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SEMANA 1
1 – Resposta: D
Comentários: O flutter atrial e a fibrilação atrial (FA) são duas arritmias comuns na prática clínica. Há
várias dicas para diferenciá-las. Uma delas, a presença de ondas F (maiúsculo) no flutter e a
presença de ondas f (minúsculo) na FA. Ambas ondas refletem a despolarização atrial.
No flutter, normalmente o circuito da arritmia está localizado no átrio direito e se dá por um
mecanismo de macroreentrada. Isto faz com que os átrios sejam despolarizados sempre com a
mesma frequência e pela mesma via. O resultado eletrocardiográfico será a presença de ondas F
sempre de mesma morfologia e com intervalo regular entre elas.
Já na FA a despolarização atrial ocorre de forma caótica, através de inúmeros focos
diferentes de microreentrada localizados no átrio esquerdo. Isto irá gerar ondas f que possuem
morfologias diferentes (já que cada uma surge de locais distintos) e com intervalo irregular.
REGRA BASICA DO DR FÁBIO: Até que se prove o contrário, frequência cardíaca regular de 150
bpm É FLUTTER.
2 – Resposta: B
Comentários: A questão aborda a profilaxia secundária do acidente vascular encefálico (AVE)
isquêmico. A paciente apresenta o antecedente de AVE e clínica compatível com lesão em território
de artéria cerebral anterior esquerda (paresia em perna D). Apesar do enunciado frisar a existência
de fatores de risco para causa aterosclerótica (hipertensão e diabetes), a paciente apresenta uma
arritmia crônica (há 01 ano), que tem entre suas complicações a formação de trombos intracavitários
e embolização. O diagnóstico eletrocardiográfico da fibrilação atrial deriva da ausência de onda P,
presença de ondas f e irregularidade do intervalo R-R (irregularmente irregular). Então, estamos
diante de um quadro de AVEi cardioembólico.
Apesar do local de formação do trombo ser um leito vascular arterial, quando da existência de
fibrilação atrial há estase sanguínea no átrio esquerdo e, portanto, a formação do trombo segue o
mesmo princípio do leito vascular venoso, com intensa ativação da cascata de coagulação. Deste
modo, a antiagregação plaquetária – medida usualmente adotada na prevenção de trombos em leitos
vasculares de alto fluxo – não é indicada, sendo necessário o tratamento com anticoagulantes
(varfarina, heparina ou inibidores de fator Xa). Alternativas C e D eliminadas.
A última decisão, então, é se devemos ou não associar a AAS a varfarina. A associação de
antiagregantes plaquetários com anticoagulantes não tem demonstrado incremento no grau de
proteção em comparação ao uso isolado de anticoagulantes, nem tampouco redução na taxa de
ocorrência de fenômenos hemorrágicos. Tal associação, particularmente na população idosa pode,
outrossim, aumentar o risco de hemorragia intracraniana. Sendo assim, mesmo em pacientes com FA
e doença arterial coronariana estável, o uso isolado de anticoagulante parece ser suficiente para
exercer tanto proteção cerebral quanto miocárdica. A associação de AAS pode ser útil até que o RNI
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alvo seja alcançado, mas, após esse período, não oferece proteção adicional e aumenta os riscos de
hemorragia.
3 – Resposta: D
Comentários: O paciente apresenta um quadro com sinais clínicos de ativação parassimpática
(pupilas mióticas, sialorreia, secreção pulmonar – estertores crepitantes e frequência cardíaca de 70
bpm apesar de uma saturação de 80%).
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4 – Resposta: C
de receptores de LDL, que acabam por “capturar” o LDL circulante, acarretando a diminuição
sérica do mesmo.
• O uso das estatinas pode ser classificado em regime de alta, moderada e baixa potência.
Essa classificação se refere a porcentagem de redução do LDL circulante. Reduções acima
de 50% caracterizam um regime de alta potência (em doses habituais, apenas alcançado
com o uso de atorvastatina e rosuvastatina). Regimes de moderada potência reduzem o LDL
entre 30 e 50%. Como devemos respeitar a dose máxima de cada medicamento, a
sinvastatina pode ser apenas utilizada para regimes de baixa a moderada intensidade.
