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Filosofia e Teologia William Craig PDF
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Filosofia e Teologia William Craig PDF
William Lane Craig: "Sem Deus, não é possível explicar a existência de valores e
deveres morais objetivos" (Divulgação)
"Se você acha que a religião é um conto de fadas, não acredite. Mas se o cristianismo é
a verdade — como penso que é — temos que acreditar nele independente das
consequências. É o que as pessoas racionais fazem, elas acreditam na verdade. A via
contrária é o pragmatismo. 'Isso Funciona? Não importa se é verdade, quero saber se
funciona'"
Em artigo publicado no jornal inglês The Guardian, Dawkins afirma que Craig faz
apologia ao genocídio, por defender passagens da Bíblia que justificam a morte de
homens, mulheres e crianças por meio de ordens divinas. "Vocês apertariam a mão de
um homem que escreve esse tipo de coisa? Vocês compartilhariam o mesmo palco que
ele? Eu não, eu me recuso", escreveu. Na entrevista abaixo, Craig fala sobre o assunto.
Autor de diversos livros — entre eles Em Guarda – Defenda a fé cristã com razão e
precisão (Ed. Vida Nova), lançado no fim de 2011 no Brasil, — Craig é doutor em
filosofia pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e em teologia pela
Universidade de Munique, Alemanha. O filósofo esteve no Brasil para o 8º Congresso
de Teologia da Editora Vida Nova, em Águas de Lindóia, entre 13 e 16 de março.
Durante o simpósio, Craig deu palestras e dedicou a última apresentação a atacar, ponto
a ponto, os argumentos de Richard Dawkins sobre a inexistência de Deus.
Perfil
Nome: William Lane Craig
Profissão: Filósofo, teólogo e professor universitário na Universidade de Biola,
Califórnia
Nascimento: 23 de agosto de 1949
Livros destacados: Apologética Contemporânea – A veracidade da Fé Cristã; Em
Guarda, Defenda a fé cristã com razão e precisão; ambos publicados no Brasil pela
editora Vida Nova
Principal contribuição para a filosofia: Craig foi responsável por reformular o
Argumento Cosmológico Kalam (variação do argumento cosmológico que defende a
existência de uma primeira causa para o universo) nos seguintes termos: 1) Tudo que
começa a existir tem uma causa de existência. 2) O universo começou a existir. 3)
Portanto, o universo tem uma causa para sua existência.
Informações pessoais: William Lane Craig é conhecido pelo trabalho na filosofia do
tempo e na filosofia da religião, especificamente sobre a existência de Deus e na defesa
do teísmo cristão. Escreveu e editou mais de 30 livros, é doutor em filosofia e teologia
em universidades inglesa e alemã e desde 1996 é pesquisador e professor de filosofia na
Universidade de Biola, na Califórnia. Atualmente vive em Atlanta, nos EUA, com a
esposa. Craig pratica exercícios regularmente como forma de combater a APM (Atrofia
Peronial Muscular) uma doença degenerativa do sistema nervoso que lhe causou
atrofiamento dos nervos das mãos e pernas. Especialista em debates desde o ensino
médio, o filósofo passa a maior parte do tempo estudando.
Se Deus é bondade e justiça, por que ele não criou um universo perfeito onde todas
as pessoas vivem felizes? Acho que esse é o desejo de Deus. É o que a Bíblia ensina. O
fato de que o desejo de Deus não é realizado implica que os seres humanos possuem
livre-arbítrio. Não concordo com os teólogos que dizem que Deus determina quem é
salvo ou não. Parece-me que os próprios humanos determinam isso. A única razão pela
qual algumas pessoas não são salvas é porque elas próprias rejeitam livremente a
vontade de Deus de salvá-las.
Alguns cientistas argumentam que o livre-arbítrio não existe. Se esse for o caso, as
pessoas poderiam ser julgadas por Deus? Não, elas não poderiam. Acredito que esses
autores estão errados. É difícil entender como a concepção do determinismo pode ser
racional. Se acreditarmos que tudo é determinado, então até a crença no determinismo
foi determinada. Nesse contexto, não se chega a essa conclusão por reflexão racional.
Ela seria tão natural e inevitável como um dente que nasce ou uma árvore que dá
galhos. Penso que o determinismo, racionalmente, não passa de absurdo. Não é possível
acreditar racionalmente nele. Portanto, a atitude racional é negá-lo e acreditar que existe
o livre-arbítrio.
