições de serem adotados que não cia aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de
tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das criança ou adolescente brasileiro.
pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à § 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção
adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de
deste artigo, sob pena de responsabilidade. adoção internacional.
§ 9º Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com pos- Art. 52. A adoção internacional observará o procedi-
terior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguin-
§ 10. A adoção internacional somente será deferida se, tes adaptações:
após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar
à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido
na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em
referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado interes- matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim
sado com residência permanente no Brasil. entendido aquele onde está situada sua residência habitual;
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interes- II - se a Autoridade Central do país de acolhida conside-
sado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre rar que os solicitantes estão habilitados e aptos para ado-
que possível e recomendável, será colocado sob guarda de tar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a
família cadastrada em programa de acolhimento familiar. identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solici-
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação cri- tantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica,
teriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão
Ministério Público. para assumir uma adoção internacional;
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o
de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previa- relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a
mente nos termos desta Lei quando: Autoridade Central Federal Brasileira;
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; IV - o relatório será instruído com toda a documenta-
II - for formulada por parente com o qual a criança ou ção necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guar- legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de
da legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, vigência;
desde que o lapso de tempo de convivência comprove a V - os documentos em língua estrangeira serão devida-
fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja cons- mente autenticados pela autoridade consular, observados
tatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações os tratados e convenções internacionais, e acompanhados
previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. da respectiva tradução, por tradutor público juramentado;
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigên-
candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, cias e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial
que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de
previsto nesta Lei. acolhida;
118
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autorida-
Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangei- de Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Fe-
ra com a nacional, além do preenchimento por parte dos deral Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio
postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos do relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada
necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida
esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expe- para o adotado;
dido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
validade por, no máximo, 1 (um) ano; adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do
será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.
Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encon- § 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o
tra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a
pela Autoridade Central Estadual. suspensão de seu credenciamento.
§ 1º Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, § 6º O credenciamento de organismo nacional ou estran-
admite-se que os pedidos de habilitação à adoção interna- geiro encarregado de intermediar pedidos de adoção interna-
cional sejam intermediados por organismos credenciados. cional terá validade de 2 (dois) anos.
§ 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o § 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida
credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros en- mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Fe-
carregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção deral Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do
internacional, com posterior comunicação às Autoridades respectivo prazo de validade.
Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de im- § 8º Antes de transitada em julgado a decisão que con-
prensa e em sítio próprio da internet. cedeu a adoção internacional, não será permitida a saída do
§ 3º Somente será admissível o credenciamento de or- adotando do território nacional.
ganismos que: § 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade judi-
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Conven- ciária determinará a expedição de alvará com autorização de
ção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Auto- viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando,
ridade Central do país onde estiverem sediados e no país de obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente
acolhida do adotando para atuar em adoção internacional adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços pe-
no Brasil; culiares, assim como foto recente e a aposição da impressão
II - satisfizerem as condições de integridade moral, com- digital do seu polegar direito, instruindo o documento com có-
petência profissional, experiência e responsabilidade exigi- pia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.
das pelos países respectivos e pela Autoridade Central Fe- § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
deral Brasileira; qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua crianças e adolescentes adotados.
formação e experiência para atuar na área de adoção inter- § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos cre-
nacional; denciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente com-
jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autori- provados, é causa de seu descredenciamento.
dade Central Federal Brasileira. § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser
§ 4º Os organismos credenciados deverão ainda: representados por mais de uma entidade credenciada para
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condi- atuar na cooperação em adoção internacional.
ções e dentro dos limites fixados pelas autoridades compe- § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domicilia-
tentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida do fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo
e pela Autoridade Central Federal Brasileira; ser renovada.
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualifica- § 14. É vedado o contato direto de representantes de or-
das e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada ganismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes
formação ou experiência para atuar na área de adoção inter- de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim
nacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal como com crianças e adolescentes em condições de serem
e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, me- adotados, sem a devida autorização judicial.
diante publicação de portaria do órgão federal competente; § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar
III - estar submetidos à supervisão das autoridades com- ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre
petentes do país onde estiverem sediados e no país de aco- que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamen-
lhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e tado.
situação financeira;
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e des-
cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem credenciamento, o repasse de recursos provenientes de orga-
como relatório de acompanhamento das adoções interna- nismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de
cionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas fí-
ao Departamento de Polícia Federal; sicas.
119
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser IV - direito de organização e participação em entidades
efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente estudantis;
e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua re-
Direitos da Criança e do Adolescente. sidência.
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de ado- ciência do processo pedagógico, bem como participar da de-
ção tenha sido processado em conformidade com a legislação finição das propostas educacionais.
vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea
“c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao ado-
recepcionada com o reingresso no Brasil. lescente:
§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive
“c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade
§ 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país ao ensino médio;
não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado III - atendimento educacional especializado aos portado-
no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estran- res de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
geira pelo Superior Tribunal de Justiça. IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de
zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306,
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for de 2016)
o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
país de origem da criança ou do adolescente será conhecida e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pe- VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condi-
dido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato ções do adolescente trabalhador;
à Autoridade Central Federal e determinará as providências VII - atendimento no ensino fundamental, através de pro-
necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Pro- gramas suplementares de material didático-escolar, transpor-
visório. te, alimentação e assistência à saúde.
§ 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela de- público subjetivo.
cisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder
contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da
da criança ou do adolescente. autoridade competente.
§ 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, pre- § 3º Compete ao poder público recensear os educandos
vista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá ime- no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos
diatamente requerer o que for de direito para resguardar os pais ou responsável, pela frequência à escola.
interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as
providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comu- Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matri-
nicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade cular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
Central do país de origem.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fun-
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for damental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhi- II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar,
da, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança esgotados os recursos escolares;
ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido III - elevados níveis de repetência.
à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras
da adoção nacional. Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiên-
cias e novas propostas relativas a calendário, seriação, currí-
Capítulo IV culo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao La- de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental
zer obrigatório.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valo-
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo res culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social
para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade
assegurando-se-lhes: da criação e o acesso às fontes de cultura.
I - igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola; Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União,
II - direito de ser respeitado por seus educadores; estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo re- para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas
correr às instâncias escolares superiores; para a infância e a juventude.
120
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
121
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcioná-
nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem rios de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas
contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reco- de programação em vídeo cuidarão para que não haja venda
nhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos ou locação em desacordo com a classificação atribuída pelo
de maus-tratos praticados contra crianças e adolescentes. órgão competente.
(Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a
comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarre- faixa etária a que se destinam.
gadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, pro-
fissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de Art. 78. As revistas e publicações contendo material im-
crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o próprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser
injustificado retardamento ou omissão, culposos ou dolo- comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência
sos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) de seu conteúdo.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a infor- que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam
mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e protegidas com embalagem opaca.
produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar
de pessoa em desenvolvimento. Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias,
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, taba-
da prevenção especial outras decorrentes dos princípios co, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e
por ela adotados. sociais da pessoa e da família.
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção im- Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explo-
portará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, rem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas
de jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda
nos termos desta Lei.
que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a
entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local,
Capítulo II
afixando aviso para orientação do público.
Da Prevenção Especial
Seção I
Seção II
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões
Dos Produtos e Serviços
e Espetáculos
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, I - armas, munições e explosivos;
regulará as diversões e espetáculos públicos, informando II - bebidas alcoólicas;
sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se re- III - produtos cujos componentes possam causar depen-
comendem, locais e horários em que sua apresentação se dência física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
mostre inadequada. IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es- que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
acesso, à entrada do local de exibição, informação destaca- V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
da sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especifi- VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
cada no certificado de classificação.
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adoles-
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às di- cente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congêne-
versões e espetáculos públicos classificados como adequa- re, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou res-
dos à sua faixa etária. ponsável.
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so-
mente poderão ingressar e permanecer nos locais de apre- Seção III
sentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou Da Autorização para Viajar
responsável.
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da co-
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente marca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsá-
exibirão, no horário recomendado para o público infanto vel, sem expressa autorização judicial.
juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, § 1º A autorização não será exigida quando:
culturais e informativas. a) tratar-se de comarca contígua à da residência da crian-
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ça, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma
ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua região metropolitana;
transmissão, apresentação ou exibição. b) a criança estiver acompanhada:
122
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, III - criação e manutenção de programas específicos,
comprovado documentalmente o parentesco; observada a descentralização político-administrativa;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e muni-
mãe ou responsável. cipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou criança e do adolescente;
responsável, conceder autorização válida por dois anos. V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assis-
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autoriza- tência Social, preferencialmente em um mesmo local, para
ção é dispensável, se a criança ou adolescente: efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; quem se atribua autoria de ato infracional;
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressa- VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,
mente pelo outro através de documento com firma reconhecida. Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encar-
regados da execução das políticas sociais básicas e de as-
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhu- sistência social, para efeito de agilização do atendimento
ma criança ou adolescente nascido em território nacional po- de crianças e de adolescentes inseridos em programas de
derá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rá-
domiciliado no exterior. pida reintegração à família de origem ou, se tal solução
se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em
PARTE ESPECIAL família substituta, em quaisquer das modalidades previstas
TÍTULO I no art. 28 desta Lei;
VII - mobilização da opinião pública para a indispen-
Da Política de Atendimento sável participação dos diversos segmentos da sociedade.
Capítulo I VIII - especialização e formação continuada dos pro-
Disposições Gerais fissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direi-
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e
tos da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído
do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de
pela Lei nº 13.257, de 2016)
ações governamentais e não-governamentais, da União, dos
IX - formação profissional com abrangência dos di-
estados, do Distrito Federal e dos municípios.
versos direitos da criança e do adolescente que favoreça a
intersetorialidade no atendimento da criança e do adoles-
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
I - políticas sociais básicas; cente e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei nº
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assis- 13.257, de 2016)
tência social de garantia de proteção social e de prevenção e X - realização e divulgação de pesquisas sobre desen-
redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reinci- volvimento infantil e sobre prevenção da violência. (Incluí-
dências; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) do pela Lei nº 13.257, de 2016)
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médi-
co e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, explo- Art. 89. A função de membro do conselho nacional e
ração, abuso, crueldade e opressão; dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da crian-
IV - serviço de identificação e localização de pais, respon- ça e do adolescente é considerada de interesse público re-
sável, crianças e adolescentes desaparecidos; levante e não será remunerada.
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos
direitos da criança e do adolescente. Capítulo II
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abre- Das Entidades de Atendimento
viar o período de afastamento do convívio familiar e a garantir Seção I
o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças Disposições Gerais
e adolescentes;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma Art. 90. As entidades de atendimento são responsá-
de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio veis pela manutenção das próprias unidades, assim como
familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças pelo planejamento e execução de programas de proteção
maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em
saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. regime de:
I - orientação e apoio sócio-familiar;
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: II - apoio socioeducativo em meio aberto;
I - municipalização do atendimento; III - colocação familiar;
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional IV - acolhimento institucional;
dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos V - prestação de serviços à comunidade;
e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a VI - liberdade assistida;
participação popular paritária por meio de organizações repre- VII - semiliberdade; e
sentativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; VIII - internação.
123
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
124
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
125
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no
de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos di- art. 98, a autoridade competente poderá determinar, den-
reitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Cons- tre outras, as seguintes medidas:
tituição Federal; I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e termo de responsabilidade;
aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de III - matrícula e frequência obrigatórias em estabeleci-
que crianças e adolescentes são titulares; mento oficial de ensino fundamental;
III - responsabilidade primária e solidária do poder pú- IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou co-
blico: a plena efetivação dos direitos assegurados a crian- munitários de proteção, apoio e promoção da família, da
ças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Fede- criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257,
ral, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de 2016)
de responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
de governo, sem prejuízo da municipalização do atendi- psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
mento e da possibilidade da execução de programas por VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de
entidades não governamentais; auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicôma-
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a nos;
intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e VII - acolhimento institucional;
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da con- VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
sideração que for devida a outros interesses legítimos no IX - colocação em família substituta.
âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso § 1º O acolhimento institucional e o acolhimento fa-
concreto; miliar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção como forma de transição para reintegração familiar ou, não
da criança e do adolescente deve ser efetuada no respei- sendo esta possível, para colocação em família substituta,
to pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida não implicando privação de liberdade.
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
privada;
para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e
VI - intervenção precoce: a intervenção das autorida-
das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afasta-
des competentes deve ser efetuada logo que a situação de
mento da criança ou adolescente do convívio familiar é de
perigo seja conhecida;
competência exclusiva da autoridade judiciária e importará
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exer-
na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem
cida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja
tenha legítimo interesse, de procedimento judicial conten-
ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à cioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal
proteção da criança e do adolescente; o exercício do contraditório e da ampla defesa.
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção § 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser en-
deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em caminhados às instituições que executam programas de
que a criança ou o adolescente se encontram no momento acolhimento institucional, governamentais ou não, por
em que a decisão é tomada; meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autori-
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser dade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres outros:
para com a criança e o adolescente; I - sua identificação e a qualificação completa de seus
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na pais ou de seu responsável, se conhecidos;
proteção da criança e do adolescente deve ser dada preva- II - o endereço de residência dos pais ou do responsá-
lência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua vel, com pontos de referência;
família natural ou extensa ou, se isto não for possível, que III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados
promovam a sua integração em família substituta; em tê-los sob sua guarda;
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o ado- IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao
lescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e ca- convívio familiar.
pacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem § 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou
ser informados dos seus direitos, dos motivos que determi- do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
naram a intervenção e da forma como esta se processa; acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o ado- individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
lescente, em separado ou na companhia dos pais, de res- ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada
ponsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus em contrário de autoridade judiciária competente, caso em
pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar que também deverá contemplar sua colocação em família
nos atos e na definição da medida de promoção dos direi- substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.
tos e de proteção, sendo sua opinião devidamente consi- § 5º O plano individual será elaborado sob a respon-
derada pela autoridade judiciária competente, observado o sabilidade da equipe técnica do respectivo programa de
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. atendimento e levará em consideração a opinião da criança
ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável.
126
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros: Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capí-
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; tulo serão acompanhadas da regularização do registro civil.
II - os compromissos assumidos pelos pais ou respon- § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o as-
sável; e sento de nascimento da criança ou adolescente será feito
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da
com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais autoridade judiciária.
ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso § 2º Os registros e certidões necessários à regularização
seja esta vedada por expressa e fundamentada determi- de que trata este artigo são isentos de multas, custas e emo-
nação judicial, as providências a serem tomadas para sua lumentos, gozando de absoluta prioridade.
colocação em família substituta, sob direta supervisão da § 3º Caso ainda não definida a paternidade, será defla-
autoridade judiciária. grado procedimento específico destinado à sua averigua-
§ 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no ção, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro
local mais próximo à residência dos pais ou do responsável de 1992.
e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre § 4º Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dis-
que identificada a necessidade, a família de origem será pensável o ajuizamento de ação de investigação de paterni-
incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de dade pelo Ministério Público se, após o não comparecimen-
promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato to ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a
com a criança ou com o adolescente acolhido. ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção.
§ 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, § 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a
o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimen-
institucional fará imediata comunicação à autoridade judi- to são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando
ciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 de absoluta prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
(cinco) dias, decidindo em igual prazo. 2016)
§ 9º Em sendo constatada a impossibilidade de rein- § 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação re-
tegração da criança ou do adolescente à família de ori- querida do reconhecimento de paternidade no assento de
nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada pela
gem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou
Lei nº 13.257, de 2016)
comunitários de orientação, apoio e promoção social, será
enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no
Título III
qual conste a descrição pormenorizada das providências
Da Prática de Ato Infracional
tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técni-
Capítulo I
cos da entidade ou responsáveis pela execução da política
Disposições Gerais
municipal de garantia do direito à convivência familiar, para
a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita
guarda. como crime ou contravenção penal.
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá
o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
a realização de estudos complementares ou outras provi- Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser con-
dências que entender indispensáveis ao ajuizamento da siderada a idade do adolescente à data do fato.
demanda.
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comar- Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corres-
ca ou foro regional, um cadastro contendo informações ponderão as medidas previstas no art. 101.
atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de
acolhimento familiar e institucional sob sua responsabili- Capítulo II
dade, com informações pormenorizadas sobre a situação Dos Direitos Individuais
jurídica de cada um, bem como as providências tomadas
para sua reintegração familiar ou colocação em família Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liber-
substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. dade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem es-
28 desta Lei. crita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifica-
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os ção dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser infor-
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adoles- mado acerca de seus direitos.
cente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar
sobre a implementação de políticas públicas que permitam Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local
reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados
convívio familiar e abreviar o período de permanência em à autoridade judiciária competente e à família do apreendi-
programa de acolhimento. do ou à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena
de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
127
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser deter- Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II
minada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipó-
basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, tese de remissão, nos termos do art. 127.
demonstrada a necessidade imperiosa da medida. Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sem-
pre que houver prova da materialidade e indícios suficientes
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será da autoria.
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais,
de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, ha- Seção II
vendo dúvida fundada. Da Advertência
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liber- Seção III
dade sem o devido processo legal. Da Obrigação de Reparar o Dano
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
seguintes garantias: patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso,
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato in- que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
fracional, mediante citação ou meio equivalente; do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
II - igualdade na relação processual, podendo confron- Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a
tar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas medida poderá ser substituída por outra adequada.
necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado; Seção IV
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessita- Da Prestação de Serviços à Comunidade
dos, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
competente; realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou respon- não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,
sável em qualquer fase do procedimento. hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem
como em programas comunitários ou governamentais.
Capítulo IV Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as
Das Medidas Socioeducativas aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jor-
Seção I nada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos
Disposições Gerais e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a fre-
quência à escola ou à jornada normal de trabalho.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autori-
dade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes
medidas: Seção V
I - advertência; Da Liberdade Assistida
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade; Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que
IV - liberdade assistida; se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompa-
V - inserção em regime de semiliberdade; nhar, auxiliar e orientar o adolescente.
VI - internação em estabelecimento educacional; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por en-
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a tidade ou programa de atendimento.
sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo
da infração. de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, re-
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será ad- vogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador,
mitida a prestação de trabalho forçado. o Ministério Público e o defensor.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiên-
cia mental receberão tratamento individual e especializado, Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a super-
em local adequado às suas condições. visão da autoridade competente, a realização dos seguintes
encargos, entre outros:
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 I - promover socialmente o adolescente e sua família,
e 100. fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
128
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele desti-
III - diligenciar no sentido da profissionalização do ado- nado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios
lescente e de sua inserção no mercado de trabalho; de idade, compleição física e gravidade da infração.
