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Portugal de Sabores & Tradições

ÍNDICE

4 Em viagem
Viajar pela Beira Litoral e encontrar
quatro concelhos: Sever do Vouga,
Figueira da Foz, Pombal e Alvaiázere

10 Venha descobrir
À descoberta dos produtos tradicionais
da região e de locais que tem de visitar

22 Roteiro Gastronómico
Estatuto Editorial Saiba onde pode provar a melhor
revista Portugal de gastronomia da região
Sabores & Tradições Ficha Técnica
24 Onde Ficar
1. É um projeto profissional de infor- Sede do editor e sede de redação Está de passagem pela Beira Litoral?
mação que visa promover e valorizar a Rua Carneiro Pacheco, nº33 Pode pernoitar no Dom Gonçalo, no
gastronomia e os produtos das regiões CC Carneiro Pacheco, piso 3, sala 3 Duecitânia Design Hotel ou no Hotel
e os seus saberes e tradições. 4780-446 Santo Tirso Villa Batalha

2. Pretende informar sobre a rique- Proprietário 27 Sinta-se bem


za gastronómica das regiões e sobre News Mind - Edições Unipessoal, Lda Um espaço onde pode relaxar o corpo e
as suas potencialidades competitivas a mente
como fator de desenvolvimento eco- Diretor/Editor: Sérgio Dinis
nómico, social e cultural. Redação: Rita Pereira 28 Nós selecionamos
Paginação e Ilustração: Sílvia Faria Nesta edição descubra mais sobre a
3. É uma publicação trimestral indepen- Fotografias: cedidas por parceiros produção de cereais em Portugal
dente, sem qualquer dependência de na-
tureza política, ideológica e económica. Produção: 34 Esteja informado
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2 Portugal de Sabores & Tradições 3


© Salgueiro
EM VIAGEM PELA
BEIRA LITORAL
Ocupando uma ampla faixa litoral do centro do país, a Beira Li- rias praias que pautam a faixa costeira,
toral integra 38 concelhos dos distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria nomeadamente as praias de Buarcos
e Santarém, numa área total de cerca de 7600 quilómetros qua- e Quiaios, na Figueira da Foz, a praia
da Barra, na Gafanha da Nazaré, a
drados. Banhada pelo oceano Atlântico, esta região afirma-se pelas
praia de Cortegaça, em Ovar, a praia
belas praias, pelas paisagens verdejantes, pela gastronomia de mar da Tocha, em Cantanhede, e a praia do
e terra e por um rico património edificado. Osso da Baleia, em Pombal. O azul das
águas contrasta com o verde das serras, A riqueza das tradições
Percorrer a Beira Litoral é descobrir O azul e o verde como por exemplo da Serra da Lou- O Fado de Coimbra, ligado às tradi-
a transparência do azul dos rios Vou- As paisagens naturais da região revelam sã, do Açor, do Buçaco e do Rabaçal, ções académicas da universidade, é o
ga e Mondego e do oceano Atlântico, a harmonia entre rios de um verde-es- mas também das reservas naturais que, principal marco musical desta região.
encontrar a grandeza das verdejantes meralda e azul-topázio e mares de azul- nesta região, são a Reserva Natural do As tradições da Beira Litoral incluem
serras e montanhas e conhecer um ter- safira. Dois grandes rios atravessam a Paul de Arzila, em Coimbra, e a Reser- ainda a arte xávega, que surge da li-
ritório que tem tanto de diverso como Beira Litoral: Mondego, que nasce no va Natural das Dunas de S. Jacinto. gação ao mar. Esta forma tradicional
de rico. Cada vez mais procurada por coração da Beira Alta, passa por Coim- de pesca, que só existe em Portugal,
turistas, a Beira Litoral é uma região bra e Montemor-o-Velho e desagua na O património histórico foi recentemente inscrita no Inventá-
que oferece património internacio- Figueira da Foz; e o Vouga, que da Serra A riqueza histórica da Beira Alta é um rio Nacional do Património Cultural
nalmente distinguido pela UNESCO, da Lapa desce para as planuras de Avei- dos seus principais atrativos. Castelos, Imaterial. Além da arte xávega, tam-
festividades e romarias cheias de luz e ro, dando origem a essa vasta formação mosteiros, monumentos cheios de his- bém a exploração de sal é uma ativi-
cor, saborosa gastronomia que acon- lagunar, fluvial e marítima que é a Ria, tória e arquitetura são transversais à re- dade com forte impacto económico.
chega o estômago e produtos típicos um dos elementos identificativos da pai- gião. Ansião, Condeixa-a-Nova, Coim- As festas e romarias, numa mistura de
certificados. Embarque connosco nes- sagem. Delimitada pelo oceano Atlânti- bra, Figueira da Foz, Lousã, Miranda cor, luzes e religião, são pontos altos
ta viagem e conheça as características co, a Beira Litoral é marcada pelas vá- do Corvo, Montemor-o-Velho, Penela, da Beira Litoral, com destaque para o
únicas da Beira Litoral. Pombal e Soure são concelhos unidos Carnaval de Ílhavo, Ovar e Estarreja,
pelos seus castelos e muralhas – Caste- os Grandiosos Festejos em Honra de
los e Muralhas do Mondego. A Torre e o Santa Isabel de Portugal, em Coimbra,
Forte de Buarcos e os castelos de Lousã, as Procissões de Nossa Senhora do
Montemor-o-Velho, Germanelo, Pom- Rosário de Fátima, a 12 e 13 de maio picos é o arroz de tomate, feito com candidatura conjunta com Espanha,
bal e Soure são locais a não perder. O e outubro, e o AgitÁgueda, o festival arroz carolino do Baixo Mondego. A integrarem a lista indicativa. O Mos-
património edificado religioso é um dos cultural de Águeda. acompanhar a refeição, experimente teiro da Batalha é um dos principais
pontos fortes, em que se destaca o Mos- os vinhos da Bairrada, região com ícones arquitetónicos da região, ten-
teiro da Batalha, o Santuário de Fátima, As delícias e sabores classificação DOC, o vinho espuman- do sido mandado edificar em 1386
em Ourém, a Sé Velha de Coimbra, em Doçaria, suculentas carnes, frutas, te e o vinho medieval de Ourém. No por D. João I como agradecimento
estilo românico, o Mosteiro de Lorvão, vinhos de qualidade, peixes do rio e entanto, os doces são o grande ex-li- à Virgem Maria pela vitória na Ba-
em Penacova, a Sé Catedral de Leiria e o do mar… Na Beira Litoral uma re- bris, nomeadamente os ovos moles, talha de Aljubarrota. Esta obra de
Santuário do Senhor Jesus dos Milagres, feição pode ter um pouco de tudo servidos em barricas pintadas à mão, arte arquitetónica em estilo gótico é
em Leiria. Do passado histórico da Bei- e o difícil será escolher. O mirtilo o pastel de Tentúgal, o pão-de-ló de Património da Humanidade desde 7
ra Litoral restam vestígios importantes é uma das frutas típicas, nomeada- Ovar, o arroz doce, as tripas de Avei- de julho de 2007. A Universidade de
como Conímbriga, a Villa Romana do mente em Sever do Vouga, a Capital ro e as brisas do Lis. Coimbra – Alta e Sofia é um conjunto
Rabaçal e o Castellum de Alcabideque. do Mirtilo. A proximidade com mar histórico-cultural classificado como
Outra das mais-valias patrimoniais, e rio favorece os pratos de peixe, em O Património da Humanidade Património Mundial da UNESCO
mas também turísticas e medicinais da que a caldeirada de enguia, a sardi- O Mosteiro da Batalha e a Universi- em 2013, albergando quatro fregue-
Beira Litoral, são as Termas da Curia e nha, o marisco e o bacalhau são as dade de Coimbra – Alta e Sofia são os sias do centro histórico de Coimbra.
do Vale da Mó, em Anadia, as Termas principais estrelas. No entanto, tam- dois locais da Beira Litoral distingui- A universidade, criada a 1 de março
do Luso, na Mealhada, e as Termas de bém poderá experimentar o sabo- dos pela UNESCO como Património de 1290 por D. Dinis, é uma das mais
Monte Real, em Leiria. Em Góis, Lousã, roso leitão da Bairrada, os buchos da Humanidade, apesar de a Mata antigas do mundo em funcionamen-
Miranda do Corvo, Pedrógão Grande e recheados, a chanfana de borrego e das Carmelitas Descalças, na Serra to, sendo que a sua imagem de marca
Penela, a paisagem é marcada pelo xisto, a Carne Marinhoa, certificada pela do Buçaco, e os Icnitos de Dinos- é a Torre, da autoria do italiano An-
com aldeias de uma beleza única. União Europeia. Um dos pratos tí- sauros de Ourém e Sesimbra, numa tónio Canevari.

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sever Figueira
do vouga da foz
Conjuga o melhor da serra e do rio e combina o azul das águas A segunda maior cidade do distrito de Coimbra é uma verda-
com o verde das montanhas. Sever do Vouga é um concelho do deira estância balnear secular procurada anualmente por mi-
litoral que tem todas as características do interior e apresenta- lhares de turistas de várias nacionalidades. Com 12 quilóme-
-se como um destino de excelência para quem quer desfrutar tros de praia, a Figueira da Foz é também conhecida como "A
da tranquilidade e do sossego. Em Sever do Vouga, o mirtilo é Rainha das Praias de Portugal" e tem neste património natural
o produto de excelência. o maior ex-libris do concelho.
Descobrir as sete freguesias do con- lítico, sem esquecer a arte rupestre da No litoral atlântico, junto à foz do Mondego, o Parque das Abadias, a
celho de Sever do Vouga é percorrer Pedra “Forno dos Mouros”, a estrada Mondego, a Figueira da Foz é um dos Marina e as Lagoas do Bom Suces-
paisagens e locais que a natureza romana na Ereira e a Ponte do Poço centros turísticos mais importantes so complementam a oferta turística,
oferece e que as gentes locais preser- de Santiago, considerada a mais alta do país, afirmando-se pelo enorme proporcionando experiências de eco-
vam. A vertente natural é a principal ponte de pedra do país, com mais de areal, pela animada vida noturna e turismo. As características naturais
mais-valia deste concelho do distrito 28 metros de altura, cuja construção pelo facto de ter o casino mais anti- do concelho favorecem a prática de
de Aveiro, que tem surpresas paisa- remonta ao ano de 1913. go da Península Ibérica, o Casino Fi- desportos de natureza, quer seja tri-
gísticas que encantam quem visita. gueira, inaugurado em 1884. Durante lhos e percursos pedestres ou BTT,
As cascatas da Cabreia, da Fílveda Se passar por Sever do Vouga, apro- o período de verão, a Figueira da Foz passando por windsurf, vela, remo
ou da Agualva, bem como a Praia veite para experimentar alguns dos enche-se de turistas que aproveitam a ou bodyboard.
Fluvial da Quinta do Barco e os pratos típicos. Dos afamados pratos qualidade das várias praias do conce-
parques do Cortez e do Areeiro são regionais destacam-se a vitela assada, lho, que se estendem ao longo de 12 À oferta natural junta-se também uma
locais a visitar. Graças ao relevo aci- a lampreia em arroz, os rojões com quilómetros. Aqui, o difícil é escolher: importante oferta cultural, em que se
dentado, os miradouros da Serra do grelos e várias iguarias de peixes do praias com rochas e pequenas pisci- destaca a coleção de Azulejos de Delft
Arestal, a 850 metros de altitude, e rio. No entanto, a principal imagem nas naturais, com areia fina e macia da Casa do Paço, a maior existente na
o miradouro da Serra das Talhadas, de marca deste concelho é o mirtilo. ou com ondas de adrenalina. Um dos Europa, com mais de sete mil azulejos
a 680 metros de altitude, permitem Nesta que é a Capital do Mirtilo, a eternos encantos é a Praia da Clari- diferentes. A Fortaleza de Buarcos, na
observar panorâmicas que se esten- produção do fruto começou em 1990 dade, detentora de uma luminosidade freguesia com o mesmo nome, é um
dem até ao mar. pelas mãos de uma empresa holande- única e de um vasto areal que, desde o dos locais icónicos da Figueira da Foz.
sa que soube aproveitar o microclima final do século XIX, era o preferido da
Mas as características naturais de equilibrado. O mirtilo, que rapida- classe aristocrática. Na gastronomia, os sabores são o re-
Sever do Vouga combinam-se com o mente se tornou uma referência a par flexo da memória coletiva, dos cos-
valioso património histórico que re- da laranja, pode ser consumido na- Além das praias, na Figueira da Foz tumes e das atividades económicas,
vela a presença de povos antigos. Os tural ou em compota ou licor. Todos existem múltiplos espaços verdes que sendo que a base principal é o peixe
dólmens da Cerqueira, do Chão Re- os anos, Sever do Vouga organiza a convidam a agradáveis passeios ou a e o marisco. As sobremesas, como as
dondo e da Capela dos Mouros são Feira do Mirtilo, um dos principais momentos mais radicais. A Serra da brisas e as papas de moado, também
exemplares de monumentos do Neo- eventos da região. Boa Viagem, onde se localiza o Cabo fazem as delícias dos visitantes.

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Pombal
Em Pombal, o cenário montanhoso da Serra de Sicó contrasta com
Alvaiázere
Dizem os locais que Alvaiázere é natureza, povo vivo e as suas
a leveza da praia do Osso da Baleia. Neste concelho da Beira Lito- vivências. Inserido nas Terras de Sicó, o concelho de Alvaiázere
ral, o património edificado e a zona histórica remetem para tem- assume-se como um território em que o verde e as tradições se
pos antigos, transportando os visitantes a outras épocas. Na gas- conjugam, sendo evidente a riqueza do património paisagístico,
tronomia, o destaque é a doçaria de influência conventual, como as potencialidades dos produtos locais e a presença dos sinais
os Biscoitos do Louriçal. do passado.