• As duas principais toxicidades das estatinas são miopatia (rabdomiólise em quadros mais
graves) e hepatopatia. Devemos, portanto, realizar o controle laboratorial e clínico para
identificação dessas complicações.
5 – Resposta D
Comentários: A Injúria Renal Aguda (IRA) pré-renal ocorre como uma resposta fisiológica do rim à
diminuição na perfusão sanguínea renal, seja por hipovolemia absoluta (por exemplo, sangramentos,
diarreia) ou hipovolemia relativa (por exemplo, sepse, insuficiência cardíaca, hepatopatia). A IRA pré-
renal é a causa mais comum de IRA. Em resposta às alterações na pressão de perfusão renal, ocorre
a autorregulação do fluxo sanguíneo renal e da filtração glomerular (FG) mediante mecanismos
neuro-humorais que levam à vasodilatação das arteríolas aferentes e vasoconstrição das eferentes.
Alterações na perfusão renal que suplantem a auto-regulação e/ou o uso de drogas que interfiram
nesse mecanismo (como antiinflamatórios não-hormonais e inibidores da enzima conversora de
angiotensina – ECA) culminam com a redução da FG e consequente IRA pré-renal. Geralmente
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reversível e sem representação histológica, pode progredir para necrose tubular aguda (NTA)
isquêmica se não for tratada adequadamente.
IRA pré-renal: o tratamento consiste basicamente na reposição volêmica, na otimização
hemodinâmica e nas medidas gerais.
Informações extras:
• Definição de IRA aguda (KDIGO):
o Aumento da creatinina sérica ≥ 0,3 mg/dL em 48 h
o Aumento de 1,5 vezes creatinina sérica basal em 7 dias
o Fluxo unrinário menor que 0,5 ml/Kg/h durante 6 horas
• IRA pré-renal, em geral, tem relação ureia/creatinina maior que 20:1
• Na IRA pré-renal o sedimento urinário é normal, o sódio urinário (< 20mEq/L) e a fração de
excreção de sódio (<1%) são baixos e a urina é concentrada, com densidade e osmolaridade
(Osm > 500) aumentadas.
6 – Resposta: C
Informações extras:
Apesar da questão não envolver um caso clínico como base para raciocínio, ela nos oferece a
possibilidade de entendermos o porquê das estratégias para instituição da anticoagulação (e para a
reversão da mesma). Se entendermos o processo de ação do remédio, conseguimos resolver a
questão mesmo desconhecendo o protocolo específico.
A varfarina é um anticoagulante de ação indireta que interfere no complexo vitamina K
epóxido redutase (VKORC1). De maneira resumida, inibe a produção hepática dos fatores de
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coagulação que dependem da vitamina K para sua síntese (fatores II, VII, IX e X). Como dito, inibe a
produção dos fatores, porém não torna os fatores circulantes inativos. Dessa forma, entre o início do
remédio e a obtenção da anticoagulação efetiva há um tempo de 3 a 5 dias (meia vida do fator II). Na
realidade, nos primeiros dias do uso da medicação, por conta da inibição da produção de proteína C
e S, temos um estado de pró-coagulação. Por isso, sempre fazemos a terapêutica “ponte”,
administrando heparina em conjunto com a vitamina K, até que tenhamos comprovação da
anticoagulação induzida pela varfarina (RNI). Vale lembrar ainda que esse tempo é variável, pois
existem diferenças individuais (geneticamente determinadas) na capacidade de metabolização da
varfarina, tornando sua eficácia maior ou menor.
Em relação a heparina de baixo peso: ativa a antitrombina III, diminuindo a ação do fator X
ativado (principalmente) e do fator II ativado (muito menos que a heparina não-fracionada). Meia-vida
de 12-24 horas. Não há necessidade de controle com R (via intrínseca), diferente da heparina não-
fracionada. A heparina de baixo peso, por ter menor ação no fator II e farmacocinética mais
previsível, tem um risco de sangramento muito menor que a heparina não-fracionada.
