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Profª Rosimeire Areias

 A análise de amostras de urina para fins


diagnósticos já era realizada em 1000 AC por
sacerdotes egípcios que utilizavam amostras de
urina para realizar um procedimento que pode ser
considerado como o primeiro teste diagnóstico
descrito na literatura.

 O teste tinha como objetivo não apenas confirmar


a gravidez, mas também identificar o sexo do feto
e consistia em derramar urina recém emitida sobre
uma mistura de sementes de cereais. Caso as
sementes germinassem o teste era considerado
positivo para gravidez, e dependendo do tipo de
sementes que germinava seria possível prever o
sexo do feto (Lines, 1977).
 1000 AC amostras de urina (diagnósticos)

 Objetivo confirmar a gravidez, identificar o


sexo do feto) derramar urina recém emitida sobre uma
mistura de sementes de cereais.

 (460-370 AC) Hipócrates Uroscopia (observação


) composição da urina durante o curso de estados febris
verificados em crianças e adultos.

 Análise observação de diferenças na cor, no


odor e no aspecto do sedimento das amostras de urina.
 No final do século VI e início do século VII
Teophilus de Constantinopla escreveu um texto
de urologia cujo objetivo foi preencher lacunas
deixadas por Hipócrates e Galeno. Ele
considerou as interpretações e os trabalhos
destes e de outros inadequados, escrevendo è
necessário procurar uma doutrina diferente e
não examinar em vão as coisas como imaginadas
por eles, e não levar em consideração opiniões e
fatos que são duvidosas”. Em “A Urina” ele não
apenas define pela primeira vez urina como um
filtrado do sangue e como ela é formada, mas
introduziu inovações instrutivas que
transformaram a uroscopia em uma ferramenta
diagnóstica de doenças.
 Entre as inovações introduzidas podemos
ressaltar: a) a descrição da cor da urina
baseado em espectro utilizando dez
tonalidades cromáticas que foram
divididas em duas categorias (fina e
espessa);
 b) a dedicação de capítulos específicos a
varias partículas sólidas divididas por
aspecto e cinco cores,sedimento normal e
aspecto turvo.
 Nó século XVI um pequeno grupo de cientistas
liderados por Theophrastus Bombastus Von
Hohenheim, conhecido como Paracelso (1493-
1541) insistia em não apenas olhar para a
amostra de urina, queria obter mais informações
da urina e desenvolveram novos métodos para
verificar o que ela continha. Alguns destes
métodos se mostraram úteis, como quando
adicionou vinagre a algumas amostras de urina e
verificou a precipitação de proteínas (Pagel,
1962). Assim este grupo iniciou o que
denominamos atualmente de exame químico da
urina.
O exame de urina sofreu evoluções ao longo
da história.
 No século XX, entre os cientistas que mais
contribuíram para a evolução do exame de
urina esta Thomas Addis (1881 a 1949) e o
brasileiro Sylvio Soares de Almeida com seu
estudo publicado na Revista do Hosptital das
Clínicas, em 1961, com título “Estudos sobre
infecções urinárias não específicas”.
 Atualmente a realização do exame de urina inclui
a análise macroscópica (cor, espuma e
transparência), o exame físico (densidade), o
exame químico (pH, proteínas, glicose,
hemoglobina, cetonas, bilirrubina, urobilinogênio,
nitrito, esterase de leucócitos) e o exame
microscópico (células, leucócitos, hemácias,
cilindros, cristais, bactérias, etc.). Mas a
padronização de sua realização, apesar de existir
em diferentes países, inclusive no Brasil,
apresenta diferenças significativas (European
Urinalysis Guideline, 2000; NCCLS, 2001; ABNT
NBR 15268, 2005).
A solicitação de sua realização inclui razões como:
 a) auxiliar no diagnóstico de doenças;
 b) realizar triagem de populações para doenças
assintomáticas, congênitas, ou hereditárias;
 c) monitorar a progressão de doenças;
 d) monitorar a efetividade ou complicação da terapia
e,
 e) realizar a triagem de trabalhadores de indústrias
para doenças adquiridas (NCCLS, 2001).
 O exame de urina constitui ferramenta importante no: a)
diagnóstico e acompanhamento de infecções do trato
urinário;

