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F128 - Exercícios Resolvidos - Cap. 9A


Exercício 1
Uma barra com secção ortogonal de área uniforme A e comprimento L é feita de modo que a
densidade ρ(x) ao longo da mesma varia linearmente do valor ρ1 na extremidade esquerda ao
valor ρ2 na extremidade direita. Determine a posição do seu centro de massa.
Neste caso, como no Exercício 1, aproveitamos a simetria do problema e notamos que o centro
de massa estará em algum ponto na linha central que atravessa a barra. Em relação a uma das
extremidades da barra a posição do centro de massa é dada por:
ˆ L
1
xCM = xdm (x)
M 0

Neste caso, como a densidade varia linearmente ao longo da barra temos:


x
ρ (x) = ρ1 + (ρ2 − ρ1 )
L

E a massa da barra deve ser calculada somando-se a massa de cada plaquinha de dimensões
A × dx que, unidas, formam a barra:

ˆ L ˆ L
M = ρdV = ρ (x) Adx
0 0
ˆ L
x
 
= A ρ1 + (ρ2 − ρ1 ) dx
L
"0 #
1 L2
= A ρ1 L + (ρ2 − ρ1 )
L 2
AL
= (ρ1 + ρ2 )
2

Voltando à expressão para o centro de massa:

ˆ L
1
xCM = xρ (x) Adx
M 0
ˆ L 
1 x

= x ρ1 + (ρ2 − ρ1 ) Adx
M 0 L
" #
1 L2 1 L3
= ρ1 + (ρ2 − ρ1 ) A
M 2 L 3
2A 1 2 1 2
 
= L ρ1 + L ρ2
AL (ρ1 + ρ2 ) 6 3
!
L ρ1 + 2ρ2
=
3 ρ1 + ρ2

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Exercício 2
Um cachorro de 4, 5kg está em pé sobre um barco de 18kg e se encontra a 6, 10m da margem.
Ele anda 2, 4m no barco em direção à margem, e então para. O atrito entre o barco e a água é
desprezível. A que distância da margem está o cachorro quando ele para?

Como não existem forças externas atuando sobre o sistema o centro de massa permanece na
mesma posição. Antes do movimento o centro de massa está localizado em:

1 X mc xi + mb (xi − L/2)
xCM = xj m j =
MT otal j mc + mb

Após o deslocamento do cachorro temos:

mc xf + mb (xf + ∆x − L/2)
xCM =
mc + mb

Comparando estas quantidades e separando a posição final do cachorro xf encontramos:


mb ∆x
xf = xi − = 4, 18m
mc + mb

Exercício 3
No sistema representado na figura abaixo, os atritos são desprezíveis. Em t = 0 (com o sistema
em repouso) comunica-se ao carrinho de massa m1 uma velocidade instantânea v0 = 2, 0m/s para
a direita.

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Dados: m1 = 0, 2kg; m2 = 0, 3kg; k = 50N/m:


a) Qual será a compressão máxima da mola, no decorrer do movimento posterior do sistema?
Notemos que não existem forças dissipativas no sistema, isso implica que a energia mecanica
total é conservada durante todo o movimento. Além disso, notemos que não existem forças
externas atuando na horizontal. Isso implica que o momento linear total na horizontal é
constante durante todo o movimento.
Para resolvermos este problema de forma simples usamos os dois fatos anteriores para calcu-
larmos as quantidades pedidas.

Instante inicial
• Energia mecânica total
A energia mecanica total inicial é a soma da energia cinética dos blocos m1 e m2 e da
energia da mola. Inicialmente a mola está relaxada (Umola = 0) e apenas o bloco m1 está
em movimento, temos assim:
1
E0 = m1 v02
2

• Componente horizontal do momento linear total


Devemos somar os momentos de cada elemento do sistema. Como apenas o bloco m1 está
se movendo temos:

Px0 = m1 v0

Instante posterior, em que a mola está comprimida ao máximo


• Energia mecânica total
Quando a mola está maximamente comprimida, com uma compressão ∆x, sua energia po-
tencial é Umola = 12 k∆x2 . Neste instante é interessante notar que um bloco está parado
em relação ao outro, caso contrário a mola estaria se distendendo ou comprimindo, o que
contraria a nossa suposição inicial de que a mola está maximamente comprimida1 . Vamos
chamar a velocidade comum aos dois blocos de vf e escrever a energia mecânica total nese
1
Segue abaixo uma argumentação detalhada para justificar porque os blocos estão parados um em relação ao
outro (ou seja, os dois estão com a mesma velocidade) quando a mola está maximamente comprimida:
Se os blocos estivessem se aproximando, bastaria então esperar um pouco mais para que a mola estivesse mais
comprimida, isso vai contra a suposição inicial de que ela já está comprimida ao máximo no instante escolhido. Se
os blocos estivessem se afastando, isto implicaria que em um momento anterior a mola estava mais comprimida, o
que também contraria a nossa escolha do instante atual como sendo o que a mola está maximamente comprimida.

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instante:
1 1 1
Ef = m1 vf2 + m2 vf2 + k∆x2
2 2 2

• Componente horizontal do momento linear total


Como os dois blocos se movem com a mesma velocidade vf temos:

Pxf = m1 vf + m2 vf

Resolvendo o problema
Lembrando que E0 = Ef e Px0 = Pxf obtemos:
1 1 1
m1 v02 = (m1 + m2 ) vf2 + k∆x2
2 2 2

m1 v0 = (m1 + m2 ) vf

Destas duas equações podemos encontrar as duas incógnitas: ∆x e vf .

Compressão máxima da mola:


1
Tomando o quadrado da segunda equação, multiplicando por 2(m1 +m2 )
e substituindo na primeira
obtemos:

1 1 m21 1
m1 v02 = v02 + k∆x2
2 2 (m1 + m2 ) 2
2
m1
k∆x2 = m1 v02 − v2
(m1 + m2 ) 0
" #
2 1 m21 + m1 m2 − m21 2
∆x = v0
k m1 + m2
s
m1 m2
∆x = v0
k (m1 + m2 )

Usando os valores numéricos obtemos ∆x = 0, 098m = 9, 8cm.


b) No instante de compressão máxima, qual é a velocidade de cada bloco?
Os dois blocos possuem a mesma velocidade neste instante, dada por:
m1
vf = v0
m1 + m2

Usando os valores numéricos temos vf = 0, 8m/s.


c) Que fração da energia cinética inicial foi usada apara comprimir a mola?

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A energia cinética total inicial era de


1
K0 = m1 v02 = 0, 4J
2

A energia acumulada na mola no instante de máxima compressão é


1
Umola = k∆x2 = 0, 24J
2

E isto implica que houve uma conversão de 60% da energia cinética inicial em energia potencial
da mola, restando apenas 0, 16J para a energia de movimento destes corpos.

Exercício 4
Um bloco de massa m está em repouso sobre uma cunha de massa M que, por sua vez, está
sobre uma mesa horizontal, conforme figura abaixo. Todas as superfícies são lisas (sem atrito).
O sistema parte do repouso, estando o ponto P do bloco à distância h acima da mesa. Qual a
velocidade da cunha no instante em que o ponto P tocar a mesa?

Neste problema novamente não existem forças dissipativas, ou seja, temos a conservação da
energia mecânica total. E novamente não temos forças externas atuando na horizontal, o que
implica na conservação da componente horizontal do momento linear total.