Do mar à serra, no centro litoral do bal, ideia errónea, ou que apenas mor- Alvaiázere deve as suas origens a visitar, destaque para o Complexo
país, as paisagens naturais, as histórias reu nesta cidade. Desta época, Pombal aos árabes que, quando se apode- Megalítico do Ramalhal, para o po-
e as tradições são as principais mais-va- mantém memórias materializadas em raram do território, o batizaram de voado da Idade do Bronze na Serra
lias de Pombal, que se complementam monumentos que se agregam em torno Al-bai-zir ou Alva-Varze. Ao longo de Alvaiázere e para a Villa Romana
com boa gastronomia e um povo que da Rota Pombalina, que permite co- dos séculos, o concelho foi manten- da Rominha. A vida rural de Alvaiá-
sabe receber. nhecer de perto a vida de quem marcou do as suas características únicas, zere proporciona ainda a existência
os destinos de Portugal na segunda me- nomeadamente a natureza. Da Ser- de várias estruturas de arqueologia
A origem de Pombal encontra-se intrin- tade do século XVIII. ra de Alvaiázere, um maciço cal- industrial que testemunham a ação
secamente ligada ao Castelo, mandado cário coberto de urzes e pequenas dos povos, como os lagares de azeite,
construir, entre 1156 e 1171, por D. Pombal também se afirma pelo pa- orquídeas floridas com 618 metros as azenhas, os moinhos de vento e os
Gualdim Pais, Grão-Mestre da Ordem trimónio natural. A Serra de Sicó é um de altitude, é possível avistar pai- fornos da cal.
dos Templários. Recentemente, o caste- dos melhores exemplos de paisagem sagens deslumbrantes, como a pla-
lo sofreu obras de requalificação, pas- cársica do Centro, onde pode ser en- nura fértil do concelho a nascente A forte ligação do povo à terra e as
sando a dispor de uma cafetaria com contrado o Canhão do Vale do Poio, ou o vale do rio Nabão a poente. atividades económicas associadas
vista sobre a cidade e do Posto de Tu- um dos maiores canhões fluviocársicos O Olho do Tordo é um local a não à agricultura permitem a existência
rismo de Pombal. do país. Além da Serra de Sicó, visite perder em Alvaiázere. Esta nascen- de produtos endógenos de elevada
a Mata Nacional do Urso, uma das te de água que brota de um poço qualidade, muitos deles utilizados
Quem chega a Pombal encontra a zona maiores manchas naturais da região, profundo e que se transforma num na gastronomia. As petingas, a sopa
histórica da cidade, em que se destaca a onde se localiza a Praia do Osso da ribeiro apresenta vestígios que ates- dos pobres, os enchidos, o Queijo
praça Marquês de Pombal, que deve o Baleia, classificada desde 1998 como tam a presença humana desde tem- Rabaçal, a carne de alguidar, a car-
seu nome a Sebastião José de Carvalho Praia Dourada. pos antigos. A Ribeira de Algo, num ne de rebolão, a chanfana e o cabrito
e Melo que, entre 1777 e 1782, aqui vi- vale próximo da aldeia de Maçãs D. assado são alguns dos pratos mais
veu os últimos anos de vida. Nesta pra- A gastronomia do concelho tem raízes Maria, é um verdadeiro paraíso. típicos, mas o verdadeiro ícone de
ça localiza-se também a Igreja Matriz na doçaria tradicional, sendo que se Alvaiázere é o chícharo. Sendo as-
de S. Martinho, o Museu Marquês de destaca a influência conventual, prin- Pelas suas características geomorfo- sumidamente Capital do Chícharo,
Pombal, instalado desde 2004 na anti- cipalmente nos Biscoitos do Louriçal. lógicas, desde sempre que o conce- Alvaiázere organiza um festival gas-
ga Cadeia Velha de Pombal, e o Museu Há ainda que mencionar os Beijinhos lho ficou marcado pela presença de tronómico anual que visa dignificar
de Arte Popular Portuguesa. Geral- de Pombal, os Cardalinhos e as Tigela- diversos povos que se fixaram no esta leguminosa, que terá origens
mente, quando se fala de Marquês de das da Redinha. A Serra de Sicó e a sua território, mantendo vivas as memó- no Médio Oriente, transformando-a
Pombal acredita-se em uma de duas flora dão um sabor especial ao mel, ao rias e vestígios de ocupações diver- num produto gourmet que integra a
convicções: ou que era natural de Pom- azeite e aos queijos. sas. De entre os sítios arqueológicos gastronomia portuguesa.

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Arroz Carolino
Carne Marinhoa do Baixo Mondego
A Carne Marinhoa, DOP desde 1996, é Certificado como IGP desde 2016, en-
obtida a partir de bovinos da raça mari- tende-se por Arroz Carolino do Baixo
nhoa. A primeira referência a esta raça Mondego a cariopse da espécie Oryza
foi feita em finais do século XIX por sativa L., subespécie japónica, de di-
Silvestre Bernardo Lima. O nome mari- versas variedades, depois de descasca-

Beira Litoral: nhoa deriva da região onde esta raça se


encontra, predominantemente na bacia
hidrográfica do rio Vouga, designada
por marinhoa. A carne tem gordura
da, branqueada e com teor de humi-
dade igual ou inferior a 13 por cento.
As características climáticas do Baixo
Mondego são responsáveis pela for-

Produtos
branca homogénea, consistência firme, mação e maturação lenta deste arroz,
sabor intenso, ligeiramente húmida, cor o que potencia os mecanismos fisioló-
rosa-claro a vermelho-escuro, tendo ca- gicos associados à sua qualidade, no-
racterísticas distintas como a suculên- meadamente a tendência para teores

Certificados
cia e o sabor, graças à alimentação rica superiores de amilose e a maior per-
e diversificada da raça. centagem de grãos inteiros.

Pão-de-Ló de Ovar Mel da Serra da Lousã Ovos Moles de Aveiro Queijo Rabaçal Pastel de Tentúgal

Com 38 concelhos e uma área territo- Certificado como IGP desde 2016, o Produzido a partir da abelha local, Este doce, cujo fabrico é secular e tem Certificado como DOP desde 1996, O Pastel de Tentúgal tem origem no
rial dispersa, a região da Beira Litoral Pão-de-Ló de Ovar é um produto de este mel tem coloração âmbar, por ve- origem conventual, é obtido pela jun- este é um queijo curado de pasta se- Convento da Nossa Senhora da Na-
tem uma diversidade de produtos tí- pastelaria à base de ovos, sobretudo zes muito escuro e muito viscoso, sen- ção de gemas cruas de ovos a uma cal- midura a dura, branco-mate, com tividade pelas mãos das irmãs da Or-
picos que refletem os saberes ances- gemas, açúcar e farinha. Apresenta-se do que o sabor tem notas de floresta, da de açúcar. Os Ovos Moles podem poucos ou nenhuns olhos pequenos dem Carmelita que ali viveram entre
trais e as tradições. Nesta região, são dentro de uma forma revestida com húmus e urze. A confeção do Mel da apresentar-se envolvidos em hóstia, e irregulares disseminados na massa, 1565 e 1898. Este doce conventual
já sete os produtos que obtiveram papel branco, com o formato de uma Serra da Lousã descende de uma an- que pode ou não ser coberta com uma produzido de forma artesanal a partir tem uma massa fina obtida a partir
certificação por parte da União Eu- ‘broa’, de massa leve, cremosa, fofa e tiga tradição em apicultura, praticada fina camada de calda de açúcar ou de da mistura de leites de ovelha e cabra da junção de água com farinha e um
ropeia. O Queijo Rabaçal, o Mel da de cor amarela, designada por ló. Tem desde tempos muito antigos nas mon- chocolate, ou podem ser acondiciona- por ação do coalho de origem animal. recheio cremoso que resulta da mis-
Serra da Lousã e a Carne Marinhoa uma côdea fina acastanhada dou- tanhas e vales desta serra. Certificado dos diretamente em barricas de madei- O sabor distintivo do Queijo Rabaçal tura de gema de ovo com uma calda
têm Denominação de Origem Prote- rada, levemente húmida e o interior como DOP desde 1996, a qualidade ra ou porcelana. Têm cor homogénea, deve-se a uma planta chamada “San- de açúcar. O pastel apresenta-se sob a
gida (DOP) e o Pão-de-Ló de Ovar, o tem também uma textura húmida. A decorre da geografia e clima da Serra experimentando várias tonalidades ta Maria”, que é um tomilho espon- forma de palito, palito em miniatura
Pastel de Tentúgal, os Ovos Moles de história da confeção do Pão-de-Ló da Lousã, com os seus picos, encostas entre o amarelo e o laranja, brilho tâneo que serve de alimento às cabras e meia-lua. A espessura da massa va-
Aveiro e o Arroz Carolino do Baixo de Ovar, cuja área geográfica remete e vales. O mel provém de néctares de uniforme, aroma complexo a gema de e ovelhas da região. A origem deste ria entre 0,06 e 0,15 milímetros. Com
Mondego têm Indicação Geográfica para algumas freguesias do concelho, flores da flora espontânea, principal- ovo, evoluindo para um cheiro iden- queijo é ancestral e o nome deriva da certificação IGP desde 2013, a área de
Protegida (IGP). remonta a finais do século XVIII. mente ericáceas e castanheiro. titário composto por aromas de cara- povoação do Rabaçal, referenciada produção é circunscrita à vila de Ten-
melo, canela e frutos secos. em documentos de 1139. túgal, em Montemor-o-Velho.

10 Venha Descobrir Portugal de Sabores & Tradições 11


Confraria do O que esteve na origem da criação da
Confraria do Chícharo, em 2010?
Uma vontade férrea em animar os ver-
dadeiros valores identitários de um

Chícharo território, associados a uma gigantesca


vontade de realçar os sabores que li-
gam estas gentes à terra. Desta forma,
pretendeu-se afirmar as suas origens
dinamizar o seu Capitulo anual, jan-
tar de aniversário ou jantar de Natal,
Com um rico valor nutricional e um grande potencial gastronómi- gastronómicas, manter vivas as tradi- como forma não apenas de se assumir
co, o chícharo tem vindo a afirmar-se como um dos produtos mais ções e potenciar o real valor dos pro- como um polo agregador de vontades
típicos da região da Beira Litoral. Agostinho Gomes, vice-presiden- dutos endógenos bem como alavancar que, unanimemente defendem o sabor
a economia local. inequívoco do chícharo, tem estabele-
te da Confraria do Chícharo, fundada em 2010, explica a impor- cido parcerias com outras Confrarias
tância da instituição na promoção desta leguminosa. De que forma se caracteriza o traje por forma a promover sinergias gastro-
identitário da Confraria? nómicas conjuntas e realçar conteúdos
Quais as características específicas do O chícharo tem conseguido impor-se A capa e chapéu castanhos a recordar culturais que possam gerar a socializa-
chícharo e quais as suas utilizações? na região contribuindo para a pro- a aridez dos solos do maciço calcário ção entre confrades, constituindo assim
O chícharo, enquanto embaixador jeção gastronómica, mas sobretudo são debruados pelo verde da planta verdadeiras e sãs relações institucio-
da gastronomia alvaiazerense, é pró- para dinamizar a região. Enquanto que dá as vagens com a leguminosa. O nais. De salientar a participação ativa,
digo em proteínas, tem um alto teor produto âncora que, na verdade, é, o medalhão ostenta os brasões da con- em permanente parceria com o municí-
de ferro, vitaminas do complexo B e chícharo tem permitido alavancar a fraria e do município de Alvaiázere, pio de Alvaiázere, no evento realizado
fibras e a particularidade de produzir economia local através de uma dinâ- numa e noutra face, e é suportado por por altura do dia do concelho, denomi-
produtos a partir de uma farinha sem mica própria que tão bem tem sabido uma fita de linho, outro dos produtos nado Alvaiázere Capital do Chícharo.
glúten tem especiais vantagens como agregar a vontade de experienciar no- que sempre caracterizou e identificou Nesta atividade, todos os confrades
facilitar a assimilação das vitaminas e vas texturas e outros sabores tão pró- esta região. O malho, usado em tempo disponíveis se envolvem por forma a
nutrientes, aumentando a vitalidade e prios de um concelho tão rico e tão para malhar o chícharo na eira, é hoje manter bem viva a tradição, a cultura
o bem-estar geral. O seu enorme po- diverso. É esta a marca que projeta símbolo de preservação da tradição ao e a identidade da região, não podendo
tencial gastronómico permite que se Alvaiázere e todo um vasto territó- ser utilizado como vara de entroniza- deixar de referir que a divulgação desta
produza, para além do bacalhau com rio contíguo, não apenas por vaida- ção de novos confrades. tão sui generis leguminosa e deste tão
migas de chícharo, a chicharada ou as de, mas justamente porque é o motor encantador território é, e queremos que
tão desejadas azevias, sem esquecer o que gera um movimento contínuo na Quais as principais atividades promovi- continue a ser, o grande objetivo de to-
gelado, pastéis, tarte ou o licor. promoção de toda esta região que, as- das pela Confraria no sentido de dina- dos quantos dão um pouco do seu tem-
sociada a tantas outras gostosas igua- mizar esta leguminosa? po em prol da dinâmica gerada à volta
Qual a importância deste produto rias, está na vanguarda da promoção Ao longo destes sete anos de existência, deste ícone gastronómico que nasce e
para a região da Beira Litoral? das tradições. a Confraria do Chícharo, para além de cresce em Alvaiázere.

