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Mestrado em Biotecnologia
Laboratórios de Engenharia de Bioprocessos
Relatório Prático
Data de entrega
11 de junho de 2019
Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Sumário
Por fim foi testada a atividade enzimática da enzima produzida, testando diferentes
concentrações de substrato e verificou-se um KM igual a 48,94 e um Vmáx igual a 0,127. Foi ainda
feito um ensaio de caracterização enzimática, com o objetivo de determinar o pH e a temperatura
ótimos de atividade desta enzima e verificou-se que o pH a que esta demostrava maior atividade
era igual a 6 e a temperatura igual a 70 °C.
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Índice
Contenido
Sumário .......................................................................................................................................... i
Introdução ..................................................................................................................................... 1
Metodologia .................................................................................................................................. 6
Meio de Cultura e Inóculo ......................................................................................................... 6
Inoculação e crescimento ......................................................................................................... 7
Curva de crescimento................................................................................................................ 7
Consumo de amido ................................................................................................................... 9
Rutura celular mecânica por sonicação .................................................................................... 9
Doseamento de proteína através do método de Bradford .................................................... 10
Resultados e Discussão ............................................................................................................... 12
Cinética de crescimento de E. coli BL21 (DE3) crescida em LB e LB com amido..................... 12
................................................................................................................................................. 12
Avaliação do consumo de substrato através de um método qualitativo – Soluto de Lugol... 13
Avaliação do consumo de substrato através de um método quantiitativo – Método de iodo
................................................................................................................................................. 14
Rutura Celular por Sonicação .................................................................................................. 15
Doseamento da actividade enzimática ................................................................................... 15
................................................................................................................................................. 16
Caracterização da enzima ....................................................................................................... 16
Conclusão .................................................................................................................................... 18
Referências .................................................................................................................................. 19
Anexos ......................................................................................................................................... 21
Anexo 1.................................................................................................................................... 21
Anexo 2.................................................................................................................................... 21
Anexo 3.................................................................................................................................... 22
Anexo 4.................................................................................................................................... 22
ii
Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Introdução
1
Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
engenharia genética, o que permite otimizar a produção de α-amilases, obtendo enzimas com
características específicas (Coronado et al., 2000). Sabe-se também, que estas enzimas requerem
a presença de iões cálcio (Ca2+) de modo a assegurarem a sua atividade, integridade estrutural e
estabilidade (Sundarram and Murthy, 2014). As α-amilases podem ser produzidas por diferentes
espécies de microrganismos, mas para aplicações com fim comercial as α-amilases são
maioritariamente derivadas do género Bacillus. A bactéria gram-positiva Bacillus subtilis é muito
utilizada para a produção em larga escala de enzimas industriais, como a α-amilase. Este
microrganismo para além de ser um dos mais bem caracterizados até hoje, apresenta ainda
vantagens como o facto de não ser patogénico, apresentar uma boa acessibilidade genética, ótimas
características de fermentação e ainda a capacidade de libertar as enzimas para o meio
extracelular, facilitando assim a sua purificação e baixando assim os custos (Harwood and
Cranenburgh, 2008).
As α-amilases estão entre as enzimas mais importantes e são de grande interesse para a
biotecnologia, constituindo uma classe de enzimas industriais correspondendo aproximadamente
a 25% do mercado mundial de enzimas (Rajagopalan and Krishnan, 2008); (Reddy, Nimmagadda
and Sambasiva Rao, 2003).
As espécies Bacillus subtilis, Bacillus stearothermophilus, Bacillus licheniformis e
Bacillus amyloliquefaciens são conhecidos por serem bons produtores de α-amilase termostável.
A termoestabilidade é uma característica importante, uma vez que a liquefação enzimática e a
sacarificação do amido são realizadas a altas temperaturas (100 - 110 ° C). As enzimas
amilolíticas termostáticas estão a ser investigadas para melhorar os processos industriais de
degradação de amido e são úteis para a produção de produtos valiosos como glicose, dextrose
cristalina, xarope de dextrose, maltose e maltodextrinas (Sundarram and Murthy, 2014).
