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Subestações

PROFESSOR ANTÔNIO CARLOS DELAIBA


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1 - INTRODUÇÃO

Uma subestação pode ser definida como sendo um conjunto de equipamentos


com propósito de chaveamento, transformação, proteção ou regulação da
tensão elétrica.

A função ou tarefa mais importante das subestações é garantir a continuidade


com a máxima segurança de operação e confiabilidade dos serviços a todas as
partes componentes dos sistemas elétricos. As partes defeituosas ou sob faltas
devem ser desligadas imediatamente e o abastecimento de energia deve ser
restaurado por meio de comutações ou manobras.

Portanto, deve-se fornecer a energia elétrica com alto grau de confiabilidade,


tendo em vista os prejuízos elevadíssimos representados por paradas de
produção. Desta forma, destaca-se a importância de uma criteriosa escolha
dos componentes, os quais irão transformar, seccionar, proteger e comandar as
subestações.

A escolha, aplicação e a coordenação seletiva adequadas do conjunto de


componentes que constitui uma subestação são um dos aspectos mais
importantes e pouco entendido de um projeto elétrico.

Ao especificar uma subestação, não é admissível, considerar somente o


funcionamento normal (nominal) do sistema, deve-se prever, que
equipamentos podem falhar, pessoas cometerem erros e imprevistos. Assim, a
função da proteção é minimizar os danos aos sistemas e seus componentes,
bem como limitar a extensão e a duração das interrupções no fornecimento de

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energia, sempre que, em qualquer parte do sistema, acontecer uma falha


(equipamentos e/ou humana) ou imprevistos indesejáveis, tais como: curto-
circuito, sobrecarga, sobretensões, etc.

Portanto, a escolha dos equipamentos de uma subestação embora deva atender


a certas condições mínimas de segurança e confiabilidade, dependerá de
fatores econômicos, bem como de uma criteriosa escolha dos equipamentos
que irão desenvolver as seguintes funções:

• Transformação;
• Seccionamento (manobra);
• Proteção;
• Etc.

Nestas condições, este curso tem por objetivo desenvolver e discutir,


criteriosamente, uma técnica que é de selecionar, coordenar, ajustar e aplicar
os vários equipamentos elétricos de manobra, proteção, transformação
normalmente utilizados nas subestações de energia.
As análises irão contemplar várias situações normais e anormais, tais como:

• Operação em regime (carga nominal);


• Operação em sobrecarga;
• Condições de curto-circuito (efeitos térmico e dinâmico);
• Seletividade;
• Etc.

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A título de uma melhor compreensão dos estudos citados, ao longo do curso,


serão desenvolvidos e propostos vários exemplos de aplicação.

Para atingir estas metas, este trabalho apresenta-se desenvolvido com a


seguinte estrutura:

CAPÍTULO 1 - REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE


CIRCUITOS ELÉTRICOS

Neste capítulo fez-se uma rápida revisão dos principais conceitos e extraiu-se
da extensa teoria, as equações básicas referentes aos sistemas monofásicos e
trifásicos. Desta forma, uma visão geral sobre os principais conceitos
necessários ao desenvolvimento do curso foi evidenciada.

CAPÍTULO 2 - INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE

POTÊNCIA

Este capítulo preocupou-se tão somente em definir e conceituar as principais


grandezas elétricas necessárias à compreensão do tema proposto. As
definições foram extraídas da portaria 456 da ANEEL. Complementando os
aspectos anteriores, apresentou-se os conceitos e definições envolvendo as
sobretensões devido às descargas atmosféricas e aquelas provenientes de
chaveamentos. E finalmente citou-se as principais definições envolvendo
subestações.

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CAPÍTULO 3 - CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES

A representação gráfica de um sistema elétrico de potência, ou os diagramas


elétricos deve conter a maior quantidade possível de informações, com o
objetivo de representar os componentes e as suas funções específicas. Desta
forma surge o capítulo 3 que tem por meta apresentar as diversas
configurações típicas encontradas nas subestações. Finalmente, com base nos
diagramas unifilares, mostra-se as vantagens e desvantagens de cada arranjo
específico.

CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS


CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA ELÉTRICA

Em função das necessidades, características elétricas, segurança,


confiabilidade, etc., a subestação é definida a partir de um diagrama elétrico
que fixa o princípio de funcionamento da mesma, características dos
equipamentos de seccionamento, proteção, transformação e controle. Neste
sentido este capítulo tem por objetivo complementar o anterior, mostrando e
comparando os diagramas unifilares das subestações de algumas das
principais concessionárias de energia elétrica brasileira..

