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OS CABELOS DA MEDUSA: TRICOTILOMANIA E FETICHISMO

Maria Stela de Godoy Moreira

“Le silence éternel de ces espaces infinis m´effraie”.


Pascal, B.:Pensées,III,206 - citado por Bion in Transformations.

Julia Kristeva (1993)[2] no livro Les nouvelles maladies de l'âme nos apresenta a inibição
da vida fantasmática de um paciente pintor, incapaz de colocar em palavras as imagens
que povoavam seus quadros, pois, afirma ela, os afetos estão clivados do discurso que
ele relata em suas fantasias perversas. Desejo salientar a distinção entre o fetichista
que desloca sua agressividade para a dinâmica de pensamento, da perversão onde há
uma catástrofe psicótica.
Neste trabalho, Tricotilomania e Fetichismo, tentarei focalizar a relação “perversa”
(entre aspas) de uma menina com seu pré-objeto-cabelo salientando a necessidade do
analista acolher o surgimento da imagem e das representações do ato perverso como
possíveis na transferência. Tal atualização do cenário na sala de análise mobiliza a
intensidade das representações pré-verbais do afeto e constitui uma pré-condição à
palavra interpretativa.

A EROTIZAÇÃO DOS CABELOS


Os cabelos longos, despenteados são sexual e moralmente contestadores. Naturais
porque informais, mas perversos porque auto-divinizante e auto-eróticos, pois têm uma
sobrenatural iridescência sexual: uma coroa solar.
Entre as mulheres, o cabelo aparece como uma das armas principais da sedução. Maria
Magdalena, na iconografia cristã, aparece sempre representada com cabelos longos e
desmanchados, sinal de abandono a Deus, mais ainda, uma lembrança de sua antiga
condição de pecadora. A noção de provocação sensual, ligada à cabeleira feminina, na
tradição cristã aparece como o antigo costume de utilizar um véu sobre os cabelos ao se
entrar na igreja.
Os cabelos esvoaçantes da Vênus de Botticelli foram e continuam sendo a linguagem de
Eros feminino. Pertencem ao cânone feminino da beleza conservando uma relação
íntima com seus portadores, mesmo depois de seu corte. Conservados em relíquias, não
são apenas objetos de veneração, mas também expressam um desejo de participação
em suas virtudes. Representam muito freqüentemente certos poderes do homem: a
força e a virilidade como no mito de Sansão. Esta associação manifesta claramente um
elo estabelecido entre o cabelo e a força vital.
Os religiosos de conventos católicos tosam o cabelo das freiras quando elas fazem os
votos e fazem a tonsura nos padres, simbolizando não apenas um sacrifício, uma
penitência, o caminho das virtudes, mas indicando também capitulação: uma renúncia—
voluntária ou imposta—, às prerrogativas da carne e à sua própria personalidade. Uma
renúncia aos prazeres profanos e um voto de obediência.

CABELOS E O MITO DA MEDUSA


Beth Seelig (2002)[3] no trabalho “The rape of Medusa in the temple of Athena” aponta
para a sensualidade dos cabelos, no mito do perigoso monstro feminino Medusa – a
representação da mulher assertiva, fálica e perigosa ou a alternativa, passiva, castrada
e receptiva — a virgem intelectual Atena. O mito também alude às defesas contra o
medo da sexualidade feminina e a necessidade de encarar uma mulher poderosa como
masculina ou fálica.
A história do relacionamento de Atena e Medusa ilustram o problema do
desenvolvimento da maturidade sexual feminina combinada com poder e autoridade.
Medusa [4]era uma jovem lindíssima. De toda a beleza que ela possuía nada era mais
belo que seu cabelo. A tragédia começou quando perdeu a virgindade no templo de
Atena. Alguns autores dizem que o assédio sexual foi perpetrado por Zeus, seu pai,
outros autores atribuem a Poseídon, deus do mar, que a tendo raptado, violentou-a,
dentro de um templo da própria Atena. Na história, Atena, a deusa-virgem era muito
ligada ao pai Zeus, foi tomada por inveja competitiva, aparentemente perdoando a
ação dele (ou do tio Poseídon), e culpando a vítima Medusa.
A cabeça da Medusa, com o cabelo e as víboras foi representada no escudo de Atena,
adquirindo o poder mágico de transformar em pedra qualquer inimigo que para ele
olhasse. Uma só mecha da outrora lindíssima cabeleira da Górgona[5] apresentada ao
exército invasor era bastante para pô-lo em fuga. Ainda o mito retrata, mais tarde,
Perseu partindo para o Ocidente para matar a Górgona e o estratagema que utilizou ao
refletir a imagem do monstro no escudo de bronze polido de Atena sem precisar olhar
diretamente para ela, decapitando-a.
Atena pode ser vista como a altruísta deusa-mãe e a “mensagem” do mito poderia ser:
uma vez que a filha permaneça virgem e ‘obediente’, ela está segura, mas quando a
maturidade sexual da donzela torna-se uma ameaça à mãe, ela destrói seu maior trunfo
de feminilidade, transformando seu cabelo em cobras venenosas e petrificantes.
O mito é uma boa metáfora sobre a integração da feminilidade e do desenvolvimento do
“complexo de Édipo” nas mulheres. Medusa simboliza a mãe-maligna e a
competitividade hostil, e Atena, assexuada e intelectual é equivalente à mãe benigna e
ao pensamento criativo.