12 Venha Descobrir Portugal de Sabores & Tradições 13


O que esteve na origem da criação da
Confraria dos Sabores da Abóbora de
Soza, em 2011?
Existe na vila de Soza uma tradição
pelas festas em honra do Mártir S.
Sebastião, a 20 de janeiro, em que,
depois das novenas rezadas/cantadas,
nove dias antes da festa e no último
dia no final da nona novena, são con-
fecionadas papas de abóbora pelas
esposas dos membros da comissão de
festas e as mesmas servidas a toda a
população. Assim, um grupo consti-
tuído apenas por mulheres, juntou-se
e decidiu formar uma confraria que
preservasse as tradições desta fregue-
sia e promovesse este fruto.

Confraria Como se caracteriza o traje identitá-


rio da Confraria?
Preto pelas cores da terra e debrum la-
ranja pelas cores da abóbora. O chapéu

dos Sabores tem a forma daqueles que eram mais uti-


lizados em anos anteriores nesta zona.
A insígnia, por sua vez, apresenta uma
abóbora dentro de um tacho de cobre,

da Abóbora
uma vez que, outrora, as papas eram
confecionadas em tachos de cobre, algo
que atualmente não é permitido.

Fundada em 2011 por um grupo de mulheres da vila de Soza, em Quais as atividades organizadas pela
Vagos, a Confraria dos Sabores da Abóbora de Soza garante a pre- Confraria com o objetivo de promo-
servação das tradições da freguesia e a promoção de um fruto que, ver a abóbora?
Anualmente organizamos o aniversá-
de acordo com Fátima Rito, chanceler-mor da Confraria, é um ver- rio, chamado Capítulo, que é a festa
dadeiro “cocktail de benefícios”. maior da Confraria, no qual se reú-
nem pessoas vindas de vários pontos
Quais as características da abóbora não há suplemento que vença a abó- do país e onde é servida abóbora de
desta região e quais as suas utili- bora. As abóboras são também ricas diferentes maneiras, tanto como en-
zações? em betacaroteno, substância que pre- trada, prato principal ou sobremesa.
A abóbora mais utilizada nesta região vine o cancro, derrames, cataratas e Participamos ainda em eventos para
era a “Abóbora Machada”, para o ali- problemas cardíacos. Com boa quan- os quais somos convidadas a nível na-
mento dos animais, e a “Abóbora-me- tidade de vitamina C e potássio, cál- cional, levando sempre os produtos à
nina”, a mais utilizada na cozinha. A cio e fósforo, vitaminas do complexo base de abóbora confecionados pelas
abóbora, então, era apenas usada em B e quase nenhuma gordura, são um Confrades. Promovemos, anualmente,
doces tradicionais de Natal e/ou com- verdadeiro cocktail de benefícios. a Feira da Abóbora, que terá este ano
potas. Atualmente, já são cultivadas a VI edição. Este começou por ser um
outras variedades, como por exemplo Qual a importância da abóbora no evento de apenas um dia e, neste mo-
a “Musquee de Provence”, ou vul- contexto da região da Beira Litoral e, mento, já organizamos um programa
garmente conhecida por “Abóbora especificamente, de Aveiro? para três dias. São convidados produ-
Francesa”, assim como a “Abóbora Atualmente, nota-se um aumento tores para exposição/venda das suas
Butternut”, conhecida como “Abó- significativo no cultivo deste fruto abóboras, divulgamos os nossos usos
bora Manteiga”, sendo esta última que, além da sua procura a nível na- e tradições, promovemos iguarias con-
de fácil preparação e muito saborosa. cional, tem já alguma saída a nível fecionadas pelas Confrades e chefes
Devido às suas propriedades nutricio- de exportação, notando-se o empe- em showcookings. Além de atividades
nais e medicinais, a abóbora é rica em nho dos produtores no seu cultivo para as crianças, temos também arte-
suplementos multivitamínicos, logo, em maiores áreas. sãos que expõem os seus produtos.

14 Venha Descobrir Portugal de Sabores & Tradições 15


© NMSAL
Museu da Núcleo Museológico
Chapelaria do Sal

© NMSAL
De uma longa tradição no fabrico de chapéus, em São João da Ma- As salinas são parte integrante da história, da cultura e da paisagem
deira, nasceu o Museu da Chapelaria, no edifício que albergou du- da Figueira da Foz. No Núcleo Museológico do Sal, inaugurado em
rante 81 anos a mais importante fábrica de chapéus do país. Em 2007, reportam-se testemunhos da relação secular entre o Homem
três pisos, este museu é uma visita sensorial ao mundo mágico dos e o território das salinas do concelho, tendo como principal objeti-
chapéus pela voz de quem dedicou horas das suas vidas a esta arte. vo a divulgação e manutenção da atividade salineira.

Máquinas, ferramentas, matérias-pri- gico dispõe de exposições temporárias, A exploração do sal no estuário do económicos, que devem ser explorados

© NMSAL
mas e chapéus, muitos chapéus. Den- sendo que até ao dia 30 de setembro Mondego sempre foi uma importante de forma integrada. Com cerca de um
tro do edifício onde, outrora, estava está patente a exposição “Tocados por atividade para a economia da Figueira hectare, o território compreende a Ma-
instalada a Empresa Industrial de Pablo y Mayaya”, que traz a Portugal da Foz. A tipologia das salinas e as tec- rinha do Corredor da Cobra, o Arma-
Chapelaria, é hoje o Museu da Cha- o percurso da dupla de designers Pablo nologias de produção assumem, nesta zém de Sal, o circuito pedestre “Rota
pelaria, um espaço com histórias para Merino e Mayaya Cebrián, conhecidos região, características únicas que não das Salinas”, que tem configuração cir-
contar e, essencialmente, “de ver e por adornarem algumas das cabeças se verificam noutras regiões salineiras cular, o Centro Interpretativo, o Obser-
aprender a fazer”. mais importantes de Espanha. Antes de de Portugal e da Europa. A história vatório de Aves, que permite observar a
terminar a visita, é possível assistir ao deste espaço museológico começou em avifauna típica do salgado da Figueira
Em três pisos, o visitante descobre uma acabamento de chapéus na bancada de 2000, quando a Câmara Municipal da da Foz, e o Pedarium, uma estrutura
exposição permanente que contempla trabalho de D. Deolinda, ex-operária Figueira da Foz adquiriu a salina do que pretende oferecer ao visitante um
sete áreas distintas. Cada área refere-se da Empresa Industrial da Chapelaria. Corredor da Cobra, nos armazéns de conceito moderno de saúde e bem-estar,
a uma fase de fabrico diferente, sendo Lavos. Em 2007 foi inaugurado um funcionando apenas durante o verão.
apresentadas as máquinas, ferramentas Da cartola de cerimónia ao chapéu de centro interpretativo alusivo à produ-
e matérias-primas que contribuem para cowboy, do chapéu de Jorge Sampaio ção de sal. O Núcleo Museológico do Sal tem re-
o processo. Tocar, cheirar, sentir, ouvir, aos chapéus do estilista Miguel Vieira, cebido cada vez mais visitantes; se, em
tudo isto é possível no Museu da Cha- são muitos os exemplares disponíveis O conceito do Núcleo Museológico do 2014, foram mais de 6400, em 2016

© NMSAL
pelaria, que pretende estimular uma no Museu da Chapelaria que, periodi- Sal baseia-se na ideia de que esta ativi- ascenderam aos 9162 visitantes. Entre
visita multissensorial. Além da exposi- camente, são trocados por outros. A vi- dade cruza aspetos culturais, históricos, janeiro e maio deste ano já visitaram
ção permanente, este espaço museoló- sita ao museu tem o custo de dois euros. etnográficos, paisagísticos, ambientais e este espaço mais de 3200 pessoas.

16 Venha Descobrir Portugal de Sabores & Tradições 17


Museu COMUR - Museu
Vista Alegre Municipal da Murtosa
Com mais de 30 mil peças e um espólio que conserva e guarda a Na antiga Fábrica de Conservas da Murtosa foi inaugurado em 2015
memória da produção da porcelana artística da Vista Alegre, o mu- um museu que mantém viva a história de uma comunidade ligada às
seu mostra a história da fábrica, a evolução estética da produção conservas de enguia. Conhecer a história da fábrica e da comunidade
de porcelana e a sua importância na sociedade portuguesa. Após a onde ela se insere e descobrir o desenvolvimento do processo conservei-
remodelação em 2016, já recebeu dois prémios da APOM. ro do peixe até à expedição das conservas são os principais objetivos.

Apesar de, desde o início da sua pro- tende-se dar a conhecer a história da Há décadas que a identidade e as vi- ser o único dedicado às conservas de
dução em 1824, a Vista Alegre ter fábrica, com 193 anos, a evolução vências das gentes da Murtosa estão enguia, os visitantes podem conhecer a
colecionado os melhores exemplares, estética da produção de porcelana e conectadas à indústria da conserva história da fábrica e da comunidade e
o primeiro museu organizado surgiu a sua importância na sociedade nos de enguias. Esta tradição de prepa- o desenvolvimento do processo conser-
em 1947 e foi instalado no palácio, séculos XIX e XX através de um es- rar e comercializar este peixe da ria veiro através de conteúdos interativos.
junto da Capela da Vista Alegre. A pólio que inclui mais de 30 mil pe- remonta ao início do século passado Aprende-se ainda como as característi-
mudança para os edifícios antigos da ças. Na oficina da pintura manual da e continua a marcar várias gerações. cas específicas da Murtosa e da Ria de
fábrica, em 1964, permitiu a amplia- fábrica, o visitante pode ver a delica- Este marco na história da Murtosa Aveiro deram origem à unidade fabril,
ção do espaço, alojando um vasto deza do trabalho de pintura manual está desde 2015 patente na COMUR como trabalhavam os seus operários e
espólio de peças de porcelana, docu- da fábrica. O museu dispõe ainda de – Museu Municipal da Murtosa, que o processo completo de produção de
mentos e desenhos. um serviço educativo onde se desen- nasceu da recuperação das antigas ins- conservas desde a chegada do peixe até
volvem atividades de pintura e mo- talações da fábrica de conservas que à expedição das conservas.
Entre 2014 e 2016, o Museu Vista delação para os visitantes. Na visi- tinha o mesmo nome.
Alegre sofreu obras de requalificação ta tem-se ainda acesso à Capela da A COMUR – Fábrica das Enguias
que incluíram a recuperação do pa- Nossa Senhora da Penha de França, Num investimento de 1,3 milhões de foi inaugurada em 1942, na Vila da
trimónio edificado e a ampliação dos mandada edificar em finais do século euros, o executivo municipal apostou Murtosa, com o propósito de fabricar
espaços expositivos, destacando-se XVII e que é Monumento Nacional na aquisição e recuperação das insta- enguias em molho de escabeche, um
a integração de dois antigos fornos desde 1910 pelas pinturas, azulejos e lações e na criação de um espaço de produto típico da região. Atualmente,
da empresa nas áreas de receção do pelo túmulo do Bispo D. Manuel de memória e história do povo. Neste 80 por cento da produção é exportada
museu. Com este novo espaço pre- Moura Manuel. museu, que se distingue pelo facto de para a Europa e EUA.

18 Venha Descobrir Portugal de Sabores & Tradições 19


Museu do Reserva Natural das
Calçado Dunas de S. Jacinto
O Museu do Calçado de São João da Madeira retrata a memória da De Ovar a São Jacinto, a Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto
indústria do calçado do concelho e a realidade do design de calçado garante a proteção do ecossistema dunar e do património natural a
em Portugal e no mundo no seculo XX. Este museu, na antiga torre ele associado, nomeadamente a fauna e flora. Esta reserva, inserida na
da Oliva, abriu as portas em 2016 e este ano conquistou três prémios Zona de Proteção Especial da Ria de Aveiro, é marcada pela diversi-
e uma menção honrosa da Associação Portuguesa de Museologia. dade de habitats e espécies, mas também pela paisagem típica.

Em novembro de 2016, na antiga torre lo XX. Na quarta área expositiva apre- A Reserva Natural das Dunas de S. Ja- Reserva Natural com o objetivo prin-
da Oliva, em São João da Madeira, nas- sentam-se sapatos dos principais desig- cinto é uma área protegida com cerca cipal de proteger o sistema dunar e a
ceu o Museu do Calçado, orientado para ners mundiais e os sapatos e histórias de 960 hectares, dos quais 210 corres- sua flora e fauna.
a história da indústria e o design desta de figuras públicas de Portugal. Existe pondem à área marítima, criada em
arte antiga. Uma visita ao museu é uma ainda uma sala dedicada à produção 1979. A oeste a reserva tem o oceano A Reserva é constituída por três zonas
viagem de aprendizagem e experimen- artística contemporânea, com obras Atlântico e a este a Ria de Aveiro, dis- de características diferentes, cada uma
tação ao setor do calçado. Desde o ope- de artistas nacionais e internacionais tribuindo-se desde Ovar a São Jacinto. delas com fauna e flora diferenciada:
rário ao patrão, passando pelos comer- que tiveram como inspiração o sapato. dunas móveis e fixas, que se distinguem
ciais, lojistas, consumidores e designers O Museu do Calçado dispõe ainda de Os terrenos onde se localiza esta área pelo bom estado de conservação, uma
e recuperando memórias individuais e uma sala de exposições temporárias protegida são relativamente recentes, mata constituída principalmente por
coletivas, o Museu do Calçado evoca que atualmente tem uma exposição de tendo estes adquirido a sua forma pinheiro-bravo, e os charcos de água
histórias, contribuindo dessa forma para Anastasia Radevich, designer de origem atual entre os séculos X e XVII. Até doce, um local privilegiado de passa-
divulgar o conhecimento desta arte. bielorrussa. ao século XIX, estes terrenos eram for- gem para aves aquáticas migradoras.
mados por areias e movimento que di- Estando inserida na Zona de Proteção
Com seis áreas, este museu apresenta Em 2017 o Museu do Calçado recebeu ficultavam a fixação de plantas, sendo Especial da Ria de Aveiro, a avifauna é
uma secção dedicada ao fabrico tradi- três prémios – Inovação e Criatividade, que no final do século se iniciaram os a sua componente faunística de maior
cional e outra à produção industrial, Aplicação de Gestão e Multimédia e In- trabalhos de arborização que se pro- realce, com destaque para espécies
mas também se conhece a evolução dos corporação - e uma menção honrosa – longaram até à década de 1930. Antes como o fulmar-glacial, o ganso-patola,
sapatos que a sociedade foi calçando, Melhor Museu Português – pela Associa- destes trabalhos, existiam na zona inú- o corvo-marinho-de-faces-brancas, a
desde a pré-história até ao final do sécu- ção Portuguesa de Museologia (APOM). meros pântanos. Em 1979 foi criada a torda-mergulheira e o pato-real.