IV - apresentar relatório do caso. Parágrafo único. Durante o período de internação, inclu-
sive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
Seção VI
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberda-
Do Regime de Semiliberdade de, entre outros, os seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determina- Ministério Público;
do desde o início, ou como forma de transição para o meio II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
aberto, possibilitada a realização de atividades externas, inde- III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
pendentemente de autorização judicial. IV - ser informado de sua situação processual, sempre
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionaliza- que solicitada;
ção, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos V - ser tratado com respeito e dignidade;
existentes na comunidade. VI - permanecer internado na mesma localidade ou na-
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplican- quela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsá-
do-se, no que couber, as disposições relativas à internação. vel;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
Seção VII VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
Da Internação IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio
pessoal;
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liber- X - habitar alojamento em condições adequadas de hi-
dade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e giene e salubridade;
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. XI - receber escolarização e profissionalização;
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa deter- XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
minação judicial em contrário. XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença,
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, deven- e desde que assim o deseje;
do sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão funda- XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor
mentada, no máximo a cada seis meses. de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de interna- daqueles porventura depositados em poder da entidade;
ção excederá a três anos. XVI - receber, quando de sua desinternação, os docu-
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, mentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
semiliberdade ou de liberdade assistida. § 2º A autoridade judiciária poderá suspender tempora-
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de riamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existi-
idade. rem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedi- interesses do adolescente.
da de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1o poderá Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física
ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (In- e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas ade-
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) quadas de contenção e segurança.
129
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o re- Art. 132. Em cada Município e em cada Região Adminis-
conhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem trativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conse-
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir lho Tutelar como órgão integrante da administração pública
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas pre- local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela po-
vistas em lei, exceto a colocação em regime de semiliber- pulação local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1
dade e a internação. (uma) recondução, mediante novo processo de escolha. (Re-
dação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão po-
derá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tu-
pedido expresso do adolescente ou de seu representante telar, serão exigidos os seguintes requisitos:
legal, ou do Ministério Público. I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos;
Título IV III - residir no município.
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local,
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou respon- dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclu-
sável: sive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou quais é assegurado o direito a: (Redação dada pela Lei nº
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; 12.696, de 2012)
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696,
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de au- de 2012)
xílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- (um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela
quiátrico; Lei nº 12.696, de 2012)
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orien- III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
tação; 2012)
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acom- IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
panhar sua frequência e aproveitamento escolar; 2012)
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de
a tratamento especializado; 2012)
VII - advertência; Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal
VIII - perda da guarda; e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao
IX - destituição da tutela; funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e for-
X - suspensão ou destituição do poder familiar. Vi- mação continuada dos conselheiros tutelares. (Redação dada
gência pela Lei nº 12.696, de 2012)
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
nos arts. 23 e 24. constituirá serviço público relevante e estabelecerá presun-
ção de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696,
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opres- de 2012)
são ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável,
a autoridade judiciária poderá determinar, como medida Capítulo II
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. Das Atribuições do Conselho
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a crian- Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
ça ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses pre-
pela Lei nº 12.415, de 2011) vistas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no
art. 101, I a VII;
Título V II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplican-
Do Conselho Tutelar do as medidas previstas no art. 129, I a VII;
Capítulo I III - promover a execução de suas decisões, podendo
Disposições Gerais para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educa-
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e au- ção, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
tônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do ado- descumprimento injustificado de suas deliberações.
lescente, definidos nesta Lei. IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos
da criança ou adolescente;
130
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de com- Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e
petência constante do art. 147. administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a
que se atribua autoria de ato infracional.
Capítulo IV Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não
Da Escolha dos Conselheiros poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se foto-
grafia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residên-
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do cia e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realiza- pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
do sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direi-
tos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministé- Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se
rio Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade
§ 1º O processo de escolha dos membros do Conselho judiciária competente, se demonstrado o interesse e justificada
Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território na- a finalidade.
cional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês
de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial. Capítulo II
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Da Justiça da Infância e da Juventude
§ 2º A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia Seção I
10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. Disposições Gerais
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
§ 3º No processo de escolha dos membros do Conselho Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas
Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo
entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por nú-
natureza, inclusive brindes de pequeno valor. (Incluído pela mero de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o
Lei nº 12.696, de 2012) atendimento, inclusive em plantões.
131
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
132
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não cor- Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária re-
responder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, quisitará de qualquer repartição ou órgão público a apre-
a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar sentação de documento que interesse à causa, de ofício ou
de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério a requerimento das partes ou do Ministério Público.
Público.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade
para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por
sua família de origem e em outros procedimentos necessa- cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo
riamente contenciosos. em igual prazo.
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214. das partes ou do Ministério Público, determinará a realiza-
ção de estudo social ou perícia por equipe interprofissional
Seção II ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar comprovem a presença de uma das causas de suspensão
ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código
do poder familiar terá início por provocação do Ministério Civil, ou no art. 24 desta Lei.
Público ou de quem tenha legítimo interesse. § 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades in-
dígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
Art. 156. A petição inicial indicará: profissional ou multidisciplinar referida no § 1o deste arti-
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; go, de representantes do órgão federal responsável pela
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência política indigenista, observado o disposto no § 6o do art.
do requerente e do requerido, dispensada a qualificação 28 desta Lei.
em se tratando de pedido formulado por representante do § 3º Se o pedido importar em modificação de guarda,
Ministério Público; será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da
III - a exposição sumária do fato e o pedido; criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desen-
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde volvimento e grau de compreensão sobre as implicações
logo, o rol de testemunhas e documentos. da medida.
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade forem identificados e estiverem em local conhecido.
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspen- § 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade,
são do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o a autoridade judicial requisitará sua apresentação para a
julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou ado- oitiva. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
lescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de res-
ponsabilidade. Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judi-
ciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, salvo quando este for o requerente, designando, des-
dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem de logo, audiência de instrução e julgamento.
produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas § 1º A requerimento de qualquer das partes, do Minis-
e documentos. tério Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá
determinar a realização de estudo social ou, se possível, de
§ 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos perícia por equipe interprofissional.
os meios para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, § 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério
de 2014) Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oral-
§ 2º O requerido privado de liberdade deverá ser citado mente o parecer técnico, salvo quando apresentado por
pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o
requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte mi-
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de nutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será
constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária,
de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo
nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de res- máximo de cinco dias.
posta, contando-se o prazo a partir da intimação do des-
pacho de nomeação. Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedi-
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de mento será de 120 (cento e vinte) dias.
liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momen- Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou
to da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado de- a suspensão do poder familiar será averbada à margem do
fensor. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) registro de nascimento da criança ou do adolescente.
133
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsá- Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou con-
vel, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade cedida a remissão pelo representante do Ministério Público,
policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos
sua apresentação ao representante do Ministério Público, no fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil ime- homologação.
diato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a au-
repercussão social, deva o adolescente permanecer sob inter- toridade judiciária determinará, conforme o caso, o cumpri-
nação para garantia de sua segurança pessoal ou manuten- mento da medida.
ção da ordem pública. § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa
dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despa-
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial cho fundamentado, e este oferecerá representação, designa-
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do rá outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreen-
ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará
são ou boletim de ocorrência.
a autoridade judiciária obrigada a homologar.
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autori-
dade policial encaminhará o adolescente à entidade de aten-
dimento, que fará a apresentação ao representante do Minis- Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Mi-
tério Público no prazo de vinte e quatro horas. nistério Público não promover o arquivamento ou conceder
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de aten- a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária,
dimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À propondo a instauração de procedimento para aplicação da
falta de repartição policial especializada, o adolescente aguar- medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.
dará a apresentação em dependência separada da destinada § 1º A representação será oferecida por petição, que
a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
prazo referido no parágrafo anterior. infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, po-
dendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade po- pela autoridade judiciária.
licial encaminhará imediatamente ao representante do Mi- § 2º A representação independe de prova pré-constituí-
nistério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de da da autoria e materialidade.
ocorrência.
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a con-
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver in- clusão do procedimento, estando o adolescente internado
dícios de participação de adolescente na prática de ato in- provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
fracional, a autoridade policial encaminhará ao representante
do Ministério Público relatório das investigações e demais Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judi-
documentos. ciária designará audiência de apresentação do adolescente,
decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
compartimento fechado de veículo policial, em condições cientificados do teor da representação, e notificados a com-
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua parecer à audiência, acompanhados de advogado.
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreen- § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
são, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determi-
autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os nando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
antecedentes do adolescente, procederá imediata e informal- § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada
mente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou res- a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou
ponsável, vítima e testemunhas. responsável.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o repre-
sentante do Ministério Público notificará os pais ou responsá- Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela au-
vel para apresentação do adolescente, podendo requisitar o toridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabeleci-
concurso das polícias civil e militar. mento prisional.
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as caracterís-
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo ticas definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imedia-
anterior, o representante do Ministério Público poderá: tamente transferido para a localidade mais próxima.
I - promover o arquivamento dos autos; § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles-
II - conceder a remissão; cente aguardará sua remoção em repartição policial, desde
III - representar à autoridade judiciária para aplicação que em seção isolada dos adultos e com instalações apro-
de medida sócio-educativa. priadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco
dias, sob pena de responsabilidade.
135
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
136
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
identidade para, por meio da internet, colher indícios de auto- judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades
ria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241- verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto,
A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, sem julgamento de mérito.
218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
de 1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) entidade ou programa de atendimento.
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de
observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos Seção VII
excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Da Apuração de Infração Administrativa às Normas
de Proteção à Criança e ao Adolescente
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público po-
derão incluir nos bancos de dados próprios, mediante proce- Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
dimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as infor- administrativa por infração às normas de proteção à criança
mações necessárias à efetividade da identidade fictícia criada. e ao adolescente terá início por representação do Minis-
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) tério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e
esta Seção será numerado e tombado em livro específico. (In- assinado por duas testemunhas, se possível.
cluído pela Lei nº 13.441, de 2017) § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrô- natureza e as circunstâncias da infração.
nicos praticados durante a operação deverão ser registrados, § 2º Sempre que possível, à verificação da infração se-
gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministé- guir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso con-
rio Público, juntamente com relatório circunstanciado. (Incluí- trário, dos motivos do retardamento.
do pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apre-
sentação de defesa, contado da data da intimação, que será
no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e
feita:
apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for la-
policial, assegurando-se a preservação da identidade do agen-
vrado na presença do requerido;
te policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos adoles-
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habi-
centes envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
litado, que entregará cópia do auto ou da representação ao
requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;
Seção VI III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de encontrado o requerido ou seu representante legal;
Atendimento IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou
não sabido o paradeiro do requerido ou de seu represen-
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades tante legal.
em entidade governamental e não-governamental terá início Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo le-
mediante portaria da autoridade judiciária ou representação gal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministé-
do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, ne- rio Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
cessariamente, resumo dos fatos.
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a auto- Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
ridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar limi- procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo
narmente o afastamento provisório do dirigente da entidade, necessário, designará audiência de instrução e julgamento.
mediante decisão fundamentada. Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
sucessivamente o Ministério Público e o procurador do re-
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no pra- querido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, pror-
zo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar docu- rogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que
mentos e indicar as provas a produzir. em seguida proferirá sentença.
137
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Ca- Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
dastro de Pessoas Físicas; inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a
V - comprovante de renda e domicílio; sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem
VI - atestados de sanidade física e mental; cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de
VII - certidão de antecedentes criminais; crianças ou adolescentes adotáveis.
VIII - certidão negativa de distribuição cível. § 1º A ordem cronológica das habilitações somente
poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quan-
(quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério do comprovado ser essa a melhor solução no interesse do
Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: adotando.
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equi- § 2º A recusa sistemática na adoção das crianças ou
pe interprofissional encarregada de elaborar o estudo téc- adolescentes indicados importará na reavaliação da habili-
nico a que se refere o art. 197-C desta Lei; tação concedida.
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos
postulantes em juízo e testemunhas; Capítulo IV
III - requerer a juntada de documentos complementa- Dos Recursos
res e a realização de outras diligências que entender ne-
cessárias. Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infân-
cia e da Juventude, inclusive os relativos à execução das
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juven- Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo
tude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá Civil), com as seguintes adaptações:
subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo I - os recursos serão interpostos independentemente
dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou de preparo;
maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios II - em todos os recursos, salvo nos embargos de de-
desta Lei. claração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
§ 1º É obrigatória a participação dos postulantes em será sempre de 10 (dez) dias;
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventu- III - os recursos terão preferência de julgamento e dis-
de preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pensarão revisor;
pela execução da política municipal de garantia do direito IV - Revogado
à convivência familiar, que inclua preparação psicológica, V - Revogado
orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças VI - Revogado
maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas VII - antes de determinar a remessa dos autos à supe-
de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. rior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no
§ 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho
obrigatória da preparação referida no § 1o deste artigo in- fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no
cluirá o contato com crianças e adolescentes em regime prazo de cinco dias;
de acolhimento familiar ou institucional em condições de VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escri-
serem adotados, a ser realizado sob a orientação, super- vão remeterá os autos ou o instrumento à superior instân-
visão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância cia dentro de vinte e quatro horas, independentemente de
e da Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos
pelo programa de acolhimento familiar ou institucional e autos dependerá de pedido expresso da parte interessada
pela execução da política municipal de garantia do direito ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados
à convivência familiar. da intimação.
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da parti- Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no
cipação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a au- art. 149 caberá recurso de apelação.
toridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz
Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será re-
designando, conforme o caso, audiência de instrução e jul- cebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tra-
gamento. tar de adoção internacional ou se houver perigo de dano
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligên- irreparável ou de difícil reparação ao adotando
cias, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária
determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qual-
seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) quer dos genitores do poder familiar fica sujeita a apela-
dias, decidindo em igual prazo. ção, que deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.
138
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves-
e de destituição de poder familiar, em face da relevância tigatórias e determinar a instauração de inquérito policial,
das questões, serão processados com prioridade absoluta, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de prote-
devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado ção à infância e à juventude;
que aguardem, em qualquer situação, oportuna distribui- VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
ção, e serão colocados em mesa para julgamento sem revi- legais assegurados às crianças e adolescentes, promoven-
são e com parecer urgente do Ministério Público. do as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal,
mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis
dias, contado da sua conclusão. afetos à criança e ao adolescente;
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado X - representar ao juízo visando à aplicação de penali-
da data do julgamento e poderá na sessão, se entender dade por infrações cometidas contra as normas de prote-
necessário, apresentar oralmente seu parecer. ção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da
responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a ins- XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de
tauração de procedimento para apuração de responsabili- atendimento e os programas de que trata esta Lei, ado-
dades se constatar o descumprimento das providências e tando de pronto as medidas administrativas ou judiciais
do prazo previstos nos artigos anteriores. necessárias à remoção de irregularidades porventura ve-
rificadas;
Capítulo V XII - requisitar força policial, bem como a colaboração
Do Ministério Público dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de as-
sistência social, públicos ou privados, para o desempenho
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas de suas atribuições.
nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei or- § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
gânica. cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e
Art. 201. Compete ao Ministério Público: esta Lei.
I - conceder a remissão como forma de exclusão do § 2º As atribuições constantes deste artigo não ex-
processo; cluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do
II - promover e acompanhar os procedimentos relati- Ministério Público.
vos às infrações atribuídas a adolescentes; § 3º O representante do Ministério Público, no exercí-
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e cio de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se
os procedimentos de suspensão e destituição do poder fa- encontre criança ou adolescente.
miliar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guar- § 4º O representante do Ministério Público será res-
diães, bem como oficiar em todos os demais procedimen- ponsável pelo uso indevido das informações e documentos
tos da competência da Justiça da Infância e da Juventude; que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos inte- § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inci-
ressados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e so VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério
a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer Público:
administradores de bens de crianças e adolescentes nas hi- a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ins-
póteses do art. 98; taurando o competente procedimento, sob sua presidên-
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para cia;
a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos b) entender-se diretamente com a pessoa ou autorida-
relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos de reclamada, em dia, local e horário previamente notifica-
no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; dos ou acertados;
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para c) efetuar recomendações visando à melhoria dos ser-
instruí-los: viços públicos e de relevância pública afetos à criança e
a) expedir notificações para colher depoimentos ou es- ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita
clarecimentos e, em caso de não comparecimento injusti- adequação.
ficado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia
civil ou militar; Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não
b) requisitar informações, exames, perícias e documen- for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
tos de autoridades municipais, estaduais e federais, da ad- defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hi-
ministração direta ou indireta, bem como promover inspe- pótese em que terá vista dos autos depois das partes, po-
ções e diligências investigatórias; dendo juntar documentos e requerer diligências, usando
c) requisitar informações e documentos a particulares os recursos cabíveis.
e instituições privadas;
139
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
caso, será feita pessoalmente. VIII - de escolarização e profissionalização dos adoles-
centes privados de liberdade.
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público IX - de ações, serviços e programas de orientação,
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo apoio e promoção social de famílias e destinados ao ple-
juiz ou a requerimento de qualquer interessado. no exercício do direito à convivência familiar por crianças e
adolescentes.
Art. 205. As manifestações processuais do representante X - de programas de atendimento para a execução das
do Ministério Público deverão ser fundamentadas. medidas socioeducativas e aplicação de medidas de prote-
ção.
Capítulo VI § 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem
Do Advogado da proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos
pela Constituição e pela Lei.
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou res-
§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou
ponsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na
adolescentes será realizada imediatamente após notifica-
solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que
ção aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato
trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado para aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de
todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, res- transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes
peitado o segredo de justiça. todos os dados necessários à identificação do desaparecido.
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária inte-
gral e gratuita àqueles que dela necessitarem. Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão pro-
postas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prá- ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para
tica de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Fe-
processado sem defensor. deral e a competência originária dos tribunais superiores.
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á no-
meado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, cons- Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses
tituir outro de sua preferência. coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concorren-
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamen- temente:
to de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear subs- I - o Ministério Público;
tituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se e os territórios;
tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido III - as associações legalmente constituídas há pelo
indicado por ocasião de ato formal com a presença da auto- menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais
ridade judiciária. a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei,
dispensada a autorização da assembleia, se houver prévia
Capítulo VII autorização estatutária.
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difu- § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi-
sos e Coletivos nistérios Públicos da União e dos estados na defesa dos in-
teresses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legiti-
de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
mado poderá assumir a titularidade ativa.
criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou
oferta irregular: Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão to-
I - do ensino obrigatório; mar dos interessados compromisso de ajustamento de sua
II - de atendimento educacional especializado aos porta- conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título
dores de deficiência; executivo extrajudicial.
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças
de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegi-
13.306, de 2016) dos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições pertinentes.
do educando; § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
V - de programas suplementares de oferta de material normas do Código de Processo Civil.
didático-escolar, transporte e assistência à saúde do edu- § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pú-
cando do ensino fundamental; blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui-
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à ções do poder público, que lesem direito líquido e certo
família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se regerá
ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; pelas normas da lei do mandado de segurança.
140
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimen- Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público de-
to de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá verá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe
a tutela específica da obrigação ou determinará providên- informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e
cias que assegurem o resultado prático equivalente ao do indicando-lhe os elementos de convicção.
adimplemento.
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha- Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tri-
vendo justificado receio de ineficácia do provimento final, bunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após jus- propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Públi-
tificação prévia, citando o réu. co para as providências cabíveis.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior
ou na sentença, impor multa diária ao réu, independente- Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado pode-
mente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível rá requerer às autoridades competentes as certidões e infor-
com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumpri- mações que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo
mento do preceito. de quinze dias.
