Você está na página 1de 5

RIOS, BANDIDOS, FORA DAS LEIS

RIVERS, BANDITS, OUT OF LAWS


Pedro José da Silva1

Abstract – As cities grew, disorderly, the different river beds A decisão que consiste em obras hidráulicas fluviais
were occupied by streets, avenues, and even highways. This objetivando a tomada d’água em cursos d’água, não deve e
placement is responsible for engineering interventions nem pode levar em consideração somente questões
identified as river water works counterproductive in most relevantes ao Saneamento, ou seja, a água apresenta
cases. This study aims to identify the main laws governing características físicas, químicas e biológicas que permitem o
the evolution of rivers. The methodology is based on a seu tratamento, tornando-a adequada ao consumo humano.
descriptive study or survey as it is to observe and record Os rios são elementos vivos, e sendo assim apresentam
events that occur in certain areas of the real world, as suas vidas regidas por leis. As intervenções de engenharia
identified as the River South Paraíba and Stream of the nos cursos de água se traduzem em obras hidráulicas
Boys, and in particular the stretch that runs through the city fluviais, entretanto muitas dessas obras têm sido
of Sao Caetano do Sul, near the campus of the University of consideradas contraproducentes, pois em seus projetos não
Technology Maua, which then features a Case Study. Stand foram consideradas as Leis que regem os cursos d’água.
out as the results set of laws governing the evolution of Apresenta-se como exemplo desse cenário o rio Paraíba do
watercourses, which are no longer maintained and / or Sul, rio que nasce na Serra da Bocaina, no Estado de São
answered. Paulo, com o nome de rio Paraitinga, recebendo o nome rio
Paraíba do Sul na confluência com o Paraibuna, na Represa
Index Terms – Hydraulic Works River, River Paraíba do de Paraibuna, e perfaz um percurso total de 1.137 km, desde
Sul,, Stream of the Boys, the Fluvial Hydraulics Laws.. a nascente do rio Paraitinga até a foz em Atafona (São João
da Barra), no Norte Fluminense.
Resumo – À medida que as cidades cresceram,
desordenadamente, os diferentes leitos dos rios foram JUSTIFICATIVA
ocupados por ruas, avenidas, e até rodovias. Esta ocupação Segundo Silva (2004), a hidráulica fluvial que desenvolve
é responsável por intervenções de engenharia, identificadas estudos em cursos de água, naturais ou artificiais, é uma área
como obras hidráulicas fluviais, contraproducentes na específica dentro da morfologia fluvial, responsável pelo
grande maioria dos casos. O presente trabalho tem por estudo de conformação dos rios, que evoluem livremente nos
objetivo levantar as principais leis que regem a evolução depósitos sedimentares, por eles transportados. O processo
dos rios. A metodologia fundamenta-se em um estudo erosivo é o principal fornecedor de sedimentos.
descritivo ou de levantamento, pois consiste em observar e Interpretar e traduzir esse fenômeno são competências e
registrar eventos que ocorrem em determinados espaços do atribuições do Engenheiro de Hidráulica Fluvial.
mundo real, identificados como Rio Paraíba do Sul e É importante, também, se verificar a quantidade de água
Ribeirão dos Meninos, e em específico o trecho que corta a a ser retirado do referido rio, caso contrário poderá ocorrer
cidade de São Caetano do Sul, próximo ao Campus do alterações significativas na vazão, tendo- se então entre
Instituto Mauá de Tecnologia, que caracteriza então um outras consequências a alteração dos princípios que regem a
Estudo de Caso. Destacam-se como resultados o conjunto MODELAÇÃO dos cursos d’água.
de leis, que regem a evolução dos cursos de água, que Frente ao exposto, verifica-se que a obra hidráulica
deixaram de ser mantidas e/ou atendidas. fluvial que corresponde à tomada d’água, cenário que
corresponde aquele do rio Paraíba do Sul, que banha os
Palavras-chave: Obras Hidráulicas Fluviais, Rio Paraíba estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais,
do Sul, Ribeirão dos Meninos, Leis da Hidráulica Fluvial. atravessando a conhecida região socioeconômica do Vale do
Paraíba, sendo o rio mais importante do estado do Rio de
INTRODUÇÃO
Janeiro, e caso não apresente uma campanha de campo
O esgotamento dos reservatórios dos sistemas de capaz de permitir a determinação da vazão mínima,
abastecimento público de água fez com que as autoridades necessária para manter o equilíbrio estático, dinâmico e
responsáveis pelo Saneamento Básico viessem a buscar morfológico, poderá resultar num processo de assoreamento,
outras soluções, de modo que a população continue a ter na margem interna (margem convexa) da curva, ou em
acesso a este serviço. meandros, ou ainda em estirões. O assoreamento apresenta