-A CLÍNICA
Soube pela mãe que Medusa arranca os próprios cabelos na região da nuca. Os cabelos?
Ou os pensamentos e fantasias que se escondem por baixo deles? Neste relato gostaria
de chamar atenção para quatro momentos:
1- FATO HISTÓRICO
A primeira vez que encontrei Medusa ela se postava sentadinha na poltrona de meu
consultório, tendo aos seus pés ajoelhados, o motorista bem moço também, que lhe
amarra os cordões do sapato. Chama atenção uma cascata de cabelos aloirados,
arrumados em um rabo de cavalo, puxado para um dos lados do belíssimo rosto. Ela não
fala nada e não sorri. A mãe, que só conheci pessoalmente dois meses após a primeira
entrevista, aludiu, quando falamos pelo telefone, ao fato de Medusa ter uma “espécie
de apatia”, não reagindo a castigos ou prêmios. Como poderia sorrir uma menina de dez
anos que é "enviada" sozinha, sem acompanhante responsável para uma psicanalista
estranha, uma entrevista cuja finalidade é iniciar análise?
No primeiro contato, sorri a me ver. Entra na sala. Permanece quieta. Na mesa havia
lápis e papel. Ela imediatamente começa a desenhar.
A CASCA DE BANANA – SOCORRO
Medusa desenha inúmeros detalhes minúsculos preenchendo o branco assustador da
página, numa tentativa de entulhar o vazio (infinito) que se lhe apresenta. Seria o vazio
dos cabelos faltantes na área perto do pescoço, área intermediária entre o corporal e o
intelectual que ela tenta esconder com o penteado assimétrico? Escreve “SOCORRO” e
esta foi a mensagem “subliminar”.
A TEORIA DA SEDUÇÃO foi elaborada por Freud 1895-1897, e ulteriormente
abandonada, que atribui às recordações de cenas reais de sedução o papel determinante
para explicar na sua origem o mecanismo do recalcamento e a etiologia das
psiconeuroses.
Foi sucintamente descrita por Laplanche e Pontalis [6], como “Cena real ou
fantasmática, em que o indivíduo, geralmente uma criança, sofre passivamente
propostas ou manobras sexuais por parte do outro”. Foi sucintamente descrita por
Laplanche e Pontalis [6], como “Cena real ou fantasmática, em que o indivíduo,
geralmente uma criança, sofre passivamente propostas ou manobras sexuais por parte
do outro”.
Antes de ser uma teoria que Freud, no período da fundação da psicanálise, pensou poder
explicar o recalcamento da sexualidade, a sedução é uma descoberta clínica; os
pacientes no decorrer do tratamento acabam por se lembrar de experiências de sedução
sexual: trata-se de cenas vividas em que a iniciativa cabe ao outro (geralmente um
adulto) e que pode ir de uma simples proposta por palavras ou gestos até ao atentado
sexual, mais ou menos caracterizado, que o indivíduo suporta passivamente e com
pavor. Atualmente, ousamos pensar que o “pavor” é porque foi prazeroso.
Esquematicamente essa teoria supõe que o traumatismo se produz em dois tempos,
separados um do outro pela puberdade. O primeiro tempo, o da sedução propriamente
dita, é por Freud caracterizado como acontecimento sexual Pré-sexual. O
acontecimento sexual é aduzido do exterior a um indivíduo que, pelo seu lado, é ainda
incapaz de emoções sexuais (ausência de condições somáticas da excitação,
impossibilidade de integrar a experiência). A cena, no momento em que se produz,
não é objeto de recalcamento. Só no segundo tempo um novo acontecimento, que não
implica necessariamente um significado sexual em si mesmo, vem evocar por alguns
traços associativos a recordação do primeiro: “Aqui, nota Freud, oferece-se a única
possibilidade de ver uma recordação produzir um efeito muito mais considerável do
que o próprio incidente”. É em virtude de excitação desencadeada pela recordação
que esta é recalcada.
Freud atribui tal importância à sedução na gênese do recalcamento, que procura
descobrir sistematicamente cenas de sedução passiva tanto na neurose obsessiva como
na histeria, onde primeiramente as descobriu. “Em todos os meus casos de neurose
obsessiva encontrei, numa idade muito precoce, anos antes da experiência de prazer,
uma experiência puramente passiva, o que não pode ser um acaso”.
Mais tarde, em carta à Flies [7]afirma: “já não acredito na minha neurótica”, e
apresenta motivos para pôr em dúvida a veracidade das cenas de sedução e a
abandonar a teoria correspondente: “Este foi o ponto decisivo no aparecimento da
teoria psicanalítica das noções de fantasia inconsciente, de realidade psíquica e de
sexualidade infantil espontânea”.
Na mesma linha de pensamento, Ferenczi (1932), [8] adotando a teoria da sedução,
