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Procedimento

Operacional Padrão
POP/UNIDADE DE
REABILITAÇÃO/015/2017
Gerenciamento Fonoaudiológico de
Avaliação e Reabilitação da Deglutição
em âmbito Hospitalar

Versão 1.0

UNIDADE DE REABILITAÇÃO
Procedimento Operacional
Padrão

POP/UNIDADE DE REABILITAÇÃO/015/2017
Gerenciamento Fonoaudiológico de Avaliação e
Reabilitação da Deglutição em âmbito Hospitalar

Versão 1.0
® 2017, Ebserh. Todos os direitos reservados
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh
www.Ebserh.gov.br

Material produzido pela Unidade de Reabilitação do Hospital Universitário Maria Aparecida


Pedrossian -UFMS / Ebserh
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada à fonte e sem fins comerciais.

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ministério da Educação

POP: Gerenciamento Fonoaudiológico de Reabilitação da Deglutição em


âmbito Hospitalar

Unidade de Reabilitação do Hospital Universitário Maria Aparecida


Pedrossian/UFMS – Campo Grande/MS: EBSERH – Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares, 2017. 51p.

Palavras-chaves: 1 – POP; 2 – Fonoaudiologia; 3 – Deglutição.


EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH
HOSPITAL UNIVERITÁRIO MARIA APARECIDA PEDROSSIAN
Avenida Senador Filinto Muller, 355
Cidade Universitária, Vila Ipiranga | CEP: 79080-190 | Campo Grande-MS |
Telefone: (67) 3345-3000 | Site: www. ebserh.gov.br

JOSÉ MENDONÇA BEZERRA FILHO


Ministro de Estado da Educação

KLEBER DE MELO MORAIS


Presidente da Ebserh

ANDRÉIA CONCEIÇÃO MILAN BROCHADO ANTONIOLLI SILVA


Superintendente do HUMAP/Filial Ebserh

LUIS HENRIQUE SANTOS COELHO


Gerente Administrativo do HUMAP /Filial Ebserh

ANA LÚCIA LYRIO DE OLIVEIRA


Gerente de Atenção à Saúde do HUMAP /Filial Ebserh

DÉBORA MARCHETTI CHAVES THOMAZ


Gerente de Ensino e Pesquisa do HUMAP /Filial Ebserh

RONALDO PERCHES QUEIROZ


Chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HUMAP/Filial Ebserh

VANESSA PONSANO GIGLIO


Chefe do Setor de Apoio Terapêutico do HUMAP/Filial Ebserh

IGOR KAORU NAKI


Chefe da Unidade de Reabilitação do HUMAP /Filial Ebserh

EXPEDIENTE

Unidade de Reabilitação do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian


Produção
HISTÓRICO DE REVISÕES

Autor/responsável por
Data Versão Descrição Gestor do POP
alterações

Trata da padronização das


Adriana Cristini
condutas da Fonoaudiologia
Lucchesi/
Hospitalar relacionadas à
20/01/2017 1.0 Igor Kaoru Naki
reabilitação da deglutição. Thays M. de Ávila
Vieira
SUMÁRIO
OBJETIVO ......................................................................................................................................7

CAMPO DE APLICAÇÃO .............................................................................................................7

GLOSSÁRIO ...................................................................................................................................7

INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................9

POP 015-01 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PRELIMINAR


PAP...............................................................................................................................................13

POP 015-02 PLANO TERAPÊUTICO FONOAUDIOLÓGICO INDIRETO PARA DISFAGIA


...............................................................................................................................................27

POP 015-03 PLANO TERAPÊUTICO FONOAUDIOLÓGICO DIRETO PARA


DISFAGIA.............................................................................................................................34

POP 015-04 TESTE DE DEGLUTIÇÃO DO CORANTE AZUL ( BDT) EM PACIENTES


TRAQUEOSTOMIZADOS...................................................................................................40

POP 015-05 TESTE DE DEGLUTIÇÃO DO CORANTE AZUL MODIFICADO (BDTM) EM


PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS............................................................................45

REFERENCIAIS TEÓRICOS.............................................................................................50

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Reabilitação da Deglutição
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OBJETIVO
Padronizar as condutas de avaliação clínica preliminar e reabilitação da deglutição
realizadas por fonoaudiólogos em pacientes adultos traqueostomizados internados no âmbito
hospitalar do HUMAP-UFMS.

CAMPO DE APLICAÇÃO

Enfermaria de Clínica Médica, Enfermaria de Doenças Infecto-Parasitárias (DIP),


Cirúrgica I e II, Unidade Coronariana (UCO), Pronto Socorro Adulto (PAM) e Unidade de
Terapia Intensiva – Adulta (UTI), tendo como responsável pela execução deste POP o
fonoaudiólogo.

GLOSSÁRIO

Ebserh – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

HUMAP – Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian

UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

POP – Procedimento Operacional Padrão

AVE – Acidente Vascular Encefálico

TCE – Traumatismo Craniano Encefálico

ELA- Esclerose Lateral Amiotrófica

EM - Esclerose Múltipla

IOT – Intubação Oro traqueal

TQT – Traqueostomia

SNC – Sistema Nervoso Central

VAS – Via aérea superior


VAI – Via aérea inferior
MO – Motricidade Oral
TCA-TestedoCoranteAzul

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TCAM - Teste do Corante Azul Modificado
VO - Via oral
VDF - Viodeofluroscopia
PFRD- Programas Fonoaudiológicos de Reabilitação da Deglutição

SNE – Sonda nasoenteral


SOE Sonda oroenteral
SNG - Sonda nasogástrica

SOG – Sonda orogástrica

FIGURAS

Figura 2 – Protocolo de Avaliação Preliminar PAP


QUADROS
Quadro 2 – Principais Achados na Avaliação da Deglutição
Quadro 3 - Objetivo Específico 1 – Esclarecer a Paciente e Cuidador sobre as Alterações e
Riscos da Deglutição
Quadro 4 - Objetivo Específico 2 - Reorganização Motora Oral
Quadro 5 - Objetivo Específico 3 - Aumento da Movimentação e Elevação Hiolaríngea

Quadro 6 - Objetivo Específico 4 - Redução da Estase em Recessos Piriformes

Quadro 7 - Objetivo Específico 5 – Estimulação Sensorial Térmico e/ou Gustativa

Quadro 8 - Principais Achados na Avaliação da Deglutição


Quadro 9 - Objetivo Específico 6 - Esclarecer a Paciente e Cuidador sobre as Alterações e
Riscos da Deglutição

Quadro 10 - Objetivo Específico 7 - Redução da Estase em Valécula


Quadro 11 – Objetivo Específico 8 - Aumento da Movimentação e Elevação Hiolaríngea
Quadro 12 – Objetivo Específico 9 – Redução em Estase Faríngea

Quadro 13 – Objetivo Específico 10 - Manobras Posturais

Quadro 14 – Objetivo Específico 11 – Treino da Deglutição

Quadro 15 – Objetivo Específico 12 – Adaptação da Dieta

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INTRODUÇÃO

O Procedimento Operacional Padrão é um recurso essencial nos trabalhos executados


pelos profissionais de saúde da área hospitalar, uma vez que auxilia a realização de condutas
padronizadas gerando mais segurança ao paciente, melhores resultados e qualidade do serviço
oferecido.
Neste aspecto, a Unidade de Reabilitação do HUMAP-UFMS elaborou os POP’s de
acordo com os vários temas específicos da prática clínica das profissões que compões a Unidade
(Educação Física/Fisioterapia/Fonoaudiologia/Terapia Ocupacional).
Neste trabalho serão descritos os programas fonoaudiológicos de reabilitação da
deglutição executadas pela equipe de fonoaudiologia do HUMAP-EBSERH.

Este POP de Fonoaudiologia faz parte da Unidade de Reabilitação e tem duração de dois
anos, necessitando de revisão bianual.

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CONTEÚDO GERAL

A atuação fonoaudiológica em hospitais é relativamente recente, principalmente nos


atendimentos a beira leito. No entanto, cada vez mais essencial para o processo de avaliação e
gerenciamento da disfagia durante o período em que o paciente permanece internado.