1
Pedro José da Silva, Docente da Escola de Engenharia – Modalidade: Civil do Instituto Mauá de Tecnologia. p-jose-silva@uol.com.br

DOI 10.14684/SHEWC.15.2015.105-109
© 2015 COPEC July 19 - 22, 2015, Porto, PORTUGAL
XV Safety, Health and Environment World Congress
105
alguns impactos adversos para curso d’água, sendo um deles incontestavelmente uma das maiores autoridades no assunto,
de fácil percepção, pois reduz o tirante, isto é, o rio passa a que não concluiu nada.
apresentar um espelho de água de pequena profundidade, e Fargue, em 1863, tomou conta do projeto desenvolvido
considerável superfície. pelo Eng. Baungarten, estudando um trecho de 21.700 m,
durante cinco anos.
LEIS DA HIDRÁULICA FLUVIAL Estudando a planta do rio, constituído naturalmente por
uma sucessão de curvas em sentido contrário ou no mesmo
De acordo com Silva (2001), as leis definidas e sentido, separadas por trechos mais ou menos retos. Fargue
equacionadas para um determinado curso de água, de dividiu o trecho de 21.700 m em dezessete subtrechos, a
maneira geral não podem ser extrapoladas para outros cursos estes subtrechos ou seções ele deu o nome de “curvas”, que
de água, porque seus parâmetros característicos são estavam entre pontos de inflexão.
diferentes e podem variar no tempo e no espaço, são eles: A existência de uma correlação entre os acidentes da
planta e do perfil dos rios, já era conhecida, inclusive do
1. Bacia Hidrográfica: forma; topografia; geologia; próprio Eng. Baugarten, em cujas memórias, Fargue afirma
recobrimento vegetal; regime hidrológico, etc.; ter aurido grande parte de suas conclusões.
2. Leito: traçado; largura; profundidade; rugosidade, etc.; Coube, entretanto, a Fargue a descoberta das leis da
3. Transporte de Sedimentos: por arraste de fundo correlação entre os acidentes da planta e do perfil dos rios.
(carreagem); por suspensão; por saltitação; Além do grande número de seções e perfis de que dispunha,
características dos sedimentos; Fargue procedeu a novos levantamentos e, concluiu que: as
profundidades ao longo do curso variam segundo uma lei
TEORIA DA CONFORMAÇÃO DOS RIOS
periódica geral, crescendo a partir de um ponto de menor
Nasceu na Europa, no ano de 1850, em função da profundidade a que denominou de banco, baixo ou raso (o
necessidade da melhoria dos rios para a navegação interior. trecho compreendido entre dois bancos consecutivos,
A Teoria da Conformação dos Rios relaciona seções denominou de estirão), até os pontos mais profundos, a que
longitudinais e transversais com o desenvolvimento em chamou de poço, perau, caldeirão, sorvedouro ou fossa,
planta do rio. para baixar novamente até o banco seguinte (Silva, 2004).
O princípio do século passado caracterizou-se na Europa Para o estudo da correlação entre essa variação e os
e principalmente na França, por um desenvolvimento acidentes da planta, Fargue idealizou, e aí reside o valor
acentuado na navegação interior. Raros os cursos de água principal de sua obra – o desenho de um gráfico em que,
que não guardam, ainda hoje, vestígios de importantes obras para cada ponto do rio, determinado pela sua distância a uma
datando desse período e canais mais importantes em tráfego. origem, contada segundo o seu eixo, figurassem
São geralmente obras antigas, ampliadas e melhoradas para simultaneamente, as cotas de fundo e as curvaturas
atender as necessidades atuais. quilométricas, isto é, o inverso do raio de curvatura em
Nem sempre as obras executadas, visando melhorar as quilômetros, no ponto considerado. Desse gráfico,
condições de navegabilidade de um rio, alcançaram o fim representando, portanto, o perfil longitudinal do rio e a curva
colimado, mas ao contrário, se mostraram muitas vezes das curvaturas de seu eixo, ressaltam as relações procuradas.
contraproducentes. O rio que se pretendia melhorar oferecia (Figura 1).
ao fim de pouco tempo, condições ainda mais precárias à
navegação e, o que em muitos casos foi ainda mais grave. As 2
F1 6 Planta 2
perturbações involuntariamente introduzidas no regime
F3
B1
3 B3 F1
5 7
1 F4 L L/4 3
B2 B4
provocaram modificações na forma de propagação da onda 0 4 F2
8

