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Índice:
Ribeirão Pires, outubro de 2008 Apresentação 04

Introdução 06
Esta cartilha é uma produção do Sindicato
dos Trabalhadores na Educação Municipal I - Assédio Moral 09
Conceito e definição 10
Rua Domingos Balzani, 254 b - Centro - Ribeirão Pires - SP.
CEP: 09400-060 - Fone: 11-4825 5022 Característica 10
e-mail: sineduc@yahoo.com.br / sineduc.feproem@hotmail.com
��������������������������� Evolução 11
Formas de Assédio Moral no trabalho 12
Perfil (médio) das vítimas 15
Estatísticas a respeito de Assédio Moral 16
Perfil (médio) do Agressor 17
Danos do Assédio Moral à Saúde 18
O diagnóstico de doenças causadas por Assédio Moral 19
Sintomas causados por Assédio Moral 20
A união pode vencer o Assédio Moral 21
Lei Nº 4.816 - Penalidades À prática de Assédio Moral 22

II - Síndrome de Burnout 24
Conceito 25
Definições 25
Caracterização e Desenvolvimento 26
Três componentes da Síndrome 27
Burnout no setor de educação 28
Facilitadores para a Síndrome 29
Manifestações da Síndrome 30
Combatendo o Burnout 31
Veja 13 dicas úteis para quem trabalha sob tensão 32
Pesquisa e Elaboração: Valdir Gomes da Silva
(Ex-dirigente da FENTECT - Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos
- Ex-monitor de Formação Sindical do CES - Centro de Estudos Sindicais III - Espelho 33
-Graduando em Pedagogia pela Universidade de São Paulo)
IV - Resolução do Conselho Federal de Medicina 35
Capa: Stefanato
Arte: Estefano e Eton V - Pesquisa feita entre educadores na Estância Turística de Ribeirão Pires 40

Diagramação: José Bergamini Referências Bibliográficas: 42


 
Apresentação

E
sta cartilha nasceu de um esforço de entendi-
“Se muito mento e combate a dois flagelos que vêm as-
O objetivo da Cartilha é alertar os servidores sobre
estes temas, e se esta puder dar visibilidade a estes ma-

vale o já fei- solando os trabalhadores e, em particular os da les cumprirá seu papel. Na abordagem sobre o Assédio
educação, o Assédio Moral e a Síndrome de Bur- Moral, nos inspiramos fundamentalmente no trabalho
to, mais vale nout. Estes fenômenos têm implicações sérias para estes de pesquisa da Drª Margarida Barreto, publicado sob
profissionais, comprometendo gravemente sua vida pro- o título “Uma Jornada de Humilhações”; e também
o que será!” fissional, pessoal, social e sua saúde física e mental a tal nos apoiamos no trabalho do Dr. Mauro A. de Mou-
Milton Nascimento ponto que podem levar à morte as suas vítimas! ra. Quanto ao Burnout, nossa referência foi a grande
e Fernando Brant pesquisa feita pela UNB – Universidade de Brasília, sob
O Sineduc, desde sua fundação vem denunciando e a supervisão de Wanderley Codo, encomendada pela
combatendo estas chagas. Neste espírito trouxe a Ribei- CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Perla de Freitas
rão Pires, em 2003, renomados especialistas, como o Ph.D Educação, publicada no livro “Educação, carinho e tra- Presidente do Sineduc e
Roberto Heloani – UNICAMP/FGV para discutir o Assédio balho”, entre várias outras fontes citadas em Referên- Tesoureira da Federação dos
Moral, e também a Profª Dra Beatriz De Marco - PUC/SP cias Bibliográficas. Entretanto, não basta só conhecer. Profissionais de Educação
falando do Burnout, e contribuiu decididamente tanto Municipal do Estado de São
Para defendermos nossa saúde e dignidade, é preciso
para a elaboração da Lei Municipal nº4816/05, que coíbe Paulo - FEPROEM
combatê-los; e a cartilha contêm informações básicas
e pune a prática de Assédio Moral na Administração Mu- nesse sentido.
nicipal, como para a sua aprovação.
Por fim, agradecemos imensamente a Profª Drª Beatriz
Resulta também do amadurecimento da CIPA que De Marco e ao Ph.D. Roberto Heloani, que nos propicia-
recentemente deu um salto de qualidade com o enga- ram uma importante contribuição para o entendimento
jamento maior de seus membros no sentido de cumprir desses fenômenos. Particularmente, a Profª Dra Margari-
com suas funções. CIPA e Sindicato, dois organismos da Barreto, que, além das brilhantes palestras continua a
distintos, unidos em defesa da saúde dos trabalhadores. nos brindar com sua generosa solidariedade. Que todos
Essa convergência articulada demonstra que podem, possam se municiar com esta cartilha para erradicarmos
necessitam e devem construir a unidade na ação, por estas chagas. “Leia, reflita, converse com os amigos a
ter o mesmo objetivo. respeito; defenda-se!”.

 
Introdução ral” e “tirania no trabalho”. Palavras que
servem para nomear essas inaceitáveis
e PTSD, por exemplo” (Moura, 2002).
São esses os pressupostos do Burnout
agressões à dignidade humana. E “ao no- e do Assédio Moral. Não podem ser con-
mear o que sentimos, podemos lidar com fundidos com o stress ou o conflito natural