Tendo como objetivo principal a reintrodução da alimentação e hidratação por via oral
de forma segura, visando à manutenção do suporte nutricional adequado, diminuir os riscos de
penetração e /ou aspiração laringotraqueal, reduzindo a morbidade e mortalidade a ela associada.
Reduzir custos hospitalares com alta precoce e principalmente propiciar uma melhora na
qualidade de vida dos pacientes.

A deglutição depende de um sistema neuromuscular que tem por objetivo transportar o


bolo alimentar da boca até o estômago de forma segura e efetiva, sendo fundamental para
nutrição e hidratação do organismo.

A deglutição envolve duas fases distintas, uma voluntária que envolve a região
cortical e a outra reflexa (involuntária) que envolve o tronco cerebral e pares cranianos (V)
trigêmio, (VII) facial, (IX) glossofaríngeo, (X) vago, (XI) acessório e (XII) hipoglosso

Teoricamente a deglutição é dividida em três fases (oral, faríngea e esofágica) nas quais
durante a deglutição são integradas e coordenadas entre si. A fase oral/preparatória (voluntária)
constitui quando o alimento é manipulado na cavidade oral, mastigado quando necessário até o
momento quando a língua impulsiona o alimento para trás até que o reflexo da deglutição seja
disparado.

Já a fase faríngea (involuntária) se dá quando a deglutição reflexa carrega o bolo através


da faringe. E finalmente a fase esofágica (involuntária) quando a peristalse esofágica carrega o
bolo através do esôfago cervical e torácico até o estômago.

Qualquer alteração que acomete desde a fase oral até a fase esofágica é denominada
disfagia, ou seja, distúrbio da deglutição e será classificada como disfagia orofaríngea
neurogênica, disfagia orofaríngea mecânica e quando temos componentes neurológicos e
mecânicos associados podemos considerar na prática casos de disfagia mista.

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Disfagia é a dificuldade de deglutição relacionada ao funcionamento das estruturas
orofaringolaríngeas e esofágicas, dificultando ou impossibilitando a ingesta segura, eficaz e
confortável de saliva, líquidos e/ou alimentos de qualquer consistência, podendo ocasionar
desnutrição, desidratação, aspiração, desprazer e isolamento social, além de complicações mais
graves como pneumonia aspirativa e o óbito (Marques, 2000).

Quando ocorre na fase oral e/ou faríngea é denominada de disfagia orofaríngea de origem
neurogênica, mecânica ou mista sendo passível de tratamento pela fonoaudiologia. Já as
encontradas na fase esofágica são denominadas disfagias esofagianas e são tratadas pelo médico
mais especificamente o gastroenterologista.

As disfagias orofaríngeas podem ser classificadas, de acordo com a etiologia e


apresentam diversos graus do leve a severo.

Disfagia Neurogênica - Causada por doenças neurológicas ou traumas, as principais são:


AVE, TCE, doença de Parkinson, demências, ELA, EM, tumores do SNC, distrofias musculares,
Miastenia grave, polineuropatia do doente critico.

Disfagia Mecânica - Acometem devido às lesões estruturais, tais como: trauma,


macroglossia, divertículo de Zencker, câncer de cabeça e pescoço, osteófito vertebral cirurgias,
câncer, IOT, TQT.

Disfagia do Idoso (Presbifagia) - São as alterações que ocorrem pela degeneração


fisiológica do mecanismo da deglutição, devido ao envelhecimento sadio das fibras nervosas e
musculares.

Disfagia Psicogênica - decorrente de quadros ansiosos, depressivos ou


mesmo conversivos (Filho et al.; 2000).

Disfagia Induzida por drogas - é desencadeada ou agravada pelo efeito colateral de


alguns medicamentos. O efeito das drogas pode afetar o sistema nervoso central, sistema nervoso
periférico, sistema muscular ou a produção de saliva (Filho et al.;2000).

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É comum encontrar pacientes internados de curta ou longa permanência ou em condições
mais críticas com dificuldades de deglutição e comunicação, requerendo tempo e intervenção
adequada para reabilitação e melhora das funções.

A importância do fonoaudiólogo dentro da equipe multiprofissional está focada


principalmente no gerenciamento da deglutição, prevenindo pneumonia aspirativa, indicação
segura de alimentação por VO, no processo de desmame da traqueostomia e indicações de
válvula de fala.

A interdisciplinaridade adequada de várias áreas diminui consideravelmente a


permanência dos pacientes nas unidades, favorecendo a redução das taxas de reinternações.

O programa Fonoaudiológico de reabilitação da deglutição adequada no HUMAP foi


baseado em evidências favorecendo a organização e controle de resultados. Visando a
padronização das ações, promovendo melhora dos serviços oferecidos aos pacientes.

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POP 015- 01 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PRELIMINAR
(PAP)

I. INFORMAÇÕES GERAIS
II. OBJETIVOS
Visa descrever e avaliar os aspectos gerais, de respiração, de fala, de voz e das
estruturas/órgãos orofaciais e cervicais em indivíduos encaminhados para a avaliação da
deglutição.

DEFINIÇÕES

A etapa da avaliação miofuncional orofacial irá verificar mobilidade, tonicidade,


sensibilidade e coordenação dos órgãos do sistema estomatognático, favorecendo o entendimento
/inferência do quanto a inadequação dessa musculatura poderá impactar negativamente nas
funções de mastigação e deglutição.
O PAP foi elaborado com base na literatura especifica da área em protocolos já
existentes, os pontos comuns à maioria dos protocolos publicados foram selecionados e os
pontos específicos foram julgados pelas autoras e selecionados conforme sua concordância.

Consiste em cinco partes: exame geral, respiração, fala voz e avaliação orofacial e
cervical, sendo submetido à avaliação de juízes (três fonoaudiólogas com experiência na área) e
obteve um grau de concordância acima de 75%.

Nota: Os protocolos não foram aplicados em sua totalidade, pois alguns procedimentos
(*) não fazem parte da rotina do HUMAP e outros não são disponíveis (**).

Alguns procedimentos foram inseridos devidos relevância quanto à deglutição (***)

III.DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
• Higienizar as mãos segundo normas da CCIH

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• Reunir o material e levar ao quarto - próximo ao paciente.
• Identificar-se para o paciente e/ou acompanhante.
• Explicar o procedimento ao paciente e/ou acompanhante.
• Elevar à cabeceira da cama em 90º
• Aplicar o protocolo PAP
• Explicar ao paciente e/ou acompanhante os resultados obtidos
• Anexar à ficha de avaliação preliminar (PAP) no prontuário
Exame Geral

Sinais Vitais (SV) (linha de base)

Freqüência cardíaca (FC) – é medida da quantidade de batimentos cardíacos por minuto.


Considera-se alterado a ocorrência de queda ou aumento excessivo, tendo como base a faixa de
normalidade de 60 a 100 batimentos por minuto (bpm)

Freqüência respiratória (FR) - é a medida da quantidade dos ciclos respiratórios (inspiração e


expiração) por minuto. Considera-se alterado na ocorrência de queda ou aumento excessivo,
tendo como base a faixa de normalidade de 12 a 20 respirações por minuto (rpm)

Saturação de oxigênio (SpO2) – é definida como a porcentagem de oxigênio arterial na


corrente sanguínea, por meio da medição da oximetria de pulso.

Pressão arterial(PA) – é a pressão exercida pelo sangue contra a superfície interna das artérias.
A força original vem do batimento cardíaco. Em termos gerais o valor de 120/80 mmHg é o
valor considerado normal.

Escala de Glasgow - é uma escala neurológica confiável e objetivo de registrar o nível de


consciência de uma pessoa.

(*) Escala Rancho los Amigos – é uma escala similar à de Glasgow, para avaliar a recuperação
de pacientes com ferimentos encefálicos.

Sinais de alerta/consciência – é a capacidade neurológica de captar o ambiente e de se orientar


de forma adequada. Verificar os seguintes aspectos e responder sim ou não para cada item:

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Consciente / Orientado/ Confuso/ Atento/ Alerta / Coopera

Iniciativa comunicativa

Compreende ordens simples

Comunicação: Selecionar dentre as possibilidades aqueles presentes no paciente.