descreveu como a sexualidade adulta (a linguagem da paixão) operava verdadeiramente
um desvio e evasão do mundo infantil (a linguagem de ternura).
O perigo dessa renovação da teoria da sedução estaria em voltar à noção pré-analítica
de uma inocência sexual da criança, que a sexualidade adulta viria perverter. O que
Freud recusa é que se possa falar de um mundo da criança com sua existência própria
antes de se produzir essa evasão, ou essa perversão. Parece ser por essa razão que ele
classifica em última análise a sedução entre as protofantasmas, cuja origem refere à
pré-história da humanidade. A sedução não seria na sua essência um fato real, situável
na história do indivíduo, mas um dado estrutural que só sob forma de um mito poderia
ser transposto historicamente.
Para Freud o complexo de Édipo era nuclear desde sua descoberta em 1897 até o fim de
sua vida. Melanie Klein (1928) adotou o termo “Situação Edípica” e a incluiu no que
Freud refere como cena primária, isto é, as relações sexuais dos pais como percebida e
imaginada pela criança. Desde o início de seu trabalho com crianças, influenciada por
Fereczi, Melanie Klein, impressionada com a onipresença da situação edípica e sua
importância única, postulou o início dela muito antes do que Freud determinara. A
situação edípica inicia-se com a relação de objetos parciais antes de evolver para o
complexo edípico que nos é familiar, quando a relação dos pais é percebida como
objetos totais, ou seja, como duas pessoas interagindo. Em idade muito tenra a criança
toma conhecimento da realidade através das deprivações que esta lhe impõe. O grau da
capacidade de tolerância da privação resultante da situação edípica será o que mais
tarde vai determinar sua capacidade para adaptar-se à realidade[9].
Isto foi escrito uma década antes de Melanie Klein descrever o que denominou de
posição depressiva – esse período de integração e reconhecimento que ocasiona a
tomada de consciência da natureza do mundo exterior ao self e a natureza dos
sentimentos ambivalentes. Em outras palavras o início do sentimento de realidade
externa e interna. A capacidade de compreender e relacionar-se com a realidade é
possível com a metabolização da posição depressiva. Britton (1985) sugeriu que a
metabolização de uma patrocina o desenvolvimento da outra.
O reconhecimento inicial do relacionamento sexual parental envolve o abandono da
idéia da possessão permanente da mãe e leva a um profundo sentimento de perda, que,
se não é tolerado pode tornar-se um sentimento persecutório. Mais tarde o encontro
edípico também envolve o reconhecimento da diferença entre o relacionamento entre os
pais, distinto do relacionamento entre os pais e filhos. O relacionamento dos pais é
genital e pro criativo e o dos pais e a criança não são. Este reconhecimento produz um
sentimento de perda e inveja, quando não é tolerado, podendo gerar dor, tristeza e
aflição ou auto denegrimento.
3.2-SEDUÇÃO ORGANISANTE: TERNURA
A descrição do laço pré-edípico com a mãe, nomeadamente no caso de criança do sexo
feminino, permite falar de uma verdadeira sedução sexual pela mãe, sob a forma de
cuidados corporais dispensadas ao lactente, sedução real, que seria o protótipo das
fantasias posteriores.
Uma vez ultrapassada a "sedução originária", narcísica em seu curso natural e
"organisante" por parte dos pais, fica excluída a passagem ao ato sexual. Os pais que
desfrutam da sexualidade adulta entre si, inibem quanto à finalidade, suas pulsões
relativas aos filhos, evitando produzir neles "muita excitação", a fim de permitir aflorar
somente o pulsional necessário ao desenvolvimento da libido. Esse investimento é
elaborado e transformado sob a forma de "ternura" na presença e com a participação
psíquica de ambos os pais.
A "sedução" dos pais deveria então se limitar ao registro da ternura num empenho em
modelar esse self em desenvolvimento, para que mais tarde essa interação recíproca,
entre a criança e o ambiente, forneça traços de caráter de cunho afetuoso. Dependendo
do desembaraço ou da inibição ao modificar ou simplesmente investir o mundo externo,
a criança estará capacitada ou interditada a exercer esse domínio do afeto.
Assim que o investimento nas figuras paternas se desvela no registro sexual, a criança é
levada a reforçar seu investimento de mestria e "domínio" sobre os elementos do mundo
exterior e sobre suas próprias capacidades corporais e processos de pensamento.

