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Arroyo
MIGUEL G. ARROYO*
As desigualdades ressignificadas
Quem questiona de maneira mais profunda e desestabilizadora as
desigualdades, os modos de pensá-las e de enfrentá-las são os próprios
coletivos pensados e segregados como desiguais. Como se manifestam?
Como se pensam e pensam o sistema de produção das desigualdades?
Como pensam o Estado, suas instituições e políticas e suas relações com
as desigualdades?
Se o aumento e aprofundamento das desigualdades obrigam a
enfrentá-las como uma questão social que redefine o papel do Estado e
de suas políticas, as reações dos coletivos vitimados em nossa história
pelas desigualdades repolitizam os modos de pensá-los como desiguais.
Repolitizam o papel do Estado, de suas instituições e políticas. Esses
coletivos não se pensam feitos desiguais, porque carentes, nem excluí-
dos ou inconscientes e menos em inferioridades morais, intelectuais,
culturais, civilizatórias. O não reconhecimento deles mesmos nas for-
mas inferiorizantes de pensá-los desestabiliza as formas de pensá-los
como problema que tem legitimado as formas de pensar o Estado, suas
instituições e suas políticas como solução. Na medida em que não se
aceitam como problema, desmontam a visão do Estado como solução.
Há um dado da maior relevância: os coletivos feitos desiguais se
fazem presentes na dinâmica social e política. Que significados dão às
desigualdades os coletivos feitos desiguais, ao se fazerem presentes na
dinâmica social e econômica, política, cultural e pedagógica?
Nota
1. Exploro essas análises de Boaventura de Sousa Santos no texto: Ações coletivas e conheci-
mento (no prelo).
Referências