A
ssédio Moral e Burnout. Duas Moral são novos, seus fenômenos não o o que sentimos, podemos entendê-lo, entre colegas, nem com um destempero
novas palavras adicionadas a são. O estudo do primeiro tem quase a enfrentá-lo, saber dos seus limites” (Me- ocasional da chefia ou sua postura mais
contragosto em nosso voca- idade da própria Psicologia, sendo tratado neses, 1998.). incisiva na direção do processo de traba-
bulário. Grosso modo, o pri- até então como stress. Quanto ao segun- lho. O stress é um esgotamento pessoal
São distintos entre si, porém não dei-
meiro se refere a um perverso processo do, “... é tão antigo quanto o trabalho. que afeta a vida do indivíduo e não neces-
xam de complementar-se, alimentando-se
de humilhações e constrangimentos; e A novidade reside na (sua) intensificação, sariamente sua relação com o trabalho. O
reciprocamente. Podem manifestar-se as-
o segundo é a síndrome da desistência: gravidade, amplitude e banalização e na Burnout difere por apresentar condutas
sociados ou independentes um do outro,
do “deixar de funcionar por exaustão de abordagem que tenta estabelecer o nexo- negativas em relação ao trabalho: é uma
resultando numa relação de causa e efei-
energia”. E como toda causal com a organiza- experiência subjeti-
to, do mesmo con- ...Assédio é a intencio-
palavra nova tende a vi- Assédio Moral e ção do trabalho e tratá- va. A incompreensão
texto ambientes de
rar moda, essas também Burnout... Grosso lo como não inerente ao
trabalho opressivos nalidade e repetição de de suas complexi-
não deixaram de cumprir trabalho. A reflexão e o dades implicaria em
o rito. Entretanto, se por modo, o primeiro se debate sobre o tema são e/ou degradantes. O hostilidades...Bournout reducionismos, que
que define o Assédio
um lado, todo modismo refere a um perverso recentes no Brasil, tendo
é a intencionalidade é o ápice do estresse na prática os rebai-
leva a uma certa vulga- ganhado força após a xariam às suas fases
rização daquilo que os
processo de humilha- pesquisa realizada por
e repetição de hosti- ocupacional...
intermediárias: dano
lidades por certo pe-
originou, por outro, “... ções e constrangimen- Margarida Barreto. Tema moral, isto é, agressão pontual; e o stress,
ríodo; e o Burnout é o ápice de um longo
as modas não são fortui- da sua dissertação de dificultando o estabelecimento do nexo
tas, respondem de algu-
tos; e o segundo, é a Mestrado em Psicologia e, muitas vezes, não percebido processo
causal, suas caracterizações como doen-
de stress ocupacional, em que o sujeito
ma forma às demandas síndrome da desistência Social, foi defendida em ças do trabalho e seu combate eficaz.
envolvido afetivamente com seu trabalho
sociais, dirigem os olhos 2000 na PUC/ SP, sob o
“se desgasta e, num extremo, desiste, Esse quadro, que é uma situação dra-
do pesquisador para os tempos em que título ‘Uma jornada de humilhações’”.
não agüenta mais, entra em burnout”. mática para qualquer trabalhador, na
vive (...)” (Codo, 1999).
O Burnout não tem uma definição úni- Portanto, suas determinantes estão no Educação assume ares de tragédia. Ao
Daí que as universidades, as clínicas, ca, oscilando para algo como “‘perder o contexto organizacional do trabalho e das tiranizar sua vítima, o agressor degrada
imprensa, escritórios de advocacia, tribu- fogo’, (...) ou ‘queimar completamente’” relações dele decorrentes: os chamados o ambiente de trabalho, afetando a to-
nais, e, fundamentalmente, os sindicatos, mas sua nomenclatura é quase universal; fatores psico-sociais, conceito que “faz dos por extensão. O que não deixa de
todos ligados de uma forma ou outra às a do Assédio, porém, varia de país. No referência às condições que se encontram ser também seu objetivo: o exemplo. Se
questões de saúde e do mundo do tra- geral é chamado de “mobbing”, termo em qualquer relação laboral, estando re- a afetividade é um atributo indissociável
balho, os têm debatido a exaustão por derivado de “mob” (horda, plebe, tur- lacionadas com a organização do traba- a qualquer atividade humana, ela é ine-
suas dimensões e gravidade. A ponto de ba, gentalha), “provém do verbo inglês lho, conteúdo do trabalho e a realização rente ao próprio trabalho. E muito mais,
diversos estudiosos caracterizarem o Bur- to mob, que, dentre outras coisas, sig- da tarefa. Têm capacidade de afetar tan- num trabalho que implica o cuidar como
nout como “uma epidemia na educação” nifica assediar, sitiar, atacar e perseguir” to o bem estar e a saúde física, psíquica e a educação, isto é, exige para sua própria
e/ou “a síndrome do século 21” mesma (Guedes, 2000). Nos EUA e Inglaterra: social do(a) trabalhador(a) como a realiza- realização um alto grau de envolvimento,
opinião têm a OIT e a OMS sobre o Assé- “harassment”, “bullying” e “terror psico- ção do trabalho. Logo, condições psico- emoção e sentimento. Daí que Assédio e
dio Moral. Muitos, inclusive, os qualificam lógico”; na França, “harcèlemet moral”; sociais inadequadas estão na origem(...) o Burnout atuam negativamente sobre a
como questões de saúde pública por seus “ijime” pelos japoneses; “psicoterror ou de condutas e atitudes inadequadas bem subjetividade, fazendo com que suas víti-
efeitos amplos e devastadores. acoso moral” nos de língua espanhola. como conseqüências para a saúde (...) mas tenham seu ciclo de afetividade rom-
 Se os conceitos de Burnout e Assédio Aqui, o conhecemos como “violência mo- dos(as) trabalhadores(as): Stress, Burnout pido, pois a humilhação causa dor, tristeza 
e sofrimento. Curiosamente, as vítimas, Proliferam-se os programas de qualidade
ao contrário do que possa sugerir o senso total; funcionário vira “colaborador”, exi-
comum, não são os menos produtivos ou ge-se dele a multifuncionalidade. Prestidi-
incompetentes. Paradoxalmente, são os gitadores promovem ao estilo Wall Mart
mais ativos, criativos, produtivos, dedi- (campeão de violações de direitos traba-
cados, corajosos e solidários. Reagem ao lhistas nos EUA) palestras tipo “auto-aju-
autoritarismo, por isso sofrem a tirania. da” nas quais passam a idéia de que “ven-
ce quem quer”, culpabilizando assim, os
Combater esses flagelos interessa aos que tropeçam no caminho do “sucesso”.
trabalhadores, suas vítimas reais e poten- Mesmo que o “tropeço” seja na verdade o
ciais. Porém, interessa também a qualquer empurrão ladeira abaixo do Assédio Moral
administrador que não faz do psicoterror e a doença do Burnout.
uma estratégia de
gestão, o que não Combater esses flagelos No serviço públi-
é incomum. Mesmo co estes fenômenos
interessa aos
porque, num am- ganham mais força
biente de trabalho trabalhadores, suas e espaço. Paradoxal-
degradado ocorre
vítimas reais e potenciais... mente, são nos car-
um aumento de do- gos intermediários
enças ocupacionais, afastamentos médi- de chefia, ocupados por funcionários de
cos, absenteísmo físico e/ou psicológico carreira, que se proliferam, com maior
(estar, mas não estar) que comprometem incidência os tiranos, que não podendo
a produtividade e qualidade do trabalho. demitir à toa, passam a perseguir, humi-
Além de ser obrigação do gestor comba- lhar. Somam-se a isto desvalorização so-
tê-los, conforme o inciso XXII do art. 7º da cial, baixos salários, exclusão das decisões
Constituição e de toda infra-legislação so- institucionais, sendo o trabalhador conce-
bre direitos trabalhistas, civis e humanos, bido como mero executor de propostas e
inclusive, internacionais (OIT) e o próprio idéias elaboradas por outros, falta de in-
código penal. vestimentos, sucateamento das condições
de trabalho, etc.
Os administradores mais “modernos”, Veja nas próximas páginas:
quando compreendem a importância da Portanto, a “...síndrome, através da
subjetividade dos trabalhadores, buscam qual o trabalhador perde o sentido da sua CONCEITO E DEFINIÇÃO
instrumentalizá-la, pondo-a a seu serviço relação com o trabalho, de forma que as
como política de otimização. Se antes o coisas já não lhe importam mais e qual-
CARACTERIZAÇÃO
capital, baseado no taylor-fordismo, repri- quer esforço lhe parece ser inútil”, aquela EVOLUÇÃO
mia e expulsava a afetividade do local de “dor de um profissional encalacrado entre FORMAS DE ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO
trabalho em nome da racionalidade dos o que pode fazer e o que efetivamente
métodos científicos de gestão, hoje, ao consegue fazer, entre o céu de possibilida- PERFIL MÉDIO DAS VÍTIMAS
contrário, tenta apropriar-se. Descobriu des e o inferno dos limites estruturais, en- ESTATÍSTICAS
que trabalhador “motivado” produz mais tre a vitória e a frustração” que chamamos
ESTRATÉGIAS DO AGRESSOR
e melhor; busca sua adesão, não basta de Burnout, tem campo fértil no serviço
mais só o corpo: quer corações e mentes. público.
 
Assédio Moral no trabalho TRA
TIV
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CONCEITO E DEFINIÇÃO OA
ESS

C
C
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onceituado como um conjunto de ações hostis que visa a manipulação, do-
IA
minação e destruição psicológica, ideológica e comportamental, entre outros, ÊNC
ERT
ADV
contra determinado(s) trabalhador(es) a fim de submetê-lo(s) e/ou forçá-lo(s)
ATO
DIC
a desistir(em) do emprego. Para Hirigoyen, é qualquer “conduta abusiva (ges- SIN

to, palavra, comportamento, atitude...) que atente, por sua repetição ou sistematização,
contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa”. Definido segundo
Leymann, como a “deliberada degradação das condições de trabalho em que prevalecem
atitudes negativas dos chefes em relação a seus subordinados”, ou seja, promovida pela
imposição intencional e conduta imoral de um sujeito perverso em posição de comando.
Constitui-se um “risco invisível, porém concreto” decorrente de relações hierárquicas au-
toritárias e assimétricas em que predominam relações desumanas e aéticas.

CARACTERIZAÇÃO
Caracteriza-se pela exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constran-
gedoras de forma repetitiva e prolongada durante a jornada de trabalho e no exercício
de suas funções. O Assédio Moral é uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos
práticos e emocionais para o trabalhador e mesmo para a organização do trabalho, EVOLUÇÃO
com o assediado apresentando “como reação, um quadro de miséria física, psicológica
e social duradoura... trata-se de um processo destruidor que pode levar a vítima a uma A agressão começa sutil, quase inofensiva, e no decorrer das repetições o agre-
incapacidade permanente e mesmo à morte: o chamado bullicídio” (Moura, 2002). Não dido não quer se mostrar ofendido e leva na brincadeira. Com a repetição, a
se constituindo em nenhuma novidade, todavia, vinha sendo confundido com outros vítima fica humilhada, estigmatizada, desestabilizada e fragilizada. A agressão
problemas do mundo do trabalho como stress ou conflito natural entre colegas e agres- repetitiva não se limita a destruir a vítima, mas ameaça a todos que testemunham
sões pontuais, o que sempre prejudicou sua caracterização e prevenção. tais situações, disseminando o medo como forma de dominação e deteriora todo
o ambiente de trabalho. A vítima é acuada por não poder contar com o apoio e
solidariedade dos colegas que, por medo de se tornarem os próximos ou mesmo
equivocadamente se achando “livres” do Assédio Moral, criam um “pacto de tole-
rância e silêncio”, quando não mesmo, incitados ou influenciados, o reproduzem;
daí o Assédio Moral ser chamado também de “mobbing”, violência coletiva, por
contagiar todo grupo

