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Ramiro Sápiras

Lições para toda a vida

1
ÍNDICE

Prefácio...............................................
05
..........

A
1 – amizade............................................... 09
......

A arte da
2 – 11
prudência.....................................

A arte de
3 – 16
esquecer.......................................

A arte de
4 – 18
ouvir.............................................

A formação da
5 – 20
personalidade....................

A missão de cada
6 – 24
um...................................

A origem e o significado do
7 – 26
Natal.............

A prática de esportes e espírito


8 – 29
esportivo

2
As emoções nossas de cada
9 – 32
dia..................

As qualidades do verdadeiro
10 – 34
líder..............

As virtudes
11 – 37
humanas....................................

Atitudes para elevar a auto-


12 – 42
estima.............

Atitudes...............................................
13 – 45
...........

Comunicação.......................................
14 - 52
.........

Direitos da
15 – 55
Criança.......................................

Direitos
16 – 58
Humanos........................................

Educação e
17 – 63
formação..................................

Elementos da
18 - 65
Cultura..................................

Eros e
19 – 68
Thánatos...........................................

Eutanásia............................................
20 – 70
...........

3
Filosofia de
21 – 75
vida...........................................

Liberdade............................................
22 – 77
..........

Magnetismo
23 – 79
pessoal....................................

Mensagens
24 – 81
bíblicas.....................................

Motivações
25 84
humanas...................................

O agora
26 – 86
eterno.............................................

O clamor dos
27 – 88
filhos.....................................

O milagre de uma nova


28 – 91
vida.......................

O pensamento vivo de Marco


29 – 93
Aurélio.....

O poder da
30 - 98
fé................................................

O poder da mente
31 – 100
subconsciente..............

O poder da
32 – 104
palavra.......................................

4
O poder das
33 – 106
fábulas......................................

O significado da
33 – 109
vida....................................

Os sete talentos
34 – 112
fundamentais.....................

Os setenta e sete pecados


35 – 115
capitais...............

Pensamentos.......................................
36 – 118
............

Qualidade de
37 – 122
vida...........................................

Relacionamentos.................................
38 – 125
............

Relembrando
39 – 127
Confúcio..................................

Sócrates, o grande filósofo


40 – 130
grego.................

Sucesso e
41 – 135
felicidade........................................

Todo mundo é seu


42 – 139
mestre............................

Triunfo sobre o medo e as


43 – 140
preocupações..

5
Uma personalidade
44 – 143
atraente.........................

Zona de
45 – 145
conforto...........................................

O
autor.................................................... 147
........

PREFÁCIO

“Lições para toda a vida”, de Ramiro Sápiras,


é um livro de leitura fácil, que deve ser interiorizado
frase a frase, capítulo a capítulo. Não é para ser
“devorado”, mas degustado lentamente como quem
sorve um delicioso vinho, deixando o líquido
preencher o nosso paladar. “Lições para toda a vida”
perpassa nosso coração, nossa alma, orientando
nosso dia-a-dia, nossas ações, tocando-nos para
atingir aqueles que nos cercam.

6
É um livro para transformação interior, para
conscientização de que somos dotados de sabedoria,
de senso crítico, de inteligência, capazes, portanto,
de viver num mundo que, embora imperfeito, foi
criado pelo mais perfeito dos seres. É um livro que
transcende nossa mesquinhez, mostrando-nos que é
possível ver a natureza e o nosso semelhante com
bondade, aceitando-o em suas peculiaridades. Sim,
porque somos diferentes na nossa igualdade e
precisamos entender e aceitar isso.

Ramiro, de maneira clara e fluente, faz


ponderações pertinentes sobre temas de crucial
importância para nossa convivência quotidiana com
aqueles que fazem parte de nossa vida. Sobre a
amizade, por exemplo, ele afirma: “[...] a amizade é
algo muito frágil, precisa ser cultivada e conservada
com muito cuidado”. Sobre a “arte de esquecer”, diz
o autor “[...] banir da memória frustrações, conflitos,
negatividades”. Ramiro busca na mitologia grega
assunto para fazer-nos pensar sobre o amor e a
morte e apresenta-nos Eros (deus do amor) e
Thánatos (deus da morte), questionando-nos sobre
qual queremos seguir. Ele não deixa de penetrar
num terreno polêmico, mas que precisa ser
abordado, a eutanásia, pois ela diz respeito a
amenizar o sofrimento do ser humano portador de
uma doença incurável e dolorosa. Ele traz
depoimentos de médicos e as justificativas para a
prática da eutanásia.

Nosso autor se detém a analisar o lado


psíquico do ser humano, como, por exemplo, das
emoções, chamando a atenção que elas são
provocadas pelas mais diversas razões; enumera
alguns atributos que caracterizam o verdadeiro

7
líder; descreve as virtudes; lista atitudes para elevar
a auto-estima, entre outros assuntos.

Como bom advogado que é, Ramiro dedica um


capítulo aos direitos da criança, reproduzindo os dez
princípios da Declaração dos Direitos da Criança;
um capítulo aos direitos do homem, reproduzindo
alguns artigos do Estatuto da Declaração Universal
dos Direitos Humanos; um capítulo sobre os filhos,
no qual reproduz um texto de Almir Ribeiro
Guimarães, um verdadeiro “clamor dos filhos” a seus
pais; e relembra a sabedoria dos pensamentos de
filósofos, como Confúcio e Sócrates.

Este livro nasceu, publicado capítulo a


capítulo, na internet, cada um independente do
anterior, e assim pode ser lido. Não há necessidade
de ler capítulos anteriores para compreender os
demais. Temos uma obra didática que nos remete a
uma reflexão sobre nós, nossos valores, nossas
concepções, um guia para qualificarmos nossas
ações, para aceitarmos nosso semelhante como ele
é, sem querer modificá-lo, e para não julgarmos as
pessoas precipitadamente.

“Lições para toda a vida” é o resultado de um


trabalho de pesquisa, de fácil assimilação, onde
encontramos considerações para sermos mais
felizes, para triunfarmos sobre nossos medos e
preocupações e para proporcionar o
desenvolvimento de nossa personalidade de modo
que seja atraente e simpática. Assim, pouco a pouco,
como um timoneiro que conduz o seu barco com
mão firme, conhecendo o rumo a seguir, o autor leva
o leitor a um porto seguro para a sua vida.

8
São Leopoldo, maio
de 2008.

Mardilê Friedrich Fabre


Mestre em
Literatura

9
Minha saudação a todos os escritores e poetas
do Centro Literário de São Leopoldo.

10
Dedico este livro às minhas filhas
Susana, Adriana e Giovana,
e à minha esposa Ester,
com carinho.

A amizade

A
amizade é uma das formas mais prazerosas de
relacionamento humano. Os bons momentos da vida
ficam ainda melhores na presença de amigos
verdadeiros. E, nos momentos difíceis, eles ajudam a
aliviar a situação, oferecendo apoio eficaz, ou, às
vezes, somente um abraço ou um ombro confortador.

A amizade tem início em um momento mágico,


indefinível. São pequenos detalhes que
impressionam, enternecem e fazem brotar esse
maravilhoso sentimento.

A verdadeira amizade é uma planta de


crescimento lento. Somente após passar por
inúmeras provas, no decorrer do tempo, ela pode
merecer essa designação. Mas, a amizade é algo
muito frágil, precisa ser cultivada e conservada com
muito cuidado e sensibilidade.

Amizade é união de espíritos. Ela gera


harmonia, alegria, entusiasmo. Torna a vida mais
dinâmica e interessante. São os amigos que, muitas

11
vezes, nos estimulam a sair da concha, a viver mais
intensamente.

Esse sentimento fraterno carece de tolerância


e paciência, pois, muitas vezes, as pessoas dizem ou
fazem coisas que magoam. Nesses momentos
difíceis é necessário muito tato. Por vezes, o silêncio
é o melhor remédio.

Saber ouvir é outro requisito que deve ser


cultivado. Um amigo sincero deve ser sempre o
melhor ouvinte. Isto é muito importante, pois as
pessoas precisam desabafar, expressar sentimentos,
revelar segredos e sonhos, ou expor uma nova idéia,
com inúmeros detalhes.

É possível desenvolver mais amizades em dois


meses interessando-se mais pelas pessoas, do que
em dois anos, tentando fazer as pessoas se
interessarem por si mesmo. E isso é verdadeiro, pois
somente alguém prestativo e simpático, alguém que
irradia alegria e entusiasmo, é que possui o dom de
conquistar amigos.

As amizades, para serem duradouras,


precisam de dedicação e tempo. Os amigos devem
encontrar-se regularmente, em casa, em passeios,
em sessões de cinema e teatro, em eventos culturais,
em bailes e festas, em eventos esportivos. E a
comunicação telefônica, ou via internet, deve ser
constante, sob pena de enfraquecer-se o vínculo.

12
A arte da prudência

O
livro “A Arte da Prudência – Um Oráculo
Manual” (Editora Martin Claret) é
considerado uma obra-prima no gênero
“livros de perfeita sabedoria”. Seu autor é o jesuíta
espanhol Baltasar Gracián, nascido a 8 de janeiro de
1601 e falecido a 6 de dezembro de 1658. Pregador
de renome, foi também reitor de colégios jesuítas de
Tarragona e Valência. Outros livros de sua lavra: El
héroe, El político, El discreto e El criticon.

13
Schopenhauer, escritor alemão, a respeito
desse livro, disse: “Ensina a arte que todos
praticariam de bom grado, sendo, portanto um livro
para todos. Sem dúvida, lê-lo todo apenas uma vez
não é suficiente; trata-se de um livro para uso
constante, de acordo com a ocasião – em resumo,
para ser um companheiro na vida”.

Na Idade Média, todo padre escritor devia


submeter suas obras aos superiores para tê-las
aprovadas e publicadas. Assim, ao aprovar “A Arte
da Prudência”, Frei Gabriel Hernández, em seu
parecer, declarou: “Admirei em tão pouco corpo
tanta alma. É a quintessência da mais recôndita
prudência, que não se alimentam de outras coisas os
sábios. Sempre tive por difícil a arte da prudência,
mas quem soube achar regras para a agudeza pôde
ditar preceitos para a cordura”.

Enfim, trata-se de um manual para ser


consultado a toda hora. Traz trezentos aforismos
comentados que ensinam como viver nesse mundo,
nas relações pessoais e nos tratos profissionais. Eis
alguns deles:

 Caráter e inteligência. São os pólos que


fazem luzir os predicados. Não basta ser
inteligente; é preciso também ter o caráter
apropriado. (2)
 Alcançar a perfeição. Ninguém nasce
perfeito. Deve se aperfeiçoar dia a dia,
tanto pessoal quanto profissionalmente, até
se realizar por completo, repleto de dotes e
de qualidades. (6)

 Conhecer seu principal atributo. Seu dom


de destaque. Cultive-o e incentive os

14
demais. Todos alcançariam a excelência em
alguma coisa se conhecessem sua qualidade
dominante. Identifique o rei dos seus
atributos e se dedique a ele com afinco.
(34)

 Nunca perder o controle. Grande ênfase


deve pôr a prudência em não perder o
controle. As paixões são os humores da
alma, e qualquer excesso indispõe a
prudência. Tendo completo domínio de si
próprio na prosperidade como na
adversidade, ninguém irá censurá-lo, mas
admirá-lo. (52)

 Nem tudo mau, nem tudo bom. Certo


sábio reduziu toda sabedoria ao caminho do
meio. Levar o certo longe demais e ele se
torna errado. A laranja espremida ao
máximo dá só amargor. Mesmo no prazer
não devemos ir a extremos. A própria
inteligência se esgota se exigida demais, e
se ordenhamos uma vaca em excesso
teremos sangue por leite. (82)

 Ter amigos. É uma segunda vida. Para um


amigo, todos os amigos são bons e sábios.
Entre eles, tudo acaba bem. Você vale tanto
quanto os outros o querem e, para que o
queiram, deve ganhar-lhes a boca através
do coração. Nada conquista tanto como
servir aos outros, e a melhor maneira de
ganhar amigos é agir como amigo. (111)

 Nunca competir. Quando competimos,


nossa reputação pode sofrer prejuízo. O
competidor vai de imediato tentar descobrir

15
nossos defeitos para nos desacreditar. A
rivalidade descobre as faltas que a cortesia
tinha esquecido. (114)

 Não falar sobre si mesmo. Ou se gabará, o


que é vaidade, ou se criticará, o que é
humildade. Ao demonstrar tal falta de
sensatez, tornamo-nos maçantes para os
ouvintes. (117)

 Não fazer tempestade em copo d’água.


Alguns não levam nada em conta, ao passo
que outros transformam tudo em caso.
Estão sempre falando com importância,
sempre levando as coisas muito a sério,
transformando-as em controvérsia e
mistério. É tolice levar a sério aquilo que
não deveríamos ligar importância. (121)

 Grandeza de alma. Um dos principais


requisitos do heroísmo, pois inspira todo
tipo de grandeza. Realça nosso gosto,
engrandece o coração, eleva nosso
pensamento, enobrece o caráter e dispõe à
magnificência. (128)

 Reconsiderar. A segurança está em


reexaminar as coisas, principalmente
quando não se está totalmente seguro.
(132)

 Não se intrometer. Principalmente quanto


mais agitadas estiverem as ondas do social
ou do familiar. O convívio humano tem seus
tumultos, suas tempestades de vontade; em
tais ocasiões é sensato retirar-se para um
porto seguro e deixar as ondas se

16
acalmarem. Não há remédio melhor para a
confusão do que deixá-la seguir seu curso,
terminando assim por si mesma. (138)

 Conhecer os dias aziagos. Porque eles


existem. Tudo para dar certo tem seu
momento. Certos dias, tudo corre mal;
noutros, bem, e com menos esforço. Mas
não é sensato considerar o dia
definitivamente mau ou bom por causa de
um golpe de azar ou de sorte. (139)

 O pacato tem vida longa. Para viver, deixe


viver. As pessoas pacíficas não vivem
apenas, reinam. Ouça e veja, mas
mantenha-se calado. Um dia sem tensões
significa uma noite repousante. (192)

 Ter algo a desejar. De modo a não se tornar


infeliz por excesso de ventura. Quando
possuir tudo, tudo será decepção e
insatisfação. Mesmo o conhecimento
precisa de algo mais para aprender, algo
que seja aperitivo para a curiosidade. O
anseio nos dá alento, mas a fartura de
felicidade pode ser fatal. (200)

 Saber organizar a vida com bom senso. O


que torna a vida agradável é a diversidade
do conhecimento. Filosofar é o prazer mais
elevado de todos. (229)

 Completar as vitórias. Alguns começam


tudo e nada terminam. De caráter volúvel,
começam, mas não persistem. Nunca

17
conseguem louvores porque não
prosseguem com nada. Se a empreitada
vale a pena, compensa terminar. Se não
compensa terminar, por que começar?
(242)

 Saber esquecer é mais um dom que arte.


Aquilo que mais deveríamos esquecer é o
que lembramos com mais facilidade. Às
vezes, o melhor remédio para o mal seria
esquecê-lo, mas esquecemos o remédio.
Convém, pois instruir a memória a ter
melhores hábitos, pois ela sozinha pode nos
proporcionar o céu ou o inferno. (262)

 Palavras suaves, proferidas delicadamente.


As flechas trespassam o corpo: as más
palavras, a alma. A maioria das coisas paga-
se com palavras, e elas sozinhas bastam
para realizar o impossível. A única forma de
ser amável é ser manso. (267)

 Viver de acordo com a ocasião. Não viva


segundo regras fixas, a menos que se trate
de agir com virtude. Os sensatos sabem que
o rumo da prudência está em se portar de
acordo com a ocasião. (288)

 Moderar suas opiniões. Cada um forma as


idéias de acordo com a sua conveniência e
apresenta razões de sobra para defendê-las.
Na maioria das pessoas, o juízo é vencido
pela emoção. De quando em quando, ponha-
se do outro lado e, com cuidado, revise a
própria opinião. Analise os motivos do
ponto de vista do outro. (294)

18
 Em resumo, ser um santo; isso diz tudo. A
virtude é uma cadeia de todas as
perfeições, o centro de toda a felicidade.
Torna-o prudente, discreto, perspicaz,
sensível, sensato, corajoso, cauteloso,
honesto, feliz, louvável, verdadeiro, um
herói universal. Três esses nos tornam bem-
aventurados: sábio, sadio e santo. Não há
nada tão amável quanto a virtude, nem tão
detestável quanto o vício. A virtude é
autêntica; tudo o mais é imitação.
Capacidade e grandeza se medem pela
virtude, não pela sorte. Só a virtude basta a
si mesma. (300)

A arte de esquecer

19
A
tivar a memória, aprimorá-la constantemente, torná-
la excelente, eis o que é considerado ideal. Sem
dúvida, é louvável manter uma ótima capacidade de
memorização envolvendo dados, datas, fatos, nomes,
números, imagens, fórmulas e tantas coisas mais. A
esse tipo de memória denominamos memória
objetiva.

Entretanto, essa reflexão trata da memória


subjetiva, psicológica. É a capacidade de reter
lembranças de acontecimentos, ordinariamente
negativos, ou interpretados desta forma. As pessoas
que desenvolvem esse tipo de memória jamais
esquecem uma ofensa, um fato negativo, um
acontecimento que as deixou amargurada. Carregam
pela vida afora um fardo, cada vez mais pesado,
repleto de recordações eivadas de intrigas, de
maledicências, de questões mal-resolvidas, de falsas
interpretações da realidade.

Assim, as pessoas, de tempos em tempos,


podem trazer à tona lembranças remotas,
escondidas nos escaninhos da mente, envolvendo
suscetibilidades, feridas abertas. E o interlocutor,
surpreso, poderá dizer: “Mas isso é coisa do
passado! Já havia me esquecido completamente! Por
que reviver algo que não acrescenta nada de
positivo, algo que pode reabrir velhas feridas”?

O mesmo acontece naquela estória


envolvendo dois monges. Andavam eles a peregrinar
por uma região campestre, quando chegaram à beira
de um largo córrego, ornado de rochas e cachoeiras.
Então, deparam-se com uma formosa donzela que

20
pretendia atravessar a correnteza, mas sentia-se
temerosa, incapaz de realizar sozinha tal façanha.
Por isso, implorou aos cenobitas que a conduzissem
à margem oposta. O mais idoso, sem a menor
hesitação, tomou-a em seus braços, e, com firmeza e
energia, atravessou o riacho, deixando a jovem
segura em terra firme. Ela agradeceu, comovida, e
seguiu seu caminho. Os monges continuaram sua
rota, em silêncio. Porém, a certa altura, o mais
jovem, que até então andava aflito com seus
pensamentos e interpretações, censurou o colega:
“Meu irmão! Como é que você toca numa mulher?
Segundo nossos sagrados princípios, isso é pecado”!
Ao que respondeu o outro: “Veja bem, meu prezado
irmão: eu larguei a moça já faz bastante tempo, lá
longe, na margem do riacho. Por sua vez, você
continua a carregá-la, ao menos em seu
pensamento”!

E é isso exatamente o que fazem as pessoas,


em inúmeras e variadas circunstâncias: continuam a
carregar pensamentos e suas distorcidas
interpretações, depreciando a vida e os
relacionamentos.

Considerando esse singular fenômeno,


enfatizamos a importância de se desenvolver a “arte
de esquecer”. Ou seja, banir da memória todo e
qualquer resquício de maledicências, frustrações,
conflitos, negatividades. Enfim, tudo o que não
contribui para o enriquecimento do espírito, das
relações humanas, da qualidade de vida. Suprimir,
ou melhor, reduzir ao ínfimo, e depositar em algum
lugar praticamente inacessível da mente, toda
memória psicológica, toda e qualquer lembrança que
somente traz prejuízos à nossa vida. E isso é
verdadeiramente uma arte que precisa ser

21
aprendida, exercitada, elaborada, dia após dia,
durante a vida toda.

A arte de ouvir

E
m nossa cultura, observamos que ouvir com plena
atenção é um aspecto muito negligenciado nas
comunicações interpessoais. Porém, falar e ouvir são
elementos essenciais. A qualidade de ambos define a
qualidade das interações humanas.

Comumente, as pessoas preocupam-se mais


com o que vão dizer, ou responder, do que
propriamente com o ato de ouvir, que não é, em
absoluto, uma condição passiva, pois necessita de
apreciável esforço e concentração.

Assim, devemos conscientizar-nos de quanto é


importante ouvir com atenção, mesmo durante um

22
tempo prolongado. Realmente, trata-se de uma arte,
e deve ser desenvolvida.

Quando ouvimos o nosso interlocutor com


respeito, sensibilidade e serena atenção, podemos
nos transportar para o interior de sua mente e
acompanhar sua trajetória, elaborando imagens
reais do que está sendo narrado, discutido,
desenvolvido.

Nesses mágicos momentos, estamos


demonstrando ao nosso interlocutor que o aceitamos
como pessoa que possui idéias dignas de serem
ouvidas, como pessoa que elabora questões dignas
de atenção, como pessoa plena de dignidade a ser
respeitada.

Nosso interlocutor, em tal situação, sente-se à


vontade, seguro, confiante, e pode revelar seus
pensamentos e sentimentos mais profundos, com
toda a plenitude. Isto é admirável! Ele experimenta
uma sensação de elevada auto-estima, pois está
sendo apreciado por inteiro.

De nossa parte, seremos capazes de


compreender suas idéias, suas proposições, seus
pontos de vista, com inteireza, pois não estamos
interferindo com nossas próprias idéias, teorias,
valores, crenças, preconceitos. Isso não significa
concordância com tudo o que está sendo afirmado.
Quando chegar a nossa vez de falar, nas mesmas
condições, nos será possível expor, com clareza e
profundidade, tudo o que tivermos a dizer,
consoante nossas próprias convicções.

O silêncio vale ouro. Provérbio popular muito


conhecido, porém, pouco compreendido. Mas, é

23
exatamente nos preciosos momentos de interação
pessoal que devemos nos valer do silêncio. Porém,
um silêncio criativo, encorajador, que estimula o
outro a dizer tudo quanto precisa dizer.

Ao desenvolver a verdadeira arte de ouvir,


estaremos contribuindo para o estabelecimento da
harmonia e da paz nas relações humanas.

24
A formação da personalidade

P
ersonalidade é o conjunto de características
psicológicas, de certa forma estáveis, que
determinam a maneira como o indivíduo
interage com o seu ambiente. Também podemos
definir “personalidade” como “a organização
integral e dinâmica do contexto formado pelos
atributos físicos, mentais e morais do indivíduo,
compreendendo as características hereditárias e as
adquiridas durante a vida: hábitos, interesses,
inclinações, complexos, sentimentos e aspirações”.

A formação da personalidade tem início a


partir do nascimento. Assim, os primeiros anos de
vida de uma pessoa são decisivos para a gênese de
sua futura personalidade. Nesse período, são
delineadas as principais características psíquicas, a
partir da relação da criança com os pais, com
pessoas próximas, com objetos e com o meio
ambiente. Assim, essas relações devem suprir todas
as necessidades físicas e psicológicas da criança. A
não satisfação das mesmas pode causar sérios
prejuízos à formação da personalidade. Outrossim, é
preciso acalentar o desenvolvimento de uma ampla
gama de virtudes desde os primeiros anos de vida,
em especial a temperança, que propicia a conquista
de um sentido de equilíbrio, evitando-se a
exacerbação de necessidades, por um lado, e, por
outro, a insatisfação de outras consideradas
fundamentais. Nesse contexto, além das
necessidades de manutenção da vida, todos os
25
indivíduos possuem outras, de aprovação, de
independência, de aprimoramento pessoal, de
segurança e de auto-realização, onde serão
desenvolvidos os valores existenciais, estéticos,
intelectuais e morais.

A qualidade das relações entre pais e filhos


exerce uma influência determinante na formação
psicológica destes. A partir dos primeiros meses de
vida, os pais e responsáveis pela criação e educação
das crianças devem dedicar toda a atenção ao
desenvolvimento de sua auto-estima. É
imprescindível estimular, elogiar, oferecer muito
afeto e carinho, para que as crianças construam sua
personalidade, com base em elevado amor próprio.
Da mesma forma, os pequenos devem ter toda a
liberdade para expressar emoções: alegria, afeto,
tristeza, medo e raiva. Se a criança for levada a
reprimir suas emoções autênticas, desenvolverá uma
personalidade combalida, neurótica, plena de
tensão, de ansiedade, de angústia e de depressão.

Dessa forma, os adultos responsáveis pela


formação dos futuros cidadãos devem evitar, a todo
custo, dirigir-lhes palavras e tomar atitudes que
possam desenvolver um baixo nível de auto-estima.
Assim, não devem se valer de severidade, críticas
exageradas, exigências exacerbadas; inclusive,
devem abster-se de olhares e gestos que possam
produzir efeitos negativos. A mania de perfeição é
outra característica que pode ser considerada
doentia, e resulta, certamente, em prejuízo à
formação dos indivíduos. Por outro lado, são
igualmente nocivas a indiferença, a rejeição e as
desqualificações (chacotas, escárnios, gozações).

26
Por todos esses motivos, não devem ser
proferidas frases deste jaez: “qualquer idiota faria
melhor que você”; “homem que é homem não
chora”; “não seja fraco”; “você é burro”; “seja
perfeito”; “faça como seu irmão; ele, sim, é legal”;
“está sonhando alto demais”; “só gosto de você
quando é obediente”. E assim por diante...

De outra sorte, os pais e os responsáveis


devem imprimir, clara e objetivamente, certos
limites e regras fáceis e simples de serem
assimiladas e cumpridas, desde a mais tenra idade.
Não se pode deixar uma criança agir de forma
totalmente desregrada e livre, sem qualquer
fronteira. Inúmeros livros já foram escritos sobre o
assunto, com títulos assemelhados a “Disciplina na
medida certa”, “Colocando regras, com afeto”; ou,
“Seu filho precisa conhecer as regras do jogo da
vida”. Outro aspecto é a coerência entre palavras e
atitudes. Não é possível conciliar uma regra
enunciada verbalmente com uma atitude oposta. Por
exemplo, afirmar o acerto de hábitos de higiene e,
depois, deixar objetos pelo chão, não recolher
roupas sujas, ou “varrer o pó para debaixo dos
tapetes”...

Agora, outra questão de suma importância:


para que o desenvolvimento das crianças ocorra de
forma natural e saudável, é absolutamente
necessário que elas se entreguem, em grande parte
de seu tempo ativo, às brincadeiras próprias de sua
idade, individual ou coletivamente. Os folguedos
coletivos proporcionam o relacionamento
interpessoal, de extrema importância para a
formação do caráter social do indivíduo. A livre
expressão da alegria, própria das atividades lúdicas,

27
é fundamental para a saudável formação da
personalidade.