Relativamente à produção de α-amilases, os principais métodos usados são: a
fermentação submersa e a fermentação em estado sólido. O último método referido é bastante
recente, enquanto o primeiro é um método tradicional de produção de enzimas a partir de
microrganismos que já foi muito utilizado para a produção destas enzimas. A fermentação
submersa utiliza substratos como melaço e caldos. Os produtos resultantes desta fermentação são
segregados no caldo de fermentação enquanto os substratos são utilizados rapidamente, pelo que
necessitam de ser constantemente reabastecidos. Esta técnica de fermentação é adequada para
microrganismos, como bactérias, que requerem alto teor de humidade para o seu crescimento
(Sundarram and Murthy, 2014). Este método possui ainda várias vantagens face à fermentação
em estado sólido uma vez que permite uma melhor utilização de organismos geneticamente
modificados, a esterilização do meio e o processo de purificação dos produtos finais podem ser
feitas com facilidade e o controlo de parâmetros do processo como a temperatura, o pH, o
arejamento, a transferência de oxigénio e a humidade podem ser feitas convenientemente
(Kunamneni, Permaul and Singh, 2005).
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
A fim de melhorar e otimizar a produção desta enzima podem ainda ser utilizados
organismos geneticamente modificados, existindo para isso vários métodos de manipulação
genética (Sundarram and Murthy, 2014). A bactéria mais utilizada para a expressão heteróloga de
genes é a Escherichia coli, visto que esta espécie possui um crescimento muito rápido (tendo um
tempo de duplicação curto) e consequente alto rendimento de produção de proteína, facilidade de
crescimento e manipulação em laboratório e disponibilidade de uma ampla gama de vetores de
clonagem e expressão, desenvolvidos para obter a máxima expressão(Frommer and Ninnemann,
2003). Para além disso o seu genoma e a sua fisiologia são bem conhecidos, estão disponíveis
múltiplas ferramentas moleculares e estabelecidos mutantes bem definidos, o que permite que se
manipule facilmente plasmídeos e que se criem transformantes de forma simples e rápida. Todos
estes fatores fazem com que esta bactéria se torne atrativa economicamente (Evans et al., 1995;
Rosano and Ceccarelli, 2014).
No entanto, esta bactéria pode não ser a mais indicada para a clonagem do gene ou
expressão da proteína desejada, visto que não possui organelos responsáveis pelos mecanismos
de modificação que originam o RNA e a consequente proteína encontrada nos organismos
eucariotas (). Adicionalmente, a proteína produzida pode estar na forma insolúvel, devido a
missfolding, agregação ou acumulação em corpos de inclusão, podendo a sobrexpressão de
algumas proteínas ser tóxica para a própria bactéria (Fakruddin et al., 2012; Frommer and
Ninnemann, 2003;). Para além disso, a sequência de codões para um aminoácido específico pode
variar de de organismo para organismo, um fenómeno denominado de “codon bias”, o que afeta
a expressão em E. coli (Fakruddin et al., 2012).
A tecnologia de DNA recombinante envolve a construção de um grande número de
moléculas semelhantes. Nesta técnica, o fragmento de DNA de interesse, ligado a uma molécula
de DNA que funciona como um vetor, pode ser replicado dentro de uma célula hospedeira
(Grafico 1). Quando a introdução desta molécula ocorre, esta é reproduzida, resultando numa
grande quantidade de moléculas que incluem o plasmídeo e o fragmento de interesse.
Normalmente, são utilizados dois tipos de vetores: plasmídeos de E. coli e bacteriófagos λ (Lodish
et al., 2013).