De acordo com Hirigoyen, “são procedimentos que destroem a identidade


e a auto-estima. Este aspecto torna difícil a auto defesa, porque começam por
destruir seus meios de defesa, atingindo sua dignidade. A pessoa é isolada, per-
de a confiança em si própria e não consegue mais se defender. Então fica mais
fácil destruí-la”. Sem consciência do processo e, sob forte clima de ameaça,
a vítima sente-se culpada, confusa e impotente, e, impedida de se expressar,
acaba culpando-se por seu suposto fracasso, virando bode expiatório dos erros
10 do agressor. 11
•Estigmatizar os/as adoecidos/as ou acidentados pelo/para/do trabalho, colocá-los/as
Formas de Assédio Moral no Trabalho em situações vexatórias; humilhá-los, tratando-os como se fossem inúteis e/ou ex-
cedentes;

•Falar baixinho acerca da pessoa ou se dirigir aos gritos, em atitude oposta à civilida-
HOJE NÃO de e urbanidade próprias da boa convivência social;
TÔ BEM!!
•Rir daquele/a que apresenta dificuldades, conversar baixinho, suspirar e executar ges-
Sei não, hoje o tos direcionado-os ao trabalhador;
chefe tá nervoso,
deixe para pedir •Colocar em trabalhos degradantes;
a falta abonada
outro dia! •Sugerir que peçam demissão, mesmo que “por sua saúde”;
•Tornar público algo íntimo do/a subordina do/a e/ou usar contra o trabalhador(a);
• Colocar um colega controlando o outro, disseminando a vigilância e des-
confiança;

• Não fornecer ou retirar todos ou parte dos instrumentos e/ou documentos


de trabalho;

•Gestos e condutas abusivas e constrangedoras;


•Creditar a si próprio trabalho de outro e impingir-lhe seus erros, tornando-o bode expia-
tório;

•Humilhar repetidamente, intimidar, inferiorizar, amedrontar;


•Não dar tarefas ou obrigá-lo a fazer as que exijam qualificação menor ou muito maior
da que o trabalhador possui, para humilhá-lo;

•Não informar corretamente sobre as tarefas a serem realizadas. Repetir a mesma or-
dem para realizar uma tarefa várias vezes para desestabilizar emocionalmente ou dar
ordens confusas e contraditórias, induzindo ao erro;

•Perseguir, menosprezar ou desprezar, não cumprimentar, ignorar sua presença;


•Colocar em dúvida seus julgamentos e decisões;
•Fazer piadas relacionadas ao sexo, raça, política, religião, etc;
•Ironizar, difamar, ridicularizar seus gostos, gestos ou outros;
•Impor terrorismo como método gerencial;

12
•Provocar com a finalidade de induzir a uma reação descontrolada; 13
•Estimular a discriminação; Perfil (médio) das vítimas
•Controlar as idas a médicos;

S
egundo o psiquiatra Mauro A. Moura, os agredidos são escolhidos justamente
•Passar lista para que os trabalhadores/as se comprometam a não procurar o Sindica- pelo que eles têm a mais que os outros trabalhadores e o psicoterrorista. “São
to ou ameaçar os sindicalizados e estimular a desfiliação; qualidades que o perverso não tem e quer ‘vampirizar’. Como não consegue,
prefere destruir a vítima”. (...)Neste ambiente, se o(a) assediado(a) tentar ser
•Impedir de usar o telefone em casos de urgência ou não comunicar aos trabalha- gentil, só vai reativar a violência do perverso que se sentirá mais superior. (...) Não há
dores/as os telefonemas urgentes de seus familiares;
saída possível em caso de psicoterror sem intervenção de outros”.

•Começar reunião amedrontando quanto ao desemprego ou ameaçar constante-


mente com processo administrativo.

•Desmoralizar publicamente, afirmando que tudo está errado;


•Impedir os colegas de almoçarem, cumprimentarem ou conversarem com a vítima,
mesmo que a conversa esteja relacionada à tarefa. Querer saber o que estavam
conversando ou ameaçar quando há colegas próximos conversando.

•Exigir que faça horários fora da jornada. Ser trocado/a de turno, sem ter sido avisado/a;
•Tratar com diferenciação os trabalhadores, hostilizar, promover ou premiar colega
mais novo/a na empresa e com menos experiência, como forma de desqualificar o
trabalho realizado; Geralmente o(a) assediado(a) apresenta as seguintes características:
•Espalhar entre os colegas que o/a trabalhador/a está com problema nervoso; •É íntegro(a) e honesto(a);
•É saudável;
•Divulgar boatos sobre moral de outro;
•Apresenta senso de culpa;
•Aplicar advertência em conseqüência de atestado médico ou por reclamar direitos. •É justo (a) e equânime, com acentuado espírito de liderança entre seus pares;
•É criativo(a);
•Constranger publicamente, insinuar ou considerar , a priori e sem provas, ser o
outro mentiroso; •É dedicado(a) ao trabalho,
•É mais competente que os perversos;
•Menosprezar o sofrimento do outro •Reage ao autoritarismo e recusa-se a ser subjugado.
•Ridicularizar o doente e a doença, infantilizando o outro e ironizar seus sintomas; •É Pessoa Portadora de Deficiência;
•É idoso;
•Recusar sem fundamentação laudos e/ou ridicularizá-los;
•É mulher em um grupo de homens, ou vice versa;
•Não reconhecer direitos do outro e/ou mesmo o outro como legitimo ser hu- •Tem crença religiosa e/ou orientação sexual diferente do perverso;
mano na convivência;
•Pertence à minorias étnicas;
•Dar alta ao adoecido/a ou em tratamento, sem realizar exames ou dar maiores explica- •Tem limitação de oportunidades de trabalho por ser especialista;
ções encaminhando-o para o seu setor. •Vive só.
14 15
Estatística a respeito de Assédio Moral Perfil (médio) do agressor

F M
oi a partir da divulgação dos estudos de Heiz Leymann, em 1984, que apa- oura faz a seguinte carac-
terização do assediador: Estratégias do Agressor
receram as primeiras estatísticas sobre a violência psicológica. Pesquisa re-
Alguém que não pode
alizada em 1998 mostrou que 8,1% dos trabalhadores europeus sofreram
existir senão pelo rebaixa-
essa violência no ambiente do trabalho. Desses, 14% estão na adminis- mento de outros, pois tem necessidade
tração pública, 13% em hotéis/restaurantes e 12% em serviços”. Como também, de demonstrar poder para ter uma boa
cerca de 15% dos suicídios ocorridos na Suécia, decorrem de assédio moral no am- auto-estima. Uma pessoa nunca reconhe-
cida como ser humano no seu passado.
biente do trabalho. Porém, como afirma Molon, “os estudiosos afirmam que estes
Um tirano ou atropelador (bully), advindo
números não retratam a realidade, visto que o fenômeno poderia estar mascarado
daí o termo bullying.
em face de aspectos culturais”. (grifo nosso). Ou seja, além disso, a própria nature-
Estudos realizados por psicólogos
za e efeitos pós-traumáticos do Assédio Moral tornam qualquer pesquisa somente
do trabalho diagnosticam os distúrbios
um pálido reflexo da realidade. De seus índices pode-se deduzir seguramente pelo mentais do assediador como um per-
menos o dobro. verso-narcisista. É perverso, pois é anti-
social, é falso, mentiroso, irritável. Não
Dentre os países pesquisados, destacam-se os EUA com (16.8%), um em cada tem preocupação com a segurança dos
seis trabalhadores sofrem assédio moral. Grã-Bretanha, com 16,3% de assediados; demais e não tem nenhum remorso dos 01 - Escolher a vítima e isolar do grupo.
Suécia com 10,2%, sendo que cerca de 15% dos suicídios têm nele sua causa; Irlan- atos que pratica. Nega a existência de Impedir que a vítima se expresse e
conflito para impedir a reação da vítima. não explicar o porquê. Fragilizar, ri-
da com 9,4%; Alemanha tem 7,3%. Por fim, Grécia com 4,4% e Itália com 4,2%.
É incapaz de considerar os outros como dicularizar, inferiorizar, menosprezar
No Brasil, as estatísticas obtidas por meio de pesquisa realizada em 97 empresas no seres humanos. É narcisista porque se frente aos pares.
ano de 2001 apontam que 42% dos trabalhadores (sendo 65% mulheres e 29% acha um ser único e especial. É arrogante. 02 - Culpabilizar/responsabilizar publica-
homens) já sofreram humilhação no seu local de trabalho. Ávido de admiração, holofotes. Dissimula mente, podendo os comentários de
sua incompetência. Acha que tudo lhe é sua incapacidade invadir, inclusive, o
devido e tem fantasias ilimitadas de su- espaço pessoal e familiar.
cesso. Nunca é responsável por nada e
03 - Desestabilizar emocional e profis-
ataca os outros para se defender. Projeta
sionalmente. A vítima gradativamen-
no(a) assediado(a) as falhas que não pode
te vai perdendo sua autoconfiança e
admitir serem suas. Em resumo, trata-se
o interesse pelo trabalho.
de alguém que é covarde, impulsivo, fala
04 - Destruir a vítima (desencadeando
uma “fala vazia” e não escuta. Não as-
novas doenças e/ou agravando as
sume responsabilidades, não reconhece
pré-existentes). A destruição da víti-
suas falhas e não valoriza os demais. É ar-
ma engloba vigilância acentuada e
rogante, desmotivador, amoral, plagia ou
constante.
se apropria do trabalho de outros, é cego
para o aprendizado. 05 - Livrar-se da vítima, que se vê força-
do/a a pedir licença médica, transfe-
Existem, ainda, os psicoterroristas
rência ou demissão.
em série, ou serialbully, que assediam
06 - Impor despótica e autoritariamente
um(a) trabalhador(a) após aniquilar com
ao coletivo seu comando.
outro(a).” (Moura, 2001)
16 17
Danos do Assédio Moral à Saúde O diagnóstico de doenças
causadas por Assédio Moral