20 Venha Descobrir Portugal de Sabores & Tradições 21


D. Sesnando Vinho em qualquer circunstância
Penela Batalha

Localizado na histórica vila de Pene- Neste restaurante predomina o culto


la, o D. Sesnando é um espaço aco- do vinho, com mais de 500 referências
lhedor que privilegia a cozinha tra- disponíveis e aconselhamento especia-
dicional típica da Serra de Sicó. Este lizado. Mas, no Restaurante Vinho em
restaurante dispõe de uma sala com qualquer circunstância poderá sabo-
um ambiente agradável e de uma es- rear pratos de gastronomia portuguesa
planada ampla sobre o casario que e alguns apontamentos internacionais
permite observar uma paisagem ser- da assinatura do chef Telmo Coelho.
rana de grande beleza.
O restaurante abriu na década de 90
Das mãos da chef D. Minda saem os e, durante vários anos, foi um espaço
pratos que fazem as delícias de quem de eleição na região, primeiro como
visita Penela, onde os produtos locais Circunstância Bar e, mais tarde, com
de referência, como o Queijo Raba- a atual denominação. Em 2014, o es-
çal, o Azeite de Sicó, o Mel da Serra paço fechou portas, mas, volvidos três
da Lousã e a noz, merecem destaque. anos, foi reaberto pela mão do Hotel
As especialidades do D. Sesnando in- Villa Batalha, com o objetivo de devol-
cluem o queijo gratinado com mel, o ver à região o melhor do restaurante e
bacalhau na telha e o bacalhau à D. do bar, que funciona às sextas-feiras e
Minda, o cabrito assado, a chanfana sábados à noite.
e o bucho recheado e uma variedade
de sobremesas que deixam qualquer O ambiente no Vinho em qualquer
visitante com água na boca, nomea- circunstância é sofisticado, moderno e
damente o leite-creme, a tarte de chí- intimista, numa interpretação dos pra-
charos, o doce da casa e a mousse zeres do “licor dos deuses” e da boa
de noz. mesa. Os pratos incluem torricado de
atum à moda VEQC, tagliatelle com
Os sabores tradicionais são acompa- camarão e rúcula, arroz tradicional de
nhados por uma carta de vinhos com peixe da Nazaré, arroz cremoso com
mais de 800 referências ou por uma queijo da ilha e cogumelos selvagens,
variedade de cervejas artesanais na- bife do lombo à portuguesa. Para fina-
cionais e internacionais. O preço mé- lizar a refeição, o chef da casa propõe
dio por pessoa ronda os 18 euros. um conjunto de sobremesas que dei-
xam qualquer um com água na boca.

Horário Horário

(Encerrado às terças-feiras) (Encerrado aos domingos)


Almoços das 11h00 às 15h00 Almoços das 12h00 às 15h00
Jantares das 19h00 às 22h00 Jantares das 19h00 às 23h45

Informações e reservas Informações e reservas

Escadas da Praça da República Estrada de Fátima, nº15


3230-262 Penela Batalha

Tel: 239 561 207 Tel: 244 768 777

E-mail: geral@dsesnando.com E-mail: info@veqc.pt

22 Roteiro Gastronómico Portugal de Sabores & Tradições 23


Dom Gonçalo Hotel & Spa Duecitânia Design Hotel
Ourém Penela

Este hotel, localizado em Fátima, pre- Onde, em tempos, existiu uma fábrica
serva uma tradição de bem receber de papel, ergue-se hoje o Duecitânia
com mais de 50 anos e oferece con- Design Hotel. Sobre o rio Dueça, que
forto e relaxamento, quer seja numa inicialmente teve um propósito fun-
viagem de negócios ou de lazer. cional, esta unidade hoteleira permite
aos hóspedes desfrutar de uma expe-
O Dom Gonçalo Hotel & Spa dispõe riência única de contacto com a natu-
de um ambiente acolhedor, amigável reza e a história.
e moderno em que se destaca um es-
paço de bem-estar, lobby com lareira O hotel é uma viagem ao passado
e livros, área de acesso à internet, par- numa fusão entre o espírito cultural
que infantil, bar, 67 quartos e quatro romano e o design contemporâneo. Ao
suites. A decoração dos quartos va- longo dos três pisos, o hotel percorre
ria entre um estilo contemporâneo a história de Roma, desde a sua fun-
– Quartos Design – ou um ambiente dação à queda do império, com os 42
acolhedor de inspiração nos anos 80 quartos a disporem de uma decoração
- Quartos Clássico. leve inspirada na simbologia romana e
no seu legado.
No Dom Spa pode usufruir de mo-
mentos de relaxamento e bem-estar No rés-do-chão encontra-se o SPA
com duas áreas: circuito húmido, que AQVA VENVS, rodeado por floresta e
inclui piscina interior aquecida, sauna, jardins. Ao som das águas do rio, os vi-
banho turco, duche tropical e jacuzzi, sitantes podem desfrutar de momentos
e zona de tratamentos. de relaxamento e descontração. Outro
dos espaços do Duecitânia Design Ho-
Como parte integrante do hotel, o tel é o Restaurante GVSTATIO, onde
restaurante O Convite privilegia os numa cozinha moderna e sofisticada,
melhores ingredientes de fornece- se podem provar sabores de inspira-
dores locais, destacando-se o peixe ção romana que aproveitam da me-
fresco, as carnes da Serra d’Aire, as lhor forma os produtos endógenos.
ervas aromáticas e uma carta de vi-
nhos diversificada. Na região pode visitar locais históri-
cos como o Castelo de Penela ou as
Nas proximidades do Dom Gonçalo Ruínas Romanas da Villa do Rabaçal,
Hotel & Spa pode visitar o Santuário mas também recantos naturais únicos,
de Fátima, as Grutas de Mira d’Aire, como a Cascata da Pedra da Ferida e
Pegadas de Dinossáurios e o Eco Par- as Buracas do Casmilo.
que Pia do Urso.

Informações e reservas Informações e reservas


Tel: 249 539 330 Tel: 239 700 740

E-mail: mail@hoteldg.com E-mail: reservas@duecitania.pt

Rua Jacinta Marto, nº 100 Ponte do Espinhal


Rotunda Norte Fátima 3230-292 Penela
2495-450 Fátima
http://www.duecitania.pt/
www.hoteldg.com

24 Onde Ficar Portugal de Sabores & Tradições 25


Hotel Villa Batalha Indigo spa
Batalha Coimbra

Com linhas modernas e decoração em Um espaço dedicado à beleza e ao bem


tons terra e neutros, o Hotel Villa Ba- -estar que pretende que cada cliente se
talha dispõe de alojamento, oito salas sinta especial. Com uma decoração
para eventos, restaurantes, bar lounge, quente, aliada aos aromas e sons, o
campo de golfe Pitch & Putt e spa. Indigo Spa é um lugar de relaxamento
que dispõe de um vasto leque de ser-
Privilegiando o conforto e o serviço de viços, nomeadamente tratamentos de
excelência, esta unidade hoteleira tem rosto, massagens, estética, tratamentos
um total de 93 quartos com áreas es- de corpo e emagrecimento.
paçosas e uma decoração moderna e
elegante. Uma parte dos quartos bene- Os tratamentos de rosto incluem
ficia de uma vista panorâmica para o limpezas de pele, hidratações, trata-
Mosteiro da Batalha, ao passo que os mentos para manchas, acne e rugas,
outros oferecem vista para os jardins peeling ultra-sónico e radiofrequên-
do hotel ou para as zonas verdes cir- cia facial. Os rituais de massagem são
cundantes. compostos por massagens de pedras,
de óleos essenciais e até massagens
Além do serviço de alojamento, o tradicionais manuais.
Hotel Villa Batalha tem o restauran-
te Adega dos Frades e o bar lounge O Indigo Spa privilegia os melhores
O Claustro, com ambiente acolhedor equipamentos para a realização de
e em que se destacam os sabores e as tratamentos de emagrecimento, tais
tradições regionais. O campo de golfe, como Endermologia LPG, radiofre-
de seis buracos, encontra-se homolo- quência, cavitação, pressoterapia/
gado pela Federação Portuguesa de drenagem, bambuterapia, Regen XL e
Golfe e aqui poderá praticar a moda- Velashape 2. O Velashape é um apa-
lidade ou ter lições individuais ou em relho que combina luz infravermelha,
grupo. Por fim, o spa do hotel possui radiofrequência bipolar, massagem e
uma vista única para o Mosteiro da pressão vácuo, sendo equipado com a
Batalha e inclui cinco salas de trata- nova tecnologia ELOS (Electro Opti-
mento, sauna, banho turco, fonte de cal Synergy). Este é o tratamento mais
gelo, duche Vichy, pedilúvio, ginásio e eficaz do momento para o tratamento
piscina de relaxamento. da celulite e flacidez.

Se está de passagem pela zona, apro- No Indigo Spa os preços variam en-
veite para visitar o Mosteiro da Ba- tre os três e os 780 euros, consoante
talha, a apenas 400 metros, e a vila o serviço.
da Batalha.

Horário

Informações e reservas Terça a sexta-feira das 10h00 às 20h00


Sábados das 10h00 às 19h00 (median-
Tel: 244 240400 te marcação)

E-mail: geral@hotelvillabatalha.pt Informações e reservas


Rua D. Duarte, I, Nº 248 Rua Pedro Álvares Cabral, nº30
2440-415 Batalha 3030-069 Coimbra

http://www.hotelvillabatalha.com Tel: 239 722 452

E-mail: indigo.spa@hotmail.com

www.indigospa.pt

26 Onde Ficar Portugal de Sabores & Tradições


Rota dos
cereais

Em todo o mundo, os cereais são pro- LEGENDA: Arroz:


duzidos em quantidades muito supe- Milho: - Ribatejo
riores a qualquer outro tipo de pro- - Minho - Beira Litoral
duto, uma vez que são os que mais - Douro Litoral - Extremadura
fornecem calorias ao ser humano. - Beira Litoral
Aveia, cevada, milho, trigo, centeio
e arroz são os principais produzidos Trigo:
no mundo inteiro, incluindo em Por- - Trás-os-Montes
- Alentejo (Alto Alentejo, Baixo Alentejo
tugal. Se a nível mundial a produção
e Ribatejo)
de cereais tem vindo a aumentar desde
2007, sendo ligeiramente superior ao
Cevada:
consumo, no nosso país registam-se - Alentejo (Alto Alentejo, Baixo Alentejo
mínimos históricos no que se refere e Ribatejo)
à produção de cereais. Na década de
80, Portugal tinha cerca de um milhão Aveia:
de hectares semeados com cereais; em - Trás-os-Montes
2016, os números chegam apenas aos - Beira Interior (Beira Alta e Beira Baixa)
130 mil hectares. Os dados do Insti- - Alentejo (Alto Alentejo, Baixo Alentejo
tuto Nacional de Estatística revelam e Ribatejo)
que o último inverno se traduziu em
reduções de 10 por cento nas áreas de Centeio:
trigo mole, triticale e cevada e 15 por - Trás-os-Montes
cento na de trigo duro, face à campa- - Beira Interior (Beira Alta e Beira Baixa)
nha anterior.

