Sérgio Damasceno Cem Anos de Solidão (Editora Record, 2001 - 394 páginas) do colombiano Gabriel García Márques trata o romance da família Buendía durante um século num cenário que remete aos acontecimentos históricos da América Espanhola.
O desenrolar da obra perpassa por acontecimentos históricos da
Colômbia tendo como fio condutor a história de José Arcadio Buendía e sua descendência. Ele é um homem ambicioso, casado com sua prima Úrsula, mas amedrontado por causa da consanguinidade o casal foge da aldeia. Num lugar distante, ele funda Macondo, uma cidade isolada do mundo. Por diversas gerações a história da família é contada, são mostrados os encontros e desencontros até que o último descendente morre, há uma sucessão de acontecimentos similares com os personagens em cada geração, que perdura por um século.
O autor rompe com o tradicional e não usa só um protagonista em
sua história, mas vários. Pois, toda a família Buendía bem como alguns amigos, Pilar Ternera, representam o “pluriprotagonismo” na trama. Sua linguagem usa de metáfora e alegorias, o que provoca inúmeras interpretações. Apresenta também uma gama de valores e questões a ser debatidas, originadas dos conflitos que constituem a relação entre o indivíduo e a sociedade, entre o espaço privado e o público, e a construção dos gêneros masculino e feminino, através destas relações.
Na obra, o recurso estilístico usado é o Realismo Fantástico,
demonstrando um grande apelo popular, e uma riqueza de símbolos. Cem anos não condizem com a contagem cronológica do tempo. O que leva a considerar que, antes de ser um romance fantasioso, mergulha na obscuridade emocional do ser humano, em sua natureza mais primitiva.