1
B1
Detalhe do
1/R
de enchente, cujo nível atingia em pontos, alturas muito L/5 Trecho 1-3

superiores às habituais, originando verdadeiras catástrofes, N.A.


Distância

destruindo cidades inteiras e inundando várzeas cultivadas


ou ao contrário provocando escavações no leito, pondo a Estirão Perfil longitudinal

descoberta fundações de obras de arte, chegando então a Figura 1


inutilizar portos fluviais. Características gerais de um rio, segundo estudo realizado
O exposto no parágrafo acima, se deve à falta de por Fargue. Fonte: Disponível em
conhecimentos dos princípios gerais que regem a evolução http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 em
dos cursos de águas naturais. Como exemplo de obras de 29/08/2006.
melhoramentos que se mostraram contraproducentes,
destaca-se o Rio Garonne, na França. Assim é, que a simples vista ressalta que os bancos e as
No século XIX, o governo francês destinou verbas para fossas se formam um pouco a jusante, respectivamente, dos
a melhoria do transporte fluvial. Em 1830 foram feitos pontos de inflexão e super-flexão, dos vértices das curvas,
estudos no Rio Garonne, pelo Eng. Baungarten, isto é, dos pontos de maior curvatura. Medindo esses

© 2015 COPEC July 19 - 22, 2015, Porto, PORTUGAL


XV Safety, Health and Environment World Congress
106
deslocamentos sistemáticos, encontrou-se mais profundidade média de um estirão é tanto maior quanto
precisamente, que os PERAUS achavam-se deslocados para maior o ângulo externo formado pelas tangentes
jusante do vértice da curva, de uma distância correspondente externas à curva correspondente (maior efeito erosivo).
a 1/4 do comprimento dessa curva e que os bancos estavam (Figura 3).
abaixo dos pontos de inflexão ou superflexão, de 1/5 do
mesmo comprimento.Medindo as profundidades das fossas e
comparando-as com as curvaturas correspondentes, pode a1 a2
D1 = D2
Fargue, com os dezessete valores obtidos, estabelecer uma a1 < a2
relação numérica entre essas grandezas. D1
D2 Hm1 < Hm2

MORFOLOGIA FLUVIAL - LEIS DE FARGUE


As conclusões apresentadas acima constituem as duas Figura 3
primeiras Leis de Fargue, que se enunciam da seguinte 4a. Lei do Ângulo, ou da Curvatura Média.
Fonte: Disponível em
forma:
http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 em
 1a. Lei dos Afastamentos – As profundidades máximas 29/08/2006.
das fossas (sorvedouros) na margem côncava e mínimas
(soleiras), correspondentes aos vértices das curvas, e aos 5a. Lei da continuidade – Esta lei decorre da simples
pontos de inflexão acham-se afastadas desses pontos inspeção do gráfico em que figuram simultaneamente, a
para jusante, de aproximadamente 0,25 B, sendo B a curva do fundo e a curva das curvaturas do eixo do rio, que
largura da seção, por efeito da inércia. Verificando-se se enuncia dizendo: “O perfil de fundo de um curso é regular
que as profundidades variavam com a curvatura quando há uma variação contínua da curvatura, e, por
(diretamente): daí: consequência, toda mudança brusca de curvatura produz
 2a. Lei das fossas (Sorvedouro) ou da maior uma redução brusca de profundidade”. (Figura 4).
profundidade – A profundidade de uma fossa,
(Figura 2), é tanto maior quanto maior a curvatura no C1