3.3 SUPOSIÇÃO TEÓRICA:


CABELO OBJETO TRANSICIONAL? PRECURSOR? FETICHE?
OBJETO TRANSICIONAL
Winnicott (1967) cunhou o termo “fenômeno transicional” que implica na existência de
um estado temporário próprio da primeira infância em que ao bebê é permitido
pretender um controle mágico sobre a realidade externa. A primeira mamada (teórica)
é representada na vida real pela soma das experiências reais de muitas mamadas. Após
a primeira mamada teórica, o bebê começa a ter material com o qual pode criar,
alucinar o mamilo, no momento que a mãe está pronta para oferecê-lo. As memórias são
construídas a partir de inúmeras impressões sensoriais, associadas à atividade de
amamentação e ao encontro do objeto (mãe). No decorrer do tempo surge um estado no
qual o bebê sente confiança em que o objeto do desejo pode ser encontrado, e isto
significa que o bebê passa a tolerar a ausência do objeto. Desta forma inicia-se no bebê
a concepção da realidade externa, um lugar onde os objetos aparecem e desaparecem.
O “objeto transicional” ou primeira possessão é um objeto que o bebê criou, ainda que,
ao mesmo tempo em que nós, observando “de fora”, sabemos que se trata da ponta de
um cobertor ou da franja de um chalé, ou de um brinquedo—um ursinho peludo-- que
todos nós experimentamos.
Alguns dos objetos transicionais servem como poderosa defesa contra a ansiedade
provenientes da ameaça de separação e abandono, que acontece geralmente quando a
criança vai adormecer.
Com o consentimento de Winicott (1967) Renata Gaddini denominou precursores do
objeto transicional[10] aqueles objetos, que têm a capacidade de consolar a criança mas
não foram descobertos ou inventados pela criança.

OBJETOS PRECURSORES
É muitas vezes difícil diferenciar o objeto precursor do objeto transicional em termos
puramente descritivos. Devemos entender o que cada um deles significa para a criança.
Renata Gaddini diferencia duas categorias de objetos precursores:
1- O contacto com a pele da mãe ou da criança.
2- A sensação táctil do objeto inanimado precursor. Esta modalidade mais tardia é
experienciada pela criança no âmbito das funções do holding materno.
Certamente o cobertor que envolve a criança acariciando seu rosto levemente faz
parte dessa situação. Nessa idade imatura a criança não pode distinguir se essa
sensação é produzida por uma parte do corpo da mãe ou por algum objeto
inanimado. É um PRÉ-objeto transicional, pois surgiu em época que ainda não se
estabeleceu a separação e individuação -- ainda não houve separação resultando
em um espaço potencial para a criatividade.
Tanto o precursor do objeto transicional como o objeto-fetiche, ambos são distorções da
formação da representação do objeto e pertencem ao estágio de pré-objeto, diferindo
quanto à ocasião do seu aparecimento: Tenra infância no caso do objeto precursor e
por época dos dois anos e meio no caso de fetiche infantil, quando a criança está
adquirindo uma percepção cognitiva dos seus genitais (Greenacre, 1969)[11]
Os objetos precursores provêm da mãe ou fazem partes do corpo da criança ou da mãe.
Além da língua e dedos o precursor do objeto transicional inclui:
 A chupeta
 Mamadeira usada como tranqüilizante
 O pulso da criança ou da mãe
 O dorso da mão da criança ou da mãe
 O cabelo, lobo da orelha ou umbigo que é tocado ou acariciado para produzir uma
sensação táctil, associado com o mamar ou outras combinações tácteis.