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
desde o dia em que se houver configurado o descumpri- presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
mento. organismo público ou particular, certidões, informações, exa-
mes ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo ge- inferior a dez dias úteis.
rido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescen- § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
te do respectivo município. diligências, se convencer da inexistência de fundamento para
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos
trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos fundamentadamente.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação ar-
autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o di-
no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
nheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de cré-
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de
dito, em conta com correção monetária.
arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério
público, poderão as associações legitimadas apresentar razões
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do in-
recursos, para evitar dano irreparável à parte. quérito ou anexados às peças de informação.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exa-
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser me e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
condenação ao poder público, o juiz determinará a remes- conforme dispuser o seu regimento.
sa de peças à autoridade competente, para apuração da § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a pro-
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se moção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão
atribua a ação ou omissão. do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julga- Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
do da sentença condenatória sem que a associação autora disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985.
lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Públi-
co, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. Título VII
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar Capítulo I
ao réu os honorários advocatícios arbitrados na conformi- Dos Crimes
dade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de Seção I
1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a Disposições Gerais
pretensão é manifestamente infundada.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a as- Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados
sociação autora e os diretores responsáveis pela proposi- contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem
tura da ação serão solidariamente condenados ao décuplo prejuízo do disposto na legislação penal.
das custas, sem prejuízo de responsabilidade por perdas e
danos. Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as nor-
mas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo,
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não as pertinentes ao Código de Processo Penal.
haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
periciais e quaisquer outras despesas. Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública
incondicionada
141
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
142
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,
prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de de- munição ou explosivo:
sabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
deste artigo.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar,
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qual- ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a
quer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros pro-
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolven- dutos cujos componentes possam causar dependência física
do criança ou adolescente: ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela
de pequena quantidade o material a que se refere o caput Lei nº 13.106, de 2015)
deste artigo.
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
a finalidade de comunicar às autoridades competentes a entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu re-
e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: duzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano
I – agente público no exercício de suas funções; físico em caso de utilização indevida:
II – membro de entidade, legalmente constituída, que Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento,
o processamento e o encaminhamento de notícia dos cri- Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
mes referidos neste parágrafo; definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à
III – representante legal e funcionários responsáveis de exploração sexual:
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da
perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em
de computadores, até o recebimento do material relativo à
favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou
unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi
ao Poder Judiciário.
cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.
§ 3º As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão
(Redação dada pela Lei nº 13.440, de 2017)
manter sob sigilo o material ilícito referido.
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente
ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adoles- de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste
cente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio artigo.
de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassa-
vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: ção da licença de localização e de funcionamento do estabe-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. lecimento.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor
divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
material produzido na forma do caput deste artigo. induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste arti-
por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de go quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de
com ela praticar ato libidinoso: quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. internet.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: § 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumen-
I – facilita ou induz o acesso à criança de material con- tadas de um terço no caso de a infração cometida ou induzida
tendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho
com ela praticar ato libidinoso; de 1990. Capítulo II
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo
com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográ- Das Infrações Administrativas
fica ou sexualmente explícita.
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental,
a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” com- pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente
preende qualquer situação que envolva criança ou adoles- os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou
cente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:
ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adoles- Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican-
cente para fins primordialmente sexuais do-se o dobro em caso de reincidência.
143
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de en- Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo
tidade de atendimento o exercício dos direitos constantes público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: do local de exibição, informação destacada sobre a natureza
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no cer-
cando-se o dobro em caso de reincidência. tificado de classificação:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican-
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autoriza- do-se o dobro em caso de reincidência.
ção devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato
ou documento de procedimento policial, administrativo ou Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer re-
judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua presentações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade
ato infracional: a que não se recomendem:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplica-
cando-se o dobro em caso de reincidência. da em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par- de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
cialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido
em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga res- Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetá-
peito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma culo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua
a permitir sua identificação, direta ou indiretamente. classificação:
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada
ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determi-
neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a nar a suspensão da programação da emissora por até dois dias.
apreensão da publicação ou a suspensão da programação
da emissora até por dois dias, bem como da publicação do Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congêne-
periódico até por dois números. re classificado pelo órgão competente como inadequado às
crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reinci-
de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de re- dência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetá-
gularizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca culo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
para a prestação de serviço doméstico, mesmo que auto-
rizado pelos pais ou responsável: (Vide Lei nº 13.431, de Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita
2017) (Vigência) de programação em vídeo, em desacordo com a classificação
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- atribuída pelo órgão competente:
cando-se o dobro em caso de reincidência, independen- Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
temente das despesas de retorno do adolescente, se for o de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
caso. fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os de- Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e
veres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela 79 desta Lei:
ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciá- Pena - multa de três a vinte salários de referência, dupli-
ria ou Conselho Tutelar: cando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- apreensão da revista ou publicação.
cando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacom- empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso
panhado dos pais ou responsável, ou sem autorização es- de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
crita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, participação no espetáculo:
motel ou congênere: Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
Pena – multa. de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha-
mento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providen-
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior ciar a instalação e operacionalização dos cadastros previstos
a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:
fechado e terá sua licença cassada. Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
mil reais).
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autorida-
quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 de que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de
e 85 desta Lei: adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes
cando-se o dobro em caso de reincidência. em regime de acolhimento institucional ou familiar.
144
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a compro-
imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de vação das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo.
que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em § 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a
entregar seu filho para adoção: forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais re-
mil reais). feridos neste artigo.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de § 5º Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no
programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direi- 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o
to à convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação inciso I do caput:
referida no caput deste artigo. I - será considerada isoladamente, não se submetendo a
limite em conjunto com outras deduções do imposto; e
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II - não poderá ser computada como despesa operacional
II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) na apuração do lucro real.
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00
(dez mil reais); Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento co- de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata
mercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração
dada pela Lei nº 13.106, de 2015) de Ajuste Anual.
§ 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida
Disposições Finais e Transitórias até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apu-
rado na declaração:
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da I - (VETADO);
publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo II - (VETADO);
sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece § 2º A dedução de que trata o caput:
o Título V do Livro II. I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios pro- sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II
moverem a adaptação de seus órgãos e programas às diretri- do caput do art. 260;
zes e princípios estabelecidos nesta Lei. II - não se aplica à pessoa física que:
a) utilizar o desconto simplificado;
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos b) apresentar declaração em formulário; ou
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, c) entregar a declaração fora do prazo;
distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, III - só se aplica às doações em espécie; e
sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda, IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções
obedecidos os seguintes limites: em vigor.
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido § 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a data
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto,
real; e observadas instruções específicas da Secretaria da Receita Fe-
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado deral do Brasil.
pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado § 4º O não pagamento da doação no prazo estabelecido
o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução,
1997. ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferen-
§ 1º - Revogado ça de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual
§ 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os acréscimos legais previstos na legislação.
com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais § 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado
e municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo
consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção, ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital, esta-
Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional pela duais e nacional concomitantemente com a opção de que tra-
Primeira Infância. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) ta o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art. 260.
§ 2º Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos di-
reitos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
por meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e poderá ser deduzida:
demais receitas, aplicando necessariamente percentual para in- I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídi-
centivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e cas que apuram o imposto trimestralmente; e
adolescentes e para programas de atenção integral à primeira II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual,
infância em áreas de maior carência socioeconômica e em si- para as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
tuações de calamidade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
2016) período a que se refere a apuração do imposto.
145
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obriga-
podem ser efetuadas em espécie ou em bens. ções previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem do Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público.
ser depositadas em conta específica, em instituição financeira
pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260. Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais di-
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração vulgarão amplamente à comunidade:
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles- I - o calendário de suas reuniões;
cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de
recibo em favor do doador, assinado por pessoa competente atendimento à criança e ao adolescente;
e pelo presidente do Conselho correspondente, especificando: III - os requisitos para a apresentação de projetos a se-
I - número de ordem; rem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou
endereço do emitente; municipais;
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-ca-
doador; lendário e o valor dos recursos previstos para implementa-
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e ção das ações, por projeto;
V - ano-calendário a que se refere a doação. V - o total dos recursos recebidos e a respectiva desti-
§ 1º O comprovante de que trata o caput deste artigo nação, por projeto atendido, inclusive com cadastramento
pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores na base de dados do Sistema de Informações sobre a In-
doados mês a mês. fância e a Adolescência; e
§ 2º No caso de doação em bens, o comprovante deve VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficia-
conter a identificação dos bens, mediante descrição em cam- dos com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
po próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais.
também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço
dos avaliadores. Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incenti-
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador vos fiscais referidos no art. 260 desta Lei.
deverá: Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante docu- arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por
mentação hábil; ação judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, atuar de ofício, a requerimento ou representação de qual-
quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de quer cidadão.
pessoa jurídica; e
III - considerar como valor dos bens doados: Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presi-
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última de- dência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da
claração do imposto de renda, desde que não exceda o valor Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano,
de mercado; arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fun-
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. dos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, dis-
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não trital, estaduais e municipais, com a indicação dos respec-
será considerado na determinação do valor dos bens doados, tivos números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias
exceto se o leilão for determinado por autoridade judiciária. específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-
D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil
de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedução pe- expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto
rante a Receita Federal do Brasil. nos arts. 260 a 260-K.
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles- Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos
cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem: da criança e do adolescente, os registros, inscrições e alte-
I - manter conta bancária específica destinada exclusiva- rações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91
mente a gerir os recursos do Fundo; desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária
II - manter controle das doações recebidas; e da comarca a que pertencer a entidade.
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar
do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os aos estados e municípios, e os estados aos municípios, os
seguintes dados por doador: recursos referentes aos programas e atividades previstos
a) nome, CNPJ ou CPF; nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direi-
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie tos da criança e do adolescente nos seus respectivos níveis.
ou em bens.
146
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
No entanto, apesar de tantas tentativas, ainda hoje Dada a forma dinâmica e interdependente do trabalho
predomina a concepção de educação classificatória. Falou- educativo, as perguntas anteriormente apresentadas des-
pertam a atenção para a importância das condições físi-
se, com justa razão e necessidade, em mudanças metodo-
cas, materiais e da postura democrática dos membros da
lógicas, em valorização da qualificação profissional do pro-
escola. Além disso, a ação docente e o desempenho dos
fessor, em usar técnicas e materiais variados, em permitir
estudantes são focalizações importantes para compreen-
que o aluno construa seu próprio conhecimento e assim
der o processo de ensino-aprendizagem. Assim, a respon-
por diante. sabilidade pela aprendizagem escolar dos estudantes é
Talvez em nenhum outro momento da pesquisa educa- igualmente dividida entre esses componentes: gestores,
cional os pesquisadores das universidades tenham produ- professores, estudantes, educadores não-docentes e pais.
zido tantos e tão relevantes trabalhos a respeito do fracasso Percebe-se que, na avaliação a ser empreendida, há de
escolar. Contudo, os problemas continuam; e, mesmo sob se considerar, além do “produto” expresso nas notas/men-
pena de ouvir protestos veementes em sentido contrário, ções dos estudantes, o “processo” pelo qual se deu essa
é preciso dizer que as mudanças ocorridas foram tímidas aprendizagem, revelado nas condições da escola e na ação
- democraticamente, tanto em escolas públicas quanto nas do professor, entre outros.
particulares, se mantém a prática de uma educação classi- Tendo esse panorama global do processo educativo, a
ficatória. Comunidade Escolar pode auxiliar a escola na efetivação
A possibilidade de mudar esse quadro depende de um de seu compromisso de propiciar o desenvolvimento de
trabalho árduo por parte de todos os envolvidos no pro- conhecimentos, habilidades e atitudes que são indispen-
cesso educacional - do governo aos cidadãos, passando sáveis para a formação de cidadãos conscientes, críticos,
pelos professores e pesquisadores. Todos têm um papel participativos e preparados para viverem plenamente na
relevante nesse movimento de mudança. sociedade.
Um dos principais requisitos para que uma ruptura real Desta forma, todo o processo educativo passa a ter a
aconteça consiste em repensar a concepção de inteligência maior relevância, como meio para a efetivação da apren-
que permeia as ações docentes. dizagem, e o produto desse processo – a aprendizagem
efetivamente alcançada – é o resultado de todo o esforço
Fonte realizado pelos estudantes, docentes, gestores e todos os
Smole, Kátia Cristina Stocco Múltiplas Inteligências na demais segmentos escolares. Nessa ótica, torna-se impor-
Prática Escolar/ Kátia Cristina Stocco Smole - Brasília: Minis- tante destacar que o sucesso ou fracasso na aprendizagem
tério da Educação, Secretaria de Educação a Distância, 1999 é coletivo, ou seja, da escola como um todo.
Para avaliar algum objeto é fundamental que sejam es-
tabelecidos critérios. Caso contrário, não se saberá o que
olhar, o que observar e, nem mesmo, o que perguntar. As-
sim, no acompanhamento corresponsável do desenvolvi-
mento do processo educativo, cabe identificar os aspectos
a serem avaliados e quais os que podem ser considerados
adequados ao trabalho desenvolvido.
Na avaliação, é preciso considerar, além do “produto”
expresso nas notas/menções dos estudantes, o “processo”
pelo qual se deu essa aprendizagem. Este processo é reve-
lado nas condições da escola e na ação do professor, entre
outros. É preciso ter uma visão global da escola e, nela,
situar o desempenho do estudante.
150
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Como se viu anteriormente, é preciso ter uma visão B) Quanto às condições da escola para uma aprendiza-
global da escola e nela situar o desempenho do estudante. gem relevante:
Certamente, a Comunidade Escolar irá estabelecer os meca- 1. Quais as ações desenvolvidas pela Secretaria de Educa-
nismos mais adequados para esse acompanhamento. Dentre ção e pela escola visando a formação continuada dos docen-
as muitas sugestões para o processo avaliativo, considera-se tes e dos trabalhadores não-docentes (cursos de capacitação,
importante: coordenação pedagógica, participação em eventos, assinatu-
a) analisar os resultados do SAEB relativos à sua escola ra de revistas especializadas)?
e/ou região; 2. Quais são as condições do prédio escolar (salas de aula,
b) explorar as avaliações já desenvolvidas internamente área para esporte, biblioteca, sala de professores, banheiros etc.)?
pela escola ou pelo seu respectivo sistema; 3. O prédio escolar está preparado para o acesso a porta-
c) imprimir uma avaliação própria. dores de necessidades especiais?
4. Quais são as condições (qualidade e quantidade) dos
Em qualquer dessas ações é preciso identificar os aspec- materiais didáticos disponíveis para os docentes e discentes?
tos contemplados nas respectivas avaliações e verificar como 5. Quais os equipamentos (computadores, filmadoras,
se situa a escola em cada um deles. Assim, pode ser feito um retroprojetor, máquinas fotográficas etc.) disponíveis para o
mapeamento de todos os aspectos discriminados nas avalia- trabalho pedagógico da escola?
ções e, depois de identificar os pontos fortes, médios e fra-
cos da escola, propor encaminhamentos para a melhoria dos C) Quanto aos mecanismos utilizados na gestão demo-
processos pedagógicos e dos resultados obtidos. Além disso, crática da escola:
importante também é identificar a responsabilidade sobre 1. Quais os espaços para a participação dos diversos seg-
cada um dos encaminhamentos feitos, isto é, quem é o res- mentos na gestão da escola (Conselho Escolar, Reuniões de
ponsável pela implementação da medida proposta. Comple- Pais e Mestres, Grêmio Estudantil, Conselho de Classe etc.)?
tando o panorama, é necessário estabelecer um cronograma 2. Qual a participação efetiva de cada um dos segmentos
para o desenvolvimento dessas ações, que seja possível para escolares e da comunidade local, nesses espaços de partici-
a escola. pação?
Ao desenvolver uma avaliação própria, além das deman- 3. Qual a periodicidade com que os órgãos colegiados se
dadas pelos respectivos sistemas de ensino, a Comunidade reúnem?
Escolar acaba por estabelecer a melhor estratégia para esse 4. Como foi elaborado o Projeto Político-Pedagógico da
acompanhamento. Vale ressaltar a necessidade de situar a escola?
abrangência da avaliação, de acordo com as possibilidades 5. Como vem sendo implementado o Projeto Político-Pe-
concretas da escola. dagógico?
Importante destacar que o processo ensino-aprendiza- 6. Como é feita a escolha do dirigente escolar nessa escola?
gem é muito mais amplo do que a simples mensuração de 7. Como a escola vem construindo sua autonomia didáti-
resultados obtidos pelos estudantes em avaliações que vi- ca, financeira e administrativa?
sam identificar, na sua grande maioria, somente alguns dos 8. Como a escola demonstra o respeito à pluralidade dos
conhecimentos adquiridos. No entanto, mesmo que se opte sujeitos sociais?
por iniciar a avaliação da escola pelo desempenho discente, 9. Como a escola demonstra a transparência de seus atos
não se pode perder a visão de todo o processo, estabelecen- e decisões?
do um cronograma para as demais avaliações.
Assim, além da avaliação do desempenho dos estudan- D) Quanto à atuação dos trabalhadores em educação no
tes, deve-se procurar estabelecer um cronograma que con- processo educativo:
temple as demais dimensões do processo educativo, tais 1. Como são estabelecidos os conteúdos e a metodologia
como: o contexto social, o processo de gestão democrática, a serem desenvolvidos em sala de aula? O professor participa
as condições físicas, materiais e pedagógicas da escola e o desse trabalho?
desempenho dos educadores docentes e não-docentes. 2. Os materiais didáticos existentes na escola são utiliza-
Apenas a título de exemplificação, a avaliação promovida dos com freqüência pelos docentes?
pela escola, com a participação ativa coordenada pelo Con- 3. Como tem sido a participação dos docentes na coorde-
selho Escolar, poderá contemplar, ou não, os aspectos abaixo: nação pedagógica?
4. Como se desenvolve a relação professor/estudante na
A) Quanto ao contexto social no qual a escola está in- sala de aula?
serida: 5. Como se desenvolve a relação funcionário/estudante
1. Onde está situada geograficamente a escola? no espaço escolar?
2. Qual a realidade social e econômica dos estudantes e 6. Quais os instrumentos utilizados na avaliação dos es-
do bairro onde a escola se situa? tudantes, pela escola? 7. Como o professor trabalha com os
3. Quais os equipamentos sociais (cinemas, teatros, resultados das avaliações dos estudantes?
igrejas, áreas desportivas, centros de lazer, centros cultu- 8. Como é feita a recuperação da aprendizagem dos estu-
rais, organizações sociais etc.) disponíveis nas proximida- dantes que demonstram baixo desempenho nas avaliações?
des da escola dos quais os estudantes usufruem? 9. Como é utilizado o livro didático em sala de aula?
4. Qual a escolaridade média da comunidade externa 10. Como acontece a participação dos professores e dos
à escola? funcionários não-docentes nas atividades globais da escola?
151
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
E) Quanto ao desempenho escolar dos estudantes: No processo de avaliação, precisa levar em conta: a) os
1. As notas encaminhadas pelos professores para a se- resultados do SAEB; b) as avaliações já desenvolvidas pela
cretaria da escola são resultantes de quais avaliações (pro- escola ou pelo seu respectivo sistema; c) a sua própria ava-
vas, trabalhos individuais e coletivos, participação)? liação. Delas, devem ser analisadas todas as dimensões do
2. Além dos aspectos informativos, quais os formativos processo educativo: o contexto social, o processo de gestão
que são levados em consideração no processo de avaliação democrática, as condições físicas, materiais e pedagógicas
dos estudantes? da escola, o trabalho docente e o desempenho discente.
