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Faculdade Anísio Teixeira – FAT

Curso de Psicologia

Marina Macedo da Matta Simões

Possibilidades da Psicologia Positiva para indivíduos Transgênero: uma revisão

sistemática

Feira de Santana - BA

2017
Marina Macedo da Matta Simões

Possibilidades da Psicologia Positiva para indivíduos Transgênero: uma revisão

sistemática

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado, no Curso de
Bacharelado em Psicologia da
Faculdade Anísio Teixeira, como
requisito para aprovação à disciplina
Monografia III, sob a orientação do
Prof. Cláudio Embirussu Barreto.

Feira de Santana - BA

2017
Resumo

O bem estar em sociedade do sujeito Transgênero se apresenta como peça


fundamental para sua expressão e a intervenção psicológica pode facilitar a vivencia
em sociedade. O presente trabalho se propôs a analisar a literatura nacional brasileira
sobre as questões envolvendo o Fenômeno Trans e ponderar as possíveis contribuições
da Psicologia para o bem estar subjetivo desses sujeitos. Para isso, foram consultadas
bases de dados como Pepsic, Lilacs e SciELO em busca da psicologia positiva,
sexualidade, transexual, trans-Identidade, Transgênero, bem estar subjetivo do sujeito
Trans, e saúde. Os resultados dos artigos foram analisados por eixos temáticos.

Palavras-chave: psicologia positiva, sexualidade, transexual, trans-Identidade,


Transgênero, bem estar subjetivo do sujeito Trans, e saúde.
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Sumário

1. Introdução.................................................................................................... 4

2. Método.......................................................................................................... 8

3. Resultados e Discussões .................................. 9

4. Considerações Finais................................................................................... 38

Referências................................................................................................. 42
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1. INTRODUÇÃO

A Psicologia Positiva, prática ‘guarda-chuva’ que abriga teorias voltadas

aos estudos dos aspectos subjetivos que fazem a vida valer a pena ser vivida

(Seligman & Csikszentmihalyi, 2014), vem despertando crescente interesse da

academia, dos meios de comunicação e do povo em geral, todos sedentos por

informações sobre os aspectos que caracterizam sua prática, como felicidade,

esperança e resiliência e como usufruir dos benefícios dos resultados (Jarden,

2012). Assim, produções científicas focando nos aspectos positivos do

comportamento humano sobre esse se intensificam.

No caso da Psicologia Tradicional a queixa está no foco que esta,

comumente, dá às patologias colocado-as à frente dos traços positivos da

personalidade e desconsiderando o potencial positivo de cada sujeito. Nesse

viés, o objetivo da psicologia é direcionar esses esforços para o incentivo dos

traços positivos e estimular a cura psicológica, de forma a potencializar a

capacidade de superação e resistência do indivíduo, e, em primeira instância,

prevenir as doenças da psique (Seligman & Csikszentmihalyi, op Cit.), apesar

das estratégias e práticas de manejo dos clientes na da Psicologia Positiva

dentro do consultório não serem plenamente conhecidas (Jarden, op. Cit.).

No percurso deste estudo se torna importante analisar como a Psicologia

Positiva pode contribuir para a prevenção de patologias psicológicas em clientes

Transgênero e, para tal, é necessário se ter uma ideia do que se trata o vocábulo

‘Transgênero’, cunhado por Benjamin (1996), o qual pode ser entendido como o

agrupamento de diversas variantes da identidade sexual e de gênero. Inclusive,

na análise de Butler (1993) a quebra das noções culturais de gênero e do

dimorfismo (configurações biológicas de corpos macho e fêmea) da sexualidade,


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afloraram combinações de diversos nuances, todos definidos como Fenômeno

Trans por fugirem da simples configuração tradicional de sexualidade (Williams,

2014) e identidade de gênero destoante do padrão determinado pela cultura

heteronormativa. Vale esclarecer que essa identidade de gênero não envolve

práticas sexuais, mas sim o papel social e o estereótipo do gênero ao qual o

sujeito se identifica dentro do que se chama Heteronormatividade (Warner,

1991).

Importante pontuar que adentrar o terreno das discussões acerca da

sexualidade humana exige sensibilidade e respeito daquele que pretende

desbravar seus conhecimentos ao tratar das manifestações das expressões

identitárias (Cerqueira-Santos e Silva, 2014). A literatura, por exemplo, destaca

comportamentos permeados de desdém e desrespeito com os quais indivíduos

transgêneros são tratados em situações nas quais a eles são recusadas

condição, reconhecimento e aceitação de igualdade humana, postura

etnocêntrica que decorre de um histórico cultural que criticou e abominou a fuga

do padrão sexual de identidade e gênero (Stryker, 2008).

Porém, segundo Jodelet (1989) na contramão desta postura, esta mesma

literatura muitas vezes, ao retratar o assunto e utilizar da representação social

para explanar o tema, ainda que buscando melhor conhecer e explicá-lo, reforça

comportamentos hostis voltados a uma categoria de indivíduos já em estado de

vulnerabilidade social. Além disso, Barbosa (2013) destaca que a utilização

reducionista que tem sido oferecida no olhar sobre os sujeitos Transgênero recai

tantas vezes no uso indevido da representatividade social, fomentando

questionamentos acerca do que a Psicologia tem efetivamente realizado para o

bem estar desses sujeitos.


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Na Psicologia Positiva, tendo em vista que essa abordagem trabalha com

a potencialização dos aspectos positivos em uma perspectiva apreciadora da

natureza humana, sabe-se que tal teoria tem contribuído para a investigação

científica sobre a capacidade da potencialização de aspectos positivos como

instrumento que torna possível ao ser humano, mesmo diante de adversidades,

adquirir equilíbrio que lhe garanta dignidade, determinação e propósitos (Barros,

Martín e Pinto, 2010).

Essa abordagem critica linhas de pensamento reducionistas, dando

margem às novas estratégias que não utilizam da heteronormatividade, que,

segundo Butler (1993), mesmo norteando muitas das intervenções com esse

público alvo na atualidade, não consegue estruturar suporte para as inúmeras

facetas do ser humano. O presente estudo tem como objetivo geral mapear,

partindo da uma revisão sistemática da literatura científica nacional de estudos

empíricos, as relações entre a Psicologia Positiva no atendimento as demandas

do sujeito transgênero. Neste sentido, a pergunta norteadora desse trabalho é

entender: Quais as possibilidades da Psicologia Positiva em propiciar o bem

estar subjetivo, equilíbrio e qualidade de vida do sujeito Transgênero? Para

tanto, evidenciou-se a importância da reciclagem do psicólogo, considerando

que a intervenção necessita iniciar-se a partir do preparo para um atendimento

respeitando os direitos e as demandas do sujeito trans, especialmente, levando-

se em conta o estado de vulnerabilidade social desta clientela. Além disso,

apresentaram-se como objetivos específicos: entender a relação entre o

posicionamento do psicólogo ao lidar com o sujeito Transgênero; ponderar sobre

o bem estar subjetivo do sujeito Trans sob a ótica da Psicologia Positiva, bem

como investigar possíveis evidências de relatos sobre o fazer prático, estratégias


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e mecanismos utilizados no enfrentamento das questões que causam

vulnerabilidade social ao sujeito Transgênero a partir do manejo mediado pela

Psicologia Positiva.