28 Nós Selecionamos Portugal de Sabores & Tradições 29


tes, os fenómenos extremos de seca mente a LVR - Lista de Variedades
são cada vez mais frequentes, é ne- Recomendadas. Todas as empresas
cessário definir uma estratégia de de sementes são convidadas a sub-
mitigação dos efeitos das alterações meter à lista as variedades que têm
climáticas. Na nossa opinião, passa para comercializar na campanha se-
sobretudo por aumentar o armaze- guinte e são realizados dois ensaios
namento de água no sul do país. É exatamente com o mesmo protoco-
verdade que Alqueva vai regar 170 lo, em regadio, um em Beja e outro
mil hectares, mas o Alentejo são dois em Elvas. Posteriormente, são anali-
milhões. Logo, achamos que deverá sados os parâmetros agronómicos e
ser apoiada a construção de charcas os de qualidade, sendo que a quali-
e barragens privadas, quer através dade se sobrepõe. No início da cam-
do PDR, quer aligeirando o proces- panha das sementeiras é publicada a
so burocrático de autorizações para lista com o ranking das variedades
que, em anos como este, não seja que oferecem melhores condições
tão evidente o efeito da seca. Temos de produção de qualidade. Com isto
noção de que não é possível tornar obtêm-se lotes homogéneos de ce-
todo o Alentejo de regadio, mas é ra- reais que, obviamente, a indústria
zoável, numa lógica de apoiar as cul- valoriza.
turas em caso de necessidade, como
um sequeiro melhorado, além de Qual a importância da inovação
também promover a biodiversidade, num setor tão tradicional?
dando de beber a toda a fauna. Pode Com margens tão reduzidas como as

ANPOC
passar também pela PAC pós-2020, que temos, é essencial sermos mais
que neste momento ainda está numa eficientes para conseguirmos ganhar
fase inicial da negociação. dinheiro. As novas tecnologias são
uma ferramenta importantíssima
Em 2016, Portugal teve de importar 90 por cento dos cereais ne- lização nos obrigar a competir com De que forma se tem garantido a para ganhar essa eficiência. Posso
cessários para consumo e, de acordo com o Instituto Nacional de outras partes do mundo com custos qualidade da produção de cereais em dar-lhe alguns exemplos, como as
de produção mais baixos e com aces- Portugal? sondas de humidade no solo, que
Estatística, a produção tem vindo a cair nos últimos 30 anos. José
so a substâncias ativas para proteção Portugal não tem condições nem de permitem saber a necessidade hídri-
Palha, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cereais, das culturas que, na Europa, não são solos nem de clima para produzir ca efetiva da planta e assim só regar
Oleaginosas e Protaginosas (ANPOC), justifica a quebra na produ- autorizadas, o que nos retira compe- quantidade. A nossa solução é a qua- quando é necessário; ou os mapas
ção e analisa a importância da estratégia do governo para reverter titividade e torna o setor fragilizado. lidade. Nós produzimos qualidade e de NDVI de satélite, que nos dão o
esta tendência. essa qualidade é comprovada pelo vigor vegetativo da planta, e que,
Recentemente, o governo anunciou mercado. Em Portugal existe capa- sendo georefenciado, nos permite in-
a intenção de definir uma estratégia cidade industrial instalada e, assim tervir e corrigir localmente alguma
Segundo dados do INE, há 30 anos sidade o que, para o caso dos cereais, para a recuperação da produção de a ANPOC, em colaboração com as anomalia, seja de nutrição, drena-
que Portugal não semeava tão pou- afeta diretamente o rendimento das cereais em Portugal. De que forma principais indústrias (CERES, GER- gem ou outras, e assim aumentar o
ca área de cereais: 130 mil hectares. plantas, porque é nessa altura que se pode ser relançado este setor? MEN e CEREALIS) e com o INIAV potencial produtivo da parcela. Hoje
Na sua opinião, o que justifica esta dá o enchimento do grão e se faltar Nós achamos que o setor dos cereais (Estação Nacional de Melhoramen- não se pode ser agricultor sem ser
situação? humidade nessa fase, esse enchimen- é estratégico para o país, sendo es- to de Plantas de Elvas) e o Instituto eficiente e a inovação é o caminho.
A área de cereais tem vindo gradual- to não acontece nas melhores con- tes produtos a base da alimentação Politécnico de Beja, promove anual-
mente a perder expressão no nosso dições, provocando uma quebra nos humana e animal. Pensamos que o
país. Essa situação tem a ver essen- rendimentos. Por outro lado, há que país não pode, de forma nenhuma,
cialmente com duas questões: o cli- referir os mercados, uma vez que há ser tão dependente do exterior e,
ma e os mercados. O clima mediter- já alguns anos que temos verificado neste momento, Portugal importa
rânico que temos em Portugal, com uma tendência baixista nos preços cerca de 90 por cento das suas ne-

"O País precisa de produzir"


Representação da lavoura junto das fileiras
cada vez mais frequentes fenómenos das commodities [n.r. bens que não cessidades em trigos moles e duros.
de seca, obviamente que influencia sofrem processos de alteração, como O governo identificou o problema e Investigação e desenvolvimento
as produções. Este ano de 2017 é frutas, legumes, cereais e alguns me- estamos neste momento a trabalhar Informação ao sector
um exemplo claro dessa influência. tais] agrícolas, onde os cereais se com o Gabinete de Planeamento no
Tivemos um mês de abril excecional- incluem; no âmbito dos mercados, sentido de definir as linhas de ação. Na vanguarda do conhecimento
Associação Nacional de Produtores de Cereais, Oleaginosas e Proteaginosas
mente quente e sem qualquer pluvio- acrescento ainda o facto de a globa- Muito se pode fazer. Como disse an- Av. Heróis do Ultramar, 56 . 7005-161 Évora . Tel. 266 708 435 . Fax. 266 701 867 . e-mail: assnpoc@gmail.com Informações dos mercados

30 Nós Selecionamos Portugal de Sabores & Tradições 31


que requer método e equipamento
adequado ao produto e às condições
em que se realiza. É um ato que ne-
cessita de grande empenho e atenção,
por isso, deve ser executado por pes-
soas especializadas. A amostragem
de matérias-primas e a sua análise
são etapas cruciais para garantir a
segurança dos produtos alimentares.
Um rastreio eficaz do estado quali-
tativo dessas matérias evita proble-
mas dentro da cadeia de produção e
consequentes custos adicionais para
a sua resolução. Para que a amostra
final seja representativa, é necessário
assegurar a correta execução durante
toda a operação entre a amostragem
e a análise.

CALSEG
Orientada para a prestação de serviços a CALSEG realiza inspeção, tificação de impurezas em cereais e
amostragem e ensaios a produtos agroalimentares. A empresa, que outros específicos do setor.
iniciou atividade há mais de uma década, realiza amostragem de Na área da amostragem de produtos
produtos agroalimentares nos portos de mar, uma atividade fun- agroalimentares nos portos de mar
damental tendo em conta que Portugal importa quase a totalidade nacionais continentais, a CALSEG
dos cereais consumidos em território nacional. tem vindo a desenvolver capacidades
reconhecidas pelos vários interve-
nientes do sistema ganhando tam-
A CALSEG iniciou a sua atividade há mana – de acordo com a Norma ISO bém, assim, mais competências que
mais de 10 anos com a implementa- 24333/2009 ou Metodologia GAF- permitem garantias acrescidas na
ção e acompanhamento de sistemas TA - e a outras matérias-primas para avaliação da qualidade, por exem-
de qualidade e a representação do a indústria de alimentos compostos plo, dos cereais importados.
Laboratório Italiano Neotron SpA para animais – de acordo com o Re-
em Portugal, Espanha e Brasil. gulamento UE N. 691/2013 ou Me- Não sendo Portugal autossuficiente
todologia GAFTA. na produção de cereais, por exem-
Hoje em dia, conta com uma estru- plo para o fabrico de farinhas para
tura, acreditada pelo IPAC segundo De modo a fechar o ciclo de ativida- a alimentação humana, o controlo
a Norma NP EN ISO/IEC 17025, de, a CALSEG faz também o controlo da qualidade destes à receção dos
para a realização de ensaios e amos- de qualidade a produtos agroalimen- barcos que, diariamente, chegam aos
tragem nos portos de mar, silos, ar- tares através de ensaios físico-quími- vários portos de mar, reveste-se de
mazéns e indústria na manipulação, cos qualitativos ou a contaminantes acrescido interesse para a seguran-
movimentação e transporte de pro- no seu laboratório interno ou no la- ça dos produtos que posteriormente
dutos agroalimentares. Tem técnicos boratório da sua representada NEO- vão ser produzidos para alimenta-
especializados para a execução de TRON. Muitos destes ensaios são ção humana.
ensaios e amostragens que podem igualmente acreditados, destacando-
ser a cereais para a alimentação hu- se o ensaio de identificação e quan- A amostragem é um procedimento

32 Nós Selecionamos Portugal de Sabores & Tradições 33


nosas no sistema de produção. Por fim,
o WP9 é de coordenação.

Qual o papel da ESB no âmbito do WP3?


Iremos receber diversas espécies e va-
riedades de leguminosas, produzidas
tanto em produção orgânica como
em produção convencional. Posterior-
mente, iremos avaliar as capacidades
nutricionais dessas espécies e varie-
dades. Ao percebermos quais são as
mais nutritivas, vão ser desenvolvidos
novos produtos, como farinhas e mas-
sas. Inicialmente começamos por pão,
bolachas e farinhas para alimentação
especial e também queremos apostar
nos laticínios, uma vez que podemos
combinar farinhas de leguminosas que
são usadas como pré-bióticos para
estimular a produção de probióticos,
dando origem a iogurtes simbióticos,
ou seja, iogurtes que usam a farinha da
leguminosa como alimento para que a

PROJETO True
bactéria promotora da regulação da
flora intestinal possa crescer.

Quais as potencialidades das legumi-


O projeto TRUE – Percursos de Transição Para Sistemas de Produ- que sirvam de inspiração. A Escola nosas em termos nutricionais?
ção Sustentáveis Baseados nas Leguminosas na Europa – corres- Superior de Biotecnologia da Universi- Ainda temos um longo caminho a
ponde a um consórcio com 10 países europeus onde se pretende dade Católica (ESB) lidera o WP3, sen- percorrer até que consideremos as
do que neste âmbito vamos investigar leguminosas tão interessantes como
explorar as potencialidades das leguminosas, explica Marta Vas- novas utilidades das leguminosas para qualquer outra proteína. Todas as
concelos, investigadora da Escola Superior de Biotecnologia da a alimentação humana e para a ração leguminosas são bastante comple-
Universidade Católica. animal, embora nos foquemos mais na tas nutricionalmente e há algumas
alimentação humana. O WP4 irá reali- com teores lípidos elevados, como
No projeto TRUE, 24 parceiros jun- De que forma é estruturado o projeto? zar estudos que permitam perceber as por exemplo a soja, que é importan-
taram-se para explorar e desenvolver Este projeto inclui nove Work Packages necessidades reais do mercado para a te para a extração de óleo, mas tam-
sistemas agrícolas e agropecuários sus- (WP). O WP1 é responsável pela orga- implementação dos produtos criados bém é rica em proteína e é um bom
tentáveis baseados nas leguminosas. O nização dos materiais de divulgação, e o WP5 vai avaliar a qualidade nutri- substituto da carne. O problema da
que se pretende com este projeto? pela dinamização junto dos media e cional das dietas europeias e perceber soja em Portugal é que é praticamen-
O projeto TRUE não pretende pro- pela organização de três clusters regio- qual a pegada ambiental de uma die- te toda importada, porque não há pazes de captar o azoto atmosférico,
mover nenhum tipo de dieta, seja ve- nais (Atlântico, Mediterrânico e Conti- ta em que se substitui certos alimentos produção em quantidade suficiente. enriquecem o solo com azoto, ou seja,
getariana ou vegana. A ideia é poten- nental), onde serão realizadas reuniões por leguminosas, de forma a termos Existem também leguminosas que a sua implementação na produção
ciar uma dieta demetariana, ou seja, com o objetivo de apresentar casos de dietas mais sustentáveis. O WP6 tem passam mais despercebidas, como o agrícola diminui a necessidade de
que continuemos a consumir carne, sucesso em que as leguminosas são in- uma orientação para os indicadores de amendoim, que tem boa utilização na utilização de fertilizantes químicos.
mas nas quantidades e proporções corporadas. Uma das reuniões será or- sustentabilidade das leguminosas desde extração do óleo. Mas, quase todas as Sem dúvida que todos os produtores
adequadas, privilegiando as legumi- ganizada em Portugal e um dos exem- a produção até ao consumo. O WP7 leguminosas têm um bom equilíbrio deviam considerar a hipótese de inte-
nosas. Para nós, esta seria a situação plos a utilizar será a Herdade do Freixo foca-se nas questões políticas, ou seja, nutricional e existe muita variedade. grar leguminosas nas suas culturas. É
ideal por dois motivos: o consumo do Meio, em Foros de Vale Figueira, pretende analisar quais os entraves po- algo que já é feito a nível europeu e
de carne tem uma pegada ambiental onde as leguminosas são cultivadas, in- líticos ao aumento do consumo de legu- As leguminosas não são ainda uma em Portugal, mas não na escala ne-
muito grande e as leguminosas con- corporadas nos sistemas de produção minosas e o WP8 irá desenvolver uma prática agrícola comum na Europa. cessária, uma vez que existem muitas
têm o equilíbrio nutricional necessá- e vendidas como produto. Temos um ferramenta de suporte à decisão para Quais as suas vantagens em termos barreiras, sendo uma delas o facto de
rio para fornecer aminoácidos essen- total de 24 casos de sucesso na Euro- que as indústrias possam perceber as agropecuários? não existirem unidades de transfor-
ciais à nossa dieta. pa, geridos pelo WP2, que queremos vantagens da incorporação de legumi- Uma vez que as leguminosas são ca- mação e processamento em Portugal.

34 Esteja Informado Portugal de Sabores & Tradições 35


som Essence realiza a costumização
de produtos mediante diagnóstico. Em
parceria com massagistas e reflexolo-
gistas, desenhamos misturas de óleos e
orientamos a sua aplicação.