O senhor defende em seu site uma passagem do Velho Testamento em que Deus
ordena a destruição da cidade de Canaã, inclusive autorizando o genocídio,
argumentando que os inocentes mortos nesse massacre seriam salvos pela graça
divina. Esse não é um argumento perigosamente próximo daqueles usados por
terroristas motivados pela religião? A teoria ética desses terroristas não está errada.
Isso, contudo, não quer dizer que eles estão certos. O problema é a crença deles no deus
errado. O verdadeiro Deus não ordena atos terroristas e, portanto, eles estariam
cometendo uma atrocidade moral. Quero dizer que se Deus decide tirar a vida de uma
pessoa inocente, especialmente uma criança, a Sua graça se estende a ela.
Se o terrorista é cristão o ato terrorista motivado pela religião é justificável, por ele
acreditar no Deus ‘certo’? Não é suficiente acreditar no deus certo. É preciso garantir
que os comandos divinos estão sendo corretamente interpretados. Não acho que Deus dê
esse tipo de comando hoje em dia. Os casos do Velho Testamento, como a conquista de
Canaã, não representam a vontade normal de Deus.
O sr. está querendo dizer que Deus também está sujeito a variações de humor?
Não é plausível esperar que pelo menos Ele seja consistente? Penso que Deus pode
fazer exceções aos comandos morais que dá. O principal exemplo no Velho Testamento
é a ordem que ele dá a Abraão para sacrificar seu filho Isaque. Se Abraão tivesse feito
isso por iniciativa própria, isso seria uma abominação. O deus do Velho Testamento
condena o sacrifício infantil. Essa foi uma das razões que o levou a ordenar a destruição
das nações pagãs ao redor de Israel. Elas estavam sacrificando crianças aos seus deuses.
E, no entanto, Deus dá essa ordem extraordinária a Abraão: sacrificar o próprio filho
Isaque. Isso serviu para verificar a obediência e fé dele. Mas isso é a exceção que prova
a regra. Não é a forma normal com que Deus conduz os assuntos humanos. Mas porque
Deus é Deus, Ele tem a possibilidade de abrir exceções em alguns casos extremos, como
esse.
O sr. disse que não é suficiente ter o deus certo, é preciso fazer a interpretação
correta dos comandos divinos. Como garantir que a sua interpretação é
objetivamente correta? As coisas que digo são baseadas no que Deus nos deu a
conhecer sobre si mesmo e em preceitos registrados na Bíblia, que é a palavra d’Ele.
Refiro-me a determinações sobre a vida humana, como “não matarás”. Deus condena o
sacrifício de crianças, Seu desejo é que amemos uns ao outros. Essa é a Sua moral geral.
Seria apenas em casos excepcionalmente extremos, como o de Abraão e Isaque, que
Deus mudaria isso. Se eu achar que Deus me comandou a fazer algo que é contra o Seu
desejo moral geral, revelado na escritura, o mais provável é que eu tenha entendido
errado. Temos a revelação do desejo moral de Deus e é assim que devemos nos
comportar.
Por que o cristianismo deveria ser mais importante do que outras religiões que
ensinam as mesmas questões fundamentais, como o amor e a caridade? As pessoas
não entendem o que é o cristianismo. É por isso que alguns ficam tão ofendidos quando
se prega que Jesus é a única forma de salvação. Elas pensam que ser cristão é seguir os
ensinamentos éticos de Jesus, como amar ao próximo como a si mesmo. É claro que não
é preciso acreditar em Jesus para se fazer isso. Isso não é o cristianismo. O evangelho
diz que somos moralmente culpados perante Deus. Espiritualmente, somos separados
d’Ele. É por isso que precisamos experimentar Seu perdão e graça. Para isso, é preciso
ter um substituto que pague a pena dos nossos pecados. Jesus ofereceu a própria vida
como sacrifício por nós. Ao aceitar o que ele fez em nosso nome, podemos ter o perdão
de Deus e a limpeza moral. A partir disso, nossa relação com Deus pode ser restaurada.
Isso evidencia por que acreditar em Cristo é tão importante. Repudiá-lo é rejeitar a
graça de Deus e permanecer espiritualmente separado d’Ele. Se você morre nessa
condição você ficará eternamente separado de Deus. Outras religiões não ensinam a
mesma coisa.
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/e-possivel-acreditar-em-deus-usando-a-razao-afirma-
william-lane-craig