A relevância desse artigo se apresenta a partir do momento que, além de

ser uma questão social e de saúde, o sofrimento e as violências impingidas ao

sujeito Transgênero tomam vulto, voz e espaço no meio global, incorporando

estatísticas, dentre as quais espancamentos, mortes e suicídios, contrariando

direitos pregados como garantidos, em, dentre outros, mecanismos legais, por

nossa Carta Magna (Brasil, 1988), pelas leis: 7.716/89 – contra crimes do

preconceito; Decreto Lei 7.388/2010 - combate à discriminação, além da

Emenda Constitucional nr. 90 de 15/09/2015 - artigo 6° o direito à busca da

felicidade por cada indivíduo e pela sociedade, mediante a dotação pelo Estado

e sociedade das adequadas condições de exercício desse direito. Outra

finalidade especial está somar na ampla discussão deste tema tão controverso,

contribuindo para possíveis mudanças na atuação do profissional de Psicologia

voltada à inclusão e garantia de uma vida saudável ao Transgênero em seu

convívio social.
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2. METODOLOGIA

O presente estudo é uma revisão sistemática da literatura científica

nacional de base empírica, com base na delineação de um problema colocado

em uma estrutura que permita análise, busca por respostas e entendimento da

complexidade do tema (Kerlinger, 1980, p.94). Assim, foi elaborada uma seleção

criteriosa acerca das publicações científicas existentes sob os dois assuntos:

questões envolvendo o sujeito transexual; a Psicologia Positiva e suas possíveis

contribuições para o bem estar, que se convergem no processo de elaboração

do tema abordado.

A coleta de dados ocorreu nos Periódicos Eletrônicos de Psicologia

(PePSIC), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-

Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). O critério focou-se nas

palavras-chave: Psicologia Positiva AND Sexualidade AND Transexual AND

Trans-Identidade AND Transgênero AND Bem Estar Subjetivo do Sujeito Trans

AND OR Gênero e Saúde. A escolha deu-se por relatos empíricos realizados em

território brasileiro no período de 2000 a 2017. Sequencialmente, procedeu-se o

fichamento, destacando seus resultados, analisados pelos eixos temáticos. A

posteriori elaborou-se um registro composto pelos autores, referências,

objetivos, participantes e instrumentos utilizados em cada um dos artigos

elencados. Todas estas informações possibilitaram a seleção das palavras

coincidentes diante do tema objeto deste estudo, formando o grupo de eixos

temáticos: 1. Sujeito Transgênero; 2. Percepção Identitária; 3. Preconceito 4.

Resultado de experiências discriminatórias; 5. Psicologia Positiva. A partir dos

eixos temáticos originou-se um grupo de categorias, a partir das quais foram

elaboradas de uma a três perguntas, dependendo da demanda, assim, deu-se


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origem seis figuras, a primeira das quais apresenta o cenário geral sobre as

possibilidades da Psicologia Positiva para os indivíduos Transgênero e cinco

figuras específicas que abordam cada eixo temático que compõe a figura geral.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Figura 1 Possibilidades da Psicologia Positiva para Transgêneros (fonte: própria)


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Descrição da imagem: A figura l representa a estrutura geral do trabalho

de forma hierárquica, dispondo os eixos temáticos e categorias. Sendo, o

primeiro denominado Sujeito Transgênero, composta de alguns percutores que

constituem o sujeito dentro de seu escopo conceitual. Segundo eixo temático

está a Percepção Identitária, onde são apresentas como categorias a Percepção

Intrapessoal e Percepção Interpessoal. Como terceiro eixo temático está

Preconceito, apresentando as categorias: Discriminação, Violências, Estigmas e

Exclusão. No quarto eixo temático apresentam-se os Resultados das

Experiências Discriminatórias e suas quatro categorias; no quinto eixo temático:

a Psicologia Positiva com fomentadora do bem estar subjetivo do sujeito

Transgênero. Além das categorias sequenciadas de acordo aos seus

respectivos eixos conforme se comprovará adiante. São apresentadas perguntas

norteadoras que serão respondidas a partir da interlocução com os estudiosos

da área, em sua sequência narrativa. Então, em suas considerações finais, serão

apontados os achados desta pesquisa e propostas de intervenção mediadas

pela Psicologia Positiva à Atuação do Psicólogo e levanta a discussão sobre a

necessidade de intervenção voltadas à promoção de mudanças subjetivas.

Assim, dessa sequência lógica resulta a seguinte pergunta norteadora:

Como o psicólogo da atualidade lida, versus como deveria lidar, com o

manejo do cliente Transgênero?

Segundo Ambra (2015) a experiência clínica psicanalítica com o manejo

do cliente Transgênero ainda é muito escassa, sendo interessante observar de

que maneira os conceitos e os dispositivos técnicos em psicanálise foram e

atualmente são empregados para a referida população.


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Para Winnicott (1993, p.484) é importante que para o psicólogo buscar

entender como a transferência do sexo biológico ao sexo identitário ocorre no

paciente Transgênero. Este estudioso destaca que enquanto o ego do paciente

não estiver plenamente estabelecido, cabe ao psicólogo estimular a capacidade

de enfrentamento das escolhas a partir de defesas construídas no combate à

ansiedade provocada pela pulsão, e nas responsabilidades geradas por elas.

Para Davi (2015) os significados e sentidos dados por três travestis às

suas vivências como profissionais do sexo retrataram não apenas as facetas

negativas dessas realidades, mas também diversos aspectos positivos

reconhecidos e apreciados pelas participantes, ainda que em situações de risco

recorrentes, ressaltando, inclusive, a importância da Resiliência.

Adorno (2009) concluiu, a partir de seus estudos que a valorização de

dimensões muito características da Resiliência foi apontada como muito

relevante para os participantes da pesquisa desenvolvida pelo autor, que

reforçaram a ideia da necessidade de focar nos aspectos positivos do sujeito

para promover o bem estar subjetivo.

Miranda (2015) construiu seu trabalho investigativo com base na possível

superação da exclusão simbólica vivida pelo sujeito o qual não se adapta a

nenhum dos dois gêneros propostos pelo dimorfismo sexual e de gênero,

completamente apoiado sobre a Psicanálise, focando apenas nas patologias

apresentadas pelo sujeito Trans no consultório.

Em uma análise lógica da interlocução entre os teóricos acima

mencionados, se torna possível concluir que alguns dispuseram conhecimento

resultante de pesquisas estruturadas a partir de entrevistas realizadas com

sujeitos Transgênero, outros os avaliaram em ambiente clínico.


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Independente da prática utilizada, as evidências obtidas sugerem que

tanto aspectos positivos quanto negativos emergem da questão de como os

psicólogos encaram o manejo do sujeito Transgênero, sendo, ainda estas

formas, ainda que incipiente, com base nos aspectos positivos que resultam em

respostas mais atreladas ao bem estar subjetivo do sujeito Trans.