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CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS


PROVOCADOS PELA CORRENTE DE CURTO-
CIRCUITO

Este capítulo faz uma abordagem da importância, dos conceitos, efeitos e


cálculos das correntes de curto-circuito trifásica e monofásica nas redes
elétricas em alta e média tensão. Isto se justifica, pois é imprescindível
considerar, além dos aspectos nominais, os efeitos térmicos e dinâmicos
provocados pelas correntes de curto-circuito necessários a especificação dos
equipamentos.

CAPÍTULO 6 - TRANSFORMADORES

O transformador é um dos componentes vitais presentes nos sistemas elétricos


de potência, e o mesmo encontra-se na interface entre os sistemas de energia e
as cargas elétricas. Desta forma, este capítulo se propõe a estudar, de uma
forma sucinta, a operação deste equipamento, focalizando os seguintes
aspectos: princípio de funcionamento, rendimento, regulação, paralelismo e
comportamento térmico.

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CAPÍTULO 7 - TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE

POTENCIAL

Ao se estabelecer qualquer procedimento de medição deve-se, de antemão,


ressaltar que os trabalhos requerem etapas distintas e relevantes para o
processo. Estas compreendem adequação dos sinais de tensão e corrente aos
requisitos impostos pelos instrumentos de medição e/ou proteção, o que é
realizado pelos TC’s e TP's.

Como parte integrante dos temas considerados neste trabalho, para fins de um
melhor entendimento da operação dos TP's e TC’s, far-se-á necessária uma
abordagem do tema, de forma a contemplar os seguintes aspectos: princípios
de funcionamento, definições, principais características, classes de exatidão,
tipos de conexão, etc.

CAPÍTULO 8 - EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E

PROTEÇÃO

A energia elétrica deve ser fornecida com alto grau de segurança,


confiabilidade e continuidade. Desta forma, destaca-se a importância de uma
criteriosa escolha dos componentes, os quais irão seccionar (dispositivos de
manobra ou seccionamento) e proteger (dispositivos de proteção) a instalação.

Assim, este capítulo tem por meta a descrição sucinta dos principais
equipamentos de secionamento e proteção em subestações. Dentre estes,

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destacam-se: fusíveis, disjuntores, seccionadores, relés, pára-raios, etc., onde


serão analisados os seguintes aspectos: princípios de funcionamento,
definições, curvas características, especificação, aplicações, etc.

CAPÍTULO 9 - SELETIVIDADE

Quando uma falta ocorre numa rede elétrica, ela pode ser detectada
simultaneamente por diversos dispositivos de proteção situados em diferentes
áreas. A seletividade do sistema de proteção dá prioridade de operação aos
dispositivos mais próximos, localizados à montante da falta. Desta forma, a
interrupção no fornecimento de energia fica limitada a menor parte possível
do sistema. Entretanto, o sistema de proteção também permite contingências.
Pois, quando o sistema é projetado, leva-se em consideração a possibilidade
de um dispositivo de proteção falhar. Neste caso, um outro dispositivo,
localizado a montante deste, deve atuar para limitar os efeitos da falta. Estes
dispositivos de proteção instalados em série na rede elétrica, representa para o
sistema elétrico uma maior confiabilidade.

Diante da importância deste assunto, este capítulo abordará as cinco principais


técnicas de proteção seletiva utilizadas em subestações, a saber: seletividade
amperimétrica, cronométrica, lógica, por proteção diferencial e direcional.

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CAPÍTULO 10 - PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES

O transformador, por se tratar de um importante equipamento presente nas


instalações de uma subestação, o mesmo necessita de um eficiente sistema de
proteção contra todas as faltas susceptíveis de danificá-lo. Por esta razão,
discute-se neste capítulo os principais dispositivos empregados na sua
proteção.

CAPÍTULO 11 - PROTEÇÃO DE GERADORES

De uma maneira semelhante ao realizado para transformadores, este capítulo


tem por finalidade discutir a influência das anormalidades operacionais
impostas ao gerador, dentre as quais destacam-se: sobrecargas, curtos-
circuitos, desequilíbrios, etc. Adicionalmente, apresenta-se também os
principais dispositivos e os esquemas elétricos característicos normalmente
associados com a proteção destes equipamentos.

CAPÍTULO 12 - NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES


UTILIZADOS NAS SUBESTAÇÕES

Sabe-se que existem basicamente dois tipos de serviços auxiliares utilizados


nas subestações, quais sejam: fontes de serviços auxiliares em corrente
alternada e em corrente contínua. Assim pretende-se neste capítulo abordar
vários aspectos inerentes aos sistemas auxiliares citados acima, dentre os quais

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destaca-se: esquemas de manobra, especificação das fontes CA e CC,


definições e conceitos básicos, tipos de carregadores-retificadores e
dimensionamento dos acumuladores e dos retificadores.