 b) diagnóstico e acompanhamento de doenças não


infecciosas do trato urinário;

 c) detecção de glicosúria de grupos de pacientes


admitidos em hospitais em condição de emergência;

 d) controle de pacientes diabéticos e

 e) acompanhamento de pacientes com determinadas


alterações metabólicas como vômitos, diarréia, acidose,
alcalose, cetose ou litíase renal recorrente (European
Urinalysis Guideline, 2000; NCCLS, 2001).
O trato urinário é constituído de dois rins e dois
ureteres, da bexiga e da uretra. A unidade
funcional do rim onde a urina é formada é
denominada de néfron. Depois de formada, a
urina segue pelos ureteres até a bexiga, onde
ela é armazenada até ser eliminada através da
uretra (Figura 1).
 O rim de um indivíduo adulto pesa, mais ou menos, 150g,
tem a forma de feijão e mede, aproximadamente, 12 cm
de comprimento, 6 cm de largura e 2,5cm de espessura.

 Na parte côncava do rim se localiza o hilo por onde os


nervos, vasos sangüíneos e linfáticos entram e saem e é
por onde sai o ureter que conecta cada rim a bexiga.

 O rim pode, ainda ,ser dividido em três regiões, córtex,


medula e pelve. Cada rim contém, aproximadamente,
1.200.000 néfrons.
 Na realização do exame de urina vários tipos de amostras
poderão ser utilizados, mas é importante ressaltar que
cada uma apresenta características próprias e que os
resultados, a partir delas obtidos podem ser distintos.

 Contudo, independente do tipo de amostra, para que o


resultado do exame de urina possa ser corretamente
interpretado, tanto o horário de coleta da amostra
quanto o horário de realização do exame deve ser
anotado e constar do resultado emitido.
 Para a realização do exame de urina, a
amostra considerada padrão ou mais
adequada é a denominada comumente de
primeira amostra da manhã.
 Esta amostra deve ser colhida imediatamente
após acordar, pela manhã, em jejum e antes
de realizar qualquer atividade. É
recomendado, ainda que esta amostra seja
colhida após oito horas de repouso e, pelo
menos quatro horas após a última micção.
 A primeira amostra da manhã é considerada como amostra padrão para a
realização do exame de urina porque ela é mais concentrada que as outras
amostras e porque nesta amostra se verifica maior crescimento das bactérias
eventualmente presentes na bexiga, assim o resultado da analise realizada
reflete melhor as condições do paciente.

 Embora esta amostra seja considerada padrão, ela geralmente não é a


utilizada nos laboratórios tendo em vista o tempo e as condições de transporte
da mesma até o laboratório.

 A utilização da primeira amostra da manhã para a realização do exame de


urina se tem mostrado mais viável apenas de pacientes hospitalizados.

 Segunda amostra da manhã. Esta amostra pode ser obtida com mais facilidade
no laboratório que a primeira amostra da manhã.

 Esta amostra deve ser colhida de duas a quatro horas após a primeira micção
do dia. É importante lembrar que sua composição pode ser influenciada pela
ingestão de alimentos e líquidos no desjejum.
 Com o objetivo de aumentar a concentração de eventuais bactérias presentes
na bexiga pode-se recomendar a restrição de ingestão de líquido após as 22:0
horas. A segunda amostra da manhã é a amostra mais utilizada pelos
laboratórios.
 bastante utilizada nos laboratórios para realização do
exame de urina é a amostra randômica.

 Esta amostra é colhida a qualquer momento do dia sendo


recomendável que o intervalo de tempo entre a última
micção e a coleta da amostra seja de pelo menos duas
horas.
 A composição pode é, certamente, influenciada pelos
alimentos e líquidos ingeridos durante o dia.