SEXO
BIOLÓGICO

SUJEITO
EXPRESSÃO TRANSGÊNERO IDENTIDADE
DE GÊNERO DE GÊNERO

ORIENTAÇÃO
SEXUAL

Figura 2: Sujeito Transgênero (fonte: própria)

A figura 2 apresenta como eixo temático o Sujeito Transgênero e

possibilitará o entendimento de questões necessárias ao aprofundamento dessa

discussão. Foram elencadas as seguintes categorias primárias: Sexo biológico;

Identidade de Gênero; Expressão de Gênero e Orientação Sexual.

Abrindo esta discussão inicia-se o seguinte questionamento: O que

define o sujeito como Transgênero em nossa sociedade, qual a relevância

deste conceito?

O Conselho Federal de Medicina, na hoje revogada Resolução nº 1.482

de 1997, no mesmo sentido o artigo 3º da Resolução nº 1.652 de 2002,

estabeleceu como critérios para o vocábulo Transgênero a existência de


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desconforto com a anatomia de seu sexo biológico; inconformidade de gênero;

distúrbio de identidade contínuo e consistente por mais de dois anos, ausência

de transtornos mentais; avaliação de equipe composta por psicanalista,

psicólogo, geneticista, neuropsiquiatra, endocrinologista, urologista, cirurgião

plástico e assistente social, sendo que, depois de dois anos após

acompanhamento o indivíduo adquiria o “diagnóstico” de Transgênero (Res.

CNS nº 196 de 1996).

Para Argentieri (2009) o termo Transgênero não é fácil de ser

definido sem que analisemos as mudanças biopsicossociais que

afetaram, e continuam afetando, o cenário global levando ao

reconhecimento da existência de diversos matizes sexuais, inclusive o

Transgênero cuja principal característica é a mudança no acento da

pulsão sexual para a identidade de gênero.

Na concepção de Rubin (1993, p.5) apesar da transexualidade não ser

um tema inovador nos estudos de gêneros, possui e continua promovendo

diversas revisões relacionadas à sexualidade. Para ela, a transexualidade é

apenas um dos diversos padrões dentro do conjunto sexo/gênero, resultantes

das transformações biológicas quanto comportamentais nas gerações humanas.

Villela et al (2006) definem o vocábulo Transgênero como uma categoria

simples ou homogênea, inclusive este autor esclarece que, independente do

desenvolvimento da genitália dos bebês apresentadas pela literatura médica, a

transgeneridade não é caracterizada pela existência de um substrato biológico

ou sentimento de inadequação corporal. Ou seja, no caso dos sujeitos

transgêneros, a questão não é propriamente sua identidade sexual, mas sua

identidade de gênero.
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Segundo Moura (2017) é preciso ter em mente as palavras: identidade de

gênero e orientação sexual não são sinônimos. Ser Transgênero não significa,

necessariamente, ser Homossexual, por exemplo, pois neste caso a pessoa se

reconhece no seu sexo de origem, porém sua orientação sexual é voltada ao

mesmo sexo que possui. O Não é o caso do indivíduo que se sente estrangeiro

no próprio corpo, acreditando ser de outro sexo e nem daquele que possui

vontade de pertencer ao outro sexo, ou apenas se sente sexualmente atraído

por pessoas do mesmo sexo.

Jesus (2012) reforça esse pensamento, ao dizer que a transexualidade

não tem relação com a orientação sexual, mas sim com o conflito psicológico do

ser humano que não se conhece como pertencente ao seu próprio corpo.

Neste mesmo viés, Gonçalves e Cardoso (2015) esclarecem que a

questão da expressão de gênero é de tamanha complexidade, visto que, nos

parâmetros sociais atuais, proporciona o desconhecimento e invisibilidade

social ao sujeito Transgênero, contrariando seus atributos que são os mesmos,

essenciais, imutáveis e inerentes a qualquer personalidade, em uma sociedade

ampla e diversificada como a nossa Assim, urge aprendamos a reconhecer e

respeitar as diferenças. As autoras também enfatizam que “transexualismo”

não é doença, apenas uma característica da sexualidade de um ser humano,

que, como qualquer outro requer tratamento igualitário, respeito, igualdades de

direitos, oportunidades e demais prerrogativas e obrigações.

A partir da interlocução das falas acima dispostas, é possível perceber

que o Transgênero na abordagem legal, apesar de não ter seus direitos legais

concretizados, é igual a qualquer outro indivíduo, com diferenças peculiares à

raça humana. Em termos sociais é sujeito, como os todos os demais seres


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humanos, aos processos de exclusão; no que diz respeito a sua identidade de

gênero ele se difere dos demais visto que suas questões não envolvem a

preferência ou orientação sexual, na realidade é a sensação de que se está

preso em um corpo do sexo oposto.

Ao mesmo tempo, se torna indispensável enfatizar que a raça humana

não é resultado de produção em série, nem podemos pressupor que somos

melhores que os outros. Temos a tendência em pensar em raça, sexo binário,

cor ou status social, de forma que esquecemos que o ser humano é

essencialmente etnocêntrico e sempre busca por critérios que os diferenciem

uns dos outros. Como bem disse Hobbes: “O homem é o lobo do homem”.
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Figura 3: Preconceito (fonte: própria)

A figura 3 apresenta como eixo temático Preconceito e as seguintes

categorias: Discriminação; Violência; Estigma e Exclusão, indispensáveis por se

constituírem nas múltiplas barreiras enfrentadas pelos trans. Assim, surge o

seguinte questionamento: Como o preconceito e seus derivados se

apresentam e de que forma promovem barreiras ao acesso aos direitos

garantidos legalmente aos Trans?

Segundo Adelman (2003, p. 83-84) a discriminação é uma constante nos

discursos sobre transgêneros, sobretudo em questões como empregabilidade,

visto que o mercado de trabalho é estruturado a partir de uma segmentação que

preconiza, a partir da dicotomia homem/mulher, capacidade-incapacidade para

execução de atributos e competências. Além do que, existe a crença que a

ambiguidade de gênero poderia tanto causar confusão entres os atores do


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cenário laboral, quanto interferir no status quo de um mundo vinculado a

aspectos e estereótipos relacionados à apresentação e conservação da imagem.

Para Adorno (1950) o preconceito é uma marca de pessoas autoritárias,

intolerantes, adeptas ao seguimento de normas e tradições dentro de um perfil

rigidamente convencional, que respeitam e se submetem à autoridade, se

preocupando com o poder da resistência, temem grupos aos quais não

pertencem e desconhecem, ao mesmo tempo em que são hostis aos que

desafiam e fogem dos padrões estabelecidos. Este autor também afirma ipsis

litteris que: “é preciso reconhecer os mecanismos que tornam as pessoas

capazes de cometer tais atos, é preciso revelar tais mecanismos a eles próprios,

procurando impedir que se tornem novamente capazes de tais atos, na medida

em que se desperta uma consciência geral acerca desses mecanismos”.

Já Allport (1954), um dos primeiros a abordar o preconceito, acredita que

este padrão resulta das frustrações expressas como atitude negativa em relação

àqueles que apresentem ou aparentem características que fujam aos padrões

estabelecidos. Muitas vezes, esta prática provém de pessoas que, por se

sentirem impedidas de manifestar sua raiva contra um alvo identificável, explora

e oprime os mais fracos aos quais desloca sua hostilidade, por estes estarem

em um nível ainda mais baixa, gerando, sequencialmente fenômenos como a

discriminação. Na Escala de Allport, que aborda as consequências do

preconceito, o primeiro estágio é a antilocução, o segundo a esquiva, o terceiro

a discriminação, o quarto o ataque físico, culminando com o quinto e, final,

estágio: o extermínio.