Comunicação

Oral – presença de comunicação oral, com mais de 75% de emissões verbais

Articulação áfona – comunicação oral que realiza a articulação dos sons, mas sem a emissão de
voz

Escrita- presença de comunicação escrita

Gestos- comunicação gestual, com ausência e/ou pouco uso de verbalizações e/ou vocalizações

Alternativa - utiliza de auxilio externo para comunicação (cartões, pranchas alfabéticas)

Ausente – ausência de comunicação

Desconforto físico – dados relatados no prontuário ou equipe de enfermagem

Respiração

Repouso – observar o numero de ciclos respiratórios que o paciente realiza por minuto

Eupneico 12 a 20 rpm

Bradipneico – abaixo de 12 rpm

Taquipneico – acima de 20 rpm

Dispneico – paciente refere sensação de falta de ar

Modo

Oral- respiração predominantemente pela boca

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Nasal – respiração predominantemente pelo nariz

Oronasal (Mista) respiração simultaneamente pela boca e nariz

Traqueal – respiração predominantemente pelo orifício traqueal

Ventilação

Observar a forma de ventilação do paciente e marcar

Espontânea - anotar o período por dia - _____h/dia

Ventilação Mecânica (VM) - anotar o período por dia - _____h/dia

Ventilação Mecânica não Invasiva (VNI) - anotar o período por dia - _____h/dia

Dependência de O2 – Observar se existe dependência de oxigênio e anotar a quantidade de


litros de oxigênio por minuto

a.a – respiração em ar ambiente

CN – respiração com auxílio do cateter nasal

Másc. facial (MV) – respiração com auxílio mascara facial

Másc. traqueal – respiração com auxílio de máscara facial

Sinais de fadiga respiratória

Observar e anotar sim ou não

Batimento da asa do nariz

Uso da musculatura acessória

Tiragem de fúrcula

Tiragem de intercostais

Dessaturação

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Taquipneia e/ou dispneia

Ausculta brônquica - Realizar ausculta brônquica e anotar a presença dos sinais elencados
abaixo ou a normalidade:

Broncoespasmo – dificuldade respiratória causada por constrição repentina dos músculos das
paredes brônquicas.

Sibilo – é um ruído característico de asma brônquica, semelhante a um assobio agudo, ocorre


devido o ar que flui por vias respiratórias estreitadas.

Ronco – é um ruído adventício predominantemente inspiratório, audível também na expiração.


Sua tonalidade é grave, intenso, semelhante ao ronco durante o sono.

Fala - Terceira parte, composta por quatro itens: Avaliar a fala espontânea do paciente e durante
algumas tarefas especificas

Inteligibilidade de fala – analisar a qualidade da inteligibilidade da fala do paciente e classificar

Adequada

Alterada

Ausente

Outros

Prosódia – é definida como o estudo do ritmo, entonação e demais atributos correlatos na fala.
Classificar em:

Normal

Alterado

Outros

Diadococinesia - é a capacidade em realizar movimentos rápidos alternadamente.

Solicitar a repetição dos fonemas PA / TA / KA (isolado) PA / TA / KA (seqüencial)

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Normal

Alterado

Disfluências - verificar a presença de alteração quanto à fluência e classificar

Pausas maiores do que dois segundos

Repetições de sílabas

Falsos inícios de fala

Esboços Articulatórios repetitivos

Trocas fonêmicas

Trocas fonêmicas com distorção

Outras distorções presentes em vogais e/ou consoantes

Voz - A quarta parte, composta por seis itens

Loudness – intensidade da voz. Classificar

Adequada para o gênero e idade

Fraca

Forte

Pitch – definida como freqüência da voz. Classificar em

Adequado para gênero e idade

Agudo

Grave

Escala GRBASI (0 -1-2-3) Test da Japan Society of Lopaedics and Phonoatrics

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A voz é avaliada de forma perceptivo-auditiva durante a fala espontânea. Classificada e
quantificada por meio da escala de GRBASI com quatro graus de quantificação utilizados: 0 –
ausência, 1 – discreto, 2 – moderado, 3 – grave, e fator instabilidade (I), designado para avaliar
flutuações na qualidade vocal.

- Grau geral da alteração

- Grau de rugosidade

- Grau de soprosidade

- Grau de astenia

- Grau de tensão

- Grau de instabilidade

Voz molhada - é um som borbulhante produzido durante a fonação, indicativo de estase de


secreção, líquidos, ou alimentos no vestíbulo laríngeo. Assinalar a resposta dupla: sim ou não.

Hipernasalidade – é o resultado do fechamento velofaríngico inadequado, que leva à


ressonância nasal dos sons que normalmente teriam ressonância oral. Verificar a presença ou não
de tal alteração e classificar entre a resposta dupla sim/não

(***) Solicitar que o paciente feche os olhos, coloque o espelho milimitrado abaixo da cavidade
nasal:

Respire normalmente

Sopro

Falar /i/ /u/ /s/ /z/

Frases Papai faz a pipa

Juju saiu cedo

Kiki gosta de chá

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Coordenação pneumoarticulatória - é a coordenação entre respiração e fala. Observar durante
a conversa espontânea e classificar como:

Adequada

Alterada

Avaliação orofacial e cervical

É a quinta parte, composta por onze itens. Devem ser anotados e/ou selecionados os dados
referentes a cada item.

Face – em repouso e mobilidade

Repouso avaliar simetria entre os lados

Mobilidade – solicitar que o paciente realize os seguintes movimentos de forma isotônica

- Contração dos músculos frontais (cara de espanto)

- Contração dos músculos corrugados do supercílio e próceros (cara de bravo)

- Contração dos músculos orbiculares dos olhos leve/forte (fechar os olhos leve/forte)

- Contração dos músculos levantadores dos lábios e asa do nariz (cara de cheiro ruim)

- Contração dos músculos risórios (sorriso lábios fechados)

Contração dos músculos zigomáticos maior e menor (sorriso lábios abertos)

Contração dos músculos abaixadores do lábio inferior e do ângulo da boca (abaixar o lábio inf. e
mostrar os dentes)

Assinalar se existe ou não paralisia ou paresia e qual dos terços.

Lábios – avaliação englobam uma série de verificações

Postura – ocluídos / entreabertos

Lesão – sim / não (local)

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Funcionalidade – normal/ hiper / hipofuncionante

Força – Adequada/ reduzida/ aumentada

Mobilidade - fazer protrusão e retração

Incoordenação/ tremor/ desvio/ redução da amplitude de movimento

Sensibilidade – tocar com a espátula

Presença /ausência (local)

Bochechas – observar e assinalar

Simetria / lesões

Sensibilidade - presente /ausente

Força – colocar uma espátula entre os dentes e a bochecha e solicitar que o paciente pressione
enquanto o avaliador puxa.

Fraca/forte

Mobilidade – suflar / desinsuflar /sugar/ lateralizar o ar

Normal/ incoordenação/tremor/ausência / desvio/ diminuição do movimento

Língua

Repouso

Simetria / desvio/ lesão/fasciculação/volume/sensibilidade

Força – empurrar a espátula com a ponta de língua

Mobilidade – protrusão / retração elevação/abaixamento lateralização direito-esquerda

Presente /ausente / tremor / coordenação / incoordenação / desvio e diminuição da amplitude de


movimento

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Palato Mole

Repouso – simetria / sensibilidade

Mobilidade – Paciente deverá emitir a/ ã

Movimento presente /ausente – elevação do véu e paredes laterais

Mandíbula - Na abertura e no fechamento da boca observar simetria /desvio/estalos e


crepitações

Medir com o paquímetro a distancia interincisiva (entre os incisivos centrais superiores e


inferiores) - normal em adultos 45 a 60 mm.

Dentição – Observar arcada dentária superior e inferior e classificar

- presente/ausente completa / incompleta

- estado de conservação bom/ruim

(***) Uso de prótese dentária - Presente /ausente Adaptada/ mal adaptada

Higiene oral - Bom /ruim /normal

Região Cervical - avaliação da musculatura cervical:

Repouso – Observar simetria, presença de desvio, presença de queda para um dos lados,
hipofuncionalidade, hiperfuncionalidade, fixação cirúrgica e/ou procedimento.

Mobilidade – Solicitar abaixamento, elevação e lateralização de cabeça. Observar:


Incoordenação, instabilidade/tremor, redução da amplitude do movimento ou a não realização
desses.