A
tomada de consciência de que to a circulação periférica diminui: as mãos
se está sendo assediado é lenta ficam geladas e a pessoa pálida, por exem-
e quando surge a certeza, a víti- plo. O fígado libera mais glicose no organis- 1.Experiência com um evento traumático res ou pessoas que possam relembrar
ma, a menos que reaja ou fique mo que, tendo mais oxigênio pela acentua- em que a pessoa vivencia ou teste- o evento;
desempregada, submete-se ao assédio e isto da ação do coração e pulmões, é queimada munha um acontecimento que causa •Inabilidade para relembrar aspectos
só ocorre às custas de grande tensão interna mais facilmente no cérebro e músculos para séria injúria ou afeta a integridade psí- importantes do evento;
que possibilita que esta conviva em seu já preparar o organismo para lutar ou fugir. quica desencadeando como resposta •Marcada redução do interesse ou par-
degradado ambiente de trabalho, prejudi- o medo ou horror; ticipação em atividades;
A maior parte da atenção se prepara
cando ainda mais a própria saúde. A doença para uma ação violenta, motivo pelo qual 2.O evento traumático é persistentemen- •Sentimentos de repulsa ou rejeição
passa a ser a expressão física e concreta da te re-experimentado, pelas seguintes pelos demais;
é difícil organizar pensamentos em esta-
agressão. Apresenta danos físicos e mentais do de pânico. A intensidade da reação de- formas: •Restrições na atividade afetiva;
caracterizados por múltiplas patologias que pende de como o cérebro percebe a gravi- •Revivencia o evento constantemente; •Senso de futuro sombrio.
podem levar à morte. Moura descreve da dade da agressão. As respostas centrais e •Sonha com o evento; 4.Sintomas persistentes, não presentes
seguinte forma este quadro permanente de periféricas têm a finalidade de preservar o •Tem ilusões, alucinações, episódios antes do trama como (no mínimo dois
tensão que gera stress: equilíbrio interno do organismo. regressivos dissociativos; destes):
Stress pode ser definido como um pro- Na área central comandam o estado
•Intenso distress (stress “ruim”) ou •Dificuldades de dormir ou acordar;
cesso do organismo, com componentes reações fisiológicas ao surgirem fa- •Irritabilidade/ agressividade;
de despertar, alerta, vigilância e atenção.
físicos, psíquicos e comportamentais, que tos que simbolizam ou relembram o •Dificuldades de concentração;
Todos nós temos maneiras características
ocorre quando uma pessoa se confronta evento traumático; •Hipervigilância (constantemente em
e distintas de enfrentar um mesmo fator
com algum fator que possa quebrar sua estressante e este modo de reagir é deno- 3.Persistente anulação de estímulos asso- guarda);
homeostase, termo criado por Claude minado de coping. É essencial no coping ciada com o trauma, com diminuição •Exagerada resposta a estimulações
Bernard para designar “estabilidade do o custo que envolve o esforço de adapta- de respostas gerais da pessoa que não (perda da resposta emocional normal).
meio interno” e exija alguma adaptação. ção ao agente estressor. Pode ser somen- estavam presentes antes do trauma
5.Os sintomas 2, 3 e 4 devem estar pre-
A reação ao agente estressor se mani- te físico, mas pode causar perda de sono, (no mínimo três dos fatores):
sentes pelo menos por um mês.
festa através de reações neuro-endócrinas. a perda da concentração, evidenciando •Esforço para evitar pensamentos,
sentimentos conversações associadas 6.Os sintomas devem causar importante
É ativado o sistema nervoso autônomo (ve- um custo psíquico.
com o evento; distress ou incapacidade para a ativida-
getativo), que mantém a homeostase ime- O grande risco da reação de alarme
diatamente com a secreção de adrenalina descrita é a sua repetição. A contínua li-
•Esforço para evitar atividades, luga- de laboral, vida social ou outras áreas.

pela medula das suparrenais e noradrenali- beração na circulação dos hormônios ci-
na, secretada pelas terminações nervosas. tados levará ao surgimento de inúmeros
Estes hormônios colocam o organismo sintomas e até a morte súbita. Com o pro- Considera-se que um quadro severo de assédio moral também pos-
em estado de alerta e determinam que o longamento da reação ao estressor, pode
sa desencadear Burnout e PTSD. A PTSD tanto pode surgir após
organismo fique preparado para “luta ou surgir o esgotamento das células que pro-
um grande evento único, como pode, também, resultar de uma
fuga”. Até o ponto mais remoto do orga- duzem catecolaminas, o que explicaria a
nismo os hormônios levam oito segundos. fadiga crônica enfrentada pelos estressa- acumulação de muitos incidentes individuais menores. As vezes o
Os vasos se contraem, o coração bate mais dos. Também pode ocorrer a sensibilidade termo “Complexo PTSD” é usado para identificar o segundo caso.
rápido e com mais força, os brônquios se anormal onde uma pequena adversidade Com a manutenção da pressão crônica e fatores psico-sociais des-
dilatam e a respiração acelera. Os músculos provoca reação que só seria compatível
favoráveis sobre a vítima surge o burnout. (Moura,2000)
18 recebem mais irrigação de sangue, enquan- com uma verdadeira agressão. 19
Sintomas causados por Assédio Moral A união pode vencer o Assédio Moral
Dar basta à humilhação depende de informação, organiza-
ção e mobilização dos trabalhadores. Se você é testemunha
de cena(s) de humilhação no trabalho supere seu medo, seja
solidário com seu colega. Você poderá ser “a próxima vítima” e
nesta hora o apoio dos seus colegas também será precioso. Não
esqueça que o medo reforça o poder do agressor!

•Impotência, amenorréia, frigidez; •Sentimento de inutilidade; O que a vítima deve fazer?