OBJETO FETICHE INFANTIL


Os “objetos introduzidos na boca”, como Renata Gaddini denominou um grupo de
objetos precursores pertence a uma organização do estágio oral no qual a boca e a
incorporação são investidas libinalmente introduzindo um self-sensação que mais tarde
conduzirá à integridade somática. A retirada súbita desses precursores pode
desencadear a ansiedade de desintegração, produzindo uma reação somática e sintomas.
O fetichismo infantil pode surgir desse medo primitivo de desintegração ou mutilação.
O fetiche infantil, da mesma forma que o pé ou partes da roupa da mãe, seria o mamilo
do seio, representando um objeto parcial e não sua função. Não representaria, portanto
o objeto transicional que serve como símbolo. Enquanto o fetiche necessário para
completar o ato sexual do adulto fetichista, satisfaz mais as necessidades narcísicas do
que as necessidades de ternura.

DOIS MESES DEPOIS: duas sessões consecutivas


Logo ao entrar Medusa desenha, anunciando como manchete de jornal: "Jornal
Nacional”... “Papa quase sofre outro atentado”. (São questões atuais. E ela é filha de
jornalistas). “A seguir: Transas e caretas”. (nome de uma novela em exibição) “Com Cid
Moreira"- (É o locutor de televisão do Jornal Nacional e tem o meu sobrenome:
Moreira).
Percebo a conexão com meu nome, mas não sei nada sobre a novela. Transas pode
significar relacionamento sexual, uns “amassos e beijos”seria este um pensamento
repudiado? Um pensamento que evoca “caretas?...”.
Ou “careta” significa antiquado? Uma pessoa “transada, moderna e uma careta,
antiquada”. E “Papa?” poderia ser “o pai”?
Porque “atentado”? Atacado? Ou “tentado”... De tentação?
O desejo da menina foi despertado pelo pai, que anda nu pela casa e toma banho de
chuveiro com a filha, ensaboando-a no vapor perfumado da água quente, mas Medusa,
minha paciente, não foi efetivamente seduzida. A sedução traumática, afirma Ferenczi
(1932)[12] começa quando o desejo do pai - ou do adulto - está positivamente em jogo,
iniciando com a "confusão de línguas" com o exercício de um domínio sexual sobre a
criança, onde a ternura deveria ter-se instalado.
A dominação da mãe sobre o corpo da criança em seus cuidados de higiene constrói um
código pré-lingüístico que por um lado sustenta o sistema percepção-consciência e por
outro os vínculos entre afeto e representação.
A carência de representação psíquica da mãe como um todo, entrava a vida sensorial,
intelectual, sexual da criança. Ante a imagem da mãe virtual, psiquicamente ausente,
face à ameaça de desorganização, o sujeito se organiza investindo o que ele pode
perceber nele próprio, uma parte de seu corpo, e erige esse detalhe como objeto, que
poderá mais tarde tornar-se um objeto fetichista. Estados afetivos e segmentos
corporais podem assim ser investidos como sucedâneos do objeto externo. Temos então
uma espécie de construção teratológica (cabelos - unhas - pele) que chega a constituir
um fetiche interno: estranha composição de retalhos, de tristeza, de triunfo e de
farrapos.
Então a pergunta:
CABELO é um SÍMBOLO da mãe OU “É a mãe”, constituindo uma EQUAÇÃO SIMBÓLICA?
H.Segal [13] nega valor de símbolo ao objeto transicional, usando para este o termo
equação simbólica. Na equação simbólica o símbolo substituto é percebido como sendo
o objeto original. A equação simbólica é utilizada para negar a ausência do objeto ideal
ou controlar um objeto perseguidor. Pertence aos estágios mais primitivos do
desenvolvimento.
Gaddini dá o sentido de equação simbólica aos objetos precursores.
A HIPÓTESE que gostaria de lançar nesta apresentação é que: a apreensão visual do
objeto mãe foi “desmontada,"[14] um mecanismo observado em crianças autistas
(Meltzer, 1975), o que é diferente da cisão precoce normal de Klein) e o objeto é
degradado para a situação de objeto parcial, cabelo.
Podemos pensar na criança autista, que tem um objeto materno com um sabor
determinado, outro com um odor específico, outro com determinado aspecto ou som, da
mesma maneira que tem um self que sente gosto, um self que vê e um self que olha. A
criança encapsulada isola e separa cada modalidade sensorial uma da outra. Tais
bloqueios da integração e coordenação de experiências sensoriais podem ser tão
prejudiciais ao funcionamento mental quanto um acidente cerebral numa cirurgia.
Esse mecanismo pré-simbólico é bem explorado por Ogden (1989) quando descreve a
“posição autística-contígua, como modo de organizar a experiência vivida, que oscila
com as clássicas posições (esquizoparanóide e depressiva) de Melanie Klein”.
A catástrofe associada à situação edípica é evitada através do "splitting" do
deslocamento e da "recusa" que evita esta ocorrência. A proibição do incesto determina
esta "recusa" onde há uma cisão entre o registro da dominação e o das representações. O
resultado é uma divisão interna onde a mente se organiza em torno de objetos parentais
separados, cuja união ela acredita ter evitado.
Esta é minha tese: No FETICHISMO e na TRICOTILOMANIA podemos conjeturar que o
pré-objeto capilar – o cabelo—(Gaddini, 1985)[16], foi equacionado com a figura
materna, que na situação triangular é o objeto - testemunha da relação erótica com o
pai.
O objeto engloba esse tipo de elementos afetivos tornando-se um compósito perceptivo
e afetivo carregando ao mesmo tempo traços do objeto, representações parciais e os
afetos concomitantes à percepção da sua ausência.
Vinheta clínica
Medusa entra e inicia um desenho que denominei: “Três Bonecas”. Saliento a maneira
delas se posicionarem: uma no colo da outra e com chupeta na boca. Somente esta
sessão daria um novo trabalho sobre encapsulamento narcísico, mas não vou me deter,
pois estou mais focalizada no relacionamento edípico, que muitas vezes é concomitante
ao enclausuramento narcísico, oscilando entre as três posições (autística-contígua,
esquizoparanóide e depressiva), como descreve Ogden (1989).
Analista: “Parece aquelas bonecas russas, semelhantes à ovos, uma encaixada dentro da
outra: a “matrioska”... A mãe e as filhinhas... Uma menina segurando uma boneca com
chupeta na boca que segura uma boneca também com chupeta na boca”. (Observo
ausência de mão... A mão foi “censurada”?) Assinalo apenas: “Todas com chupetas”...
Enclausuramento narcísico?