Dessa forma, podemos compreender a


importância de brincadeiras adequadas para cada
faixa etária. Os brinquedos, até os seis meses de
idade, devem ser relacionados ao tato, ao sentir os
objetos em suas formas e texturas. Além do contato
físico com as mãos, o contato visual, o gustativo, o
olfativo, o auditivo, são de suma importância. A
partir dessa primeira fase, é preciso oferecer às
crianças brinquedos com certas características:
cores vivas, formas interessantes, sons refinados,
aromas adequados. Após o primeiro ano de vida, o
que ganha importância são os carrinhos, os bonecos
que se movem e também a música – seqüência de
sons harmônicos e melodiosos. Em seguida, vêm
todos os objetos e ações que adestram a imaginação
e despertam o senso de criatividade.

A criatividade é uma característica de


imenso valor no contexto humano. Ela deve ser
exercida de forma livre, sem qualquer limitação. Na
infância, desempenha um papel de extrema
importância na formação da personalidade. Assim,
pais e professores devem ter o máximo cuidado para
não bloquear a capacidade das crianças nesse
contexto. Eles precisam fornecer os elementos, mas
devem permitir às crianças que descubram por si
mesmas os procedimentos para chegar ao objetivo
final: a satisfação, a alegria, o desenvolvimento do
lúdico. Não é admissível que os adultos mostrem ou
determinem às crianças a maneira como devem
fazer as coisas. Isso tolhe a oportunidade que elas
têm de exercitarem a imaginação, a criatividade, a
curiosidade e de usufruírem da satisfação de

28
descobrirem, por si próprias, a melhor maneira de
agir e brincar.

Outro fator que influencia a formação da


personalidade é a movimentação física da criança,
principalmente através dos esportes praticados por
prazer, não por competição. A movimentação física,
saudável e prazerosa, melhora o estado geral do
organismo, tanto físico quanto psicológico. O
esporte propicia à criança, além de prazer e alegria,
o descobrimento de seus limites e de suas reais
capacidades. O esporte, praticado com sabedoria,
sob a supervisão de profissionais competentes,
proporciona o gradual desenvolvimento do
indivíduo, a partir de tenra idade. Nesse contexto, a
criança consegue superar os medos, de qualquer
espécie: de se machucar, de se enfrentar com outras
crianças, do ridículo, de perder o jogo. O esporte
mostra o caminho da superação.

Assim, formado o embasamento sólido e


saudável da personalidade, nos primeiros anos, pode
o indivíduo, no decorrer de sua existência, ampliar
suas capacidades e habilidades, enriquecer seu
caráter, e, num processo permanente de
desenvolvimento pessoal, experimentar uma vida
plena de sentido e felicidade.

29
A missão de cada um

U
m dia desses, num momento em que me encontrava
oculto nas “regiões mais profundas do meu eu
interior”, encontrei um peregrino que me contou a
seguinte estória:

Invadiu-me certa vez uma inexorável


perplexidade acerca do sentido da vida. Decidi,
então, peregrinar por este mundo afora, para
decifrar tão profundo enigma.

A todos os seres que encontrava propunha a


questão. À frondosa árvore, enraizada no centro de
grande praça, supliquei que me revelasse sua
verdadeira missão. Explanou-me ela:

“Em primeiro lugar, devo manter-me viva,


forte, saudável, para melhor poder cumprir meu
papel. Em segundo, descobrir exatamente qual seja
esse papel. E, por fim, desempenhá-lo
diligentemente. A mim cabe proteger os peregrinos
que por aqui passam, nos tórridos dias de verão,
ofertando-lhes minha generosa sombra”.

Segui adiante e deparei-me com um belo gato


siamês. Segredou-me ele que sua missão consistia
em fazer companhia a uma velha senhora, ofertando
a ela todo seu encanto e ternura.

30
Por muitos e muitos dias, por escabrosas
veredas, feri meus pés à procura de respostas à
pungente dúvida. O esforço foi sobejamente
recompensado. Mas eu sentia que era preciso ainda
ouvir uma sábia opinião de um representante do
gênero humano.

Finalmente, após fatigante busca, no alto de


um outeiro, encontrei um provecto anacoreta, de
longas barbas brancas, com o olhar perdido no
horizonte, a meditar...

Acolheu-me amavelmente. Após ouvir, todo


paciência e atenção, meu relato e minhas súplicas,
sentenciou gravemente:

“Meu prezado buscador. Os sábios seres da


natureza propiciaram a ti as respostas. Já és
possuidor do inefável segredo. Não obstante, mais
posso aduzir. Caso descobrires que és uma árvore,
sejas realmente uma árvore; se fores um gatinho,
não te constranjas em ofertar toda tua meiguice; e
se um leão, coloque sempre toda tua energia em
tudo que fizeres. Enfim, é preciso descobrir teus
verdadeiros talentos, aprimorá-los, produzir os
melhores frutos, e então, ofertá-los,
generosamente”.

Após esse inusitado encontro com o


enigmático romeiro, fiquei por algum tempo a
meditar sobre sua fantástica estória. Decidi, então,
sempre que surgir uma oportunidade, refugiar-me
nessas fantásticas “regiões mais profundas do meu
eu interior”, para deparar-me com outros
misteriosos e interessantes peregrinos. Com certeza,
as experiências serão gratificantes.

31
32
A origem e o significado do Natal

A
celebração do Natal teve início com um antigo
festival mesopotâmico que simbolizava a passagem
de um ano para outro. Ritual semelhante era
realizado pelos persas e babilônicos.

No hemisfério norte, o solstício de inverno


ocorre entre os dias 21 e 22 de dezembro, quando o
sol atinge seu afastamento máximo da linha do
Equador, fazendo com que as noites se tornem mais
longas, e marcando o início do inverno. Os mitraístas
estabeleceram o dia 25 de dezembro como a data do
Natalis Solis Invicti, ou o Nascimento do Sol
Invencível. Esta festividade pagã envolvia a
decoração de árvores com luzes (velas) e a troca de
presentes.

Mais tarde, o costume alcançou os romanos,


que promoviam duas grandes festas pagãs. A
primeira, as saturnais, em homenagem a Saturno,
começava a 17 de dezembro, estendendo-se até 1º
de janeiro; a segunda, as calendas, saudava a
chegada do ano novo.

Somente após a cristianização do Império


Romano, o dia 25 de dezembro passou a ter o
significado atual de comemoração do natalício de
Jesus. A maior parte dos historiadores afirma que o
primeiro Natal, como hoje é conhecido, foi celebrado
no ano de 336 d.C., e oficializado no Concílio de

33
Nicéia no ano de 440 d.C.. O fato é que, naquela
época, a Igreja Católica proibia os cristãos de
participarem das festas pagãs. A igreja, porém,
sofrendo pressões do Império Romano, a partir
daquele ano, adotou essas comemorações pagãs,
fazendo com que passassem a fazer parte do
calendário cristão.

Nesse sentido, o ensinamento de Mário


Righetti, notável teólogo católico:
“...a Igreja de Roma, para facilitar a aceitação
da fé pelas massas pagãs, achou conveniente
instituir o 25 de dezembro como a festa do
nascimento temporal de Cristo, para desviá-las da
festa pagã, a Natalis Solis Invicti, celebrada no
mesmo dia”.

A Nova Enciclopédia Católica reconhece: “A


data do nascimento de Cristo não é conhecida. Os
evangelhos não indicam nem o dia nem o mês”. A
seu turno, a revista católica americana U. S.
Catholic diz: “É impossível separar o Natal de suas
origens pagãs”.

E agora, uma pergunta: Qual o verdadeiro


significado do Natal? Cada um interpreta as
comemorações natalinas de acordo com sua cultura,
sua filosofia de vida.

De minha parte, entendo o Natal como a


comemoração da paz, da harmonia, da fraternidade.
Afinal, foi esta a mensagem de Cristo: “Amai-vos uns
aos outros, como a si mesmo”. Assim, em especial na
época do Natal, devemos efetuar uma profunda
reflexão a respeito de nossa vida, de nossas relações
pessoais, de nossa auto-estima. Precisamos rever
nossos valores e prioridades, e descobrir o

34
verdadeiro rumo que estamos dando à nossa
existência.

Certamente, o clima de festa, de alegria, de


confraternização deve existir. As comemorações são
pertinentes e necessárias; a troca de presentes é
salutar. Mas, em primeiro lugar, é preciso
compreender a essência do Natal, a verdadeira
essência da mensagem de Cristo. E viver essa
essência, no dia-a-dia. Caso contrário, as
festividades terão um cunho essencialmente pagão,
materialista, consumista.

Tradições Natalinas

A Árvore de Natal. Existem várias versões a


respeito da sua origem. No entanto, a maioria afirma
que foi na Alemanha onde surgiu a primeira árvore
de Natal. Segundo consta, teria sido Martinho
Lutero, ex-padre e reformador protestante do século
XVI, quem teve a idéia de enfeitar com velas um
pinheiro em sua casa, para que as crianças
pudessem imaginar como estaria o céu na noite do
nascimento de Jesus.

O Presépio. O primeiro presépio foi


idealizado por São Francisco de Assis, na véspera do
Natal de 1223, no povoado de Grécio, Itália. Ele
providenciou a preparação de um presépio vivo,
composto de pessoas, palhas, uma manjedoura, um
boi e um jumento. O seu propósito, ao realizar tal
teatralização, foi o de fazer com que as pessoas
contemplassem as condições em que o menino Jesus
havia nascido.

Os Reis Magos. Baltazar, Gaspar e Melquior


foram os três reis magos que chegaram à noite do

35
nascimento de Cristo, vindos do Oriente, trazendo
oferendas de ouro, mirra e incenso para o menino
Jesus. O ouro significava o poder de reinar sobre os
homens. A mirra, usada na medicina da época,
simbolizava a humanidade de Jesus. O incenso
significava a divindade. Assim, os três presentes
anunciavam que Jesus era, a um só tempo, rei,
homem e divindade.

Troca de presentes. O costume de realizar-


se troca de presentes teve origem na Antiga Roma.
Inicialmente, os romanos presenteavam uns aos
outros com os galhos de uma árvore considerada
sagrada. Mais tarde, passaram a fazer uso de itens
cada vez mais sofisticados, como ouro, prata e
alimentos preparados com mel – que simbolizavam
votos de felicidade para o ano novo.

Papai Noel. O primeiro Papai Noel foi o Bispo


Nicolau, que viveu em Myra, Turquia, por volta do
ano 400. Ele distribuía doces e brinquedos às
crianças. Vários milagres lhe foram atribuídos.
Assim, mais tarde, ele foi canonizado como São
Nicolau, padroeiro da Rússia. Nos Estados Unidos,
seu mito ganhou força graças ao cartunista Thomas
Nast, que publicou seu desenho pela primeira vez na
revista Christmas Supplement, em 31 de dezembro
de 1870.

36
A prática de esportes e
o espírito esportivo

O
esporte é uma forma universal de expressão
cultural. Através da prática esportiva, o homem, há
séculos, faz intercâmbio com outros homens. Na
antiga Grécia, onde nasceram as Olimpíadas, a
cultura física era muito valorizada. Naqueles
tempos, os jogos olímpicos eram desenvolvidos
somente pelos homens. Aliás, às mulheres era
proibido mesmo assistir ao grande espetáculo, eis
que os atletas exercitavam-se e competiam
completamente nus...

Antes de salientarmos os benefícios da prática


de esportes, é preciso enfatizar os danos do
sedentarismo, um dos males do nosso tempo. Em
inúmeras atividades, o homem está sujeito a pouco
ou quase nenhum esforço, o que ocasiona
envelhecimento precoce. Como qualquer coisa que
não é usada, também o organismo vivo se torna
“enferrujado”, atrofiado, decrépito. E mais: uma
vida sedentária também provoca alienação e
despersonalização do indivíduo.

A rotina do dia-a-dia oferece certa praticidade,


sem dúvida. Algumas atividades exigem uma
constante repetição, pois isto consiste sua própria
natureza. No entanto, a vida não suporta, por muito
tempo, somente a rotina. Com efeito, a emoção de

37
viver encontra-se na novidade, no problema, na
solução, na tensão, no conflito.

Agora, ressaltamos os benefícios que a prática


de esportes proporciona ao ser humano. Por
exemplo: fortalecimento orgânico, elevado preparo
geral, resistência, velocidade, agilidade. Também,
aprimora alguns aspectos da vontade: audácia,
decisão, iniciativa, ímpeto de conquistar vitórias.

Assim, a atividade física revela-se de extrema


importância para o equilíbrio do indivíduo, em todos
os aspectos: físico, emocional, mental, espiritual.
Atividade é movimento, ação, energia. Gera
motivação e entusiasmo. O ser humano, em
constante atividade, conquista a estabilidade
fisiológica, a alegria de viver.

O homem, por natureza, é um ser lúdico, da


mesma forma que os animais. Basta observar um
pequeno cão, um gato, ou os macacos no zoológico.
Eles jogam, brincam, divertem-se, estabelecem
relações lúdicas. O jogo é um fator de união entre as
pessoas. Evidencia diferenças. Salienta regras. Por
meio do jogo, o homem encontra a si mesmo, e
também seu semelhante.

O jogo é uma atividade sujeita a regras. Cada


esporte compreende um complexo específico de
técnicas, métodos, formas, movimentos,
regulamentos. Somente a submissão a este universo
uniformizador e caracterizador de determinado jogo,
torna-o possível. Mas, é preciso, também, não perder
de vista outra característica muito importante de
todo e qualquer esporte: a espontaneidade, seu
aspecto artístico e lúdico.
38
Inúmeras são as motivações que levam o
homem a praticar esportes. Além do já evidenciado
preparo físico, o homem busca um sentimento de
satisfação experimentado na atividade muscular;
uma sensação prazerosa de caráter estético, oriunda
da harmonia, equilíbrio, beleza e habilidade dos
movimentos; uma satisfação pelo fato de demonstrar
audácia e decisão ao realizar exercícios e
movimentos difíceis. Enfim, tudo isto resulta em
desenvolvimento da auto-imagem e da auto-estima.
Outro aspecto a ser evidenciado em relação à
prática regular de determinado esporte é o fato de
que o mesmo exige o domínio e técnica de execução
de movimentos físicos específicos. Através dele, o
atleta assimila e aperfeiçoa determinados hábitos
motores. Desta forma, certos movimentos e ações
tornam-se automáticos, exigindo menor esforço,
proporcionando melhores resultados, elevando a
qualidade do jogo.

Mas, afinal, o que entendemos por “espírito


esportivo”? Uma disposição de ânimo favorável,
lúcida, carregada de bom senso, que todo atleta
deve desenvolver durante o jogo, seja de caráter
profissional ou amador. Neste sentido, por ocasião
de uma jogada duvidosa, é preferível conceder a
vantagem ao adversário, do que prejudicar preciosas
amizades, ou deslustrar o clima de confraternização.

O maior propósito das competições esportivas


é o convívio, a confraternização, o desenvolvimento
de amizades. Nestes momentos, o espírito esportivo
deve prevalecer sempre, em qualquer circunstância,
fato que demonstra controle emocional e presença
de elevado grau de cultura social.

39
40
As emoções nossas
de cada dia

A
vida é repleta de emoções. A cada novo dia
vivenciamos renovadas experiências. Não
poderíamos imaginar uma vida sem emoções. São
elas que dão sentido a nossa existência, ao lado dos
sentimentos e motivações.

Podemos conceituar a emoção como um


processo fisiopsíquico, do qual resultam sensações
de prazer ou de desprazer, com duração e
intensidades variáveis. No momento em que uma
emoção se manifesta no psiquismo humano, ocorrem
reações neurofisiológicas e corporais típicas,
envolvendo glândulas, músculos, vísceras e nervos.
As reações são bastante conhecidas, provocando
alteração nos ritmos cardíaco, respiratório,
digestivo, muscular e neurológico. Então, podem
acontecer manifestações peculiares: rubor facial,
suor nas mãos, respiração ofegante, voz embargada,
fisionomia alterada.

As emoções podem ser classificadas em


agradáveis: alegria, contentamento, euforia,
entusiasmo; ou desagradáveis: medo, pavor, pânico,
angústia, apreensão, agitação, raiva. Por vezes, uma
emoção pode apresentar um efeito tão intenso, a
ponto de impedir o normal funcionamento da razão.

41
Infinitos são os motivos que provocam
emoções. Por exemplo: ouvir música, apreciar obras
de arte, praticar o esporte favorito, brincar com uma
criança. Ou então: uma jogada especial em partida
de xadrez, o inesperado encontro com um amigo, a
cena dramática de um filme, a leitura de um trecho
de livro, a observação de um beija-flor sugando o
precioso néctar.

Acontecimentos importantes são fontes


originais de arrebatadas emoções. Nesse sentido,
relembro a abertura da “São Leopoldo Fest”,
principal evento cultural de minha cidade. Na
ocasião, um espetáculo pirotécnico proporcionou aos
presentes as mais intensas emoções. Nas expressões
das pessoas, as mais variadas manifestações de
alegria, surpresa, espanto. E, em seguida, inúmeros
eventos: danças tradicionais, apresentações
musicais, atividades no parque de diversões,
degustação de comidas e bebidas típicas, e o desfile
de milhares de pessoas.

Atualmente (julho de 2003), estou provando


uma emoção muito especial. Todos os dias, em
momentos de tranquilidade junto à minha esposa, ao
acariciar suavemente seu ventre grávido, eu sinto os
movimentos da Giovana, que vai nascer “quando
Setembro vier”. Experimento imenso contentamento
ao observar a vida de um novo ser pulsando
intensamente no ventre materno. Posso, então,
imaginar quanta emoção a família toda irá sentir
quando ela vier à luz. E, depois, no dia a dia, com
certeza ela vai nos proporcionar renovadas e
intensas emoções.

42
As qualidades do
verdadeiro líder

T
odos os seres humanos podem tornar-se
verdadeiros líderes. Porém, nem todos têm
consciência deste fato, ou, então, não
desenvolvem as qualidades essenciais. Na verdade,
estes predicados devem ser aprendidos e
aprimorados no decurso da vida, através de estudos,
da observação profunda e da própria experiência.

Ser líder não significa ser ditador, déspota, um


chefe autoritário. Ao contrário, significa ser
humanitário, dócil, flexível. Enfim, um verdadeiro
amigo de seus subordinados. É nosso propósito
examinar alguns atributos que caracterizam o
verdadeiro líder:

 Trata a todos como seres humanos,


promovendo a comunicação eficaz, a
integração entre as pessoas, a harmonia
dos relacionamentos.

 É um estimulador por excelência.


Possui a capacidade de persuadir seus
liderados a seguir pelos caminhos
traçados e a alcançar os objetivos
definidos, mesmo que isto seja um
grande desafio para todos.

43
 No papel de líder, torna-se mestre e tem
verdadeiro prazer em ensinar as
pessoas sob sua responsabilidade.

 Possui a constante vontade de aprender.


Humildemente, considera-se um eterno
aprendiz.

 É capaz de tomar decisões acertadas


em cada situação, mesmo sob pressões
de toda ordem.

 Mantém o hábito de agradecer e


elogiar, sempre que oportuno.

 Procura desenvolver a cooperação e


desestimular a competição entre seus
liderados.

 É um entusiasta por natureza,


contagiando a todos com sua energia.

 Sabe atuar no presente de forma


realista, ao mesmo tempo em que
planeja as ações futuras.

 Possui o dom de oferecer aos liderados


as opções por eles preconizadas,
permitindo que participem das
decisões.

 É capaz de avaliar o grau de sucesso e


fracasso em cada oportunidade.

 Antes de tudo, é capaz de ouvir com a


devida atenção.

44
 É capaz de aceitar sugestões das
pessoas sob seu comando, e substituir
suas próprias por aquelas, sem
qualquer constrangimento.

 Sabe estimular os liderados no caminho


do desenvolvimento pessoal,
aconselhando-os a efetuarem cursos
apropriados e leitura de bons livros.

 O verdadeiro líder é pródigo nos elogios


e parcimonioso nas críticas.

 Sabe descobrir em cada liderado seus


melhores atributos e talentos.

 Possui a habilidade de delegar tarefas e


responsabilidades, e respeitar a
autoridade transferida.

 Procura examinar as reações do grupo


antes de prosseguir com seus projetos.

 O verdadeiro líder é bem-humorado,


sabe sorrir com naturalidade, é uma
pessoa agradável, cheia de magnetismo.

 Em todas as oportunidades, faz com


que seus liderados se sintam
importantes.

 Sabe aceitar as diferenças e limitações


humanas.

 Todas as pessoas têm necessidade


constante de serem estimuladas e

45
elogiadas. O verdadeiro líder sabe disso
e age nesse sentido.

Creio que conseguimos desenvolver uma boa


imagem do verdadeiro líder. No entanto, seus
atributos são infinitos. A cada dia, novas habilidades
podem surgir, de conformidade com os desafios e as
circunstâncias.

46
As virtudes humanas

A
estrutura da personalidade compreende, entre
outros elementos psicológicos, um conjunto de
virtudes que tornam o indivíduo mais elevado,
íntegro, humanitário. Uma virtude representa
retidão moral, probidade, excelência moral. As
pessoas podem ser avaliadas pela riqueza de suas
virtudes.

De forma sucinta, vamos apreciar algumas


dessas virtudes. No decorrer dessa empreitada,
poderemos observar que elas quase sempre
caminham juntas, raramente apresentam-se
isoladas.

Autoconfiança. Esta virtude pode ser


conquistada mediante o desenvolvimento de
recursos e habilidades que proporcionam
competência, segurança e tranqüilidade no decurso
da vida. A pessoa autoconfiante é prudente e
equilibrada, de tal sorte que procura agir sempre
com cautela. Pelo fato de possuir imensa fé em si,
ela sabe que pode contar consigo mesma, em
situações as mais adversas.

Benevolência. É uma qualidade que dispõe o


indivíduo a praticar o bem, podendo acrescentar
generosidade, gentileza e simpatia. Para tanto, é
preciso renunciar a sentimentos de hostilidade e
egoísmo.

47
Contentamento. É uma virtude que promove
alegria e bem-estar. Proporciona o poder de
enfrentar adversidades, sem aflição, com serenidade
e jovialidade, porque capacita o ser humano a
adaptar-se a tais situações, e a mudar suas atitudes
diante delas.

Coragem. Trata-se de uma habilidade ímpar


para enfrentar, com serenidade e domínio do medo,
os perigos que se apresentam no decurso da vida.
Ela proporciona ao indivíduo a aptidão de avaliar
uma gama de possibilidades para vencer as
adversidades. A coragem inspira o indivíduo a agir
com perseverança e determinação em face de todas
as situações e circunstâncias.

Desapego. É uma virtude que capacita o


indivíduo a ver os fatos e situações com
imparcialidade, com isenção de ânimo. A pessoa que
consegue desapegar-se de suas próprias idéias e
opiniões, livre de preconceitos, é capaz de agir com
justiça. O desapego em relação a pessoas, bens
materiais e imateriais, é outra faceta desta valiosa
virtude, que possibilita uma vida mais rica e feliz.

Despreocupação. Ser despreocupado denota


serenidade, confiança, paz. Significa viver a cada
momento, com intensidade e prazer, permitindo ao
amanhã cuidar de seus próprios interesses. No
entanto, despreocupação não quer dizer descuido,
imprudência, imprevidência. Muito pelo contrário,
pois esta virtude inspira o indivíduo a tornar-se
responsável e cuidadoso com a administração de
tudo que lhe compete.

48
Determinação. Firmeza e perseverança são
duas aliadas desta virtude. Ela permite ao indivíduo
progredir, a ter sucesso em todos os seus
empreendimentos, pois não tolera preguiça,
desalento, falta de ânimo. Não importam as
circunstâncias ou obstáculos, a presença desta
virtude capacita o ser humano a concluir sempre
todas as tarefas a que se programou. Determinação
é uma virtude necessária para assimilar as demais
virtudes e para livrar-se de todas as negatividades.

Disciplina. É ordem, é organização, é


aceitação de preceitos e normas. O próprio Universo
é obediente a uma ordem implacável, caso contrário
não poderia existir. Para assimilar e manter esta
virtude, o indivíduo precisa corrigir, moldar e
aperfeiçoar seu caráter. Para tanto, não poderá
prescindir do concurso de outras virtudes, como
paciência, tolerância e perseverança. Terá também
que abominar hábitos nocivos, como rebeldia e
inconformidade. Na ausência da disciplina, a vida
torna-se impossível.

Docilidade. Consiste em uma força


magnética que atrai a todos. A vida torna-se mais
encantadora quando as pessoas agem com
docilidade, com bom humor e com gentileza.

Empatia. Significa colocar-se no lugar do


outro, em sua própria pele. Ver as coisas sob sua
perspectiva. Compreender seus motivos. E, então,
poder aconselhar com acerto e coerência.

Entusiasmo. É a chama que provoca ação. É


vida em movimento. É motivação. É fogo interior que
proporciona prazer e vitalidade para executar até o

49
fim os planos traçados. Graças ao entusiasmo, o
mundo inteiro está em constante progresso.

Estabilidade. Significa coerência,


responsabilidade, constância. Esta virtude não
admite rigidez, mas requer flexibilidade e
adaptabilidade. Assim, a confiança é desenvolvida e
a convivência humana torna-se harmônica e
duradoura.

Flexibilidade. Esta virtude permite constante


adaptação às pessoas e circunstâncias. Ela promove
a harmonia nos relacionamentos e proporciona
condições para a necessária moldagem às
permanentes mutações da vida. Tal como o
salgueiro, podemos nos curvar, pela força do vento,
e, ao mesmo tempo, permanecer firmemente
enraizados.

Generosidade. Significa desprendimento,


liberalidade, altruísmo. A pessoa dotada desta
virtude aprecia verdadeiramente os outros, e presta
a ajuda necessária sem esperar nada em troca. Ela
também promove o fortalecimento das relações, a
paz no contexto social.

Honestidade. Este dom suscita a necessária


confiança entre as pessoas. Em todos os atos da
vida, a citada qualidade deve estar sempre presente.
Por outro lado, sua carência provoca as mais
nefastas consequências.

Humildade. Mesmo sendo possuidor de


múltiplas virtudes, o indivíduo pode ainda abarcar
mais uma, a humildade. Significa modéstia,
compostura, ausência de vaidade. Simplicidade na
maneira de se apresentar. Comedimento na forma de

50
referir-se a si próprio. A pessoa pode conhecer sua
força e poder, e apesar disso, não precisa jactar-se
perante os outros.

Introspecção. É a pedra fundamental de


todas as virtudes. Graças a ela, o ser humano torna-
se capaz de avaliar e de transformar sua
personalidade. Mergulhar no interior de si mesmo é
uma condição necessária para o auto-
aperfeiçoamento. Esta virtude desperta os poderes
pessoais e harmoniza todo o ser.

Jovialidade. O dom de ser alegre, bem-


humorado, de rir e fazer rir, é uma qualidade
indispensável para a existência da harmonia nos
relacionamentos. Proporciona bem-estar e leveza de
espírito. Irradia simpatia, conquista a amizade,
desenvolve o ânimo.

