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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO
DIRETORIA DE OBRAS MILITARES

RELATÓRIO DE IMPLEMENTAÇÃO DO BIM NO EXÉRCITO BRASILEIRO

1. FINALIDADES
- Dentro do contexto da Estratégia BIM-BR, o presente documento visa discriminar de
maneira sucinta o processo de implementação do BIM no Exército Brasileiro (EB).

2. OBJETIVOS
- Apresentar, dentro do contexto da Estratégia BIM-BR, o perfil atual do EB, principais
habilidades adquiridas, assim como suas maiores dificuldades.

3. AMBIENTAÇÃO
- No âmbito do EB, a Diretoria de Obras Militares (DOM) é o órgão de apoio técnico-
normativo do Departamento de Engenharia e Construção (DEC), incumbido de
superintender todas as atividades relacionadas a obras militares.

- A estrutura do Sistema de Obras Militares (SOM) é formada por um conjunto de


macroprocessos finalísticos sob responsabilidade normativa e gerencial da DOM. É
gerenciado todo o ciclo de vida das obras públicas sob administração do EB, indo desde a
concepção até a demolição, cumprindo as fases de estudo de viabilidade de implantação,
anteprojeto, projeto, planejamento, licitação, contratação, acompanhamento, fiscalização,
controle e conclusão das obras e, após sua entrega, também a fase de manutenção.

- Para isso, a DOM conta com 12 Organizações Militares (OM), denominadas Comissões
Regionais de Obras (CRO) ou Serviços Regionais de Obras (SRO), localizadas em 12
capitais brasileiras. As funções dessas unidades se relacionam com a execução, no âmbito
do EB, das tarefas relacionadas às obras militares, pertinentes às atividades de construção,
am- pliação, reforma, adaptação, reparação, restauração, conservação, demolição e remoção
de benfeitorias e instalações.

- A existência de uma CRO/CO/SRO para cada Região Militar (RM) faz com que a
localização de cada uma delas esteja na sede de cada RM demarcada na figura que segue.

(Relatório de implementação BIM no EB página 1de 13)


Distribuição das Regiões Militares no território

OM Sede OM Sede
CRO/1 Rio de Janeiro/RJ CRO/7 Recife/PE
CRO/2 São Paulo/SP CRO/8 Belém/PA
CRO/3 Porto Alegre/RS CO/3 Gpt E Campo Grande/MS
SRO/4 Belo Horizonte/MG SRO/10 Fortaleza/CE
CRO/5 Curitiba/PR CRO/11 Brasília/DF
SRO/6 Salvador/BA CRO/12 Manaus/AM

- Uma CRO/CO/SRO é estruturada em seções que se subordinam ao chefe da OM,


geralmente exercida por um Tenente-Coronel ou Coronel do Quadro de Engenheiros
Militares (QEM). Geralmente, a estrutura de uma CRO é a descrita conforme figura qye
segue:

A Seção Técnica é a principal responsável pela atividade-fim da OM. Geralmente o

chefe da Seção Técnica é um Major ou Capitão do QEM que coordena as atividades dos
engenheiros, arquitetos e técnicos.

(Relatório de implementação BIM no EB página 2 de 10)


- A Seção Administrativa e a Secretaria se ocupam da atividade-meio, com a primeira se
ocupando da vida vegetativa e as aquisições - licitações de obras incluídas - e a segunda se
ocupando da gestão do pessoal.

4. HISTÓRICO DA ADOÇÃO DO BIM


- Pode-se dizer que a adoção do BIM no SOM vem ocorrendo em 2 (duas) etapas contínuas
e paralela:

 Uma etapa centralizada no fluxo de informações administrativas de forma


colaborativa ao longo do ciclo de vida das edificações militares em consonância com
os macroprocessos administrativos do SOM, o que tem sido feito por meio do
desenvolvimento do Sistema Unificado do Processo de Obras (OPUS), uma plataforma
BIM para gestão de patrimônio jurisdicionado ao Exército Brasileiro (EB); e

 Outra voltada para as informações técnicas dos projetos atreladas ao modelo


geométrico.

4.1 OPUS - Plataforma BIM para gestão de patrimônio jurisdicionado ao EB

- O desenvolvimento e a adoção do OPUS visou suprir uma lacuna existente no SOM.


NASCIMENTO et al. (2015, 2016) afirma que, antes do desenvolvimento do OPUS, a DOM
não tinha uma solução integrada para gestão da informação da construção em benefício da
gestão do próprio ambiente construído do EB.