De que forma é que garantem a qua-


lidade no processo de extração de
óleos essenciais de plantas aromáti-
cas medicinais?
O processo de destilação é por ar-
rastamento de vapor. Este método é
o único método de extração de óleos preservação temporal da bioatividade e suscetíveis de conter partículas que
essenciais de plantas considerado bio- dos óleos essenciais, através da sua in- contribuam para a sua degradação.
lógico e o indicado pela farmacopeia corporação em materiais solúveis em São, no entanto, um produto muito in-
portuguesa. No processo de destila- água ou em fibras têxteis. Os óleos es- teressante pois também contêm óleos
ção utilizam-se apenas plantas produ- senciais são naturalmente muito volá- essenciais. As atividades de I&DT de-
zidas em modo biológico que consiga- teis e degradáveis com a temperatura correm em parceria com a Universi-
mos acompanhar desde a sua origem. e radiação. Deste modo pretendemos dade da Beira Interior e Universidade
Deste modo garantimos a rastreabi- alargar o consumo dos óleos essenciais Técnica de Lisboa.
lidade das plantas e dos óleos essen- a outros mercados, nomeadamente o
ciais destilados. Em consonância, as têxtil funcional e dos nutraceuticos. A Quais os principais objetivos traçados
instalações da Blossom Essence, estão preservação da bioatividade dos óleos a médio e longo prazo?

Blossom Essence
certificadas para a produção de pro- essenciais cruza-se diretamente com a O principal objetivo a médio prazo fo-
dutos cosméticos. necessidade de validar as propriedades ca-se em tornar a marca Blossom Es-
terapêuticas de cada óleo essencial em sence uma marca reconhecida e à qual
A inovação e investigação é uma das si e também dos blends de óleos essen- o consumidor atribua qualidade, mé-
Com uma inspiração na natureza, a Blossom Essence é uma destila- tica. Produzimos óleos essenciais com áreas de aposta da Blossom Essence. ciais. Para isso, a investigação abran- rito, confiança. É objetivo também ex-
ria de óleos essenciais localizada na Covilhã que aproveita de forma certificação biológica e certificação Que tipo de trabalho têm desenvolvi- ge as áreas de citoxicologia e ensaios pandir a marca pelo mercado nacional
como produto alimentar (Food grade). do neste âmbito? clínicos. Também pretendemos valo- e internacional. É também objetivo de
inteligente e responsável os recursos naturais e endógenos existen- Depois, com os óleos essenciais por Pretendemos fomentar e expandir o rizar os hidrolatos, comummente co- médio e longo prazo o estabelecimento
tes na região. Delfina Menezes e Fausta Parracho, sócias gerentes da nós destilados, elaboramos misturas mercado dos óleos essenciais, mas tam- nhecidos por águas florais, que são um de parcerias estratégicas que permitam
Blossom Essence, explicam de que forma se caracterizam os produ- de óleos essenciais – Blends terapêu- bém realizar o aproveitamento de re- subproduto da destilação dos óleos es- a concretização do resultado da I&DT
tos da marca e como têm apostado na inovação e investigação. ticos, que têm objetivos específicos de cursos endógenos da flora portuguesa. senciais. Estes, por serem uma solução de modo a poder aumentar o espectro
saúde e bem-estar. Os Blends são tam- As áreas de investigação passam pela aquosa, são extremamente perecíveis de utilização dos óleos essenciais.
bém produtos com certificação bioló-
O que esteve na origem da criação da e bem-estar, criar algo diferenciador, gica e certificação como produto ali-
Blossom Essence? orientado para proporcionar à pessoa mentar. Um dos meios preferenciais na
A Blossom Essence é uma destilaria de mais cosmopolita os benefícios da na- utilização destes produtos é através da
óleos essenciais localizada na Covilhã. tureza em gestos simples e quotidia- difusão. Estes produtos pretendem dar
Nasceu em 2016 e surgiu da vontade nos. Pretendemos dar a conhecer aos uma resposta preventiva, natural, livre
de criar valor sustentável, promoven- nossos clientes as potencialidades da de produtos sintetizados, a sintomato-
do a utilização inteligente e responsá- aromaterapia. Reunimos as competên- logias comuns. No entanto, poder-se-á
vel dos recursos naturais e endógenos. cias humanas necessárias que se tradu- beneficiar das propriedades terapêu-
Apostámos em situar-nos no interior zem numa equipa jovem, dinâmica e ticas dos óleos essenciais através de
pois a proximidade à natureza inspira- altamente qualificada e assim procura- massagem. Assim sendo, alguns dos
nos. O território português detém um mos trabalhar para a satisfação e bem Blends, são apresentados sob a forma
enorme potencial em termos da quali- -estar dos nossos clientes, almejando a de óleos corporais, tais como o be re-
dade das plantas e dos óleos essenciais excelência do produto acabado. lief, be breath, be flow, be woman e be
delas extraídos. Desejamos contribuir smooth. Podem diretamente ser apli-
para a proteção da biodiversidade e Como se caracterizam os produtos co- cados sobre a pele e assim não só usu-
valorização do património vegetal. mercializados pela marca? frui da experiência aromática como
Aquando da génese da empresa pre- A marca Blossom Essence comerciali- dos seus benefícios terapêuticos. Para
tendíamos, dentro da área da saúde za produtos de aromaterapia e cosmé- além dos produtos acabados, a Blos-

36 Esteja Informado Portugal de Sabores & Tradições 37


PROJETO foodfriends
XTREMEGOURMET
Quer jantar com um estranho num restaurante que ambos gostam
e viver uma experiência única? Seguindo o princípio “vamos comer
juntos”, a foodfriends ajuda os utilizadores a encontrar os melhores
Dez chefs, nove investigadores da Universidade do Algarve e uma locais para provar comida típica. Mas, este não é apenas um guia de
empresa algarvia criaram o projeto XtremeGourmet com o objetivo restaurantes, é uma plataforma para juntar apaixonados por comida.
de promover, através da cozinha gourmet, o consumo de plantas Bastam alguns cliques para encontrar nosso país. No total, a foodfriends é
saudáveis com benefícios para a saúde, em específico as extremófi- um restaurante e pessoas que parti- uma comunidade de 13 mil apaixona-
las, de que é exemplo a salicórnia. lhem o gosto por comida. Em almoços dos por comida.
ou jantares, nos mais deliciosos res-
O projeto XtremeGourmet surge com que consegue sobreviver a condições taurantes, a foodfriends quer juntar Mais do que um guia tradicional de
o objetivo de ajudar a implementar geoquímicas extremas, prejudiciais à amigos ou desconhecidos em redor de restaurantes, a foodfriends quer jun-
uma forma de agricultura sustentável, maioria das outras formas de vida na uma mesa numa verdadeira partilha tar apaixonados por comida para tro-
que promove o consumo de produtos Terra. No caso específico das plantas, de experiências. carem dicas e partilharem uma mesa.
saudáveis e com benefícios adicionais exemplo disso é a salicórnia, recente- Depois de descarregar gratuitamente
para a saúde, tendo, ao mesmo tempo, mente incorporada na cozinha gour- “Nesta era, não temos tempo para a aplicação, o utilizador preenche um
capacidade para impulsionar o desen- met, que cresce em zonas de sapal», comer. Viajamos incessantemente, perfil com os seus dados, interesses
volvimento da região, estabelecendo explica a Universidade do Algarve. mudamos de cidade, e a nossa vida e preferências gastronómicas. Com
padrões objetivos de qualidade para as Estas plantas têm compostos antio- social torna-se, gradualmente, mais uma possibilidade de escolha entre 90
plantas comercializadas. No sentido de xidantes, como os polifenólicos, e as digital. Em vez de nos encontrarmos restaurantes com vários tipos de cozi-
cumprir estes objetivos, um grupo de vitaminas A e E, bem como elevado com outras pessoas pessoalmente, en- nha espalhados pelo país, o utilizador
dez chefs em Portugal e outros países valor nutritivo e funcional. viamos fotos do que estamos a comer. seleciona um e procura pessoas com
europeus atuaram como consultores Na foodfriends, com apenas alguns interesses coincidentes. Ao clicar na
para a incorporação deste tipo de plan- Tendo já experiência na comerciali- cliques, conseguimos encontrar-nos barra “Vamos comer juntos”, o utili-
tas em pratos, juntamente com nove in- zação de salicórnia através da marca com outras pessoas e descobrir os me- zador entra num chat com essa pes-
vestigadores da Universidade do Algar- Riafresh, a Agro-On propôs a parceria lhores restaurantes juntos”, refere Jan soa ou com um grupo e a partir daí
ve (UAlg) e a Agro-On, uma empresa à UAlg para a concretização do proje- Marks, fundador da foodfriends. Esta basta combinar uma refeição.
algarvia do setor agroalimentar. to, que permite a criação de experiên- aplicação, criada em 2015 em Palma
cias gastronómicas novas e originais. de Maiorca, chegou a Portugal em Apesar de a plataforma ser, acima de
Neste projeto, as plantas são as prin- O projeto teve início em outubro do 2016, após a Web Summit, evento em tudo, usada em Espanha e Portugal,
cipais estrelas, nomeadamente as ex- ano passado e terá a duração de três que se apresentou ao mercado, e des- estão a desenvolver-se iniciativas no
tremófilas. “Como o próprio nome anos, sendo orçado num valor total de de então não parou de crescer, tendo sentido de a implementar na Alema-
indica, “extremófilo” é um organismo 650 mil euros. atualmente 8500 utilizadores só no nha e Austrália.

38 Esteja Informado Portugal de Sabores & Tradições 39


No Ponto Chocolates
Certo Dom José
As compotas, geleias e marmeladas da No Ponto Certo derretem a Que o chocolate deixa água na boca não é novidade para ninguém,
alma e aconchegam o estômago. Da forma mais artesanal possível, mas a Chocolates Dom José combina o melhor chocolate com a arte
seguindo as receitas da avó e da mãe, Sara Silva cria produtos com de produzir trufas. Com seis sabores diferentes, esta marca, que come-
frutas da época de cultivo próprio, o que garante a elevada qualida- çou num restaurante no Bombarral, já conquistou o mercado nacional
de. A marca prima também pelo cuidado com a imagem. e foi premiada em várias competições nacionais e internacionais.
É na Quinta da Suenga, em Santa Maria e açúcar, sem corantes nem conservantes. A história de Carla Louro cruza o e rapidamente surgiu a necessidade de
da Feira, que nascem as compotas, ge- Os doces são feitos com fruta da época, empreendedorismo, os investimentos comercializar as trufas feitas de forma
leias e marmeladas da No Ponto Certo, sendo que Sara garante que não trabalha bancários e o chocolate. Formada em artesanal. As vendas, que começaram por
pelas mãos de Sara Silva. É nesta quinta com produtos congelados nem de com- Relações Internacionais, esta luso-des- ser apenas no restaurante, já chegaram à
com pouco mais de um hectare de área, pra. “Por isso, todos os sabores são de cendente trabalhou mais de 10 anos na zona gourmet do El Corte Inglês e, garan-
que foi passando de geração em geração, edição limitada e exclusivos”, conclui. área dos investimentos bancários em te Carla, “têm-se revelado um sucesso”.
que se encontra um conjunto de árvores Londres no Newton Investment Mana-
de fruto que produzem o suficiente para Da No Ponto Certo pode comprar com- ger e no Citi Group. Face a uma situa- A marca tem um leque de seis sabo-
consumo doméstico. Face ao excedente potas – de abóbora, cereja, fisális, maçã, ção de desemprego, Carla não baixou res de trufas: caramelo, ginjinha, lima
e à necessidade de ocupar o tempo em pera, mirtilo ou morango - e marmelada os braços e encarou a doçaria como e limão, malagueta, chocolate negro e
situação de desemprego, em 2014, Sara de marmelo, mas também licores feitos uma opção de futuro. vinho do Porto.
optou por “recuperar as receitas de com- a partir de fruta e aguardente, chás co-
potas tradicionais” da avó, “seguindo lhidos das plantas e secos de forma ar- “Resolvi tirar uma formação na área Com três anos de vida, a Chocolates
os métodos tradicionais, sem máquinas tesanal, especiarias e ervas aromáticas e, de doçaria com o mestre chocolateiro Dom José conquistou três medalhas
nem robots, apenas com as mãos, frutas mais recentemente, granola feita a par- William Curley. Concluída a formação, de ouro no concurso organizado pela
e muita paciência e horas ao lume”, para tir do mel, noz e amêndoa produzidos coloquei o projeto em prática em Portu- Qualifica Ouro para as trufas de cara-
criar compotas com sabor tradicional. na quinta. gal, dado que os meus pais tinham um melo, ginjinha e lima e limão, e duas
restaurante há mais de 20 anos no Bom- medalhas de prata no mesmo concurso
“Como sempre ouvi dizer “tem de estar Manter a qualidade e levar o nome da barral”, explica a empreendedora. Tudo para as trufas de vinho do Porto e de
no ponto a marmelada”, foi fácil chegar marca a todo o país são os principais ob- começou no Restaurante Dom José, em malagueta. Na edição de 2016, con-
ao nome da marca”, explica a empreen- jetivos a médio prazo, mantendo a parti- 2013. Carla decidiu oferecer aos clientes quistou uma medalha e uma estrela Ex-
dedora, que faz compotas, marmeladas e cipação em mercados de rua, em particu- uma das suas trufas de chocolate a acom- ceptional Taste nos Great Taste Awards,
geleias com fruta 100 por cento biológica lar na cidade do Porto e em Braga. panhar os cafés. A satisfação era notória organizado no Reino Unido.

40 Temos Novidades Portugal de Sabores & Tradições 41


Sovina Occidens
A Sovina foi a primeira cerveja artesanal portuguesa, criada na Occidens significa “Ocidente” em latim e, para esta marca portuguesa,
cidade do Porto em 2011. Em apenas seis anos já se afirmou como significa fornecer ao mundo os melhores produtos da costa oeste da
uma das principais cervejas artesanais do nosso país, com uma Europa e do país mais antigo do mundo com as suas fronteiras atuais.
produção mensal de 10 mil litros de seis tipos de cerveja: Amber, Na Occidens, os melhores produtos são o mel e o azeite biológicos 100
Helles, India Pale Ale, Stout, Trigo e Bock. por cento naturais produzidos em Trás-os-Montes e na Beira Alta.