SESSÃO NO DIA SEGUINTE


Entra. Noto que Medusa está com um gorro na cabeça. Faz um desenho que bem
nitidamente “é um pênis”, mas está com uma corda e um homem pendurado nela.
Analista: Bem... Este desenho parece... Parece... Um galho de árvore. Medusa erra no
título: escreve: Imitação de Tarzon. Um lapso: trocou a letra “a” por “o”; corrige e
depois devagarzinho tira o gorro e mostra o cabelo rapado à zero. Conversamos sobre o
cabelo como diferenciador de feminino-masculino em crianças pequenas.
Medusa sussurra entre lágrimas: “Minha mãe cortou”... Ela não tinha mencionado o
fato. Somente através dos desenhos pode se expressar e então chorar. Descongelou a
emoção reprimida.
Certamente, sabemos que a mãe pode ter agido na melhor das intenções “para fortificar
o cabelo”, mas estamos no reino do mito e das fantasias inconscientes e não consigo
evitar o pensamento que a mãe usa todos seus poderes contra a perigosa radiação da
filha, impedindo-a de utilizar as “armas tradicionalmente femininas”.
O corte do cabelo é universalmente visto como uma castração simbólica. As mulheres na
Segunda Grande Guerra que namoravam soldados das tropas inimigas tinham seus
cabelos tosados como uma “punição” devido ao mau uso da sexualidade.
Mas a estória continua:
Os pais conseguiram se encontrar para conversarmos em uma “primeira entrevista”, dois
meses depois de iniciada a análise. Ambos viajam muito. Contam que a irmã de 12 anos
também estava arrancando os cabelos. Ela vai à outra psicóloga. “Mas Medusa. já tinha
abandonado o hábito, antes mesmo de raspar o cabelo”, afirma a mãe. Queixam-se da
“exacerbada sexualidade” da menina e o pai conta, muito naturalmente, que de manhã
costuma acordar as filhas puxando os lençóis suavemente (como no desenho) e beijando-
as “dos pés à cabeça”. Refere também ao banho de chuveiro com a filha onde “um
ensaboa o corpo do outro”. Quando aventei a possibilidade de erotização desses banhos,
a mãe falou: “Lutei para que meu marido evoluísse e ficasse mais aberto e agora a
senhora vem com essa?...” Semanas depois tiram Medusa da análise.