3. Quais as notas/menções obtidas pelos estudantes Cada uma dessas dimensões possui aspectos específicos
no corrente ano (individualmente e por turma)? a serem avaliados. Importante verificar o desempenho da
4. Quais as disciplinas/atividades que possuem as no- escola em cada um desses aspectos, além de propor ações
tas/menções mais baixas? para sua melhoria. Vale indicar, também, o cronograma
5. Como se comportam as notas/menções de cada es- para o desenvolvimento dessas ações e a responsabilidade
tudante, em relação à sua turma? dos diversos segmentos sobre cada uma delas. Muitos são
6. Como se comportam as notas/menções de cada tur- os mecanismos para a coleta de dados e informações para
ma, em relação às outras da mesma série? a avaliação: entrevista, questionário e observação.
7. Como os estudantes analisam o processo de avalia-
ção a que estão submetidos? Fonte
8. Como a escola trabalha os dados resultantes das FONTE: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de
avaliações externas (SAEB e outras)? Educação Básica. Conselho Escolar e a aprendizagem na
escola. Elaboração Ignez Pinto Navarro et al. Brasília: MEC/
Depois de se delimitarem os aspectos a serem avalia- SEB, 2004, p. 38-40 (Programa Nacional de Fortalecimento
dos, estabelecem-se os mecanismos e os instrumentos a dos Conselhos Escolares, caderno 2, Parte VII e VIII)
serem utilizados para a coleta das informações e dados
desejados.
Importante identificar qual o instrumento mais ade- - INFORMÁTICA EDUCATIVA.
quado para coletar cada uma das informações desejadas.
Por exemplo: para obter as notas/menções dos estudantes,
caberia levantar os registros da secretaria; para obter os
dados sobre a ação dos professores, poderia ser aplicado Multimídia educativa
um questionário a eles; para obter as informações sobre a
escola, seria interessante uma entrevista com os membros A utilização de algum tipo de tecnologia multimídia
da direção; para verificar a realidade social em que a escola há algum tempo tem sido comum nas salas de aula. Em
está inserida, poder-se-ia levantar os dados junto à prefei- geral, os docentes utilizam algum tipo de tecnologia mul-
tura e à secretaria ou órgão de educação local. Finalmente, timídia como meio auxiliar na exposição dos conteúdos.
as observações sobre a prática educativa, feita pelos mem- Há prós e contras, tanto pelo lado dos docentes, como dos
bros da Comunidade Escolar, podem complementar e am- discentes. É inegável as mudanças pelas quais a educação
pliar a visão global que se deseja obter. e o setor de educação passam, quer para superar os desa-
Após esse trabalho inicial, poderia ser elaborado um fios de conteúdos, quer para incorporar novas tecnologias.
quadro sintético para analisar os dados e as informações Em especial no Brasil, há movimentos díspares na adoção
coletadas, que também poderiam servir para as avaliações e intensificação das tecnologias multimídias nas aulas, em
do SAEB, e as feitas anteriormente pela escola ou pelo substituição ao formato tradicional. A adoção de tecnolo-
sistema de ensino. Nele, além da discriminação das infor- gias multimídias depende, antes de tudo, de um planeja-
mações necessárias à análise, são propostas as ações que mento que reflita uma estratégia, que por sua vez evite o
podem ser desenvolvidas na escola para corrigir as lacunas modismo do “uso da tecnologia” e também como chama-
e desempenhos indesejáveis, com delimitação de respon- riz, comum em algumas IES Privadas de ensino.
sabilidade e um cronograma para acompanhamento. Multimídia é o conjunto dos mais variados meios de
Cabe enfatizar que a proposta contida [aqui] não cons- comunicação (meios digitais, tais como texto, gráfico, ima-
titui uma “receita de bolo”, nem mesmo um manual que gem, áudio, animação, vídeo) que visam transmitir de algu-
estabelece, de fora, como se deve desenvolver o acompa- ma forma as informações. Nas escolas, a utilização de fotos,
nhamento corresponsável do desempenho escolar. Absolu- rádio, televisão, softwares educativos e sites da Internet es-
tamente não! É a comunidade escolar e a local que devem tão sendo utilizados como meios tecnológicos por alunos
estabelecer a melhor forma de desenvolver essa atividade. e professores para fins educativos. Para Prieto et al. (2005)
Assim, as especificações apresentadas servem tão somen- as atividades digitais multimídia, na sua maioria, possuem
te como sugestões para os debates a serem travados na grande apelo visual, acabam encantando pelo layout com
Comunidade Escolar, que subsidiarão suas deliberações. cores vibrantes, som e movimento e fascinando alunos e
Agora, destaque também precisa ser dado à necessidade e professores que se impressionam com a interface colorida,
importância desse acompanhamento por parte da Comu- o áudio e os vídeos.
nidade Escolar, na forma e no conteúdo mais adequados à
sua realidade e possibilidades.
152
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
A importância dos sistemas de multimídia aumentou com Para Valente (1999) existe a necessidade de utilizar os re-
a socialização da internet. O objetivo principal na utilização do cursos tecnológicos a partir de uma perspectiva didático-pe-
recurso multimídia é para ilustrar um discurso, promover a as- dagógica inovadora capaz de ressignificar o papel de alunos
sociação de ideias na exposição de um assunto e tornar o tem- e professores. Para o autor, há que desenvolver na relação
po menos cansativo para alunos e ouvintes em geral. Esses professor-aluno-tecnologia uma mediação pedagógica que
sistemas devem ser utilizados como um elemento acessório explicite em atitudes que interfiram na forma de pensar alu-
na preparação e apresentação das aulas, um recurso didático no, implementando seus projetos, compartilhando problemas
para expor e ordenar os assuntos, dentre outras finalidades sem apontar soluções, ajudando o aprendiz a entender, anali-
específicas da exposição de conteúdos. sar, testar e corrigir os erros.
A utilização de recursos multimídia tem sido vista, inclu- Nesse sentido Moreira (1991) acredita que para a aquisi-
sive pelo Ministério da Educação, como meio para facilitar a ção de conhecimentos de alto nível, o papel dos conhecimen-
exposição dos conteúdos e também no processo de ensino tos prévios é crucial, pois a resolução de problemas necessi-
e aprendizagem. Para o MEC (2008) os recursos tecnológicos ta do domínio de pré-requisitos. O importante não seria dar
considerando sua praticidade e as diversas opções de uso as- guias específicas para resolver um problema específico, mas
sumem certa importante por sua incorporação como meio desenvolver modos de raciocínio de alto nível que permitam
auxiliar na realização de aulas no ensino superior. Entretanto é ao aluno analisar seu próprio funcionamento como um am-
necessária uma análise dos dispositivos utilizados. Pois mesmo biente adaptado a tal objetivo, em função do encadeamento
levando em consideração o potencial destes recursos, tão ao flexível das informações, e o princípio do encadeamento po-
gosto de professores e outros profissionais, o uso de qualquer deria ser considerado como um guia.
tecnologia apenas torna-se pedagogicamente interessante Dede, Fontana e White (1993) argumentam que a aquisi-
quando é levado em consideração que seu uso está sujeito à ção do conhecimento seria melhor sob as seguintes condições:
boa ou má utilização. É necessário o cuidado para que a mes- (i) construção ativa do conhecimento em lugar de ingestão
ma esteja alicerçada em critérios claramente definidos que passiva de informações;
atendam os objetivos educacionais de ensino. Não se pode (ii) uso de ferramentas sofisticadas de captura de informa-
esquecer que o valor pedagógico pela utilização de um recur- ções que permitam ao aluno testar hipóteses em lugar de pinçar
so em geral, depende da forma como a tecnologia é usada. dados;
Nesse sentido, Creed (1997) argumenta que “[...] a tecnologia (iii) uso de diferentes representações do conhecimento, de
digital pode melhorar a aprendizagem dos alunos, mas ape- forma que os conteúdos possam ser adequados aos diferentes
nas se a utilização dos recursos interagirem com os níveis de estilos de aprendizagem;
aprendizagem requeridos por alunos e demais interessados”. (iv) interação cooperativa entre pares, em um enfoque par-
ticipativo com os existentes nos modernos locais de trabalho;
Ensino-Aprendizagem e Recursos multimídias (v) sistema de avaliação que meça as complexas habili-
dades de nível superior e não a mera recuperação de fatos. As
Akkoyunlu e Yilmaz (2005) mencionam que a multimídia vantagens e benefícios com o uso de recursos multimídia são
está dando uma nova roupagem para as aulas, onde os alunos destacados por alguns autores.
aprendem e se desenvolvem através de recursos tecnológicos Para Baron e La Passadière (1991), um dos primeiros interes-
e avanços científicos, atraindo assim de forma eloquente todos ses do uso de multimídia na educação seria a rapidez e a facili-
os seus sentidos, elevando suas motivações e possibilidades dade que o aluno tem para acessar informações. Moreira (1991)
de sucesso. Nessa linha de pontos positivos, para Paquette julga que a inovação que constitui a vantagem de um tratamen-
(1991) a multimídia pode ser utilizada também para atender to multimídia da informação é sua abertura: o sistema não im-
a diferentes objetivos de ensino-aprendizagem. Os objetivos põe ao usuário um modelo de aprendizagem estabelecido. No
da aprendizagem podem estar relacionados à aquisição de entanto, outros autores são mais cautelosos. Magalhães ressalta
conhecimentos factuais, conceitos, regras, procedimentos, que o uso de meios tecnológicos de ensino por si só, não ga-
modelos estruturais, métodos ou metaconhecimentos. Estes rante que os estudantes desenvolvam estratégias para aprender
diferentes objetivos de aprendizagem vão condicionar a esco- a aprender, nem incentivam o desenvolvimento das habilidades
lha de uma estratégia pedagógica e o uso que se pode fazer de percepção. A qualidade educativa destes meios de ensino de-
da multimídia. pende, mais do que de suas características técnicas, mas a forma
A escolha destes objetivos de aprendizagem e estratégias utilizada para a exploração didática que o docente utilize, aliada
pedagógicas é fundamental e deve preceder à escolha de uma ao contexto que se está inserido. Na mesma linha, Asensio, et
ferramenta computacional como multimídia e sua integração al. (2001) complementam afirmando que em uma perspectiva
em um ambiente de aprendizagem completo. Para Dede, Fon- de ensino-aprendizagem, o desafio para os acadêmicos é saber
tana e White (1993) os sistemas multimídias como ambientes como utilizar as novas tecnologias de informação e de comuni-
de aprendizagem não deveriam visar ao aumento da quanti- cação, de maneira pedagogicamente apropriada, de acordo com
dade de informações fornecidas ao aluno, quando compara- as necessidades de seus alunos e no contexto educacional, para
dos com o processo de ensino convencional. Para os autores, que os mesmos apresentem um maior rendimento escolar.
estas ferramentas deveriam viabilizar um novo modelo de
ensino e de aprendizagem, baseado na navegação e criação Referência:
de teias de conhecimento por meio de um processo formal KLEIN, L.; OLIVEIRA, A. J. de; ALMEIDA, L. B. de; SCHERER, L.
de perguntas, buscando mobilizar as estratégias cognitivas de M. Recursos Multimídia no Processo de Ensino-Aprendizagem:
nível superior para um conhecimento superior. Mocinho ou Vilão? EnEPO, 2013.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
11. (FCC/2014) Segundo a Lei de Diretrizes e Bases (A) haverá, quando necessário, serviços de apoio es-
(LDB nº 9394/96), a educação, dever da família e do Estado, pecializado para atender às peculiaridades da clientela e
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solida- que o atendimento educacional será feito em classes, es-
riedade humana, tem por finalidade colas ou serviços especializados, sempre que, em função
I. o pleno desenvolvimento do educando; seu preparo das condições específicas dos alunos, não for possível a
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o tra- sua integração nas classes comuns de ensino regular.
balho. (B) haverá sempre serviços de especialistas nas escolas
II. o desenvolvimento integral das habilidades do edu- para atendimento da clientela e que o atendimento será
cando: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a sempre oferecido nas classes comuns das escolas de ensi-
viver e aprender a ser. no regular e especializado, em função da obrigatoriedade
III. o desenvolvimento intelectual do educando e a ma- da lei.
turação gradativa de suas etapas emocionais. (C) são desnecessários os serviços de apoio espe-
Está correto o que se afirma APENAS em cializado nas escolas, mas fora dela os alunos deverão
(A) III. frequentar as classes formadas unicamente para melhor
(B) I e II. atendê-los em suas necessidades educativas especiais.
(C) I (D) estarão disponíveis, sempre que for necessário,
(D) II e III. especialistas adequados ao atendimento das necessidades
(E) I, II e III. educativas especiais e que as classes mistas serão organi-
zadas em turnos distintos para melhor acompanhamento
12. (FUNRIO – 2014) Segundo o artigo 24 da Lei de dos casos.
Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394 de 1996, em (E) haverá atendimento prioritário aos alunos com ne-
seu inciso VI, o controle de frequência dos alunos ficará a cessidades educativas especiais por especialistas a serem
cargo da contratados pelas escolas e que as classes serão organi-
(A) secretaria de ensino municipal, conforme o disposto zadas segundo os tipos de transtornos ou deficiências os
no seu regimento, e exigida a frequência mínima de setenta superdotação.
e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação.
(B) secretaria de ensino estadual, conforme o disposto 15. (VUNESP/2013) A organização do sistema educa-
no seu regulamento, e exigida a frequência mínima de se- cional pode ser considerada em três grandes instâncias: o
tenta e cinco por cento do total de horas letivas para apro- sistema de ensino como tal, as escolas e as salas de aula. As
vação. escolas situam-se entre as políticas educacionais, as diretri-
(C) escola, conforme o disposto no seu regimento e nas zes, as formas organizativas do sistema e as ações pedagó-
normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequên- gico-didáticas na sala de aula.
cia mínima de setenta e cinco por cento do total de horas Nesse sentido, é correto afirmar que a autonomia da
letivas para aprovação. escola pública:
(D) escola, conforme o disposto no seu regimento, e (A) é a possibilidade e a capacidade de a escola elabo-
exigida a frequência mínima de oitenta e cinco por cento do rar e implementar um projeto políticopedagógico que seja
total de horas letivas para aprovação. relevante à comunidade e à sociedade a que serve.
(E) secretaria de educação básica do MEC, conforme o (B) é o diretor ter a liberdade para organizar e conduzir
disposto em regimento federal, e exigida a frequência mí- a escola da forma como achar conveniente.
nima de oitenta e cinco por cento do total de horas letivas (C) não existe, uma vez que ela sempre deve prestar
para aprovação. contas de suas ações a uma instância superior.
(D) é definida pela ausência de uma relação de influên-
13. (FUNRIO – 2014) Segundo a Lei de Diretrizes e cia mútua entre a sociedade, o sistema de ensino, a institui-
Bases da Educação Nacional 9.394 de 1996, em seu artigo ção escolar e os sujeitos.
4º, inciso I, a educação básica, obrigatória e gratuita, com-
preende as faixas etárias dos Respostas
(A) quatro aos onze anos de idade.
(B) cinco aos dezesseis anos de idade. 01. Certo/ 02. Certo/ 03. B/ 04. E/ 05. A/ 06. A/ 07.
(C) quatro aos dezessete anos de idade. Errado/ 08. Certo/ 09. B/ 10. E
(D) seis aos quatorze anos de idade.
(E) cinco aos quinze anos de idade. 11. C/ 12. C/ 13. C/ 14. A/ 15. A
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(B) na apreciação do pedido, levar-se-á em conta o § 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetivi- ser prestada também a gestantes e mães que manifestem
dade, a fim de evitar ou minorar as consequências decor- interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como
rentes da medida. a gestantes e mães que se encontrem em situação de pri-
(C) faz-se por procedimento em que a criança será ou- vação de liberdade.
vida pelo Ministério Público, que reduzirá a termo sua opi-
nião sobre a medida, para utilização em razões recursais, 34. Considera-se ato infracional
se necessário. (A) a sentença que aplica medida socioeducativa ao
(D) seguindo a linha de preocupação com o superior adolescente.
interesse da criança e do adolescente, a capacidade finan- (B) a extinção da medida socioeducativa pela realiza-
ceira da família substituta será considerada como elemento ção de sua finalidade.
de principal relevância na análise da necessidade de sepa- (C) a medida aplicável aos pais ou responsável pelo
ração de grupo de irmãos. descumprimento de seus deveres acerca da criança e do
(E) independentemente da situação jurídica da criança adolescente, em relação aos quais exerçam seu poder.
e do adolescente, far-se-á mediante guarda ou adoção. (D) o descumprimento de medida socioeducativa apli-
cada ao adolescente,
Resposta correta: alternativa “b”. (E) a conduta praticada por adolescente, descrita como
Comentário: tal previsão encontra-se no artigo 28, § crime ou contravenção penal.
3º. O objetivo, como dito na alternativa, é buscar evitar ou
amenizar as consequências da colocação da criança e/ou Resposta correta: alternativa “e”
do adolescente em família substituta, ou seja, em uma fa- Comentário: O artigo 103 define do que se trata o ato
mília que não seja a sua natural. infracional.
33. Prefeitura de Santo André SP - CAIPIMES - 2011 35. Prefeitura de Santo André SP - CAIPIMES - 2011
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) asse- O Estatuto elenca os princípios que as entidades que
gura à gestante e/ou parturiente e/ou mãe pelos diversos desenvolvem programas de acolhimento familiar ou insti-
recursos do Poder Público: tucional devem adotar, dentre os quais não se inclui:
1 - assistência psicológica a gestantes ou mães que a) o desmembramento de grupos de irmãos.
manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção. b) a preservação dos vínculos familiares e promoção da
2 - encaminhamento da gestante aos diferentes níveis reintegração familiar.
de atendimento, segundo critérios médicos específicos, c) a integração em família substituta, quando esgota-
obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierar- dos os recursos de manutenção na família natural ou ex-
quização do Sistema. tensa.
3 - condições adequadas ao aleitamento materno d) o atendimento personalizado e em pequenos gru-
pelas empresas privadas que receberão incentivos fiscais pos.
para compensar a ausência das mães funcionárias nesses
períodos. Resposta correta: alternativa “a”.
4 - atendimento gratuito ao parto pelo médico de Comentário: A questão pedia que fosse apontado o
plantão no ambulatório do SUS. único princípio que não se refere àqueles que devem ser
observados pelos programas de acolhimento.
Estão de acordo com o ECA: “A” é a alternativa que devia ser escolhida, pois os pro-
a) apenas 2 e 4. gramas não podem desmembrar os grupos de irmãos, con-
b) apenas 1 e 2. forme previsto no artigo 92, inciso V.
c) apenas 2, 3 e 4.
d) todas.