•Deficiente concentração; •Insônia ou sonolência excessiva; •Denunciar, buscando, ajuda dentro do temunhas. Ir sempre com colega de
•Esquecimento; •Depressão; SIndicato e fora do trabalho: junto à trabalho ou representante sindical.
CIPA, Ministério Público, Câmara Mu- •Exigir
•Dificuldades na aprendizagem; •Diminuição da libido; nicipal, Comissão de Direitos Humanos
por escrito explicações do ato
agressor e permanecer com cópia da
•Perda de sono; •Sede de vingança; da Assembléia Legislativa, Ong’s e etc; carta enviada ao R.H e a eventual res-
•Indecisão; •Aumento da pressão arterial; •Resistir, anotando com detalhes todas posta do agressor;
as humilhações sofridas (dia, mês, ano,
•Pesadelos; •Dor de cabeça; hora, local ou setor, nome do agressor,
•Buscar apoio junto a familiares, amigos e
colegas, pois o afeto e a solidariedade
•Ansiedade; •Distúrbios digestivos; testemunhas, conteúdo da conversa e
são fundamentais para recuperação da
o que mais você achar necessário);
•Perda do senso de humor; •Tonturas; auto-estima, dignidade, identidade e
•Dar visibilidade, procurando a ajuda dos cidadania;
•Insegurança; •Idéia de suicídio; colegas, principalmente daqueles que
•Bulimia; •Falta de apetite; testemunharam o fato ou que já sofre-
•Entrar em juízo, buscar reparação e pu-
nição do assediador na justiça é um
ram humilhações do agressor;
•Crises de choro; •Falta de ar; caminho que tem se tornado cada vez
•Organizar. O apoio é fundamental den- mais comum. Inclusive, já há jurispru-
•Dores generalizadas; •Passa a beber; tro e fora do local de trabalho; dências favoráveis aos trabalhadores
20 •Palpitações, tremores; •Tentativa de suicídio. •Não conversar com o agressor, sem tes- em várias instâncias. 21
Câmara Municipal da Estância Turística de Ribeirão Pires Estado prego público, cargo ou função.
de São Paulo - Retificação - Lei 4.816, de 03 de março de 2005. Art. 3º- Os procedimentos administrativos constantes no art. 1º serão inicia-
dos por provocação da parte ofendida pela autoridade ou por qualquer cidadão
que tiver conhecimento da infração funcional a bem do serviço público.
Dispõe sobre a aplicação de penalidades à prática de assé-
dio moral nas dependências da Administração Pública Mu- Parágrafo único. Fica assegurado ao servidor o direito de ampla defesa das
nicipal Direta (Vereador Donizete da Silva Cruz de Freitas) acusações que lhe forem imputadas.
Art . 4º- As penalidades a serem aplicadas serão decididas em processo adminis-
Vereador Saulo Benevides dos Santos, Presidente da Câmara Municipal da
trativo, de forma progressiva, considerada a reincidência e a gravidade da ação.
Estância Turística de Ribeirão Pires, no uso de suas atribuições legais e nos ter-
§ 1º - As penas de curso de aprimoramento profissional, suspensão e multa
mos do § 6 do artigo 40 da Lei Orgânica Municipal, sanciona e promulga a
deverão ser objeto de notificação por escrito ao servidor infrator.
seguinte Lei:
§ 2º- A pena de suspensão poderá, quando houver conveniência para o
Art 1 – Ficam os servidores públicos municipais sujeitos às seguintes pena-
serviço, ser convertida em multa, sendo o funcionário, neste caso obrigado a
lidades administrativas na prática de assédio moral nas dependências do local
permanecer no exercício da função.
de trabalho:
§ 3º- O processo administrativo que se refere a este artigo será conduzido
I-Curso de aprimoramento profissional;
por uma Comissão que terá em sua composição, necessariamente em uma po-
II – Suspensão;
sição, pelo menos 01 (um) cipeiro e 1 ( um) membro do Sindicato Setor.
III – Multa;
Art. 5º- A arrecadação da receita proveniente das multas impostas deverão
IV – Demissão; ser revertidas integralmente a programa de aprimoramento profissional do ser-
V – Exoneração vidor naquela unidade administrativa.
Parágrafo único – Para fins disposto nesta lei considera-se assédio moral todo Art. 6º - Todos os servidores deverão conhecer e ter acesso livre ao Estatuto
o tipo de ação, gesto ou palavra que atinja, pela repetição, a auto-estima e a do Funcionário Publico do Município de Ribeirão Pires, como possuir um copia
segurança de um individuo, fazendo-o duvidar de si e de sua competência, im- do mesmo.
plicando em dano ao ambiente de trabalho, à evolução da carreira profissional Art. 7º- Ocorrendo assédio moral por pessoa que exerça mandato eletivo a
ou à estabilidade do vinculo empregatício do funcionário, como também pondo conclusão dos fatos denunciados será encaminhada ao Ministério Publico local
em risco sua integridade física ou mental,comprometendo sua saúde, tais como para que nos escritos termos da legislação vigente, sejam tomadas as providen-
marcar tarefa com prazos impossíveis; passar alguém de uma área de responsa- cias cabíveis à espécie à do bem do serviço público.
bilidade para funções triviais; tomar crédito de idéias de outros; ignorar ou ex-
Art. 8º - Essa lei deverá ser regulamentada pelo Executivo no prazo de 60
cluir um funcionário só se dirigindo a ele através de terceiros, sonegar informa-
(sessenta) dias.
ções de forma insistente; espalhar rumores maliciosos; criticar com persistência;
Art. 9º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
subestimar esforços restringir ou suprimir liberdades ou ações permitidas aos
disposições em contrário.
demais de um mesmo nível hierárquico funcional, afastar ou transferir com des-
vio de função tendo por objetivo ou efeito prejudicar, e outras que produzam os Câmara Municipal da Estância Turística de Ribeirão Pires, 3 de março de
efeitos retro mencionados 2005- 51 Ano da Instalação do Município.
Art. 2º – A multa de que trata o inciso III do artigo anterior terá,como limite, Vereador Saulo Benevides dos Santos
o correspondente a ½ (meio) salário do servidor. Presidente
Parágrafo único – Considera-se servidor público municipal, para os fins desta Liliane da Silva
lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem remuneração, em- Assistente Legislativo

22 23
Conceituação

F
enômeno de difícil conceituação, zação. Consenso firmado a seu respeito
não existindo uma definição úni- aponta-o como sendo uma resposta ao
ca para o burnout. Sabe-se que stress laboral crônico, isto é, uma reação
é antigo e seu estudo coincide a um ápice de tensão emocional gera-
com a própria Psicologia, sendo tratado da a partir do contato direto, excessivo
e estressante com o trabalho. O termo
até então como estresse. Porém, é mui-
Burnout foi lançado por Freudenberg em
to mais complexo e singular, tanto que é
1974, e vem da expressão inglesa que
caracterizado como síndrome e não como
designa “deixar de funcionar por exaus-
simples patologia, diferindo do stress por tão de energia” – ou algo como “estar
apresentar condutas negativas em relação queimado”, “perder o fogo” ou “perder
ao trabalho: é uma experiência subjetiva, a energia”. Grosso modo, as origens da
que envolve atitudes e sentimentos que síndrome se encontram na tensão “entre
acarretam problemas de ordem prática o afeto e razão, nas relações sociais e no
e emocional ao trabalhador e à organi- controle sobre o meio”.

Definições

E
m uma abordagem psico-socioló- excessivo desgaste de energia e recursos.
gica Maslach e Jackson definem Leiter e Malasch sugeriram que de-
Burnout como uma reação à manda do trabalho e falta de recursos
tensão emocional crônica, sendo pessoais são fontes potenciais de estresse
considerado uma resposta inadequada a no processo: Estresse - Desgaste - Auto-
um stress emocional. Com um sentimen- avaliação.
24 to de fracasso e exaustão causado pelo Freudenberger , a partir de uma pers- 25
pectiva clínica, considera que burnout liberdade para agir mas sobre uma tarefa
representa um estado de exaustão re- impossível de realizar.
sultante de trabalhar demasiadamente,
Sarason, representando uma perspec- “O Burnout é uma síndrome caracterizada
deixando de lado até as próprias neces-
tiva sócio-histórica, considera que, quan-
sidades.
do as condições sociais não canalizam o
pelo esgotamento físico, psíquico e emo-
Cherniss, a partir de uma perspec-
tiva organizacional, argumenta que os
interesse de uma pessoa para ajudar ou- cional, em decorrência de trabalho es-
tra, é difícil manter o comprometimento
sintomas que compõem a síndrome do no trabalho de servir dos demais. tressante e excessivo” - Hudson Hübner,
burnout são respostas possíveis para
um trabalho estressante ou monótono. Por fim, Farber o define como sendo
Cherniss alerta para a diferença entre “uma síndrome do trabalho que se origina

Três componentes da Síndrome


burnout e alienação. A alienação diminui da discrepância da percepção individual
a liberdade do sujeito para levar a cabo entre esforço e conseqüência, percepção
sua tarefa; no caso de burnout, a situa- esta influenciada por fatores individuais,
ção se inverte um pouco, o sujeito tem organizacionais e sociais”. •Exaustão emocional: situação em que os trabalhadores sentem que
não podem dar mais de si mesmos a nível afetivo. Percebem esgota-

Caracterização e Desenvolvimento
das a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato
diário como os problemas.

É
a síndrome da desistência, que ter importância e qualquer esforço pes-
atinge, sobretudo, pessoas que soal parece inútil ou mesmo como perda •Despersonalização (ou desumanização): caracteriza-se por tratar os
lidam com outras pessoas no de seu investimento afetivo. Geralmente alunos, colegas e a organização como objetos e o vínculo afetivo é
exercício de suas atividades, sente-se exausto e freqüentemente está substituído por um racional. Mostras de insensibilidade emocional;
particularmente as de cuidar. Ou seja, doente.
estado psíquico em que prevalece o cinismo, a dissimulação afetiva
o tipo de trabalho que para sua própria
Segundo Codo “pesquisas têm de- e a “coisificação”.
realização exige grande tensão emocio-
nal, em que “o trabalhador se envolve monstrado que o burnout ocorre em tra-
afetivamente com seus clientes, desga- balhadores altamente motivados que re- •Diminuição da relação pessoal no trabalho: Caracteriza-se pela insatis-
ta-se, não agüenta mais, desiste, entra agem ao stress laboral trabalhando ainda fação com o seu desenvolvimento profissional, sentindo-se incom-
em Burnout”. mais até que entram em colapso”. Isto é,
petente para realizar suas funções e incapaz de interagir com as
no trabalhador “encalacrado entre o que
Seu surgimento é lento, cumulativo, pessoas.
pode fazer e o que efetivamente conse-
normalmente não é percebido pelo indi-
gue fazer, entre o céu de possibilidades e
víduo que, geralmente, se recusa a acre-
o inferno dos limites estruturais, entre a
ditar que esteja acontecendo algo com
vitória e a frustração”.
ele. Caracteriza-se por três fatores que
podem aparecer associados, mas que Ou ainda, “ocorre quando certos re- “A Síndrome de Burnout vai além do
são independentes: exaustão emocional, cursos pessoais são perdidos, ou são ina-
despersonalização e baixo envolvimento dequados para atender às demandas, ou
estresse, sendo encarada como uma
pessoal com o trabalho. não proporcionam retornos esperados reação ao estresse ocupacional crônico”
Essa doença faz com que a pessoa (previstos). Faltam estratégias de enfren-
perca parte do interesse com o traba- tamento” e o trabalhador se encontra (Benevides-Pereira, 2001, p. 31)
26 lho, de forma que as coisas deixem de impotente para modificar a situação. 27
Síndrome de Burnout no setor de Educação Facilitadores para a Síndrome

