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Janice Gonçalves - Pierre Nora e o Tempo Presente - Entre A Memória e o Patrimônio Cultural PDF
Janice Gonçalves - Pierre Nora e o Tempo Presente - Entre A Memória e o Patrimônio Cultural PDF
Janice Gonçalves*
Abstract: This article aims to highlight the contribution of the historian Pierre Nora to the
cultural heritage field, especially through the notion of “sites of memory”. For this purpose,
there are considered Nora’s texts included in Les lieux de mémoire, edited between 1984
and 1992, and the articles published during and after that work, in which there are seen
changes of the author’s perspectives, revisions and answers to criticisms.
Os lugares de memória são, antes de tudo, restos. [...] São os rituais de uma sociedade
sem ritual; sacralizações passageiras numa sociedade que dessacraliza; fidelidades
particulares de uma sociedade que aplaina os particularismos; diferenciações efetivas
numa sociedade que nivela por princíopio; sinais de reconhecimento e de pertencimento
de grupo numa sociedade que só tende a reconhecer indivíduos iguais e idênticos.
(NORA, 1993: 12-13).
não mais os determinantes, mas seus efeitos; não mais as ações memorizadas nem
mesmo comemoradas, mas o traço dessas ações e o jogo dessas comemorações; não
os acontecimentos por eles mesmos, mas sua construção no tempo, o apagamento
e o ressurgimento de seus significados; não o passado tal como se passou, mas seus
reempregos permanentes, seus usos e desusos, sua pregnância sobre os presentes
sucessivos; não a tradição, mas a maneira como se constituiu e foi transmitida. Logo,
nem ressurreição, nem reconstrução, nem mesmo representação; uma rememoração.
Memória: não a lembrança, mas a economia geral e a administração do passado no
presente. Uma história da França, portanto, mas de segundo grau.” (NORA, 1997, v.2:
2229-2230 – grifos meus)
desceu do céu das catedrais e dos castelos para refugiar-se nos costumes olvidados e
em antigas maneiras de fazer, no bom vinho, nas canções e nos dialetos locais; saiu dos
museus nacionais para invadir os espaços verdes ou afirmar-se nas edras das velhas
ruas. (NORA, 2008: 183)
Havia antes uma história nacional e memórias particulares; hoje há uma memória
nacional, cuja unidade é feita de uma reivindicação patrimonial dividida, em permanente
multiplicação e busca de coesão. (NORA, 2008: 193)
Referências
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RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas, SP: Editora da UNICAMP,
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