Laringe – Avaliar elevação laringe durante a deglutição de saliva

Posicionar o dedo indicador e médio sobre o osso hiodeo e a cartilagem tireóide e solicite que o
paciente degluta a saliva.

Adequada: elevação laríngea atinja, em média, dois dedos de examinador

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Reduzida: elevação laríngea atinja menos de dois dedos do examinador

Obs.; Na ausência do movimento, interromper o teste

Reflexos

Gag – eliciado ao tocar com a espátula na região da base de língua e/ou na parede posterior da
faringe.

Ausente / presente / exacerbado / local

Tosse

Voluntária – Presente /Ausente Fraca/forte Seca/ secretiva eficaz / ineficaz

Reflexa: Presente /Ausente Fraca/forte Seca/ secretiva eficaz / ineficaz

Saliva – observar e classificar quanto a:

Normal- sialorréia – xerostomia – escape oral- acúmulo cavidade oral

RECURSOS NECESSÁRIOS
• Humanos: Fonoaudiólogo, Equipe do setor, Paciente.
• Materiais/Equipamentos: Luvas, Espelho milimetrado de Altman, Seringa 3 ml
Estetoscópio, Oxímetro, Espátula /abaixador lingual, Mini – lanterna.
• Ferramentas e Instrumentos: Prontuário físico, Ficha de Avaliação Fonoaudiológica, Ficha
de evolução do Atendimento Fonoaudiológico.

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CUIDADOS ESPECIAIS
DESVIOS AÇÕES NECESSÁRIAS
• Instabilidade clínica do paciente • Aguardar a estabilidade clínica do paciente

• Ausência do paciente no leito • Retornar em outro período para nova


abordagem

• Nível de consciência rebaixado-Glasgow • Aguardar que o paciente esteja alerta


abaixo de 13/14

• Recusa do paciente • Retornar quando estiver responsivo

• Nível baixo de alerta • Atenção mantida por pelo menos 15 min.

• Paciente sonolento ou agitado • Aguardar que o paciente esteja alerta e


tranquilo

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Figura 2 – Protocolo de Avaliação Preliminar PAP

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POP 015 - 02 PLANO TERAPÊUTICO FONOAUDIOLÓGICO INDIRETO PARA
DISFAGIA

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVO

Abordagem indireta consiste na reorganização motora da musculatura orofacial


(MO)envolvida na deglutição, sem o uso de alimentação. Fazem partes da abordagem indireta
instruções e esclarecimentos quanto ás alterações de deglutição e riscos relacionados,
estimulação sensorial, orientações da postura corporal durante alimentação, prescrições de
utensílios adaptados, adequação de consistência e volume do alimento, o controle no ritmo da
alimentação.
Para alguns pacientes neurológicos são indicados exercícios para musculatura supra –
hióidea. Exercícios de resistência de língua, exercícios vocais e estimulação tátil – térmica
gustativa.

DEFINIÇÕES

A intervenção fonoaudiológica na disfagia orofaríngea prevê que a seleção das técnicas a


serem utilizadas no programa de reabilitação seja realizada mediante a interpretação da
fisiopatologia da deglutição em cada indivíduo. Serão descritos os procedimentos disponíveis na
literatura e mais utilizados na rotina de atendimento, seja em nível ambulatorial ou beira leito.
Alguns procedimentos têm maior nível de evidência científica, outros ainda não foram testados
em estudos controlados e randomizados. Alguns só foram testados em populações específicas
não podendo generalizar seu uso para todos os pacientes com disfagia orofaríngea. Portanto cabe
ao fonoaudiólogo elencar qual abordagem realizar ( indireta /direta) ou ambas e quais
procedimentos de maior relevância para o paciente em questão.

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Quadro 1 – Principais Achados na Avaliação da Deglutição
-Dificuldade de manipulação, mastigação e controle do bolo alimentar em cavidade oral.
- Acúmulo/resíduo de alimento em cavidade oral.

- Alteração da propulsão do bolo.

-Alteração da elevação hiolaríngea e proteção da laringe.

-Sinais de penetração e/ou aspiração de alimento como tosse e engasgo

- (*) Estase de alimento em valécula .

- (*) Estase de alimento em parede faríngea.

- (*) Estase de alimento em recesso piriforme.

- (*) Nota : Observado somente por exame objetivo

I- DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
• Higienizar as mãos segundo normas da CCIH
• Reunir o material e levar ao quarto - próximo ao paciente.
• Identificar-se para o paciente e/ou acompanhante.
• Explicar o procedimento ao paciente e/ou acompanhante.
• Elevar à cabeceira da cama em 90º
• Realizar a intervenção e técnica terapêutica necessária no momento
• Relatar na ficha de evolução diária e anexar no prontuário

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Quadro 2 - Objetivo Específico 1 - Esclarecer o Paciente e Cuidador sobre as Alterações e
Riscos da Deglutição

Estratégia Efeito

Uso de figuras, vídeos e programas específicos para Aprendizado, conhecimento da função da deglutição
visualização e entendimento da deglutição normal x normal e dos riscos da disfagia. Aumenta a
disfagia propriocepção do sistema biomecânico da deglutição. E
o envolvimento no processo terapêutico

Quadro 3 - Objetivo Específico 2 - Reorganização Motora Oral

Estratégia Descrição Efeito da Atividade

Exercícios motores para 1 – Aumento da amplitude


amplitude, movimento e de movimento anterior de língua.
fortalecimento de língua Melhora do trânsito oral e controle
de língua e do bolo durante a
deglutição

2 – Aumento da amplitude e
1 – Elevação de língua.
força do dorso de língua. Melhora a
Solicitar que o paciente mantenha a
propulsão do bolo alimentar.
boca aberta, protrua e eleve a língua
ao máximo e segure por um
segundo. Em seguida, eleve o 3 – Aumento da amplitude
dorso da língua ao máximo possível do movimento de língua.
e segure por um segundo e solte.

2 – Lateralização de língua.
Solicitar que o paciente lateralize
(alongando) a língua para cada lado
Realizar a série durante da boca, como realizasse a limpeza
cinco minutos em uma sessão. dos sulcos laterais, e em seguida
Cinco vezes ao dia. protrua e retraia, segurando um
segundo em cada direção.

3 – Solicitar a abertura de boca e


empurrar a espátula frente à boca
com a ponta da língua e voltar
Exercício de base de língua Solicitar que o paciente puxe Aumento da amplitude do
a língua para trás o máximo movimento e retração da base de
possível e segure por um segundo língua
(simulando gargarejo)

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Exercício de amplitude e 1 – Protrusão e retração labial – Aumento da amplitude e força de
movimentos de lábios. paciente deve realizar protrusão e orbicular dos lábios – melhor
retração labial ( bico e sorriso) contenção do alimento em cavidade

2 – Repetir o exercício anterior e oral.


durante o movimento oferecer uma
força contrária ao movimento –
contra resistência. À medida que a
força e amplitude aumentem, a
força contrária e/ou o tamanho do
Três blocos com dez repetições objeto deve ser reduzido.
cada; dar intervalo de trinta
segundos entre cada bloco.
Exercício de amplitude e 1- Contrair o músculo bucinador do Aumento da mobilidade e força de
tensão de bochechas (bucinadores). lado mais fraco contra uma espátula bucinadores – melhor contenção do
posicionada entre a face interna das alimento em cavidade oral
bochechas e a face vestibular dos
dentes. Os dentes devem ser
mantidos em oclusão e o objetivo é
aproximar a espátula dos mesmos.