 A utilização da amostra randômica é inevitável em


situação de emergência e urgência, freqüentes em
ambiente hospitalar. Entretanto, a utilização da amostra
randômica realização do exame de urina deve considerar
a elevada possibilidade de resultados falsos negativos
assim como resultados falsos positivos dentre os
constituintes avaliados na realização do exame.
 Além das amostras de urina acima descritas, outras
formas de colheita podem ser utilizadas, dependendo das
condições e da idade dos(as) pacientes a serem obtidas as
amostras de urina, como por exemplo: inserção de
cateter; aspiração suprapúbica e sacos coletores.
 Em crianças que ainda não apresentam controle urinário
a obtenção de amostra de urina através da inserção de
cateter de cateter estéril, especificamente, para este
fim. Esta forma de coleta de amostra é relativamente
invasiva e deve ser obtida por profissional específico.

 A coleta a partir de cateter pode ser obtida através de


punção estéril de cateter permanente introduzido no(a)
paciente. Neste caso a amostra, jamais deve ser obtida a
partir da bolsa coletora.
 Em vista desta dificuldade, geralmente, a coleta de
amostra de urina de crianças que ainda não
apresentam controle urinário se dá através da
utilização de sacos coletores específicos disponíveis
no mercado.

 Paraobtenção da amostra através de sacos coletores,


é necessária a higiene prévia dos órgãos genitais para
posterior aplicação do saco coletor específico.

 Após aplicar o saco coletor se deve freqüentemente,


verificar se a criança urinou. Contudo, apesar de
todo cuidado o saco coletor deve ser trocado se após
uma hora a criança não urinou.
 Contudo, apesar de todo cuidado o saco coletor deve
ser trocado se após uma hora a criança não urinou.
Esta amostra obtida conforme recomendado,
freqüentemente, apresenta elevada contaminação
com células epiteliais.

 No caso de o saco coletor permanecer por mais de


uma hora e a amostra for colhida depois deste tempo
a possibilidade de contaminação maior da amostra é
elevada, a ponto de comprometer a confiabilidade
do resultado do exame de urina.
 Outra possibilidade de obtenção da amostra de urina
é através aspiração suprapúbica após punção
realizada por profissional médico. Procedimentos de
assepsia são indispensáveis para a obtenção da
amostra deste modo.

 Para a obtenção da amostra de urina por punção


suprapúbica a bexiga deve estar cheia e a punção
ser realizada 1 centímetro acima do osso pubiano.
Como em condições normais esta amostra é estéril,
esta forma de coleta apresenta como grande
vantagem a confiabilidade do resultado que indique
a presença infecções do trato urinário ou de outros
distúrbios do trato urinário.
 3.1.1 FRASCOS PARA COLETA DE AMOSTRAS DE URINA
 O frasco a ser utilizado para colheita de urina deve ser translúcido
(Figura 2) e rigorosamente limpo e fornecido pelo laboratório. Para
a realização do exame de urina não é necessário que o frasco seja
estéril.
 Entretanto, quando a requisição inclui a realização de cultura de
urina é imprescindível que o frasco seja estéril e de preferência que
Os frascos devem, segundo European Urinalysis Guideline (2000),
ter a capacidade de armazenar de 50 a 100ml e abertura de no
mínimo 5 cm de diâmetro a fim de facilitar a colheita de amostra
de urina tanto para pacientes do sexo masculino como pacientes do
sexo feminino.

 È recomendado também que o frasco tenha base ampla, de forma


que seja difícil que o mesmo vire acidentalmente. Os frascos devem
estar livres de contaminação com substâncias interferentes. A
reutilização de frascos para colheita de amostras de urina eleva o
em muito o risco de contaminação com substâncias interferentes.
 A preparação do paciente e a colheita da amostra de urina
constituem de fato a primeira fase do exame de urina.

 O paciente deve ser, primeiramente, informado de que para a


realização do exame solicitado, uma amostra de urina deve ser
colhida.
 Em seguida o paciente deve ser orientado sobre como se
procede a coleta da amostra de urina para o exame solicitado.
Esta orientação é importante para que o resultado da análise
de urina a ser realizada permita a interpretação confiável que
reflita as reais condições do trato urinário do(a) paciente.