36. De acordo com a lei nº. 8069/90, considera-se
Resposta correta: alternativa “b”. criança e adolescente, respectivamente, a pessoa até:
Comentário: ATENÇÃO: Esta questão sofreu alteração a) 10 anos de idade incompletos e com idade entre
com o disposto na Lei 13.257/2016 que passou a prever: 10 anos completos e 18 anos;
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos b) 12 anos de idade incompletos e com idade entre
programas e às políticas de saúde da mulher e de plane- 12 anos completos e 18 anos;
jamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, c) 12 anos de idade completos e com idade entre 13
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e 18 anos;
e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no d) 11 anos de idade completos e com idade entre 12
âmbito do Sistema Único de Saúde. e 18 anos.
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por profis-
sionais da atenção primária. Resposta correta: alternativa “b”
(...) Comentário: O art. 2º define, nos termos do ECA,
quem será considerado criança e adolescente.
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53. Prefeitura de Santo André SP - CAIPIMES - 2011 55. Prefeitura de Cravinhos SP - ASSESSORARTE - 2012
Analise as afirmações em geral sobre as disposições do Sobre as Disposições Gerais da Política de Atendimento
ECA. dos direitos da criança e adolescente, compreende-se que a
1 - A permanência da criança e do adolescente em pro- mesma far-se-á através (Art.86):
grama de acolhimento institucional não se prolongará por a) de um conjunto articulado de ações governamentais
mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito
atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamen- Federal e dos municípios.
tada pela autoridade judiciária. b) de um conjunto articulado de ações da União e do
2 - O poder familiar será exercido, preferencialmente Distrito Federal.
pelo pai, assegurado à mãe o direito de, em caso de discor- c) de um conjunto articulado de ações dos estados e
dância, recorrer à autoridade judiciária competente para a municípios.
solução da divergência. d) de um conjunto articulado de ações governamentais
3 - A perda e a suspensão do poder familiar serão de- e não-governamentais.
cretadas judicialmente, em procedimento contraditório,
nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipó- Resposta correta: alternativa “a”.
tese de descumprimento injustificado dos deveres e obri- Comentário: A política de atendimento às crianças e
gações a que alude o art. 22 (... o dever de sustento, guarda adolescentes está prevista no art. 86, constituindo exata-
e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no in- mente o que preceitua a alternativa “a”.
teresse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais.) 56. Fundação Casa - VUNESP - 2012
São afirmações corretas: A criança e o adolescente têm direito de participar da
a) 1 e 2, apenas. vida política, na forma da lei, bem como brincar, praticar es-
b) 1 e 3, apenas. portes e divertir-se, como aspectos compreendidos no di-
c) 2 e 3, apenas. reito
d) 1, 2 e 3.
a) de cidadania.
b) da propriedade.
Resposta correta: alternativa “b”.
c) da dignidade.
Comentário: O item 1 se refere ao previsto no art. 19,
d) do respeito.
§ 2º, que prevê como limite a permanência da criança e do
e) à liberdade.
adolescente em entidade de acolhimento, por no máximo,
dois anos.
Resposta correta: alternativa “e”.
Já o item 3 se refere à suspensão ou perda do poder
Comentário: O direito à liberdade da criança e do ado-
familiar. O art. 24 do ECA menciona a possibilidade quando
houver descumprimento injustificado, pelos pais, dos de- lescente está previsto no art. 16 do ECA, sendo o direito de
veres previstos no art. 22. brincar, praticar esportes e se divertir, um dos aspectos, pre-
O item 2 está errado pois, nos termos do art. 22, § úni- vistos no inciso IV.
co, pai e mãe terão iguais direitos, deveres e responsabili-
dades na educação e criação dos filhos. 57. Prefeitura de Santo André SP - CAIPIMES - 2011
O Art. 86 do Estatuto determina que “A política de
54. FUNDAÇÃO CASA- VUNESP- 2010 atendimento dos direitos da criança e do adolescente
Com relação aos direitos fundamentais, previstos no far-se-á através de um conjunto articulado de ações go-
Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a alternativa vernamentais e não-governamentais, da União, dos es-
correta. tados, do Distrito Federal e dos municípios”. Além das
(A) O direito à liberdade não inclui a participação da políticas sociais básicas, fazem parte das linhas de ação
criança e do adolescente na vida política. da política de atendimento: Art. 87
(B) O direito à liberdade compreende o aspecto de opi-
nião e expressão. ►políticas e programas de assistência social, em ca-
(C) O direito à liberdade não compreende o aspecto de ráter supletivo, para aqueles que deles necessitem.
crença e culto religioso. ►serviços especiais de prevenção e atendimento
(D) O direito ao respeito não abrange a preservação médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-
dos objetos pessoais do adolescente. tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão.
(E) O direito à educação não assegura ao adolescente a ►serviço de identificação e localização de pais, res-
organização e a participação em entidades estudantis. ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos.
►proteção jurídico-social por entidades de defesa
Resposta correta: alternativa “b”. dos direitos da criança e do adolescente.
Comentário: O direito à liberdade da criança e do ado- ►políticas e programas destinados a prevenir ou
lescente está previsto no art. 16 do ECA, sendo um de seus abreviar o período de afastamento do convívio familiar
aspectos, a opinião e expressão, conforme inciso II. e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência
familiar de crianças e adolescentes.
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Resposta correta: alternativa “c”. d) aquela que se estende para além da unidade dos
Comentário: A alternativa “c” está correta, pois trata-se pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes
de uma das diretrizes que devem ser atendidas pelas en- próximos com os quais a criança ou o adolescente convive
tidades que realizam políticas de atendimento às crianças e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
e aos adolescentes, nos termos do art. 88, inc. VII do ECA. e) aquela formada pelos pais e seus descendentes, seja
o vínculo constituído mediante escritura ou outro docu-
78. FUNDAÇÃO CASA- VUNESP- 2013 mento particular, desde que o vínculo seja biológico.
Nos termos do que dispõe o Estatuto da Criança e do
Adolescente, assinale a alternativa correta. (A) Se um ado- Resposta correta: alternativa “d”.
lescente cometer uma conduta descrita como contravenção Comentário: O art. 25, § único do ECA conceitua quem
penal, estará cometendo um ato infracional. são os parentes que compõe a chamada família estendida
(B) Considera-se um ato infracional aquele descrito ou ampliada da criança ou do adolescente.
como ato lícito.
(C) A internação do adolescente, antes da sentença, 81. FUNDAÇÃO CASA- VUNESP- 2013
pode ser determinada pelo prazo máximo de trinta dias. A medida socioeducativa que se afigura como a mais
(D) A inimputabilidade penal gera a impunidade do adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o
menor infrator. adolescente denomina-se
(E) O adolescente, quando apreendido pela autoridade (A) semiliberdade.
policial, será obrigatoriamente submetido à identificação (B) liberdade assistida.
compulsória. (C) advertência.
(D) internação.
Resposta correta: alternativa “a”. (E) prestação de serviços à comunidade.
Comentário: Conforme preceitua o art. 103 do ECA,
o ato infracional corresponde ao crime ou à contravenção Resposta correta: alternativa “b”.
penal.
Comentário: O art. 118 do ECA aborda a medida so-
cioeducativa da liberdade assistida. Seu conteúdo corres-
79. FUNDAÇÃO CASA- VUNESP- 2013
ponde exatamente ao trazido pelo enunciado da questão,
As entidades não governamentais de atendimento à
por isto, a “b” é a alternativa correta.
criança e ao adolescente somente poderão funcionar de-
pois de registradas perante o
82. FUNDAÇÃO CASA- VUNESP- 2013
(A) Conselho Federal dos Direitos da Criança e do Ado-
lescente. A internação, como medida socioeducativa,
(B) Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do (A) não permite atividades externas.
Adolescente. (B) poderá ser aplicada em qualquer hipótese.
(C) Conselho Tutelar Federal. (C) comporta prazo determinado.
(D) Poder Público Estadual. (D) não comporta prazo determinado.
(E) Ministério Público Federal. (E) deverá ser cumprida no mesmo local destinado ao
abrigo.
Resposta correta: alternativa “b”.
Comentário: O art. 91 do ECA determina que as entida- Resposta correta: alternativa “d”.
des não-governamentais que prestem atendimento à crian- Comentário: O art. 121, § 2º do ECA afirma que não
ça ou ao adolescente devem registrar-se perante o Con- há prazo determinado para a medida socioeducativa da in-
selho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, ternação. É certo, porém, que ela não pode ultrapassar o
devendo em seguida, ser comunicado ao Conselho Tutelar e período máximo de três anos.
à autoridade judiciária da localidade sobre referido registro.
83. As decisões do Conselho Tutelar podem ser revistas
80. DPE BA - UNEB - 2014 pelo(a)
Conforme as determinações do Estatuto da Criança e (A) membro do Ministério Público.
do Adolescente, entende-se por família ampliada (B) Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
a) a formada pelos pais, conjunta ou separadamente, e Adolescente.
por parentes próximos com vínculos constituídos por tes- (C) comunidade local.
tamento, mediante escritura ou outro documento público, (D) autoridade policial.
qualquer que seja a origem da filiação. (E) autoridade judiciária.
b) aquela constituída pelos pais e seus descendentes,
seja o vínculo constituído mediante escritura ou outro do- Resposta correta: alternativa “e”.
cumento público, qualquer que seja a origem da filiação. Comentário: O art. 137 do ECA determina que as de-
c) a formada para além da unidade dos pais e filhos cisões do Conselho Tutelar poderão ser revistos pela au-
ou da unidade do casal, ou seja, constituída por parentes toridade judiciária à pedido da pessoa que tenha legítimo
próximos, até o quarto grau, com os quais a criança ou o interesse.
adolescente convive e mantém vínculos biológicos.
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Comentário: O art. 109 do ECA preceitua como um dos 97. FUNDAÇÃO CASA- VUNESP- 2012
direitos individuais do adolescente que está sendo acusado Assinale a alternativa correta sobre o regime da semiliberdade.
da prática de ato infracional, ser civilmente identificado e (A) Possibilita a realização de atividades externas, depen-
não ser submetido à identificação compulsória. Como ex- dente de autorização judicial.
ceção, porém, poderá ocorrer esta forma de identificação (B) Não comporta prazo determinado.
quando for necessária a confrontação em razão de dúvida (C) É aplicável à criança ou ao adolescente que cometeu
fundada. contravenção penal.
(D) Deve ser acompanhada de imposição de trabalhos
95. IFAP - FUNIVERSA - 2016 forçados em prol da comunidade.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (E) Poderá ser aplicada ao adolescente que tiver apresen-
(Lei n.º 8.069/1990 e suas alterações), é correto afirmar que tado bom comportamento no regime de reclusão.
a) a garantia de prioridade no atendimento das crian-
Resposta correta: alternativa “b”.
ças e dos adolescentes é de competência exclusiva do Es-
Comentário: O art. 120 trata da medida socioeducativa
tado.
de semiliberdade. O § 2º do mesmo artigo afirma não haver
b) o direito à dignidade consiste na inviolabilidade da
prazo determinado para seu estabelecimento. Portanto, a al-
integridade física, psíquica e moral da criança e do adoles-
ternativa “b” é a correta.
cente, abrangendo a preservação da imagem, da identida-
de, da autonomia, dos valores, das ideias e das crenças, dos 98. Prefeitura de Betim MG - BD - 2015
espaços e dos objetos pessoais. Marque a alternativa que apresenta os usuários do ser-
c) é facultativa a vacinação das crianças nos casos reco- viço de proteção social a adolescentes em cumprimento de
mendados pelas autoridades sanitárias. medida socioeducativa de liberdade assistida (LA) e de pres-
d) todas as crianças e todos os adolescentes têm o di- tação de serviço a comunidade (PSC):
reito de serem criados e educados em família substituta, a) Adolescentes de 12 a 18 anos incompletos, ou jovens
assegurada a convivência familiar e comunitária em am- de 18 a 21 anos, em cumprimento de medidas socioeducati-
biente livre da presença de pessoas dependentes de subs- vas, aplicadas pela Justiça da Infância e Juventude.
tâncias entorpecentes. b) Crianças de 0 a 10 anos, em risco social e situação de
e) o poder familiar será exercido, em igualdade de con- pobreza, encaminhadas pelo Conselho Tutelar.
dições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a c) Crianças e Adolescentes de 0 a 18 anos incompletos,
legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, ou jovens de 18 a 21 anos, em cumprimento de medidas so-
em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária cioeducativas, aplicadas pela Justiça da Infância e Juventude.
competente para a solução da divergência. d) Adolescentes até 18 anos, em risco social e situação de
pobreza, encaminhadas pelo Conselho Tutelar.
Resposta correta: alternativa “e”.
Comentário: O art. 21 dispõe exatamente o conteúdo Resposta correta: alternativa “a”.
da alternativa “e”, sendo por isto, a correta. O poder familiar Comentário: A liberdade assistida e a prestação de serviços
será exercido em igualdade de condições pelo pai e mãe. à comunidade são medidas socioeducativas previstas no art. 112.
Apenas serão aplicadas aos adolescentes que tenham praticado
96. Fundação Casa - VUNESP - 2013 ato infracional. Assim, nos termos do ECA, adolescentes são as
As entidades de atendimento, previstas no Estatuto da pessoas de 12 anos completos à 18 anos. Excepcionalmente, as
Criança e do Adolescente, são responsáveis pela manuten- medidas podem ser impostas aos maiores de 18 anos e que não
tenham atingido 21 anos. Por isto, a alternativa “a” é a correta.
ção das próprias unidades, assim como pelo planejamento
e execução de programas de proteção e socioeducativos
99. FUNDAÇÃO CASA- VUNESP- 2012
destinados a crianças e adolescentes, em regime, entre ou-
Vertuno, adolescente, foi privado de sua liberdade e en-
tros, de: contra-se em regime de internação. Dentre seus direitos en-
a) liberdade assistida, semiliberdade e internação. contra-se o de receber visitas, ao menos, semanalmente. Com
b) colocação familiar, abrigo e liberdade assistida. relação a esse direito de Vertuno, pode-se afirmar que
c) recolhimento disciplinar, colocação familiar e semi- (A) não poderá ser suspenso em nenhuma hipótese.
liberdade. (B) poderá ser suspenso pela autoridade judiciária, exce-
d) internação, abrigo provisório e prestação de serviço to com relação aos seus pais, se o Serviço Social relatar que
à comunidade. Vertuno descumpriu alguma obrigação que lhe foi imposta
e) abrigo definitivo, prestação de serviço à comunida- juntamente com a medida de internação.
de e internação. (C) ficará suspenso por tempo indeterminado se Vertuno
for colocado em regime de incomunicabilidade.
Resposta correta: alternativa “a”. (D) a autoridade judiciária poderá suspendê-lo temporaria-
Comentário: A alternativa “a” está correta porque traz mente, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sé-
as medidas socioeducativas a que podem ser submetidos rios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses de Vertuno.
os adolescentes que praticaram atos infracionais. (E) é limitado à visita dos seus pais, se Vertuno não estiver
em regime de incomunicabilidade.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
QUESTÃO 04 QUESTÃO 06
Ano: 2012
Ano: 2016 Banca: PaqTcPB
Banca: UFMA Órgão: UEPB
Órgão: UFMA Prova: Técnico de Enfermagem
Prova: Técnico Assuntos Educacionais
Sobre as obrigações dos estabelecimentos de ensino,
Segundo a LDB vigente, a Educação Escolar brasileira previstas na LDB 9.394/96, é INCORRETO afirmar que:
é composta por: a) Cada estabelecimento de ensino deve elaborar e
a) Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Su- executar a sua proposta pedagógica, respeitando as nor-
perior mas comuns.
b) Ensino Fundamental e Ensino Médio b) Os estabelecimentos de ensino devem prover meios
c) Educação Básica e Educação Superior para a recuperação dos alunos de menor rendimento.
d) Pré-Escolar, Ensino Fundamental, Ensino Médio e c) Os recursos financeiros, humanos e materiais não
Ensino Superior podem ser administrados pelos estabelecimentos de en-
e) Educação Básica, Educação Especial e Educação para sino.
Diversidade d) O cumprimento dos dias letivos e as horas-aula es-
tabelecidas devem ser assegurados pelos estabelecimen-
GABARITO: C tos de ensino.
COMENTÁRIO: Conforme art. 21 da LDB e) A articulação entre família e escola é de competência
Art. 21. A educação escolar compõe-se de: dos estabelecimentos de ensino.
I - educação básica, formada pela educação infantil, en-
sino fundamental e ensino médio; GABARITO: C
II - educação superior. COMENTÁRIO: O item C está INCORRETO em razão do
art. 12, inciso II, da LDB
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as
QUESTÃO 05
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a in-
cumbência de:
Ano: 2012
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e
Banca: FCC
financeiros;
Órgão: SEE-MG
Prova: Assistente Técnico Educacional - Apoio Técnico
QUESTÃO 07
A LDB estabelece que a verificação do rendimento es- Ano: 2010
colar observará o critério de Banca: COVEST-COPSET
a) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre- Órgão: UFPE
ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo Prova: Pedagogo
rendimento escolar.
b) realização de reunião mensal entre pais e professo- Qual alternativa é incompatível com educação de jo-
res para o devido acompanhamento da aprendizagem dos vens e adultos de acordo com a LDB/1996?
alunos. a) Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamen-
c) oportunidade de encaminhamento administrativo a te aos jovens e aos adultos, oportunidades educacionais
serviços de psicólogos e assistentes sociais para o avanço apropriadas, consideradas as características do alunado,
intelectual dos alunos. seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
d) definição das funções dos professores e dos pais no cursos e exames.
plano de ensino da escola, prevendo as ações de ambas as b) O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e
partes no processo de aprendizagem do aluno. a permanência do trabalhador na escola, mediante ações
integradas e complementares entre si.
GABARITO: A c) A educação de jovens e adultos deverá articular- se,
COMENTÁRIO: Conforme art. 24, inciso V, da LDB preferencialmente, com a educação profissional, na forma
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e do regulamento.
médio, será organizada de acordo com as seguintes regras d) Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
comuns: supletivos, que compreenderão a base nacional comum do
V - a verificação do rendimento escolar observará os se- currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
guintes critérios: caráter regular.
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre- e) Os cursos e exames supletivos, no nível de conclusão
ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo do Ensino Fundamental, serão para os maiores de quin-
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições ze anos e no nível de conclusão do Ensino Médio, para os
de ensino em seus regimentos; maiores de vinte e um anos.
181
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: E QUESTÃO 09
COMENTÁRIO: A alternativa E está incorreta, por força
do art. 38, inciso II, da LDB. O correto seria 18 anos, e não Ano: 2013
21 anos. Banca: FUNCAB
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exa- Órgão: IF-RR
mes supletivos que o compreenderão a base naional co- Prova: Professor - Pedagogia
mum do currículo, habilitando ao proseguimento de estudos
em caráter regular. De acordo com a Lei nº 9.394/1996 (LDB), a Educação
1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: de Jovens e Adultos:
I - no nível de conclusão do Ensino Fundamental, serão a) será articulada somente com a educação técnica
para os maiores de quinze anos. profissional.
II - no nível de conclusão do Ensino Médio, para os maio- b) só não poderá ser objeto de avaliação o conheci-
res de dezoito anos. mento informal.
c) oferecerá exames de conclusão do ensino funda-
QUESTÃO 08 mental para jovens a partir de 18 anos.
d) deverá articular-se, preferencialmente, com a educa-
Ano: 2010 ção profissional.