Longanimidade. Significa complacência,


indulgência, benignidade, tolerância. Proporciona o
desenvolvimento de uma natural disposição de
ânimo para suportar, com serenidade e resignação,
insultos, vexames, ofensas e contrariedades.

Maturidade. Esta virtude confere a


habilidade de agir com coerência e acerto em todas
as circunstâncias. Ela proporciona o
desenvolvimento de outra fenomenal virtude, a
sabedoria.

Misericórdia. É uma qualidade ímpar nos


relacionamentos humanos. Esta virtude confere às
pessoas o dom de perdoar as faltas dos outros, de
compreender suas fraquezas, pois carrega em si a
tolerância e a compaixão.

51
Paciência. Ser paciente significa ser calmo,
sereno e equilibrado. Denota controle sobre desejos
e emoções. Afasta o desespero e a aflição.
Possibilita pensamentos e julgamentos imparciais e
objetivos.

Precisão. Esta qualidade proporciona clareza


e perfeita definição. Na presença de exatidão, os
pensamentos, as palavras e as ações serão
apropriados a cada circunstância. A virtude em
questão possibilita a habilidade de fazer as coisas de
forma correta. Graças ao autocontrole, paciência,
serenidade, conhecimento de causa, este dom pode
prosperar, trazendo benefícios incalculáveis ao
progresso e bem-estar.

Pureza. Significa ausência de vícios de toda


ordem. Presença de uma mente sã, plena de amor e
justiça, isenta de máculas, livre de preconceitos e
superstições.

Sabedoria. A conquista da maturidade


proporciona o surgimento da sabedoria. Esta virtude
confere o poder de controlar impulsos e reações, ter
uma visão de águia, reconhecer a verdadeira
intuição, ser previdente. A pessoa que conquistou o
poder da sabedoria é capaz de agir de forma
correta, em todas as circunstâncias, com base em
conhecimentos vastos, em sua longa experiência, na
própria realidade. Pode-se observar o perfeito
equilíbrio de todos os poderes e talentos quando a
sabedoria está presente.

52
Atitudes para elevar
a auto-estima

A
uto-estima é amor-próprio. É o conjunto de crenças
que o indivíduo possui e aceita como verdadeiras,
em relação a si mesmo. É como ele se vê, se sente,
se estima. Nesse contexto, acha-se a vontade de
crescer, de aperfeiçoar-se, de ser feliz, de irradiar
uma imagem pessoal positiva. A pessoa que possui
auto-estima elevada experimenta a sensação de ser
qualificada para expressar seus desejos e
necessidades, e também de ser digna para desfrutar
os resultados de seus esforços.

A maneira como a pessoa trata de si mesma,


de sua saúde física, mental, emocional e espiritual,
identifica o nível da auto-estima. No mesmo sentido,
a forma de administrar a vida, superar os medos,
ansiedades e frustrações, revela a qualidade do
amor-próprio.

Agora, vamos apreciar uma série de atitudes a


adotar com o objetivo de elevar o nível da auto-
estima:

 Aprender a dizer “não”. É direito


inalienável de todo o ser humano não se
permitir manipular por ninguém. Não é
preciso ceder às pressões dos outros
somente para agradá-los.

53
 Não se subestimar. Ter consciência de
seu próprio valor. Sentir-se competente.
Não se sentir culpado.

 Encarar o maior medo. O medo


coloca em deficiência todo o poder
pessoal. É preciso enfrentá-lo “sem
medo”. Desta forma, será possível
conhecê-lo melhor e vencê-lo com
eficácia.

 Identificar as convicções. As pessoas


são movidas por um código de valores e
princípios. Assim, é preciso manter-se
fiel a este código, sem sujeitar-se a
pressões externas. No entanto, de
tempos em tempos, é salutar revisar
este conjunto de normas, para melhor
adaptar-se à realidade.

 Não fazer comparações. Por vezes,


temos o hábito de nos comparar com
outras pessoas. Isso deve ser evitado.
Cada pessoa é um ser único, dotado de
características especiais. Dessa forma,
todos devem superar suas próprias
deficiências, para alcançar o sucesso e
a felicidade.

 Sorrir. Nada melhor que um sorriso


para aquecer o coração, irradiar alegria
e transmitir uma mensagem de valor e
auto-estima.

 Adotar hábitos saudáveis. Realizar


boa nutrição em refeições regulares,
usufruir de sono suficiente, dedicar
54
tempo à diversão, ao lazer, ao silêncio e
à meditação, manter contato com as
pessoas, são hábitos indispensáveis
para sustentar a saúde e o amor-
próprio.

 Fugir das armadilhas químicas.


Fumo, drogas, bebidas alcoólicas em
excesso, medicamentos desnecessários,
tudo isso deve ser evitado com rigor.

 Ligar-se a pessoas dotadas de


elevada auto-estima. Elas inspiram-
nos em nossos projetos, aconselham-nos
em questões importantes, encorajam-
nos nos momentos difíceis da vida.

 Aprender uma nova habilidade ou


aprimorar uma antiga. Praticar um
novo esporte ou contratar um instrutor
para aprimorar o esporte favorito;
aprender a tocar teclado ou violão;
participar do coral do clube ou da
comunidade; estudar informática;
obter fotografias de paisagens e de
pessoas. Tantas são as atividades a que
podemos nos dedicar, as quais nos
proporcionam emoção e prazer.

 Participar de um curso. Não importa


a idade, é preciso continuar a aprender
sempre. Ingressar em um curso de
desenho, pintura ou escultura; ou,
então, em um curso de desenvolvimento
pessoal. Essas atitudes oferecem
inúmeros benefícios: mantém-nos
mentalmente estimulados, propiciam o

55
preenchimento do tempo ocioso,
melhoram a qualidade da comunicação,
proporcionam habilidades para um novo
emprego.

 Procurar por novas experiências.


Fazer aquela viagem espetacular.
Mudar a decoração da casa. Enfim,
fazer alguma coisa que sempre se
desejou fazer.

 Enfrentar o maior desafio. Qual o


maior medo experimentado? Viajar de
avião? Falar em público? Andar a
cavalo? Nadar? É preciso enfrentar
todos esses medos com coragem e
determinação. Os benefícios serão
incalculáveis.

 Recompensar a si mesmo. É preciso


premiar-se em todas as oportunidades,
em razão de metas conquistadas.
Programar um jantar especial, uma
viagem de fim-de-semana, um roteiro
turístico exclusivo. São exemplos de
atitudes que elevam a auto-estima e
proporcionam saúde e bem-estar.
Comemorar os próprios sucessos é algo
positivo e estimulante.

56
Atitudes

E
m nosso dia-a-dia, por vezes, dizemos a nós mesmos:
“Preciso tomar uma atitude”! Ou à outra pessoa:
“Você precisa tomar uma atitude, assim não dá para
continuar”! Significa que é preciso decidir por um
novo caminho, com presteza, sem protelações. É
necessário agir, com energia e objetividade, para
mudar o rumo das coisas, sob pena de não serem
alcançadas as metas desejadas.

Mas, em outros tantos momentos da vida,


mesmo não sendo necessário mudar o rumo dos
acontecimentos de forma radical e urgente,
sentimos um desejo secreto de proporcionar um
colorido mais intenso à nossa existência. Assim, nos
dispomos a tomar uma série de atitudes. Por
exemplo:

 Uma atitude alegre. Decido hoje


sentir no âmago de meu ser uma
sensação de alegria. Desejo também
irradiá-la para além de mim, pois quero
contagiar as pessoas ao meu redor.
Sinto que preciso ser mais brincalhão,
menos sério. Hoje quero cantar, dançar,
rir além da conta.

 Uma atitude altruísta. Em um estado


de espírito disponível, sinto hoje um
profundo, espontâneo e sincero desejo,
57
pleno de energia e vitalidade, de
compartilhar esta alegre sensação com
outras pessoas. Vou abrir meu coração
e doar um pouco de mim, da
abundância de bens materiais e
imateriais de que sou possuidor. E vou
começar dentro de minha própria casa,
descobrindo quem mais precisa de
atenção, de afago, ou mesmo de um
pedaço de torta de maçã.

 Uma atitude arrojada. Hoje quero


permitir-me ser mais audacioso em
minhas ações. Vou dizer aquilo que há
muito tempo desejo manifestar a certa
pessoa, ou seja, que a aprecio muito,
que seu desempenho profissional é
ótimo, que estou muito grato em tê-la
como colaboradora. Também vou bater
com cuidado na porta do meu vizinho,
elogiar seu gosto musical, e também
revelar o quanto perturba a todos nós o
seu exagerado volume de som.

 Uma atitude alternativa. Às vezes


podemos nos sentir condicionados,
presos a limitações e conceitos
desgastados. Sentimos, então, uma
vontade premente de agir de forma
alternativa, ou seja, de tomar uma
atitude renovada, de livre escolha, sem
limitação de espécie alguma. Novos
horizontes, novas expectativas e novas
oportunidades se apresentam.

 Uma atitude amorosa. Nossa maneira


de tratar as pessoas pode estar um

58
tanto áspera, antipática, desagradável.
É preciso despertar deste torpor e
harmonizar-se com todos à nossa volta.
Sabemos que o amor pode ser expresso
de inúmeras maneiras. Cada um deve
descobrir o seu jeito de ser, em cada
circunstância.

 Uma atitude apaixonada. Mais


emoção, mais paixão. Por vezes, é
preciso dar um colorido mais intenso à
nossa vida, é preciso experimentar tudo
com mais intensidade. Por exemplo:
entregar-se a tarefas prazerosas e a
momentos de lazer vibrantes; ou,
relacionar-se com pessoas que nos
transmitem alegria e contentamento.

 Uma atitude autêntica. Ao


observarmos o modo de ser de uma
inocente criança, podemos constatar
que ela age de forma absolutamente
autêntica. Ela expressa, com
sinceridade, seus sentimentos e seus
pensamentos. Não há engodo, malícia,
dubiedade, dissimulação. Existe inteira
transparência e clareza. Devemos
aprender com as crianças,
enriquecendo nossa eterna “criança
interior”.

 Uma atitude coerente. Todos


possuem um código de valores e devem
ser coerentes com o mesmo. É preciso
praticar aquilo que se prega, e não cair
na armadilha da contradição.

59
 Uma atitude comprometida. A vida é
compromisso, é responsabilidade. E isso
deve ser experimentado como algo
natural, sem constrangimento, afetação
ou imposição. Assim, ao defrontarmo-
nos com situações que exigem coragem,
engajamento e firmeza, podemos
assumir compromissos em prol de
causas justas, em benefício de todos. E
também devemos nos comprometer em
conquistar nossa própria felicidade,
sem dúvida alguma.

 Uma atitude cooperativa. A vida,


muitas vezes, nos coloca em confronto
com os demais. Nessas circunstâncias,
temos a tendência de sermos
competitivos e egoístas. O bem comum
necessita do espírito de cooperação,
onde não existe disputa de poder. Cada
um deve contribuir com sua parcela de
trabalho produtivo para que a obra,
com a ajuda de todos, possa completar-
se.

 Uma atitude decidida. Precisamos ser


positivos e objetivos. Devemos
abandonar a tendência à protelação e
adotar atitudes dirigidas à ação. A
preguiça, a indolência, a indecisão, a
dúvida não permitem que conquistemos
nossas metas e objetivos, afastando
qualquer possibilidade de sucesso. Às
vezes, somos obrigados a seguir por um
único caminho, abandonando todos os
demais. Mas é preciso decidir com
firmeza e sabedoria.

60
 Uma atitude dinâmica. O dinamismo
faz parte do caráter dos indivíduos bem
sucedidos. Trata-se de uma atitude que
nos impulsiona à ação positiva e bem
planejada. Você quer ser uma pessoa
dinâmica? Então elabore um plano bem
ajustado para sua vida, em todos os
setores. Faça exercícios, pratique
esportes, tenha uma vida social intensa.
Trabalhe com afinco; mas também se
dedique ao lazer e ao relaxamento.

 Uma atitude desapegada. Ao


examinarmos nossa vida, podemos
encontrar muitas formas de apego: a
pessoas, a bens materiais, a conceitos,
a inseguranças, a empregos, ou a
relacionamentos desgastados. Devemos
mudar, então, nossa maneira de ser,
agindo com desapego, com isenção de
ânimo e com total serenidade. É
possível que sejamos obrigados a nos
afastar de certas pessoas, a pedir
demissão do emprego, a mudar nossa
maneira de pensar e de ver as coisas.

 Uma atitude eficaz. Para obter os


resultados desejados, é preciso agir de
forma eficaz. Para atingir esse
propósito, é necessário elaborar um
plano claro, objetivo e coerente. É
essencial definir as prioridades e agir
de conformidade com elas.

 Uma atitude entusiástica. O


entusiasmo proporciona a energia

61
necessária para que nos movamos em
direção aos nossos objetivos e metas. E
esse fogo interior também confere a
necessária perseverança quando a
situação apresenta dificuldades e
entraves.

 Uma atitude generosa. Se formos


observar a Mãe Natureza,
descobriremos a imensa generosidade
de que ela é dotada. Por que nós
mesmos não nos espelhemos nela, para
melhorar as condições do nosso mundo?
Assim, é preciso que deixemos de ser
mesquinhos, e sempre que possível,
doemos um pouco de nós mesmos, de
nossos recursos, a quem deles precisa.

 Uma atitude intuitiva. Intuição é a


revelação clara, direta, espontânea e
imediata da verdade. Uma espécie de
pressentimento provindo de um sexto
sentido, sem passagem pelo raciocínio.
Para que tal possa acontecer, é preciso
aquietar a mente, relaxar os sentidos.
Em seguida, é necessário prestar
atenção às mensagens que a faculdade
da intuição quer nos revelar. Então,
podemos tomar a atitude correta frente
a alguma conjuntura, com certeza
absoluta de sua equidade.

 Uma atitude meditativa. Depois de


um dia cheio de atividades, por vezes
desgastantes, é recomendável permitir-
se momentos de paz, de relaxamento e
de meditação. Entregamo-nos, então, ao

62
silêncio. Calamos os ruídos do nosso
interior, para poder ouvir a voz da
consciência, a voz da intuição, a voz da
sabedoria.

 Uma atitude otimista. Ser otimista é


possuir e desenvolver uma disposição
favorável para ver as coisas pelo ponto
de vista positivo, mantendo a esperança
de encontrar uma solução adequada
para os problemas, sejam eles de pouca
ou de muita dificuldade. Assim, diante
dos desafios que a vida nos oferece,
aperfeiçoando essa qualidade, podemos
adotar atitudes otimistas, com o que
será produzida a energia necessária
para a ação adequada.

 Uma atitude paciente. Mantendo a


disposição de viver plenamente o
momento presente, é possível
desenvolver essa virtude fundamental: a
paciência. De posse do controle das
emoções, com plena capacidade
intelectual, a serenidade flui
espontaneamente. Vivendo esse estado
de espírito, não há tensão, nem
ansiedade, nem pressa. Ao contrário,
somente a tolerância, a paciência, a
disposição positiva, frente às
circunstâncias e às pessoas.

 Uma atitude prazerosa. Sentir prazer


é viver com plenitude. Reprimir o
prazer, a satisfação, a alegria, é
condenar a si próprio a uma vida
insípida. Sempre que tomamos uma

63
atitude prazerosa, sentimos a vida fluir
com energia e vitalidade. Alegria,
felicidade e prazer são conceitos
estreitamente unidos, inseparáveis.

 Uma atitude reverente. Reverência é


respeito, atenção, consideração.
Devemos acalentar essa virtude frente
às pessoas, sejam elas inocentes bebês
ou provectos anciões. E também diante
da Natureza, da Divindade, do
Universo.

 Uma atitude sensata. Ao tomarmos


uma atitude dessa natureza, estamos
agindo com bom senso e sabedoria. É
preciso conhecer as leis naturais e os
princípios básicos que regem o
Universo, e agir de acordo com eles. O
ser humano imaturo possui a tendência
de ser impulsivo, insensato, egoísta.
Assim, frequentemente, perde a noção
dos limites que devem ser obedecidos,
agindo contra tudo e todos.

 Uma atitude sensível. Ser sensível é


possuir a capacidade para receber
estímulos e desenvolver a faculdade de
experimentar impressões morais, e
importar-se com as pessoas e com os
animais. Ser sensível é estar com a
atenção voltada a tudo e a todos. É
manter-se consciente de que somos
ligados a todos os seres da natureza.
Devemos, também, sem dúvida,
desenvolver a sensibilidade diante de
nós mesmos, de nossos pensamentos e

64
sentimentos, de nossas mais profundas
necessidades.

 Uma atitude solidária. Já afirmamos


que somos interligados e inter-
relacionados com tudo e com todos, na
conjuntura universal. Assim, não
podemos viver de forma egoísta e
solitária. É preciso desenvolver a
disposição de trabalhar em equipe, sem
competição, visando apenas o bem
comum, o resultado positivo, em
benefício de todos. Podemos afirmar
que solidariedade é comunhão de
atitudes e sentimentos, em cujo
contexto todos se sentirão confortados,
seguros e serenos.

 Uma atitude transparente. Quando


agimos com total transparência,
irradiamos confiança, honestidade,
clareza de propósitos. As pessoas
sentirão tranquilidade e poderão agir
da mesma forma em relação a nós.

65
Comunicação

A
palavra comunicação quer dizer “tornar
comum”, trocar informações, compartilhar
idéias, sentimentos, experiências, crenças e
valores. Denota o processo pelo qual idéias e
sentimentos se transmitem de indivíduo a indivíduo,
tornando possível a interação social. Comunicar
significa participar, estabelecer contato com alguém,
interagir de forma dinâmica. E isso através de
gestos, de atos, de palavras, de figuras, de imagens,
de símbolos.

Comunicação também envolve o significado de


poder de persuasão e influência. Nesse sentido, a
comunicação eficaz, além da troca de idéias e
informações, também inclui a dinâmica da persuasão
e da influência positiva.

Comunicar-se significa, também, transmitir


credibilidade, confiança, empatia. Através da
comunicação, o indivíduo revela seus
conhecimentos, seus valores, seus princípios, suas
emoções e seus sentimentos. Ou seja, revela-se a si
mesmo. Graças à capacidade de comunicação, a
pessoa integra-se na sociedade e interage
positivamente.

A sociedade exige cada vez mais do indivíduo.


Assim, para apropriar-se de seu papel nos âmbitos
profissional e social, ele precisa aperfeiçoar-se
constantemente, revelando suas potencialidades;
deve transparecer naturalidade, segurança,

66
persuasão, credibilidade e confiabilidade, em várias
ocasiões. Por exemplo, ao defender projetos,
ministrar aulas e cursos, transmitir informações,
fazer saudações ou apresentações, participar de
entrevistas (em jornal, em rádio, em televisão), e
também, para conquistar um emprego ou uma
promoção.

Não existe atividade que não exija uma boa


comunicação. A começar pela vida estudantil, nas
escolas e universidades, pois os alunos precisam
apresentar trabalhos e pesquisas perante
professores e colegas. No exercício da profissão, o
indivíduo deve apresentar-se em entrevistas, em
reuniões com clientes, junto a diretorias e
assembléias, relatando projetos, defendendo idéias e
soluções.

No entanto, inúmeras pessoas, submetidas ao


desafio de falar em público, tomadas de medo,
insegurança e constrangimento, não são bem
sucedidas na transmissão da mensagem. Somente
obtêm sucesso as pessoas que revelam a forte
impressão de que são dotadas de conhecimentos, de
habilidades e de atitudes positivas. Quais os
professores que mais nos impressionaram? Os que
mais sabiam, ou aqueles que melhor transmitiam o
que sabiam? Quais os candidatos mais apreciados
em uma entrevista de emprego? Aqueles que se
retraem, mesmo possuindo conhecimentos,
habilidades e experiências, ou aqueles que,
dominando as ferramentas da comunicação,
transmitem naturalidade, autoconfiança e
segurança?

É importante observar o notável poder das


pessoas que desenvolveram o talento da

67
comunicação. Elas irradiam encanto, persuasão e
emoção; elas brilham nos mais variados contextos.
Por sua vez, podem-se observar pessoas dotadas de
cultura e de habilidade profissional, mas que não se
comunicam bem, que revelam falta de preparo
técnico e psicológico. Com isso, não são bem
sucedidas em seu trabalho, não conseguem
aproveitar as oportunidades.

É forçoso ressaltar que o domínio de


determinado ofício não é mais o único requisito para
a conquista de um cargo no mercado de trabalho. As
características pessoais, tais como versatilidade,
criatividade, capacidade de resolução de conflitos,
habilidades de comunicação e de relacionamento,
são fundamentais e decisivas em exames de seleção,
na manutenção de empregos e na conquista de
promoções.

Igualmente, as pessoas acostumadas em falar


em público necessitam revisar seus conceitos e
aprimorar-se constantemente. Cada apresentação
constitui um novo desafio. A matéria deve ser
amplamente pesquisada, estabelecida e assimilada;
as necessidades e os interesses do público devem
ser conhecidos e considerados; o local, as condições,
os instrumentos e os aparelhos de apoio, tudo deve
ser devidamente organizado. O próprio palestrante
deve preparar-se muito bem, em todos os sentidos.
Por isso, a ninguém é permitido valer-se de
autoconfiança excessiva, deixando de aparelhar-se a
contento. As pessoas devem ser claras, objetivas,
concisas e organizadas nas formas de raciocinar e
de apresentar suas mensagens. Elas devem
expressar-se com energia, disposição, entusiasmo e
emoção, demonstrando pleno envolvimento e
interesse pelo assunto; mas, sempre respeitando sua

68
individualidade, seu jeito próprio de ser, sua
naturalidade.

Agora, um pouco sobre a Oratória, a mais


típica manifestação da arte da palavra. Esta nobre
arte teve origem na Sicília, no século V a.C., através
do siracusano Corax e de seu discípulo Tísias. Mas,
foi em Atenas que a Oratória encontrou campo fértil
para seu desenvolvimento, sendo os sofistas os
primeiros a dominar esta arte. Entre os oradores
gregos, nos deparamos com Górgias, Isócrates,
Anaxímenes, Aristóteles e Demóstenes. Junto aos
Romanos, encontramos as figuras importantes de
Cícero e Quintilhano.

Nos dias de hoje, a Oratória perdeu um pouco


de sua formalidade. Ficou mais adequada às
exigências do público, menos voltada às qualidades
do orador. As platéias de hoje preferem uma fala
mais natural, menos sofisticada, mais objetiva, com
menos adornos e com mais elementos técnicos. A
arte da oratória, antes exclusiva de religiosos,
políticos e advogados, hoje é patrimônio de todas as
pessoas que a querem cultivar.

69
Direitos da Criança

A
Declaração dos Direitos da Criança foi
proclamada, por aprovação unânime, pela
Assembléia Geral das Nações Unidas, em 20
de novembro de 1959. Este documento constitui
uma enumeração dos direitos fundamentais e das
liberdades a que faz jus toda e qualquer criança.

Este histórico documento está condensado em


dez princípios, cuidadosamente elaborado e
redigido:

Princípio 1º:

A criança gozará todos os direitos


enunciados nesta Declaração.
Todas as crianças, absolutamente sem
qualquer exceção, serão credoras destes direitos,
sem distinção ou discriminação por motivo de raça,
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de
outra natureza e origem nacional ou social, riqueza,
nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou
de sua família.

Princípio 2º:

A criança gozará proteção especial e ser-lhe-


ão proporcionadas oportunidades e facilidades, por
lei ou outros meios, a fim de lhe facultar o
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e

70
social, de forma sadia e normal e em condições de
liberdade e dignidade.
Na instituição de leis visando este objetivo
levar-se-ão em conta sobretudo os melhores
interesses da criança.

Princípio 3º:

Desde o nascimento, toda criança terá


direito a um nome e a uma nacionalidade.

Princípio 4º:

A criança gozará os benefícios da


previdência social.
Terá direito a crescer e criar-se com saúde;
para isto, tanto à criança como à mãe, serão
proporcionados cuidados e proteção especiais,
inclusive adequados cuidados pré e pós-natais.
A criança terá direito à alimentação,
habitação, recreação e assistência médica
adequadas.

Princípio 5º:

À criança incapacitada física, mental ou


socialmente serão proporcionados o tratamento, a
educação e os cuidados especiais exigidos pela sua
condição peculiar.

Princípio 6º:

Para o desenvolvimento completo e


harmonioso de sua personalidade, a criança precisa
de amor e compreensão.

71
Criar-se-á, sempre que possível, aos
cuidados e sob a responsabilidade dos pais e, em
qualquer hipótese, num ambiente de afeto e
segurança moral e material; salvo circunstâncias
excepcionais, a criança de tenra idade não será
apartada da mãe. À sociedade e às autoridades
públicas caberá a obrigação de propiciar cuidados
especiais às crianças sem família e aquelas que
carecem de meios adequados de subsistência. É
desejável a prestação de ajuda oficial e de outra
natureza em prol da manutenção dos filhos de
famílias numerosas.

Princípio 7º:

A criança terá direito a receber educação,


que será gratuita e compulsória pelo menos no grau
primário. Ser-lhe-á propiciada uma educação capaz
de promover a sua cultura geral e capacitá-la a, em
condições de iguais oportunidades, desenvolver as
suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu
senso de responsabilidade moral e social, e a tornar-
se um membro útil da sociedade.
Os melhores interesses da criança serão a
diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação
e orientação; esta responsabilidade cabe, em
primeiro lugar, aos pais.
A criança terá ampla oportunidade para
brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos
da educação; a sociedade e as autoridades públicas
empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito.

Princípio 8º:

A criança figurará, em quaisquer


circunstâncias, entre os primeiros a receber
proteção e socorro.

72
Princípio 9º:

A criança gozará proteção contra quaisquer


formas de negligência, crueldade e exploração. Não
será jamais objeto de tráfico, sob qualquer forma.
Não será permitido à criança empregar-se
antes da idade mínima conveniente; de nenhuma
forma será levada a ou ser-lhe-á permitido
empenhar-se em qualquer ocupação ou emprego
que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que
interfira em seu desenvolvimento físico, mental ou
moral.

Princípio 10º:

A criança gozará proteção contra atos que


possam suscitar discriminação racial, religiosa ou de
qualquer outra natureza.
Criar-se-á num ambiente de compreensão,
de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e
de fraternidade universal e em plena consciência
que seu esforço e aptidão devem ser postos a
serviço de seus semelhantes.

73
Direitos Humanos

A
Declaração Universal dos Direitos
Humanos foi promulgada pela Assembléia
Geral das Nações Unidas a 10 de dezembro
de 1948. Este documento histórico estabelece
direitos fundamentais de que todo ser humano é
legítimo possuidor, e que devem ser respeitados por
todos.