CAPÍTULO 13 - TARIFAÇÃO HORO-SAZONAL

Até 1981 a tarifa imposta pelas concessionárias de energia elétrica, era única e
se chamava “convencional”, não levando em conta as horas do dia e nem os
meses do ano. A partir da ano citado, criou-se a tarifa horo-sazonal (azul e
verde), em que foram instituídos preços diferenciados em função da demanda
e da energia consumidas em períodos distintos do dia (ponta e fora de ponta) e
do ano (úmido e seco). Assim, a titulo de ilustração, mostra-se neste capítulo
as definições, expressões de cálculo e orientações gerais no que tange a
sistemática envolvendo a tarifação convencional e a horo-sazonal.

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CAPÍTULO 1

REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE


CIRCUITOS ELÉTRICOS

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 2

REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE


CIRCUITOS ELÉTRICOS

1 – SISTEMAS ELÉTRICOS

Antes de entrarmos no assunto associado ao tema subestações, deve-se fazer


uma rápida revisão da teoria e fórmulas de cálculo, envolvidos nas instalações
elétricas, com o objetivo de abordar os principais conceitos e extrair da extensa
teoria aquilo que é mais importante para a compreensão dos princípios
envolvidos na operação e no funcionamento dos dispositivos de seccionamento e
proteção utilizados em subestações.

1.1 – SISTEMAS DE CORRENTE ALTERNADA MONOFÁSICA

1.1.1 – GENERALIDADES

A corrente alternada se caracteriza pelo fato de que a tensão, em vez de


permanecer fixa, como entre os polos de uma bateria, varia com o tempo,
mudando de sentido alternadamente. O número de vezes por segundo que a
tensão muda de sentido e volta à condição inicial é a freqüência do sistema,
expressa em "ciclos por segundo" ou "hertz", simbolizada por "Hz".

No sistema monofásico, uma tensão alternada U (Volt) é gerada e aplicada entre


dois fios, aos quais se liga a carga, que absorve uma corrente I (Ampère),
conforme mostrado na figura 1a.

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 3

U, I
I Umax
Imax
U Z

tempo

1ciclo=360º
(a) (b)

Figura 1 - (a) Sistema monofásico, (b) Formas de onda da tensão e da corrente


para um circuito monofásico;

Se apresentarmos em um gráfico os valores de U e I a cada instante, obtém-se a


fig. 1b. Nesta figura estão também indicadas algumas grandezas que serão
definidas em seguida. Nota-se que as ondas de tensão e de corrente não estão
"em fase", isto é, não passam pelo valor zero ao mesmo tempo, embora possuam
a mesma freqüência. Isto acontece para muitos tipos de cargas, por exemplo,
motores, transformadores, reatores, etc.

1.1.2 – LIGAÇÕES SÉRIE E PARALELO

Quando ligarmos duas cargas iguais a um sistema monofásico, esta conexão


pode ser feita de dois modos:

- Ligação em Série: As duas cargas são atravessadas pela mesma corrente


total . Neste caso, a tensão em cada carga será a metade
da tensão do circuito. De um modo geral, o somatório
da tensão aplicada em cada carga resultará na tensão
total do circuito.

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 4

- Ligação em Paralelo: Aplica-se às duas cargas, a tensão de alimentação.


Neste caso, a corrente nas cargas será a metade da
corrente total. De um modo geral, o somatório das
correntes em cada carga será a corrente total do
circuito. As figuras 2 e 3 esclarecem o comentário
realizado.
220V 220V

Z Z
10A 20A

440V 220V 10A Z 10A Z

Figura 2 - Ligação em Série Figura 3 - Ligação em Paralelo

1.2 – SISTEMAS DE CORRENTE ALTERNADA TRIFÁSICA

1.2.1 – GENERALIDADES

O sistema trifásico é formado pela associação de três sistemas monofásicos de


tensões, U1, U2 e U3, defasados entre si de120°, ou seja, os "atrasos" de U2 e U1
em relação a U3 são iguais a 120°, (considerando um ciclo completo de 360°),
conforme mostrado na figura 4.

Ligando entre si os três sistemas monofásicos e eliminando os fios


desnecessários, tem-se um sistema trifásico de tensões defasadas de 120 ° e
aplicadas entre os três fios do sistema.