2- Repetir o exercício anterior (lado


paralisado) durante o movimento,
oferecendo uma força contaria ao
movimento – contra resistência

Três blocos com dez repetições


cada; dar intervalo de trinta
segundos entre cada bloco
Exercício de coordenação da língua Mastigar um pedaço de garrote Aumento da mobilidade e
e mastigação amarrado no fio dental. Realizar propriocepção dos músculos
mastigação bilateral. orbicular dos lábios e bucinador –
manutenção do alimento dentro da
Treino da mastigação com alimento cavidade oral.
para deglutir. Envolver um pedaço
de pão francês, chiclete, numa gaze
e solicitar mastigação bilateral
alternadamente

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Quadro 4 - Objetivo Específico 3 - Aumento da Movimentação e Elevação Hiolaríngea

Estratégia Descrição Efeito

Protruir língua Solicitar que o paciente com a boca Melhora a movimentação


aberta protrua e retraia a língua. laríngea
Depois mantém a língua protruida e
conte até cinco e retraia

Produção de vogal /i/ prolongada Solicite prolongar a emissão da Durante a produção do falsete a
vogal/i/ agudo (pitch elevado) - laringe eleva, no mesmo movimento
falsete produzido na deglutição

Produção da sílaba /ka/ka/ka/ Solicite a emissão da sílaba /ka/ Melhora a movimentação laríngea.
com a boca aberta, seqüencial de
forma lenta. Depois mantém alguns
segundos na posição elevada

Realizar três séries com cinco


repetições cada – com intervalos de
trinta segundos cada

Respiron Usar virado de cabeça para baixo Aumento da força e movimento e


(invertido) e solicitar que o paciente elevação laríngea , como também a
assopre para elevar a esfera. Iniciar resistência
do mais leve e aumentar conforme
habilidade e força expiratória do
paciente.

Realizar 3 séries de 5 com pausa de


1 min.

Numa fase posterior solicitar que o


paciente mantenha por alguns a
esfera elevada

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Quadro 5 - Objetivo Específico 4 - Redução da Estase em Recessos Piriformes

Estratégia Descrição Efeito

Manobra de Shaker. Solicitar que o paciente fique Fortalece os músculos supra –


deitado na posição supina e levantar hióideos e dessa forma, maior
a cabeça o suficiente para observar abertura do Esfíncter Esofágico
os pés sem tirar os ombros do chão. Superior(EES)
Realizar repetições consecutivas.
Depois

Manter a cabeça sustentada por um


minuto, repetir três vezes,
intercalando um minuto de
descanso.

Exercício CTAR (Chin Tuck Solicitar que o paciente sentado Fortalece os músculos supra –
Against Reistance pressione com força máxima o hióideos e dessa forma, maior
queixo contra uma bola pequena abertura do Esfíncter Esofágico
posicionada acima da fúrcula Superior(EES)
esternal, sem elevar os ombros por
10 segundos(isométrica). Fazer 10
repetições seguidas (isotônicas)

Quadro 6 - Objetivo Específico 5 - Estimulação Sensorial Térmico e/ou Gustativa

Estratégia Descrição Efeito

Estimulação gustativa Oferta de alimento com Aprimorar a percepção do alimento


concentradas características em cavidade oral
sensoriais como temperaturas frias
ou quentes, texturas diferenciadas,
sabores fortes. Inicia-se com
pequenos volumes e a progressão se
dá conforme habilidade do paciente
em manipular o estímulo na
cavidade oral e degluti-lo

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Estimulação termo tátil - gustativa 1 – Pressionar a colher contra o Aumentar o input sensorial e a
dorso de língua quando o bolo for percepção de alimento em cavidade
ofertado oral – melhora da propulsão do
bolo.
2- Mergulhar a colher em líquido
cítrico frio e/ou quente. Tocar nas
regiões intra orais, base de língua,
parede posterior da faringe, usando
diferentes pressões e em diferentes
pontos

2- Usar cotonete, espátula, gaze


embebidas em líquidos e/ou
líquidos espessos cítricos. Solicitar
que o paciente sugue e degluta.

Estimulação termo tátil - gustativa 1 – Pressionar a colher contra o Aumentar o input sensorial e a
dorso de língua quando o bolo for percepção de alimento em cavidade
ofertado oral – melhora da propulsão do
bolo.
2- Mergulhar a colher em líquido
cítrico frio e/ou quente. Tocar nas
regiões intra orais, base de língua,
parede posterior da faringe, usando
diferentes pressões e em diferentes
pontos

2- Usar cotonete, espátula, gaze


embebidas em líquidos e/ou
líquidos espessos cítricos. Solicitar
que o paciente sugue e degluta.

RECURSOS NECESSÁRIOS
• Humanos: Fonoaudiólogo, Equipe do setor, Paciente.
• Materiais/Equipamentos: Gravuras de deglutição normal e disfagia, Luvas, Estetoscópio,
Oxímetro, Colher de sopa de inox, Guardanapo, Líquidos Cítricos, Espátulas, Copos
descartáveis, Gelo, Gazes, Respiron, Bola
• Ferramentas e Instrumentos: Prontuário físico, Ficha de evolução do Atendimento
Fonoaudiológico.

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CUIDADOS ESPECIAIS
DESVIOS AÇÕES NECESSÁRIAS
• Instabilidade clínica do paciente • Aguardar a estabilidade clínica do paciente

• Ausência do paciente no leito • Retornar em outro período para nova abordagem

• Nível de consciência rebaixado-Glasgow abaixo de • Aguardar que o paciente esteja alerta


13/14

• Recusa do Paciente • Aguardar aceitação do paciente

• Paciente sonolento ou agitado • Aguardar que o paciente esteja alerta e tranqüilo

POP 015 – 03 PLANO TERAPÊUTICO FONOAUDIOLÓGICO DIRETO PARA


DISFAGIA

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Instrução e esclarecimento quanto ás alterações de deglutição e riscos relacionados,
estimulação sensorial. Utilização de manobras de proteção e posturas facilitadoras para
deglutição e modificação de dietas.

DEFINIÇÕES

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A intervenção fonoaudiológica na disfagia orofaríngea prevê que a seleção das técnicas a
serem utilizadas no programa de reabilitação seja realizada mediante a interpretação da
fisiopatologia da deglutição em cada indivíduo. Serão descritos os procedimentos disponíveis na
literatura e mais utilizados na rotina de atendimento, seja em nível ambulatorial ou beira leito.
Alguns procedimentos têm maior nível de evidência científica, outros ainda não foram testados
em estudos controlados e randomizados. Alguns só foram testados em populações específicas
não podendo generalizar seu uso para todos os pacientes com disfagia orofaríngea. Portanto cabe
ao fonoaudiólogo elencar qual abordagem realizar ( indireta /direta) ou ambas e quais
procedimentos de maior relevância para o paciente em questão.

Quadro 7 – Principais Achados na Avaliação da Deglutição

-Dificuldade de manipulação, mastigação e controle do bolo alimentar em cavidade oral.


- Acúmulo/resíduo de alimento em cavidade oral.

- Alteração da propulsão do bolo.

-Alteração da elevação hiolaríngea e proteção da laringe.

-Sinais de penetração e/ou aspiração de alimento como tosse e engasgo

- (*) Estase de alimento em valécula .

- (*) Estase de alimento em parede faríngea.

- (*) Estase de alimento em recesso piriforme.

- (*) Nota : Observado somente por exame objetivo

II - DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
• Higienizar as mãos segundo normas da CCIH
• Reunir o material e levar ao quarto - próximo ao paciente.
• Identificar-se para o paciente e/ou acompanhante.
• Explicar o procedimento ao paciente e/ou acompanhante.
• Elevar à cabeceira da cama em 90º

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• Realizar a intervenção e técnica terapêutica necessária no momento
• Relatar na ficha de evolução diária e anexar no prontuário

Quadro 8 - Objetivo Específico 6 – Esclarecer o Paciente e o Cuidador sobre as Alterações


da Deglutição e seus Riscos

Estratégia Efeito

Uso de figuras, vídeos e programas específicos para Aprendizado, conhecimento da função da deglutição
visualização e entendimento da deglutição normal x normal e dos riscos da disfagia. Aumenta a propriocepção
disfagia do sistema biomecânico da deglutição. E o envolvimento
no processo terapêutico

Quadro 9 - Objetivo Específico - 7 Redução de Estase em Valécula

Estratégia Descrição Efeito

Deglutição com esforço Solicitar que o paciente engula com O esforço aumenta os movimentos
força (fazer força em todos os posteriores de base de língua e
músculos da boca e garganta para assim, facilita a remoção do bolo
engolir alimentar da valécula

Manobra postural de queixo no Solicitar que o paciente abaixe a Evita o escape prematuro, amplia o
peito cabeça encostando o queixo o mais espaço valecular a fim de evitar a
próximo do peito, antes de engolir entrada do bolo alimentar nas vias
aéreas (VAs); coloca a epiglote em
posição que favorece a aproximação
da base da língua contra a faringe