Vamos apreciar alguns dos trinta artigos que


compõem este Estatuto Universal:

O artigo I diz: Todas as pessoas nascem livres


e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de
razão e consciência e devem agir em relação umas
às outras com espírito de fraternidade. Já no início, o
documento define a liberdade e a igualdade como
requisitos essenciais que todas as pessoas devem
dispor. Enfatiza, também, que todos devem agir, de
forma recíproca, com espírito de fraternidade. Se
isto realmente pudesse tornar-se realidade,
poderíamos viver sem violência, sem conflitos, sem
guerras, sem fome.

O artigo III, por sua vez, enfatiza que toda


pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança
pessoal, completando o sentido do primeiro.

Os artigos IV e V determinam a abolição da


escravidão e da servidão, de forma definitiva, assim

74
como toda espécie de tortura, tratamento ou castigo
cruel, desumano ou degradante.

A seu turno, o artigo IX estabelece que


ninguém será arbitrariamente preso, detido ou
exilado. Essa desumana prática era comum no
passado, e continua em vigor em regimes ditatoriais
ainda existentes.

As pessoas acusadas de um ato delituoso,


através do disposto no artigo XI, parte 1, obtiveram
a garantia de serem presumidas inocentes até que
sua culpabilidade tenha sido efetivamente provada,
de conformidade com a lei, em julgamento público
em que lhe tenham sido asseguradas todas as
garantias necessárias à sua defesa. Essa
determinação assegura a aplicação da mais plena
justiça, evitando-se arbitrariedades e abusos de
poder.

A privacidade de todo indivíduo foi


assegurada pelo artigo XII. Aí está determinado que
ninguém será sujeito a interferências na sua vida
privada, na sua família, no seu lar ou na sua
correspondência, nem a ataques à sua honra e
reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques.

O direito de ir, vir e permanecer ficou


afirmado através do artigo XIII, parte 1. Por sua vez,
o direito à nacionalidade foi determinado pelo artigo
XV.

O preceito de que a família é o núcleo natural


e fundamental da sociedade foi estabelecido pelo
artigo XVI, parte 2. O “caput” desse mesmo artigo
determina que os homens e as mulheres de maior

75
idade, sem qualquer distinção de raça,
nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair
matrimônio e de estabelecer uma família.

O direito à propriedade está consagrado pelo


artigo XVII, parte I, onde consta que esse benefício
pode ser exercido de forma individual ou coletiva.
Na parte 2 fica claramente estatuído que ninguém
será arbitrariamente privado de sua propriedade.

A sagrada liberdade de pensamento,


consciência e religião foi estabelecida pelo artigo
XVIII. Textualmente: Toda pessoa tem direito à
liberdade de pensamento, consciência e religião;
este direito inclui a liberdade de mudar de religião
ou crença e a liberdade de manifestar essa religião
ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e
pela observância, isolada ou coletivamente, em
público ou em particular.

Por sua vez, as não menos sagradas


liberdades de opinião e de expressão, e sua
transmissão por quaisquer meios,
independentemente de fronteiras, foi assegurada
pelo artigo XIX.

O direito à liberdade de reunião e de


associação foi confirmado pelo artigo XX, parte 1. A
parte 2 estatui que ninguém pode ser obrigado a
fazer parte de qualquer associação, contra sua
legítima vontade.

A democracia na gerência governamental foi


estabelecida no artigo XXI, onde, na parte primeira,
consta que toda pessoa tem o direito de tomar parte
no governo de seu país, diretamente ou por
intermédio de representantes livremente escolhidos.

76
Na parte 3 está determinado, expressamente, que a
vontade do povo será a base da autoridade do
governo. E mais: que esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio
universal, por voto secreto ou por processo
equivalente que assegure a liberdade do voto.

O direito ao trabalho, à livre escolha de


emprego, a condições justas e favoráveis ao
desempenho de atividades profissionais e à proteção
contra o desemprego, está perfeitamente
assegurado no artigo XXIII, parte 1. Em seguida, na
parte 2, fica estabelecido que todo indivíduo, sem
qualquer distinção, tem direito à idêntica
remuneração, por idêntico trabalho. Em seqüência,
na parte 3, foi determinado que toda pessoa que
trabalha tem direito a uma remuneração justa e
satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua
família, uma existência compatível com a dignidade
humana, e a que se acrescentarão, se necessário,
outros meios de proteção social. O direito à
organização de sindicatos, para a proteção dos
legítimos interesses profissionais, foi assegurado
pela parte 4 do referido artigo.

O direito ao repouso, ao lazer, a férias


periódicas e remuneradas, foi estabelecido pelo
artigo XXIV.

O Artigo XXV, parte 1, estabelece que toda


pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar,
inclusive alimentação, vestuário, habitação,
cuidados médicos e os serviços sociais
indispensáveis, e direito à segurança em caso de
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou

77
outros casos de perda dos meios de subsistência, em
circunstâncias fora de seu controle. Já a parte 2
deste artigo assegura que a maternidade e a
infância têm direito a cuidados e assistência
especiais: Todas as crianças, nascidas dentro ou fora
de matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

O direito à educação foi estatuído pelo Artigo


XXVI. Textualmente: 1. Toda pessoa tem direito à
instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos
graus elementares e fundamentais. A instrução
elementar será obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos, bem como a
instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A
instrução será orientada no sentido do pleno
desenvolvimento da personalidade humana e no
fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e
pelas liberdades fundamentais. A instrução
promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade
entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos,
e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em
prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm
prioridade de direito da escolha do gênero de
instrução que será ministrada a seus filhos.

A cultura mereceu destaque através do artigo


XXVII, onde se lê: 1. Toda pessoa tem o direito de
participar livremente da vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar do
processo científico e de seus benefícios. Por sua vez,
a parte dois deste artigo assegura a proteção dos
direitos autorais: Toda pessoa tem direito à proteção
dos interesses morais e materiais decorrentes de
qualquer produção científica, literária ou artística
da qual seja autor.

78
Direitos e obrigações dos indivíduos foram
estabelecidos pelo artigo XXIX: 1. Toda pessoa tem
deveres para com a comunidade, em que o livre e
pleno desenvolvimento de sua personalidade é
possível. 2. No exercício de seus direitos e
liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às
limitações determinadas por lei, exclusivamente com
o fim de assegurar o devido reconhecimento e
respeito dos direitos e liberdades de outrem e de
satisfazer às justas exigências da moral, da ordem
pública e do bem-estar de uma sociedade
democrática. 3. Esses direitos e liberdades não
podem, em hipótese alguma, ser exercidos
contrariamente aos propósitos e princípios das
Nações Unidas.

Finalizando, o Artigo XXX estatui que:


Nenhuma disposição da presente Declaração pode
ser interpretada como o reconhecimento a qualquer
Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer
qualquer atividade ou praticar qualquer ato
destinado à destruição de quaisquer dos direitos e
liberdades aqui estabelecidos.

O estudo acurado deste documento, em seu


texto integral, deve ser realizado por todos, já a
partir dos primeiros anos escolares, e discutido em
sala de aula, exaustivamente.

79
Educação e formação

E
ducação significa, em síntese, o aperfeiçoamento
das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser
humano. Por sua vez, formação é o modo como se
constitui o caráter do homem. Educação e formação
são integrantes de um mesmo processo que tem
início no momento do nascimento e término por
ocasião da morte do indivíduo.

A educação formal propicia o conhecimento


de dados contidos em uma infinidade de disciplinas
acadêmicas. Essa espécie de educação pode
proporcionar uma base, mais, ou menos, adequada à
formação humanística e profissional do indivíduo. No
entanto, observamos que não é suficiente para
proporcionar o desenvolvimento do caráter e da
personalidade. É preciso acrescentar mais conteúdo,
objetivando a consolidação dos valores éticos,
morais e humanísticos.

Desde os primeiros anos da educação


fundamental, as pessoas deveriam receber
ensinamentos nos campos da psicologia, da
comunicação, dos relacionamentos, dos valores
éticos e morais. O talento de cada um deveria ser
descoberto muito cedo, visando à devida preparação
para a futura carreira profissional. No entanto,
observamos um considerável despreparo para a
vida, a nível filosófico, psicológico, espiritual e
profissional.

80
Podemos prever que o homem do século XXI
somente terá condições de ser bem sucedido se
estiver muito bem aparelhado, portando em sua
bagagem uma formação integral, no âmbito
humanístico e profissional. Sem dúvida, deverá ser
um ótimo comunicador, sabendo interagir com as
pessoas de forma eficaz. Não bastará possuir
competência técnica, será preciso desenvolver a
competência comportamental, para lidar com as
pessoas de forma empática, cordial, cooperativa.

Segundo especialistas europeus, nos próximos


tempos deverá ocorrer uma mudança radical nos
currículos profissionalizantes. Esses deverão conter
quatro grandes ramos do saber: 1. Conhecimento
tecnológico (por exemplo, domínio do computador);
2. Conhecimento de idiomas (o original e, no
mínimo, mais dois); 3. Habilidade comportamental
(áreas da comunicação e dos relacionamentos); 4.
Conhecimento técnico no setor profissional
específico. Essa mudança é realmente necessária;
contribuirá decisivamente para a excelência da
educação e da formação das pessoas.

A realidade está sempre em constante


mutação. Por isto, é preciso manter-se preparado
para enfrentá-la. A educação e a formação devem
constituir-se em um processo permanente. O
desenvolvimento pessoal e profissional é uma
premissa que deve ser considerada como uma
obrigação natural de cada um. Devemos expandir
nossa zona de conforto, alargar horizontes, exercitar
a criatividade, descobrir novas oportunidades e
possibilidades, adaptar-se continuamente às
situações reais da vida.

81
Elementos da Cultura

A
Cultura abrange todos os atos da vida humana, tudo
que o homem possa cultivar: pensamentos,
sentimentos, hábitos, padrões de comportamento,
rituais, compreensão da existência, interpretação e
expressão da realidade, apropriação e
transformação dos recursos naturais. E muito mais.
Assim, podemos afirmar que a Cultura é um
processo dinâmico de transformação e de
aprimoramento de um indivíduo, de um grupo, de
um povo.

A Cultura compreende o conjunto das


“criações do homem”, no decurso da História, em
permanente tradição e transformação:

a) Artes plásticas, artes cênicas, música,


literatura; ou seja, todas as formas
materiais de expressão artística;

b) Crenças, mitos, filosofias, religiões,


sistemas jurídicos; quer dizer, todo o
patrimônio de idéias de uma época, de um
povo.

Podemos afirmar que a Cultura tem por


objetivos:

a) O aperfeiçoamento do ser humano, em


todas as dimensões;

82
b) A satisfação pessoal das necessidades e
das tendências;

c) A valorização do respeito e da dignidade


nas relações humanas, inclusive a nível
mundial, excluindo-se assim todas as
formas de preconceito e escravidão;

d) A democratização das conquistas em todos


os setores da atividade humana;

e) A expressão da totalidade das


características e das condições de vida de
um povo, permitindo a compreensão do
passado (conhecimentos e experiências
acumulados); a consciência do presente
(através da apropriação e modificação
deste legado); e a visão do futuro
(objetivando a crescente conquista de uma
melhor qualidade de vida).

Feitas essas considerações fundamentais,


podemos agora tecer outras, para maior
compreensão do significado de Cultura. Iniciamos
com uma forma de expressão cultural, a música. As
pessoas, mesmo não sendo compositoras ou
intérpretes, são, com raras exceções, amantes da
música. Cada uma tem suas preferências, seus
próprios gostos. Umas preferem a música sertaneja,
outras a popular, e ainda outras, a erudita; ou,
então, são ecléticas. Certas pessoas aprofundam-se
na compreensão do seu gênero preferido, outras
simplesmente a consomem, sem qualquer
consideração especial, pois lhes basta o simples
prazer que a música proporciona. Enfim,

83
observamos que a música exerce um papel
fundamental na formação cultural das pessoas.

Outro campo que se presta a profundas


observações é o da gastronomia, onde é possível
estudar as preferências de cada um e da
comunidade inteira, seja local, regional ou nacional.
No nosso imenso país, podemos constatar diferenças
marcantes nos hábitos alimentares das pessoas, de
norte a sul, de leste a oeste. Assim, os costumes
gastronômicos são claramente uma questão de
cultura. Pessoas há que se alimentam simplesmente
para “matar” a fome. Outras procuram sentir o
máximo prazer no ato de comer. Outras, ainda, se
preocupam basicamente com a qualidade e com o
poder nutritivo dos alimentos, optando muitas vezes
por uma dieta especial. Mais um aspecto observável
é o de que o ato de comer, para muitos, envolve
sempre a família ou os amigos; para outros, é um ato
isolado. Por sua vez, pessoas há que dedicam um
tempo considerável à alimentação, observando uma
rigorosa etiqueta, transformando o ato em um ritual
sagrado. A seu turno, outras tantas comem às
pressas; muitas vezes, em precárias condições,
revelando hábitos grosseiros.

O campo dos relacionamentos humanos é


fértil para nossas observações, no âmbito cultural. O
grau de cultura das pessoas pode ser avaliado de
conformidade com a qualidade dos relacionamentos
desenvolvidos. Consoante a educação recebida
desde a infância, as pessoas podem revelar-se
polidas, cordatas, respeitosas, cativantes,
simpáticas. Outras, por sua vez, apresentam
condutas incompatíveis com a boa educação. Nessa
área, é possível realizar pesquisas as mais diversas
sobre hábitos de relacionamentos entre as pessoas,

84
na própria família ou no círculo de amigos. Por
exemplo, reuniões para tomar chá ou chimarrão,
jogar cartas, ou simplesmente para conversar.
Reuniões exclusivas de homens, ou somente de
mulheres. Encontros formais ou reuniões
descontraídas. Outro aspecto, neste campo, é o do
respeito devotado aos mais idosos. Na China, por
exemplo, à medida que se avança em idade, mais
respeito se conquista. Já no mundo ocidental, muitas
vezes, observa-se o oposto: os idosos são relegados a
um segundo plano, quase esquecidos, desvalidos.
Mas já estão surgindo apreciáveis avanços no
sentido de melhorar a qualidade de vida dos mais
velhos, com programas de aproveitamento dessas
pessoas em vários setores produtivos ou em
programas de lazer, recreação e turismo. Mesmo
assim, o respeito individual aos mais antigos deve
ser enfatizado desde a infância, para que permaneça
arraigado para sempre.

O setor das vestimentas é outro campo que se


presta para observações importantes no estudo da
questão cultural. Consoante o clima e a classe social,
as roupas podem ser, mais, ou menos, formais, mais,
ou menos, sofisticadas. De maneira geral, pode-se
observar que o tipo de vestimenta mais prático,
informal e confortável toma o lugar das roupas de
caráter formal. Por sua vez, enquanto uns, para
sentirem-se bem, com elevada auto-estima, precisam
sempre estar de roupa nova, outros parecem andar
bem com suas velhas roupagens. E, ainda, podemos
citar a ausência completa de vestimenta; é claro, nos
campos de nudismo, em clima quente. Tudo é uma
questão de cultura...

85
Eros e Thánatos

N
a mitologia grega fomos buscar inspiração.
Então, descobrimos Eros, o deus do amor e
da sensualidade; também Thánatos, o deus
da morte e de tudo o que lhe diz respeito.

Eros nos ensina a amar, a cultivar amizades


autênticas, a apreciar as artes, as ciências e tudo de
bom e belo que existe no mundo. Ele nos dá a
energia necessária para sentirmo-nos motivados,
cheios de entusiasmo e de alegria, para conduzir a
vida com sentido, e para contribuir com nossa
parcela de talento, tendo em vista o progresso da
humanidade.

Por sua vez, Thánatos nos atrai para a morte.


Ele extrai do nosso ser toda a energia, toda a
vitalidade. Vivemos nossa existência sem propósito;
sentimo-nos apáticos, carentes de motivação. Não
achamos graça em nada. Tudo é fastio, tristeza,
insatisfação, constrangimento. Experimentamos uma
existência de cor cinza, vendo os dias e as noites
passar, sentindo o final inevitável se aproximar.

Eros nos convida a festas, para dançar,


encontrar pessoas alegres, beber um bom vinho,
comer gostosas comidas. E, depois, quem sabe, em
companhia de alguém muito especial, passar o resto
da noite, com muito amor, sensualidade e
aconchego.

Thánatos nos induz à solidão e à tristeza. Por


que motivo haveríamos de sair de casa, de ir ao

86
cinema, ao teatro, ou a um jogo de futebol? Para ele,
nada disso faz sentido. Em sua ótica, é preferível
permanecer impassível, remoendo ressentimentos
ou preocupando-se com o futuro e suas vicissitudes;
ou com a provável chegada da morte, a qualquer
momento.

Eros estimula-nos a encontrar os amigos, a


desfrutar seus talentos, a compartilhar a vida, em
toda sua plenitude. Ele incentiva-nos a buscar o
prazer, a alegria, a felicidade. Proporciona-nos a
inspiração para compor versos, para escrever contos
ou romances, para cantar alegres melodias ou para
tocar algum instrumento musical.

Quem devemos procurar? Eros? Thánatos?


Cada um, de acordo com a própria inclinação,
saberá decidir, com livre arbítrio.

87
Eutanásia

E
utanásia significa “boa morte”. O termo deriva do
grego: “eu” = boa; “tanathos” = morte. Assim: boa
morte, morte suave, morte calma, sem sofrimento,
sem dor. Morte digna, com nobreza. Na verdade, é
aquela morte que alguém proporciona a alguma
pessoa que sofre de enfermidade incurável, a seu
próprio pedido, com o objetivo de abreviar agonia
muito intensa e dolorosa, em obediência ao espírito
de humanidade e piedade, de conformidade com
prévia regulamentação legal.

A história nos revela os primórdios dessa


prática. Muitos povos, como os celtas, mantinham
em sua cultura o hábito de os filhos matarem os pais
quando esses estivessem muito velhos e doentes. Por
sua vez, os doentes incuráveis na Índia eram
conduzidos até a beira do rio Ganges, onde suas
narinas e bocas eram obstruídas com lama sagrada,
sendo, de imediato, lançados ao fundo do rio. Em
Esparta, os deformados, os monstros, os doentes
incuráveis de toda a sorte eram lançados com
ímpeto do alto do monte Taijeto.

Da Grécia ainda temos notícia de Platão,


Sócrates e Epicuro, que defendiam o princípio
segundo o qual o sofrimento advindo de uma doença
dolorosa justificava o suicídio. Ao contrário,
Aristóteles, Pitágoras e Hipócrates condenavam
decisivamente o suicídio. No juramento de
Hipócrates consta: eu não darei qualquer droga fatal

88
a uma pessoa, se me for solicitado, nem sugerirei o
uso de qualquer uma deste tipo. Aqui no Brasil,
nossos índios abandonam à própria sorte os filhos
enfermos e incuráveis, como também os recém-
nascidos desgraçados.

A discussão a respeito de tão polêmico tema


prosseguiu através da história da humanidade. Aí
constatamos a participação de ilustres
personalidades, como Martinho Lutero, Thomas
Morus (Utopia), David Hume (On suicide), Karl Marx
(Medical Euthanasia) e Schopenhauer. No século XX,
esta discussão viveu momentos mais intensos no
período de 1920 a 1940. Na Europa, em especial, a
eutanásia foi associada à eugenia, surgindo uma
proposta que procurava justificar a eliminação de
deficientes, pacientes terminais e portadores de
doenças consideradas indesejáveis. Enfim, nessa
hipótese, a eutanásia constituía-se em um
instrumento de “higienização social”, com o objetivo
básico de buscar a perfeição ou o aprimoramento de
uma raça. Neste contexto, não havia compaixão,
piedade ou o direito de acabar com a própria vida.

Verificando os anais históricos do ano de


1934, descobrimos que no Uruguai foi incluída, no
Código Penal, a possibilidade do “homicídio
piedoso”, legislação que continua em vigor até hoje.
E em 1939 foi iniciado o “Programa Nazista de
Eutanásia”. O real objetivo desse programa era
eliminar todas as pessoas que tinham “uma vida que
não merecia ser vivida”. (E quem decidia isto?) Esse
famigerado programa materializou a anterior
proposta de “higienização social”.

A Igreja Católica, no ano de 1956, posicionou-


se categoricamente contra a eutanásia, por violar a

89
“Lei de Deus”. No entanto, em 1957, o Papa Pio XII,
num discurso dirigido a médicos, aceitou a
possibilidade de que a vida possa ser abreviada
como efeito secundário à utilização de drogas para
diminuir a angústia de pacientes com dores
insuportáveis. Em resumo, temos que, com a
utilização do “princípio de duplo efeito”, a intenção é
diminuir a dor, porém o efeito, excluído o vínculo
causal, pode vir a ser a morte do paciente. No
entanto, em 1968, a Associação Mundial de
Medicina adotou uma resolução contrária à
eutanásia. Ao chegar o ano de 1980, o Vaticano
divulgou uma “Declaração sobre eutanásia”. Aí
existe a proposta do “duplo efeito” e o abandono de
tratamento considerado inócuo ou fútil.

A Holanda tornou-se, em maio de 2003, o


primeiro país a legalizar a eutanásia. Por 46 votos a
favor e 28 contra, o Senado aprovou a lei que
permite aos médicos abreviar a vida de doentes
terminais. No entanto, os médicos deverão obedecer
a regras rigorosas para praticar a eutanásia. Cada
caso deve ser submetido ao controle de comissões
regionais encarregadas de fiscalizar o cumprimento
de requisitos essenciais. Essas comissões são
integradas por um médico, um jurista e um
especialista em ética. Os requisitos são os seguintes:
1) o paciente é portador de uma doença incurável e
sofre de dores insuportáveis; 2) o paciente deve
pedir, voluntariamente, para morrer; 3) um segundo
médico deve emitir sua opinião sobre o caso.

Após essa sucinta passagem pelos principais


pontos da história, vamos agora abordar mais de
perto a questão da ética e da moral que envolve a
eutanásia. Já vimos que essa prática abrange a
provocação da morte com o objetivo de atenuar os

90
sofrimentos do enfermo e de seus familiares, tendo
em conta seu inexorável falecimento, em virtude de
uma situação incurável sob o ponto de vista médico.

Precisamos neste momento definir mais


acuradamente acerca da diferença entre eutanásia
ativa, eutanásia passiva e eutanásia de duplo efeito.
A primeira significa o ato deliberado de provocar a
morte sem sofrimento do paciente, por fins
humanitários. A segunda ocorre numa situação
terminal quando não se inicia uma ação médica ou
se interrompe uma medida extraordinária, com o
objetivo de diminuir o terrível sofrimento. Por sua
vez, a última hipótese ocorre quando a morte é
acelerada por via de conseqüência indireta de ações
médicas que são postas em prática visando o alívio
do sofrimento de um doente terminal, como a
administração de doses elevadas de morfina.

As principais justificativas para a prática da


eutanásia são:

a) Dores e sofrimentos insuportáveis. Sabe-se


que a Medicina não dispõe de remédios
eficazes para eliminar, razoavelmente, as dores
e sofrimentos.

b) Doenças incuráveis. Considerando a


inexistência de possibilidades de cura de certas
doenças, quando no estágio terminal, o
argumento parece justificável.

c) Vontade do paciente. É importante


considerar a vontade do enfermo que solicita o
encurtamento da vida cujo fim próximo é
inevitável. Seu desejo deve ser manifesto de
forma consciente e real.

91
A questão da ética e da moral no tocante à
eutanásia pode ser discutida “ad infinitum”. Mesmo
assim, podemos apreciar alguns depoimentos:

Caio Rosenthal, infectologista e conselheiro do


Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo conta que os familiares dizem: “Doutor, deixe
nas mãos de Deus. Só não queremos que ele sofra. É
um eufemismo que equivale a pedir que não se
prolongue sua vida desnecessariamente. Já quando é
um plano de saúde que está bancando a internação,
o que ouvimos é: Doutor, faça tudo o que estiver ao
seu alcance para mantê-lo vivo. Não dá para levar
em conta esse pedido. O que eu aceito é deixar de
investir em um tratamento que está sendo fútil, que
não está trazendo benefício ao paciente que jamais
vai se recuperar... É correto diminuir ou interromper
um tratamento que está prolongando a vida
inutilmente. O difícil é estabelecer o critério”.

Flávio Monteiro de Barros Maciel, médico da


UTI de um hospital municipal de São Paulo, declarou
que: “Há hospitais em que os pacientes são levados
a uma situação de sofrido prolongamento da vida
por motivos econômicos. O paciente fica parecendo
uma árvore de Natal, tantos são os penduricalhos
tecnológicos que são colocados. Eu acho correto
tirar alguns suportes de vida, desde que haja um
consenso da equipe médica e da família de que isto
deve ser feito, quando o paciente não tem condições
de opinar. O médico tem de estar com a consciência
tranqüila no momento de decidir tirar um
tratamento que não está sendo eficaz e só está
prolongando a vida do doente”.

92
Mariza D’Agostino Dias, chefe de UTI em dois
hospitais, disse o seguinte: “Em medicina, usamos
índices baseados em estatísticas para saber se um
paciente vai morrer ou se tem chance de
recuperação. Só que você não pode simplesmente
encaixar a vida de uma pessoa em estatísticas. Por
isso, analiso cada caso e decido, sempre junto com
outros médicos da equipe, quando interromper um
tratamento que está sustentando a vida de um
paciente de forma artificial”.

Muitos outros depoimentos poderíamos


descobrir sobre tão importante e polêmico assunto.
No entanto, vamos deixar que cada leitor reflita
sobre essa questão, coloque-se no tenebroso lugar
de um paciente terminal, sofrendo dores
insuportáveis. Ou então, na posição de parentes de
uma pessoa nessas circunstâncias. Cada um,
certamente, haverá de concluir de uma forma ou
outra, a favor ou contra a prática da eutanásia.
Enfim, o bom senso é que deve imperar, caso a caso.
(Fontes de consulta: Internet – Prof. José Roberto
Goldim, Emerson Wendt e Carlos Éffori).

93
Filosofia de vida

F
ilosofia de vida, ou cosmovisão, significa um
“sistema pessoal de idéias e sentimentos a respeito
do universo e do mundo”. Cada ser humano, em
maior ou menor grau, tenha ou não consciência
desse fato, possui uma concepção própria acerca da
vida, do mundo, do universo.

O fato é que todos revelam sua filosofia de


vida através de manifestações, atitudes, maneiras de
enfrentar as circunstâncias, de forma trivial, no dia-
a-dia. Outros, em maior profundidade, o fazem
através de artigos ou livros.

Cada pessoa, com suas características


extremamente individuais, já nos primeiros anos de
vida, elabora uma escala de valores, embasada na
família e na sociedade. Com o passar do tempo,
muitos vão construindo seu sistema de valores de
forma mais personalizada, muitas vezes em conflito
com sua família de origem e com a comunidade na
qual se desenvolveu.