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Os plasmídeos são moléculas circulares de DNA de cadeia dupla que estão separadas do
cromossoma celular, estando presentes em bactérias e leveduras. Estes podem ter desde poucos
milhares até mais de cem mil pares de bases e são responsáveis por fornecer à célula genes que
codificam para mecanismos de resistência a antibióticos, como enzimas capazes de degradar e,
portanto, inativar essas moléculas (Lodish et al., 2013).
Na tecnologia de DNA recombinante os plasmídeos mais utilizados são de E. coli e foram
desenhados com o intuito da otimização no uso na clonagem de DNA, em que, por exemplo, o
seu comprimento é reduzido, para que possua apenas as sequências nucleotídicas fundamentais
para a clonagem, como a origem de replicação, um gene de resistência a um antibiótico e uma
região de inserção de fragmentos de DNA (Lodish et al., 2013).
Normalmente inclui-se um passo de indução de expressão da proteína adicionando-se ao
meio o IPTG (Isopropil β-D-1-tiogalactopiranosídeo), que é um composto análogo à sacarose,
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
mas não metabolizável pelas células bacterianas, que tem a capacidade de ativar a transcrição do
operão lac, permitindo a sobrexpressão do gene de interesse (Figura 2).
Ao utilizar um microrganismo geneticamente modificado, a produção do produto de
interesse pode ser libertado ou permanecer no interior das células. Quando o produto é
intracelular, é necessário recorrer a métodos que permitam romper as células e libertar
consequentemente o produto pretendido. Esta etapa possui uma influência considerável não
apenas na quantidade total da proteína de interesse a ser recuperada, mas também na sua atividade
biológica, na sua associação com outros componentes celulares e na possível presença de
degradação proteolítica e contaminantes que podem influenciar as etapas subsequentes de
purificação (Kula and Schütte, 1987). Existem inúmeros métodos de rutura celular, podendo ser
classificados em dois grupos principais: mecânicos e não mecânicos (Tabela 1). O primeiro leva
à destruição total e não especifica da parede celular dos microrganismos, enquanto que no
segundo não existe destruição havendo a permeabilização das células de um modo específico
(Geciova, Bury and Jelen, 2002).
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físicos. Assim, é uma técnica utilizada para diversos fins, como a produção de nanopartículas
(nanoemulsões ou lipossomas) ou a purificação de águas residuais e a extração de compostos
(Peshkovsky, Peshkovsky and Bystryak, 2013; Golmohamadi et al., 2013). Em termos de
aplicações biológicas, a sonicação é utilizada para romper membranas celulares e,
consequentemente libertar os componentes intracelulares (Zhang, Zhang and Wang, 2007).
Após a rutura celular, é necessário analisar a atividade da enzima, o que pode ser feito
através da medição dos açúcares redutores libertados como resultado da hidrólise do amido pela
α-amilase (Sundarram and Murthy, 2014). Isso pode ser feito pelo método do DNS, que consiste
na formação de um composto corado, possível de detetar por espetrofotometria, resultante da
reação entre açúcares redutores e o ácido 3,5-dinitrosalicílico (DNS).
Certas estirpes de E. coli, como a estirpe BL21 usada neste trabalho, não têm protéases
multiespecíficas levando à obtenção de elevados rendimentos de proteínas (Lübben ad Gasper,
2015).
Deste modo, a produção de uma proteína recombinante implica a seleção do gene de
interesse, a sua inserção num vetor de clonagem adequado e transformação no hospedeiro
selecionado (E.coli) (Rosano and Ceccarelli, 2014). Após a rutura celular pode-se separar os
diversos componentes presentes na amostra de forma a obter apenas os produtos de interesse ou
a utilização da enzima de interesse pode ser feita sem a sua purificação.
Este trabalho prático foi realizado com o objetivo de estudar a produção heteróloga de α-
amilase em E. coli. Para isso usou-se a estirpe E. coli BL21 (DE3) para expressar o gene da α-
amilase do B. subtilis. A enzima produzida foi caracterizada e foi avaliada a sua capacidade de
utilizar o amido como substrato.