Para Bobbio (2011) o preconceito descende da tradição, costume e é fruto

da generalização superficial, sendo de fundo irracional sem argumentos nem


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justificativas plausíveis. Segundo o estudioso “apenas posso dizer que os

preconceitos nascem na cabeça dos homens. Por isso, é preciso combate-los

na cabeça dos homens, a partir de uma educação mediadora em luta constante

contra todo tipo de preconceito e discriminação”.

Brito (2016) cita o episódio no qual Fabio Cardoso, delegado titular da

Divisão de Homicídios da Baixa Fluminense, afirma a existência de preconceito

nas delegacias: ipsis verbis: “chegando na polícia, há catorze anos, verifiquei

que as pessoas não entendem que vocês estão simplesmente querendo ser

respeitados. Sei que é uma missão árdua mudar a cabeça de um monte de

gente, mas a gente tenta”, argumentou ele, que defendeu a validade dos

movimentos e órgãos específicos em parceria com a Polícia Civil nas

investigações de crimes.

Segundo Jesus (2012) o termo “transfobia” é comumente usado para se

referir às diversas formas de preconceitos e discriminações impingidos aos

sujeitos Trans. Segundo esta pesquisadora, muito ainda tem que mudar para

que se alcance um mínimo de dignidade e respeito às pessoas trans.

Sobre a questão da Discriminação, Louro (2001) destaca que as

intituladas “minorias” sociais começaram a ganhar mais visibilidade em

decorrência da luta no combate a práticas discriminatórias de forma acirrada. A

pesquisadora citada também destaca a carga extra que é dirigida aos travestis

e transexuais, especialmente nos registros de estudos feitos em Curitiba, que

apontam a exclusão social como uma realidade para os Trans. Quando estes

têm sorte, conseguem trabalho fora da prostituição, concentrando-se nos

serviços de limpeza, cozinha, serviços gerais ou salões de beleza, muitas vezes

em uma marginalização que representa um obstáculo à luta pela sobrevivência,


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onde o mercado de trabalho lhes fecha as portas, deixando como escolha

apenas subempregos.

Já Rocha (2011) destaca como lócus de ocorrência do preconceito

cotidiano nas diversas esferas do Estado, da cultura à economia, dentre outras

esferas da sociedade, a partir de estereótipos e reproduções de normas,

marcando seriamente nossa sociedade.

Diante do exposto é possível perceber que o preconceito e seus derivados

além de serem uma constante e fazer parte do “ser Transgênero”, se apresenta

de diversas formas na esfera social. Seu lócus de ocorrência é amórfico,

perpassando as diversas fronteiras que compõem a sociedade, bem do Estado,

a partir de estereótipos, reproduções de padrões inseridos na normatividade

cultural, que rejeita todos aqueles que fujam aos padrões estabelecidos.

Descendente da tradição e costume, o preconceito além de ser irracional e sem

argumentos de base, provoca atitudes que vão desde a antilocução, a esquiva,

a discriminação, a despersonificação, o ataque físico e, fulminantemente: o

extermínio. Ao mesmo tempo, se instala de forma implosiva nas vítimas,

emergindo nas mais diversas patologias, desde a depressão, automutilação,

submissão, anulação, dentre outras formas. Os pesquisadores supracitados

concordam que toda atitude excludente a partir do olhar etnocêntrico ao “outro”

decorre e se desenvolvem pela transmissão cultural, e que ações voltadas à

reeducação social necessitam ser promovidas para que estas práticas sejam

amenizadas, porém ainda destaca-se que o caminho em direção à mudança é

muito longo até que se alcance um mínimo de respeito e dignidade às pessoas

que fujam aos padrões normatizados, especialmente no caso dos sujeitos Trans.
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Percepção biológica

Intrapessoal

Percepção Self
Percepção
Identitária do Sujeito
Transgênero
Percepção
biológica
Extrapessoal
Inaceitação
da Identidade
divergente

Figura 4: Percepção Identitária do Sujeito Transgênero (fonte: própria)

A figura 4 apresenta como eixo temático a Percepção Identitária do Sujeito

Transgênero necessários ao aprofundamento dessa discussão fornecendo

bases para uma discussão mais profícua. Sequencialmente, se apresentam

como categorias primárias: A percepção Intrapessoal e A Percepção Extra

pessoal.

Assim, surge o seguinte questionamento: Como se dá a construção da

Identidade Transgênero, como se redefinem e repõem as identidades

sexuais e de gênero a partir das visões Intrapessoais e Extra pessoais?

Pollak (1990) e Spivak (2010) destacam a autopercepção do sujeito Trans

permeada de vergonha e ocultação, destacando que este sentimento pode variar

entre os homossexuais masculinos.

Já para Escoffier (1996) a imagem do homossexual é redefinida como

masculina, adotando aspectos como corpo musculoso, bigode, calças justas, só


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escapando da condenação social nos guetos gays, espaço onde sua experiência

escolhida e reivindicada é permitida.

Borba (2014) concluiu que ao revelar a transexualidade como uma

experiência identitária múltipla e fragmentada não se estabeleceu

necessariamente um parâmetro entre estas. Este autor percebe que essa

Identidade é construída a partir das interações sociais vivenciadas pelo sujeito

alvo, e defende, como muitos outros, a despatologização da Identidade Trans.

Para Zaluar (2003) a Identidade é uma construção sociocultural,

provisória, que pode ser negociada e reinventada ao nos relacionarmos com o

outro.

Olinto (2012) explica que, desde o princípio da vida a maior parte das

dinâmicas se diferencia em detrimento das inconformidades fisiológicas sexuais,

mas que com o passar do tempo e com o amadurecimento do sujeito frente aos

conceitos culturais e estereótipos pré-estabelecidos, esse papel do sexo

biológico dá lugar ao papel de gênero, uma categoria mais complexa.

Para Bento (2008, pp.15,16) a transexualidade é uma "experiência

identitária" onde ocorre um desdobramento involuntário de uma ordem que

rompe com a relação corpo x gênero. O autor citado diz que este conflito não se

mantém quando os sujeitos transgêneros constroem condições de equilíbrio

psicossocial que os tornem reconhecidos como pessoas, independente do

gênero que afirmam para si, até mesmo rejeitando qualquer proximidade com

lutas sociais ligadas ao combate à homofobia ou ao sexismo.

Foucault (2004) defende que o “outro” deve ser reconhecido, pelo

indivíduo em formação ética e autônoma, como um ser legitimamente existente

e necessário ao equilíbrio das dimensões pessoal e coletiva e que isso se refere


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ao fato de nos relacionarmos com as diferenças com as quais queremos ser

reconhecidos socialmente, fazendo com que a identidade seja uma escolha e

não uma imposição.