Infinitos são os critérios a serem utilizados na


estrutura da cosmovisão. De início, é necessário
definir-se qual o sentido da vida, seu real propósito,
seu significado maior. E, seguindo essa trilha, são
ilimitadas as questões de elevada importância. Entre
elas: Existe vida após a morte? O que é mais
importante: concentrar-se em si mesmo, ou

94
contribuir mais intensamente em favor da sociedade,
sem, contudo, descuidar-se de seus próprios
interesses? Os preconceitos de toda ordem, em
especial os de raça e cor, devem ser cultivados ou
erradicados de vez da face da terra? Os bens
disponíveis devem ser distribuídos a toda a
humanidade, de forma justa e equilibrada, ou apenas
usufruídos pelos detentores do poder e da riqueza?
A liberdade deve ser compreendida, acalentada,
defendida e desfrutada por todos, ou somente por
uma minoria afortunada?

Bem, poderíamos seguir adiante nessas


considerações, “ad infinitum”. Porém, nosso maior
propósito ao escrever sobre este tema é o de
despertar a questão no espírito das pessoas, para
que reflitam sobre sua vida, seus valores, suas
concepções mais profundas. Cada um, aprimorando
sua filosofia de vida, sua cosmovisão, com certeza
haverá de melhorar a qualidade da própria vida e,
por via de consequência, a vida da família, da
comunidade, do país, do mundo inteiro, mesmo que,
para tanto, sejam necessários alguns séculos.

95
Liberdade

U
m dos bens mais caros a todo ser humano é,
sem dúvida, a liberdade. É mister enfatizar
que duas são as espécies de liberdade: a
interior, subjetiva, e a exterior, objetiva. Esta última
significa o estado de se estar livre e isento de
restrições externas, em maior ou menor grau; é a
condição de não ser sujeito a controle ou
arbitrariedades; é o poder de exercer livremente a
sua vontade, com responsabilidade; é independência
e autonomia.

A liberdade exterior vai sendo conquistada à


medida que as pessoas crescem e se desenvolvem,
adquirem sua independência e autonomia financeira,
se desapegam em relação aos pais. No entanto, essa
liberdade, tão sofregamente conquistada, pode
sempre, e a qualquer momento, sofrer alterações,
em virtude dos inúmeros apegos que o indivíduo
cultiva durante a vida.

Assim, pode-se observar que a liberdade


exterior está sujeita a diversos fatores, como regime
político vigente, disponibilidade de bens materiais,
profissão exercida, relacionamentos, e tantos outros.
Alguns desses fatores podem ser dominados e
administrados, enquanto outros não, pois estão fora
do controle do próprio indivíduo.

96
A liberdade interior é infinita, ilimitada,
depende exclusivamente de cada pessoa, de sua
maneira de encarar a vida. E é curioso constatar que
a servidão humana mais abrangente, mais
aterradora, deve-se exclusivamente ao próprio
indivíduo. O ser humano é o maior algoz de si
mesmo.

Esse fenômeno ocorre em virtude da formação


da personalidade, onde estão presentes: a educação,
a auto-estima, a confiança em si mesmo, a fé em um
Poder Maior. Nesse contexto, ainda que as condições
externas subjuguem o indivíduo, ele pode sentir-se
livre. Ou, a “contrario senso”, mesmo não existindo
fatores externos escravizadores, o próprio indivíduo
pode restringir a si mesmo, colocando limites em
seu poderio, em suas potencialidades.

Para melhor compreender a liberdade


subjetiva é preciso trazer exemplos à tona. Veja-se o
caso de uma pessoa que está presa a uma cama, em
virtude de grave doença. Sua liberdade exterior está
seriamente limitada, pois não pode sair de casa,
realizar qualquer atividade, ou dedicar-se ao lazer.
Contudo, sua liberdade de pensamento, de encarar
os fatos, de interpretar a situação em que vive, está
inteiramente sob seu controle. Assim, essa pessoa
pode sentir-se bem, tranquila, feliz, ou, ao contrário,
revoltada, triste, infeliz, em virtude de sua situação
de imobilidade e dependência.

A liberdade é um dos maiores tesouros de que


o homem pode dispor. Mas devemos conquistar a
verdadeira liberdade, interior, subjetiva, que pode
ser vivida e administrada com exclusivo poder
pessoal.
97
Magnetismo pessoal

A
qualidade através da qual as pessoas atraem
a si a confiança, o respeito, a admiração, a
simpatia, o amor, a amizade e o interesse dos
outros denomina-se “magnetismo pessoal”. Para a
conquista desse atributo ímpar, é necessário
assimilar uma série de princípios que devem fazer
parte da personalidade e precisam ser expressos de
forma espontânea e natural, no contexto da vida e
dos relacionamentos.

E quais são esses princípios? Sem a pretensão


de exauri-los, apresentamos os seguintes:

 Mistério. A pessoa dotada de magnetismo


não procura revelar-se a todos,
constantemente. Ao contrário, mantém-se
envolta num halo de mistério que provoca
admiração e expectativa.

 Serenidade. Todos se sentem à vontade


junto a uma pessoa atraente, pois ela não
se perturba facilmente.

 Humildade. A pessoa envolta por essa


virtude traz consigo o dom da modéstia.
Assim, ela evita atrair atenção e lisonja
para si.

 Prudência. Esta é uma virtude que revela


o valor do tato, da discrição e da

98
precaução, em todas as experiências da
vida.

 Sintonia. O indivíduo dotado de


magnetismo procura sintonizar as
vibrações mentais das pessoas com quem
se comunica. Isso proporciona harmonia
nas relações humanas.
 Aparência exterior. As vestes usadas por
uma pessoa magnética estão sempre de
conformidade com a ocasião, o tipo físico,
a função exercida.

 Temperança. A alegria, o bom-humor, a


espontaneidade, o bom-senso são
características inerentes ao indivíduo
dotado de magnetismo. Mas ele acrescenta
temperança e moderação em suas atitudes,
evitando excessos e conflitos.

 Elegância. É próprio da pessoa atraente


cultivar atitudes naturais, uma postura
sóbria, uma voz agradável e tons bem
modulados.

 Amor-próprio. É preciso estar sempre


consciente de seu valor, de sua
importância, e sustentar um elevado nível
de auto-estima.

 Vontade e resolução. De imenso valor é


manter-se envolto por essas virtudes,
colocando em prática os planos propostos,
sem deixá-los pela metade.

99
 Independência. Conservar um de certo
grau de independência, em todas as
questões da vida, é autêntica virtude.

 Desenvolvimento pessoal. As pessoas


devem aprimorar-se continuamente,
agregando a si o maior número possível de
virtudes e habilidades.

 Ardor e entusiasmo. Ao comunicar-se


com as pessoas, o indivíduo atraente revela
o fogo do entusiasmo, a límpida inspiração
e a profunda convicção, com o que
consegue exercer um enorme poder de
influência e persuasão.
 Caráter. O indivíduo dotado de
magnetismo pessoal desenvolve um caráter
positivo, íntegro e verdadeiro.

Mensagens Bíblicas

A
Bíblia é um repositório precioso de
mensagens edificantes. O livro mais lido no
mundo traz, em seu bojo, verdades eternas.
Encontramos aí textos históricos, preceitos morais,
orientações para a vida. A seguir, algumas
passagens inspiradoras que acalentam nosso
espírito:

O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.


Salmos – 23:1

100
Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e
renova em mim um espírito reto. Salmos – 51:10

A minha alma espera somente em Deus; dele


vem a minha salvação. Salmos – 62:1

Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o


que há em mim bendiga o seu santo nome. Salmos –
103:1

Louvai ao SENHOR, porque ele é bom, porque


a sua misericórdia dura para sempre. Salmos – 106:1

Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos


vivam em união. Salmos – 133:1

Confia no SENHOR de todo o teu coração, e


não te estribes no teu próprio entendimento.
Provérbios – 3:5

O coração do homem planeja o seu caminho,


mas o SENHOR lhe dirige os passos. Provérbios –
16:9

Não há nada melhor para o homem do que


comer e beber, e fazer com que sua alma goze do
bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da
mão de Deus. Eclesiastes – 2:24

Tudo tem o seu tempo determinado, e há


tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Eclesiastes – 3:1

Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos


quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou
pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso
corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais

101
do que o mantimento, e o corpo mais do que o
vestuário? Mateus – 6:25

Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua


justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas. Mateus – 6:33

Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã,


porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.
Mateus – 6:34

E Jesus disse: Se tu podes crer, tudo é


possível ao que crê. Marcos-9:23

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas


as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas,
mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. 1 –
Coríntios – 6:12

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e


o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. 1 –
Coríntios – 13:13

Que, quanto ao trato passado, vos despojeis


do velho homem, que se corrompe pelas
concupiscências do engano; Efésios – 4:22

E vos revistais do novo homem, que segundo


Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.
Efésios – 4:24

Antes sede, uns para com os outros, benignos,


misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros,
como também Deus vos perdoou em Cristo. Efésios –
4:32

102
Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e
levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.
Efésios – 5:14

Assim também vós, cada um em particular,


ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a
mulher reverencie o marido. Efésios – 5:33

Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no


Senhor, porque isto é justo. Efésios – 6:1

E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos


filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do
Senhor. Efésios – 6:4

Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é


verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é
de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum
louvor, nisso pensai. Filipenses – 4:8

Posso todas as coisas em Cristo que me


fortalece. Filipenses – 4:13

Porque há um só Deus, e um só Mediador


entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem. 1
Timóteo – 2:5

Se alguém falar, fale segundo as palavras de


Deus; se alguém administrar, administre segundo o
poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja
glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a
glória e poder para todo o sempre. Amém. 1 Pedro –
4:11

Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos


uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é
perfeito o seu amor. 1 João – 4:12
103
Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em
nós, pois que nos deu do seu Espírito. 1 João – 4:13

A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja


com vós todos. Amém. Filipenses – 4:23

Motivações humanas

M
otivação é uma espécie de energia psicológica, um
impulso, uma tensão que coloca o organismo
humano em movimento, originando um determinado
comportamento. É a integração de forças internas
que movem o ser humano em direção a determinado
objetivo, culminando com a satisfação de uma
necessidade específica. Enfim, é o conjunto de
motivos que conduzem o indivíduo à ação.

A partir dessas definições, é-nos possível


compreender o poder das motivações. Uma pessoa
motivada é capaz de “mover montanhas”. Nesse
contexto, podemos ainda agregar outros termos:
ânimo, estímulo, entusiasmo, otimismo,

104
perseverança, objetivos, metas, resultados,
satisfação. Isso quer dizer que, além do dinamismo,
é preciso que existam metas bem definidas e que
necessidades sejam atendidas.

O psicólogo americano Abraham Maslow criou


a Teoria da Motivação. Segundo esta, as
necessidades humanas estão organizadas e
sobrepostas em níveis, em obediência a uma
hierarquia. Podemos imaginar as necessidades
humanas em uma pirâmide: na base, as primitivas,
no topo, as evoluídas.

Assim, no primeiro nível encontramos as


necessidades fisiológicas, primárias, de natureza
instintiva. Por exemplo: oxigênio, alimento, abrigo,
repouso, sexo. São necessidades que devem ser
satisfeitas permanente e prioritariamente, para
assegurar a própria sobrevivência.

No segundo plano, estão as necessidades de


segurança e proteção frente a perigos, a incertezas,
a doenças. Essas ameaças motivam o homem a
procurar meios apropriados de defesa.

O terceiro nível apresenta as necessidades


sociais, que surgem no contexto das motivações
humanas no momento em que as necessidades dos
níveis anteriores já se encontram relativamente
satisfeitas. Elas compreendem a participação em
uma família, em um grupo, em uma comunidade,
pois o homem é, por natureza, um ente gregário.
Nesse sentido, devemos enfatizar que as
necessidades de amar e ser amado são as mais
fantásticas forças motivadoras do comportamento
humano.

105
O quarto nível apresenta as necessidades
relacionadas à autoconfiança, à auto-avaliação, ao
amor-próprio, à aprovação social. O indivíduo
precisa sentir-se único, especial, respeitado e
prestigiado; necessita perceber-se pleno de
autonomia, independência, liberdade, dignidade.

O quinto e último nível apresenta as


necessidades de auto-realização. O homem que
atingiu esse nível de necessidades, e consegue
satisfazê-las a contento, sente-se motivado a
vivenciar sentimentos positivos, procura sentir-se
desafiado, aprimora a faculdade de perceber a
beleza do mundo a sua volta. Também realiza todos
os esforços para desenvolver capacidades e talentos.
No mesmo sentido, sente-se fortemente motivado a
tornar-se mais do que aparenta ser, a vir a ser tudo o
que pode ser, a concretizar suas potencialidades.
Nesse nível, o indivíduo precisa realizar-se, isto é,
tornar-se real, transformar-se naquilo para o que foi
criado.

De maneira geral, podemos observar que o


homem pratica ações e toma atitudes, motivado por
interesses alicerçados em ideais e valores práticos.
Age de certa forma porque isto lhe proporciona
utilidade, porque lhe satisfaz aspirações de ordem
moral, estética, mística, artística, literária, social,
esportiva, profissional. As motivações humanas
conscientes são flexíveis e mutáveis, moldando-se
continuamente às necessidades experimentadas nas
diversas fases da vida. As pessoas são dotadas de
necessidades complexas e diferenciadas, que
orientam e dinamizam seu comportamento, em cada
fase da existência.

106
O agora eterno

U
m tema sempre acalentado com devoção pelos
orientais refere-se ao momento presente, o agora
eterno. Efetivamente, eles conferem extrema
importância à arte de saber viver bem cada
momento, de dedicar a máxima atenção à vida que
flui eternamente, de minuto a minuto. Os ocidentais,
por sua vez, vão se conscientizando, também, da
importância de se viver intensamente cada
momento.

As lembranças do passado podem ser úteis e


positivas quando nos ofertam experiências de vida,
conforme a idade e o dinamismo de cada um. De
resto, recordações psicológicas, ressentimentos,
mágoas pretéritas, só nos causam melancolia e
insatisfação.

As preocupações em relação ao futuro são, de


todo, um verdadeiro absurdo. Esse estado de ânimo
causa aflição e insegurança. Denota falta de fé. Não
vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã
trará os seus cuidados, é o que se lê em Mateus,
6:34. Sem dúvida, é importante realizar um
planejamento para os tempos vindouros, determinar
objetivos e metas a serem desenvolvidos e
cumpridos. Mas isso não significa preocupação.

A vida no presente é plenamente estruturada


e desfrutada na realidade do momento. O agora

107
eterno deve ser intensamente vivido, sem pressa,
preocupações, ansiedades, medos infundados,
tensões de toda ordem. E livre de mágoas,
ressentimentos, lembranças dolorosas do passado.

O dia de hoje deve ser vivido como se fosse o


último. Todas as nossas ações devem ser realizadas
com amor, dedicação, entusiasmo, atenção plena.
Cada gesto, aperto de mão, abraço, beijo, palavra
proferida, palavra ouvida, ação praticada, tudo
possui um significado próprio, de imenso valor. Por
isso, todas as ações, em todos os momentos, devem
ser vividas com intensidade, prazer, emoção e
prudência. Devemos saborear a comida, a bebida,
um toque afável, com máximo prazer. Precisamos
apreciar nossa música favorita com enlevo e
sensibilidade; e os cantos dos pássaros também. A
natureza oferta-nos tantas belezas que podem nos
deixar extasiados: um pôr-do-sol, uma cachoeira,
uma floresta, um jardim florido.

Para concluir, um poema de autor


desconhecido:

Ontem é apenas um Sonho


E Amanhã somente uma Visão:
Mas o Hoje bem vivido faz de
Todo Ontem um Sonho de Felicidade,
E de todo Amanhã uma Visão de Esperança.
Portanto, olhe bem para este dia.

108
O clamor dos filhos

N
ossos filhos são o maior tesouro que nos foi
confiado. Assim, nossa responsabilidade em relação
a eles é imensa, em todos os sentidos. O grande
problema, porém, ocorre no campo dos
relacionamentos: falta de diálogo, de empatia, de
maior dedicação. Ou, por outro lado, a existência de
superproteção.

Ao manusear, certo dia, dois livros, “Manual


de Técnicas de Dinâmica de Grupo de Sensibilização
de Ludopedagogia” (Celso Antunes, Editora Vozes),
e “Sabedoria Universal” (Paulo Lotufo, Editora
Brasipal Ltda.), coincidentemente, em ambos,
deparei-me com um texto de autoria de Almir

109
Ribeiro Guimarães, que revela verdadeiro clamor
dos filhos aos pais. Assim, vamos ouvi-los:

1. Fiquem ao nosso lado, não acima de nós.


Dêem-nos a sensação de que não estamos
sozinhos no mundo e que podemos sempre
contar com vocês no momento da
necessidade.

2. Façam-nos sentir que somos amados e


desejados. Nós queremos amar vocês, não
por dever, mas porque vocês nos amam.

3. Eduquem-nos com afetuosa firmeza.


Ensinando-nos com paciência, vocês
obterão melhores resultados do que com
castigos e sermões. Digam NÃO quando
vocês julgarem necessário, mas expliquem-
nos suas razões e não se limitem a no-las
impor.

4. Eduquem-nos de modo que não tenhamos


sempre necessidade de vocês. Ajudem-nos
a tomarmos sobre nós as responsabilidades
e a nos tornarmos independentes de vocês.
Aprenderemos melhor e mais rapidamente
se vocês permitirem que discutamos suas
idéias e seus conceitos.

5. Não se escandalizem quando fizermos


alguma coisa que não esteja bem. Será
necessário bastante tempo antes de
aprendermos a nos adaptar à vida no
devido modo.

6. Procurem ser coerentes. Se vocês mesmos


não sabem com certeza o que querem de

110
nós, como poderemos nós evitar a confusão
com relação ao que devemos fazer?

7. Não nos coloquem em grau de


inferioridade. Nós já temos dúvidas mais do
que suficientes a respeito de nós mesmos
sem necessidade de que vocês as venham
confirmar. Predizendo para nós um fracasso
seguro, vocês não estão contribuindo em
nada para o nosso sucesso.

8. Digam MUITO BEM quando fizermos


alguma coisa de bom. Não economizem
louvores quando os merecermos: é o
sistema mais eficaz para nos incentivar a
fazer melhor.

9. Sejam respeitosos em relação aos nossos


desejos, mesmo quando vocês não
estiverem de acordo com eles. O nosso
respeito para com vocês terá uma origem
espontânea no respeito de vocês para
conosco.

10. Respondam diretamente às nossas


perguntas, mas não nos dêem informações
além das que pedimos ou superiores à
nossa compreensão. Quando vocês não
souberem alguma coisa, admitam-no com
simplicidade.

11. Procurem mostrarem-se interessados por


aquilo que fazemos. Mesmo que as nossas
atividades possam parecer-lhes pouco
interessantes e pouco importantes, por
favor, não as minimizem diante de nós com
indiferença.

111
12. Tratem-nos como se fôssemos normais,
mesmo que o nosso comportamento possa
parecer-lhes estranho. Todos os filhos de
Deus têm os seus problemas. Isto não
significa, porém, que cada filho de Deus é
um problema.

13. Às vezes acontece passarmos por sérias


dificuldades. Nesses casos, procurem para
nós a ajuda de um especialista. Nem
sempre os adolescentes podem
compreender-se a si mesmos e saber aquilo
que desejam. É por isso que existem
profissionais conscientes, que ajudam os
inseguros a buscar adaptação pessoal e a
escolher a profissão.

14. Ensinem-nos com exemplos. Aquilo que tu


és fala muito mais forte do que a tua
palavra.

15. Tratem cada um de nós como pessoas que


têm seus direitos. As crianças são
indivíduos, não cópias exatas dos adultos.
Tratem a todos nós, que fomos confiados a
vocês, com justiça, como se cada um
tivesse para com vocês o mesmo valor.
Desse modo, aprenderemos a respeitar os
direitos dos outros e a tratar a todos com
eqüidade.

16. Não nos obriguem a permanecer


adolescentes por muito tempo. Logo que
nos sentimos capazes de fazer alguma
coisa, desejamos dar a prova. Não nos

112
tratem com um amor que nos paralise,
procurando proteger-nos exageradamente.

17. Temos necessidade de diversões e de


companhia. Ajudem-nos a dividir os nossos
sentimentos alegres com grupos de amigos.
Dêem-nos o tempo de freqüentá-los e,
quando vierem à nossa casa, acolham-nos
com benevolência.

18. Façam com que nos sintamos em nossa


casa e que ela nos pertence. Pelo menos
somos tão importantes quanto os móveis.
Não protejam os objetos à nossa custa,
dando-nos a sensação de sermos como
elefantes numa loja de porcelana.

19. Não se riam de nós quando usarmos a


palavra AMOR. A necessidade de amar e
ser amado começa muito cedo (para não
terminar nunca mais). Tornando-nos
românticos, não fazemos mais que
transformar em suave música o eterno
desejo de pertencermos a alguém e de
termos alguém que nos pertença.

20. Tratem-nos como sócios mais jovens de


uma empresa. A democracia tem início em
casa.

O milagre de uma nova vida

113
S
er pai é maravilhoso. E ser pai novamente aos
63 anos de idade, é algo simplesmente
arrebatador. Minha terceira filha, Giovana,
irmã de Susana e Adriana, nasceu a 22 de setembro
de 2003, às vésperas da primavera, e com ela vieram
flores, perfumes e muita alegria. Uma menina muito
bonita, forte, dona de um rostinho rosado e
rechonchudo. Uma gracinha. Durante nove meses no
ventre da mãe Ester, foi gerada com muito amor,
carinho e zelo. Agora, uma nova e maravilhosa etapa
tem início, plena de motivação. Sem dúvida,
acompanhada de noites mal dormidas, cuidados,
preocupações. Mas tudo plenamente recompensado
pelas alegrias, expectativas, surpresas, amor e
carinho em abundância.

A experiência da paternidade pressupõe


responsabilidade por toda a vida. Gerar um ser
humano, criá-lo, contribuir para a formação de seu
caráter, indicar-lhe o melhor caminho em cada
oportunidade, proporcionar-lhe condições para se
tornar uma pessoa independente e responsável por
si própria, é algo extraordinário, que exige muita
atenção, dedicação, e, principalmente, muito amor.

Os cuidados com a saúde e alimentação são os


primeiros a ocupar os pais. Em pouco, surgem
cogitações em relação ao desenvolvimento
emocional, psicológico e intelectual. Desde cedo, a
criança deve adquirir consciência de sua posição no
mundo, seus direitos e deveres, suas opções e
limites. Precisa receber muito amor e carinho, mas
também uma formação sólida embasada em
princípios sadios, em um código de valores
coerentes com a realidade.

114
Em pouco tempo, chega a época de ingressar
em uma creche, onde a criança encontrará uma nova
ordem disciplinar, quando terá oportunidade de
relacionar-se com outras crianças e de sujeitar-se a
pessoas estranhas ao seu lar. Uma experiência
fantástica, onde podem surgir conflitos, mas,
também, muitas alegrias. Em seguida, vem o tempo
da educação formal, uma experiência fascinante,
que deve ser estimulada pelos pais. O gosto pelos
estudos é algo a ser considerado desde o início, pois
vai repercutir pelo resto da vida.

Giovana está em seus primeiros dias de vida,


recebendo muita atenção, amor e carinho. Sua
formação está em curso, sua auto-estima, em pleno
desenvolvimento. Ao receber atenção, afagos,
alimentação adequada na hora certa e condições
para um sono reparador, ela obtém saúde e bem-
estar a nível físico, psicológico e emocional.

A cada fase de seu desenvolvimento, Giovana


receberá parâmetros de comportamento, onde
aprenderá que surgem consequências, favoráveis ou
desfavoráveis, de acordo com suas atitudes. Obterá
estímulos para agir corretamente e para abster-se
de condutas inconvenientes, sempre de forma
afetuosa e positiva. Ela deverá compreender, desde
jovem, suas responsabilidades em relação a si
mesma, às demais pessoas, à natureza toda.

Antes de tudo, pais e filhos devem ser


verdadeiros amigos e companheiros, em ambiente
que oportunize revelação de apreensões, dúvidas,
anseios e alegrias. Assim, em clima de amor,
confiança, compreensão e companheirismo, a
organização familiar dispõe de condições favoráveis
para se desenvolver e cumprir seu desígnio de

115
formar cidadãos dignos, responsáveis, capazes de
desempenhar o papel que lhes compete no concerto
geral da sociedade.

116
O pensamento vivo de
Marco Aurélio

M
arco Aurélio, o grande imperador romano, nasceu
em 121 e morreu em março de 180. Verdadeiro
filósofo, além de administrar o grande Império
Romano, dedicava-se a registrar seus pensamentos,
com o que temos de sua lavra 85 cartas, 3 discursos
e 23 ditos, reproduzidos por seus contemporâneos e
posteriores. No entanto, “Meditações” é a obra do
insigne imperador em que descobrimos seu modo de
viver, pensar, agir; enfim, de ser.

A filosofia de Marco Aurélio é algo vivo,


eternamente presente no tempo e no espaço. Ele
aconselhava a todos a pensar, a agir e a viver de
acordo com princípios que acreditava serem justos e
conformes à natureza do Universo. Em meio a
centenas de mensagens, vamos dedicar nossa
atenção a algumas delas:

 Deves agora finalmente perceber de que


universo és parte e que emanas do
ordenador deste universo e que te foi
fixado um limite de tempo; se não o
dedicares a teu esclarecimento, ele
passará e tu passarás e nunca mais haverá
outra oportunidade. - Significa que não
devemos desperdiçar o precioso tempo de
nossa vida, que é limitada, mas nos
ocuparmos com nosso aprimoramento
pessoal, a todo o momento.
117
 Pensa firmemente a cada instante em
fazer o que estiver em tuas mãos com uma
seriedade total e sincera, com sentimento,
independência e justiça; e trata de livrar-
te de quaisquer outras preocupações. -
Significa viver cada dia como se fosse o
último, dedicando inteira atenção à obra
que está sendo executada, de maneira
justa, sincera, independente, com
sentimento, sem preocupações.

 Se concentras teus esforços no presente,


seguindo a reta razão seriamente,
vigorosamente, calmamente, sem permitir
que nada mais te distraia e mantendo
puro teu Gênio interior; se te aplicares a
isso, nada esperando, nada temendo e
satisfeito com tua atividade presente
conforme a natureza e com uma verdade
heróica em cada palavra e manifestação,
viverás feliz. E ninguém será capaz de
impedir isso. – Novamente, Marco Aurélio
preconiza viver plenamente o presente.
Em um estado de espírito tranquilo, sem
nada esperar, nada temer, e sentindo-se
plenamente satisfeito com a atividade
exercida, desde que conforme a própria
natureza, a felicidade é possível.

