Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abstract – As cities grew, disorderly, the different river beds A decisão que consiste em obras hidráulicas fluviais
were occupied by streets, avenues, and even highways. This objetivando a tomada d’água em cursos d’água, não deve e
placement is responsible for engineering interventions nem pode levar em consideração somente questões
identified as river water works counterproductive in most relevantes ao Saneamento, ou seja, a água apresenta
cases. This study aims to identify the main laws governing características físicas, químicas e biológicas que permitem o
the evolution of rivers. The methodology is based on a seu tratamento, tornando-a adequada ao consumo humano.
descriptive study or survey as it is to observe and record Os rios são elementos vivos, e sendo assim apresentam
events that occur in certain areas of the real world, as suas vidas regidas por leis. As intervenções de engenharia
identified as the River South Paraíba and Stream of the nos cursos de água se traduzem em obras hidráulicas
Boys, and in particular the stretch that runs through the city fluviais, entretanto muitas dessas obras têm sido
of Sao Caetano do Sul, near the campus of the University of consideradas contraproducentes, pois em seus projetos não
Technology Maua, which then features a Case Study. Stand foram consideradas as Leis que regem os cursos d’água.
out as the results set of laws governing the evolution of Apresenta-se como exemplo desse cenário o rio Paraíba do
watercourses, which are no longer maintained and / or Sul, rio que nasce na Serra da Bocaina, no Estado de São
answered. Paulo, com o nome de rio Paraitinga, recebendo o nome rio
Paraíba do Sul na confluência com o Paraibuna, na Represa
Index Terms – Hydraulic Works River, River Paraíba do de Paraibuna, e perfaz um percurso total de 1.137 km, desde
Sul,, Stream of the Boys, the Fluvial Hydraulics Laws.. a nascente do rio Paraitinga até a foz em Atafona (São João
da Barra), no Norte Fluminense.
Resumo – À medida que as cidades cresceram,
desordenadamente, os diferentes leitos dos rios foram JUSTIFICATIVA
ocupados por ruas, avenidas, e até rodovias. Esta ocupação Segundo Silva (2004), a hidráulica fluvial que desenvolve
é responsável por intervenções de engenharia, identificadas estudos em cursos de água, naturais ou artificiais, é uma área
como obras hidráulicas fluviais, contraproducentes na específica dentro da morfologia fluvial, responsável pelo
grande maioria dos casos. O presente trabalho tem por estudo de conformação dos rios, que evoluem livremente nos
objetivo levantar as principais leis que regem a evolução depósitos sedimentares, por eles transportados. O processo
dos rios. A metodologia fundamenta-se em um estudo erosivo é o principal fornecedor de sedimentos.
descritivo ou de levantamento, pois consiste em observar e Interpretar e traduzir esse fenômeno são competências e
registrar eventos que ocorrem em determinados espaços do atribuições do Engenheiro de Hidráulica Fluvial.
mundo real, identificados como Rio Paraíba do Sul e É importante, também, se verificar a quantidade de água
Ribeirão dos Meninos, e em específico o trecho que corta a a ser retirado do referido rio, caso contrário poderá ocorrer
cidade de São Caetano do Sul, próximo ao Campus do alterações significativas na vazão, tendo- se então entre
Instituto Mauá de Tecnologia, que caracteriza então um outras consequências a alteração dos princípios que regem a
Estudo de Caso. Destacam-se como resultados o conjunto MODELAÇÃO dos cursos d’água.