Segundo Litardo (2013) não é possível incorporar uma perspectiva crítica

do gênero porque esta decorre do efeito e causa das normas que regulam a

concepção tradicional de gênero binário, ao mesmo tempo em que não é

possível a manutenção da perspectiva de gênero como atrelado a um padrão

assintomático, blindado, ao qual fosse impossível a adição de eixos, ainda que

considerados problemáticos, como no caso de gênero e sexualidade, que, em

um arcabouço estruturalista se apresenta como reprodutor sobre a forma como

as problemáticas políticas são dimensionadas.

Já Ruiz (apud Litardo, op. Cit.) traz à tona a condição humana atrelada a

uma performance que nos faz atuar dentro da ilusão que o direito promove uma

igualdade, a qual ela qualifica como fictícia, deslocada, onde a condição humana

é representada pela imagem do “outro” que somos cobrados a ser, a agir, a

performar dissimuladamente, tendo nossa igualdade e liberdade regida por

normas e padrões monergistas1.

Spivak (op.cit) cunhou o termo alterização ao descrever o etnocentrismo

do colonizador, a partir da dialética colonial por meio da qual o ocidente construiu

seus “outros” com o sinônimo de oprimidos, que não podem ser representados

nem por si nem por outrem, enquanto os colonizadores como aqueles sujeitos

dotados de poder.

Bauman (apud Litardo, ibidem) traz a noção de alteridade como

instrumento cultural e político de exclusão necessária para reforçar a hegemonia

1
Aquele que apesar de pecador é convencido de que deve apresentar um padrão impecável, ainda que
fictício, pois só assim alcançará a salvação.
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temporalizada, de maneira característica à ideia de progresso, relegando ao

“outro” a condição de superior.

Já Carvalho (2008) demonstra em seus resultados que a verdadeira

barreira que impede o Trans de ser reconhecido como sujeito legítimo da

sociedade é justamente a tendência do discurso médico de estabelecê-lo como

desviante, não só segundo a teoria heteronormativa, mas também segundo o

olhar biomédico. Defende, então, que essa concepção seja combatida a fim de

que o indivíduo Transgênero possa ser finalmente incluído de forma saudável na

sociedade.

A releitura desses estudiosos leva a crer que, no caso do sujeito

Transgênero, a existência de inadequação corporal é diversa, não se resumindo

às características genitais nos bebês, visto que se percebem como estrangeiros

no próprio corpo, e esse sentimento de inadequação corporal é imensurável.

Assim, a questão da percepção identitária do sujeito Trans se submete a critérios

difíceis de ser definidos, por sermos frutos de uma mesma raiz nossa sociedade

idealizou o padrão normatizado, obstaculizando qualquer outra realidade que

fuja a este setting. Inclusive, estamos sempre voltando nosso olhar ao outro para

nos sentirmos melhores em detrimento deste “outro” (FOUCAULT, 1987)


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RESULTADO DE EXPERIÊNCIAS DISCRIMINATÓRIAS


DEPRESSÃO

MENTE COMPORTAMENTO SENTIMENTO CORPO

DIFICULDADE DE ANTISOCIABILIDADE DESLEIXO COM


CONCENTRAÇÃO CULPA HIGIENE PESSOAL
ISOLAMENTO INSÔNIA OU
DOENÇAS INTROSPECÇÃO EXCESSO DE SONO
PSICOSSOCIAIS DESINTERESSE EM
ATIVIDADES FALTA DE ENERGIA/
MORTE OU VULNERABILIDADE ENERGIA
LABORAIS OU
SUICÍDIO PRAZEROSAS ALTERAÇÃO NO
TRISTEZA APETITE
USO DE DROGAS
PERDA OU
PESSIMISMO AUMENTO DE PESO
DOENÇAS BIOLÓGICAS
ANSIEDADE DECORRENTES

AUTOATRIBUIÇÃO
NEGATIVA

DESESPERANÇA

AGRESSIVIDADE

Figura 5: Resultado das Experiências Discriminatórias (fonte: própria)

A figura 5 apresenta como eixo temático Resultados das Experiências

Discriminatórias, tendo como categorias: Mente; Comportamento; Emoções;

Corpo, que abrirão um leque de discussões sobre as consequências negativas

da discriminação.

Assim, surge o seguinte questionamento: Quais os riscos as

experiências discriminatórias afetam a saúde, bem estar e qualidade de

vida do sujeito Trans e quais consequências podem promover?

Segundo pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal de Santa

Catarina (BASTOS, 2014), as vítimas de discriminação possuem até 4,4 vezes


27

mais chances de ter problemas como depressão, ansiedade e dificuldade de

concentração.

Neste mesmo sentido, ROMAN (2015) afirma que as evidências

científicas relacionam doenças clínicas decorrentes da exposição constante a

situações que envolvem preconceito, bullying, assédio moral, depressão, dentre

outras patologias, culminando com a tentativa e/ou concretização do suicídio. A

pesquisa foi realizada pelo Instituto de Ciências Médicas da Unicamp, que

constatou os transgêneros como com maior potencial de desenvolvimento de

transtornos mentais, tendo a discriminação como responsável pelo aumento

constante das estatísticas neste sentido.

A Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil, apresenta como

consequências da discriminação, preconceito, exclusão e segregação das

pessoas Trans, desde o abandono dos estudos (82%, entre 14 a 18 anos de

idade) a outros tipos de violência como os homicídios de pessoas Trans que

indicam a perseguição constante e crescente. Como exemplo de vários relatos

sobre violências temos a que ceifou a vida de Tifanny, uma das 45 transexuais

mortas, com requintes de crueldade, em janeiro de 2016. O gráfico abaixo,

disponibilizado pela Rede Trans é o reflexo da gravidade da situação.


28

Bourdieu (1999) nos traz a prática da manipulação do estigma a partir de

sua ocultação, como tentativa de evitar e diminuir a tensão nas interações

sociais, por parte do sujeito estigmatizado. Esta prática se torna adequada ao

interdito da visibilidade e a incorporação do mesmo (dominação simbólica),

indicando a aceitação da existência de uma prática sexual correta e instituindo

uma experiência envergonhada e escondida da sexualidade. Este autor também

afirma que dentre as inúmeras violências simbólicas decorrentes do preconceito

reproduzidas socio historicamente, a mais evidente é “a própria

heterossexualidade construída socialmente como padrão universal de toda

prática sexual ‘normal’, isto é, distanciada da ignomínia da ‘contra natureza”

(Bourdieu, 2003, p.102).

Segundo Dahlberg e Krug (2007) não se pode mensurar nem estimar o

custo da dor e sofrimento humano, as pesquisadoras dizem, ipsis litteris “a

violência contra crianças praticada nos lares pode incluir abuso físico, sexual e

psicológico, como também abandono. A violência na comunidade pode incluir


29

ataques físicos entre jovens, violência sexual em locais de trabalho e abandono

de idosos por longo tempo em instituições. A violência política inclui estupros em

conflitos e guerra física e psicológica”. As pesquisadoras também destacam que

a homofobia não está delimitada ao espaço familiar se espalhando ao escolar,

hospitalar, em uma reprodução contínua da opressão e perseguição dos sujeitos

em vulnerabilidade social e do agressor. Além disso, os atores classificam a

violência sofrida em três classes: violência autodirigida; violência interpessoal e

violência coletiva. Relacionando a violência como processo resultante da

dinâmica social que afeta a integridade física, moral, mental ou espiritual das

pessoas.

