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LE GOFF, Jacques. As Raízes medievais da Europa.

Petropólis: Vozes,
2007.
Rebeca Leal Silva

“[...] A Idade Média foi, particularmente pela noção de renascença, mas também, de
maneira mais difusa, um barqueiro da antiguidade. Apesar dos grandes progressos
recentes da pré-história, seria preciso, para dizer o que a Idade Média transmitiu da
herança pré-histórica, uma pesquisa para a qual não tenho nem a competência nem o
espaço neste ensaio [...]” (p.19).
“[...]É preciso não esquecer que a primeira dessas heranças é a da geografia. Convém
lembrar os dados da geografia que serão impostos aos homens e as mulheres da Idade
Média, mas do quais tirarão partido de uma maneira que beneficiara a Europa [...]” (p.20).
A herança antiga
“O contraste entre oriente e ocidente (com o qual se confunde a Europa) incarna para os
gregos o conflito fundamental das civilizações. [...] . portanto, a Grécia antiga deixou uma
herança dupla para a Europa, a da oposição ao oriente, á Ásia, e a do modelo democrático.
A Idade Média ignorou o modelo democrático que só voltará sob formas melhoradas na
Europa com a revolução Francesa [...]” (p.21-22).
“[...]A primeira é a herança grega. Lega Idade Média a pessoa do herói que, como se verá
se cristianiza ao se tornar um mártir e um santo; o humanismo, também modificado pelo
cristianismo, embora no século XII se fale de socratismo cristão; o edifício religioso, que
de templo se se torna igreja, seja após a destruição, seja após o reemprego; o vinho que,
através dos romanos, se torna a bebida da aristocracia e o liquido sagrado da liturgia
cristã.[...]” p.23
“A herança romana é muito mais rica. E a Europa Medieval saiu diretamente do Império
Romano. A primeira herança capital é a língua, veículo de civilização. [...]” (p.24).
“[...] ver-se-á que a Idade Média foi uma época de intensa criação do direito e, nessa
elaboração jurídica, a herança e o renascimento do direito romano tiveram evidentemente
um lugar importante. [...] (p.25)”.
“[...]É preciso também mencionar uma herança que se difundiu, na Idade Média, de
maneira, mas discreta e, às vezes, inconsciente. É a ideologia tri funcional indo-europeia
cuja grande difusão desde tempos muito antigos Georges Dumézil mostrou. Entre os
séculos IX e XI, um certo número de autores cristãos, herdeiros dessa concepção,
descrevem todo tipo de sociedade, particularmente aquela na qual vivem, como a reunião
de homens especializados nas três funções necessárias para o bom funcionamento de uma
sociedade. [...] (p.26)”
“[...]Enfim, uma última herança, que tem importância capital, é a herança bíblica. Este
patrimônio é transmitido aos medievais não pelos judeus, dos quais os cristãos se afastam
cada vez mais depressa, mas pelos cristãos dos primeiros séculos, e a herança do Antigo
Testamento, apesar do reforço dos sentimentos antijudeus, permanece até o fim da Idade
Média como um dos elementos mais fortes e mais ricos não somente da religião,mas do
conjunto da cultura medieval.[...]” p.27

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