Alberto Abreu é o homem por detrás da tural produzida pela levedura, a Sovi- O mel e o azeite da Occidens são o re- Food, na Alemanha, a Occidens apresen-
Sovina. Antes da criação desta marca, na está atualmente disponível em seis flexo da qualidade dos produtos alimen- tou o Mel .5, proveniente da Beira Alta,
a sua paixão pelas cervejas artesanais tipos: Amber, Helles, India Pale Ale, tares portugueses. A marca, criada por que se caracteriza pelo sabor multifloral
era tão intensa que obrigava a família Stout, Trigo e Bock, sendo que sazo- Carlos Graça, baseia-se numa postura com um toque natural dos campos e
a fazer viagens temáticas à Alemanha nalmente são produzidas edições limi- ligada à natureza da terra em que produ- montanhas da região.
e a trocar idas a museus por visitas a tadas, uma de Natal (a Baltic Porter), e to e embalagem estão em conformidade
cervejarias. Foi com base nesta paixão a Sovina Amber Vintage, uma cerveja com a qualidade e exclusividade que a As embalagens da marca “refletem um
e, “acreditando que era possível criar do tipo Amber que estagiou em pipos Occidens garante. produto natural, destinado a ser adqui-
uma cerveja artesanal num país vinha- de vinho do Porto, sendo uma home- rido em locais de prestígio, por consumi-
teiro e numa cidade cujo ex-libris é o nagem à cultura vinhateira. Em cola- O azeite 0.3 foi o primeiro produto lan- dores de produtos gourmet biológicos,
vinho do Porto”, que em 2009 Alberto boração com a Saboaria e Perfumaria çado. As azeitonas crescem na zona de com padrões elevados de exigência, cuja
Abreu começou a criar a ideia da Sovi- Confiança, a marca portuense criou Vila Flor, uma das melhores regiões do preocupação com o design está sempre
na. A oportunidade surgiu quando um também uma linha de sabonetes de mundo para a produção de azeites de presente”, explica. Tudo o que está em
amigo produtor decidiu vender o seu cerveja, que inclui um hidratante com qualidade, e são apanhadas em meados contacto com os produtos, nomeada-
material e à paixão de Alberto juntou- a cerveja Amber e aroma a mel e um de novembro, sendo espremidas menos mente vidro e cortiça, é de origem natural
se Arménio Martins, atualmente mes- esfoliante com a cerveja India Pale Ale de 12 horas depois. Com métodos de e a embalagem de madeira reflete a pro-
tre cervejeiro. Depois de três anos de com aroma a menta. produção 100 por cento naturais e cer- curação com o baixo impacto ambiental.
experiências, em setembro de 2011, o tificados de acordo com as normas de
mercado nacional conheceu a Sovina, Com uma produção mensal de 10 agricultura biológica, o resultado é um No futuro, a Occidens pretende aumen-
a primeira cerveja artesanal produzida mil litros por mês, a curto e médio azeite virgem extra, orgânico com um tar a gama de produtos com “amêndoa,
em Portugal. prazo a marca prevê o aumento da marcado sabor a azeitonas verdes, ligei- cereais e outros produtos portugueses”,
capacidade de produção, de forma a ramente picante e com uma interessante mas também “alargar a comercialização
A partir de métodos artesanais e ela- poder “satisfazer a procura do mer- complexidade. As oliveiras são Cobran- ao Brasil e aos EUA”, ao mesmo tempo
borada unicamente com água, malte, cado nacional”, explica. No entanto, çosa, Verdal e Negrinho do Freixo. Em que se afirma no mercado nacional como
lúpulo e levedura, sem corantes nem uma das apostas é a exploração dos fevereiro deste ano, na Biofach 2017 – uma marca de qualidade e exclusividade,
conservantes e com carbonatação na- mercados internacionais. World´s Leading Trade Fair for Organic revela Carlos Graça.

42 Temos Novidades Portugal de Sabores & Tradições 43


Going Nuts
Deixam qualquer um louco, quer seja amante de frutos secos ou
não. Todos os produtos são artesanais e diferenciam-se pelo sabor
natural, mantendo sempre a qualidade. Granola, muesli e manteigas
de frutos secos são os produtos comercializados pela Going Nuts,
uma loja online que entrega em todo o país.
Constança é licenciada em Finanças A granola, o produto mais popular
pelo ISEG e trabalhou durante quatro da marca, conta com quatro varieda-
anos no setor bancário, até que perce- des: Going Nuts, feita apenas de fru-
beu que o seu caminho não eram os tos secos; com fruta, que acrescenta
cifrões e os números, mas sim o mun- maçã e coco desidratado; com pepi-
do da alimentação saudável. Assumida tas de chocolate; e de cacau. Além da
“viciada em frutos secos”, que cozi- granola, esta marca criada em 2016
nhava em casa para famílias e amigos, vende duas variedades de muesli –
Constança transportou as suas receitas Going Nuts e Cacau -, e quatro va-
caseiras para o mundo virtual e rapi- riedades de manteiga de frutos secos O mesmo ingrediente, mas três pratos diferentes? Sim!
damente as encomendas começaram a – Amendoim, Amendoim com Cho-
surgir, levando ao desenvolvimento de colate Preto, Caju e Amêndoa. É um poderoso antioxidante e antibacteriano de coloração azul
um conceito de produtos feitos à base arroxeada, tamanho pequeno e sabor doce-ácido. Cresce espontaneamente
de frutos secos, para comer de forma Com o objetivo de ter os seus produtos em climas temperados.
saudável e divertida, a Going Nuts. presentes no dia-a-dia dos clientes de
diversas formas, a Going Nuts propõe Procuramos três blogueres que aceitassem o desafio de usar este fruto.
Feita para os loucos por frutos secos, a ainda ideias alternativas de utilização As blogueres arriscaram e criaram receitas diversificadas, saborosas e
Going Nuts comercializa online três ti- dos produtos, demonstrando que exis-
pos de produtos confecionados de “for- tem infinitas possibilidades com recei- inesquecíveis, em que este o fruto secreto é o elemento principal.
ma artesanal que privilegiam a quali- tas fáceis e rápidas, desde panquecas
dade e o sabor natural, sem qualquer com Muesli Going Nuts, a saladas
adição de óleos, conservantes e açúca- com topings de granola ou sobremesas
res refinados”, garante Constança. com manteigas de frutos secos.

44 Temos Novidades Portugal de Sabores & Tradições 45


O SEGREDO
Prazer A Cozinhar
ESTÁ NO… Quadrados crumble de mirtilos.

MIRTILO Ingredientes:

Para a base:
• 375 gr de flocos de aveia sem glúten
• 100 ml de leite de amêndoa
• 4 colheres de sopa de mel
• 1 colher de chá de canela

Para o recheio:
• 100 gr de morangos
• 250 gr de mirtilos
• 3 colheres de sopa de mel
• 50 ml de água
• 2 colheres de chá de farinha de araruta

Para o topping:
• 3 colheres de sopa de óleo de coco
• 2 colheres de sopa de mel
• 1 colher de chá de canela
• 1/2 colher de chá de gengibre
• 100 gr de flocos de aveia grossos sem
glúten
• 50 gr de amêndoa
Prazer a Cozinhar Basta Cheio Sugar bites • 50 gr de caju

Joana Morais Susana Ferreira Paula Guerreiro


Preparação:
Joana conta que desde pequena ado- Quando questionada sobre o que a “Gosto de culinária pelo próprio pro-
rava ajudar a mãe e a avó na cozinha, atrai na culinária, Susana não tem dú- cesso criativo que envolve a confeção de Pré-aqueça o forno a 180ºC e for-
mas a paixão surgiu verdadeiramente vidas: tudo. “Desde o que nos ensina, uma receita, a combinação de sabores, re uma forma retangular com papel
quando terminou o curso de Ciências aos sentidos que nos desperta; desde a os aromas que se espalham na minha vegetal.
Farmacêuticas e, numa busca por em- exploração de receitas e técnicas novas, cozinha e, claro está, provar o resultado Para a base, coloque os ingredien-
prego, tinha mais tempo livre. “Ganhei à descoberta de outros sabores e tex- final”. É desta forma simples que Paula tes num processador de alimentos e
um enorme prazer em cozinhar, em pre- turas”, refere a responsável pelo blog Guerreiro, autora do blog Sugar Bites, pressione algumas vezes até que tudo
parar os lances, fazer biscoitos e bolos Basta Cheio, criado em 2013. Este blog, justifica a sua paixão pela cozinha. A fique misturado, mas não em pó. Co-
e jantares para a família”. Assim surgiu que surgiu de uma paixão antiga por aventura na blogosfera começou como loque esta mistura na forma, pressio-
o nome do blog que criou em 2012. comida, apareceu numa altura em que uma forma de partilhar com as amigas nando com as mãos, até cobrir toda a
Todas as receitas publicadas são feitas Susana começou a “cozinhar, a explo- as “aventuras e experiências na cozi- base da forma. Leve ao forno duran-
com “amor e carinho” e existe uma rar mais e a partilhar as fotografias”. nha” e rapidamente surgiu o gosto em te 15 minutos. Deixe arrefecer.
preocupação maior com as receitas sem No Basta Cheio, que se distingue pela fotografar as próprias receitas. Paula Coloque todos os ingredientes, à ex-
glúten, uma vez que a bloguer desenvol- “genuinidade”, irá encontrar receitas e revela que gosta de partilhar receitas de ceção da farinha, num tacho e leve
veu uma intolerância a este ingrediente. experiências em restaurantes e espaços pastelaria e que a sua principal preocu- ao lume durante cerca de 10 minu-
Para esta rubrica, Joana criou uma “re- similares. Com uma inspiração na Du- pação é publicar “receitas bem explica- tos, até que comece a ficar com uma
ceita saudável, sem açúcares refinados, tch Baby, Susana criou para esta rubri- das com fotografias que despertem os consistência de compota.
sem glúten e sem lactose” que “adoça ca umas panquecas simples e versáteis sentidos”. N’O Segredo de 3, a bloguer Junte a farinha e mais duas colheres
a boca a qualquer um, sem fazer mal”. que se diferenciam pela “introdução criou umas madalenas “simples, fáceis de sopa de água para engrossar. Mis-
Assumida fã de mirtilos, esta bloguer do queijo e da amêndoa” e pelos mir- de fazer, muito saborosas, suculentas e ture bem e deixe arrefecer. Reserve.
sugere que os quadrados crumble de tilos quentes, sendo esta uma receita de textura cremosa” que, sugere, “são Entretanto, para fazer o topping,
mirtilo são “ótimos tanto ao pequeno que funciona ao pequeno-almoço, mas ideais para levar para o lanche ou para derreta o óleo de coco com o mel e
-almoço ou lanche como com café”. também como entrada ou sobremesa. a praia”. com as especiarias. Junte os flocos de Coloque o recheio sobre a base e por topping fique dourado.
aveia, as amêndoas e os cajus parti- cima coloque o topping. Leve ao for- Deixe arrefecer por completo antes
dos grosseiramente. no durante 25-30 minutos, até que o de partir.

46 O Segredo de 3 Portugal de Sabores & Tradições 47


Basta Cheio sugar-bites
PANQUECA DE MIRTILO, BRIE E LIMA Madalenas de Mirtilos
Ingredientes: Ingredientes:

• 3 ovos • 1 chávena de açúcar amarelo


• 100 ml de leite • 1 ovo tamannho L + 1 gema
• 2 colheres de sopa de açúcar amarelo • 1/2 chávena de óleo
• 3 colheres de sopa de manteiga sem sal • 1/3 chávena de leite
• 1 colher de chá de extrato de baunilha • 1 colher de chá de baunilha
• 1 pitadinha de sal fino • 1 chávena de farinha sem fermento
• 1 pitada de gengibre em pó • 1 colher de chá de fermento em pó
• Raspa fina de 2 limas • Uma pitada de sal
• 60 gr de farinha • 1/2 chávena de buttermilk/leitelho
• 100 gr de mirtilos (ou 1 iogurte natural)
• 2-3 fatias de queijo brie partidas em • 1 chávena de mirtilos
pedaços • raspa de ½ limão
• Amêndoa palitada tostada • açúcar amarelo para o topo (opcional)
• Açúcar em pó

Preparação:
Preparação:
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Pré-aqueça o forno a 200ºC. Prepare um tabuleiro de madalenas
Bata os ovos com o leite, o açúcar, o (ou formas individuais) e unte o re-
extrato de baunilha, duas colheres de bordo, para evitar que as superfícies fi-
manteiga, o sal, o gengibre e a raspa de quem coladas. Forre com as forminhas
lima até obter um preparado liso e ho- de papel e reserve.
mogéneo. Acrescente a farinha e envol- Numa taça, coloque 1/2 chávena
va até estar perfeitamente misturada. de leite com 2 colheres de sopa de
Coloque uma colher de sopa de man- sumo de limão, mexa e reserve por
teiga num recipiente de ir ao forno 10 minutos.
(travessa, prato ou frigideira) com À parte, misture o açúcar, o ovo e a
cerca de 20 cm de diâmetro. Leve gema, o óleo, o leite e baunilha e bata
ao forno até o recipiente estar bem até ficar bem misturado.
quente, com a manteiga derretida e a Numa taça peneire a farinha, o fermen-
borbulhar. Abra o forno, verta a mas- to e o sal. Adicione à massa e envolva
sa na forma e espalhe os mirtilos por até estar bem misturado. Acrescente
cima, a gosto. o buttermilk/leitelho e envolva bem.
Deixe no forno cerca de 15 minutos, Junte uma parte dos mirtilos e reserve
até a massa ter crescido nas extre- os restantes para colocar no topo das
midades e estar firme e douradinha. madalenas. Distribua uniformemente
Coloque os pedaços de queijo brie a massa pelas forminhas de papel.
por cima, reduza a temperatura para Polvilhe com uma 1 colher de chá de
170ºC e deixe assar mais 5 minutos. farinha pelos mirtilos para não des-
Retire do forno e deixe repousar um cerem na massa e distribua-os pelas
pouco. Espalhe a amêndoa torrada e al- madalenas, pressionando-os levemen-
guns mirtilos frescos por cima, polvilhe te. Polvilhe os topos com o açúcar,
com açúcar em pó e sirva ainda quente. se desejar. Leve a cozer ao forno por
cerca de 25 minutos. Se estiver a usar
mirtilos congelados, levará cerca de 5
minutos mais. Faça o teste do palito.
Retire do forno e deixe arrefecer numa
rede. Depois de frias, guarde numa cai-
xa hermética.