 Procura-se recolhimento no campo, à


beira-mar, nas montanhas; tu mesmo
desejas tais coisas intensamente. Isso,
porém, é a marca do homem comum, pois
está em teu poder, quando quer que
desejes, recolher-te a ti mesmo. Pois em
parte alguma se encontra um

118
recolhimento mais sereno, mais livre de
perturbações, que em sua própria alma,
principalmente quando se tem dentro de
si pensamentos tais que basta segui-los
para atingir a serenidade perfeita; e
afirmo que serenidade é nada mais que a
boa ordem do espírito. – Realmente,
podemos observar em nossa sociedade o
arraigado costume da busca das praias,
das montanhas, dos campos, para se obter
serenidade de espírito e descanso para o
corpo. No entanto, como diz Marco
Aurélio, isso não é garantia de serenidade,
pois ela depende do estado mental, da boa
ordem do espírito.

 Examina os princípios dos homens sábios,


que gênero de coisas eles evitam e que
gênero eles procuram. - Perfeitamente
compreensível o aforismo, no sentido de
que devemos nos espelhar nos bons
exemplos das pessoas experientes e
sábias, para sermos bem-sucedidos em
nossas ações.

 Tua vida poderá transcorrer sempre


agradável se puderes seguir o caminho
certo e pensar e agir de conformidade
com o caminho. Essas duas coisas são
comuns à alma de Deus, à do homem e à
de todos os seres racionais: não ser
obstada por outros, fazendo consistir o
bem na disposição para a justiça e em
praticá-la, e limitar seus desejos a isso. –
Assim, em primeiro lugar, devemos
descobrir o “caminho certo”; em seguida,
jamais nos afastar desse caminho.

119
 É vergonhoso que, quando teu corpo ainda
não renunciou à vida, tua alma renuncie
antes. Renunciar à vida significa viver sem
ânimo, sem entusiasmo, sem motivação,
seja qual for a idade. E isso é algo
realmente vergonhoso.

 Não hajas como se fosses viver dez mil


anos. A morte paira sobre ti. Enquanto
vives, enquanto podes, sê bom. – E tantas
pessoas vivem constantemente ocupadas e
preocupadas com inutilidades,
superfluidades e coisas desse gênero...

 Percorre sempre o caminho mais curto; o


caminho mais curto é mais natural. Assim,
fala e age em tudo da maneira mais sã.
Um tal propósito livra o homem da
inquietação, das lutas, dos artifícios e da
ostentação. - Sábias palavras, onde o
imperador-filósofo evidencia a necessidade
de fugir dos artifícios e da vã ostentação.

 Não te aborreças, não desanimes, nem


desistas se não fores bem sucedido em
tudo de acordo com os princípios corretos;
mas quando falhares, recomeça e dá-te
por satisfeito se a maior parte do que
fazes é condizente com a condição de
homem, e ama aquilo a que voltas. - É o
estilo da persistência dos vencedores, que
sabem estar no caminho certo.

 Pensa na totalidade da substância, da qual


participas com uma porção pequeníssima;
e na totalidade do tempo, da qual um

120
intervalo curto e indivisível te foi
reservado, e no destino, no qual
desempenhas um papel tão pequeno. -
Neste momento de reflexão, devemos nos
dar conta da pequenez do nosso ser,
comparada com a grandiosidade do
Universo. Precisamos perceber a
inutilidade do nosso orgulho, e nos
contentarmos com a parcela que nos foi
destinada neste ínfimo espaço de tempo
que é a nossa vida.

 Adapta-te às coisas às quais tua sorte está


ligada; ama os homens aos quais a sorte te
associou, mas sinceramente. - É preciso
compreender nossa missão nesta vida,
conformando-se ao nosso destino; ao
mesmo tempo, devemos amar nossos
semelhantes aos quais a sorte nos ligou.

 Quem ama a fama faz sua felicidade


depender dos outros; quem ama o prazer,
de suas próprias sensações; quem é
inteligente, de seus próprios atos. - O
insigne filósofo nos orienta a alicerçar
nossa felicidade em nossos próprios atos e
não nos de outras pessoas. Da mesma
forma, não devemos esperar a felicidade
do mundo dos prazeres.

 Afasta de ti as idéias extravagantes


repetindo frequentemente para ti mesmo:
Agora está em mim evitar que haja nesta
alma a mínima maldade, nem desejo de
qualquer agitação, de um modo geral. Vejo
as coisas como elas são e as aproveito de
acordo com seu valor. – É preciso

121
discernir tudo no contexto da realidade, e
aproveitar todas as coisas de acordo com
seu valor.

 Receber sem soberba, perder com


desprendimento. – É preciso acalentar a
modéstia e a gratidão, em tudo e por tudo
quanto nos é oferecido neste mundo. Ao
mesmo tempo, quando sofremos alguma
perda, devemos viver a experiência com
abnegação.

 Se estás aflito por causa de algum fato


exterior, não é este que te perturba, mas o
teu julgamento sobre ele. Mas depende de
ti extinguir este julgamento num instante.
- Não é o que nos acontece que nos aflige
propriamente, mas sim a interpretação
que elaboramos a respeito.

 Os homens existem uns para os outros;


logo, ou instrui-os ou suporta-os. - Sábias
palavras que nos exortam a contribuir
para o aperfeiçoamento das pessoas ao
nosso redor. Se isto não for possível, cabe-
nos apenas suportá-las.

 Hoje saí de todas as dificuldades; ou


melhor, expulsei todas as dificuldades,
pois elas não estavam no exterior, mas no
interior, em minhas opiniões. – As nossas
preocupações são, quase sempre, produto
da nossa imaginação.

 Primeiro, nada fazer sem reflexão, sem um


propósito. Segundo, não relaciones teus
atos senão com algo que tenha uma

122
finalidade social. - Devemos agir sempre
com ponderação e justiça dirigindo nossas
intenções ao bem comum.

A filosofia de Marco Aurélio deve ser


apreciada constantemente, dia-a-dia, pois a
experiência dos sábios e bem-sucedidos precisa ser
considerada sempre, pois isso nos auxilia em nossa
vida.

123
O poder da fé

Q
ual o significado da palavra fé? Entre tantas
acepções, adotamos esta: Fé é a convicção
inabalável, a firme certeza em algo considerado
verdadeiro, real, absoluto.

A Bíblia está repleta de passagens que tratam


da fé:

Confia no SENHOR de todo o teu coração, e


não te estribes no teu próprio entendimento.
Provérbios – 3:5.

A minha alma espera somente em Deus; dele


vem a minha salvação. Salmos – 62:1.

E Jesus disse: Se tu podes crer, tudo é


possível ao que crê. Marcos-9:23.

Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus. -


Marcos-11:22.

Por isso, vos digo que tudo quanto em oração


pedirdes, crede que recebestes, e assim será
convosco. - Marcos-11:24.

Muitos mestres tratam do poder da fé. Entre


eles, Lauro Trevisan. Em seu livro Os Poderes de
Jesus Cristo, ele afirma: Com certeza, pode-se dizer
que a descoberta mais impressionante que Jesus
transmitiu à humanidade foi a lei todo-poderosa da
fé. Por sua vez, Norman Vincent Peale, em O Poder
do Pensamento Positivo, diz: Tenho certeza de que a
fé pode realmente operar “milagres”, os quais, na
verdade, verificam-se em função de leis
124
espiritualmente científicas. Huberto Rohden, autor
de mais de 50 obras sobre religião, ciência e
filosofia, afirma: A fé é o caminho para todas as
grandezas. A falta de fé é caminho aberto para todas
as falências.

A fé torna possível o que parece impossível. A


fé remove obstáculos que se afiguram
intransponíveis. A fé outorga serenidade, segurança,
estabilidade. A fé produz sucesso e felicidade.

É possível ter fé em um Ente Supremo (Deus,


Mente Infinita, Poder Superior), em pessoas, em
projetos, em ideais, em si mesmo (autoconfiança). A
fé é uma poderosa energia que dirige as ações
humanas. A viagem à Lua não teria sido possível
caso os cientistas não tivessem fé absoluta nas leis
que regem o Universo, por eles assimiladas e
colocadas em prática. Tudo o que aparenta ser um
grande milagre, na realidade é o resultado da
aplicação correta das leis universais. As grandes
descobertas, ao longo dos séculos, nasceram do
pensamento e da imaginação de pessoas que
possuíam imensa fé em Deus e em sua própria
capacidade. Assim, elas legaram à Humanidade
inventos fantásticos (aviação, telefone, televisão,
entre tantos outros), e avanços marcantes na
medicina, na física, na química, na biologia. E tudo
isso visando o progresso, o bem-estar, a felicidade do
mundo todo.

Cada pessoa possui, dentro de si mesma, esse


Poder Infinito, o Poder da Fé, que “remove
montanhas”, ou seja, que pode modificar a realidade
física, resultando em saúde, em bem-estar, em
prosperidade, em felicidade. É preciso, assim,
reconhecer a existência desse poder e colocá-lo em

125
prática, em ações concretas, em benefício próprio e
de toda a Humanidade.

O poder da mente subconsciente

O s seres humanos são dotados de duas

mentes: a consciente e a subconsciente, com funções


e atividades específicas. À primeira cabe o
raciocínio lógico, a observação, a atenção, a análise,
a força de vontade, a liberdade de decidir, entre
outras funções. A mente consciente também se
relaciona diretamente com as impressões recebidas
dos cinco sentidos. Por sua vez, a mente
subconsciente é a base dos instintos, dos impulsos e
das necessidades primordiais. O instinto de vida
trabalha sempre, sem parar, para manter todas as
126
funções vitais do corpo. Assim, não é preciso
“pensar” para respirar, para assimilar os alimentos,
para manter a circulação sanguínea. Isto é tarefa da
mente subconsciente.

O subconsciente, além de sustentar a vida, é


também um arquivo de todas as impressões vividas,
a partir da concepção. Aí estão registradas as
experiências existenciais, remotas e recentes. Este
arquivo vivo influi poderosamente sobre o
comportamento humano. Assim, o modo como nos
sentimos, nos comportamos e nos relacionamos
depende, em maior parte, do conteúdo das vivências
registradas no subconsciente. Por isso, hábitos e
comportamentos vêm à tona, mesmo contra a
vontade da mente consciente.

Na mente subconsciente situa-se um “piloto


automático” que faz com que inúmeras atividades
tornam-se “automáticas”, condicionadas, facilitando
a vida. Por exemplo: executar determinadas
operações na direção de automóvel, cumprimentar
com um sorriso, dançar, desenvolver movimentos
básicos em algum esporte. Através do subconsciente
são formados os hábitos, que podem ser saudáveis
ou não: comer e dormir em horários determinados,
ou, então, fumar a toda hora, ingerir bebidas
alcoólicas com frequência.

Contudo, a mente subconsciente pode ser


programada e reprogramada, sob o comando da
mente consciente. É preciso constatar a necessidade
de livrar-se de certos hábitos, que serão substituídos
por outros, mais adequados, mais saudáveis. Assim,
é preciso, conscientemente, escolher os
pensamentos e as imagens que irão alimentar a
nossa mente. Esses pensamentos e essas imagens

127
vão se fixar no subconsciente e irão influir
decisivamente na dinâmica da vida, nas
circunstâncias, nos acontecimentos, nos estados de
espírito, na conquista da felicidade. Por isso é que
se diz: “o homem é aquilo que pensa”.

Na realidade, o subconsciente aceita do


consciente uma programação vasta, e faz acontecer
a realidade, que pode ser positiva ou negativa.
Assim como em um computador, que recebe uma
infinidade de programas, a mente subconsciente
assimila toda sorte de comandos provenientes da
própria pessoa, dos outros, da sociedade, da
educação recebida desde a mais tenra infância. Da
mesma forma como se verifica em informática, o
subconsciente registra toda a programação em seu
disco rígido, ou seja, no cérebro, nada rejeitando,
tampouco analisando, sem poder constatar se é
benéfica, ou não. De tal sorte que podem ocorrer
panes, travamentos, conflitos, infelicidade.
Portanto, é absolutamente necessário realizar-
se, de tempos em tempos, uma profunda análise do
conteúdo impresso na mente subconsciente, e
efetuar uma varredura, uma drástica limpeza, uma
reprogramação. Mas, como as impressões são
gravadas profundamente, esse procedimento pode
levar muito tempo. É preciso perseverar. Os
resultados aparecerão, com certeza. E a vida terá
uma nova dimensão, plena de sucesso, satisfação,
alegria, felicidade.

É possível criar, conscientemente, vivências


positivas, através do pensamento e da imaginação.
Assim, pode-se enviar ao subconsciente uma clara
imagem de como se deseja a vida: com
relacionamentos humanos positivos, plena de

128
satisfação das necessidades vitais e psicológicas,
repleta de riquezas materiais e espirituais.

É preciso traçar um plano, com metas e


objetivos claros e determinados. Cada pessoa deve
descobrir sua verdadeira missão, seu real sentido de
vida, seu papel no contexto do Universo. E colocar
em prática esse plano, por etapas, no tempo certo,
sem precipitações, de forma espontânea e natural. É
evidente, os objetivos devem ser possíveis,
realizáveis, benéficos para todos. Dessa forma,
como dizem os mestres, “o Universo haverá de
conspirar no sentido da plena realização dos nossos
desejos e aspirações”.

A lei da atração é acionada em virtude


das imagens evocadas. As pessoas atraem para si o
que tiverem imaginado conscientemente e impresso
no subconsciente. Como um ímã, as pessoas, dessa
forma, atraem: relacionamentos, empregos,
circunstâncias, saúde, riqueza, bens materiais,
felicidade. A vida inteira é manifestação física de
pensamentos e imagens. É possível assentar na
existência mais poder, mais riqueza, mais saúde,
mais felicidade e mais alegria, descobrindo a
maneira de entrar em contato com a mente
subconsciente, e libertar seu poder oculto.

É preciso acalentar a fé, a plena convicção de


que a vida possa ser vivida de forma positiva. Em
nosso subconsciente atua o Poder Infinito, o Reino
dos Céus, interligado a tudo e a todos. Assim, é
necessário enviar a este Poder as nossas legítimas
aspirações, em forma de oração. Com certeza, no
devido tempo, desde que os pedidos sejam conforme
os planos de Deus (faça-se a Tua vontade), as
circunstâncias transformam-se no sentido da plena

129
realização de nossos anseios, em benefício próprio e
de toda a Humanidade. Nesse sentido, a primeira
condição que Jesus estabeleceu foi a fé. Na Bíblia
pode-se ler, repetidas vezes: “conforme a tua fé,
assim te acontecerá”.

Dia após dia, em todos os sentidos, vou cada


vez melhor. Esta afirmação é a marca registrada de
Émile Coué, psicoterapeuta francês, autor do livro O
Domínio de Si Mesmo Pela Auto-Sugestão
Consciente. Ele é criador de um método de cura de
enfermidades, que se vale da sugestão do
subconsciente para alterar positivamente as
realidades físicas e psíquicas das pessoas. Coué
preceitua que se deve repetir vinte vezes a
afirmação acima, todos os dias, antes de adormecer
e ao acordar, durante a vida toda.

Cada um, de acordo com sua inspiração e


criatividade, pode fazer afirmações positivas para
sugestionar o subconsciente, modificando
construtivamente a própria vida e a de outros. Por
exemplo: Eu sou um sucesso! Eu amo a vida! Eu
tenho ótima saúde! Eu irradio vitalidade! Sou uma
pessoa jovial e simpática! Todos gostam de mim!
Sou calmo e controlado em qualquer situação! Deus
me protege! Eu controlo minhas emoções e meus
pensamentos! Eu consigo realizar meus propósitos
com o poder do subconsciente! Nada nem ninguém
pode me prejudicar! Sou um ser humano feliz!

Essas afirmações positivas vão


impressionando indelevelmente o subconsciente,
que as considera verdadeiras. Assim, ele vai fazendo
a vida acontecer de conformidade com essas
premissas, promovendo sucesso, prosperidade,
felicidade. É preciso sentir, intimamente, a

130
satisfação e a gratidão por essa realidade
modificada; é preciso considerar que tudo o que se
imaginou já é, efetivamente, uma nova realidade.
Isso é fé; e a fé opera milagres. Realiza-se, dessa
forma, uma nova programação mental (um exercício
permanente), em que se deve pensar coisas
positivas, afirmar coisas positivas, imaginar coisas
positivas, a respeito de si mesmo, dos outros, do
mundo todo.

O poder da palavra

A
palavra é o dom mais precioso de que dispõem os
seres humanos. E este dom pode operar milagres.
Ou então provocar verdadeiro caos. A palavra pode
estar vinculada à verdade, à sabedoria, ao amor. Ou

131
estar a serviço do mal, de intenções obscuras, do
ódio.

A História revela-nos exemplos fantásticos,


num e noutro sentido. Vamos eleger apenas dois. De
uma parte, o grande mestre Jesus. Realmente, ele
detinha o dom da palavra. Possuía o poder de
influenciar multidões em prol da amizade, do bem-
querer, do amor, da justiça. O Sermão da Montanha,
de sua autoria, é um exemplo marcante. Bem-
aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque eles serão fartos. Bem-aventurados os
mansos, porque eles herdarão a terra. Mas, bem-
aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os
vossos ouvidos, porque ouvem. Suas palavras, com
certeza, devem ter soado alto e forte, em bom tom. E
causaram, certamente, profunda impressão em
todas as pessoas que ali se encontravam.

Jesus era um excelente comunicador, em todas


as circunstâncias. Lembro a passagem do Novo
Testamento (Lucas, 10:25-28) em que ele dialoga
com um doutor da lei. Este, em certo momento,
indaga: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Jesus questiona sobre o que está escrito no livro da
lei a esse respeito. Seu interlocutor responde:
Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e
de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de
todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti
mesmo. Ao que conclui Jesus: Respondeste bem;
faze isso, e viverás.

Agora, vamos nos deter um pouco em outro


personagem da História, século XX. Seu nome,
Adolf Hitler. Seu destino, todos o conhecem. Este
ditador também possuía o dom da palavra. E sabia
usá-la com grande poder e eficácia. Conseguiu

132
persuadir todo o povo alemão, em tese, a ingressar
em uma grande guerra, com o objetivo de anexar
países vizinhos, de conquistar o mundo todo, se
possível. Aniquilou milhões de pessoas, em nome do
ódio e do preconceito racial.

No decurso da História, podemos encontrar


ainda múltiplos exemplos de personagens que
desenvolverem o poder da palavra, escrita ou falada.
E muitos nos deixaram o precioso legado de seus
livros.

Bem, e nós, simples mortais? Possuímos


também o poder da palavra? Somos capazes de
cativar as pessoas? Temos o dom de persuadir
positivamente os outros? Em princípio, todos
possuem essas capacidades. Porém, em muitos
casos, é preciso efetuar o rompimento de barreiras e
bloqueios que impedem o natural fluxo de idéias e
palavras. E isso é possível através de treinamentos,
exercícios e cursos especializados.

133
O poder das fábulas

F
ábula é uma pequena narrativa, uma ficção
alegórica, em que se sugere uma verdade, um
preceito moral, com intervenção de pessoas,
animais e até entidades inanimadas. La Fontaine, o
mais conhecido fabulista do Ocidente, esclareceu
que fábula é uma narrativa na qual, sob o véu da
ficção, vai envolta a moralidade, e cujas
personagens são, ordinariamente, os animais.

Podemos encontrar nas fábulas, além de


seres humanos e animais, rios, montanhas, florestas,
oceanos, inclusive, objetos inanimados. Ou seja, tudo
quanto a inspiração do narrador possa revestir de
simbolismo, com o objetivo de enfatizar um
ordenamento moral.

As fábulas surgiram há muitos séculos,


provavelmente em virtude da necessidade de se
incutir nas pessoas uma série de preceitos morais. A
verdade é que as pessoas não assimilam facilmente
os ordenamentos morais de forma racional; assim, é
preciso desenvolver uma estória plena de emoção
para alcançar o objetivo.

Entre os fabulistas mais conhecidos e


consagrados, podemos citar Esopo, La Fontaine,
Pilpary, Fedro, Lessing, Samaniego, Iriarte, Florian,

134
Kriloff, Ramakrishna e Fonseca Jordão. Entretanto,
muitas fábulas também são encontradas nas
tradições russa, portuguesa, inglesa e francesa.

A título de ilustração, vamos relembrar


algumas dessas magníficas narrativas, começando
com A barriga e os membros, de Esopo:

Nos tempos antigos, quando todos os órgãos


do homem não trabalhavam juntos de forma
amistosa com que trabalham hoje, tendo cada qual
sua vontade e fazendo o que bem lhe parecia, os
membros começaram a se aborrecer com a barriga
porque ela passava o tempo em ociosa satisfação,
enquanto todos os demais trabalhavam para
sustentá-la, atendendo às suas necessidades e
prazeres. Assim, resolveram conspirar a fim de
cortar as provisões que lhe entregavam para o
futuro.
As mãos já não deviam levar a comida à boca
e a boca não devia aceitar alimento, nem os dentes
mastigá-los. Não havia muito que tinham posto em
prática essa idéia de fazer a barriga passar fome
com a intenção de dominá-la, quando todos
começaram, um por um, a se sentirem frouxos e
fracos, espalhando-se essa fraqueza mortal por todo
o corpo.
Então os membros se convenceram de que
também a barriga, volumosa e inútil como parecia
ser, tinha uma importante função. Viram que não
podiam passar sem ela, como ela própria não podia
passar sem eles, e, que se quisessem ter o corpo em
estado saudável, deveriam trabalhar juntos, cada
qual em sua esfera particular, para o bem comum de
todos.

135
Moral da estória: Sozinhos, nada somos e
nada valemos.

A seguir, uma fábula de Samaniego, A macaca


e a noz verde:

Certa macaca, muito alegre e ágil, viu nozes


numa velha nogueira e pelos galhos subiu mais que
depressa. Apanhou uma das nozes, mas quando quis
meter-lhe o dente, verificou que a fruta ainda estava
verde e apresentava um sabor muito amargo.
Desanimada, atirou fora a noz, e ali ficou, em
jejum, supondo que nada mais encontraria para seu
almoço.

Moral da estória: Assim acontece aos que se


acovardam logo às primeiras dificuldades que a vida
lhes apresenta.

E, para rematar, uma de Iriarte: A rã e a


galinha:

Certa vez uma rã, que passava a vida a coaxar


em altos brados à beira da lagoa onde morava, ouviu
o cacarejar de uma galinha que andava ali pelas
margens.

- Como és desagradável! – gritou-lhe a rã. –


Por que fazes tamanha gritaria?

- Porque pus um ovo – respondeu a galinha.

- E, por teres posto um ovo, precisas fazer


esse alvoroço todo?

- Fica sabendo que preciso – cacarejou a


galinha, indignada. – Eu estou contando ao mundo o

136
que fiz. E tu, que nada fazes, por que estás
eternamente a coaxar?

Moral da estória: Perdoa-se algum barulho a


quem produziu algum trabalho, mas quem nada
produz deve, pelo menos, produzir silêncio.

137
O significado da vida

A
principal força motivadora de todo o ser humano é a
busca do significado de sua vida. O homem sempre
procurou dar um sentido à sua existência. A
frustração dessa necessidade gera o vazio
existencial e a crise de identidade.

Em minha própria experiência de vida, ocupei-


me apaixonadamente com essa questão nos idos de
1983, quando vivenciei um vazio existencial e a
concomitante crise de identidade. Na época, para
compreender o que se passava comigo e com o
objetivo de encontrar uma solução às inusitadas
sensações de vazio e perplexidade, fui à procura de
valiosos livros. Posteriormente, escrevi um livro, O
Despertar para o Amor. Esta obra ocupa-se da crise
existencial, da busca de sentido, da felicidade, do
amor, da descoberta de si mesmo, e de outros temas
ligados à realização pessoal.

Nesse livro, no capítulo intitulado Nossa


verdadeira missão, abordo a questão da busca do
sentido, e faço algumas indagações: Qual minha
verdadeira missão, aqui e agora, neste mundo e
nesta vida? Será que viver se resume em nascer,
crescer, estudar, trabalhar, amar, divertir-se,
amadurecer, envelhecer, e por fim, morrer? Afinal,
qual é o sentido da vida? E adiante afirmo que
uma importante missão está reservada a cada um de
nós, no concerto geral do progresso da humanidade.
Devemos descobri-la.

138
Por coincidência, no ano de 1984, o médico
psiquiatra e neurologista austríaco, Viktor Emil
Frankl, esteve em Porto Alegre, na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, como conferencista.
Esse eminente médico fundou a Terceira Escola
Vienense de Psicoterapia, a Logoterapia, que
trabalha fundamentalmente com a questão do
sentido da vida. É importante salientar que Viktor
Frankl conheceu pessoalmente Sigmund Freud, o
fundador da Psicanálise, a Primeira Escola Vienense
de Psicoterapia, que defende o Princípio do Prazer, e
Alfred Adler, o fundador da Segunda Escola, voltada
à Psicologia Individual e ao Princípio do Poder.
Frankl foi discípulo, colaborador e admirador desses
dois mestres da psicoterapia, mas deles distanciou-
se radicalmente e fundou sua própria escola.

Viktor Emil Frankl nasceu a 26 de março de


1905, e faleceu, aos 92 anos, a 2 de setembro de
1997. Ele, como outros milhões de judeus, foi
encarcerado em vários campos de concentração,
entre eles, o famigerado Auschwitzs, no período de
1942 a 1945. Sofreu os horrores que todos sofreram
nos campos de concentração; porém, com uma
enorme diferença: ele ingressou nessas prisões
firmemente determinado a conservar a integridade
de sua alma, a não permitir que seu espírito fosse
abalado pelos carrascos de seu corpo. Com isso,
pode preservar sua vida, apesar de sempre “andar
por um fio”. Essa terrível experiência ele relata em
seu livro “Em Busca de Sentido – Um Psicólogo no
Campo de Concentração”. Segundo Frankl, o sentido
da vida era o segredo da força de alguns
prisioneiros, enquanto outros, privados de uma
razão maior para suportar o sofrimento exterior,
experimentavam o sentimento de uma vida fútil, sem
propósito, sem esperança.

139
Esse eminente escritor, psiquiatra humanista,
revela que existem dois tipos de pessoas: as que
dizem sim à vida, a despeito de suas vicissitudes, e
as que dizem não à vida, apesar das coisas boas que
lhe sucedem. Como é fácil constatar, as que dizem
sim geralmente se sentem felizes e satisfeitas; por
sua vez, as que dizem não, quase sempre se sentem
alienadas, vazias e frustradas. No entanto, essas
pessoas negativas podem mudar sua atitude, e
tomar consciência de que a vida tem sentido em
quaisquer circunstâncias, e de que todos são
dotados de capacidade de encontrar esse sentido em
suas vidas.