de leis, que regem a evolução dos cursos de água, que Frente ao exposto, verifica-se que a obra hidráulica
deixaram de ser mantidas e/ou atendidas. fluvial que corresponde à tomada d’água, cenário que
corresponde aquele do rio Paraíba do Sul, que banha os
Palavras-chave: Obras Hidráulicas Fluviais, Rio Paraíba estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais,
do Sul, Ribeirão dos Meninos, Leis da Hidráulica Fluvial. atravessando a conhecida região socioeconômica do Vale do
Paraíba, sendo o rio mais importante do estado do Rio de
INTRODUÇÃO
Janeiro, e caso não apresente uma campanha de campo
O esgotamento dos reservatórios dos sistemas de capaz de permitir a determinação da vazão mínima,
abastecimento público de água fez com que as autoridades necessária para manter o equilíbrio estático, dinâmico e
responsáveis pelo Saneamento Básico viessem a buscar morfológico, poderá resultar num processo de assoreamento,
outras soluções, de modo que a população continue a ter na margem interna (margem convexa) da curva, ou em
acesso a este serviço. meandros, ou ainda em estirões. O assoreamento apresenta
1
Pedro José da Silva, Docente da Escola de Engenharia – Modalidade: Civil do Instituto Mauá de Tecnologia. p-jose-silva@uol.com.br
DOI 10.14684/SHEWC.15.2015.105-109
© 2015 COPEC July 19 - 22, 2015, Porto, PORTUGAL
XV Safety, Health and Environment World Congress
105
alguns impactos adversos para curso d’água, sendo um deles incontestavelmente uma das maiores autoridades no assunto,
de fácil percepção, pois reduz o tirante, isto é, o rio passa a que não concluiu nada.
apresentar um espelho de água de pequena profundidade, e Fargue, em 1863, tomou conta do projeto desenvolvido
considerável superfície. pelo Eng. Baungarten, estudando um trecho de 21.700 m,
durante cinco anos.
LEIS DA HIDRÁULICA FLUVIAL Estudando a planta do rio, constituído naturalmente por
uma sucessão de curvas em sentido contrário ou no mesmo
De acordo com Silva (2001), as leis definidas e sentido, separadas por trechos mais ou menos retos. Fargue
equacionadas para um determinado curso de água, de dividiu o trecho de 21.700 m em dezessete subtrechos, a
maneira geral não podem ser extrapoladas para outros cursos estes subtrechos ou seções ele deu o nome de “curvas”, que
de água, porque seus parâmetros característicos são estavam entre pontos de inflexão.
diferentes e podem variar no tempo e no espaço, são eles: A existência de uma correlação entre os acidentes da
planta e do perfil dos rios, já era conhecida, inclusive do
1. Bacia Hidrográfica: forma; topografia; geologia; próprio Eng. Baugarten, em cujas memórias, Fargue afirma
recobrimento vegetal; regime hidrológico, etc.; ter aurido grande parte de suas conclusões.
2. Leito: traçado; largura; profundidade; rugosidade, etc.; Coube, entretanto, a Fargue a descoberta das leis da
3. Transporte de Sedimentos: por arraste de fundo correlação entre os acidentes da planta e do perfil dos rios.
(carreagem); por suspensão; por saltitação; Além do grande número de seções e perfis de que dispunha,
características dos sedimentos; Fargue procedeu a novos levantamentos e, concluiu que: as
profundidades ao longo do curso variam segundo uma lei
TEORIA DA CONFORMAÇÃO DOS RIOS
periódica geral, crescendo a partir de um ponto de menor
Nasceu na Europa, no ano de 1850, em função da profundidade a que denominou de banco, baixo ou raso (o
necessidade da melhoria dos rios para a navegação interior. trecho compreendido entre dois bancos consecutivos,
A Teoria da Conformação dos Rios relaciona seções denominou de estirão), até os pontos mais profundos, a que
longitudinais e transversais com o desenvolvimento em chamou de poço, perau, caldeirão, sorvedouro ou fossa,
planta do rio. para baixar novamente até o banco seguinte (Silva, 2004).
O princípio do século passado caracterizou-se na Europa Para o estudo da correlação entre essa variação e os
e principalmente na França, por um desenvolvimento acidentes da planta, Fargue idealizou, e aí reside o valor
acentuado na navegação interior. Raros os cursos de água principal de sua obra – o desenho de um gráfico em que,
que não guardam, ainda hoje, vestígios de importantes obras para cada ponto do rio, determinado pela sua distância a uma
datando desse período e canais mais importantes em tráfego. origem, contada segundo o seu eixo, figurassem
São geralmente obras antigas, ampliadas e melhoradas para simultaneamente, as cotas de fundo e as curvaturas
atender as necessidades atuais. quilométricas, isto é, o inverso do raio de curvatura em
Nem sempre as obras executadas, visando melhorar as quilômetros, no ponto considerado. Desse gráfico,
condições de navegabilidade de um rio, alcançaram o fim representando, portanto, o perfil longitudinal do rio e a curva
colimado, mas ao contrário, se mostraram muitas vezes das curvaturas de seu eixo, ressaltam as relações procuradas.