Deglutição múltipla Solicitar que o paciente degluta Remoção dos resíduos alimentares
varias vezes consecutivas o mesmo na cavidade oral
bolo alimentar

Quadro 10 - Objetivo Específico 8 - Aumento da Movimentação e Elevação Hiolaríngea

Estratégia Descrição Efeito

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Manobra de Mendelsonhn Solicitar que o paciente eleve a Melhora a movimentação laríngea, a
laringe e mantenha elevada(posição coordenação e os tempos dos
mais alta) até o final da deglutição. eventos de deglutição; fortalece os
músculos responsáveis pela
elevação laríngea

Deglutição supraglótica Solicitar que o paciente inspire e Maximizar o fechamento das pregas
mantém, degluta e tosse, logo após a vocais e ariepiglóticas
deglutição

Deglutição super-supraglótica Solicitar que o paciente inspire, Maximizar o fechamento das pregas
mantém, degluta com esforço e vocais e ariepiglóticas
tosse logo após a deglutição

Quadro 11 - Objetivo Específico 9 - Redução da Estase Faríngea

Estratégia Descrição Efeito

Manobra de Massako Solicitar que o paciente mantenha a Aproximação da parede faríngea e


língua entre os dentes durante a base de língua
deglutição

Quadro 12 - Objetivo específico 10 - Manobras Posturais

Estratégias Descrição Efeito

Cabeça fletida para frente Solicitar que o paciente mantenha a Proteção de VAI, aumento da
cabeça fletida para baixo durante a pressão na passagem do alimento,
deglutição aumento do espaço valecular

Cabeça inclinada para trás Solicitar que o paciente incline a Auxilia a propulsão do bolo,
cabeça para trás durante a deglutição melhora a velocidade do transito
Obs. Cuidado risco de oral
broncoaspiração

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Cabeça virada para o lado ruim Solicitar que o paciente incline a Isola o lado comprometido, favorece
cabeça do lado comprometido a descida do bolo alimentar pelo
durante a deglutição lado bom, que estaria compensando
o lado ruim

Cabeça inclinada para lado bom Solicitar que o paciente incline para Facilita a descida do bolo do lado
o lado bom durante a deglutição preservado

Quadro 13 - Objetivo Específico 11 - Treino da Deglutição

Estratégias Descrição Efeito

Sucção e deglutição controlada Envolver a gaze na espátula e Aumentar a precisão e velocidade da


mergulhar em consistência líquida deglutição.
ou semi líquida com volume restrito
e solicitar que o paciente sugue e
Obs. Volume e consistência devem
degluta .
estar adequada à capacidade de cada
paciente. Evoluir gradativamente

Redução do resíduo em cavidade Após a deglutição solicitar que o Remoção do resíduo alimentar em
oral paciente movimente a língua pelos cavidade oral.
sulcos laterais e anteriores, para
recolher o alimento que permanecer
acumulado, e deglutir novamente.

Quadro 14 - Objetivo Específico 12 - Adaptação da Dieta

Estratégia Descrição Efeito da Atividade

Modificação de Consistência Modificar a consistência da dieta a Estratégias compensatórias , a fim


ser ofertada , conforme a habilidade de facilitar a dinâmica da deglutição
de deglutição segura do alimento e promover a redução das estases de
alimento, de forma a favorecer a
deglutição segura.

Modificação de volume Aumentar ou reduzir o volume do


alimento.

Modificação de modo, velocidade e Determinar o modo e utensílio


freqüência de oferta (canudo, colher etc.), velocidade de
oferta e freqüência a ser ofertada.

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RECURSOS NECESSÁRIOS
• Humanos: Fonoaudiólogo, Equipe do setor, Paciente.
• Materiais/Equipamentos:Gravuras de deglutição normal e disfagia, Luvas, Seringa 10 ml,
Estetoscópio, Oxímetro, Colher de sopa, Guardanapo, Alimento em diversas consistências,
Líquidos em diversas consistências, Espátulas, Copos descartáveis, Gelo, Gazes.
• Ferramentas e Instrumentos: Prontuário físico, Ficha de evolução do Atendimento
Fonoaudiológico.
CUIDADOS ESPECIAIS
DESVIOS AÇÕES NECESSÁRIAS
• Instabilidade clínica do paciente • Aguardar a estabilidade clínica do paciente

• Jejum para realização de procedimento • Retornar em outro período para nova abordagem

• Ausência do paciente no leito • Retornar em outro período para nova abordagem

• Nível de consciência rebaixado-Glasgow abaixo de • Aguardar que o paciente esteja alerta


13/14

• Realizar após o período de 30 minutos


• Menos de 30 minutos de colocação de SNE

• Mínimo de 48 horas de pós extubação • Realizar após o horário permitido

• Recusa do Paciente • Aguardar aceitação do paciente

• Paciente sonolento ou agitado • Aguardar que o paciente esteja alerta e tranqüilo

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POP 015-04 TESTE DO CORANTE AZUL PARA DEGLUTIÇÃO (BLUE DYE TEST)
EM PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Padronizar e avaliar a funcionalidade da deglutição de saliva em pacientes
traqueostomizados à beira leito. Verificando possibilidade de deglutir por via oral ou a aspiração
traqueal sugestivo de risco para bronco aspiração.

DEFINIÇÕES
A identificação e a administração corretas da disfagia no paciente traqueostomizados
tornam-se fundamentais. A avaliação objetiva da deglutição envolve técnicas de
videofluroscopia e nasofibroscopia. No entanto, esses métodos são caros, despendem de maior
tempo, necessitam da locomoção do paciente e expõem os mesmos a radiação e/ou desconforto.

A avaliação clinica da deglutição tem como proposta descrever a disfagia baseada na


observação de sinais clínicos e sintomas do paciente, podendo ser realizada à beira leito.

Em 1973 foi descrito um teste clínico utilizando um marcador azul na língua para a
coloração da saliva, sendo objetivo detectar aspirações em pacientes traqueostomizados por meio
da coloração das secreções provenientes da aspiração traqueal, ou seja, qualquer evidencia do
azul na aspiração através da cânula de traqueostomia seriam indicativas de que o paciente estaria
aspirando.

A partir da primeira descrição do teste, passou a ser utilizado amplamente passando a ser
misturado com líquidos e alimentos.

O Teste do Corante Azul ( Blue Dye Test), consiste em aplicar 4 gotas de corante culinário
azul (anilina) na cavidade oral do paciente em 4/4 horas por 2 dias consecutivos para analisar a
deglutição, verificando a presença ou não de aspiração traqueal. O paciente deverá deglutir após

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aplicação do corante e realizar aspiração endotraqueal imediata e ao longo do dia pela
equipe multiprofissional (fonoaudiologia, enfermagem, fisioterapeuta).

No entanto, sua acurácia também passou a ser discutida, em análise realizada por meio
de pesquisa bibliográfica, constatou a inexistência de um protocolo completo para sua utilização,
pouca variabilidade metodológica, falta de consenso sobre os aspectos considerados na avaliação

Em 1999 Brady et al publicaram um estudo no qual comparavam a videofluroscopia


(VDF) x blue dye test ( BDT) para diagnóstico de disfagia em 20 pacientes traqueostomizados.

Concluíram que 8 pacientes aspiravam pela VDF, mas apenas 4 pelo BDT ( 50% de
falso- negativo).

Portanto o resultado do teste quando negativo , não deve ser único item avaliado outros
sinais e comorbidades tendem ser preditivos de aspiração silente, causa neurológicas ,
demências, debilidade crônica , alteração da sensibilidade de laringe e uso de invasivos IOT,
TQT e SNE

CONTEÚDO ESPECÍFICO
A traqueostomia é uma técnica cirúrgica muito utilizada atualmente, tem como finalidade
promover uma via aérea artificial principalmente em pacientes críticos. Consiste em uma incisão
entre o 2º e 3º anel traqueal podendo ser temporária durante a fase aguda da doença ou
permanente.
A traqueostomia é indicada nos casos de:
- Obstruções de vias aéreas superiores
- Necessidade de ventilação mecânica prolongada
- Remoções de secreções brônquicas
- IOT >7 dias
No entanto o uso da traqueostomia causa um impacto na fisiologia da comunicação e
deglutição podendo ser esta mecânica ou funcional.