A logoterapia de Frankl proporciona o


reerguimento das dificuldades, das enfermidades,
dos vícios, da tristeza, do vazio e dos golpes do
destino, desde que as pessoas possam ver sentido
em suas existências. Esse método de psicoterapia
afirma que somos todos indivíduos únicos que
atravessam a vida numa série de situações únicas, e
que cada momento oferece um sentido para ser
descoberto e preenchido, ou seja, uma oportunidade
para agir de forma significativa.

Frankl afirma que o sentido da vida consiste


em realizar valores. Para tanto, é necessário
conhecê-los. Cada indivíduo possui sua própria
escala de valores. Para uns, o que mais importa é
possuir pessoas, poder, “status”, bens materiais.
Para outros, o que mais importa é ser e não ter. Para
eles, a realização pessoal consiste em descobrir o
verdadeiro sentido em suas vidas, em adotar uma
série de valores coerentes com sua realidade pessoal
e com a realidade do mundo em que vivem. Na

140
verdade, somente esses últimos é que têm
possibilidade de serem felizes.

O sentido da vida pode ser encontrado naquilo


que fazemos (atividades profissionais), naquilo que
vivemos (experiências de vida de toda ordem), e nas
atitudes que tomamos perante as circunstâncias da
vida, mormente as mais dolorosas, pois, na verdade,
o problema não é o que acontece, mas como
respondemos ao que acontece.

Cada ser humano não apenas existe, mas pode


exercer poderosa influência sobre sua existência.
Todos podem decidir, com liberdade e
responsabilidade, não somente que espécie de
indivíduos são, mas o que podem vir a ser. Enfim,
não devemos indagar: “O que pode a vida fazer por
mim”? Mas sim: “O que posso eu realizar para ser
plenamente útil à humanidade”? Descobrindo o
verdadeiro propósito da vida, podemos ser felizes,
hoje e sempre.

141
Os sete talentos
fundamentais

U
m notável pesquisador de Harvard, Dr. Howard
Gardner, aprofundou-se em estudos sobre a mente
humana, identificou sete áreas de inteligência e
descobriu que todos os indivíduos possuem, pelo
menos, uma delas. Concluiu que cada pessoa pode
desenvolver uma dessas áreas de forma mais
intensa, e, com isso, conquistar uma vida mais feliz e
produtiva.

Essas categorias de inteligência


compreendem os seguintes talentos fundamentais:
interpessoal, corporal, verbal, espiritual, musical,
visual e espacial, e, finalmente, o lógico. Vamos, de
forma sucinta, apreciar cada um desses talentos.

Talento interpessoal. As pessoas dotadas


deste talento possuem invulgar capacidade de se
relacionar e de se comunicar bem com os outros.
Elas têm o dom de descobrir nas pessoas o seu
humor, as motivações, as emoções, as intenções, os
desejos, a própria personalidade. Elas irradiam um
magnetismo tal que atraem a todos, de forma
poderosa. São especialistas em atividades que
envolvem aconselhamento, venda, treinamento,
coordenação, avaliação, recrutamento, supervisão,
liderança, persuasão, publicidade.

142
As profissões típicas dessa área são, entre
outras, as de relações humanas, assistente social,
psicólogo, negociador, diplomata, vendedor.

Talento corporal. Os indivíduos com talento


nesta área são peritos no desempenho de atividades
que utilizam o corpo, em especial. São hábeis no
que tange a movimentos corporais e coordenação
física. Sentem-se muito à vontade organizando ou
coordenando tarefas ligadas a esportes, espetáculos,
produção artesanal, trabalhos ao ar livre.
Profissões características: professor de
educação física, atleta, treinador, médico,
fisioterapeuta, massagista, dançarino, ator, modelo,
mecânico, carpinteiro, fazendeiro, guarda florestal.

Talento verbal. A palavra é a ferramenta


principal das pessoas dotadas com este talento. Sua
principal capacidade é a de negociar, entreter,
educar, registrar idéias e criações. Tais indivíduos
sentem-se felizes e realizados quando podem
exercer atividades relacionadas a escrever, ensinar,
proferir palestras, coordenar debates, revisar e
digitar textos, realizar reportagens, editar e falar
línguas estrangeiras.
As profissões ligadas a essa área são as de
advogado, escritor, secretário, professor de línguas,
locutor, tradutor, editor, bibliotecário, entre outras
assemelhadas.

Talento espiritual. O dom característico das


pessoas dotadas com esse talento é o de perceber as
profundezas da alma, a sua própria e a dos outros.
São habilidosas no campo espiritual e filosófico.
Caracterizam-se por serem introspectivas e sensíveis
aos sentimentos dos que a rodeiam. A realização
pessoal dessas pessoas acontece quando elas podem

143
ofertar conselhos, ajudar os outros, resolver
problemas, meditar, pesquisar, trabalhar a sós.
As profissões típicas estão ligadas ao
ministério religioso, psicologia, filosofia,
psicoterapia, assistência social.

Talento musical. Tudo que envolve música,


canto, melodia, ritmo e audição, faz parte do mundo
das pessoas dotadas com este admirável talento.
Elas possuem um ouvido afinadíssimo, são capazes
de manter o compasso, cantar e/ou tocar
instrumentos musicais e também de escutar música
de forma criativa. Além disso, possuem o dom de
compor, fazer arranjos musicais, dirigir orquestras,
transcrever melodias, realizar crítica musical.
As principais profissões dessa área incluem as
seguintes categorias: maestro, professor de música,
compositor, integrante de conjuntos musicais,
músico terapeuta, regente de grupos de canto coral,
inventor ou fabricante de instrumentos musicais.

Talento visual e espacial. A transformação


de idéias em imagens e o planejamento do espaço
tridimensional são as habilidades fundamentais das
pessoas com este talento. Sua realização pessoal
encontra-se em atividades ligadas à criação,
invenção, navegação, mapeamento, fotografia,
cinema, artes visuais, pintura, escultura,
arquitetura.
Profissões típicas: arquiteto, piloto,
navegador, escultor, pintor, decorador de ambientes,
artista gráfico, fotógrafo, cinegrafista, diretor de
cinema, professor de arte.

Talento lógico. Números, hipóteses,


conceitos, abstrações, pesquisas são os elementos
preferidos de pessoas dotadas com este talento. Para

144
sentirem-se felizes e realizadas, elas devem engajar-
se em cálculos, raciocínios, estatísticas, pesquisas,
computação, orçamentos e teorias econômicas, por
exemplo.
As profissões características são as seguintes:
economista, contador, auditor financeiro, estatístico,
analista e programador de informática, matemático,
cientista, professor de ciências.

Cada pessoa pode enquadrar-se em uma ou


em mais de uma dessas áreas. Ou, então, pode
migrar de uma a outra, no decorrer da vida. O
importante é descobrir perfeitamente as atividades
mais coerentes com seus talentos inatos,
desenvolver constantemente esses talentos, e dar de
si o melhor para o progresso da humanidade.
Somente desta forma o ser humano pode alcançar o
sucesso e a felicidade.

Os setenta e sete
pecados capitais

S
etenta e sete pecados capitais? Não seriam apenas
sete: preguiça, ira, gula, avareza, inveja, orgulho e

145
luxúria? Bem, esses são os oficiais, catalogados nos
tempos medievais e interpretados pelas autoridades
eclesiásticas.

A questão pode ser tema de acalorados


debates. Por isso, a “priori”, devemos buscar uma
acepção para o termo “pecado”. O Dicionário
Michaelis define-o como “transgressão de lei ou
preceito religioso”, “transgressão de qualquer
preceito ou regra”. Por outro lado, descobrimos
que, em Latim, “pecare” significa errar o alvo,
perder o rumo, desorientar-se. Enfim, basicamente a
mesma coisa.

Dessa forma, podemos entender que “pecar”


significa não obedecer a uma norma prescrita e em
pleno vigor. Significa “errar o alvo”. Ou, então,
segundo nosso entendimento, significa agredir, de
qualquer forma, a nossa própria pessoa, as outras,
aos demais seres vivos, à natureza, ao Universo.
Assim, todo ato que cause dano é um ato
pecaminoso, nocivo, figure ou não no rol dos
pecados oficiais. Por via de consequência, o número
de pecados possíveis pode ser bem mais que sete,
que setenta, talvez até mais que setenta vezes sete.

Até mesmo uma virtude pode tornar-se um


pecado. Por exemplo, a perfeição, ao transformar-se
em perfeccionismo. A referida virtude, em si, é
louvável. Entretanto, quando levada ao extremo,
torna-se uma mania, uma loucura. Novamente
valemo-nos do Latim: “Summum jus, summa injuria”.
Ou, em língua pátria: “Máxima justiça, máxima
injustiça”.

Assim, todos os exageros podem ser


considerados pecados. Por exemplo: a pessoa que

146
dedica grande parte do seu tempo à prática de
esportes, esforçando-se em demasia, deixando de
atender outros compromissos importantes. Nesse
caso, além de pecar contra sua própria saúde, pelo
esforço exagerado, está errando por dedicar pouco
tempo e atenção a outros setores, como família e
trabalho. Dessa forma, ao atender-se uma
necessidade, de forma exagerada, deixa-se de suprir
outras necessidades.

Ao considerarmos apenas os sete pecados


capitais, é-nos possível extrair valiosas conclusões.
Alimentar-se é algo absolutamente necessário,
condição indispensável para a manutenção da vida.
Também um prazer consagrado. Ao tornar-se um
hábito exagerado, nocivo à saúde, transforma-se em
gula, em pecado.

No mesmo sentido, a preguiça. Descansar


por período razoável, praticar a consagrada sesta
após o almoço, dormir além da hora habitual num
domingo ou feriado, é tudo muito salutar. No
entanto, deixar de fazer o que deve ser feito, deixar
de satisfazer as responsabilidades, isto é
transgressão das regras sociais, portanto, pecado.

A emoção denominada raiva, ira ou


indignação, é algo normal quando ocorre diante de
uma agressão ou injustiça. Ao transformar-se em
cólera injustificada, agressividade excessiva, rancor
e ressentimento, a ira torna-se pecado, pois, neste
caso, está “fora de rumo”.

Avareza significa apego demasiado e sórdido


ao dinheiro, desejo imoderado de adquirir e
acumular riquezas. Ao indivíduo mesquinho falta
generosidade, grandeza de espírito, visão de

147
progresso. Exercer o hábito da poupança é algo
aconselhado, é uma atitude de bom-senso, uma
virtude. Mas, perde-se o rumo quando o dinheiro é
trancado a sete chaves, deixando de circular e
proporcionar o desenvolvimento da riqueza social.

Inveja. A psicanálise a considera uma das


principais causas de todas as doenças mentais.
Sentir pesar e desgosto pelo sucesso e prosperidade
dos outros é algo desprezível e causa um grande mal
ao próprio invejoso.

Amor-próprio, auto-estima, auto-valorização


são legítimas virtudes. A dose equilibrada de
orgulho que podemos ter de nossa pessoa, de
nossos feitos, de nosso sucesso, é algo salutar. Deixa
de ser uma virtude ao transformar-se em soberba,
manifestação ridícula e arrogante de altivez. Quando
provoca competitividade exacerbada, quando resulta
em afastamento das outras pessoas, o orgulho figura
no rol dos pecados capitais.

Por fim, a luxúria. Um tema polêmico, sujeito


a controvérsias. Ao tornar-se obsessão, a
sensualidade transforma-se em lubricidade, lascívia,
luxúria. Afasta-se do rumo correto, “erra o alvo”. De
qualquer forma, é uma questão muito delicada
definir-se exatamente onde acaba a sexualidade
normal, o sexo sadio, e onde começa a luxúria. O
bom-senso, como sempre, é que vai mostrar o
caminho correto.

Ao finalizar, enfatizo: a temperança, o


comedimento, o bom-senso, a sabedoria são virtudes
que nos ajudam a determinar o rumo de nossas
vidas, a trilhar o caminho sensato, a fugir dos
“setenta e sete pecados capitais”.

148
149
Pensamentos

A
Sabedoria encontra-se em toda parte. Podemos
descobri-la apreciando as palavras dos verdadeiros
mestres de todos os tempos:

O homem mais importante é sempre o mais


próximo; a ação mais importante é sempre o amor; o
momento mais decisivo é sempre o agora. - Mestre
Eckart

A virtude da castidade não exige de nós que


nos tornemos insensíveis ao estímulo da
concupiscência, mas que o subordinemos à razão e à
lei da graça. – Pio XII

Viver não significa outra coisa que arcar com


a responsabilidade de responder adequadamente às
perguntas da vida, pelo cumprimento das tarefas
colocadas pela vida a cada indivíduo, pelo
cumprimento da exigência do momento. Essa
exigência, e com ela o sentido da existência, altera-
se de pessoa para pessoa e de um momento para o
outro. – Viktor Franckel

O ato de abrir-se ao outro é ao mesmo tempo


para mim o ato de realizar-me como pessoa. -
Jaspers

A responsabilidade não só é apanágio do ser


humano livre como também faz transparecer sua
dimensão pessoal. Eu me afirmo como pessoa na

150
medida em que assumo a responsabilidade daquilo
que faço e do que digo. – Gabriel Marcel

Ser filósofo não consiste meramente em ter


sutis pensamentos, nem no fundar uma escola, mas
em amar a sabedoria tanto quanto a própria
existência, e acomodar esta aos ditames daquela,
numa vida simples, independente, magnânima e
confiante. – Thoreau

Tenho procurado cuidadosamente não mofar,


lamentar ou execrar, e sim compreender as ações
humanas; e com este objetivo considero as paixões
não como vícios da natureza humana, mas como
propriedades a ela tão pertinentes como o calor, o
frio, a tempestade, os ventos são pertinentes à
atmosfera. – Spinoza

Quem quer manter o espírito deve se


preocupar também com o corpo, que é seu
invólucro. – Albert Einstein

O que há de melhor no homem somente


desabrocha quando se desenvolve em uma
comunidade. – Albert Eisntein

Suprimi as artes e o progresso do espírito


que, em qualquer época, nada achareis de
suficientemente notável para atrair a atenção dos
pósteros. – Voltaire

Procuremos a felicidade para os outros; mas,


quanto a nós mesmos, demandemos a perfeição –
quer nos traga felicidade, quer nos traga sofrimento.
– Emmanuel Kant

151
O tipo mais elevado de homem é o que une em
si a mais larga variedade, complexidade e plenitude
de vida. – Spencer

Esperamos demais para fazer o que precisa


ser feito, num mundo que nos dá um dia de cada
vez, sem nenhuma garantia do amanhã.
Esperamos demais para dizer as palavras que
devem ser ditas. Esperamos demais para ser
generosos, deixando que a demora diminua a alegria
de dar espontaneamente.
Esperamos demais para sermos pais de
nossos filhos pequenos, esquecendo quão curto é o
tempo em que eles são pequenos, quão depressa a
vida os faz crescer e ir embora.
Esperamos demais para dar carinho aos
nossos pais, irmãos e amigos. Quem sabe quão logo
será tarde demais?
Deus também está esperando. Esperando que
paremos de esperar. Esperando começarmos a fazer
agora tudo aquilo para o qual este dia e esta vida
nos foram dados.
Meus amigos, é hora de viver! - Henri Sôbel

Mas eu desconfio que a única pessoa livre,


realmente livre, é aquela que não tem medo do
ridículo. - Luiz Fernando Veríssimo

A vida só pode ser compreendida olhando-se


para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para
frente. - Kierkegard

A primeira lei da natureza é a tolerância, já


que temos todos erros e fraquezas. - Voltaire

152
Os poderosos podem matar uma, duas ou até
três rosas, mas jamais poderão deter a primavera. -
Che Guevara

A mente que se abre a uma nova idéia jamais


voltará ao seu tamanho original. - Einstein

A grandeza não consiste em receber honras,


mas em merecê-las. - Aristóteles

O medo da morte nos impede de viver, não de


morrer. - Paul C. Roud

Há quem passe pelo bosque e só veja lenha


para a fogueira. - Tolstoi

Não existe esquecimento total: as pegadas


impressas na alma são indestrutíveis. - Thomas De
Quincey

Não se pode ensinar alguma coisa a alguém:


pode-se apenas auxiliar a descobrir por si mesmo. -
Galileu

Tudo vale a pena se a alma não é pequena. -


Fernando Pessoa
Toma conselhos com o vinho, mas toma
decisões com a água. - Benjamin Franklin

Se seus sonhos estiverem nas nuvens, não se


preocupe, pois eles estão no lugar certo; agora
construa os alicerces. - Shakespeare

Nenhum vento sopra a favor de quem não


sabe para onde ir. - Sêneca

153
É no coração do homem que reside o princípio
e o fim de todas as coisas. - Tolstoi

A arte da vida consiste em fazer da vida


uma obra de arte. - Gandhi

Mantenha-se simples, bom, puro, sério, livre


de afetação, amigo da justiça, temente a Deus,
gentil, apaixonado, vigoroso em todas as atitudes.
Lute para viver como a Filosofia gostaria que
vivesse. Reverencia a Deus e ajude os homens. -
Marco Aurélio

A amizade é um amor que nunca morre. -


Mário Quintana

Maravilhas nunca faltaram ao mundo; o que


sempre falta é a capacidade de senti-las e de
admirá-las. - Mário Quintana

Quem não compreende um olhar, tampouco


compreenderá uma longa explicação. - Mário
Quintana

Os anos deixam rugas na pele, mas a falta de


entusiasmo deixa rugas na alma. - Michael Lynberg

154
Qualidade de vida

A
qualidade da nossa vida depende, em grande parte,
de nossos pensamentos, atitudes, hábitos,
relacionamentos. Somos o que pensamos, o que
respiramos, o que comemos, o que bebemos. Somos
nosso otimismo, ou nosso pessimismo, nosso
altruísmo, ou nosso egoísmo, nossos sucessos ou
nossos fracassos. Enfim, nossa felicidade depende
muito mais de nós mesmos do que de circunstâncias
fortuitas, de acontecimentos externos.

O propósito desta reflexão é avaliar as


possibilidades à nossa disposição, no sentido de
melhorar sempre, e cada vez mais, o nível de
qualidade da nossa vida. Gostaríamos de abranger
todas essas possibilidades, mas isto é tarefa
impossível num trabalho sucinto. Para melhor
desenvolver o assunto, vamos colocá-lo em áreas
específicas, como saúde, atividades profissionais,
administração financeira, lazer e relacionamentos.

155
Saúde. Para começar, precisamos respirar
oxigênio de excelente grau de pureza. Além disso,
devemos aprender a respirar de maneira correta,
utilizando a capacidade máxima dos pulmões. Da
mesma forma, carecemos beber água pura, da
melhor qualidade, e na quantidade adequada.

A alimentação deve ser regulada segundo


critérios científicos, com assimilação de todos os
nutrientes necessários para a perfeita saúde. E isto
na quantidade certa, sem exageros, pois os excessos,
assim como as carências, são altamente prejudiciais.

Os exercícios físicos e os esportes devem ser


praticados segundo princípios preconizados pela
medicina, de acordo com a idade, o tipo físico, as
preferências e as inclinações de cada um. Caminhar
diariamente, ao menos por trinta minutos, é algo
simples e recomendado. Ou então, andar de
bicicleta, um raro prazer. É fato sabido que a vida
sedentária conduz, fatalmente, à doença, ao
encurtamento da existência.

Os cuidados com a saúde devem ser


observados rigorosamente. Aos primeiros sintomas
de alguma anormalidade, devemos descobrir sua
causa e tomar providências imediatas. Se
necessário, consultar o médico, o dentista, ou outro
profissional de saúde competente para o caso.
Devemos evitar o hábito da automedicação, salvo em
casos muito simples e suficientemente conhecidos.

Nesta área, devemos ainda examinar a


questão do descanso e do sono. Um número mínimo
de horas noturnas, em torno de oito, é necessário
para recompor as energias, recuperar as forças,
regular a saúde vital. E mais: durante o dia, é

156
preciso dedicar algum tempo para o descanso, como
a tradicional sesta após o almoço, e os pequenos
intervalos durante as atividades. É claro, não
podemos nos esquecer das merecidas férias
periódicas, usufruídas de forma a recompor as
energias e a saúde como um todo.

Atividades profissionais. A qualidade da


nossa vida vai depender, em grande parte, de nossa
realização pessoal no campo do trabalho. Na
hipótese de nos dedicarmos a uma atividade
profissional de conformidade com nossos talentos
inatos, seremos pessoas felizes, realizadas, bem-
sucedidas. Além de experimentarmos prazer, alegria
e satisfação, poderemos também obter um retorno
financeiro satisfatório e condizente com a atividade
exercida e com as nossas reais necessidades.

Administração financeira. Ainda que a


remuneração do trabalho ou do capital seja em nível
elevado, o indivíduo pode experimentar insatisfação,
e imensos prejuízos neste campo, se não souber
administrar corretamente suas finanças, seus
investimentos. É preciso desenvolver a habilidade de
lidar com o dinheiro para não cair em sutis
armadilhas, em ciladas existentes no mundo dos
negócios. Assim, jamais devemos elevar as despesas
acima das receitas. Precisamos evitar a todo o custo
os empréstimos e créditos a juros exorbitantes.
Também devemos evitar o funesto hábito do
consumismo exagerado.

Lazer. Inúmeras são as opções de lazer,


disponíveis no mundo moderno. Espetáculos
culturais nas áreas do cinema, teatro, dança e
música, nos oferecem momentos de lazer e elevação
do espírito. Ou então, os canais especiais de

157
televisão, que disponibilizam inúmeras e
interessantes opções. No entanto, outras
alternativas existem, muito saudáveis, com certeza.
Referimo-nos a passeios junto à natureza, retiros a
lugares relaxantes, ou simples pescarias. Como lazer
também podemos considerar o cultivo de algum
hobby, leituras edificantes, atividades de recreação
em geral.

Relacionamentos. A qualidade da nossa vida


também depende da qualidade dos nossos
relacionamentos. Devemos nos aproximar e nos
relacionar com pessoas saudáveis, otimistas,
positivas, altruístas. Nossa vida pode transcorrer
como se estivéssemos no paraíso, ou, então, no
inferno, dependendo das pessoas com quem
convivemos, seja na família, no trabalho, ou no lazer.
Assim, não devemos nos conformar com
relacionamentos tóxicos. Precisamos nos afastar de
pessoas que nos trazem infelicidade.

Qualidade de vida é isso tudo e muito mais.


Mas, é preciso enfatizar que a conquista desse
predicado vai depender, em primeiro lugar, e
principalmente, da qualidade da nossa própria
pessoa, do aperfeiçoamento constante da nossa
personalidade, do nosso caráter, do nosso ser
integral.

158
Relacionamentos

T
odos os seres do Universo vivem relacionamentos de
toda ordem, com membros de sua própria espécie e
de outras, com a Natureza inteira.

Os seres humanos, como integrantes do


Universo, vivem experiências análogas. E são
inúmeros os tipos de relacionamentos praticados.
Assim, o homem relaciona-se com seus semelhantes,
com bens materiais e imateriais, com os seres da
Natureza, com a Divindade. Estes relacionamentos
podem ser harmônicos ou contraditórios,
construtivos ou destrutivos.

Nesse sentido, lanço as seguintes questões:


Como é meu relacionamento com a Natureza?
Contribuo em favor de seu desenvolvimento, ou de
sua destruição? Quantas árvores já plantei em minha
vida? Quantas já derrubei? Gosto de cultivar um belo
jardim, ou as flores nada significam para mim?
Preservo a Natureza de toda forma de poluição, ou
costumo jogar lixo nas ruas, praças, riachos e rios?

Em continuidade, abordo os relacionamentos


com os bens materiais. E elaboro indagações dessa
ordem: Como é meu relacionamento com o dinheiro?
Costumo ser poupador ou perdulário? Tenho a
capacidade de administrar bem minhas finanças, ou
sou temerário nesse setor? E quanto ao meu
automóvel, sou previdente em promover revisões

159
periódicas, ou só procuro um mecânico quando o
carro quebra na estrada? A mesma questão pode ser
feita em relação à minha casa, e a todos os bens que
são úteis e necessários à minha vida material.

No entanto, os relacionamentos interpessoais


são os mais complexos; por vezes, os mais difíceis e
conflitantes. Relacionar-se bem é uma verdadeira
arte que deve ser aprendida e aprimorada. Os
indivíduos são muito diferentes uns dos outros, de
tal forma que é preciso conhecer bem as pessoas
com quem nos relacionamos para poder
compreendê-las em profundidade, para poder
conviver em harmonia.

A verdade é que nossa felicidade depende da


qualidade dos relacionamentos que experimentamos
na vida. Assim, precisamos refletir a respeito de
toda sorte de relações, sejam elas com pessoas,
animais, objetos, a própria Natureza. E, no campo
filosófico e religioso, nossa relação com Deus.

160
Relembrando Confúcio

O
s antigos filósofos têm muito a nos ensinar.
Experimento, assim, um imenso prazer em conhecer
suas vidas e suas doutrinas. Da mesma forma,
procuro compartilhar meus estudos. Espero que o
prezado leitor também sinta o mesmo prazer. Nesta
oportunidade, debruço-me sobre a vida e princípios
do consagrado filósofo chinês, Confúcio, que viveu
entre 552 e 479 a. C..

Confúcio foi um educador, crítico social e


cientista político. Na qualidade de filósofo e
professor, dedicou-se a temas básicos da
humanidade. Ele aborda questões como governo de
países, gestão de empresas, relacionamentos
individuais e sociais, manutenção da família e auto-
aprimoramento.

O insigne filósofo, na idade de cinquenta anos,


foi nomeado governador de uma cidade, e tempos
depois, chefe de polícia. Ao aposentar-se, por volta
dos sessenta anos de idade, ao invés de entregar-se
à ociosidade, iniciou uma viagem pelo interior da
China, com duração de quatorze anos. Nessa longa
e perigosa jornada, Confúcio ensinava os jovens,
procurando difundir sua mensagem voltada à
formação do caráter e ao aprimoramento pessoal.
Sua doutrina difundiu-se por toda a China e Ásia
Oriental, e, extrapolando fronteiras, conquistou o
mundo inteiro, perdurando até os nossos dias.

161
Os provérbios de Confúcio são plenos de
sabedoria e possuem o caráter de eternidade. Por si
mesmos, são esclarecedores, compreensíveis por
inteiro, de tal forma que dispensam comentários. A
seguir, alguns desses provérbios:

 As boas pessoas aprimoram a si mesmas,


continuamente.

 As pessoas corretas fortalecem seu


caráter com atitudes que frutificam.

 As pessoas sábias desfrutam a vida.

 As boas pessoas inspiram as outras.

 As pessoas inteligentes instruem-se das


palavras e ações do passado, e assim
acumulam virtude.

 As pessoas prudentes são cuidadosas com


o que dizem.

 As pessoas dignas praticam


constantemente a virtude e aprendem a
ensinar.

 As pessoas honradas evitam o que é


impróprio.

 As pessoas corretas eliminam o rancor e a


cobiça.