vértice da curva [talvegue (1/R)] correspondente (maior C2


efeito erosivo). Como se verificou que os comprimentos
das curvas variavam, e assim, também, variavam as C3 C4
profundidades médias, concluiu-se então:
C1 < C2 - aumento da profundidade a jusante
C3 > C4 - redução da profundidade a jusante
Planta
Figura 4
R1 R2 R1 > R2
5a. Lei da continuidade. Fonte: Disponível em
C1 < C2 http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 em
N.A.
H2 > H1 29/08/2006
H1 H2
Perfil
 6a. Lei da declividade (inclinação) de fundo – Se a
Figura 2 curvatura varia de uma maneira contínua, a inclinação
2a. Lei das fossas (sorvedouro) ou da maior profundidade. da tangente a curva das curvaturas determina, em
Fonte: Disponível em qualquer ponto, a declividade do fundo, isto é, a
http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 em variação da curvatura é proporcional à variação da
29/08/2006. declividade de fundo. (Figura 5).

B C
 3a. Lei dos desenvolvimentos – Visando a maior
D
profundidade, máxima, da fossa, e média do estirão, o A O
desenvolvimento da curva não deve ser muito grande e 1/R 1/R

nem muito pequeno. As leis têm validade para as curvas


distância distância
de desenvolvimento médio do curso d’água, isto é, nem
muito longas, nem muito curtas com relação à largura Figura 5
do canal (3B  R  6B e 5B  L  11B). 6a. Lei da declividade (Inclinação ) de Fundo.
Fonte: Disponível em
 4a. Lei do ângulo, ou da curvatura média – Para http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 em
desenvolvimentos iguais, isto é, em curvas com igual 29/08/2006.
desenvolvimento de comprimento de talvegue, a

© 2015 COPEC July 19 - 22, 2015, Porto, PORTUGAL


XV Safety, Health and Environment World Congress
107
 7a. Lei do Talvegue – a linha de máxima profundidade particular estudado, embora afirmando que as relações da
(talvegue) ao longo do curso d’água tende a se mesma natureza deveriam existir para todos os cursos de
aproximar da margem côncava e o material ali escavado água. Mal poderia, entretanto, o célebre engenheiro francês
se deposita na margem convexa. supor, que ao enunciar as leis, estava firmando as bases
universalmente aceitas, em que se fundou a técnica do
REGRAS COMPLEMENTARES melhoramento dos rios e que essas leis deveriam ser
confirmadas não só através de suas aplicações, senão pelas
1. Entre pontos de inflexão consecutivos, a largura deve experiências em modelos reduzidos.
crescer junto com a curvatura, com o valor máximo no
vértice da curva. (Figura 6). “Estas LEIS DE FARGUE são fundamentais para se
V1
desenvolver projetos e executar obras de melhoramentos em
rios". Louis Jérôme Fargue (1827 – 1910) é considerado
L1 “Pai da Engenharia Fluvial”.
L2 L1 < L2
I1 I2
L3 L4 L2 > L3
ESTUDO DE CASO – RIBEIRÃO DOS MENINOS
A V2 O ribeirão dos Meninos, antigamente se chamava ribeirão
Figura 6 dos Couros, nasce no Parque Terra Nova II, atrás da
Complemento das Leis de Fargue. Fonte: Disponível em montadora Volkswagen, em São Bernardo, corre entubado
http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 em sob o corredor do trólebus, todo o centro da cidade e a céu
29/08/2006 aberto a partir do Paço Municipal, fazendo divisa entre São
Bernardo e Santo André; São Bernardo e São Caetano; São
2. As larguras dos pontos de inflexão sucessivos crescem de Caetano e São Paulo, desaguando no Tamanduateí, no bairro
montante para jusante. (Figura 7). da Fundação, em São Caetano.
O trecho, do referido ribeirão, a ser abordado neste
estudo é aquele que cobre a fachada do Instituto Mauá de
I1 Tecnologia voltada para a Av. Guido Aliberti, ver figura 9.
Lb
Lc Verifica-se, não só neste trecho, em toda extensão que o
La
I3 La < Lb < Lc curso de água deixou de ser natural, pois se encontra
I2 encaixado entre as avenidas Guido Aliberti e Lauro Gomes.
fluxo
B Este cenário resulta em alterações no traçado geométrico e
principalmente nas curvas.
Figura 7
Complemento das Leis de Fargue. Fonte: Disponível em
http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 em
29/08/2006.