contraproducentes. O rio que se pretendia melhorar oferecia (Figura 1).
ao fim de pouco tempo, condições ainda mais precárias à
navegação e, o que em muitos casos foi ainda mais grave. As 2
F1 6 Planta 2
perturbações involuntariamente introduzidas no regime
F3
B1
3 B3 F1
5 7
1 F4 L L/4 3
B2 B4
provocaram modificações na forma de propagação da onda 0 4 F2
8
1
B1
Detalhe do
1/R
de enchente, cujo nível atingia em pontos, alturas muito L/5 Trecho 1-3
B C
3a. Lei dos desenvolvimentos – Visando a maior
D
profundidade, máxima, da fossa, e média do estirão, o A O
desenvolvimento da curva não deve ser muito grande e 1/R 1/R
D2
D1
Margem interna (convexa) D2 > D1
Figura 9
Estirão do ribeirão dos meninos, encaixado entre as avenidas
Figura 8 Guido Aliberti e Lauro Gomes. Fonte – Arquivo do autor,
Complemento das Leis de Fargue. Fonte: Disponível em (2015).
http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 em
29/08/2006. Na margem externa, também chamada de margem
côncava, verifica-se a ação da erosão, e a ocorrência da 2a lei
Em todas as suas memórias, Fargue insiste em ressaltar de Fargue, ou seja, a presença de uma fossa, cuja
que as suas leis e principalmente as suas equações, não profundidade é tanto maior quanto maior a curvatura no
deveriam ser estendidas a outros rios além do trecho vértice da curva. Ver figura 10.
Figura 10 Figura 12
Lei das Fossas (Sorvedouros) ou da maior profundidade. Margem côncava (socavação/arrastamento) e Margem
Fonte – Arquivo do autor, (2015). convexa (depósito). Fonte – Arquivo do autor, (2015).
O processo erosivo instalado na margem externa exigiu CONCLUSÃO
uma obra de proteção da margem, de modo a não
comprometer a estabilidade da Avenida Lauro Gomes. Ver No estudo de caso abordado neste trabalho verificamos
figura 11. apenas a aplicação das Leis de FARGUE, pois são as mais
estudadas no curso de graduação em engenharia –
modalidade: civil, embora existam outras leis, tais como:
Leis de GIRARDON; Leis de GUIGLIELMINI; Leis de
BASE E FERREL; leis de SUREL; lei das
DECLIVIDADES, e a Teoria do REGIME, igualmente
importantes, porém pouco estudadas, utilizadas, ou até
mesmo desconhecidas.
Antes de se executar qualquer intervenção de
engenharia, em um curso de água, é necessário que o
Engenheiro tenha intimidade com as diferentes teorias que
regem os cursos de água, e consequentemente com as leis
oriundas destas teorias. A mudança de traçado geométrico
como a apresentada no Ribeirão dos Meninos, em especial
no trecho da Avenida Guido Aliberti próximo ao Campus da
Figura 11 Mauá, não nos permite o desconhecimento ou até mesmo o
Proteção da margem externa – revestimento - executada de desprezo destas leis, pois as obras hidráulicas fluviais
forma contínua (direta) no talude da margem. Fonte – realizadas tornam-se contraproducentes, dando origem a
Arquivo do autor, (2015). diversos impactos ambientais adversos ou negativos não só
leito do curso de água, mas também na sua bacia
hidrográfica.
O direcionamento do fluxo é obtido a partir da formação
do movimento helicoidal da corrente, devido à forma REFERÊNCIAS
curvilínea do álveo (escoamento não retilíneo), e resultante
da composição de um movimento de translação na direção Leis de Fargue. Disponível em:
do escoamento, e de um movimento de rotação no plano de <http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 >. Acesso
secção transversal, dirigido nas camadas superficiais para a em: 29 de agosto de 2006.
margem côncava, e em seguida acompanha o perímetro da SILVA, P.J. Estrutura para identificação e avaliação de
mesma, e sobe ao longo da margem convexa para a impactos ambientais em obras hidroviárias. Tese
superfície livre. Haverá, portanto na margem côncava (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São
“socavação” e “arrastamento” do material, e depósito na Paulo. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária.
convexa. Ver figura 12. São Paulo, 2004, 511p.