Natarelli et alii (2015) obtiveram, como resultado de suas pesquisas de

campo com adolescentes, um mapeamento da dimensão da complexidade das

situações de homofobia com as quais estes convivem sob diferentes formas de

manifestação. Os resultados destas violências se refletem em prejuízos à sua

saúde, nos aspectos biopsicossocial tornando-se obstáculo até mesmo à adoção

de hábitos de vida saudáveis, contribuindo para que negligenciem com o

autocuidado e manutenção da saúde, promovendo um ambiente fomentador da

atribuição negativa na própria vítima, o que aumenta a crença da autoculpa

respaldando inconscientemente a violência sofrida, também culmina com o

aumento da ideação suicida.

Segundo Blais (2014) há evidências científicas que indicam a homofobia

como um fator que agrega valor negativo afetando o bem estar, a qualidade de

vida e a saúde dos sujeitos Trans, fatos comprovados por estudos sobre

diferentes formas de bullying homofóbico e relações entre o fenômeno e seu

processo de internalização e questões de autoestima.


30

Segundo Carrara, Ramos, Caetano (2003) e Viana (2007) as travestis

estão associadas a dois fatores: estigma e vulnerabilidade. Inclusive, vivem em

constante negação de seus direitos de cidadania, sendo desrespeitado e

negligenciado.

Segundo Fry (1991) “estigmatização” e preconceito estabelecem

hierarquias, por meio do repúdio e da marginalização, produzindo sentimentos

de superioridade para uns e sofrimento de toda ordem para o “Outro”. O estigma

é percebido basicamente como consequência de uma doença ou de uma

situação que, por sua vez, é objeto de discriminação social”(p.82). Assim, “a

perspectiva do sofrimento se apresenta como um ponto-chave da concepção de

estigma e discriminação” nas literaturas examinadas (p..84), perspectiva esta

que se articula bem com o conceito goffminiano2 que “tem por eixo o sujeito, seu

corpo e sua experiência” (p.5).

Segundo Knauth (1997) os estigmas e discriminações são produzidos a

partir da visão “de um outro social, no sentido de uma outra sociedade, outra

cultura. Um outro tido como geográfica e culturalmente distante [...] a diferença

em relação a este outro não se dá mais por uma distância geográfica ou social,

mas pela fuga a normatividade, em decorrência de uma opção individual.

Inclusive, Magnor e Knauth (2008) afirmam que, em se tratando do

atendimento que os homossexuais recebem nos serviços de saúde, há quase

uma unanimidade na constatação da resistência que os profissionais, nas

unidades básicas de saúde têm em examiná-los. Inclusive, as pesquisadoras,

2 Controle de informação e identidade pessoal. O desacreditado e o desacreditável: (p.41-42)


Goffamn aponta para a estreita relação, que defende existir, entre a formação das identidades e
a possibilidade, ou não, de ocultação dos estigmas.(p.41) A tentativa de esconder o estigma
representaria um alto preço psicológico para o estigmatizado. (GOFFMAN, 1891,p.85).
31

em sua pesquisa de campo, entrevistaram uma paciente que reportou a seguinte

fala:

Eu cheguei, e eles (os atendentes) acharam que eu era mulher. Eu gritava de


dor, querida, e eles achavam que eu estava grávida! Daí, o médico mandou eu
entrar, eu entrei e o médico disse: O que houve? Deita aí na cama! Aí ele
mandou eu tirar a roupa. Daí eu disse: aí, doutor, me dói aqui, me dói aqui. Aí,
eu toquei na barriga assim (ela aperta o abdome)... E ele: Tira a roupa! Tirei a
blusa. Quando eu baixei a calça, o médico disse: Põe a roupa ! E mandou eu
levantar da cama, na hora, e não fez mais nada! Tu acreditas numa coisa
dessas? Aquilo ali eu tenho na cabeça até hoje. Porque ele fez aquilo ali:

As pesquisadoras também afirmam que essa situação é comum durante

o atendimento, quando o paciente é travesti eles são atendidos com base no

relato sem exame, pois, o corpo do travesti causa tanto constrangimento à

maioria dos profissionais de saúde que estes parecem não se sentirem

confortável para o exame físico, procedimento necessário na consulta clínica,

mostrando despreparo. Neste sentido, também destacam a segregação que se

pratica a partir da negação do reconhecimento do nome social, apesar do

respaldo legal que garante ao sujeito Trans de ser respeitado também neste

quesito, o que dá margem às pesquisadoras a perceberem esta ação como

julgamento moral e distanciamento dos profissionais na hora do atendimento.

Segundo Rondini e Teixeira Filho (2012), existem relações entre a

orientação sexual e ideações com incidente de tentativas de suicídio na

adolescência, pois, em decorrência dos conflitos e pressões internas e externas,

os homossexuais são mais propícios a pensar e tentar suicídio.

Lucon (2016) traz da Organização Mundial de Saúde (OMS) os registros

do Brasil na 8ª posição do ranking dos países com maior incidência de suicídios,

sendo o dos Trans homens e mulheres a causa mais recorrente. É registrado

como maior ocorrência entre a faixa etária de 15 a 29 anos, em sua maioria

cometidos por pessoas do sexo feminino. A OMS apresenta estes registros como
32

sinalizadores do grave problema de saúde pública que acomete o Brasil. Este

mesmo autor nos traz o relatório "Transexualidades e Saúde Pública no Brasil"

do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT e do Departamento de

Antropologia e Arqueologia, que revela que 85,7% dos homens Trans já

pensaram em suicídio ou tentaram cometer o ato (LUCON, 2016).

Souza, Signorelli e Pereira (2015) trazem à baila o fato de que no caso

dos meninos e adolescentes gays, travestis e lésbicas, na maioria das vezes, é

dentro de casa e na própria família que o preconceito e discriminação assumem

características de crueldade, incluindo insultos, tratamentos compulsórios,

humilhação, agressão física e até a expulsão do lar.

Segundo Matarazzo (1984) cerca de metade da mortalidade dos sujeitos

relaciona-se com doenças nas quais os hábitos de vida têm enorme relevância,

como por exemplo nos casos de comportamentos sexuais há ligação entre stress

e o desenvolvimento de várias doenças, bem como a relação destas com a

solidão, o isolamento e o suporte social.

Diante das elucubrações dos autores supracitados, em sua maioria, os

sujeitos Trans são vítimas impotentes e submetidas a todo tipo de violência:

violência autodirigida; violência interpessoal e violência coletiva. Esses

processos de violência estão relacionados à dinâmica social que afeta a

integridade física, moral, mental ou espiritual das pessoas, tornando as situações

de homofobia de uma complexidade irracional. Suas consequências se refletem

em prejuízos imensuráveis e inimagináveis envolvendo a saúde física, mental,

além de uma atribuição negativa que os Trans desenvolvem de si mesmos,

também se observa o comprometimento de hábitos saudáveis como o

autocuidado, a autoestima, o estabelecimento de metas e o livre trânsito social.