 As pessoas sábias se aperfeiçoam em


todas as oportunidades e corrigem os seus
erros.
162
 As pessoas dignas vivem a vida ao máximo
e procuram conquistar seus objetivos.

 As pessoas humanitárias confortam seus


semelhantes.

 As pessoas serenas praticam a


introspecção e a meditação.

 As pessoas honradas vivem de maneira


sábia e procuram aperfeiçoar os
costumes.

 As boas pessoas sempre persistem até o


fim e quando cometem erros não hesitam
em reformar-se.

 As pessoas sábias formam associações


para a educação e a ação.

 As pessoas corretas são excepcionalmente


respeitosas em sua conduta.

Confúcio acreditava que as pessoas mais


cultas tinham a obrigação moral de ensinar outras;
dessa forma, estariam contribuindo para o
aprimoramento da sociedade por inteiro. Concordo
plenamente com o sábio filósofo. Ele também
proferiu muitas sentenças cheias de sabedoria. Vale
a pena apreciá-las:

 Não se preocupe se ninguém o


reconhecer; procure ser digno de
reconhecimento.

163
 Mesmo que meu alimento seja simples e
meu estilo de vida austero, ainda assim
encontro neles prazer. Riqueza e posição,
obtidas injustamente, são para mim como
nuvens que flutuam.

 Se as pessoas não têm fé, não sei para que


servem. Pode um veículo trafegar sem um
elo de ligação com sua fonte de potência?

 Seja respeitoso em casa, sério no


trabalho, fiel nas relações humanas.
Mesmo se for a regiões incivilizadas, essas
virtudes não devem ser abandonadas.

 Mesmo que você tenha finas habilidades,


se for arrogante e egoísta, o resto não
será digno de consideração.

 Se as pessoas não são humanitárias, qual


o sentido dos rituais? Se as pessoas não
são humanitárias, qual a utilidade da
música?

Muito mais podemos aprender do grande


filósofo. Para tanto, devemos nos aprofundar em
seus provérbios e sentenças. E depois aplicar em
nossa própria vida a substância de sua sabedoria.

164
Sócrates,
o grande filósofo grego

S
ócrates nada deixou escrito em livros, mas deixou
gravado no coração dos homens sua mensagem
humanitária, o que a faz eterna. O que sabemos de
sua vida e de sua obra é um legado de Platão e
Xenofonte, ainda que outros autores antigos também
tenham feito referências ao grande filósofo helênico.
Ele nasceu em Atenas, por volta de 470-469 a.C..
Seu pai, Sofronisco, era um escultor e decorador de
edifícios. Sua mãe, Fenareta, era uma conhecida
parteira da cidade. Sócrates nasceu em uma época
em que sua cidade natal se constituía uma potência
econômica, militar e política.

Sócrates, mesmo pertencendo a uma família


modesta, pôde, já na juventude, receber uma
educação de alto nível, própria dos jovens
atenienses pertencentes a ricas famílias. Assim,
frequentou o Liceu, uma instituição na qual os
jovens da capital promoviam seu desenvolvimento
físico e intelectual. Desde cedo, ele manteve
relações com pessoas notáveis de seu tempo, como o
próprio governador Péricles. O jovem Sócrates
revelou, já a partir de seus verdes anos, o poder de
sua inteligência, a força de seu caráter, a
magnanimidade de seu espírito.

Em pouco, fica famoso por toda a Grécia. Logo


se torna mestre do Liceu e começa a educar os
jovens efebos, pertencentes à alta aristocracia
ateniense. E jovens de toda a Grécia também

165
surgem para ouvir com avidez as sábias palavras do
eminente filósofo.

Ao tempo em que Sócrates contava com,


aproximadamente, trinta e oito anos de idade,
acontece-lhe a conhecida crise existencial, que viria
modificar profundamente todo o contexto de seus
interesses especulativos. Segundo nos conta
Diógenes Laércio, Sócrates teria ido certo dia visitar
o Templo de Apolo, em Delfos, sede de um famoso
oráculo. Na fachada desse templo podiam-se ler as
sábias palavras: “Conhece-te a ti mesmo”. Esta
máxima passaria a ser a mola propulsora de sua
reflexão filosófica.

A partir de então, o insigne filósofo dá início


àquilo que julgou ser a sua missão, ou seja, a de
purificar os espíritos, a de investigar as
consciências, a de ensinar nas praças, ruas e
banquetes. Ele mantinha contato com todos, sem
distinção de classe, idade ou profissão. E mais:
recusava pagamento pelos seus préstimos, além de
honrarias e riquezas que os poderosos lhe
ofereciam. Assim, Sócrates revelava ser uma pessoa
de hábitos simples, mas bastante austeros. Uma
curiosidade: ele andava sempre descalço.

Sócrates vivia rodeado de inúmeros ouvintes e


discípulos, entre os quais, Alcibíades, Crítias,
Cármides, o futuro historiador e seu biógrafo,
Xenofonte, além daqueles que seriam mais tarde
fundadores de escolas de filosofia socrática: Platão,
Aristipo, Antístenes, Euclides.

O método de que se valia Sócrates para


desenvolver as mentes e os espíritos denomina-se
maiêutica, fórmula que consiste em multiplicar as

166
perguntas a fim de obter, por indução dos casos
particulares e concretos, um conceito geral do
objeto em estudo. Assim, ele inquiria, questionava,
refutava e ironizava, provocando o desfazimento das
falsas opiniões, conduzindo os espíritos a alturas
onde então era possível o conhecimento da verdade.

Aos cinquenta e seis anos, Sócrates casou-se


com uma jovem ateniense de nome Xantipa, de
apenas vinte anos de idade, pertencente a uma
família aristocrática. A união proporcionou o
nascimento de três filhos: Lamprocles, Sofronisco e
Menexeno.

No ano de 406 a.C., Sócrates, então com


sessenta e quatro anos, era presidente do Tribunal
da Pritania, cujos membros se revezavam de cinco
em cinco semanas. Exatamente ao tempo de seu
comando, alguns generais deveriam ser julgados por
um crime, punível com a pena de morte, por não
terem tomado providências de recolher e conduzir
para Atenas, os corpos dos soldados tombados na
batalha de Arginusas, em virtude de uma grande
tempestade. O povo e os acusadores queriam que o
tribunal condenasse a todos os generais em uma só
e única sentença. Isso, no entanto, constituía um
fato fora da lei em Atenas, pois a legislação previa
um julgamento e uma sentença para cada acusado.
Assim, Sócrates, inflexivelmente fiel à lei, fez
realizar tantos julgamentos quantos eram os
generais acusados.

Dois anos mais tarde, contando Sócrates com


sessenta e seis anos, ocorreu o fim da supremacia
política de Atenas, que é dominada pelos espartanos.
A partir de então, Esparta torna-se a grande
potência política da Grécia.

167
Sócrates, em uma época em que Atenas
procurava livrar-se de uma grande crise material e
ideológica, ao mesmo tempo em que procurava
reforçar suas tradições, foi considerado uma figura
incômoda e indesejável. E isso porque ele era um
intelectual que rejeitava as tradições, que fazia
confrontar os jovens aos velhos, que ironizava as
crenças vigentes, que preconizava a renovação dos
fundamentos morais tradicionais. Assim, em março
de 399 a.C., aos setenta anos, o filósofo é figura
passiva de uma queixa bastante grave, depositada
nas mãos do arconte-rei: “Sócrates é culpado de
corromper a juventude e de introduzir novos deuses,
não reconhecendo os deuses da cidade”. A pena que
se pede é a de morte.

Em seguida, abre-se um processo, constitui-se


um corpo de jurados, de origem popular, formado
por quinhentas e uma pessoas, ante as quais
acusação e defesa se desdobram. Em sua defesa,
Sócrates não se apega à vida, não busca sua
absolvição. Sua maneira de portar-se perante o
tribunal, demonstrando ironia, altivez, indiferença,
suscitou o ódio e a indignação dos jurados. O
resultado não poderia ter sido outro, a pena de
morte, que Sócrates recebe impassível.

Chegada a hora final, Sócrates ingere a


cicuta, sem qualquer hesitação, junto aos amigos
que permaneciam a seu lado, a chorar
desesperadamente. Sobre esse momento dramático,
disse Platão a Fédon: “Assim morreu nosso amigo; o
homem melhor e mais sábio e mais justo de todos
quantos conhecemos”.

168
A filosofia do grande mestre baseia-se sobre a
máxima “Conhece-te a ti mesmo”. Isto significa que
o conhecimento de si próprio produz o conhecimento
das próprias faltas e carências. A seu turno, a
verdadeira sabedoria, segundo Sócrates, consiste
em admitir a própria ignorância, em eliminar as
opiniões erradas e os conceitos falhos, e assim, abrir
o espírito para conquistar o conhecimento
verdadeiro, a verdade.

Sócrates afirmava que a verdade é uma eterna


busca, não algo concebido a priori. O grande filósofo
sempre afirmou que não era um mestre a ensinar
aos que nada sabiam. Seu método, a maiêutica,
consistia em provocar o diálogo com o discípulo.
Ambos, mestre e aluno, procuravam, juntos, refutar
as falsas opiniões, e buscar a verdade. O fato é que
toda a verdade está no interior de cada pessoa, em
estado congênito, adormecida, esquecida. Assim, é
necessário fazê-la emergir por meio de uma
provocação. Ao procurar o agir correto, a sabedoria
promove a purificação da alma, seu
aperfeiçoamento.

Para finalizar, alguns pensamentos atribuídos


a Sócrates:

 Por toda parte eu vou persuadindo a todos,


jovens e velhos, a não se preocuparem
exclusivamente, nem tão ardentemente,
com o corpo e com as riquezas, como
devem preocupar-se com a alma, para que
ela seja quanto possível melhor.

 Nunca, em minha vida, tive descanso no


esforço para aprender.

169
 Eu sou cidadão do mundo.

 O que importa não é viver, mas viver bem.

 Digo que me encontro no conhecimento de


uma ciência: a do amor.

 Vale mais sofrer a injustiça do que cometê-


la.

 Achei que me convinha mais correr perigo


com o que era justo que, por medo da
morte e do cárcere, concordar com o
injusto.

 Do que há de realmente honesto e belo,


nada concedem os deuses aos homens sem
sacrifício e diligência.

170
Sucesso e Felicidade

A
s pessoas estão sempre em busca do sucesso
e da felicidade, e, muitas vezes não sabem
definir bem esses conceitos. Sucesso significa
acontecimento, aquilo que sucede. Numa acepção
mais generalizada, sucesso significa alcançar os
objetivos desejados, como, por exemplo, passar no
vestibular, ou em concurso público; no desempenho
de uma profissão, manter uma ótima performance,
conquistar bons clientes, ser bem remunerado; e
assim por diante. Mas, poderíamos definir sucesso
como um permanente processo de crescimento
pessoal, no âmbito fisiológico, emocional,
intelectual, social, espiritual e financeiro, em que se
contribui, de alguma forma, para a felicidade e o
progresso da humanidade.

171
Por sua vez, felicidade significa experimentar
o sucesso em todos os setores da vida, nas relações
afetivas, no casamento, na profissão; significa
manter ótima saúde, sentir-se equilibrado mental e
espiritualmente; enfim, vivenciar uma sensação de
bem-estar e serenidade, ainda que de forma não
permanente.

Para ampliar a compreensão a respeito do


tema, é preciso debruçar-se sobre dezenas de livros
e refletir ante as experiências da própria vida. Mas,
aqui e agora, de forma sucinta, podemos cogitar
sobre as considerações a seguir:

 Cada indivíduo é o único responsável


por sua vida. Somente ele pode
alcançar o sucesso e a felicidade.

 Os padrões de sucesso e felicidade


devem ser buscados no íntimo de cada
um, embasados em valores individuais,
e não moldados por ditames da
sociedade.

 O sucesso não ocorre sempre com o


mesmo índice de qualidade. Erros e
fracassos são inevitáveis. É preciso
aprender com eles.

 As descobertas nascem do erro; não


existem criações sem prévias
experiências mal-sucedidas.

 Sorte significa discernimento e


trabalho. Ela surge quando a
oportunidade encontra a habilidade e a
competência.

172
 Nossas habilidades devem adequar-se
ao máximo diante das necessidades
gerais.

 É preciso definir objetivos e determinar


metas que se desejam alcançar.

 As metas não devem ser cristalizadas.


Ao contrário, precisam ser modificadas
sempre que necessário.

 Os objetivos propostos devem ser


conduzidos com imparcialidade, de tal
sorte a não se perder de vista todas as
áreas da vida. Desta forma, não se deve
canalizar toda a energia pessoal aos
negócios e dar pouca atenção ao
casamento, à família, aos amigos, ao
lazer, ao descanso, às férias. Todas
essas áreas são importantes no
contexto geral da existência.

 Um programa permanente de
desenvolvimento pessoal é requisito
fundamental para conquistar o sucesso
e a felicidade.

 Não podemos manter controle sobre


circunstâncias e pessoas. Somente
podemos controlar a nós mesmos. Por
isso, muitas vezes precisamos ajustar
nossos planos de acordo com a
realidade que nos cerca.

 A verdadeira segurança é a habilidade


em se executar determinado ofício. O
173
mundo recebe de braços abertos todas
as pessoas que dominam perfeitamente
seus talentos.

 A pessoa autoconfiante não sente


necessidade de competir ou de provar
alguma coisa para si ou para os outros.

 As pessoas que atingiram um grau mais


elevado de sabedoria são capazes de
suportar um nível mais alto de conflitos,
ambiguidades, ansiedades, problemas
de toda ordem. E isso porque se sentem
seguras de suas habilidades e
capacidades de improvisar
serenamente diante de situações
desconhecidas.

 A felicidade é um estado de espírito.


Por isso, o ser humano não depende de
circunstâncias exteriores para alcançar
o júbilo.

 O estado de espírito chamado felicidade


compreende, entre outros, cinco
questões fundamentais:

- Ser: satisfazer as necessidades


primordiais, manter boa saúde, amar
e ser amado, refletir e meditar sobre
a vida;

- Pertencer: compartilhar, cooperar,


viver em harmonia com os demais,
pois o homem é um ser gregário;

174
- Significar: sentir-se importante, útil,
necessário para o progresso do
mundo;

- Dar: contribuir para a felicidade dos


outros, consoante os talentos
individuais.

- Crescer: aprimorar-se
constantemente, de forma
intelectual, física, material,
emocional e espiritual.

 O sucesso é, em grande parte, uma


questão de adaptação do indivíduo ao
ambiente da vida, em constante
transformação, mediante um espírito de
equilíbrio e harmonia.

 Para alcançar o sucesso devemos dar


três passos: a) ter um desejo abrasador;
b) transformar este desejo em um
propósito bem definido; c) AGIR
adequadamente para atingir este
propósito.

 A vida resulta limitada em virtude de


nossas próprias atitudes. É como dirigir
um automóvel com o freio de mão
puxado. Ele representa medo,
ansiedade, indecisão, baixa auto-
estima, reduzida confiança em si
mesmo. É preciso soltar o freio para
que as coisas aconteçam.

175
Todo mundo é seu mestre

A
176
escola da vida nos mostra que os acontecimentos
trazem em seu bojo algum ensinamento, e que todos
são mestres, uns dos outros. Assim, cada evento, de
maior ou menor importância, positivo ou negativo,
encerra uma lição que deve ser apreendida e
compreendida.

Por isso, é preciso prestar a devida atenção a


todo episódio, pois, com ele pode vir orientação
segura, uma mensagem valiosa. Assim, as
experiências de cada dia podem conter lições
importantes, uma rara oportunidade de crescimento
pessoal.

Por outro lado, é certo que as lições mais


significativas que a vida nos proporciona vêm
através das pessoas, principalmente daquelas que
nos são mais próximas – pais, avós, filhos, irmãos,
cônjuges, amigos e colegas. São lições de elevado
valor, cheias de amor, paciência, sacrifício,
generosidade, perdão, compreensão.

Podemos observar que os ensinamentos que


nos calam mais profundamente são exatamente
aqueles em que estão presentes pessoas e situações
críticas. Por exemplo, um padrasto que não aceita os
modos desleixados, os hábitos deselegantes, as
posturas erradas da enteada. Os dois parecem andar
sempre aos encontrões, não se suportando
mutuamente. No entanto, são desafios importantes,
lições de cunho elevado. Um está sendo mestre do
outro, na difícil arte de viver. Assim, ambos devem
ficar agradecidos às situações em que se defrontam,
e um ao outro, ao invés de restarem irritados ou
frustrados.

177
É preciso, assim, para que seja possível
aprender com as situações e pessoas, uma grande
dose de paciência, atenção, tolerância, sabedoria. É
necessário desenvolver a arte da compreensão
verdadeira, para poder extrair de todas as
experiências, inclusive as mais críticas e difíceis, os
valiosos ensinamentos nelas contidas.

Triunfo sobre o medo e as preocupações

O
s seres humanos estão sempre buscando segurança,
em todos os segmentos da vida. Segurança em
relação às finanças, à saúde, aos relacionamentos
afetivos, à própria vida. No entanto, a maior certeza
que se pode ter é a de que a insegurança é a
realidade mais absoluta nesse mundo.

Dessa forma, todos andam preocupados,


cultivando medos de toda ordem. Apreensões quanto
ao futuro, a um provável desemprego, à ruptura de
um relacionamento afetivo, ao surgimento de
alguma doença fatal. A desesperança instala-se no
espírito humano, gerando uma sensação de
ansiedade constante.

Como, então, podemos triunfar sobre os


medos e as preocupações? A seguir, algumas
considerações que podem ajudar nesse sentido:

 Cultivar a serenidade. É preciso


manter um espírito sereno em todas as
circunstâncias da vida. A aflição e a
ansiedade devem ser afastadas para

178
permitir lucidez e objetividade em
nossa mente.

 Desenvolver a confiança e a fé. O


acréscimo de confiança em nós
mesmos, em nossa capacidade de
vencer os desafios, é uma medida
adequada. Mas isso não é suficiente. É
preciso também alimentar a fé em uma
Realidade Superior. Assim será possível
obter a inspiração judiciosa para
resolver as questões que se
apresentam.

 Agir com objetividade. Precisamos


raciocinar de forma límpida e objetiva.
Dessa forma, poderemos analisar as
causas e os efeitos, e trilhar caminhos
que levem a planos lógicos e bem
estruturados.

 Afastar os pensamentos negativos.


Apesar de tudo, devemos cultivar o
otimismo. Não devemos permitir que
coisas insignificantes perturbem a paz
de espírito. Ao contrário, devemos
ocupar a mente com assuntos de real
valor.

 Empregar a lei das probabilidades.


Indagar a si mesmo: “Quais as reais
possibilidades que isso venha a
acontecer”? E, caso realmente
acontecer, agir de acordo com a
situação.

179
 Conformar-se com a realidade. Um
provérbio antigo aconselha: “O que não
tem remédio, remediado está”. Nesse
sentido, quando algo se encontra além
de nossa vontade ou capacidade, de
modo que não possa ser modificado ou
corrigido, é preciso conformar-se com a
situação.

 Ocupar-se no tempo certo. A pré-


ocupação é a ocupação antecipada,
quando nada pode ser realizado. E
muitas vezes, preocupamo-nos com
fatos que, talvez, nem cheguem a
ocorrer. Por isso, devemos prever as
realidades futuras, tomar as medidas
necessárias e agir no tempo adequado.

 Saber diferenciar entre “interesse”


e “preocupação”. Interessar-se
significa procurar compreender a
questão, sob todos os ângulos, e agir de
forma eficaz, tomando, em tempo hábil,
as medidas necessárias para resolvê-la.
Por sua vez, preocupar-se significa
ocupar-se antes do tempo, perturbar-se,
afligir-se, dar voltas em círculos, e,
afinal, nada resolver, pois uma mente
desgastada nada pode fazer de
concreto.

 Compartilhar dúvidas e apreensões.


Consultar pessoas experientes, ou,
apenas, falar a respeito de assuntos que
nos causam ansiedade são alternativas
aconselhadas. Outras pessoas, não
envolvidas emocionalmente, podem

180
auxiliar, de forma eficaz, em questões
que nós próprios não conseguimos
solucionar. Por sua vez, falar a pessoas
de nossa confiança, sobre questões
aflitivas, por si só, pode aliviar nossa
ansiedade, clarear nosso espírito;
assim, as soluções podem surgir
espontaneamente.

 Controlar a imaginação. A maior


parte dos medos e preocupações é fruto
da imaginação. Assim, devemos pensar
com objetividade, não nos permitindo
influenciar com idéias pessimistas. Não
podemos, de forma alguma, adotar
medos, crenças e superstições dos
outros. Nossos próprios medos devem
ser compreendidos e dominados. Por
sua vez, as fobias precisam ser tratadas
com a ajuda de profissionais
competentes.

 Manter um espírito filosófico. A


verdadeira compreensão sobre certos
acontecimentos, aparentemente
terríveis e catastróficos, ajuda-nos a
suportá-los sem aflição. Devemos
compreender que tudo passa, que os
efeitos dos problemas tendem a
desaparecer logo. Na realidade, as
pessoas não são tanto atingidas pelo
que acontece, mas pelo modo como
reagem ao que acontece. E isso pode
ser controlado.

181
Uma personalidade atraente

A
personalidade do ser humano é formada pela soma
total das características e sinais particulares únicos
e próprios de cada um, e que fazem a distinção, em
confronto com os demais.

O conjunto de características individuais é


formado a partir do tom da voz, dos traços do rosto,
da cor e da forma dos cabelos, do tipo físico, da
vitalidade do corpo, mente e espírito, da maneira de
caminhar, da forma de gesticular, do estilo de vestir-
se, dos valores adotados, dos pensamentos
revelados, do caráter demonstrado através de
atitudes, palavras e ações. Enfim, um universo de
características únicas e inconfundíveis.

É necessário organizar cada uma dessas


características, de forma a proporcionarem
expressão à nossa personalidade, a fim de que se
torne atraente. Ou seja, é preciso lapidar a pedra
bruta, tornando-a o que realmente ela é - um
verdadeiro diamante.

É importante enfatizar que devemos manter


sempre a melhor das aparências, um sorriso nos
lábios, uma aura alegre e contagiante. No entanto, a
par da aparência exterior, é absolutamente
necessário desenvolver, interiormente, um caráter
íntegro e verdadeiro, isento de cobiça, de inveja, de
ódio, de avareza e de egoísmo.

182
Uma maneira verdadeiramente positiva e
eficaz de tornar nossa personalidade atraente é
demonstrar um sincero e profundo interesse pelas
pessoas, e por aquilo que elas fazem. Todos gostam
de serem alvos de um sorriso, de um abraço, de um
elogio sincero, de um incentivo. Principalmente, de
atenção.

Para criar uma personalidade atraente, é


preciso:

1. Aprimorar o caráter, preenchendo-o com


valores positivos.
2. Formar o hábito de interessar-se pelas
pessoas, descobrindo suas qualidades,
referindo-se a elas com elogios sinceros.
3. Saudar as pessoas com um aperto de mão
caloroso.
4. Desenvolver a habilidade de falar com
firmeza e convicção, em todas as ocasiões,
públicas ou particulares.
5. Vestir-se de conformidade com o tipo
físico, a ocasião, o clima.
6. Desenvolver o hábito de falar de forma
positiva, abandonando o pessimismo, as
críticas, as frivolidades; tratar de assuntos
interessantes, com conhecimento de
causa.
7. Manter ótima saúde, mediante uma
alimentação nutritiva, exercícios
apropriados e regulares, descanso no
tempo certo, férias e lazer cotidiano.

183
A personalidade atraente e o magnetismo
pessoal são conquistas diárias e permanentes. É
preciso, para tanto, manter uma constante
disposição.

184
Zona de conforto

D
urante a vida, as pessoas, geralmente, costumam
acomodar-se, refugiar-se em sua “zona de conforto”.
Habituam-se a certas rotinas, conformam-se a
determinados modos de vida, nos âmbitos familiar,
social e profissional.

No entanto, a vida é essencialmente dinâmica.


Assim, é preciso adaptar-se continuamente às
mudanças que ocorrem, sob pena de estagnação e
marginalização.

As mudanças são desconfortáveis, trazem


insegurança e ansiedade. Mas são necessárias. É
preciso preparar-se continuamente para os novos
desafios que se apresentam todos os dias. Tudo é
impermanente. A insegurança é a regra. Não
podemos contar com a estabilidade nas relações
sociais, profissionais ou comerciais. A todo o
momento, surgem novidades. É preciso acompanhar
o progresso inevitável que ocorre a uma velocidade
cada vez maior.

O que fazer em tal contexto? Em primeiro


lugar, acompanhar de perto o constante
desenvolvimento, em todos os setores da vida;
manter-se bem informado a respeito de tudo que
seja relevante para a qualidade da vida, para o bem-
estar, para o progresso material e espiritual de si
próprio, da família e da comunidade.

185
Em segundo, manter ativo o processo
permanente de desenvolvimento pessoal, a nível
psicológico, espiritual e profissional. Mas isso requer
motivação, força de vontade, desprendimento. A
motivação ocorre naturalmente quando se vislumbra
a satisfação de uma necessidade real e atual,
quando se destaca um benefício concreto. Mas,
muitas vezes, não ocorre a consciência de uma real
e atual necessidade. Ou, então, não se vislumbra a
satisfação concreta de uma necessidade consciente.
Ou, em outra hipótese, não se acredita na
possibilidade de se verificar um efetivo benefício em
razão de determinada atitude.

Sair da concha, abandonar a zona de conforto,


é providência absolutamente necessária para a
manutenção de uma vida digna, plena de qualidade,
de satisfação, de conforto. Afigura-se paradoxal sair
da zona de conforto para conquistar maior conforto.
Mas, é exatamente isso que acontece: a estagnação
conduz ao desconforto, a uma vida marginal, sem
sentido.

Para alcançar a plena realização, em todos os


sentidos, o ser humano precisa estar sempre em
movimento, em ação. Necessita descobrir novidades,
participar da vida em comunidade, da política local e
nacional. Precisa agregar valor, a si e aos outros, e
contribuir, de alguma forma, para o progresso da
humanidade.

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O autor

RAMIRO SÁPIRAS nasceu em Ijuí -


RS, a 14 de julho de 1940. Reside, desde a
adolescência, em São Leopoldo - RS. É casado com
Ester, e pai de três filhas: Susana, Adriana e
Giovana. Advogado, escritor e ministrante de cursos
de desenvolvimento pessoal. Dedica-se regularmente
à prática do tênis. Tem como hobbies a fotografia e a
música, ao órgão eletrônico. É fundador e primeiro
presidente do Centro Literário de São Leopoldo.
Autor de O Despertar para o Amor, Encontros ao
Entardecer, A Magia das Palavras e O Peregrino.
Participou das antologias: Letras do Vale, Luzes
Literárias, Vozes de Hoje, Almas que Falam e
Universo das Letras.

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