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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA E DIREITO – PPGSD


Disciplina: Teoria Sociológica
Marianna Borges Soares

A teoria do agendamento ou “Agenda-setting theory” foi formulada por dois


professores estadunidenses, Maxwell McCombs e Donald Shaw. O estudo que deu
origem ao termo foi publicado em 1972 na revista The Public Opinion Quarterly sob
o título de The Agenda-Setting Function of Mass Media1.
Os autores reconhecem que a teoria desenvolvida remonta ao estudo elaborado
inicialmente por Walter Lippmann em 1922, em que o autor defende que “a mídia é a
ponte até nossas mentes em termos de informação” (McCombs, 2008). Lippmann
analisou a influência da mídia nas atitudes e na opinião pública.
McCombs e Shaw partiram então para uma análise empírica dos escritos de
Lippmann, tomando como cenário a eleição presidencial estadunidense de 1968, em
Chapell Hill, onde se localiza a Universidade da Carolina do Norte. Os pesquisadores
verificaram a partir do seu estudo que o ranking de informações importantes
classificadas pela mídia correspondeu quase perfeitamente àquilo que as pessoas
consideravam os principais problemas enfrentados pelas pessoas à época. Ou seja, o
que a agenda pública considerou como sendo os assuntos mais importantes
(McCombs, 2008).
A teoria determina que aquilo que a agenda midiática informa termina
influenciando a agenda pública. Em outras palavras, a agenda simbólica dos meios de
notícia pauta a agenda da sociedade. A forma pela qual as notícias são colocadas, em
termos de opiniões, tentam persuadir o público a adotar determinada posição sobre
um assunto relevante.
Dessa forma, pode-se compreender que a mídia de massa é um poderoso
instrumento de manipulação da opinião pública, sendo a mídia uma espécie de
instrumento de engenharia social para a manipulação de opiniões e compreensão da
realidade. Ao destacar quais temas terão maior destaque em suas manchetes, e quais

1
McCombs, Maxwell; Shaw, Donald. The Agenda-Setting Function of Mass Media. The Public
Opinion Quarterly, Vol. 36, No. 2, pp. 176-187, Summer 1972. Disponível em:
http://snschool.yolasite.com/resources/Agenda%20setting%20function-Sanjay.pdf
serão descartados, os meios de comunicação de massa determinam o que será
discutido na sociedade pelos consumidores de notícia.
Para os autores, o agendamento interfere na forma de como as pessoas pensam
sobre determinado assunto, a partir da seleção dos tópicos e enquadramentos sobre
determinados assuntos:
O agendamento é bastante mais do que a clássica asserção de que as
notícias nos dizem sobre o que é que devemos pensar. As notícias
dizem-nos também como devemos pensar sobre o que pensamos.
Tanto a selecção de objectos para atrair a atenção como a selecção
de enquadramentos para pensar sobre esses objectos são tarefas
poderosas do agendamento. (McCombs e Shaw apud Carvalho
2016)

Nesse sentido, podemos concluir que a Teoria do Agendamento denuncia que a


mídia pode causar uma distorção na percepção da realidade pelas pessoas. Assim,
grandes conglomerados empresariais detentores dos meios de comunicação em massa
apresentam um poder muito grande ao pautarem assuntos de seu interesse na opinião
pública. Com o poder de direcionar a agenda e opinião públicas, podem fazer com
que decisões sejam tomadas e defendidas na esfera institucional com repercussões
econômicas, sociais e políticas em seu benefício e em detrimento da própria
população.

Referências Bibliográficas

McCombs, Maxwell; Shaw, Donald. The Agenda-Setting Function of Mass Media.


The Public Opinion Quarterly, Vol. 36, No. 2, pp. 176-187, Summer 1972.
Disponível em:
http://snschool.yolasite.com/resources/Agenda%20setting%20function-Sanjay.pdf
McCombs, Maxwell. Um Panorama da Teoria do Agendamento, 35 anos depois de
sua formulação. Entrevista concedida a José Afonso da Silva Junior, Pedro Paulo
Procópio, Mônica dos Santos Melo. Intercom – Revista Brasileira de Ciências da
Comunicação, São Paulo, v.31, n.2, jul./dez. 2008, pp. 205-221. Disponível em:
http://www.redalyc.org/pdf/698/69830990011.pdf
Carvalho, Cláudia. Quem determina a agenda jornalística? Seleção e construção da
notícia na relação entre assessoria de imprensa e jornalismo. Revistas Estudos de
Jornalismo, n.º 5, v. 2 e Dispositiva, n.º 1, v. 5, 2016. Disponível em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/dispositiva/article/view/11900

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