- O patrimônio público da União jurisdicionado ao EB está ligado a mais de 650 OM,


perfazendo uma área equivalente a cerca de 85% do Estado de Sergipe. Tratam-se de
aproximadamente 76.000 construções com suas respectivas infraestruturas. Desta forma,
requerer-se-ia da DOM que as decisões fossem baseadas em informações e dados confiáveis
que estivessem disponíveis em tempo real, desde os níveis operacionais até os estratégicos.

- O não atendimento a esta premissa vinha prejudicando diretamente o atingimento do


objetivo do sistema junto aos seus principais clientes. NASCIMENTO et al. (2015, 2016)
também relata que o tempo gasto e a quantidade de ofícios, documentos e ligações
telefônicas para troca de informações sobre as obras era grande, porém de maneira ineficiente
e, por vezes, ineficazes.

- Outros fatores, como a demanda crescente por projetos da DOM e de suas OM e a


complexidade inerente aos aspectos legais, técnicos, normativos e de sustentabilidade
impostos às contratações públicas, juntamente com requisitos atinentes aos princípios

(Relatório de implementação BIM no EB página 3 de 10)


constitucionais de eficiência, moralidade, publicidade, transparência e impessoalidade no
serviço público, também requeriam a incorporação de tecnologias capazes de prover
condições para uma governança muito mais eficiente.

- Assim, em 2008, o OPUS foi criado e desenvolvido a partir de então, encontrando-se ainda
em contínua evolução (NASCIMENTO et al., 2016). Trata-se de uma integração de uma
Enterprise Resource Planning (ERP) com modelos de informação de construção tendo como
base um Sistema de Informação Geográfica. Possui funcionalidades específicas de
modelagem geométricas bem como funções de gerenciamento de contabilidade pública e de
produção e negócios.

- As figuras a seguir mostram algumas telas do OPUS, enfatizando suas aplicações no


gerenciamento de obras mediante a integração entre modelos de construção e sistemas de
informações geográficas.

Tela de controle patrimonial do OPUS. Fonte: DOM

(Relatório de implementação BIM no EB página 4 de 10)


Figura 1 - Tela de um plano diretor 3D do OPUS. Fonte: DOM
- KASSEM e Leusin (2017) reconheceram o OPUS como único em nível mundial na
tecnologia BIM - colaboração on-line, padrões e protocolos - para o setor público e de
infraestruturas, em estudo preparado no âmbito do Programa de Diálogos Setoriais União
Europeia - Brasil, sob os auspícios do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo Brasileiro.

Figura 2 - Ficha simplificada de situação fisico-financeira de obra fornecida pelo OPUS. Fonte: DOM

(Relatório de implementação BIM no EB página 5 de 10)


4.2 BIM nos projetos militares

- A adoção da metodologia BIM em projetos militares iniciou com a adoção de programas


de modelagem BIM na DOM a partir de 2010, com o objetivo de melhoria da qualidade dos
projetos principalmente com relação a novas construções. Desde então, iniciaram-se novas
ações para treinamento do pessoal, tanto orgânico da DOM como das CRO/SRO, bem como
o desenvolvimento de uma biblioteca básica de componentes de arquitetura para a
elaboração dos modelos, chamada de NormaDOM.

- Na DOM, principalmente em sua Seção de Projetos, modelos de construção eram


desenvolvidos, para extração de quantitativos (Figura 3) , não somente como auxílio à
orçamentação, mas também para estudos de projetos de obras estratégicas.

Figura 3 - Modelo de construção para levantamento de quantitativos - Bloco I do Quartel General do Exército.
Fonte: Acervo da CRO11

- Com o crescimento do uso de ferramentas de modelagem pelo SOM, A DOM sentiu a


necessidade de padronizar o uso de ferramentas de modelagens. Assim, em 2014/2015,
passou a ser obrigatório a utilização de um programa da plataforma BIM - no caso, o Revit
Architecture nos projetos de arquitetura.

- Na ocasião, enquanto o OPUS vinha e ainda vem sendo empregado com muito sucesso no
âmbito do EB, a utilização a adoção do BIM estava desenvolvendo-se com diferentes níveis
de maturidade entre as OM do SOM. Mesmo aquelas que passaram por uma adoção mais

(Relatório de implementação BIM no EB página 6 de 10)


antiga (CRO5), que já trabalha com modelos ferderados (Figura 4), vêm passando por
dificuldades no atingimento de uma plena adoção do BIM.