3.4-ESPAÇO TRIANGULAR E O TERCEIRO EXPECTADOR


O reconhecimento da relação entre os pais, no qual existe um tipo de relação genital
distinto da relação pais-criança, integra e delimita o psíquico da criança, onde a
relação com o objeto de ternura deveria substituir o objeto sexual.
Ronald Britton (1989) examina o "triângulo familiar" propondo um modelo que provê dois
elos conectando a criança separadamente a cada um dos pais e os laços existentes na
dupla parental da qual ela é excluída. Se o laço entre os pais, percebido em termos de
amor e ódio pode ser tolerado na mente da criança, ele proporciona um "terceiro tipo"
de relações de objeto onde a criança é espectador não participante. Este "espaço
triangular" provido pelo reconhecimento dos laços de união entre os pais estabelece as
fronteiras do mundo interno infantil. A "terceira posição" que Britton (1989)[17]
descreve nos leva a imaginar que a menina arranque seu "cabelo equacionado à mãe"
para não ser por esta "observada".
Esta terceira posição nos faz considerar, por outro lado, a possibilidade de "sermos
observados".
Exibicionismo e voyeurismo estão em guerra. A menina começa a arrancar o cabelo,
que emoldura seu rosto belo vendo-se agora como uma não-mulher, careca, sofrendo em
silêncio o ostracismo imposto às jovens que na guerra confraternizavam com o inimigo.
Nestes casos de tricotilomania Sperling (1963)[18] descreve a conduta de pais que se
comportam de maneira ambivalente, exibicionista e sedutora, com relação a suas filhas
adolescentes, acabando por induzir nelas emoções semelhantes: uma mistura de amor e
ódio. A imagem internalizada da mãe é a de uma figura sem qualidades que não
propicia os processos de amadurecimento e de diferenciação, criando um clima de
ressentimento e hostilidade.
Ronald Britton [19] (1989) sugere que a percepção do relacionamento dos pais se inicia
em uma época em que o indivíduo ainda não estabeleceu um objeto maternal de forma
segura. A situação edípica surge na análise somente de forma primitiva (relação de
objetos parciais) e que não é reconhecida imediatamente como o complexo edípico
clássico. A configuração edípica forma-se como uma organização defensiva negando a
realidade psíquica do relacionamento parental. Essas fantasias defensivas têm por
finalidade evitar a emergência de fatos já conhecidos e fantasias já existentes. A
relação parental já foi registrada, mas agora é negada e a defesa contra a mesma é
chamada ilusão edípica. Esse sistema ilusional provê o que Freud (1924)[20], chamou de
ilusão edípica, recorrendo à metáfora da “reserva florestal”. Este é um domínio
separado do mundo externo real no tempo da introdução do princípio de realidade, livre
das exigências da vida como um tipo de reserva ecológica. Nesta mesma passagem,
Freud descreve uma pessoa que cria esse fato em sua mente dando importância especial
e sentido secreto a esse fragmento da realidade que é diferente da realidade da qual se
defende.
Contrastando com a fixidez da ilusão edípica, a rivalidade edípica tanto na forma
positiva (heterossexual) como na negativa (homossexual) provê meios de metabolização
da posição depressiva. Em cada versão um pai é objeto de desejo e o outro é o rival
odiado. Essa configuração é guardada, mas o sentimento muda com relação a cada um
dos pais. Assim o bom torna-se mau e vice versa, o positivo torna-se negativo. Minha
tese é que o uso dúbio dessa oscilação termina com o reconhecimento pleno do
relacionamento sexual dos pais, sua anatomia diferente e a natureza própria da criança.
Isso envolve na compreensão de que o mesmo pai que é o objeto do desejo edípico em
uma versão é o rival odiado em outra.
A delimitação do triangulo edípico pelo reconhecimento dos laços unindo os pais provê
uma fronteira que delimita o interno do externo (barreira de contacto de Bion). Isso cria
o que Britton denomina um espaço triangular ou seja um espaço delimitado pelas três
pessoas da situação edípica e todos seus potenciais relacionamentos. Isto inclui portanto
a possibilidade de SER UM PARCEIRO na relação e observado por uma terceira pessoa
assim como SER UM OBSERVADOR de uma relação entre duas pessoas. Devemos deixar
claro esse ponto, lembrando que os eventos observados e imaginados ocorrem no mundo
concebido como contínuo no espaço e no tempo constituindo uma estrutura de
configuração edípica.
Este TRIÂNGULO FAMILIAR PRIMORDIAL provê a criança com dois elos conectando-a
separadamente com cada pai e confronta-a com um elo entre eles que a exclui.
Inicialmente esse elo parental é concebido em termos de objeto parcial nos moldes
próprios de seus desejos e em termos do seu ódio expressos em termos oral, genital e
anal. Se o laço entre os pais percebido com amor e ódio pode ser tolerado na mente da
criança propicia-lhe o protótipo de um relacionamento de um objeto do terceiro tipo no
qual é testemunha e não participante.
Surge esta terceira posição na qual a relação de objeto pode ser observada. Desta forma
podemos também considerar sermos observado. Isto nos fornece a capacidade para nos
vermos em interação com outros e acolhermos o ponto de vista dos outros enquanto
guardamos nosso próprio. (pg. 87)