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 5

U1 U2 U3

I1 I2 I3
(a)

U1 U2 U3

120º 120º

1 ciclo = 360º

(b)

Figura 4 - (a) Três sistemas monofásicos independentes


(b) Formas de onda de um sistema trifásico de tensões defasadas de 120º;

1.2.2 – LIGAÇÃO TRIÂNGULO

Chamam-se "tensões e correntes de fase" as tensões e correntes de cada um dos


três sistemas monofásicos considerados, indicados por Uf e If.

Se ligarmos os três sistemas monofásicos entre si, como indicado na Fig. 5,


pode-se eliminar três fios, deixando apenas um em cada ponto de ligação, e o
sistema trifásico ficará reduzido a três fios U, V e W.

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 6

A tensão entre dois quaisquer destes três fios chama-se "tensão de linha" (UL),
que é a tensão nominal do sistema trifásico. A corrente em qualquer um dos fios
chama-se "corrente de linha" (IL).

Examinando o esquema elétrico da Fig. 6, observa-se que:


1) À carga é aplicada a tensão de linha UL que é a própria tensão do sistema
monofásico componente, ou seja, UL = Uf.
2) A corrente de linha IL, é a soma das correntes das duas fases ligadas a este fio,
ou seja, I = If1 + If3. Como as correntes estão defasadas entre si, a soma deverá
ser feita graficamente, como mostrado na fig. 7, onde se obtém com base nas
figuras 5, 6 e 7, a seguinte relação:

IL = I f x 3 = 1 ,732 x If . (1)

Exemplo: Tem-se um sistema trifásico equilibrado de tensão nominal 220 Volt.


A corrente de linha medida é de 10 Ampère. Ligando-se a este sistema uma
carga trifásica composta de três cargas iguais ligadas em triângulo. Nestas
condições, qual será a tensão e a corrente em cada uma das cargas?
Tem-se que: Uf = U1= 220 Volt em cada uma das cargas.
Se IL = 1,732 x If, obtém-se If =0,577xIL= 0,577 x 10= 5,77. Logo as correntes
em cada uma das cargas (fase) será de 5,77 A.

U V W

I1 I2 I3

Uf1 Uf2 Uf3


If1 If2 If3

Figura 5 - Ligação elétrica em triângulo;

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 7

I1
U

I1=If1+If3

UL=Uf
If3 If1
If1 If3
If2
W

Figura 6 - Esquema elétrico para Figura 7 - Diagrama fasorial das correntes


ligação triângulo de linha e de fase para a ligação em
triângulo

1.2.3 – LIGAÇÃO ESTRELA

Ligando-se um dos fios de cada sistema monofásico a um ponto comum aos três
fios restantes, forma-se um sistema trifásico em estrela, conforme ilustrado na
figura 8. Às vezes o sistema trifásico em estrela é a "quatro fios" ou "com
neutro" (aterrado ou isolado). O quarto fio é ligado ao ponto comum às três
fases. A tensão de linha, ou a tensão nominal do sistema trifásico, e a corrente de
linha são definidas de maneira semelhante ao realizado na ligação triângulo.

Examinando-se o esquema da Fig. 9, observa-se que:


1) A corrente de linha IL é a mesma corrente da fase à qual o fio está ligado, ou
seja, IL=If.
2) A tensão entre dois fios quaisquer do sistema trifásico é a soma gráfica, de
acordo com a figura 10, das tensões de duas fases às quais estão ligados os fios
considerados. Conforme ilustram as figuras 8,9 e 10, a relação existentes entre
as tensões de linha e de fase, são expressas pela seguinte relação:

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 8

UL = Uf x 3 = 1 ,732 x Uf. (2)

Exemplo: Tem-se uma carga trifásica composta de três cargas iguais; onde, cada
carga é alimentada por uma tensão de 220 Volt, absorvendo 5,77 ampère. Nestas
condições, pede-se: Qual a tensão e a corrente nominal do sistema trifásico que
alimenta esta carga em suas condições normais?
Tem-se que:
Uf = 220 Volt. Então:
UL= 1,732 x 220= 380 Volt
IL = If = 5,77 Ampére

U V W

I1 I2 I3

Uf1 Uf2 Uf3


If1 If2 If3

Figura 8 - Sistema trifásico ligado em estrela;

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 9

U
I1=If1

If1
Uf1

V
UL=U1

U1=Uf1+ Uf2
Uf2
Uf1

Uf2
W

Figura 9 - Esquema elétrico para Figura 10 - Diagrama fasorial das tensões


ligação estrela de linha e de fase para a ligação em estrela

1.3 – POTÊNCIAS

Em um sistema elétrico, tem-se três tipos de potências, as quais são definidas


como sendo potência aparente, ativa e reativa. Estas potências estão intimamente
ligadas de tal forma que constituem um triângulo, conhecido como "Triângulo
das Potências". A figura 11 ilustra o comentário realizado, e cujas grandezas
elétricas estão definidas abaixo:

S: Potência aparente, expressa em VA (volt-ampere).