Banca: COVEST-COPSET e) oferecerá exames de conclusão apenas para a etapa
Órgão: UFPE do ensino médio.
Prova: Técnico em Assuntos Educacionais
GABARITO: D
A verificação do rendimento escolar, de acordo com a COMENTÁRIO: Alternativa D correta em razão do art.
LDB/1996, observará qual critério? 37, §3 da LDB.
a) Avaliação diagnóstica e formativa do desempenho Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos e àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
quantitativos e dos resultados das provas finais. no ensino fundamental e médio na idade própria.
b) Possibilidade de aceleração de estudos para alunos § 3o A educação de jovens e adultos deverá articu-
com aprendizagem acima da média a partir de parecer téc- lar-se, preferencialmente, com a educação profissional, na
nico do sistema de ensino. forma do regulamento.
c) Possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me-
diante verificação do aprendizado. QUESTÃO 10
d) Aproveitamento de todos os estudos e atividades
desenvolvidas ao longo do curso com registro no histórico Ano: 2016
escolar. Banca: UFMA
e) Obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre- Órgão: UFMA
ferência no final do período letivo, para os casos de baixo Prova: Pedagogo
rendimento escolar.
Em conformidade com LDB n° 9.394/1996, a organiza-
GABARITO: C ção da educação básica poderá ser:
COMENTÁRIO: Alternativa C correta em razão do art. a) Em séries anuais, períodos semestrais e ciclos.
24, inciso V, da LDB. b) Em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alter-
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e nância regular de períodos de estudos, grupos não seria-
médio, será organizada de acordo com as seguintes regras dos, com base na idade, na competência e em outros crité-
comuns: rios, ou por outras formas de organização.
V - a verificação do rendimento escolar observará os se- c) Em séries anuais, períodos semestrais, ciclos ou por
guintes critérios: outras formas de organização, sempre que o interesse do
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me- processo de aprendizagem assim o recomendar.
diante verificação do aprendizado; d) Em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alter-
nância regular de períodos de estudos, grupos não seria-
dos, com base na idade, na competência e em outros cri-
térios.
e) Em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, grupos
não seriados, com base na idade, na competência e em ou-
tros critérios, ou por outras formas de organização.
182
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: B QUESTÃO 13
COMENTÁRIO: Alternativa B correta, em função do art. Ano: 2016
23 da LDB. Banca: UFMA
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, Órgão: UFMA
períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estu- Prova: Pedagogo
dos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em
outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o De acordo com a LDB de n.º 9.394/1996, no que se refere
interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. à organização da educação nacional, julgue os itens a seguir,
assinalando a opção CORRETA.
QUESTÃO 11 a) A educação básica é dívida em subníveis sequenciada
em Educação Infantil; Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Ano: 2015 b) Dentre as etapas da organização da educação, po-
Banca: BIO-RIO demos citar: a educação especial; a educação profissional; a
Órgão: Prefeitura de São João da Barra - RJ educação de jovens e adultos; a educação indígena e a edu-
Prova: Bibliotecário cação a distância.
c) Na organização escolar, conforme a LDB, a educação
De acordo com o Art. 13 da LDB, os docentes incumbir- é vista como um processo, que se dá em várias ambiências,
se-ão das seguintes atividades,EXCETO: manifestado em níveis, etapas e modalidades, bifurcando em
a) participar da elaboração da proposta pedagógica do educação básica e educação superior.
estabelecimento de ensino. d) Conforme o artigo 8 da LDB, a União, os Estados, o
b) cumprir plano de trabalho, segundo a proposta peda- Distrito Federal e os Municípios organizarão um regime de
gógica elaborada pela direção do estabelecimento de ensino. colaboração dos sistemas de ensino com liberdade restrita.
c) zelar pela aprendizagem dos alunos. e) Segundo o artigo 9 da LDB, cabe à União elaborar o
d) estabelecer estratégias de recuperação para os alunos Plano Nacional de Educação para os Estados, o Distrito Fede-
ral e os Municípios.
de menor rendimento.
e) ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos,
GABARITO:C
além de participar integralmente dos períodos dedicados ao
COMENTÁRIO: A alternativa C está correta, considerando-se a
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional.
própria lógica da LDB, não havendo um artigo específico. Para fa-
cilitar, vamos entender porque as outras alternativas estão erradas.
GABARITO: B
a) A educação básica é dividida em subníveis sequenciada
COMENTÁRIO:Conforme art. 13, inciso II, da LDB em Educação Infantil; Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: Errada porque A LDB não fala em subníveis, mas sim em
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a pro- etapas:
posta pedagógica do estabelecimento de ensino; Art. 29. A educação infantil, primeira etapa...
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica...
QUESTÃO 12 Logo, conclui-se que Ensino Fundamental também é etapa.
Ano: 2016 b)Dentre as etapas da organização da educação, podemos
Banca: UFMA citar: a educação especial; a educação profissional; a educação de
Órgão: UFMA jovens e adultos; a educação indígena e a educação a distância.
Prova: Técnico Assuntos Educacionais Alternativa errada, porque a educação especial; a educação
profissional; a educação de jovens e adultos; a educação indíge-
A elaboração do Plano Nacional de Educação, segundo a na e a educação a distância são MODALIDADES e não ETAPAS
LDB vigente, é incumbência:
a) Dos Estados com a participação dos Municípios e as- c) Correta
sessoria da União
b) Da União em colaboração com Estados, o Distrito Fe- d) Conforme o artigo 8 da LDB, a União, os Estados, o
deral e os Municípios Distrito Federal e os Municípios organizarão um regime de
c) Dos Municípios com a participação dos Estados e as- colaboração dos sistemas de ensino com liberdade restrita
sessoria da União Alternativa errada porque o art. 8º da LDB não fala em
d) Exclusivamente do Governo Federal “liberdade restrita”. Aliás, a LDB não usa essa expressão nenhu-
e) Da União e dos Estados ma vez em nenhum de seus artigos.
GABARITO: B e) Segundo o artigo 9 da LDB, cabe à União elaborar o
COMENTÁRIO: alternativa B correta, de acordo com o art. Plano Nacional de Educação para os Estados, o Distrito Fede-
9º, inciso I, da LDB. ral e os Municípios.
Art. 9º A União incumbir-se-á de Alternativa errada porque o artigo 9º da LDB, no inciso I diz
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração que a União incumbir-se-á de elaborar o Plano Nacional de Edu-
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; cação,em colaboraçãocom os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
nicípios e não para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: C GABARITO: D
COMENTÁRIO: Alternativa C correta, por expressa dispo- COMENTÁRIO: Alternativa correta D, conforme art. 2º
sição do art. 12 da LDB. da LDB.
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as nor- Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspi-
mas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbên- rada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidarieda-
cia de: de humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
(...) educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando qualificação para o trabalho.
processos de integração da sociedade com a escola;
QUESTÃO 26
QUESTÃO 24 Ano: 2015
Ano: 2013 Banca: CONSULPLAN
Banca: CESPE Órgão: Prefeitura de Duque de Caxias - RJ
Órgão: SEDUC-CE Prova: Auxiliar Administrativo
Prova: Professor Pleno I
Nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Com referência às incumbências da União, dos estados, Nacional (LDB nº 9.394/1996), o ensino será ministrado
do Distrito Federal e dos municípios e à organização de seus com base nos seguintes princípios, EXCETO:
respectivos sistemas de ensino, disciplinados pela LDB, assi- a) Valorização do profissional da educação escolar.
nale a opção correta. b) Coexistência de instituições públicas e privadas de
a) Cabe aos estados assumirem o transporte escolar dos ensino.
alunos das redes estadual e municipal. c) Igualdade de condições para o acesso e permanên-
b) É permitida a atuação dos municípios em outros ní- cia na escola.
veis de ensino que não sejam os seus prioritários, sempre que d) Obrigação de aprender, ensinar e divulgar a cultura,
houver, comprovadamente, demanda da sociedade.
a arte e o saber.
c) As instituições de educação superior, criadas e mantidas pela
iniciativa privada, fazem parte dos sistemas municipais de ensino.
GABARITO: D
d) Compõem os sistemas municipais de ensino as instituições
COMENTÁRIO: A alternativa D está incorreta, por força
de educação superior mantidas pelo poder público municipal.
do previsto no art. 3º, inciso II, da LDB. Não se trata de
e) Cabe à União estabelecer, em colaboração com os
“obrigação”, mas sim de “liberdade”.
estados, o Distrito Federal e os municípios, competências e
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes
diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o
ensino médio. princípios:
(...)
GABARITO: E II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
COMENTÁRIO: Alternativa E correta por expressa dispo- a cultura, o pensamento, a arte e o saber; grifamos
sição da LDB.
Art. 9º A União incumbir-se-á de: QUESTÃO 27
V - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Ano: 2015
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a edu- Banca: CONSULPLAN
cação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que Órgão: Prefeitura de Duque de Caxias - RJ
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a Prova: Auxiliar Administrativo
assegurar formação básica comum;
Nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
QUESTÃO 25 Nacional (LDB nº 9.394/1996), compete ao município,
Ano: 2015 a) assegurar processo nacional de avaliação das insti-
Banca: CONSULPLAN tuições de educação superior, com a cooperação dos sis-
Órgão: Prefeitura de Duque de Caxias - RJ temas que tiverem responsabilidade sobre este nível de
Prova: Auxiliar Administrativo ensino.
b) elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabo-
Nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação ração com os Estados e o Distrito Federal e organizar, man-
Nacional (LDB nº 9.394/1996), a educação. ter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais de ensino.
a) infantil deve ser pública e gratuita, atendendo crianças c) organizar, manter e desenvolver os órgãos e insti-
de até sete anos de idade. tuições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando‐os
c) básica é facultativa podendo qualquer cidadão acionar às políticas e planos educacionais da União e dos Estados.
o poder público caso queira exigi‐la. d) autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
c) infantil de toda criança deve iniciar‐se a partir do dia avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de edu-
em que completar três anos de idade. cação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
d) é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios ensino.
de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
189
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: A GABARITO: A
COMENTÁRIO: Alternativa A correta, por expressa disposi- COMENTÁRIO: Alternativa correta A, por expressa dis-
ção do art. 62, §1º da LDB posição do art. 40 da LDB.
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em ar-
básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, ticulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias
admitida, como formação mínima para o exercício do magistério de educação continuada, em instituições especializadas ou
na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fun- no ambiente de trabalho.
damental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí- QUESTÃO 37
pios, em regime de colaboração, deverão promover a forma- Ano: 2010
ção inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de Banca: IF-RJ
magistério. Órgão: IF-RJ
Prova: Assistente Social
QUESTÃO 35
Ano: 2015 A partir da LDB, a União, os estados, o Distrito Fede-
Banca: FGV ral e os municípios organizarão em regime de colaboração,
Órgão: SEDUC-PE os respectivos sistemas de ensino.
Prova: Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Es- É correto afirmar que a União NÃO se incumbirá de
pecial a) coletar, analisar e disseminar informações sobre a
educação.
De acordo com a LDB, leia o fragmento a seguir: b) definir, com os municípios, formas de colaboração na
“O Ensino Fundamental _____, com duração de _____, gratui- oferta do ensino fundamental.
to na escola pública, inicia-se aos _____ de idade”. c) organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
Assinale a opção que completa corretamente as lacunas ções oficiais do sistema federal de ensino e dos territórios.
do fragmento acima. d) autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e ava-
a) optativo – 8 anos – 7 anos liar, respectivamente, os cursos das instituições de educação
b) obrigatório – 8 anos – 6 anos superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino.
c) optativo – 9 anos – 7 anos e) baixar normas gerais sobre cursos de graduação e
d) optativo – 8 anos – 6 anos pós-graduação.
e) obrigatório – 9 anos – 6 anos
GABARITO: B
GABARITO: E COMENTÁRIO: Segundo o art. 10, inciso II da LDB, o
COMENTÁRIO: Alternativa correta E, por expressa disposi- previsto na alternativa B é atribuição dos estados, e não da
ção do art. 32 da LDB. União.
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos (...)
6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na
cidadão, mediante: oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a
distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo
QUESTÃO 36 com a população a ser atendida e os recursos financeiros dis-
Ano: 2010 poníveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
Banca: IF-RJ
Órgão: IF-RJ QUESTÃO 38
Prova: Pedagogo Ano: 2013
Banca: NUCEPE
O capítulo III da Lei Nº 9.394/96 (atual LDB) dispõe sobre Órgão: SEDUC-PI
a educação profissional e estabelece que esta modalidade de Prova: Professor - Língua Espanhola
ensino seja desenvolvida em articulação com
a) o ensino regular ou por diferentes estratégias de educa- A LDB, (Lei 9.394/96), introduziu uma mudança no con-
ção continuada, em instituições especializadas ou no ambiente ceito de avaliação, seus procedimentos e soluções para
de trabalho. atendimento dos alunos do Ensino Fundamental.Essa lei
b) apenas o ensino regular, nos níveis da educação básica indica uma avaliação:
ou superior, em instituições especializadas. a) somativa, com recuperação prevista ao final do ano;
c) a educação básica ou por diferentes estratégias de edu- b) semestral, com recuperação final de cada semestre;
cação continuada, em instituições públicas de ensino e pes- c) seletiva, com formação de turma de alunos com difi-
quisa. culdades a serem trabalhadas;
d) o ensino regular em instituições públicas ou no am- d) contínua, com estudos de recuperação paralela ao
biente de trabalho. período letivo;
e) apenas a educação básica, em instituições públicas ou e) mensal, prevendo segunda chamada de prova para
privadas de ensino e pesquisa. alunos com média abaixo previsto.
190
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: D QUESTÃO 40
COMENTÁRIO: Alternativa correta D, conforme previsão Ano: 2016
do art. 24, inciso V da LDB. Apontamos nos grifos abaixo Banca: UFMA
as exatas disposições da lei que fundamentam a resposta. Órgão: UFMA
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e Prova: Pedagogo
médio, será organizada de acordo com as seguintes regras
comuns: A alteração do artigo 26 A, da Lei nº 9.394/96 (LDB),
(...) pelas Leis nº 10.639/03 e 11.645/08, incluiu como compo-
V - a verificação do rendimento escolar observará os se- nente curricular na educação brasileira:
guintes critérios: a) O ensino de, pelo menos, uma língua estrangeira
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do moderna
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os b) A música como conteúdo obrigatório, mas não ex-
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os clusivo
de eventuais provas finais; c) A educação física como prática facultativa ao aluno
(...) d) O ensino da arte, especialmente em suas expressões
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de regionais
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de e) História e cultura afro-brasileira e indígena
baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas insti-
tuições de ensino em seus regimentos; GABARITO:E
COMENTÁRIO: Alternativa E correta. A alteração foi in-
QUESTÃO 39 cluída pela lei 11.645/2008.
Ano: 2012 Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental
Banca: PaqTcPB e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigató-
Órgão: UEPB rio o estudo da história e cultura afro-brasileira e indíge-
Prova: Técnico de Enfermagem na. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
(+ provas)
QUESTÃO 41
Em relação à estrutura curricular da educação básica Ano: 2013
no Brasil, proposta pela LDB 9.394/96 , bem como pelo Banca: FUNCAB
Plano Nacional de Educação, as alternativas abaixo estão Órgão: IF-RR
corretas, EXCETO: Prova: Professor - Pedagogia
a) O paradigma curricular nacional deve valorizar a
perspectiva da interdisciplinaridade. De acordo com a Lei nº 9.394/1996 (LDB), sobre os re-
b) Os projetos pedagógicos das instituições públicas cursos públicos financeiros destinados à educação, é cor-
de educação básica no Brasil devem ser elaborados com reto afirmar que as despesas de manutenção e desenvolvi-
base nos Parâmetros Curriculares Nacionais e nas Diretri- mento do ensino consideram:
zes Curriculares Nacionais, considerando-se cada nível de a) ofertar ajuda financeira de caráter assistencial.
ensino. b) financiar pesquisas não vinculadas às instituições de
c) Temas Transversais como ética, meio ambiente, plu- ensino.
ralidade cultural, trabalho e consumo, dentre outros, de- c) remunerar docentes e demais trabalhadores da edu-
vem ser incluídos nos currículos e propostas pedagógicas cação, quando em desvio de função.
de cada nível da educação básica, em todo território bra- d) a construção e conservação de instalações e equipa-
sileiro. mentos necessários ao ensino.
d) O ensino religioso é obrigatório em todos os níveis e) não financiar o uso e manutenção de bens e serviços
da educação básica no Brasil. vinculados ao ensino.
e) A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
preferencialmente, com a educação profissional, na forma GABARITO: D
do regulamento. COMENTÁRIO: Alternativa D correta, por expressa dis-
posição do art. 70, inciso II, da LDB.
GABARITO: D Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desen-
COMENTÁRIO: Alternativa D está errada, conforme dis- volvimento do ensino as despesas realizadas com vistas à
posição expressa do art. 33 da LDB. consecução dos objetivos básicos das instituições educacio-
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é nais de todos os níveis, compreendendo as que se destinam
parte integrante da formação básica do cidadão e consti- a:
tui disciplina dos horários normais das escolas públicas de (...)
ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade II - aquisição, manutenção, construção e conservação de
cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de instalações e equipamentos necessários ao ensino;
proselitismo.
191
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
QUESTÃO 42 QUESTÃO 44
Ano: 2014 Ano: 2015
Banca: FUNCAB Banca: IESES
Órgão: SEE-AC Órgão: IFC-SC
Prova: Professor EJA I (1º Segmento) Prova: Pedagogia
A LDB, Lei nº 9.394/1996, quanto à educação de jo- O planejamento das atividades pedagógicas inclusivas
vens e adultos, determina que o Poder Público viabilizará deve ter como objetivo propiciar o que está garantido, desde
e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na 1996, na LDBN, Lei 9394, em seu artigo 59. Neste sentido, é ne-
escola,mediante: cessário que o professor:
a) obrigatoriedade pela lei a) Adote o livro didático como ferramenta exclusiva de
b) ações integradas e complementares entre si. orientação dos programas de ensino.
c) incentivo financeiro. b) Ofereça formas padronizadas de ensino, dando prefe-
d) participação em conselhos rência às aulas expositivas
e) auxílio da família. c) Reflita sobre a sua prática pedagógica, para que atenda
às necessidades de todos os alunos.
GABARITO: B d) Propicie uma única forma de avaliação.
COMENTÁRIO: alternativa B correta, por força do art.
37, §2º da LDB. GABARITO: C
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada COMENTÁRIO: As atividades pedagógicas inclusivas devem
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos ser pensadas para garantir o atendimento de todos os alunos, exi-
no ensino fundamental e médio na idade própria. gindo do professor a reflexão acerca de sua prática pedagógica.
(...) Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº
e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações
12.796, de 2013)
integradas e complementares entre si.