Figura 4 - Modelo arquitetônico (à esquerda) e estrutural (à direita) de prédio residencial. Fonte: Acervo da CRO5.

- Cabe ressaltar a experiência doutrinária realizada pela Diretoria de Projetos de Engenharia


(DPE) na adoção da metodologia BIM por meio do Projeto do Supremo Tribunal Militar
(STM) em Braília-DF.

5. CENÁRIO ATUAL
- A partir da adoção oficial do OPUS como solução para gestão do ambiente construído do
EB, a sua utilização pode ser classificada como exitosa. Hoje, todas as Comissões de Obras
já o utilizam integralmente nas áreas de controle e gerência de obras.

- Quanto à utilização de ferramentas BIM no desenvolvimento de projetos pelas


CRO/CO/SRO, embora a DOM tenha envidados esforços no sentido de aumentar os
treinamentos da ferramenta e de compra de licenças de softwares.

Tal constatação se deve aos fatos apresentados a seguir:

 as CRO/CO/SRO encontram-se em diferentes níveis de maturidade no uso das


ferramentas BIM, ou seja, algumas apresentam melhores desempenhos comparados
com outras;

(Relatório de implementação BIM no EB página 7 de 10)


 o modelo BIM da obra ainda não é utilizado durante a etapa de execução da obra,
para fins de acompanhamento, por exemplo;

 uma vez concluída a obra, o modelo BIM não é adequado para representar as
alterações que costumam surgir durante a execução. Desta forma, não é possível
adotar o mesmo para planejar, de maneira fidedigna, as manunteções da edificação
construída; e

 Necessidade de que soluções BIM para casos de uso específicos considerem aspectos
como: processos, procedimentos, infraestrutura, software e capacitação.

- Como principais habilidades, pode-se destacar que atualmente as CRO/SRO possuem em


seus quadros, técnicos capazes de desenvolver seus projetos em BIM, de maneira satisfatória,
por meio dos softwares REVIT (arquitetura), EBERICK e TQS (estrutural) QI BUILDER
(hidrossanitário, incêndio, elétrica, SPDA e lógica).

- Quanto às dificuldades podem-se citar:

 técnicos ainda não acostumados com a utilização da ferramentas, haja vista que até
pouco tempo utilizavam outras ferramentas na elaboração de projetos;

 como consequência da falta de costume, os técnicos demoram mais tempo no


desenvolvimento do projeto;

 como consequência da falta de costume, a modelagem não reflete o objeto a ser


contratado de maneira fidedigna.

 A grande rotatividade do corpo técnico das CRO/SRO entre civis e militares, requer
uma solução sustentável à capacitação básica.

- Outras dificuldades poderiam ser citados, porém percebe-se que a maioria delas estão
relacionadas, ainda, com a falta do nível de conhecimento desejado das ferramentas.

- Por último, destaco que as informações apresentadas acima tem como única função
alimentar o Ministério da Economia para que possa planejar as suas próximas ações.

6. PROJETO DE CONSOLIDAÇÃO DA METODOLOGIA BIM NO SOM

- Com intuito de consolidar a metodologia BIM no SOM, proporcionando uma sistemática


que permita a elevação do nível de maturidade do BIM, foi criado o projeto BIM-SOM.

- O Projeto BIM-SOM encontra-se em fase de planejamento e irá alinhar-se à Estratégia


BIM-BR e aos trabalhos do Grupo de Trabalho de Projetos Pilotos da Estratégia BIM-BR.

(Relatório de implementação BIM no EB página 8 de 10)


- O Projeto visa desenvolver uma infraestrutura de cooperação que permita a elevação do
nível de maturidade BIM, mas que também funcione como um instrumento de pesquisa,
inovação e melhoria contínua.

7. REFERÊNCIAS

- MICELI JUNIOR, Modelagem da informação da construção para gestão de obras de


infraestrutura de Defesa (Monografia de qualificação ao doutorado), Rio de Janeiro, IME, 2018.

- http://www.opus.eb.mil.br/cobra-grp-web/pages/privado/index.jsf - sítio do OPUS.

- http://www.opus.eb.mil.br/cobra-grp-web/pages/privado/index.jsf - Manual do Sistema OPUS

Brasília, 29 julho de 2019.

LEONARDO MATTA MOURA – Cap QEM


Adjunto da Seção Técnica da CRO/11

ROBERTO PORTELA DE CASTRO – TC QEM


Adjunto de Gabinete da DOM

(Relatório de implementação BIM no EB página 9 de 10)

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