Inibidor de fator Xa (rivaroxaba, apixabana, edoxabana) agem diretamente no fator Xa, com
início de ação imediato (faz-se necessária a dose de ataque). A meia-vida varia conforme a
medicação. Não fazemos controle com R ou RNI pois não há correlação entre os valores obtidos e a
efetividade da anticoagulação. Já existe antídoto para essa classe de remédio, andaxanet.
Meia-vida:
- rivaroxabana: 5 – 9h (idosos: 11 – 13h)
- apixabana: 5 – 6h
- edoxabana: 10 – 14h
Com esses dados, podemos chegar à resposta certa, independente de conhecermos o protocolo
detalhadamente.
7 – Resposta C
Comentários: Questão fácil que se repete: NÃO PODEM ERRAR!!!
O uso do desfibrilador promove uma aplicação de corrente elétrica não sincronizada ao
músculo cardíaco. O choque despolariza em conjunto todas as fibras musculares do miocárdio,
tornando possível a reversão de arritmias graves como a TV e a FV, permitindo ao nó sinusal retomar
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8 – Resposta: C
9 – Resposta: E
Importante: quando o potássio começa a aumentar, as ondas T começam a ficar apiculadas (em
"tenda"). TODAVIA, quando os complexos QRS começam a alargar (isso ocorre em níveis mais
elevados de potássio), essas ondas T apiculadas são como que "esticadas" e acabam perdendo
altura. Por isso, quando os níveis de potássio estão muito elevados, as ondas T podem não estar
apiculadas e elevadas por causa de um QRS muito largo.
3. Diminuição de amplitude da onda P e aumento de duração do PR (surgem com níveis acima
de 7 mEq/l).
4. Potássio acima de 9 mEq/l faz desaparecer a onda P (condução sino-ventricular por
inexcitabilidade atrial).
5. Segue-se QRS-T em um único complexo.
10 – Resposta: D
Comentário: O quadro clínico descrito é de lombalgia inflamatória (melhora no decorrer do dia), com
sinais de cronicidade e sequela (teste de Schöber com menos de 5cm, mostrando restrição no
movimento de flexão da coluna). O diagnóstico mais provável desses achados em um homem de 29
anos é espondilite anquilosante. O achado de “olho vermelho” nessa doença é associado a uveíte
anterior, que costuma ser recorrente.
Abaixo, imagens explicativas dos testes de FABERE e Schöber e sua aplicabilidade, bem como do
quadro clínico da uveíte anterior na espondilite anquilosante.
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11 – Resposta: D
Ademais, a ausência de mudança da cor da urina também indica que a hemólise ocorre em sítio
extravascular (ausência de hemoglobinúria/hemossiderinúria). Lembremos que quadros de hemólise
podem ser intra ou extravascular e, além das características acima, apresentam:
• Intravascular: haptoglobina reduzida, presença de esquizócitos no esfregaço periférico,
hemoglobinúria, hemossiderinúria e aumento do uribilinogênio urinário.
• Extravascular: os macrófagos no baço “eliminam” as hemácias. Presença de esferócitos no
sangue periférico (em especial na esferocitose hereditária e na anemia hemolítica
autoimune), não há hemoglobinúria/hemossiderinúria. Pode haver aumento de urobilinogênio.
Por fim, o aumento do baço sugere o aumento da capacidade do tecido retículo endotelial e corrobora
nossa hipótese.
Uma vez definido o quadro de hemólise (excluída alternativa B), devemos achar elementos que nos
indiquem se a etiologia é intracopuscular (intrínsecos) ou extracorpuscular (extrínsecos). Os defeitos
intrínsecos envolvem a estrutura e função da hemoglobina, da membrana e a composição
citoplasmática, incluindo os mecanismos metabólicos que controlam o volume da hemácia e o
potencial redox. Alguns exemplos de defeitos intrísecos são: hemoglobinopatias (falciforme,
talassemias); esferocitose e eliptocitose hereditárias (defeitos na membrana); e a deficiência de
G6PD.