Metodologia
* Os dados usados e a análise desta parte da metodologia foi feita com os dados do grupo 3.1
O meio Luria-Bertani (LB) foi escolhido para avaliar o crescimento das bactérias
transformadas e o efeito do amido. Este meio consiste em peptona, triptona, extrato de levedura
e NaCl; os principais componentes são derivados de fontes biológicas complexas, como a digestão
de caseína pancreática e a porção de uma levadura (Baev et al.,2006).
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para outro Erlenmeyer de 250 mL, mas desta vez com a adição de 1% de amido numa quantidade
de 0,5 g. Também é necessário preparar em outro Erlenmeyer de 500 mL, 100 mL de meio LB
para o pré-inóculo (0,5 g de extacto de levadura, 1 g de triptona, 1 g de NaCl). Finalmente, 50 mL
de meio LB com 5 g de agar são preparados, apresentando as mesmas condições mencionadas
acima para o referido volume. Todos os meios são autoclavados por 20 minutos a uma
temperatura de 121 ° C.
* Todo o procedimento descrito acima foi elaborado pelos professores e responsáveis pelo
laboratório
Inoculação e crescimento
Uma vez que o meio de cultura com agar foi autoclavado, no mesmo dia foi adicion 100
µL de canamicina e IPTG e procede-se, no interior da câmara de fluxo laminar, à inserção deste
em placas de Petri, deixando-se secar por 15 minutos e sendo armazenadas. Transferiouse
asseticamente a E. coli transformada BL21 (DE3) ao enlermeyer de 500 mL estéril para a
preparação do pré-inóculo e incubouse por 24 horas a uma temperatura de 37°C e 200 rpm. Tempo
posterior mediu-se a densidade óptica (DO) do pré-inoculo crescido a partir do dia anterior com
o fim de calcular o volume necessário para ser adicionado nos erlenmeyers com o meio restante,
para um OD de 0,1. Infelizmente, no momento da medição da densidade óptica, mesmo após a
agitação, resultou em uma concentração muito baixa e foi decidido usá-lo diretamente, sem
diluição.
Também inoculou-se em 4 placas (2 para cada meio) de petri a bactéria Escherichia coli
BL21 (DE3) previamente transformada e pré-inoculada en meio LB+amido y sem amido. O
microorganismo é incubado por 24 horas a uma temperatura de 37 ° C.
Curva de crescimento
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A partir das amostras das culturas em meio líquido de E. Coli transformada BL21 (DE3)
previamente coletadas, determinou-se a concentração de células pelo método da turbidimetria,
determinando a calibração entre a absorvância a 600 nm e o peso seco de suspensões celulares
- Filtrou-se individualmente cada amostra, lavando a biomassa retida no filtro com água
destilada
- Pesou-se as membranas depois de as deixar arrefecer num exsicador para evitar adsorção
de vapor de água e Descontou-se o peso médio dos controlos
- Foi feita uma leitura preliminar no espectrofotómetro das amostras (T0) e fazer diluições
de modo a possibilitar a construção de uma curva padrão verificando-se a linearidade entre a
concentração celular e a densidade óptica a 600 nm
- Foi calculado o peso seco (g/L) das diluições, com base no valor obtido para a cultura
original
- Construiu-se uma curva padrão tendo em abcissas os valores do peso seco em g/L e em
ordenadas os valores da absorvância.
- Centrifugou-se cada um dos mililitros restantes (1 mL) das amostras durante 5 minutos
a 10000x, guardou-se e congelou-se o sobrenadante, para posterior análise.
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Uma vez terminado este procedimento, o volume restante dos meios de fermentação (LB
e LB com amido) foi dividido por 2 falcons e reservado no congelador para posterior utilização.
Consumo de amido
Método amido-iodo
- 100 μL de reagente iodo foi adicionado e deixado repousar até a solução mudar de cor.