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Os pacientes traqueostomizados em sua grande maioria estiveram anteriormente
entubados.
É de conhecimento geral e científico que a entubação (IOT) prolongada pode danificar a
mucosa e a musculatura laríngea e faríngea acarretando em alterações sensoriais e motoras que
justificam desde a perda prematura do bolo alimentar. Alterações da elevação laríngea,
fechamento incorreto das pregas vocais e proteção da VA, podendo causar penetração e/ou
aspiração antes, durante e/ou após deglutição e estases alimentares.
Mas o uso de TQT pode causar algumas alterações devido à técnica cirúrgica com incisão
horizontal pode aumentar a restrição do movimento vertical da laringe no pescoço facilitando a
entrada do bolo alimentar antes/durante e após a deglutição na VA.
O cuff hiper insuflado pode comprimir a parede anterior do esôfago dificultando ou
aumentado o tempo de transito esofágico e refluxo alimentar.
Já as alterações funcionais podem destacar o desvio do fluxo aéreo para o estoma no
pescoço reduzindo a pressão e quantidade do fluxo fazendo assim a diminuição da força de
abdução das pregas vocais, ausência e diminuição da tosse protetora e a diminuição da
sensibilidade do olfato e paladar.
A diferença da temperatura do fluxo aéreo nas vias aéreas inferiores proporciona a
dessensibilização da mucosa o que pode contribuir para uma aspiração silenciosa
Após a estabilização clinica do paciente inicia-se a programação do desmame da traqueo
esta denominada decanulação, no entanto na literatura não a um consenso em qual momento
deverá acontecer, mas são elencados alguns critérios pra tentar diminuir os riscos e obter uma
decanulação satisfatória, dentre as quais:
- estabilidade hemodinâmica
- ausência ou diminuição da secreção pulmonar
- melhora do quadro respiratório
-ausência de sinais de esforços respiratórios
-Saturação de O2 adequada
- tosse eficaz
- VAS desobstruída
- Deglutição normal ou adaptada (com restrições de consistência).

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II. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
• Higienizar as mãos.
• Reunir o material e levar ao quarto - próximo ao paciente.
• Idenficar-se para o paciente e/ou acompanhante.
• Explicar o procedimento ao paciente e/ou acompanhante.
• Elevar à cabeceira do leito a 90º.
• Verificar e anotar os sinais vitais do paciente, freqüência cardíaca, freqüência respiratória
e SPO2, caso não esteja monitorado.
• Realizar aspiração endotraqueal e supra cuff.
• Desinsuflar o cuff e aspirar caso perceber secreção ou tosse imediata do paciente.
• Manter o cuff desinsuflado (caso intolerância interromper o teste e insuflar o cuff).
• Aplicar 4 gotas de anilina azul sobre o dorso da língua do paciente.
• Solicitar ao paciente para deglutir.
• Realizar aspiração endotraqueal após a deglutição.
• Observar a presença ou ausência imediata de secreção corada.
• Reaplicar o teste a cada 4 horas por dois dias consecutivos.
• Resultado: Blue Dye Test Positivo (+) presença de secreção corada de azul.
• Resultado: Blue Dye Test Negativa (-) ausência de secreção corada de azul.
• Colocar o resultado do teste na evolução do paciente e anexar no prontuário.

RECURSOS NECESSÁRIOS
• Humanos: Fonoaudiólogo, Equipe do setor, Paciente.
• Materiais/Equipamentos: Luvas, Máscara, Avental de procedimento, Copo, Anilina azul,
Seringa 3 ml, Estetoscópio, Oxímetro, Óculos de proteção, Luvas normais (estéril), Sonda para
aspiração, 1 Seringa de 3 ml, 2 Seringas de 20 ml, 1 com soro fisiológico.
• Ferramentas e Instrumentos: Prontuário físico, Ficha de Avaliação Fonoaudiológica, Ficha
de evolução do Atendimento Fonoaudiológico.

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RESULTADOS ESPERADOS

BLUE DYE TEST NEGATIVO (-): Ausência de secreção corada de azul pela cânula de
traqueostomia em nenhuma aspiração traqueal ao longo do dia sugestivo de deglutição normal
de saliva.
BLUE DYE TEST POSITIVO (+): Presença de secreção corada de azul durante aspiração
traqueal – indicativo de aspiração de saliva apresentando risco de broncoaspiração. Paciente
diagnosticado com Disfagia orofaríngea.

CUIDADOS ESPECIAIS

DESVIOS AÇÕES NECESSÁRIAS

• Instabilidade clínica do paciente • Aguardar a estabilidade clínica do paciente e


liberação do médico
• Jejum para realização de procedimento
• Retornar em outro período para nova abordagem
• Ausência do paciente no leito
• Retornar em outro período para nova abordagem
• Nível de consciência rebaixado
• Aguardar que o paciente esteja alerta
• Desconforto ao desinsuflar o cuff
• Aguardar que o paciente apresente conforto ao
desinsuflar o cuff

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Reabilitação da Deglutição
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POP 015-05 TESTE DO CORANTE AZUL MODIFICADO PARA DEGLUTIÇÃO
( BLUE DYE TEST MODIFICADO) EM PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS

I. INFORMAÇÕES GERAIS

OBJETIVOS
Padronizar e avaliar a estrutura e funcionalidade da deglutição de alimentos de
consistências e volumes variados em pacientes traqueostomizados à beira leito. Verificando
possibilidade de deglutir por via oral ou a ineficácia, como também o risco de broncoaspiração.

DEFINIÇÃO
A identificação e a administração corretas da disfagia no paciente traqueostomizados
tornam-se fundamentais. A avaliação objetiva da deglutição envolve técnicas de
videofluroscopia e nasofibroscopia. No entanto, esses métodos são caros, despendem de maior
tempo, necessitam da locomoção do paciente e expõem os mesmos a radiação e/ou desconforto.

A avaliação clinica da deglutição tem como proposta descrever a disfagia baseada na


observação de sinais clínicos e sintomas do paciente, podendo ser realizada à beira leito.

Em 1973 foi descrito um teste clínico utilizando um marcador azul na língua para a
coloração da saliva, sendo objetivo detectar aspirações em pacientes traqueostomizados por meio
da coloração das secreções provenientes da aspiração traqueal, ou seja, qualquer evidencia do
azul na aspiração através da cânula de traqueostomia seriam indicativas de que o paciente estaria
aspirando.

A partir da primeira descrição do teste, passou a ser utilizado amplamente passando a ser
misturado com líquidos e alimentos.

No entanto, sua acurácia também passou a ser discutida, em análise realizada por meio de
pesquisa bibliográfica, constatou a inexistência de um protocolo completo para sua utilização,
pouca variabilidade metodológica, falta de consenso sobre os aspectos considerados na
avaliação.

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Em 1999 Brady et al publicaram um estudo no qual comparavam a videofluroscopia
(VDF) x blue dye test ( BDT) para diagnóstico de disfagia em 20 pacientes traqueostomizados.

Concluíram que 8 pacientes aspiravam pela VDF, mas apenas 4 pelo BDT ( 50% de
falso- negativo).

Portanto o resultado do teste quando negativo , não deve ser único item avaliado outros
sinais e comorbidades tendem ser preditivos de aspiração silente, causa neurológicas ,
demências, debilidade crônica , alteração da sensibilidade de laringe e uso de invasivos IOT,
TQT e SNE.

O Teste do Corante Azul Modificado (Blue Dye Test Modificado) Consiste em aplicar
corante culinário azul (anilina) em alimentos de volumes (3 ml, 5 ml, 10 ml) e consistências
variadas (líquida, mel, néctar, pudim, sólido) em dias diferentes, para analisar a deglutição oral
ou aspiração traqueal. O paciente deverá deglutir o alimento corado de azul e realizar aspiração
endotraqueal imediata. Orientar a equipe de enfermagem e fisioterapia para monitorar a saída ou
não de secreção corada da cânula de traqueostomia no decorrer do dia.