33

As vítimas da discriminação em sua maioria são impotentes, vivendo sob

convenções, ou pressões sociais, são forçadas a guardar silêncio sobre suas

experiências. Em se tratando do atendimento que aos sujeitos Trans é garantido

nos instrumentos legais de nosso país, também não se concretizam plenamente,

a exemplo dos serviços de saúde, onde há quase uma unanimidade na

constatação da resistência que os profissionais, nas unidades básicas de saúde

têm em examiná-los.

•DIMENSÃO •DIMENSÃO
INDIVIDUAL SÓCIO-
INDIVIDUAL

AUTONOMIA
RELAÇÕES SOCIAIS
RESILIÊNCIA
RESILIÊNCIA
BEM ESTAR
VIDA COMUNITÁRIA
PROJETO DE VIDA
VIDA SOCIAL
SUPERAÇÃO

VIDA COMUNITÁRIA
EMPOWERMENT RESGATE DE
DIREITOS E
OBRIGAÇÕES

•INTERVENÇÕES •DIMENSÃO
POSSÍVEIS POLÍTICO SOCIAL

Fig. 06 – Psicologia Positiva – Intervenções Possíveis (fonte: própria)

A figura 06 representa os achados sobre as possíveis intervenções

voltadas ao foco deste estudo. Nela se encontram a Psicologia Positiva como

eixo temático e as Intervenções Possíveis como categoria primárias: Dimensão

Individual; Dimensão Sócio individual; Dimensão Político-social; Intervenções

Possíveis e, como categorias secundárias, respectivamente: Autonomia;


34

resiliência; bem estar, projeto de vida e superação; Relações sociais, Resiliência,

vida comunitária e vida social; finalmente: empowerment.

Uma pergunta inicial se faz pertinente: quais os benefícios que a

Psicologia Positiva pode apresentar no manejo com o sujeito Transgênero

de forma a propiciar o bem estar subjetivo, equilíbrio e qualidade de vida?

Fredrickson (2001) esclarece que as emoções positivas promovem efeitos

benéficos à saúde e sanidade, e, consequente amplitude cognitiva e

comportamental à construção, estímulo e manutenção de recursos tanto

psicológicos quanto emocionais. Segundo a pesquisadora, o segredo está no

estímulo a comportamentos focados no enfrentamento das emoções negativas,

como medo, raiva e desgosto de forma a promover superação e retroalimentação

do processo instrumentalizando o sujeito em suas relações internas e externas.

Segundo Marques (2017), a condição para o alcance do bem estar, está

no agrupamento de práticas que dependem das escolhas individuais,

envolvendo o cuidado com a saúde física, mental, espiritual e alimentar, bons

relacionamentos tanto interpessoais, familiares e sociais, práticas de atividades

físicas, controle de estresse, enfim, uma busca pela relação harmônica pelo

equilíbrio e satisfação, resignação, aceitação de si mesmo e valorização de todas

as coisas que possam produzir a sensação e bem-estar.

Seligman (2011, p.36) ao desenvolver o modelo P.E.R.M.A, resultado da

abreviação dos cinco eixos centrais, estabeleceu condicionantes para que

alcancemos nossa felicidade, a saber: Positive Emotions (Emoções positivas);

Engagement (Engajamento); Relationships (relacionamentos); Meaning

(sentido) e Accomplishment (realização). O autor faz questão de frisar que o

excesso de emoções positivas não necessariamente promoverá o sentido da


35

felicidade, visto que as oscilações de emoções são tão necessárias quanto o

equilíbrio das emoções positivas. Indo além, Seligman (op.Cit.) diz ipsis verbis

que “o bem-estar não pode existir apenas na sua cabeça: ele é uma combinação

de sentir-se bem e efetivamente ter sentido, ter tido bons relacionamentos e

realização. O modo como escolhemos nossa trajetória de vida é maximizando

todos esses cinco elementos”.

Csikszentmihalyi (op. Cit) apresenta o flow, prática que promove o

envolvimento dialético do indivíduo com o ambiente, empregando aquilo que ele

tem de melhor a oferecer, tornando possível um estado de atenção focada,

caracterizada por uma mente clara em harmonia com o corpo, concentração sem

esforço, perda de autoconsciência, atemporalidade e prazer intrínseco.

Segundo Barbosa (2010 a) é a partir do desenvolvimento da resiliência

humana que o sujeito organiza seu próprio comportamento, com capacidade de

análise, compreensão e tomada de decisões se tornando apto a enfrentar

situações de estresse elevado, de forma a superar e vencer as adversidades da

vida.

Pode-se depreender dos posicionamentos dos estudiosos acima

destacados que, quanto mais precoce for à intervenção, a partir do estímulo de

condutas voltadas ao equilíbrio e harmonia, mas se favorecerá o bem estar do

sujeito. Por conseguinte, mais efetivo se dará seu trânsito nos diversos espaços

sociais e, no enfrentamento de suas questões existenciais. Outro detalhe

importante que se entrecruza nas crenças acima mencionadas está na

importância de, não apenas em promover momentos de autoconfiança,

felicidade e força, mas, também, o entendimento de que os momentos negativos

fazem parte da realidade e, certamente, ocorrerão no percurso da vida humana,


36

sendo que o foco interventivo está na superação decorrente da valorização dos

aspectos positivos que o próprio sujeito, as próprias pessoas que o cercam e as

situações diversas e adversas possam promover.

Vale ressaltar que ao psicólogo é necessário reconhecer a demanda de

seu cliente de forma adequada, isenta de prejulgamentos, estruturando suas

práticas para proporcionar o melhor atendimento voltado às condições que

conduzam ao alcance da melhor saúde mental e bem estar ao sujeito (VILLARI,

2004).

Neste sentido, o psicólogo necessita estar preparado para as estratégias

de intervenção, começando a lidar com suas próprias crenças. Segundo Santos

(2017) o estereótipo e o medo da alteridade se fazem presentes na atuação do

psicólogo, nas situações onde estes lidam com as diferenças, visto que estas

são o reflexo da manutenção das relações historicamente desiguais. Assim, se

torna necessário a produção de conhecimentos voltados à superação da

alienação e à reflexividade sobre os processos de socialização em contextos de

dominação e desigualdade, tornando possível a desinstrumentalização dos

estereótipos, para que o psicólogo se auto analise, entendendo como se formam,

operam e a quem servem.

Segundo Cerqueira (2014), na intervenção com o paciente se torna

necessário que o psicólogo tenha por base os estágios anteriores ao

estabelecimento do ego, pois a consolidação da identidade de gênero implica na

existência de um ego suficientemente potente para promover defesas contra as

fraquezas e sentimento de impotência que surgirão. Neste momento, se torna

necessário que o psicólogo se dedique ao processo analítico mais do que com

a manutenção do setting.
37

Ainda neste sentido, Seligman (2004) esclarece ser necessário o

desenvolvimento da capacidade de obter, a cada instante, o prazer com tudo o

que se faz. Inclusive, lançando mão da resiliência nos momentos em que esta

for necessária, sendo estes partes de uma virtude de extrema utilidade, essencial

à sobrevivência, voltada à melhoria da qualidade de vida e valiosa capacidade

de transformar a adversidade num desafio gerador de satisfação.