- A absorbância a 580 nm é lida e os resultados foram usados para prepar uma linha de
calibração de acordo com os valores de concentração de amido e os valores de absorbância.
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Notas: A amostra devia ser mantida fria (colocou-se os tubos em gelo) de modo a evitar
desnaturação das proteínas. Entre cada 10 impulsos, deixar arrefecer a amostra durante 60
segundos.
- Efetuou-se a rutura celular com uma potência de 200 W (output control = 5) , foram
feitos 35 impulsos de 10 em 10 impulsos com um tempo com 10 segundos entre si com 60
segundos de repaso.
- Depois da sonicação as amostras foram centrifugadas durante 5 min a 3000 rpm e foram
conservadas no gelo para usar posteriormente para doseamento de proteína e da sua atividade,
bem como a sua caracterização
*A partir deste ponto os dois conteúdos feitos dos dois grupos na metodologia foram utilizados
Para o conteudo centrifugado antes e depois da rutura Centrifuga foram feitas diferentes
diluições. – Para a curva padrão: Pipetou-se 0, 2, 4, 6, 10, 15 e 20 µL de uma solução padrão de
BSA (100 µg/mL) em poços devidamente assinalados de uma Microplaca de 96 poços.
* Para ler as absorbâncias de algumas metodologías, foi necessário diluir algumas amostras, estas
são mais detalhadas no ficheiro de Excel
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
(5g / L 10g / L 20g / L 40g / L), em 50mM de um tampão de fosfato de potássio a um pH de 6,3
contendo 10 mM de ião cálcio. Para a solução de amido, o seguinte procedimento foi seguido:
Em paralelo, amostras de 100 μl retiradas das amostras que foram removidas a cada três
minutos foram coletadas e adicionadas em novos tubos ependorffs contendo 100 μl de reagente
DNS.
- Em cada poço de uma microplaca ELISA, 200 µl de cada amostra foram adicionados
em triplicado e a absorbância das soluções foi lida a 540 nm.
Caracterização da enzima
- Foi Incubado previamente 50 μL desta amostra que contem a enzima de interesse por
60 minutos, com 50 μL de cada tampão
- Foi quantificada para cada ensaio a quantidade de açúcares pelo metodo DNS previamente
explicado.
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Para determinar a temperatura ótima a enzima foi testada usando como substrato o amido,
testando diferentes temperatura de 70°C, 75°C, 80°C e 85°C. No fim foram quantificados os
açúcares libertados.
- Uma vez decorrido este tempo, o método de quantificação pelo DNS é executado como
explicado acima.
Resultados e Discussão
Figura 1. Curva de crescimento de E. coli BL21 (DE3) transformada em meio LB e em meio LB com amido:
concentração celular (g/L) em função do tempo (horas
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Não foi realizado um controlo em que as células cresceriam sem adição de IPTG e seria
da mesma forma avaliado o seu crescimento ao longo do tempo pelo que não é possível a
comparação com os dados obtidos, porém pode-se concluir que se IPTG não for adicionado ao
meio, haverá menor expressão da enzima α-amilase, que por sua vez, não converterá tanto amido
em açúcares redutores, resultando num menor crescimento celular das bactérias transformadas.
A concentração celular máxima obtida no caso do meio LB foi de 2.139 g/L ao fim de 7
horas desde o início da experiência e no meio LB com amido de 2.180 g/L uma hora antes.
De modo a avaliar o consumo de amido por E.coli BL21 (DE3) foram utilizados dois
métodos, um qualitativo através da utilização da solução de lugol que é um reagente capaz de
detectar amido na medida em que aquando da reacção com o mesmo origina cor azul-escura.
Quando existe degradação do amido são visíveis halos esbranquiçados. Após crescimento das
bactérias transformadas nos meios de fermentação as mesmas foram cultivadas em placas com
meio LB, com amido, agar, canimicina e IPTG. Assim como a elaboração de um controle com
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
um meio sem IPTG, todo representado na Figura 2, onde apenas três placas são mostradas em
representação dos resultados porque eram muito semelhantes entre si e não foi considerado
necessário incluir o resto das placas.