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organi-
zação específicos, para atender às suas necessidades;
QUESTÃO 43
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem
Ano: 2015
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental,
Banca: CONSULPLAN
em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em
Órgão: Prefeitura de Duque de Caxias - RJ
menor tempo o programa escolar para os superdotados;
Prova: Auxiliar Administrativo III - professores com especialização adequada em nível mé-
dio ou superior, para atendimento especializado, bem como pro-
Nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educa- fessores do ensino regular capacitados para a integração desses
ção Nacional (LDB nº 9.394/1996), a educação infantil educandos nas classes comuns;
será organizada de acordo com a seguinte regra co- IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
mum: integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas
a) Carga horária mínima anual de 900 horas, distribuí- para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho
das por um mínimo de 200 dias de trabalho educacional. competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins,
b) Controle de frequência pela instituição de educação bem como para aqueles que apresentam uma habilidade supe-
pré‐escolar, exigida a frequência de 75% do total de horas. rior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
c) Atendimento à criança de, no mínimo, cinco horas V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais su-
diárias para o turno parcial e de oito horas para a jornada plementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
integral.
d) Avaliação mediante acompanhamento e registro do QUESTÃO 45
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promo- Ano: 2011
ção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Banca: IF-SP
Órgão: IF-SP
GABARITO: D Prova: Professor – QUESTÃO ATUALIZADA
COMENTÁRIO: Alternativa correta D, conforme previ-
são do art. 31, inciso I, da LDB. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo (LDB) - Lei nº 9.394/1996, não está previsto como dever do Esta-
com as seguintes regras comuns: (Redação dada pela do em relação à educação escolar pública:
Lei nº 12.796, de 2013) a) educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do 17 (dezessete) anos de idade, organizada em pré-escola; ensino
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, fundamental e ensino médio;
mesmo para o acesso ao ensino fundamental; b) Oferta progressiva de educação superior gratuita em
todo o território nacional;
192
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
c) educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, defini-
anos de idade; dos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de
d) atendimento educacional especializado gratuito aos insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi- ensino-aprendizagem.
mento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos X – vaga na escola pública de educação infantil ou de
os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede re- ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda
gular de ensino; criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de
e) acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e idade. (Incluído pela Lei nº 11.700, de 2008).
médio para todos os que não os concluíram na idade própria.
QUESTÃO 46
GABARITO: B Ano: 2015
COMENTÁRIO: Alternativa B é a única não prevista pelo art. Banca: IF-PA
4º da LDB. Esta questão foi atualizada em razão da modificação Órgão: IF-PA
na redação da lei em 2013. Prova: Professor - Pedagogia
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será
efetivado mediante a garantia de: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para 9394/96 (LDBEN) dispõe que a educação profissional
os que a ele não tiveram acesso na idade própria; técnica de nível médio será desenvolvida de acordo
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) com as seguintes formas:
aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte for- a) Articulada com o ensino médio.
ma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) b) Subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) concluído o ensino médio.
b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, c) As normas complementares dos respectivos siste-
de 2013) mas de ensino.
c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
d) As exigências de cada instituição de ensino, nos ter-
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
mos de seu projeto pedagógico.
ensino médio;
e) Todos os itens estão corretos, exceto os itens c e d.
II - universalização do ensino médio gratuito; (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.061, de 2009)
GABARITO: E
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco)
COMENTÁRIO: As alternativas A e B estão corretas, por
anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
estarem de acordo com o art. 36-B da LDB. As alternativas
III - atendimento educacional especializado gratuito aos
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na C e D não estão de acordo com o art. 36-B, mas com o
rede regular de ensino; parágrafo único do mesmo artigo. Assim, por estarem cor-
III - atendimento educacional especializado gratuito aos retas as alternativas A e B e incorretas as alternativas C e D,
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi- aponta-se como resposta a alternativa E.
mento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível
os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regu- médio será desenvolvida nas seguintes formas:
lar de ensino; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - articulada com o ensino médio;
IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crian- II - subseqüente, em cursos destinados a quem já
ças de zero a seis anos de idade; tenha concluído o ensino médio.
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental Parágrafo único. A educação profissional técnica de
e médio para todos os que não os concluíram na idade pró- nível médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº
pria; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) 11.741, de 2008)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes cur-
da criação artística, segundo a capacidade de cada um; riculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
do educando; II - as normas complementares dos respectivos sistemas
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adul- de ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
tos, com características e modalidades adequadas às suas neces- III - as exigências de cada instituição de ensino, nos ter-
sidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem traba- mos de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº
lhadores as condições de acesso e permanência na escola; 11.741, de 2008)
VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental pú-
blico, por meio de programas suplementares de material didático
-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
educação básica, por meio de programas suplementares de
material didático-escolar, transporte, alimentação e assis-
tência à saúde; (Redação dada pela Lei nº 12.796,
de 2013)
193
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
194
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
QUESTÃO 50 GABARITO: D
Ano: 2010 COMENTÁRIO: Alternativa D correta, por expressa previ-
Banca: IF-SE são do art. 2º da LDB, bem como do art. 205 da CF/88.
Órgão: IF-SE LDB - Art. 2º - A educação, dever da família e do Estado,
Prova: Assistente Social inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidarie-
dade humana, tem porfinalidade o pleno desenvolvimento
Do que trata o artigo 26-A, inserido na Lei de Diretri- do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
zes e Bases- LDB nº. 9.394, através da lei 10.639 de 09 de sua qualificação para o trabalho.
janeiro de 2003 e alterado pela redação dada pela Lei nº CF/88 - Art. 205. A educação, direito de todos e dever do
11.645, de 2008: Estado e da família, será promovida e incentivada com a cola-
a) Atendimento educacional especializado gratuito aos boração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
educandos com necessidades especiais, preferencialmente pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
na rede regular de ensino; pluralismo de idéias e de con- qualificação para o trabalho.
cepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à to-
lerância. QUESTÃO 52
b) Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de Ano: 2015
ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o Banca: IMPARH
estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE
c) Será objetivo permanente das autoridades responsá- Prova: Professor - Pedagogo
veis alcançar relação adequada entre o número de alunos
e o professor, a carga horária e as condições materiais do As Leis nº 11.114/2005 e nº 11.274/2006 trouxeram
estabelecimento. alterações significativas para a Lei de Diretrizes e Bases da
d) Oferta de educação escolar regular para jovens e Educação (LDB), nº 9394/1996. Marque a opção que, respec-
adultos, com características e modalidades adequadas às tivamente, apresenta de forma CORRETA das referidas alte-
suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos
rações.
que forem trabalhadores as condições de acesso.
a) A primeira lei alterou a LDB no que diz respeito à in-
e) Conteúdos curriculares e metodologias apropriadas
clusão do ensino da Língua Brasileira de Sinais nos cursos de
às reais necessidades e interesses dos alunos da zona ru-
formação de professores, enquanto a segunda tratou acerca
ral; organização escolar própria, incluindo adequação do
da inclusão de crianças com necessidades educativas espe-
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
ciais nas classes de ensino regular.
climáticas.
b) A primeira lei provocou alterações no sentido de es-
GABARITO: B tabelecer uma base nacional para o currículo, enquanto a
COMENTÁRIO: Alternativa B correta em razão da previ- segunda lei mencionada dispõe sobre o ensino da Língua
são expressa do art. 26-A da LDB. Espanhola.
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental c) A primeira lei objetivou tornar obrigatório o início do
e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório Ensino Fundamental aos seis anos de idade. Enquanto a se-
o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. gunda lei dispõe sobre a duração de 9 (nove) anos para o
Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6
QUESTÃO 51 (seis) anos de idade.
Ano: 2015 d) A primeira lei fez alterações no sentido de contribuir
Banca: IMPARH para a formação de docentes na organização pedagógica do
Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE Ensino Fundamental. Enquanto a segunda lei propôs altera-
Prova: Professor - Pedagogo ções no sentido da oferta de curso de Capacitação de Pro-
fessores da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino
A LDB 9394/96, em seu Art. 2o. apresenta o que se Fundamental na área da surdez.
constitui como objetivos da educação brasileira e para isto,
toma por base o Art. 205 da Constituição Federal de 1988. GABARITO: C
Marque a opção que revela CORRETAMENTE, quais os fins COMENTÁRIO: As alterações previstas pelas leis mencio-
da educação nacional. nadas no art. 32 da LDB são exatamente aquelas relacionadas
a) O desenvolvimento intelectual da pessoa, seu prepa- na alternativa C, conforme se verifica nas citações abaixo.
ro para a vida, para a resolução de problemas e qualificação Art. 32. – REDAÇÃO ORIGINAL: O ensino fundamental,
para o mundo do trabalho. com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito
b) O pleno desenvolvimento cognitivo da pessoa, seu na escola pública, terá por objetivo a formação básica do
preparo para o mundo do trabalho e para a vida. cidadão, mediante:
c) O desenvolvimento humano em seu amplo sentido, Art. 32. - Redação dada pela Lei nº 11.114, de 2005
com foco para a educação formal. -O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos,
d) O pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo obrigatório e gratuito na escola pública a partir dos seis
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o tra- anos, terá por objetivo a formação básica do cidadão me-
balho. diante: (
195
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
196
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
QUESTÃO 56 GABARITO: A
Ano: 2015 COMENTÁRIO: Alternativa A correta, conforme previ-
Banca: NUCEPE são dos Parâmetros Curriculares Nacionais (ensino médio),
Órgão: SEDUC-PI página 17:
Prova: Professor A Base Nacional Comum contém em si a dimensão
de preparação para o prosseguimento de estudos e, como
Segundo a LDBN nº 9.394/96, organizar, manter e de- tal, deve caminhar no sentido de que a construção de com-
senvolver órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas petências e habilidades básicas, e não o acúmulo de esque-
de ensino; assegurar o ensino fundamental e oferecer, com mas resolutivos pré-estabelecidos, seja o objetivo do proces-
prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, so de aprendizagem. É importante, por exemplo, operar com
são incumbências da(os) algoritmos na Matemática ou na Física, mas o estudante
a) União. precisa entender que, frente àquele algoritmo, está de posse
b) Estados. de uma sentença da linguagem matemática, com seleção de
c) Municípios. léxico e com regras de articulação que geram uma signifi-
d)Estabelecimentos de Ensino. cação e que, portanto, é a leitura e escrita da realidade ou
e) Docentes. de uma situação desta. Para tanto, deve-se entender que a
linguagem verbal se presta à compreensão ou expressão de
GABARITO: B um comando ou instrução clara, precisa, objetiva.
COMENTÁRIO: Alternativa B correta, conforme art. 10
da LDB. QUESTÃO 58
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: Ano: 2013
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui- Banca: CEPERJ
ções oficiais dos seus sistemas de ensino; Órgão: SEDUC-RJ
(...) Prova: Professor - Disciplinas Pedagógicas
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, res-
cional, a educação é um dever do Estado, mas também da
peitado o disposto no art. 38 desta Lei; (Redação dada
família. Considerando a responsabilidade da família, e as
pela Lei nº 12.061, de 2009)
alterações intoduzidas na LDB em 2013, é dever dos pais ou
responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação
QUESTÃO 57
básica a partir dos:
Ano: 2016
a) 7 anos
Banca: UFMA b) 6 anos
Órgão: UFMA c) 5 anos
Prova: Pedagogo d) 4 anos
e) 2 anos
O artigo 26 da LDB determina que a construção dos
currículos, do Ensino Fundamental e Médio, precisa articu- GABARITO: D
lar “com uma Base Nacional Comum, a ser complementada, COMENTÁRIO: Alternativa D correta, por expressa dis-
em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar”. So- posição do art. 6º da LDB.
bre a Base Nacional Comum, assinale a opção correta. Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a ma-
a) (...) A Base Nacional Comum contém em si a dimen- trícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (qua-
são de preparação para o prosseguimento de estudos, tro) anos de idade.
caminhando no sentido da construção de competências
e habilidades básicas, e não de acúmulo de esquemas re- QUESTÃO 59
solutivos pré-estabelecidos, como objetivo do processo de Ano: 2013
aprendizagem. Banca: IF-PB
b) (....) Na Base Nacional Comum, o estudo da Língua Órgão: IF-PB
Portuguesa e da Matemática deve ser prioritário e preceder Prova: Assistente de Alunos
o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade
social e do ensino da arte. No Brasil, em termos educacionais, há uma determi-
c) (...) O conteúdo da Base Nacional Comum deve con- nação legal, explicitada pela Lei de Diretrizes e Bases da
templar mais a parte diversificada, exigida pelas caracterís- Educação (LDB), no que concerne à idade mínima para o
ticas regionais e locais da sociedade e da cultura. ingresso na formação em Ensino Médio por meio da Edu-
d) (...) A Base Nacional Comum não deve trazer em si a cação de Jovens e Adultos (EJA), qual seja:
dimensão de preparação para o trabalho. a) 15 (quinze) anos completos.
e) (...) A competência requerida no exercício profissio- b) 21 (vinte e um) anos completos.
nal, seja ela psicomotora, socioafetiva ou cognitiva, não é c) 18 (dezoito) anos completos.
um afinamento das competências básicas e não deve ser d) 12 (doze) anos completos.
prioritário na dimensão da Base Nacional Comum. e) 21 (vinte e um) anos incompletos.
197
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: C QUESTÃO 61
COMENTÁRIO: Alternativa C correta nos termos do art. Ano: 2015
38 da LDB. Banca: IMPARH
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exa- Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE
mes supletivos, que compreenderão a base nacional comum Prova: Professor - Pedagogo
do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
caráter regular. O Decreto Federal nº 5.154/2004, regulamenta o § 2º
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: do Art: 36 e os Artigos 39 a 41 da Lei de Diretrizes e Bases
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os da Educação Nacional (LDB), nº 9394/96 e trata sobre uma
maiores de quinze anos; modalidade de educação. Marque a alternativa que revela
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os qual é CORRETAMENTE.
maiores de dezoito anos. a) Educação Especial.
b) Educação Profissional.
QUESTÃO 60 c) Educação Ambiental.
Ano: 2010 d) Educação à Distância.
Banca: IF-RJ
Órgão: IF-RJ GABARITO: B
Prova: Pedagogo COMENTÁRIO: Alternativa B correta. Vide art. 1º do De-
creto 5.154/2004, abaixo.
Assim como preconizava a Lei Nº 5.692/71 para o en- DECRETO Nº 5.154 DE 23 DE JULHO DE 2004.
sino de 1º e 2º graus, a atual LDB Nº 9.394/96, em seus Art. 1o A educação profissional, prevista no art. 39 da Lei
artigos 37 e 38, também prevê que os jovens e adultos no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e
poderão concluir os ensino fundamental e médio pela via Bases da Educação Nacional), observadas as diretrizes cur-
dos cursos e exames supletivos. Contudo, para os exames riculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Edu-
supletivos, alteram-se as idades mínimas. Analise estas afir- cação, será desenvolvida por meio de cursos e programas de:
mações.
I – Pela atual LDB, aos exames de conclusão do ensino QUESTÃO 62
fundamental poderão se inscrever maiores de dezoito anos Ano: 2015
e para o ensino médio, os maiores de vinte anos. Banca: IMPARH
II – Pela atual LDB, aos exames de conclusão do ensino Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE
fundamental poderão se inscrever maiores de quinze anos Prova: Professor - Pedagogo
e para o ensino médio, os maiores de dezoito anos.
III – A Lei Nº 5.692/71 previa as idades mínimas de de- Um dos avanços proporcionados pela Lei de Diretrizes
zoito anos para o 1º grau e vinte e um para o 2º grau. e Bases da Educação Básica (LDB), Lei nº 9394/96, foi a re-
IV – A Lei Nº 5.692/71 previa as idades mínimas de gulamentação da carga horária para o Ensino Fundamental
quinze anos para o 1º grau e dezoito para o 2º grau. e Médio, a ser cumprida pelas instituições de ensino. Assim,
Após essa análise, pode-se concluir que as afirmações os pais precisam ficar atentos ao cumprimento desta carga
a) I e III são falsas. horária, a fim de garantir o direito de seus filhos. Nesse
b) II e III são verdadeiras. sentido, é CORRETO afirmar.
c) II e IV são falsas. a) A carga horária mínima anual será de 1.000 horas,
d) I e IV são verdadeiras. distribuídas por um mínimo de 220 dias ao ano, de efetivo
e) I e III são verdadeiras. trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames
finais, quando houver.
GABARITO: B b) A carga horária mínima anual será de 880 horas,
COMENTÁRIO: Alternativa B correta, por força do dis- distribuídas por um mínimo de 220 dias de efetivo traba-
posto no art. 38 da LDB. lho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais,
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exa- quando houver.
mes supletivos, que compreenderão a base nacional comum c) A carga horária mínima anual será de 780 horas,
do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em distribuídas por um mínimo de 185 dias de efetivo traba-
caráter regular. lho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais,
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se quando houver.
-ão: d) A carga horária mínima anual será de 800 horas,
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os distribuídas por um mínimo de 200 dias de efetivo traba-
maiores de quinze anos; lho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais,
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os quando houver.
maiores de dezoito anos.
198
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: D GABARITO: A
COMENTÁRIO: Alternativa D correta, conforme art. 24, in- COMENTÁRIO: Alternativa A correta, conforme art. 38,
ciso I, da LDB §2, da LDB.
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exa-
será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: mes supletivos, que compreenderão a base nacional comum
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, dis- do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
tribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho esco- caráter regular.
lar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; (...)
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
QUESTÃO 63 educandos por meios informais serão aferidos e reconheci-
Ano: 2016 dos mediante exames.
Banca: UFMA
Órgão: UFMA QUESTÃO 65
Prova: Técnico Assuntos Educacionais Ano: 2013
Banca: CESPE
Assinale a alternativa que correspondente ao Artigo 58 da Órgão: SEDUC-CE
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de Prova: Professor Pleno I
20 de dezembro de 1996, que passou a ter uma nova redação (+ provas)
dada pela Lei nº. 12.796 de 2013. Assim, entende-se por Edu-
cação Especial para os efeitos da LDBEN: A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes
a) Nível de educação escolar voltado para alunos com De- e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelecem que a
ficiência Intelectual e Transtornos Globais União, os estados, o Distrito Federal e os municípios de-
b) Modalidade de ensino escolar sob o princípio da inclu- vem organizar, em regime de colaboração, seus sistemas
são por meio de salas multifuncionais de ensino, dispondo sobre competências e atribuições dos
c) Modalidade de educação escolar oferecida, preferen-
entes federados e dos sistemas de ensino. A respeito dos
cialmente, na rede regular de ensino, para alunos com defi-
dispositivos constitucionais que tratam do regime de cola-
ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habili-
boração, assinale a opção correta.
dades/superdotação
a) Compete privativamente à União definir as formas
d) Etapa da Educação escolar oferecida obrigatoriamente
de colaboração entre os entes federados na organização
para alunos com Altas Habilidades e em salas multifuncionais
de seus sistemas de ensino para a oferta do ensino obri-
e) Modalidade de educação escolar ofertadas obrigatoria-
gatório.
mente na rede pública para alunos com deficiências múltiplas
b) A oferta de educação básica pública pelos entes fe-
GABARITO: C derados deve priorizar o atendimento a jovens e adultos
COMENTÁRIO: Alternativa C correta, conforme redação sem escolarização.
do art. 58 da LDB c) A União tem o dever de financiar o ensino superior
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos oferecido pelos entes federados.
desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida prefe- d) Os estados e o Distrito Federal deverão atuar, prio-
rencialmente na rede regular de ensino, para educandos com ritariamente, no ensino fundamental e no ensino médio.