3. As margens côncavas devem ter um desenvolvimento


notavelmente superior ao das margens convexas. (Figura 8).

Margem externa (côncava)

D2

D1
Margem interna (convexa) D2 > D1

Figura 9
Estirão do ribeirão dos meninos, encaixado entre as avenidas
Figura 8 Guido Aliberti e Lauro Gomes. Fonte – Arquivo do autor,
Complemento das Leis de Fargue. Fonte: Disponível em (2015).
http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 em
29/08/2006. Na margem externa, também chamada de margem
côncava, verifica-se a ação da erosão, e a ocorrência da 2a lei
Em todas as suas memórias, Fargue insiste em ressaltar de Fargue, ou seja, a presença de uma fossa, cuja
que as suas leis e principalmente as suas equações, não profundidade é tanto maior quanto maior a curvatura no
deveriam ser estendidas a outros rios além do trecho vértice da curva. Ver figura 10.

© 2015 COPEC July 19 - 22, 2015, Porto, PORTUGAL


XV Safety, Health and Environment World Congress
108
Deposição

Presença de Fossas ou Sorvedouros Socavação

Figura 10 Figura 12
Lei das Fossas (Sorvedouros) ou da maior profundidade. Margem côncava (socavação/arrastamento) e Margem
Fonte – Arquivo do autor, (2015). convexa (depósito). Fonte – Arquivo do autor, (2015).
O processo erosivo instalado na margem externa exigiu CONCLUSÃO
uma obra de proteção da margem, de modo a não
comprometer a estabilidade da Avenida Lauro Gomes. Ver No estudo de caso abordado neste trabalho verificamos
figura 11. apenas a aplicação das Leis de FARGUE, pois são as mais
estudadas no curso de graduação em engenharia –
modalidade: civil, embora existam outras leis, tais como:
Leis de GIRARDON; Leis de GUIGLIELMINI; Leis de
BASE E FERREL; leis de SUREL; lei das
DECLIVIDADES, e a Teoria do REGIME, igualmente
importantes, porém pouco estudadas, utilizadas, ou até
mesmo desconhecidas.
Antes de se executar qualquer intervenção de
engenharia, em um curso de água, é necessário que o
Engenheiro tenha intimidade com as diferentes teorias que
regem os cursos de água, e consequentemente com as leis
oriundas destas teorias. A mudança de traçado geométrico
como a apresentada no Ribeirão dos Meninos, em especial
no trecho da Avenida Guido Aliberti próximo ao Campus da
Figura 11 Mauá, não nos permite o desconhecimento ou até mesmo o
Proteção da margem externa – revestimento - executada de desprezo destas leis, pois as obras hidráulicas fluviais
forma contínua (direta) no talude da margem. Fonte – realizadas tornam-se contraproducentes, dando origem a
Arquivo do autor, (2015). diversos impactos ambientais adversos ou negativos não só
leito do curso de água, mas também na sua bacia
hidrográfica.
O direcionamento do fluxo é obtido a partir da formação
do movimento helicoidal da corrente, devido à forma REFERÊNCIAS
curvilínea do álveo (escoamento não retilíneo), e resultante
da composição de um movimento de translação na direção Leis de Fargue. Disponível em:
do escoamento, e de um movimento de rotação no plano de <http://www.stt.eesc.usp.br/anelson/stt403/2006 >. Acesso
secção transversal, dirigido nas camadas superficiais para a em: 29 de agosto de 2006.
margem côncava, e em seguida acompanha o perímetro da SILVA, P.J. Estrutura para identificação e avaliação de
mesma, e sobe ao longo da margem convexa para a impactos ambientais em obras hidroviárias. Tese
superfície livre. Haverá, portanto na margem côncava (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São
“socavação” e “arrastamento” do material, e depósito na Paulo. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária.
convexa. Ver figura 12. São Paulo, 2004, 511p.

© 2015 COPEC July 19 - 22, 2015, Porto, PORTUGAL


XV Safety, Health and Environment World Congress
109

Você também pode gostar