Quando o mecanismo é extrínseco, a hemácia é originalmente normal, mas é destruída por efeitos
mecânicos, imunológicos, infecciosos ou tóxico-metabólicos externos. As principais causas de
hemólise extrínseca são:
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Analisando as alternativas:
Alternativa A: anemia falciforme é uma anemia hemolítica e, portanto, diagnóstico diferencial do
quadro. É autossômica codominante, com incidência em vários membros da mesma família. No
entanto, não há história de crises álgicas e a presença de esplenomegalia ocorre apenas nos
primeiros anos de vida. Em adultos, devido a auto-esplenectomia, o baço é um órgão cicatricial, com
pouca ou nenhuma função (aumento do risco de infecção por germes capsulados). São exceções:
casos de hemoglobinopatias mistas (HbSC, S-beta-talassemia, PHHF), nas quais a esplenomegalia
pode ocorrer ao longo de toda vida.
Alternativa B: hepatites virais levam ao aumento das transaminases, principalmente a ALT (específica
do fígado). Ademais, o aumento da bilirrubina é principalmente às custas de bilirrubina conjugada,
com colúria.
Alternativa C: na anemia hemolítica autoimune a causa é extrínseca, em geral mais grave que o
quadro da paciente, e – principalmente – não hereditária.
Alternatica D: alternativa correta pois, há sinais de hemólise, com esplenomegalia – frequentemente
encontrada na doença – e membros da família acometido, sugerindo hereditariedade (a doença
é,autossômica dominante). Um dos testes para identifica-la é o teste de fragilidade osmóstica e, como
em toda anemia hemolítica, haverá aumento de reticulócitos para restabelecer a população de
hemácias circulantes.
Informações extras:
12 – Resposta: D
Comentário: A paciente apresenta um quadro clínico compatível com lúpus eritematoso sistêmico
(LES). Os achados que corroboram essa hipótese são:
• Rash malar fotossensível (veja que o elaborador frisa que poupa o sulco nasogeniano e isso
tem a intenção de descartar a dermatomiosite, onde o rash malar compromete o sulco);
• Dor torácica ventilatório-dependente, sugerindo pleurite.
• Fator antinúcleo positivo.
Não podemos considerar a anemia como critério diagnóstico, pois não temos comprovação de
que é hemolítica; tampouco entra como critério a artralgia, pois não há comprovação de artrite. No
entanto, devemos lembrar que os critérios elaborados para o LES são classificatórios, portanto, mais
específicos que sensíveis, e não desenhados para diagnóstico e sim para inclusão de pacientes em
estudos científicos. Deste modo, existem pacientes com LES que nunca preencherão os critérios da
doença.
Chama a atenção que a paciente possui uma combinação de achados clínicos que sugere LES
induzido por drogas: a febre, mialgia, fotossensibilidade e serosite como achados predominantes e
ausência de lesão renal e de sistema nervoso central.
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Devemos nos lembrar que o anticorpo anti-histona (típico do LES induzido por droga)
apresenta o padrão nuclear homogêneo na imunofluorescência. Ademais, o captopril é uma droga
que pode desencadear o LES induzido por drogas (tabela a seguir).
13 – Resposta: B
14 – Reposta: B
Dermatite herpetiforme
Fonte: Medscape
e
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15 – Resposta: C
Por ser uma doença definidora de SIDA, o tratamento antirretroviral está indicado,
independente do nível de CD4 (alternativa A errada).
As demais alternativas consideram o risco da síndrome de reconstituição imune e suas
possíveis complicações. Pacientes com HIV e outra infecção associada estão sob o risco dessa
complicação no início do tratamento antirretroviral, pois a recuperação da imunidade pode ocasionar
piora considerável dos sintomas da infeção associada devido a exacerbação da resposta inflamatória.
Tais complicações já foram relatadas em: infecções por M. avium, tuberculose, CMV
(comprometimento ocular), leucoencefalopatia progressiva multifocal e meningite por criptococos. No
entanto, na neurotoxoplasmose tal efeito é raro e não há comprovação da necessidade de retardar o
tratamento. Assim sendo, o tratamento deve começar imediatamente (ou, obrigatoriamente, nas duas
primeiras semanas).