Instante inicial
• Energia mecânica total
A energia mecânica total inicial é composta apenas pela energia potencial gravitacional
acumulada no bloquinho m, já que está tudo parado inicialmente. Sendo h a alturainicia do
bloquinho temos:

E0 = mgh

• Componente horizontal do momento linear total


Como tudo está parado inicialmente temos:

Px0 = 0

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Instante posterior, quando o bloquinho m toca a mesa


• Energia mecânica total
Para um observador externo2 que permaneceu parado, o bloquinho desceu e moveu-se para
a direita enquanto a cunha foi para a esquerda. Chamando de V~ e ~v a velocidade final da
cunha e do bloquinho, conforme vista por este observador parado, a energia mecânica total
é dada por:
1 1
Ef = M V 2 + mv 2
2 2

Sabemos que V~ é horizontal e ~v faz um ângulo (que ainda não conhecemos) com a horizontal.
Vamos apenas escrever a energia total em termos das componentes das velocidades:
1 1  
Ef = M V 2 + m vx2 + vy2
2 2

• Componente horizontal do momento linear total


Adotando como positivo o sentido da esquerda para a direita, o momento total na horizontal
é dado por:

Pxf = −M V + mvx

Vínculo do movimento e resolução


É preciso notar que θ, que é o ângulo da cunha, é o ângulo que a velocidade do bloquinho em
relação à cunha faz com a horizontal. Isto é, no referencial da cunha o bloquinho desce em uma
direção que faz um ângulo θ com a horizontal. Este ângulo é diferente para um observador externo
parado. Para um observador externo o ângulo que a velocidade do bloquinho faz com a horizontal
é maior, pois a cunha está movendo-se para trás naquele instante e temos uma composição vetorial
de velocidades:

~v = ~vBC + V~

2
Note que no caso inicial o observador escolhido está parado em relação ao centro de massa do sistema. Não
podemos mudar de observador se quisermos usar conservação de energia e momento para resolvermos o problema.
Além disso, o observador precisa estar parado ou em movimento constante. Por exemplo, mudar de referencial e
escolher a cunha como referencial para escrevermos a energia e o momento é errado, pois a cunha é acelerada para
a esquerda e não é referencial inercial.

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As componentes de ~vBC são aquelas observadas no referencial da cunha:

vBCx = vBC cos θ


vBCy = −vBC senθ

Podemos então escrever as componentes da velocidade do bloquinho no referencial so observa-


dor externo:

vx = vBC cos θ − V
vy = −vBC senθ

Como energia mecânica e momento linear na horizontal se conservam, temos:

E0 = Ef
1 1  2 
mgh = MV 2 + m vx + vy2
2 2
1 1 h i
mgh = MV 2 + m (vBC cos θ − V )2 + (vBC senθ)2
2 2
1 1 h 2 i
mgh = MV 2 + m vBC − 2V vBC cos θ + V 2
2 2

Px0 = Pxf
0 = −M V + mvx
M
vx = V
m
M
vBC cos θ − V = V
m
M +m
vBC = V
m cos θ

Substituindo vBC na equação anterior para a energia obtemos:

" 2 #
1 1 M +m M +m
 
mgh = MV 2 + m V − 2V V +V2
2 2 m cos θ m cos θ
h i
2m2 gh cos2 θ = mM cos2 θ + (m + M )2 − 2m (m + M ) cos2 θ + m2 cos2 θ V 2
h i
= (m + M )2 − m (m + M ) cos2 θ V 2
 
= m + M − m cos2 θ (m + M ) V 2

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= M + msen2 θ (m + M ) V 2

m2 cos2 θ
V2 = 2gh
(m + M ) (M + msen2 θ)

Exercício 5 (Extra)
Silbury Hill, um monte artificial perto de Stonehenge na Inglaterra, tem a forma de um tronco de
cone, como na figura. O raio da parte plana do topo é 16m, o raio da base é 88m e sua altura é
h = 40m. A inclinação da lateral deste monte é de aproximadamente 30o com a horizontal.
a) calcule a posição do centro de massa do monte;
Sempre analise a simetria do problema para encontrar valores sem realizar cálculos. Neste
caso, o tronco de cone possui simetria de rotação, ou seja, o centro de massa está em algum ponto
na linha central do cone, o que temos que calcular é apenas a altura em que esse ponto se encontra
(se fosse um cilindro estaria no centro, no caso do cone o centro de massa deve estar mais para
baixo).
Vamos "fatiar" o cone em um número muito grande de rodelas com volume dV = (πr2 ) dz,
conforme a Fig. 1.a. Observe que o raio de cada rodela é função da altura z em que se encontra
a rodela.