CONTEÚDO ESPECÍFICO
A traqueostomia é uma técnica cirúrgica muito utilizada atualmente, tem como finalidade
promover uma via aérea artificial principalmente em pacientes críticos. Consiste em uma incisão
entre o 2º e 3º anel traqueal podendo ser temporária durante a fase aguda da doença ou
permanente.
A traqueostomia é indicada nos casos de obstruções de vias aéreas superiores, necessidade
de ventilação mecânica prolongada, remoções de secreções brônquicas e entubação maior que
sete dias.
No entanto o uso da traqueostomia causa um impacto na fisiologia da comunicação e
deglutição podendo ser esta mecânica ou funcional.
Os pacientes traqueostomizados em sua grande maioria estiveram anteriormente
entubados.

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A entubação (IOT) prolongada pode danificar a mucosa e a musculatura laríngea e faríngea
acarretando em alterações sensoriais e motoras que justificam desde a perda prematura do bolo
alimentar. Alterações da elevação laríngea, fechamento incorreto da pregas vocais e proteção da
VA, podendo causar penetração e/ou aspiração antes, durante e/ou após deglutição e estases
alimentares.
A restrição da elevação da laringe no pescoço devido à técnica cirúrgica com incisão
horizontal pode aumentar a restrição do movimento vertical da laringe no pescoço facilitando a
entrada do bolo alimentar antes/durante e após a deglutição na VA.
O cuff hiper insuflado pode comprimir a parede anterior do esôfago dificultando ou
aumentado o tempo de transito esofágico e refluxo alimentar.
Já as alterações funcionais podem destacar o desvio do fluxo aéreo para o estoma no
pescoço reduzindo a pressão e quantidade do fluxo fazendo assim a diminuição da força de
abdução das pregas vocais, ausência e diminuição da tosse protetora e a diminuição da
sensibilidade do olfato e paladar.
A diferença da temperatura do fluxo aéreo nas vias aéreas inferiores proporciona a
dessensibilização da mucosa o que pode contribuir para uma aspiração silenciosa.
Após a estabilização clinica do paciente inicia-se a programação do desmame da traqueo
esta denominada decanulação, no entanto na literatura não a um consenso em qual momento
deverá acontecer, mas são elencados alguns critérios pra tentar diminuir os riscos e obter uma
decanulação satisfatória. Dentre as quais:
- estabilidade hemodinâmica
- ausência ou diminuição da secreção pulmonar
- melhora do quadro respiratório
-ausência de sinais de esforços respiratórios
-Saturação de O2 adequada
- tosse eficaz
- VAS desobstruída
- deglutição normal ou adaptada (com restrições de consistência).

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II DESCRIÇÃO DAS TAREFAS

ETAPAS DO PROCEDIMENTO
• Higienizar as mãos
• Reunir o material e levar ao quarto - próximo ao paciente.
• Identificar-se para o paciente e/ou acompanhante.
• Explicar o procedimento ao paciente e/ou acompanhante.
• Elevar à cabeceira do cama a 90º
• Verificar e anotar os sinais vitais do paciente, freqüência cardíaca, freqüência respiratória
e SPO2, caso não esteja monitorado
• Realizar aspiração endotraqueal e supra cuff
• Desinsuflar o cuff e aspirar caso perceber secreção ou tosse imediata do paciente.
• Manter o cuff desinsuflado (caso intolerância interromper o teste)
• Oferecer o alimento corado de azul ao paciente
• Solicitar ao paciente para deglutir
• Realizar aspiração endotraqueal após a deglutição
• Observar a presença ou ausência imediata de secreção corada.
• Reaplicar o testes com consistências e volumes variados
• Resultado: Blue Dye Test Positivo (+) presença de secreção corada azul pela cânula de
traqueostomia
• Resultado: Blue Dye Test Negativa (-) ausência de secreção corada de azul pela cânula de
traqueostomia
• Colocar o resultado do teste na evolução do paciente e anexar no prontuário

RECURSOS NECESSÁRIOS
• Humanos: Fonoaudiólogo, Equipe do setor, Paciente.
• Materiais/Equipamentos: Luvas, Máscara, Avental de procedimento, Copo, Anilina
azul, Seringa 3 ml, Estetoscópio, Oxímetro, Óculos de proteção, Luvas normais (estéril),

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• Sonda para aspiração, Colheres de plástico, 2 Seringas de 20 ml, 1 com soro fisiológico,
Alimentos de consistências e volumes variados.
• Ferramentas e Instrumentos: Prontuário físico, Ficha de Avaliação Fonoaudiológica,
Ficha de evolução do Atendimento Fonoaudiológico.

RESULTADOS ESPERADOS

BLUE DYE TEST NEGATIVO (-): Ausência de secreção corada de azul pela cânula de
traqueostomia em nenhuma aspiração traqueal ao longo dos dias nas diversas consistências e
volumes – Sugestivo de deglutição normal. Após análise de outros dados e discussão com
médico e equipe multidisciplinar . O paciente poderá iniciar alimentação por VO monitorada.
BLUE DYE TEST POSITIVO (+) Presença de secreção corada de azul durante aspiração
traqueal em uma ou demais consistências e volumes. Indicativo de aspiração para tal(is)
consistência(s) e volume(s), apresentando risco de broncoaspiração. Paciente diagnosticado com
Disfagia orofaríngea, sem habilidade para iniciar dieta por VO.

CUIDADOS ESPECIAIS

DESVIOS AÇÕES NECESSÁRIAS


• Instabilidade clínica do paciente • Aguardar a estabilidade clínica do paciente e
• Jejum para realização de procedimento liberação do médico
• Ausência do paciente no leito • Retornar em outro período para nova
• Nível de consciência rebaixado abordagem
• Desconforto ao desinsuflar o cuff • Retornar em outro período para nova
abordagem
• Aguardar que o paciente esteja alerta
• Aguardar que o paciente apresente conforto ao
desinsuflar o cuff

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REFERENCIAIS TEÓRICOS

Andrade, CRF.; Limongi SCO & Colaboradores. Disfagia – Prática baseada em evidências.
Editora Xavier, 1ª edição, São Paulo, 2012.
Thompsom, H. Blue Dye Test Modificado 1995.

Brady, SL.; Hildner, CD.; Hutchins, BF. Simulateous videofluroscopic, swallow study and
modified evans blue dye procedure: an evalution of blue dye visualization in cases of known
aspiration. Dysphagia. 1999; 14:146 – 49.

Brandão, AP.; et al. Implicações da traqueostomia na comunicação e na deglutição.Rev. Bras.


Cir. Cabeça Pescoço, V38, nº 3 p.202 -207, julho/agosto/setembro 2009.

Cameron, J.; Reynolds, J.; Zuidema, G. Aspiration in patients with tracheotomies . Surg Gynecol
Obstet. !973; 136:68-70.

Devivitis, RA.; Santoro, PP.; Sugueno, LA. Manual Prático de Disfagia – diagnóstico e
tratamento Editora Revinter Ed.2017.
Jacobi, JS.; Levy, DS.; Silva, LMC. Disfagia Avaliação e Tratamento 1º Ed. Rio de Janeiro.
Editora Revinter, 2003.

Queirós A.et al Contributo para Adaptação e Validação da Eat Assessment Tool (EAT 10)
e da Functional Oral Intake Scale (FOIS) Rev Soc. Portuguesa de Medicina Física e Reab.
Vol./24/ nº 2 / 2013

Macedo, F.; Gomes, GF.; Furkim, AM. Manual de cuidados do paciente com disfagia. São
Paulo: Lovise, 2000.

Marques, V. Disfagia diagnostico, grau de severidade e escolha da melhor via de alimentação.


http://www.vivianemarques.com.br.
Padovani, AR.; Moraes, DP.; Mangili, LD., Andrade, CRF. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol.
2007; 12(3):199-205.

Planos Terapêuticos Fonoaudiológicos ( PTFS) – Editora Pró – Fono ed.2012.

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EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH
HOSPITAL UNIVERITÁRIO MARIA APARECIDA PEDROSSIAN
Avenida Senador Filinto Muller, 355
Cidade Universitária, Vila Ipiranga | CEP: 79080-190 | Campo Grande-MS|
Telefone: (67) 3345-3000 | Site: www. ebserh.gov.br

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