N
ão é à toa que especialistas têm apontado o Bur- 01- Sobrecarga; ção e formação;
nout como uma epidemia na educação. Educar
02- Problemas de desenvolvimento na 16- Expectativas irreais e aulas massifica-
significa também cuidar, daí que professores ou
carreira; das;
não, o conjunto dos trabalhadores da educação “A des-
03- Impossibilidade de promoção; 17- Vandalismo;
se encontra entre as principais vítimas do Burnout. A afetivi-
dade: conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam valorização, 04- Falta de segurança na posição; 18- Agressões;
sob a forma de emoções, sentimentos e paixões e que é na- 05- Clima organizacional negativo; 19- Baixos salários;
tural a qualquer atividade humana, algo inerente ao próprio seja ela por 06- Falta de participação nas decisões; 20- Falta de reconhecimento e respeito;
trabalho. E muito mais no de educar, que requer para sua
07- Falta de autonomia; 21- Assédio moral no trabalho.
realização um alto grau de envolvimento afetivo e entrega parte do
e, pari e passo com as competências, métodos didáticos, giz, 08- Excessiva
lousa, teorias pedagógicas, etc., compõem os atributos e ma- sistema, dos f o r m a l i-
teriais indispensáveis a esses profissionais. zação;
alunos ou 09- Falta de
Todos os profissionais de apoio por
educação são vítimas potenciais. da própria parte da
direção;
No caso dos docentes, que além da jornada, ainda, lêem,
corrigem, preparam aulas, somam-se outras atribuições im-
sociedade, 10- Condi-
postas à carga horária. Isto é, além de suas classes, desenvol- ções de
vem trabalhos administrativos e devem planejar, reciclar-se,
é um dos risco no
investigar, orientar alunos e atender aos pais. Também devem trabalho;
organizar atividades extra-escolares, participar de reuniões de
maiores 11- Insufi-
coordenação, seminários, conselhos de classe, efetuar pro- ciente
cessos de recuperação, preenchimento de relatórios periódi-
agentes nível sa-
cos e individuais e, muitas vezes, cuidar do patrimônio ma- larial;
terial, recreios e locais de refeições. Entretanto, são excluídos
para a ocor-
12- Trabalhar
das decisões institucionais, das reestruturações curriculares, em vários
do repensar da escola, sendo concebidos como meros execu-
rência do
turnos;
tores de propostas e idéias elaboradas por outros. Com isso,
estabelece-se uma tendência ao trabalho individualista, que
Burnout” 13- Conta-
to com
não permite confrontar e transformar os aspectos estruturais
“cliente-
de seu trabalho. Essa intensificação do fazer docente lhe oca-
la proble-
siona conflitos, pois, ao ter que arcar com essa sobrecarga,
mática”;
vê reduzido seu tempo disponível para estudos individuais Iône Vasquez
14- Falta de
ou em grupo, participação de cursos ou outros recursos que
-Menezes, do especifi-
possam contribuir para a sua qualificação, favorecer seu de-
Laboratório de Psi- cidade de
senvolvimento e sua realização profissional gerando conflito
cologia do Trabalho função;
entre trabalho e família, entre outros, aumentando significa-
tivamente a exaustão emocional e a despersonalização. (Car- da Universidade de 15- Falta de
lotto e Palazzo, 2006) Brasília (UnB). prepara-
28 29
Manifestações da Síndrome Combatendo o Burnout

A
melhor forma de combater o Burnout é a prevenção. Se quisermos não
somente “sobreviver” ao e no trabalho e sim fazer do trabalho um meio de
realização, cabe a cada um de nós mais do que lamentar, iniciar um processo
de mudança pessoal e institucional com propostas construtivas e participa-
tivas, ou, se os nossos ambientes são mais fechados e resistentes, administrar a própria
saúde e buscar aliados para iniciar um movimento que leve a construção de espaços
mais saudáveis no contexto de trabalho. Veja algumas estratégias que privilegiam a
saúde e qualidade de vida no contexto escolar:

Transformar a escola em
um contexto saudável,
desenvolvendo as modifica-
A
SISTEM
ções necessárias no âmbito
das relações, das condições e
da organização do trabalho;

Propiciar o fortalecimen-
to pessoal e coletivo, ado-
tar valores orientados para a
coletividade, em oposição aos
valores individualistas;

Psicossociais: O indivíduo sente que não pode mais dar de si mesmo afetivamente, Desenvolver capacidades
esgotamento de sua energia e de seus recursos emocionais, desenvolvimento de de lidar com o estresse,
sentimentos e atitudes negativas pelas pessoas objeto de seu trabalho, tendência a valorização pessoal e grupal,
avaliar-se negativamente com sentimentos de insatisfação pelo seu trabalho. controle das situações de con-
flito, modificar o contexto e
Psicossomáticos: palpitações, cefaléias freqüentes, cansaço crônico, crises de asma, canalizar necessidades e aspi-
desordens gastrointestinais ou úlceras, dores cervicais, insônias, hipertensão, aler- rações.
gias, alterações menstruais.
Desenvolver redes de
Comportamentais: falta de assiduidade, aumento de agressividade, isolamento,
apoio social, formando gru-
abuso de álcool e/ou drogas, mudanças bruscas no humor, incapacidade de relaxar,
pos de discussão entre profis-
irritabilidade, lapsos de memória, comportamento violento e de alto risco (suicídio,
sionais da Educação, oportu-
jogos perigosos).
nizando reflexões entre líderes
Emocionais: sentimento de alienação, impaciência, ímpetos de abandonar o trabalho, institucionais e professores, reu-
ansiedade, sentimento de solidão, dificuldade de concentração, distanciamento afeti- nindo alunos e pais para apresentação de trabalhos, experiências, formas de lidar com
vo, decréscimo do rendimento no trabalho, sentimento de impotência, depressão. os alunos, criando fóruns permanentes de diálogo e co-responsabilidade educativa. Im-
plementar recursos, pessoais e ambientais, que propiciem melhoria na qualidade de
Defensivos: Negação das emoções, ironia e atenção seletiva. vida dos docentes.
30 31
Espelho
Veja 13 dicas úteis para

P
arece uma árvore de Natal, em- misto de mau humor e alguma irritação.
quem trabalha sob tensão baixo do braço papel branco - “Ainda não, Fernandinho”
enrolado em um tubo maior do
Se recompõe da odisséia que represen-
que pode carregar, um saco de
tou a carga daquele monte de quinqui-
plástico branco com tesoura sem pon-
lharias até ali.Bate as mãos uma na outra,
ta, réguas grandes, giz-de-cera, a outra
fala com a voz alta, o mais que consegue,
mão equilibra com dificuldade montes
o tom pausado, como se estivesse em um
de revistas velhas, a cara de um velho
comício de surdos.
presidente parece debochar na capa de
uma delas, pelo caminho a pilha que “-A-m-a-n-h-ã, que dia é ?”
equilibra ameaça despencar, quase que Dois ou três garotos correm, um atrás
ele/ela perde o equilíbrio junto com os do outro, parece que algum deles tirou
penduricalhos que carrega, ajeita os bra- algo da lancheira do outro, alguns outros
ços como se quisesse que fossem maio- olham com interesse os penduricalhos
res, arqueia as costas para aumentar sua que trouxe, interesse forte o suficiente
capacidade de abraçar tudo aquilo.Faz para não ouvir o que ele/a diz, uma meni-
calor, cuida para que as gotas de suor na, maiorzinha um pouco, olha encanta-
não estraguem o papel laminado que da para um pequeno espelho que tem à
carrega sabe-se lá com que mão. sua frente. Outros , muitos simplesmente,
Entra esbaforido (a) na sala, mal conse- conversam, sobre tudo, todos ao mesmo
gue disfarçar o alívio ao despejar aquele tempo.De onde esta molecada arranja
monte de coisas na mesa. A garotada já tanto assunto ?
está lá. Repete a pergunta : Uma, duas, três ve-
01- Descanse e relaxe sem se odiar ou se 08- Estabeleça um momento durante o zes: “ Amanhã, que dia é ?” A cada vez
“- Oba! Fessor(a)! Vai ter desenhinho?”
culpar por isso; dia para relaxar; entremeada com uma bronca:
Um garoto mais afoito abre o saco
02- Respire profundamente; 09- Evite cobrar-se o tempo todo e per- plástico, ele (a) segura as mão com um “ João, tire a mão daí”; “Maria, deixe