Figura 2. Fotografias tiradas das placas da metodologia Soluto de Lugol. A) Placa pertencente ao controle negativo,
preparada a partir da inoculação de uma cultura sem IPTG. B) placa de Petri com resultado positivo após inoculação
de cultura com LB + Amido + IPTG e adição de gotas de Lugol. C) Placa de cultura inoculada de uma cultura LB +
amido + IPTG e com 24 horas de crescimento, antes da adição do reagente Lugol
Como esperado, o controle elaborado apresentou ausência de quase total consumo de amido,
antes da indução da expressão da enzima com IPTG, como mostra a Figura 2A, sugerindo que
exista uma expressão basal da enzima amilase. Os resultados também relatam que para as
condições de meio LB com amido, bem como para aqueles que só possuíam o meio LB, existiam
praticamente zonas totais de consumo de amido, como mostrado na Figura 2 B
O método quantitativo utilizado foi o método do iodo que permite analisar a hidrólise do
amido ao longo do tempo. Foi utilizada a recta de calibração obtida pelo método de iodo (Anexo
2). O gráfico obtido (Figura 3) permite observar que, tal como esperado, ao longo do tempo a
concentração de amido vai diminuindo visto que existe a sua degradação e conversão em açucares
redutores tais como a glucose.
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Figura 3. gráfico de concentração de amido em função do tempo pelo método quantitativo, método de iodo
Para determinar se a enzima α-amilase presente nas bactérias transformadas E. coli BL21
(DE3) é intracelular ou extracelular recorreu-se ao método de Bradford para dosear a proteína.
Inicialmente através deste método realizou-se uma reta de calibração (Anexo 3).foi determinada
a concentração de proteína antes e depois da sonicação, método de rutura celular, onde foram
aplicados 35 impulsos. Os resultados obtidos não foram os esperados visto que antes da sonicação
previa-se que a quantidade de proteína encontrada fosse em quantidade perto de zero uma vez que
pela literatura se sabe que a enzima estudada é intracelular. O valor obtido para o grupo 1.1 foi
de 0,245 g/L no meio LB e 0,223 g/L no meio LB com amido. Os valores obtidos para o grupo
3.1 nas mesmas condições fora, respectivamente, 0,269 g/L e 0,274 g/L. Após a rutura celular por
sonicação seria de esperar um valor muito mais alto do que o obtido antes da mesma, no entanto
não se verificou, resultado que pode indicar que na quantificação após rutura não tenham sido
usados os sobrenadantes e houvesse presença de células no que foi avaliado. Os resultados obtidos
foram, para o grupo 1.1 com LB 0,380 g/L e 0,377 g/L LB com amido e para o grupo 1.3,
respectivamente, 0,353g/L e 0,367g/L. É de notar que não existem diferenças significativas nos
dois meios: LB e LB com amido.
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Figura 4. Medição da atividade enzimática com diferentes concentrações de substrato (amido), 5, 10, 20 e 40 g/L
obtenção das curvas de concentração de açúcares redutores em função do tempo
Caracterização da enzima
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Conclusão
Embora antes e após a quebra celular, a proteína foi quantificada pelo método de Bradford
e, embora se soubesse na literatura que a enzima se revelou extracelular, não foi possível encontrar
uma grande diferença nos valores quantificados devido a problemas. técnicos na elaboração do
método, o que sugere estudos posteriores. Assim como observado na curva de crescimento,
quando há maior concentração de amido no meio, uma maior atividade enzimática pela referida
proteína também será observada.
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Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
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20
Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Anexos
Anexo 1
Anexo 2
21
Produção Heteróloga de α-Amilase de Bacillus subtilis em Escherichia coli
Anexo 3
Anexo 4
22