Figura 1: Ilustração do cálculo do centro de massa de um tronco de cone. Raio como função da
altura. Outra forma de cálculo do centro de massa. - Exercício 1.

Essa função é uma reta descrita como


R0 − R1
 
r (z) = R0 − z
h

onde R0 é o raio da base da montanha, R1 é o raio do topo da montanha e h é a altura da


montanha (Fig. 1.b).
Assumindo que a densidade é a mesma por toda a extensão da montanha, a massa total da
montanha é dada por V = ρV e este volume é o volume do tronco de cone:

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πh  2 
V = R0 + R0 R1 + R12
3

A ´massa de cada rodela é dada por dM = ρdV . Ao tomarmos o limite dz → 0, temos que
→ , e a altura do centro de massa fica:
P

ˆ h ˆ h ˆ ˆ
1 1 1 h 1 h
zCM = zdM = zρdV = zdV = zπr2 (z) dz
M 0 ρV 0 V 0 V 0

A expressão se simplificou pois assumimos que a densidade ρ é constante. Usando a expressão


para r (z), V , e substituindo valores numéricos temos:

ˆ h 2
3 R0 − R1

zCM = zπ R0 − z dz
πh (R0 + R0 R1 + R12 )
2
0 h
#z=h
(R1 − R0 )2 z 4
"
3 R02 z 2 2 3
= + (R1 − R0 ) R 0 z +
h (R02 + R0 R1 + R12 ) 2 3h 4h2 z=0
h (R02 + 2R0 R1 + 3R12 )
=
4 (R02 + R0 R1 + R12 )
590
zCM = m
49

b) se a densidade de massa da montanha é ρ = 1, 5 × 103 kg/m3 , qual o trabalho necessário


para construir o monte pela elevação do material a partir do nível da base?
O trabalho total realizado pela força que levanta cada pequeno pedaço da montanha é dado
por:
X
W = mi ghzi
i

Onde i se refere a cada pedaço da montanha e zi é a altura deste pedaço. Podemos reescrever
isto na forma:

ˆ
X 1 X 1
W = g mi zi = gM mi zi = gM zdM = gM zCM
i M i M
" #
πh  2 
= gρ R0 + R0 R1 + R12 zCM
3
= 7, 16 × 1010 J

Notamos que o trabalho das forças externas à montanha realiza um trabalho distribuído, mas
que equivale ao trabalho realizado se toda a massa da montanha estivesse concentrado no centro
de massa.

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Exercício 6 (Extra)
O trenó de Batman, de massa total M , possui um reservatório de água. O Batman passeia em
seu trenó pela neve, que tem um coeficiente de atrito µc com o trenó. Ao atingir a velocidade v0 ,
ele liga um jato de água, que é enviado para trás com velocidade vr constante relativa ao trenó,
com uma vazão de λ litros por segundo. Encontre a velocidade v(t) do trenó depois de um tempo
t.
Vamos deduzir novamente a "fórmula da dinâmica de um foguete" de uma maneira um pouco
diferente do aulão. Pela terceira lei sabemos que o módulo da força que propele os gases para
trás é igual ao módulo da força que empurra o foguete para frente, estas forças possuem sentidos
contrários e atuam em corpos diferentes:

F~f oguete = −F~gases

Mas da segunda lei de Newton sabemos que em um instante em que o foguete possui massa
m (t) a força que o acelera é:

d~v
F~f oguete (t) = m (t)
dt

E a força que atua em uma massa de gás dm faz com que ela seja acelerada quase instantane-
amente de uma velocidade ~vf (t) até a velocidade ~vf (t) − ~vr :

d~p dm dm
F~gases = = ∆~vg = ~vr
dt dt dt

Assim:

d~v dm
m (t) = −~vr
dt dt

Que é a equação do movimento de um foguete.