03- Dê-se 15 minutos antes de cada jor- mita que as coisas aconteçam conforme
nada e faça uma coisa agradável; seu próprio ritmo;

04- Alegre seu ambiente com música, flo- 10- Converse com os amigos e colegas
res ou peças de decoração; sobre os seus sentimentos. Não guarde
apenas para você suas frustrações;
05- Faça uma atividade de lazer pelo me-
nos uma vez por semana; 11- Analise como você ocupa seu tempo;

06- Estabeleça metas em sua vida e prio- 12- Aprenda a dizer não. Assuma apenas
ridade de suas atividades ; a responsabilidade das tarefas que pode
cumprir;
07- Adote hábitos alimentares mais sau-
dáveis e procure fazer exercícios periodi- 13- Aprenda a delegar tarefas. Você não
camente; é indispensável.
32 33
o Fernando em paz”. Enfim a garotada, outro pedaço de papel branco.
como que em um passe de mágica, resol- Se divide em mil :
ve responder, todos ao mesmo tempo.
Aqui um elogio ao trabalho feito. Conselho Federal de Medicina
“-Dia 12, Fessor(a)!?! (a fala vem meio
Ali acudindo alguém com dificuldade RESOLUÇÃO CFM 1488/98
resposta, meio pergunta)”
de manipular a tesoura, Assunto: Versa sobre normas específicas para médi-
“-Domingo !!!”
Acolá improvisando a falta de papel cos que atendam o trabalhador
Ouve com atenção cada resposta, espera vermelho que acabou, Fonte: Diário Oficial da União de 06/03/1998
ansioso (a) a resposta que quer ouvir.
Aqui alguém chora porque foi agredi- Situação: Norma na íntegra
Alguém grita : Dia das mães. do com um rolo de papel,
O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições que lhe conferem
Enfim, estava prestes a desistir. Ali alguém insiste em mostrar o traba- a Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº
- Isso : Dia das mães – e emenda rá- lho, os olhos brilhando em busca de um 44.045, de 19 de julho de 1958,
pido, aos berros, antes que a bagunça elogio,
considerando que o trabalho é um meio de prover a subsistência e a dig-
recomece- nós vamos fazer um presente Acolá alguém desiste, dizendo que não
nidade humana, não deve gerar mal-estar, doenças e mortes;
para a mamãe. sabe fazer uma rosa,
Um tempo longo e indefinido para considerando que a saúde, a recuperação e a preservação da capacidade
Etc.,etc.,etc.,etc.,etc.,etc.
montar um arremedo de grupos de tra- de trabalho são direitos garantidos pela Constituição Federal;
balho, João quer ficar no grupo de Maria Parece que se passou um ano, cada crian-
considerando que o médico é um dos responsáveis pela preservação e
que não o quer por perto, etc, etc, etc. ça carrega algo, alguns com orgulho, outros
promoção da saúde;
com desdém. O sinal toca, respira aliviado,
Distribui o material, uns querem o pa-
o cansaço transpira pelo olhar desanima- considerando a necessidade de normatizar os critérios para o estabeleci-
pel laminado vermelho, outros disputam
do. Uma certa alegria percorre o espírito mento do nexo causal entre o exercício da atividade laboral e os agravos a
a tapa um determinado lápis de cor. Uma
ao lembrar da casinha que a pequerrucha saúde;
garotinha ameaça chorar, não tem mãe,
fez com tanto carinho, uma certa raiva pelo
é preciso socorrê-la : quem sabe lembrar considerando a necessidade de normatizar a atividade dos médicos que
desprezo ensaiado com que um outro aluno
da vovó ? Deu certo, a menina limpa os prestam assistência médica ao trabalhador;
tentou esconder seu fracasso.Recolhe o que
olhos e começa a trabalhar.
restou da batalha campal, vai se retirando considerando o estabelecido no artigo1 inciso 4, artigo 6 e artigo7, inciso
Um vidro de cola se espatifa no chão, depressa para casa. XXII da Constituição Federal, nos artigos154 e 168 da Consolidação das Leis
empapuça os papéis que deveriam ser ma- Um funcionário grita por ele/a, torna a do Trabalho, bem como as normas do Código de Ética Médica e a Resolução
téria prima, correria, tenta limpar o estrago, cabeça preocupado/a... CREMESP 76/96;
alguns alunos o (a )auxiliam, outros se diver-
-Professor (a), o(a) senhor(a) não assi- considerando as recomendações emanadas da 12 Reunião do Comitê Misto
tem em ver os pés grudando no chão e ini-
nou o ponto. OIT/OMS, realizada em 5 de abril de 1995, onde foram discutidos aspectos rela-
ciam uma espécie de dança sobre a sujeira.
-Amanhã eu assino, João, amanhã eu cionados com a saúde do trabalhador, medicina e segurança no trabalho;
Um garoto faz bolinhas de papel lami- assino- a voz traz impaciência, raiva, qua- considerando a nova definição da medicina do trabalho, adotada pelo Co-
nado e atira disfarçadamente na mesa se uma agressão. mitê Misto OIT/OMS, qual seja : proporcionar a promoção e manutenção do
em frente, um outro desenha uma bola
-Oh, pensa que só porque é professor mais alto nível de bem estar físico, mental e social dos trabalhadores;
de futebol e uma camisa com as cores do
tem o rei na barriga ?
Flamengo, “ - Fulano... sua mãe gosta de considerando as deliberações da 49 Assembléia Geral da OMS, realizada
futebol?”; “- Não Fessor(a).”; “- O que Finge que não ouve, apressa o passo. em 25.08.1996, onde foram discutidas estratégias mundiais para a preserva-
você está fazendo? Não é um presente Há que tomar um lanche, fumar um ção, controle e diminuição dos riscos e das doenças profissionais, melhorando
para ela?”... O garoto parece ficar enver- cigarro, daqui a pouco outra aula, outra e fortalecendo os serviços de saúde e segurança ligados aos trabalhadores;
34 gonhado, rasga tudo, joga no chão, pede turma: Domingo é Dia das Mães. 35
considerando que todo médico, independente da especialidade ou do vin- VIII - os depoimentos e a experiência dos trabalhadores;
culo empregatício -estatal ou privado-, responde pela promoção, prevenção e IX - os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais,
recuperação da saúde coletiva e individual dos trabalhadores; sejam, ou não, da área da saúde.
considerando que todo médico, ao atender seu paciente, deve avaliar a pos-
sibilidade de que a causa de determinada doença, alteração clínica ou labora- Artigo 3º - Aos médicos que trabalham em empresas, independentemente de
torial possa estar relacionada com suas atividades profissionais, investigando-a sua especialidade, é atribuição:
de forma adequada e quando necessário, verificando o ambiente de trabalho; I - Atuar, visando essencialmente a promoção da saúde e prevenção da doen-
considerando finalmente, o decidido em Sessão Plenária em 11 de fevereiro de ça, conhecendo, para isto, os processos produtivos e ambientes de trabalho da
1998, resolve: empresa;
II - Avaliar as condições de saúde do trabalhador para determinadas funções e/ou
Artigo 1º - Aos médicos que prestam assistência ao trabalhador, independen- ambientes, indicando sua alocação para trabalhos compatíveis com sua situação
temente de sua especialidade ou local em que atuem, cabe: de saúde, orientando-o, se necessário, no processo de adaptação;
I - assistir ao trabalhador, elaborar seu prontuário médico e fazer todos os enca- III - Dar conhecimento aos empregadores, trabalhadores, comissões de saúde,
minhamentos devidos; CIPAS e representantes sindicais, através de cópias de encaminhamentos, solici-
II - fornecer atestados e pareceres para o afastamento do trabalho sempre que tações e outros documentos, dos riscos existentes no ambiente de trabalho, bem
necessário, CONSIDERANDO que o repouso, o acesso a terapias ou o afasta- como dos outros informes técnicos de que dispuser desde que resguardado o
mento de determinados agentes agressivos faz parte do tratamento; sigilo profissional;
III - fornecer laudos, pareceres e relatórios de exame médico e dar encaminha- IV - Promover a emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho, ou outro
mento, sempre que necessário, para beneficio do paciente e dentro dos precei- documento que comprove o evento infortunístico, sempre que houver acidente
tos éticos, quanto aos dados do diagnostico, prognostico e tempo previsto de ou moléstia causada pelo trabalho. Essa emissão deve ser feita até mesmo na
tratamento. Quando requerido pelo paciente deve o médico por à sua dispo- suspeita de nexo etiológico da doença com o trabalho. Deve ser fornecido cópia
sição tudo que se refira ao seu atendimento, em especial cópia dos exames e dessa documentação ao trabalhador;
prontuário médico. V - Notificar, formalmente, o órgão público competente, quando houver suspei-
ta ou comprovação de transtornos da saúde atribuíveis ao trabalho, bem como
Artigo 2º - Para estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde recomendar ao empregador a adoção dos procedimentos cabíveis, independen-
e as atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental) e os exa- temente da necessidade de afastar o empregado do trabalho.
mes complementares, quando necessários, deve o médico considerar:
I - A história clínica e ocupacional, virtualmente decisiva em qualquer diagnósti- Artigo 4º - São deveres dos médicos de empresa, que atendem ao trabalhador,
co e/ou investigação de nexo causal; independentemente de sua especialidade:
II - o estudo do posto de trabalho; I - Atuar junto à empresa para eliminar ou atenuar a nocividade dos processos
de produção e organização do trabalho, sempre que haja risco de agressão à
III - o estudo da organização do trabalho;
saúde. Atuar, visando essencialmente a promoção da saúde e prevenção da do-
IV - os dados epidemiológicos;
ença, conhecendo, para isto, os processos produtivos e ambientes de trabalho
V - a literatura atualizada; da empresa;
VI - a ocorrência de quadro clínico ou sub-clínico em trabalhador exposto a II - Promover o acesso ao trabalho de portadores de afecções e deficiências para
condições agressivas; o trabalho, desde que este não agrave ou ponha em risco sua vida. Atuar, visan-
VII - a identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressan- do essencialmente a promoção da saúde e prevenção da doença, conhecendo,
tes e outros; para isto, os processos produtivos e ambientes de trabalho da empresa;