 As orientações ao(a) paciente devem ser fornecidas oralmente


e por escrito, sendo estas, sempre, acompanhadas de material
ilustrativo para facilitar a compreensão do(as) mesmo(a).
 A orientação e preparação adequadas dos pacientes,
principalmente quando do sexo feminino, não se
constitui, na prática diária, em procedimento dos
mais simples. Por isto, frequentemente no
deparamos com amostras de urina inadequadamente
colhidas, que apresentam características de
contaminação com fluxo vaginal.

 No caso do sexo feminino as pacientes devem ser


orientadas a lavarem cuidadosamente as mãos e
após enxaguá-las, afastar os lábios vaginais e lavar
os órgãos genitais externos em torno da uretra com
água e secar com lenços de papel ou limpar com
lenços de higiene. Após esta higiene os lábios
vaginais devem ser mantidos afastados até a micção
e durante a mesma.
 A primeira parte jato da micção deve ser desprezada,
após deve-se colher, aproximadamente, 50 mililitros e
desprezar o restante. As pacientes, devem colher a
amostra de urina imediatamente após realizar a higiene,
sem se levantar do vaso para isto, caso contrario o
procedimento de higiene deve ser repetido.

 O rigor necessário na higiene dos órgãos genitais externos


torna o êxito do procedimento de coleta difícil de ser
alcançado.

 Como alternativa para o procedimento de higiene no caso


de pacientes do sexo feminino se pode recomendar que
esta proceda a colheita da urina, após lavar bem as
mãos, com os dedos indicado e médio afastar bem os
grandes lábios vaginais e com leve pressão promover a
retificação da uretra feminina, que normalmente
apresenta uma curva descendente de aproximadamente
45°.
 Os pacientes do sexo masculino devem ser
orientados a lavarem cuidadosamente as mãos e
após enxaguá-las, retrair o prepúcio, se existente,
para permitir cuidadosa lavagem da glande
peniana, apenas com água ou então realizar a
limpeza desta com lenços de higiene.

 Após esta higiene, sem permitir que o prepúcio


volte a cobrir a glande peniana, deve ser realizada
a coleta desprezando a primeira parte jato da
micção, recolhendo no frasco fornecido pelo
laboratório, aproximadamente, 50 mililitros e
desprezando o restante da urina desta micção.
 Com relação ao volume da amostra é importante
considerar que pacientes que apresentam
distúrbios do trato urinário podem emitir
diariamente apenas reduzido volume de urina, de
modo que o volume total de uma micção seja até
mesmo inferior a 10 mililitros.

 Nestes casos as amostras de urina devem ser


analisadas com qualquer que seja o volume de
amostra obtido.

 Depois de colhida a amostra deve ser anotada pelo


laboratório o tipo de amostra que foi obtida, o
horário de sua obtenção que dever ser informado
ao médico requisitante, juntamente com o
resultado da análise realizada.
 No caso de pacientes de ambulatório, não deve ser
permitida a colheita da amostra de urina fora das
dependências do mesmo tendo em vista não se dispor
de garantia da hora de realização da mesma.

 Se o laboratório estiver impedido de realizar o exame


de urina no período uma hora após colheita da amostra,
esta pode, excepcionalmente, ser mantida sob
refrigeração entre 4 a 8° centígrados por até 8 horas,
entretanto devem ser observados os cuidados relativos
às possíveis alterações decorrentes deste procedimento
que serão abordados no exame químico e no exame
microscópico.

 No caso de a amostra ser conservada sob refrigeração


conforme, conforme descrito acima, o fato deve ser
comunicado ao medico requisitante do exame.
 As amostras de “urina” devem ser cuidadosamente
analisadas, sob todos os aspectos, pois diversos
líquidos apresentam características físicas similares
às da urina e também reagem com as tiras
reagentes.

 A preparação e orientação do(a) paciente para a


realização do exame de urina deve,
preferencialmente incluir questões como hábitos
alimentares e medicação de utilizada pelo
paciente, pois juntamente com a orientação
quanto aos procedimentos relativos à higiene
íntima e a colheita da amostra estas informações
podem ser úteis na interpretação e na
confiabilidade dos resultados.

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