4-SUMÁRIO
Tricotilomania é correlacionada com o fetichismo e a recusa foi apontada como possível
mecanismo utilizado, onde o cabelo é equacionado com a figura materna. Na situação
triangular este pré-objeto capilar (Gaddini, 1985) é testemunha da relação erótica com
o pai. A hipótese lançada é que a apreensão visual do objeto mãe foi “desmontada”
através de um mecanismo de defesa autística e degradada para a situação de objeto
parcial, cabelo. Essa defesa, em pacientes não-autistas é concomitante ao da "recusa",
mecanismo por excelência dos fetichistas, onde a catástrofe associada à situação edípica
é evitada através do "splitting" e do deslocamento que impedem esta ocorrência.

PALAVRAS CHAVE: Fetichismo; Tricotilomania; Cabelos; Sexualidade paterna; Pré-


objeto; Recusa; Desmantelamento; Triangulação; Medusa;

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Maria Stela de Godoy Moreira(PhD)
Rua San Salvador, 99
São Paulo 01437-060 S.P. stelagodoy@uol.com.br [1] GODOY
MOREIRA, M.S. (PhD) Doutora em Psicologia Clínica (USP) Membro Efetivo e Analista
Didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo
[2] Kristeva, Julia (1993) Les nouvelles maladies de l'âme. Paris :Fayard.p.68.
[3] SEELIG,Beth J. (2003) The rape of Medusa in the temple of Athena. Aspects of
triangulation in the girl. Int,J.Psychoanal (2003) 83, 895-911.
[4] BRANDÃO, Junito de Souza (1986) Mitologia Grega.Vol.1, Petrópolis : Vozes. p.238.
[5] A Górgona, apesar de significar em grego “impetuoso, terrível, apavorante”, é uma
das divindades primordiais, pertencente à geração pré-olímpica. Das três górgonas,
Medusa, Ésteno, Euríale, somente Medusa era mortal. Nos três monstros, a cabeça é
aureolada de serpentes venenosas, possuem presas de javalis, mãos de bronze e asas de
ouro.
[6] LAPLANCHE,J.; PONTALIS, J.-B.(1975) Sedução In Vocabulário de Psicanálise. Santos:
Martins Fontes.p. 610
[7] carta à Flies de 21/ 1 9/97
[8] Ferenczi, S. (1933)Thalassa: a theory of genitality. The Psychoanalytic Quarterly,
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[9] Klein (1926)The psychologial principles of early analysis.
[10] GADDINI,R. (1985) The precursors of thansitional objects and phenomena. In
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[11] Greenacre, P. (1969). The fetish and the transitional objetct. Psychoanal. Study
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[12] FERENCZI, S. (1932) Confusion de langue entre le adultes et l'enfant. In
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[13] Segal, H.
[14] MELTZER,D.(1975)The psychology of autistic states and post-autistic mentality. In
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[15] HOXTER,Shirley (1972) La enfermedad autista residual y su efecto sobre el
aprendizaje—Piffie. In MELTZER,Donald (1975) Exploracion del Autismo.Buenos
Aires:Paidos. 1979.p.151. Na dissociação precoce normal,(cisão;split) o objeto materno
é dividido em uma parte idealizada que se converte em fonte de tudo que gratifica, que
está totalmente separada de outra parte que é vivida como persecutória.
[16] GADDINI, R. (1985) The precursors of transitional objects and phenomena. In
Winnicott Studies. The Journal of the Squiggle Foundation. No.1.1985.p.54.
[17] BRITTON, R. (1989) The missing link :parental sexuality in Oedipus complex. In –and
all. The Oedipus Complex Today Clinical Implications. Ed. John Steiner. London, Karnac.
[18] SPERLING,M. (1963) Fetishism in children. Psychoanal. Q. 32, 374-92. faz um breve
relato de uma senhora de quarenta anos que tinha uma prática ritualística de arrancar
pelos púbicos e queimá-los, prática esta que iniciou quando um irmão, três anos e meio
mais jovem que ela incidentalmente morreu queimado. Na época do nascimento deste
irmão ela arrancou "quase completamente" seu próprio cabelo.
[19]Britton, Ronald (1989) The missing link : parental sexuality in the Oedipus complex.
In: Britton, R. et all. The Oedipus Complex Today. London: Karnak Books 1989.
[20] Freud,S. (1924) A perda da realidade na neurose e psicose.S.E.B. XIX,p. 229

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