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OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO (OVACE)

Lucimar Aparecida Françoso

Definições:
• Lactente ou bebê: menor de um ano de idade
• Criança: de um ano até antes do início da puberdade (detectado na
urgência pela presença de broto mamário na menina e pelos axilares no
menino)
• Responsiva: criança alerta ou que apresenta resposta ao estímulo verbal
e tátil
• Não responsiva: criança que não apresenta resposta ao ser estimulada

Causas de Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho:


• No bebê: principalmente líquidos
• Na criança: objetos sólidos (alimentos, pequenos objetos, peças de
brinquedos, etc.)

Como reconhecer a OVACE:


• Início súbito de angústia respiratória
• Tosse
• Restrição para falar
• Respiração ruidosa (estridor)
• Chiado

Classificação da obstrução:
• Leve: vítima ainda consegue tossir e emitir alguns sons
• Grave: vítima não consegue tossir ou emitir qualquer som

Conduta: as manobras apresentadas a seguir são indicadas para os casos de


obstrução das vias aéreas por objetos sólidos, pois esses objetos podem
ocasionar obstrução completa das vias aéreas superiores.

OBSTRUÇÃO LEVE NA CRIANÇA RESPONSIVA


Perguntar: “Você está engasgado?”
Conduta:
• Não interferir
• Acalmar a vítima
• Incentivar tosse vigorosa
• Observar atenta e constantemente
• Se evoluir para obstrução grave: intervir

OBSTRUÇÃO GRAVE NA CRIANÇA RESPONSIVA


Sinais clínicos:
• Não consegue tossir (tosse silenciosa ou inefetiva)
• Não emite qualquer som
• Início súbito de grave dificuldade respiratória
• Sinal de angústia (sinal universal da asfixia: leva as mãos ao pescoço)
Conduta:
• Abaixar-se, posicionando-se atrás da criança;
• Fechar uma das mãos em punho e posicioná-la no abdome da vítima, na
linha média, entre o umbigo e o apêndice xifoide (sem tocá-lo), com o
polegar voltado para o abdome, colocando a outra mão sobre esta;
• Aplicar compressões rápidas, pressionando essa região para dentro e
para cima, simulando a letra jota;
• Realizar as manobras até a saída do objeto ou até a criança tornar-se
não responsiva;
• Dosar a força aplicada;

• Após a saída do corpo estranho, oferecer oxigênio por máscara.

OBSTRUÇÃO GRAVE NA CRIANÇA QUE SE TORNA NÃO RESPONSIVA


Conduta:
• Checar responsividade: não responsiva;
• Checar respiração: respiração ausente ou anormal (gasping: respiração
lenta e irregular);
• Pedir ajuda: acionamento do serviço de emergência (192 ou 193);
• Iniciar RCP (ressuscitação cardiopulmonar), começando pelas
compressões torácicas;
• Não checar pulso;
• Colocar a criança sobre superfície rígida;
• Realizar 30 compressões torácicas enquanto houver um profissional
atuando (na metade inferior do esterno, com uma ou duas mãos,
deprimindo pelo menos 1/3 do diâmetro ântero-posterior do tórax – cerca
de 5 cm);
• A seguir, abrir as vias aéreas (com inclinação da cabeça e elevação do
queixo);
• Antes de oferecer as ventilações, inspecionar a cavidade oral, retirando
o objeto com os dedos em pinça, se visível e facilmente alcançável;
• Ventilar uma vez e se o ar não passar (ou seja, o tórax não expandir),
reposicionar a cabeça, abrir as vias aéreas e ventilar novamente;
• Se o ar não passar,
• Realizar 30 compressões torácicas (com 1 profissional) ou 15
compressões (com 2 profissionais);
• Repetir ciclos de compressões e ventilações (30:2 se 1 profissional ou
15:2, se 2 profissionais) até que o objeto seja expelido;
• Trocar o profissional que realiza as compressões a cada 2 minutos (ou 5
ciclos de 30:2 ou 10 ciclos de 15:2);
• Caso o objeto seja expelido ou ocorra passagem do ar (expansão
torácica) e respiração espontânea, oferecer oxigênio por máscara.

OBSTRUÇÃO GRAVE NO BEBÊ RESPONSIVO


Sinais clínicos:
• Início súbito de grave dificuldade respiratória;
• Choro fraco ou silencioso;
• Tosse silenciosa ou inefetiva.
Conduta:
• Realizar ciclos repetidos de 5 golpes no dorso (entre as escápulas)
seguidos de 5 compressões torácicas (logo abaixo da linha
intermamilar), até que o objeto seja expelido ou a vítima se torne não
responsiva.
OBSTRUÇÃO GRAVE NO BEBÊ QUE SE TORNA NÃO RESPONSIVO
Conduta:
• Checar responsividade: não responsiva;
• Checar respiração: respiração ausente ou anormal (gasping: respiração
lenta e irregular);
• Pedir ajuda: acionamento do serviço de emergência (192 ou 193);
• Iniciar RCP (ressuscitação cardiopulmonar), começando pelas
compressões torácicas;
• Não checar pulso;
• Colocar o bebê sobre superfície rígida;
• Realizar 30 compressões torácicas (enquanto houver um profissional
atuando) sobre o esterno, logo abaixo da linha intermamilar (comprimir
com dois dedos); deprimir pelo menos 1/3 do diâmetro ântero-posterior
do tórax (cerca de 4 cm);
• A seguir, abrir as vias aéreas (com inclinação da cabeça e elevação do
queixo);
• Antes de oferecer as ventilações, inspecionar a cavidade oral, retirando
o objeto com os dedos em pinça, se visível e facilmente alcançável;
• Ventilar uma vez e se o ar não passar (ou seja, o tórax não expandir),
reposicionar a cabeça, abrir as vias aéreas e ventilar novamente;
• Se o ar não passar,
• Realizar 30 compressões torácicas (1 profissional) ou 15 compressões
(2 profissionais);
• Repetir ciclos de compressões e ventilações (30:2 se 1 profissional ou
15:2, se 2 profissionais) até que o objeto seja expelido;
• Trocar o profissional que realiza as compressões a cada 2 minutos (5
ciclos de 30:2 ou 10 ciclos de 15:2);
• Caso o objeto seja expelido ou ocorra passagem do ar (expansão
torácica) e respiração espontânea, oferecer oxigênio por máscara.

Os resultados da ressuscitação em bebês e crianças são melhores


quando se combina compressão torácica e ventilação. Entretanto, se a pessoa
que socorre não estiver treinada para realizar as ventilações ou for incapaz de
fazê-lo, esse socorrista leigo deve continuar com compressões torácicas
(Hands-Only) até que a ajuda chegue.

Bibliografia:
1. AMERICAN HEART ASSOCIATION. AHA Guidelines for Cardiopulmonary
Resuscitation and Emergency Cadiovascular Care. Part 11: Pediatric Basic
Life Support. Circulation; 112 (Suppl I):IV156-66, 2005.
2. AMERICAN HEART ASSOCIATION. AHA Guidelines for Cardiopulmonary
Resuscitation and Emergency Cadiovascular Care. Part 13: Pediatric Basic
Life Support. Circulation; 122:S862-S875, 2010.
3. AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das Diretrizes da
American Heart Association 2010 para RCD e ACE. Disponível em:
http://www.heb.bauru.unesp.br/upload/documentos/Material_Grupo_Capacit
a%C3%A7%C3%A3o_Urg_e_Emerg.pdf. Acessado em 07.06.11.

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