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas ha- e) No âmbito educacional, os municípios devem atuar,
bilidades ou superdotação. com exclusividade, na educação infantil e no ensino fun-
damental.
QUESTÃO 64
Ano: 2014 GABARITO: D
Banca: FUNCAB COMENTÁRIO: Alternativa D correta por força do art.
Órgão: SEE-AC 10 da LDB.
Prova: Professor EJA I (1º Segmento) Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
(...)
A LDB, Lei nº 9.394/1996, indica, em seu Art. 38, que “Os sistemas VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreende- prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, res-
rão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prossegui- peitado o disposto no art. 38 desta Lei;
mento de estudos em caráter regular.” Assim, os conhecimentos e
habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais:
a) serão aferidos e reconhecidos mediante exames.
b) somente serão reconhecidos com documentação com-
probatória fornecida pelo aluno.
c) não serão considerados para o prosseguimento dos estudos
d) serão avaliados,mas não serão reconhecidos
e) necessitam de sistematização seriada e comprovada
pormeio de documentos
199
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: B
MTD Treinamento
COMENTÁRIO: Alternativa B correta, conforme art. 32da LDB.
13 de Julho de 2015, às 19h41
O ensino fundamental é a primeira etapa de desenvolvimento
Útil (2)
que tem como finalidade a inserção do aluno na realidade ao
LDB:
seu redor, e o prosseguimento dos estudos posteriormente.
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de
de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos
9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis)
6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do
anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão,
mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se funda-
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fun- menta a sociedade;
damenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se as-
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se as- senta a vida social.
senta a vida social.
Reportar abuso
QUESTÃO 67
Ano: 2015
Banca: CEPERJ
Órgão: SEDUC-RJ
Prova: Professor Docente I - Matemática
(+ provas)
MTD Treinamento
Em seu Artigo 32, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 13 de Julho de 2015, às 19h40
Nacional – LDB preconiza que o ensino fundamental terá por Útil (0)
objetivo a formação básica do cidadão mediante, entre outros Questão equivocada! Autonomia intelectual é para o
fatores, “o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, Ensino Médio, não Fundamental:
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades LDB: Do Ensino Médio
e a formação de atitudes e valores (item III)”. Essa afirmação Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica,
demonstra a ênfase colocada no seguinte aspecto: com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
200
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
201
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: D QUESTÃO 70
COMENTÁRIO: Alternativa D correta, conforme artigo Ano: 2012
27, inciso III da LDB. Banca: PaqTcPB
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica Órgão: UEPB
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: Prova: Técnico de Enfermagem
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social,
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem co- Sobre a estrutura e organização do ensino médio, prevista
mum e à ordem democrática; na LDB 9.394/96 analise as proposições abaixo:
II - consideração das condições de escolaridade dos alu- I - O ensino médio é etapa final da educação básica e pos-
nos em cada estabelecimento; sui duração mínima de três anos.
III - orientação para o trabalho; II - O ensino de pelo menos duas línguas estrangeiras mo-
IV - promoção do desporto educacional e apoio às prá- dernas é exigido, de forma obrigatória, no ensino médio.
ticas desportivas não-formais. III – Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas são dis-
ciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio.
QUESTÃO 69 Está(ão) correta(s):
Ano: 2013 a) I, II e III.
Banca: FUNCAB b) Apenas I e III.
Órgão: SEE-AC c) Apenas I e II.
Prova: Professor - Música d) Apenas II.
e) Apenas II e III.
De acordo como § 1º do art. 5º da LDB nº 9.394/1996,
o poder público, na esfera de sua competência federativa, GABARITO: B
deverá: COMENTÁRIO: Alternativa B correta em razão dos arts. 35
I. recensear anualmente as crianças e adolescentes em e 36 da LDB.
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica,
idade escolar, bem como os jovens e adultos que não con-
com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
cluíram a Educação Básica.
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direi-
II. fazer a chamada pública das crianças e adolescentes
tos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme di-
em idade escolar.
retrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas
III. oferecer destaque aos alunos assíduos.
do conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
IV. zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência
§ 4o Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoria-
à escola dos alunos matriculados.
mente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras
V. exigir a frequência mínima de 80%para os alunos da línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente
Educação Infantil. o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e
Marque a opção que assinala as afirmações corretas. horários definidos pelos sistemas de ensino.
a) Somente I, II e IV Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela
b) Somente II, III e V Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos,
c) Somente I e V. que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes
d) Somente III, IV e V arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto local
e) Somente II, III e IV e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: (Redação
dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
GABARITO: A IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação
COMENTÁRIO: Alternativa A correta de acordo com o dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
art. 5º, §1º da LDB.
Art. 5o O acesso à educação básica obrigatória é di- QUESTÃO 71
reito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo Ano: 2012
de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, Banca: PaqTcPB
entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ain- Órgão: UEPB
da, o Ministério Público, acionar o poder público para exi- Prova: Técnico de Enfermagem
gi-lo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) (+ provas)
§ 1o O poder público, na esfera de sua competência
federativa, deverá: (Redação dada pela Lei nº 12.796, Sobre as competências dos Estados e Municípios em relação à
de 2013) Educação, prevista na LDB 9.394/96, analise as proposições abaixo:
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em I - Cabe aos Municípios oferecer a educação infantil em
idade escolar, bem como os jovens e adultos que não con- creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental.
cluíram a educação básica; (Redação dada pela Lei II - Aos Estados é conferida a responsabilidade de assegu-
nº 12.796, de 2013) rar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino
II - fazer-lhes a chamada pública; médio a todos que o demandarem.
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência III - O Distrito Federal deve assumir as competências refe-
à escola. rentes aos Estados e aos Municípios.
202
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
203
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: C GABARITO: C
COMENTÁRIO: Todas as alternativas estão corretas, con- COMENTÁRIO: Alternativa C correta, conforme art. 24,
forme se verifica do art. 12 abaixo, grifado. inciso V da LDB, grifado abaixo.
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incum- médio, será organizada de acordo com as seguintes regras
bência de: comuns:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; V - a verificação do rendimento escolar observará os se-
II - administrar seu pessoal e seus recursos financeiros; guintes critérios:
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho
- aulas estabelecidas; do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos so-
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de bre os quantitativos e dos resultados ao longo do perío-
cada docente; do sobre os de eventuais provas finais;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de me- b) possibilidade de aceleração de estudos para alu-
nor rendimento; nos com atraso escolar;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, crian- c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me-
do processos de integração da sociedade com a escola; diante verificação do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
QUESTÃO 75
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre-
Ano: 2013
ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo
Banca: IF-PB
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições
Órgão: IF-PB
de ensino em seus regimentos;
Prova: Técnico em Assuntos Educacionais
QUESTÃO 76
Leia o trecho a seguir:
Ano: 2010
“Uma proposta de rompimento com a concepção de ava- Banca: IF-SE
liação que pune e exclui o aluno em direção a uma concepção Órgão: IF-SE
de progresso e desenvolvimento da aprendizagem tem feito Prova: Professor - Pedagogia
parte das mudanças implementadas nas escolas brasileiras
nos últimos anos e está entre as inovações preconizadas pela A Lei nº 9.394/96 (LDBEN), quando regulamenta a or-
nova LDB. (Lei nº 9.394, de 20/12/1996 que estabelece as Dire- ganização da educação nacional, define como incumbên-
trizes e Bases da Educação Nacional).” cias dos estabelecimentos de ensino, a elaboração e execu-
ção de propostas pedagógicas. Para o cumprimento dessa
Considerando os critérios que deverão ser observados em regulamentação normativa:
relação à verificação do rendimento escolar, de acordo com a I. A elaboração da proposta pedagógica da escola deve
LDB, assinale (V) para Verdadeiro e (F) para Falso: ser pautada em estratégias que dêem voz a todos os ato-
( ) Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com res da comunidade escolar: funcionários, pais, professores
atraso escolar. e estudantes;
( ) Aproveitamento de estudos concluídos com êxito. II. A avaliação periódica é imprescindível à adequação
( ) Avaliação contínua e cumulativa de desempenho do de metas e prazos aos resultados obtidos e, também, ao
aluno, com prevalência de aspectos quantitativos sobre os diagnóstico dos avanços da instituição no processo de
qualitativos e dos resultados ao longo do período sobre as transformação da realidade educacional;
eventuais provas finais. III. A proposta pedagógica deve constituir um norte,
( ) Construção de um calendário escolar para a realização um rumo para os destinos da instituição escolar;
das provas, em que os alunos terão mais chance para estudar IV. Proposta pedagógica constitui uma formalidade a
os conteúdos trabalhados ao longo do processo. ser cumprida, conforme regulamentação dos sistemas de
( ) Garantia de mudança das práticas avaliativas dentro do ensino.
contexto educacional, bem como da ação educativa do pro- Estão corretas as proposições:
fessor. a) I, II e III
( ) Obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre- b) I e III
ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo c) II, III e IV
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de d) II, e IV
ensino em seus regimentos. e) III e IV
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: B GABARITO: E
COMENTÁRIO: Alternativa correta B, com fundamento COMENTÁRIO: Todas as alternativas estão corretas,
no art. 32 da LDB. como se verifica do art. 24, inciso V, da LDB.
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e
de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos médio, será organizada de acordo com as seguintes regras
6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica comuns:
do cidadão, mediante: V - a verificação do rendimento escolar observará os se-
guintes critérios:
QUESTÃO 83 a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
Ano: 2015 aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
Banca: IESES quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os
Órgão: IFC-SC de eventuais provas finais;
Prova: Informática - Arquitetura de Computadores/Es- b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos
trutura de Dados/Sistemas Operacionais com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me-
Conforme o Art. 9º da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro diante verificação do aprendizado;
de 1996, é incumbência da União: d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
a) Assumir o transporte escolar dos alunos da rede mu- e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre-
nicipal. ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo
b) Assumir o transporte escolar dos alunos da rede es- rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições
tadual de ensino em seus regimentos;
c) Organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
ções oficiais do sistema federal de ensino e dos Territórios. QUESTÃO 85
d) Elaborar e executar políticas e plano educacionais, Ano: 2015
em consonância com as diretrizes e planos nacionais de Banca: IF-SP
educação, integrando e coordenando as suas ações e as Órgão: IF-SP
dos seus Municípios. Prova: Professor - Pedagogia
207
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curricula- Está(ão) incorreta(s) a(s) afirmativa(s):
res nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; a) Somente II.
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) b) Somente III.
II - as normas complementares dos respectivos sistemas de c) Somente I.
ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) d) Somente I e II.
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos e) Somente II e III
de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
GABARITO: B
QUESTÃO 86 COMENTÁRIO: Considerando que a questão pede para
Ano: 2015 que se indique a incorreta, a alternativa a ser apontada é
Banca: IF-SP a B,pois a afirmativa III não se refere às formas como será
Órgão: IF-SP desenvolvida a educação profissional (art. 36-B), mas sim
Prova: Professor - Pedagogia ao que ela deverá observar (art. 36-B, parágrafo único).
Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível mé-
Segundo a Lei nº 9394, de 1996, a respeito do tema “diplo- dio será desenvolvida nas seguintes formas:
mas”, é incorreto afirmar que: I - articulada com o ensino médio;
a) Os diplomas de cursos de educação profissional técnica II - subseqüente, em cursos destinados a quem já tenha
de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e concluído o ensino médio.
habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior. Parágrafo único. A educação profissional técnica de ní-
b) Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando vel médio deverá observar:
registrados, terão validade nacional como prova da formação I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes cur-
recebida por seu titular. riculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de
c) Os diplomas de graduação expedidos por universidades Educação;
estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que II - as normas complementares dos respectivos sistemas
tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitan-
de ensino;
do-se os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação.
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos ter-
d) Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos
mos de seu projeto pedagógico.
por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por
universidades que possuam cursos de pós-graduação reconhe-
QUESTÃO 88
cidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível
Ano: 2015
equivalente ou superior.
Banca: NUCEPE
e) Os diplomas expedidos pelas universidades e aqueles
conferidos por instituições não-universitárias serão registrados Órgão: SEDUC-PI
pelo Conselho Nacional de Educação. Prova: Professor
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
209
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
QUESTÃO 92 GABARITO: D
Ano: 2014 COMENTÁRIO: Alternativa D correta, conforme dispos-
Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) to no art. 9º, inciso II, da LDB.
Órgão: IF-SP Art. 9º A União incumbir-se-á de:
Prova: Professor - Pedagogia (...)
(+ provas) II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
ções oficiais do sistema federal de ensino e o dos Territórios;
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional prevê
as hipóteses que tornam facultativa para o aluno a prática de QUESTÃO 94
educação física na educação básica. Ano: 2015
Entre essas hipóteses, NÃO se inclui o fato de Banca: IESES
a) o aluno ser maior de 30 anos de idade. Órgão: IFC-SC
b) o aluno ter prole. Prova: Pedagogia – Educação Infantil
c) o aluno cumprir jornada de trabalho igual ou superior
a seis horas. No Brasil, a formação de professores que atuam na
d) o aluno frequentar regularmente academia de ginástica. educação básica tem sido objetivo de inúmeras reflexões,
sobretudo a partir da década de 1990, com a aprovação
GABARITO: D da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº
COMENTÁRIO: Alternativa D correta, em razão do dispos- 9.394/96) que estabeleceu as diretrizes e bases da educa-
to no art. 26, §3º, da LDB. ção nacional. Essa lei determina no seu artigo 62 que:
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fun- a) A formação de docentes para atuar na educação bá-
damental e do ensino médio devem ter base nacional comum, sica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de
a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada graduação plena, em universidades e institutos superiores
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida de educação.
pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, b) A formação de docentes para atuar na educação bá-
da economia e dos educandos. sica far-se-á em nível superior, em curso de bacharelado, de
(...); graduação plena, em universidades e institutos superiores
§ 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da de educação.
escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, c) A formação de docentes para atuar na educação bá-
sendo sua prática facultativa ao aluno: sica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior graduação curta, em universidades e institutos superiores
a seis horas; de educação.
II – maior de trinta anos de idade; d) A formação de docentes para atuar na educação bá-
III – que estiver prestando serviço militar inicial ou sica far-se-á em nível médio, em curso de bacharelado, de
que, em situação similar, estiver obrigado à prática da graduação plena, em universidades e institutos superiores
educação física; de educação.
IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de ou-
tubro de 1969; GABARITO: A
V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de COMENTÁRIO: Alternativa A correta, conforme art. 62
1º.12.2003) da LDB.
VI – que tenha prole. Art. 62. A formação de docentes para atuar na edu-
cação básica far-se-á em nível superior, em curso de licen-
QUESTÃO 93 ciatura, de graduação plena, em universidades e institutos
Ano: 2015 superiores de educação, admitida, como formação mínima
Banca: IESES para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5
Órgão: IFC-SC (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida
Prova: Pedagogia – Educação Infantil em nível médio na modalidade normal. (Redação dada pela
Conforme o Art. 9º da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de Lei nº 12.796, de 2013)
1996, é incumbência da União:
a) Assumir o transporte escolar dos alunos da rede esta-
dual.
b) Assumir o transporte escolar dos alunos da rede mu-
nicipal.
c) Elaborar e executar políticas e plano educacionais, em
consonância com as diretrizes e planos nacionais de educa-
ção, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus
Municípios.
d) Organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
ções oficiais do sistema federal de ensino e dos Territórios.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
211
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: D GABARITO: A
COMENTÁRIO: Alternativa D correta, conforme artigo COMENTÁRIO: Alternativa A errada em razão do dis-
43 da LDB. posto nos arts. 12 e 13 da LDB. O previsto na alternativa A
Art. 43. A educação superior tem por finalidade: é incumbência do estabelecimento de ensino. Os demais,
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação do docente.
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecno- Art. 12. Os ESTABELECIMENTOS DE ENSINO, respeita-
logia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, de- das as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão
senvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; a incumbência de:
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao
QUESTÃO 99 juiz competente da Comarca e ao respectivo representante
Ano: 2006 do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem
Banca: IPAD quantidade de faltas acima de 50% do percentual permitido
Órgão: SEDUC-PE em lei.
Prova: Pedagogo Art. 13. Os DOCENTES incumbir-se-ão de:
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelecimento de ensino;
Nº . 9394/96: II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a pro-
a) extingue a organização de turmas por série nos es- posta pedagógica do estabelecimento de ensino;
tabelecimentos e sistemas de ensino. III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
b) considera a Educação de Jovens e Adultos (EJA) o IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alu-
terceiro nível do ensino básico. nos de menor rendimento;
c) preconiza que a avaliação deve privilegiar aspectos V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos,
qualitativos frente aos quantitativos. além de participar integralmente dos períodos dedicados ao
d) torna compulsória a profissionalização em toda a planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissio-
Educação Básica pública ou privada. nal;
e) proclama que a educação infantil é direito líquido e VI - colaborar com as atividades de articulação da esco-
subjetivo de todo cidadão brasileiro. la com as famílias e a comunidade.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
GABARITO: E
COMENTÁRIO: Alternativa E correta por força do dis-
posto na Lei 11.645/2008.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por institui-
ções não-universitárias serão registrados em universidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.
§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por universidades públicas
que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou
equiparação.
§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos
por universidades que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em
nível equivalente ou superior.
QUESTÃO 124
Ano: 2015
Banca: FUNCERN
Órgão: IF-RN
Prova: Técnico em Química
(+ provas)
GABARITO: D
COMENTÁRIO: Alternativa D correta, por força do disposto no art. 44 da LDB.
Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas:
I - cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que aten-
dam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou equi-
valente;
II - de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados
em processo seletivo;
III - de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento
e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino;
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.
QUESTÃO 125
Ano: 2015
Banca: IMPARH
Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE
Prova: Professor - Pedagogo
Os professores, força motriz de todo o processo educacional, foram contemplados, por força de lei, com o Piso Salarial
Profissional Nacional, infelizmente, contestado judicialmente por alguns governadores. Observe o diálogo abaixo:
222
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Recentemente foi aprovado um documento legal que O Ministério da Educação se mobilizou de forma ar-
aponta para a necessidade de fazermos justiça aos profis- ticulada com os demais entes federados e instâncias re-
sionais da educação, definindo com clareza e objetividade presentativas do setor educacional, direcionando o seu
a meta que trata da valorização profissional, de forma que trabalho em torno do plano em um movimento inédito:
assegure formação e salário digno, tornando a carreira do referenciou seu Planejamento Estratégico Institucional
magistério atrativa. Estamos falando de qual documento? e seu Plano Tático Operacional a cada meta do PNE, en-
a) Plano Estadual de Valorização do Magistério. volveu todas as secretarias e autarquias na definição das
b) Plano Nacional de Valorização Docente. ações, dos responsáveis e dos recursos. A elaboração do
c) Plano Nacional de Educação. Plano Plurianual (PPA) 2016-2019 também foi orientada
d) Plano de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. pelo PNE.
GABARITO: C
COMENTÁRIO: O Plano Nacional de Educação
(2014/2024) atualmente em movimento.
O Plano Nacional de Educação (PNE) determina dire-
trizes, metas e estratégias para a política educacional dos
próximos dez anos.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ANOTAÇÕES
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