48 O Segredo de 3 Portugal de Sabores & Tradições 49


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AS TUAS RECEITAS
PUBLICADAS?
Envia um email com a receita, duas
fotografias e dados pessoais
(nome, localidade, blog) para
seussabores@gmail.com

Iremos selecionar algumas receitas para


serem publicadas na revista e no nosso site.
Queremos tornar esta revista ainda
mais apetitosa!
Aguardamos as tuas receitas!

Fettuccine com salmão


e ervilhas
Autor: Preparação:
Marlene Teixeira Retire as ervilhas do congelar e colo- Condimente com o aneto , sal e pi-
Localidade: que-as em água para que descongelem menta preta a gosto.
Penafiel (depois escorra a água). Escorra a massa, e junte ao molho.
Blog: Coloque uma panela com bastante De seguida adicione o salmão e a sal-
http://dapanelaparaocoracao.blogspot.pt água e um pouco de sal. Coza a massa sa fresca, e envolva cuidadosamente.
de acordo a descrição na embalagem. Sirva logo de seguida.
Tempere o salmão com um pouco de
Ingredientes: limão, sal e pimenta preta. Nota: Pode substituir o aneto por
• 2 lombos/tranches/filetes/posta de Numa frigideira anti-aderente grande tomilho seco ou fresco. Não cozinhe
salmão (cerca de 350 gramas) grelhe com um fio de azeite o salmão o salmão durante muito tempo para
• 400 gr de fettuccine de ambos os lados para ganhar uma não ficar seco. Podem usar natas para
• 2 chalotas pequenas crosta dourada e ficar cozinhado. culinária. É importante que o vinho
• 4 dentes de alho Desfaça o salmão em pedaços com a que usam seja de qualidade, pelo me-
• 200 gr de ervilhas ajuda de dois garfos, mas não em pe- nos que gostem de beber, pois o prato
• 250 ml de creme culinário de soja daços demasiado pequenos. Reserve. irá ter também algum do seu sabor.
• 250 ml de vinho branco Na mesma frigideira refogue uns se- Embora seja controversa a junção de
• 1 colher (sobremesa) de aneto em folha gundos a chalota e o alho, ambos pi- queijo com peixe, se desejarem polvi-
• 1 colher (sopa) de salsa fresca picada cados bem finamente. lhem no final da confecção com um
• Q.b. sal e pimenta preta Junte o vinho branco, e deixe reduzir pouco de queijo parmesão.
• Q.b. azeite um pouco para evaporar o álcool.
• Q.b. sumo de limão (espremido na Junte as ervilhas e o creme culinário.
hora) Misture.

50 Portugal de Sabores & Tradições 51


Ingredientes:
Para o Brownie de Cereja:
• 80 gr de chocolate Negro 70%
• 60 gr de manteiga
• 103 gr de açúcar
• 63 gr de ovo
• 60 gr de farinha
• 10 cerejas (sem caroço)
• Licor de Ginja q.b.
• 1 colher de sopa de açúcar amarelo
• 0.3 gr de fermento
• 1 Pitada de sal
Para as Bolachas de Suspiro:
• 1 clara de ovo
• 57 gr de açúcar em pó
• Algumas gotas de corante vermelho
Para a Mousse de Chocolate:
• 50 gr de leite
• 80 gr de natas
• 2 gemas
• 23 gr de açúcar
• 60 gr de chocolate 70%

Autor:
Rita de Melo Franco
Localidade:
Linda-a-Velha
Blog:
https://ritamelofranco.blogspot.pt/

Brownie de Cereja com Bolacha de


Suspiro e Mousse de Chocolate Negro
Preparação:
Para o brownie de cereja, comece por, no caso contrário fica muito seco). Deve ter Comece a mousse de chocolate por fa- Autor:
dia anterior, colocar as cerejas sem caro- em conta que, ao retirá-lo do forno, o zer o creme inglês, levando a ferver o Margarida Moreira
ço numa taça com uma colher de sopa brownie continua a cozer. Assim, e para leite com as natas. Noutra taça misture Localidade:
de açúcar amarelo e com o licor de ginja que tal não aconteça, utilize uma bandeja as gemas com o açúcar. Incorpore um Porto
até que as cerejas fiquem cobertas. Deixe coberta de gelo picado e sobre ela colo- pouco do líquido quente no preparado Blog:
macerar de um dia para o outro. No dia que a bandeja recém retirada do forno das gemas e com uma espátula mexa http://sweetandsourblog3.wix.com/sweetandsour
seguinte, num processador de alimentos, para que arrefeça rapidamente. Deixe bem. Por fim, adicione todo o líquido.

Pavlova de Frutas
triture-as e reserve o licor de ginja. arrefecer bem. Leve ao lume mexendo sempre até fi-
Numa taça bata os ovos (à temperatura Para as bolachas de suspiro, pré-aqueça o car cremoso (85ºC).
ambiente) com o açúcar até obter uma forno a 140º C. Deite a clara de ovo De seguida, incorpore o creme inglês
mistura homogénea e esbranquiçada. numa taça grande e bata em castelo. Jun- no chocolate previamente derretido
Noutra taça derreta o chocolate com a te o açúcar em pó, uma colher de cada em banho-maria. Coloque num saco Ingredientes:
Ingredientes: Preparação:
manteiga e envolva bem. Junte a mistura vez, batendo sempre até o merengue ficar de pasteleiro e guarde no frio por duas Para a Pavlova: Para a Pavlova: em forma de círculo.
anterior ao chocolate e, de seguida, junte brilhante. Coloque umas gotas de coran- horas sensivelmente. • 5 ovos M Ligue o forno a 180ºC. Baixea temperatura do forno para os
a farinha, o fermento, a pitada de sal e te no interior do saco de pasteleiro e deite Com a ajuda de um aro, corte quatro • 250 gr de açúcar em pó Separe as claras das gemas e bata as 140ºC e deixe cozer por 1h e 10 miutos.
mexa bem. Por fim, junte as cerejas tritu- o merengue no saco de pasteleiro. Colo- círculos do brownie, pincele bem com • 1 colher de sopa de amido de milho claras em castelo. Quando começar a Para o recheio, bata as natas com
radas e envolva mais um pouco. que no tabuleiro do forno uma folha de o licor de ginja reservado e sobre eles • 1 colher de sopa de vinagre de vinho ficar uma espuma consistente, acres- umas gotas de limão e acrescente aos
Revista um aro quadrado de 14 cm com papel vegetal e faça 8 círculos, utilizando disponha a mousse de chocolate em branco cente aos poucos o açúcar em pó. poucos o açúcar.
papel vegetal, verta a massa do brownie, um aro para o efeito, e preencha-os com picos. Coloque uma bolacha de suspi- • 1 colher de café de aroma de baunilha De seguida, junte o aroma de bauni- Cubra a pavlova e acrescente as frutas
espalhando bem por toda a superfície, o merengue. Leve ao forno pré-aquecido ro, repita o processo, terminando com Para a cobertura: lha, o amido de milho e o vinagre e a gosto.
com ajuda de uma espátula. Leve ao durante cerca de 1h a 1h15, até o meren- picos de mousse e uma cereja. • 200 ml natas envolva muito bem.
forno durante 18 minutos aproximada- gue secar e ficar estaladiço. Depois deixe • 3 colheres de sopa de açúcar em pó Num tabuleiro coloque uma folha de
mente (a ideia é que permaneça húmido, arrefecer. • 300 gr de frutas à sua escolha papel vegetal e coloque o merengue

52 Os seus Sabores Portugal de Sabores & Tradições 53


A A nossa sugestão
Agosto
04 08 09 13 30

g
Ilha Bombarral Ílhavo Vila Pouca
Murça de Aguiar Almeirim
Terceira

Feira de
Gastronomia Festival do Vinho Festival Feira do Mel Festival da Sopa
do Atlântico Português do Bacalhau e do Artesanato da Pedra
30 de agosto
04 a 13 de agosto 08 a 13 de agosto 09 a 13 de agosto 13 a 15 de agosto
a 03 de setembro

e
Integrada nas festas do concelho da Praia A Mata Municipal do Bombarral recebe um É no concelho com maior tradição asso- O Parque Termal das Pedras Salgadas será A sopa da pedra é o prato mais emblemáti-
da Vitória, a Feira de Gastronomia é um festival que celebra o vinho português e as ciada ao bacalhau que durante cinco dias o palco deste evento de cariz cultural e eco- co de Almeirim e no último fim-de-semana
dos principais espaços da festa, reunindo suas características. O certame reúne produ- se podem provar dezenas receitas de baca- nómico que inclui concursos, seminários, de agosto são muitos os que aproveitam o
vários restaurantes que proporcionam aos tores e dispõe de um rico programa de ani- lhau, confecionadas por associações locais. exibições desportivas e espetáculos musi- festival para experimentar esta iguaria. O
visitantes a possibilidade de provar os me- mação cultural. Durante o festival celebra-se Também irão decorrer showcookings, de- cais. A feira visa promover a produção de evento integra ainda provas de vinhos, de-
lhores sabores do Atlântico. também a Feira Nacional da Pera Rocha. gustações e atividades desportivas. mel e de artesanato no concelho. monstrações de cozinha e música.

Setembro
01 01 07 08 22
Tavira Ponte de Porto

n
Marco de Nelas
Murça
Canaveses Lima de Mós

Mercado Medieval Feira do Vinho Feira da Dieta Festival Viver


de S. Nicolau do Dão Mediterrânica Feiras Novas Porto de Mós
01 a 03 de setembro 01 a 03 de setembro 07 a 10 de setembro 08 a 11 de setembro 22 a 24 de setembro

Marco de Canaveses volta alguns séculos no A Feira do Vinho do Dão é a maior da região A quinta edição deste evento encerrará a Nas mais populares festas de Ponte de O Festival Viver Porto de Mós celebra

d
tempo e recorda a época medieval. Durante e visa divulgar os vinhos e produtos do Dão. presidência de Portugal, e de Tavira, do Lima, celebradas desde 1826 em honra a sua quarta edição. Esta iniciativa tem
o evento, próximo da ponte sobre o rio Tâ- Com mais de 25 anos, tem uma programa- programa anual dos 7 Estados e Comuni- de Nossa Senhora das Dores, são espera- como objetivo fomentar o artesanato, os
mega, são organizados torneios, jogos de des- ção com workshops, espetáculos, provas dades representativas da Dieta Mediterrâ- das milhares de pessoas para assistir às produtos endógenos regionais, as artes e
treza e habilidade, cerimónias e danças, em gastronómicas e de vinhos e exposições, reu- nica como Património Cultural Imaterial desgarradas, fados, bombos e gigantones, ofícios, as tradições etnográficas, o turismo
honra de S. Nicolau. nindo os melhores produtores locais. da Humanidade da UNESCO. folclore e cortejos etnográfico e histórico. e a cultura.

Outubro
09 19 20 27 27
Loures Santarém São Miguel Abrantes
Murça Sernancelhe

a
Feira Nacional
Festa do Vinho Festival Nacional Wine in Azores de Doçaria Festa da Castanha
e das Vindimas de Gastronomia Tradicional
09 a 11 de outubro 19 a 29 de outubro 20 a 22 de outubro 27 a 29 de outubro 27 a 29 de outubro

Este é um dos maiores eventos de cariz as- No maior evento de gastronomia a ní- O Pavilhão de Exposições da Associação Para celebrar a doçaria tradicional, Abran- A Terra da Castanha recebe durante três
sociativo do concelho de Loures, atraindo vel nacional, Santarém recebe milhares Agrícola recebe o maior evento empresarial tes recebe este evento onde as principais dias um dos eventos mais importantes.
milhares de visitantes. Durante três dias, de visitantes que procuram experimentar dos Açores que, além de ser um festival de vi- referências da doçaria nacional se juntam. Além da promoção da castanha nas suas
Bucelas transforma-se num espaço privi- pratos típicos de todas as regiões do país, nhos, se assume como um festival com uma O certame, em que a Palha de Abrantes, as variadas vertentes, realizam-se concursos
legiado de divulgação das artes e ofícios desde Ponte de Lima a Faro, passando por forte componente gastronómica. Na edição Tigeladas e os doces abrantinos são reis, para a melhor castanha e uma rota da cas-
tradicionais ligados à vitivinicultura. Coimbra, Madeira ou Açores. de 2016 recebeu mais de 13 mil visitantes. promete animar o centro histórico. tanha e do castanheiro.
Agosto
Setembro
outubro

54 A nossa sugestão Portugal de Sabores & Tradições 55


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