A investigação e intervenção psicológicas estão aqui particularmente

interessadas na percepção e interpretação da doença decorrente do preconceito

e discriminação sofridos pelos sujeitos Trans. Levando em conta as estratégias

que possam contribuir para a prevenção dos impactos causados, aumentando o

nível de qualidade de vida, aqui relacionado à situação do sujeito Trans estar

livre de sintomas, de dor física e de perturbação emocional ou interpessoal,

potencializando a capacidade funcional relacionada às funções cognitivas, a

partir de sua inserção plena nas atividades da vida diária, às interações sociais

e ao desempenho dos papéis sociais e profissional.

Além disso, a Psicologia Positiva pretende trabalhar no desenvolvimento

de uma autoimagem positiva do sujeito Trans, estimulando neste sentimento de

bem-estar e esperança no futuro. Torna-se, portanto, desejável que o psicólogo

de orientação positiva desenvolva métodos de avaliação de stress e demais

patologias decorrentes da discriminação sofrida pelo sujeito Trans, cujos

problemas se correlacionam com as questões envolvendo autoaceitação,

discriminação e conflitos gerados pela identidade de gênero.


38

A intervenção se dá a partir de uma agenda focada na promoção da saúde

e prevenção da doença, implantando e desenvolvendo programas de

abordagem dos cuidados primários. Isto implica intervenções.

Nas entrelinhas destas falas, se torna possível perceber que o Psicólogo,

como qualquer outro profissional compromissado com sua prática, diante das

incongruências que as velozes e constantes mudanças apresentam ao mundo,

necessita estar em constante atitude de pesquisador e balizar sua postura para

além das patologias apresentadas pelo sujeito Trans. Assim, em seu discurso,

necessita priorizar o desenvolvimento de equilíbrio suficiente para que aquele

alcance a superação da exclusão simbólica que lhe é impingida e, se sinta capaz

de transitar pela sociedade de forma plena e saudável


39

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As discussões promovidas a partir da revisão sistemática da literatura,

com foco nas possibilidades e benefícios que a Psicologia Positiva pode

proporcionar resultaram das provocações contidas nas entrelinhas da pergunta

norteadora desse trabalho que consistiu em entender de que forma a Psicologia

Positiva pode promover o bem estar subjetivo e qualidade de vida para o sujeito

Transgênero. Assim, esta pesquisadora iniciou sua busca e análise das

propostas da Psicologia Positiva de forma a encontrar relação entre esta e as

demandas às quais o sujeito transgênero desenvolve em decorrência das

questões de sua vulnerabilidade social.

A partir do mapeamento e das reflexões, a Psicologia Positiva, cuja prática

ainda é incipiente no Brasil, começou a revelar-se demonstrando sua

simplicidade. Sua abordagem parte do princípio que todo ser humano possui

fatores positivos e negativos, e que o foco nos aspectos positivos é uma

possibilidade de se extrair do negativo elementos que equilibrem, harmonizem e

proporcionem o alcance do bem estar do sujeito.

A queixa do campo da Psicologia Tradicional é que este foca comumente

as patologias, colocando-as sempre à frente dos traços positivos da

personalidade e desconsiderando o potencial positivo de cada sujeito. Na

contramão desta, a Psicologia Positiva direciona seus esforços para o incentivo

dos traços positivos e estímulo psicológico de forma a potencializar a capacidade

de superação e resistência do indivíduo e prevenir as doenças da psique

(Seligman & Csikszentmihalyi, op Cit.).


40

Pensar Psicologia Positiva enquanto Milagre do Santo Graal é ignorar que

a própria composição do Universo parte dos polos negativo e positivo, e que toda

experiência, seja ela positiva ou negativa, faz de parte de nossa existência,

demandando do ser humano preparo para enfrentá-las, confrontá-las, superá-

las, ignorá-las ou pacificamente legitimá-las.

O X da Psicologia Positiva, segundo os achados nesta incursão científico-

reflexiva, está na intervenção a partir do fortalecimento dos indicadores positivos

como a autoestima, que contribuem para o bem estar físico e mental. Inclusive,

é consenso entre os autores que o otimismo é um quesito que promove uma

grande diferença no confronto e convívio das experiências, tanto negativas

quanto positivas na raça humana. No caso dos sujeitos em vulnerabilidade, como

o Transgênero, a prática se fundamenta no desenvolvimento e valorização de

elementos positivos pelo reconhecimento de suas potencialidades para que

estes possam estabelecer condições plenas, mais harmônicas, equilibradas.

Neste caminho, a psicologia positiva, aliada a experiência do flow, sinaliza

grandes possibilidades a partir do otimismo e da relação entre desafios e

habilidades na superação. Inclusive, Csikszentmihalyi (1999) deixa bem claro

que é possível o alcance da felicidade em qualquer tipo de situação, apesar da

efemeridade desta e da dependência das circunstâncias externas que sejam

favoráveis à releitura promovida pelo sujeito em vulnerabilidade.

O papel da Psicologia Positiva visa capacitá-lo a lidar de forma mais

racional e equilibrada nas relações complexas da vida, tornando-a mais digna de

ser vivida. Tornou-se evidente a importância de valorizar as forças pessoais que

tornam o sujeito transgênero capaz de superar as adversidades, fundamentais

para uma vida mais positiva e feliz. Como afirma Seligman (2011) sem a
41

resiliência se torna complicado florescer na vida, pois valorizar mais a

capacidade que o indivíduo tem de enfrentar suas dificuldades é dá-lo autonomia

nas relações sociais e possibilidades de uma vida plena.

Ao mesmo tempo, nas questões da diversidade social, especialmente no

caso dos Transgêneros, neste momento em pauta se torna necessário uma

formação que empodere o psicólogo em sua prática para trabalhar respeitando

as diferenças, entendendo que este é um dos seus atributos indispensáveis, ao

mesmo tempo, proporcionando que este entenda sobre as práticas e estratégias

na intervenção da Psicologia sob orientação Positiva, de forma a promover

resultados mais eficazes.

A relevância desse artigo está no reconhecimento do sofrimento e as

violências impingidas ao sujeito Transgênero como uma questão social e de

saúde que tomam vulto, voz e espaço no meio global. Questões que se

incorporam, cada vez mais nas estatísticas, dentre as quais de espancamentos,

mortes e suicídios, contrariando direitos pregados como garantidos, em, dentre

outros, mecanismos legais, e, na intenção da autora em contribuir com o acervo

científico, de forma a somar na ampla discussão deste tema tão controverso,

contribuindo para possíveis mudanças na atuação do profissional de Psicologia

voltada à inclusão e garantia de uma vida saudável ao Transgênero em seu

convívio social.

Ao levar em consideração que um dos objetivos principais da psicologia

positiva é promover o potencial e o bem-estar humano, pode-se entender que

ela pode ser aplicada por meio de intervenções em diversos campos, como o

clínico, o escolar e o organizacional. O papel da intervenção positiva é auxiliar o

indivíduo a construir uma vida prazerosa, engajada e com sentido (Duckworth,


42

Steen, & Seligman, 2005). Esta revisão tornou-se de fundamental por, além de

mapear o cenário das possibilidades e fundamentações teóricas acerca da

Psicologia Positiva, promover reflexões que ampliam o entendimento desta

pesquisadora sobre as questões e os riscos aos quais os sujeitos transgêneros

estão expostos.
43

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