Em nosso caso temos ainda a força de atrito atuando sobre o trenó. Desta forma a resultante
que causa o movimento do trenó é:

~ = −F~água + F~at
R

Onde F~água é a força aplicada sobre a água (ou seja, sua reação, no foguete, tem sinal negativo).
Em termos dos módulos obtemos a equação do movimento do trenó:
!
dv dm
m (t) = − vr − µc m (t) g
dt dt

Supondo que a massa do trenó M seja basicamente a massa da água que ele contém, ele irá se
esvaziar continuamente até ficar vazio. Podemos modelar a massa em função do tempo como:

m (t) = M − ρλt

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onde ρ é a densidade da água e ρλ é a quantidade de quilos de água sendo ejetada por segundo.
Substituindo esta expressão para a massa do trenó e agrupando os termos temos:

dv
(M − ρλt) = −vr (−ρλ) − µc (M − ρλt) g
dt " #
ρλvr
dv = − µc g dt
(M − ρλt)

Esta é a pequena variação dv sofrida pela velocidade do trenó em um intervalo de tempo dt.
Integrando a última expressão desde a velocidade inicial v (0) = v0 até um instante qualquer t
temos:

ˆ t" #
ρλvr
v (t) − v0 = 0)
− µc g dt0
0 (M − ρλt
! !
1 1
= ρλvr ln (M − ρλt) − − ρλvr ln (M ) − − µc gt
ρλ ρλ
!
M
v (t) = v0 + vr ln − µc gt
M − ρλt

Exercício 7 (Extra)
Um corpo em repouso na origem do sistema de coordenadas xy explode em três pedaços. Logo
depois da explosão um dos pedaços, de massa m, está se movendo com velocidade (−30m/s)î, e
o segundo pedaço, também de massa m, está se movendo com velocidade (−30m/s)ĵ. O terceiro
pedaço tem massa 3m. Determine o módulo e a orientação da velocidade do terceiro pedaço logo
após a explosão.
Como não existem força externas sabemos que há conservação de momento nas direções x e y:

Px0 = 0 = Pxf = v1x m1 + v2x m2 + v3x m3


0 = −30m + v3x (3m)
v3x = 10m/s

Py0 = 0 = Pyf = v1y m1 + v2y m2 + v3y m3


0 = −30m + v3y (3m)
v3y = 10m/s

Assim temos que ~v = (10m/s) î + (10m/s) ĵ

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Exercício 8 (Extra)
Quatro pessoas estão em um barco parado sobre as águas de um lago, dispostas de modo a formar
um retângulo, como mostra a figura, com lados iguais a 3m e 4m. Suas massas são m1 = 70kg,
m2 = 40kg, m3 = 50kg, e m4 = 40kg, e a massa do barco é mb = 100kg.

Considere apenas movimentos horizontais, despreze o atrito entre o barco e a água e determine:
a) o deslocamento do centro de massa do barco no caso de as três pessoas mais leves se
deslocarem para a posição da primeira e aí permanecerem;

Figura 2: Vista superior do barco, com a localização das quatro pessoas. No item b elas pulam
para fora do barco nas direções diagonais.

Devemos lembrar que o cálculo do centro de massa de um sistema grande envolve as coorde-
nadas dos centros de massa de cada sistema menor que nele está contido (as pessoas e o barco).
Como não existem forças externas atuando sobre o sistema o centro de massa do sistema
permanece em repouso. Neste caso, tomando como origem um ponto qualquer, é verdadeira a
relação:

m1 x1i + m2 x2i + m3 x3i + m4 x4i + mb xbi m1 x1f + m2 x2f + m3 x3f + m4 x4f + mb xbf
xCM = =
m1 + m2 + m3 + m4 + mb m1 + m2 + m3 + m4 + mb

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Chamando ∆x = xf − xi reagrupamos estes termos na forma:

mb ∆xb = − (m1 ∆x1 + m2 ∆x2 + m3 ∆x3 + m4 ∆x4 ) (1)

E fazendo o mesmo para a coordenada y temos:

mb ∆yb = − (m1 ∆y1 + m2 ∆y2 + m3 ∆y3 + m4 ∆y4 ) (2)