36 37
III - Opor-se a qualquer ato discriminatório impeditivo de acesso ou permanência Artigo 10º - São atribuições e deveres do perito-médico judicial e assistentes
da gestante no trabalho, preservando-a, e ao feto, de possíveis agravos ou riscos técnicos:
decorrentes de suas funções, tarefas e condições ambientais. I - Examinar clinicamente o trabalhador e solicitar os exames complementares
necessários. Atuar, visando essencialmente a promoção da saúde e prevenção da
Artigo 5º - Os médicos do trabalho (como tal reconhecidos por lei) especial- doença, conhecendo, para isto, os processos produtivos e ambientes de trabalho
mente aqueles que atuem na empresa como contratados, assessores ou consul- da empresa;
tores em saúde do trabalhador serão responsabilizados por atos que concorram
II - O perito-médico e assistentes-técnicos ao vistoriarem o local de trabalho de-
para agravos à saúde dessa clientela conjuntamente com outros médicos que
vem fazer-se acompanhar, se possível, pelo próprio trabalhador que está sendo
atuem na empresa e que estejam sob sua supervisão, nos procedimentos que
objeto da perícia, para melhor conhecimento do seu ambiente e função. Atuar,
envolvam a saúde do trabalhador, especialmente com relação à ação coletiva de
visando essencialmente a promoção da saúde e prevenção da doença, conhe-
promoção e proteção à sua saúde.
cendo, para isto, os processos produtivos e ambientes de trabalho da empresa;
III - Estabelecer o nexo causal, considerando o exposto no Artigo 4º e incisos.
Artigo 6º - São atribuições e deveres do Perito Médico de instituições providen-
ciárias e seguradoras: Artigo 11º - Deve o perito-médico judicial, fornecer cópia de todos os docu-
mentos disponíveis para que os assistentes-técnicos elaborem seus pareceres.
I - Avaliar a (in)capacidade de trabalho do segurado, através do exame clínico,
Caso o perito médico judicial necessite vistoriar a empresa (locais de trabalho e
analisando documentos, provas e laudos referentes ao caso. Atuar, visando es-
documentos sob sua guarda), ele deverá informar, oficialmente, o fato, com a
sencialmente a promoção da saúde e prevenção da doença, conhecendo, para
devida antecedência, aos assistentes-técnicos das partes (ano, mês, dia e hora
isto, os processos produtivos e ambientes de trabalho da empresa;
da perícia).
II - subsidiar tecnicamente a decisão para a concessão de benefícios. Atuar, vi-
sando essencialmente a promoção da saúde e prevenção da doença, conhecen-
do, para isto, os processos produtivos e ambientes de trabalho da empresa; Artigo 12º - O médico de empresa, o médico responsável por qualquer Pro-
grama de Controle de Saúde Ocupacional de Empresa e o médico participante
III - comunicar, por escrito, o resultado do exame médico-pericial ao periciando,
do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho, não podem ser
com a devida identificação do perito médico (CRM, nome e matrícula). Atuar,
peritos judiciais, securitários ou previdenciários, ou assistentes-técnicos da em-
visando essencialmente a promoção da saúde e prevenção da doença, conhe-
presa, nos casos que envolvam a firma contratante e/ou seus assistidos(atuais ou
cendo, para isto, os processos produtivos e ambientes de trabalho da empresa;
passados).
IV - orientar o periciando para tratamento quando eventualmente não o estiver
fazendo e encaminhá-lo para reabilitação quando necessário.
Artigo 13º - A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação,
revogando-se as disposições em contrário.
Artigo 7º - Perito-Médico Judicial é aquele designado pela autoridade judicial
ou policial, assistindo-a naquilo que a Lei determina.
Brasilia,11 de Fevereiro de 1998
Waldir Paiva Mesquita
Artigo 8º - Assistente-Técnico é o médico que assiste às partes em litígio.
Presidente
Antônio Henrique Pedrosa Neto
Artigo 9º - Em ações judiciais, o prontuário médico, exames complementares
ou outros documentos, só podem ser liberados por autorização expressa do Secretário-geral
próprio assistido. Publicada no Diário Oficial da União de 06/03/1998, pág. 150

38 39
Pesquisa Realizada entre educadores Sobre Síndrome de Burnout
na Estância Turística de Ribeirão Pires 24 - Você tem constantes dores de cabeça ?
25 - Sofre de insônia ?
Em uma parceria entre o SINEDUC e a Prefeitura Municipal, foi realiza-
26 - Sente dores musculares diariamente?
do no setor da Educação uma pequisa sobre Assédio Moral (perguntas
27 - Tem (constantemente ) vontade de nunca mais ir trabalhar ?
de 1 à 23) e Síndrome de Burnout (perguntas 24 à 30).
28 - Pensa em morrer (por questões no trabalho).
Abaixo você confere o questionário feito e na página ao lado os gráfi-
39 - Sente-se sempre exausto (a) ?
cos contendo o resultado em porcentagem.
30 - Tem ( diagnosticada) alguma doença ligada a depressão ? Síndromes ?

Sobre Assédio Moral


01 - Seu superior hierárquico não o cumprimenta mais e não fala com você.
02 - Impõe horários injustificados.
03 - Diz coisas do tipo: Aqui quem manda sou eu”, “Você não estudou ... agora agüente”. Gráficos
04 - Chama-lhe a atenção em público. de pes-
05 - Grita com você.
06 - Nega-lhe (de forma dissimulada) acesso as leis de seu interesse (por ex. Estatuto).
quisa
07 - Proíbe seus colegas de falar com você. realizada
08 - Pressiona-lhe muito de forma injustificada. entre os
09 - Ironiza seus problemas de saúde (atestado, e outras dificuldades)
10 - Lhe discrimina , persegue ou provoca.
educa-
11 - Lhe trata de forma diferenciada em relação a outros colegas. dores da
12 - Impõe um clima de terror e fofocas no setor. Estância
13 - Faz correr boatos de que você está com problema mental ou familiar.
Turística
14 - Despreza, ironiza ou ridiculariza seus problemas.
15 - Força você a pedir transferência. de Ri-
16 - Por ocasião da avaliação de desempenho, faz circular coisas como : “ Agora a beirão
‘ fulana’ me paga”.
17 - Vigia ou manda vigiar seus passos , controlando seus movimentos.
Pires
18 - Mantem um clima constante de medo e tensão , nunca apoiando seus colegas
ou você frente a problemas ou mal entendidos no trabalho.
19 - Lhe submete a situações vexatórias frente aos alunos, colegas ou comunidade.
20 - Quando alguma roupa ou material dos alunos se extravia, diz que você e seus
colegas terão que pagar. 24

21 - Faz ameaças, justificando suas ações dizendo sempre: “ Não sou eu, é a Se- 25

cretaria (ou o Prefeito (a), ou o Papa ). 26


27
22 - Faz comentários ou piadas racistas ou sexistas.
28
23 - O clima no local de trabalho se torna dependente do humor do seu supe-
29
rior hierárquico.
30
40 41
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