Os deslocamentos nas expressões acima são os deslocamentos observados por uma pessoa pa-
rada na margem do rio (ponto fixo). Nosso problema aqui é que o enunciado nos dá os deslocamen-
tos das pessoas em relação ao barco e não em relação à origem fixa. O barco move-se (∆xb , ∆yb )
quando as pessoas se deslocam sobre ele. Pela composição do movimento temos que, para todas
as pessoas:

∆x = ∆x0 + ∆xb
∆y = ∆y 0 + ∆yb

E as quantidades ∆x0 e ∆y 0 são os deslocamentos das pessoas em relação ao barco. Substituindo


estas expressões nas Eq. 1 e Eq. 2 temos:

mb ∆xb = − (m1 ∆x01 + m2 ∆x02 + m3 ∆x03 + m4 ∆x04 ) − (m1 + m2 + m3 + m4 ) ∆xb

m1 ∆x01 + m2 ∆x02 + m3 ∆x03 + m4 ∆x04


∆xb = −
m1 + m2 + m3 + m4 + mb

m1 ∆y10 + m2 ∆y20 + m3 ∆y30 + m4 ∆y40


∆yb = −
m1 + m2 + m3 + m4 + mb

Estas duas expressões podem ser escritas na forma mais compacta (válida até para três dimen-
sões, se não atuam forças externas):

m1 ∆~r10 + m2 ∆~r20 + m3 ∆~r30 + m4 ∆~r40


∆~rb = −
m1 + m2 + m3 + m4 + mb

A pessoa mais pesada é a de massa m1 = 70kg e fica parada no barco de forma que o seu
deslocamento é ∆x01 = ∆y10 = 0. Utilizando os eixos indicados na Fig. 2 Os deslocamentos das
outras três pessoas são:

∆x02 = ∆x03 = −3m

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∆y30 = ∆y40 = 4m

∆x04 = 0m

∆y20 = 0m

Utilizando estes valores temos:

70 × 0 + 40 × (−3) + 50 × (−3) + 40 × 0
∆xb = −
70 + 40 + 50 + 40 + 100
9
= m
10

70 × 0 + 40 × 0 + 50 × 4 + 40 × 4
∆yb = −
70 + 40 + 50 + 40 + 100
6
= − m
5

Assim:
9 6
   
∆~rb = m î − m ĵ
10 5

b) a velocidade de translação do barco no caso de todas as pessoas saltarem para fora dele
com a mesma velocidade v = 2m/s em relação às águas, cada qual de sua posição original e na
direção da diagonal do retângulo que passa por sua posição.
Como não existem forças externas atuando no sistema o momento total é conservado. Temos
que:

pxi = pxf
m1 vx1i + m2 vx2i + m3 vx3i + m4 vx4i + mb vxbi = m1 vx1f + m2 vx2f + m3 vx3f + m4 vx4f + mb vxbf

e analogamente para a coordenada y.


Como todos os corpos estão parados inicialmente temos que pxi = pyi = 0.
Escrevendo na forma de compacta de vetores temos que, após o salto das pessoas:

m1~v1 + m2~v2 + m3~v3 + m4~v4 + mb~vb = 0

m1~v1 + m2~v2 + m3~v3 + m4~v4


~vb = −
mb

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Todas as velocidades têm módulo v = 2m/s. Usando os versores da Fig. 2 temos e notando
que ê31 = −ê13 :

70 × 2ê31 + 40 × 2ê42 + 50 × 2ê13 + 40 × 2ê24


~vb = −
100
14 (−ê13 ) + 8 (−ê24 ) + 10ê13 + 8ê24
= −
10
4
 
= m/s ê13
10

O versor ê13 pode ser calculado como:

~r3 − ~r1 3î − 4ĵ 3 4


ê13 = =q = î − ĵ
|~r3 − ~r1 | (3)2 + (−4)2 5 5

Assim:
12 16
~vb = î − ĵ
50 50

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