P: Potência ativa ou útil, expressa em W (watt).
Q: Potência reativa, expressa em VAr (volt ampère reativo)
φ: Ângulo que determina o fator de potência.

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 10

S
Q

φ
P

Figura 11 – Triângulo das Potências

1.3.1 - POTÊNCIA ATIVA OU ÚTIL

É a componente da potência aparente (S), que realmente é utilizada em um


equipamento, na conversão da energia elétrica em outra forma de energia.

Em um sistema monofásico é definida por:

P = U . I. cosφ. (3)

Em um sistema trifásico pode ser expressa por:

P=3 . Uf . If . cosφ ou
P= 3 . UL . IL . cosφ (4)

1.3.2 – POTÊNCIA REATIVA

É a componente da potência aparente (S), que não contribui na conversão de


energia.
Em um sistema monofásico é definida por:

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 11

Q = U. I. senφ (5)

Em um sistema trifásico é expressa por:

Q = 3 . Uf . If . senφ ou
` Q = 3 . UL . IL . senφ (6)

1.3.3 – POTÊNCIA APARENTE

É a soma vetorial da potência útil e a reativa. É uma grandeza que para ser
definida, precisa de módulo e ângulo, características do vetor. Assim tem-se:

Módulo: S = P 2 + Q 2 (7)

Ângulo: φ = arctg (Q/P) (8)

Aqui, pode-se notar a importância do fator de potência. Ele é definido como


sendo a relação entre a potência útil e a aparente, isto é:

f.p. = cosφ = P/S (9)

Imagine dois equipamentos que consomem a mesma potência útil de 1000 W,


porém o primeiro tem cosφ = 0,5 e o segundo tem cosφ = 0,85. Pelo triângulo
das potências, chega-se à conclusão de que a potência aparente a ser fornecida
ao primeiro equipamento é de 2000 VA, enquanto que o segundo requer apenas
1176,5 VA.

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 12

Um transformador é dimensionado pela potência aparente (S), e nestas


condições, deve-se manter um fator de potência elevado em uma instalação
elétrica. Além disto, as concessionárias de energia cobram pesadas multas sobre
a tarifa de energia para aqueles que apresentarem fator de potência inferior a
0,92.

A potência aparente pode ser calculada por:

S = U. I (VA) – Sistema Monofásico (10)


S=3. Uf . If = 3 x UL . IL – Sistema Trifásico (11)

Outras relações importantes, podem ser expressas por:

S = P / cosφ (VA) (12)


S = Q / senφ (VA) (13)

A título de ilustração, mostra-se na tabela 1, a determinação dos valores de


tensão, corrente, potência e fator de potência em função do tipo de conexão da
carga.

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CAPÍTULO 1 – REVISÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 13

Tabela 1 – Valores das grandezas elétricas em função do tipo de ligação;


Denominação Estrela Triângulo
Tensão de Linha UL UL
Tensão no Enrolamento UL / 3 UL
Corrente de Linha IL IL
Corrente no Enrolamento IL IL / 3
Ligações
dos Enrolamentos

Esquemas

IL If = IL/ 3
Uf = UL/ 3

Uf=UL
UL

Potência Aparente kVA S=3. Uf . If = 3 x UL . IL


Potência Ativa kW P = 3 . Uf . If . cosφ = 3 . UL . IL . cosφ
Potência Reativa kVAr Q = 3 . Uf . If . senφ = 3 . UL . IL . senφ
Potência Absorvida da Rede
kVA SP = P + jQ
Primária
Fator de Potência da Instalação Depende da instalação elétrica (cosφ2)

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CAPÍTULO 2

INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

24
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 2

INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

1 – INTRODUÇÃO

Um sistema elétrico de potência, na sua concepção geral, é constituído


pelos equipamentos necessários para transportar a energia elétrica desde a
"fonte" até os pontos em que ela é utilizada. Basicamente, este processo,
desenvolve-se em quatro etapas: geração, transmissão, distribuição e
utilização.

Na figura 1, pode ser visto o diagrama de blocos de um sistema elétrico de


potência típico, bem como a localização dos respectivos consumidores.

Figura 1 - Esquema básico do sistema elétrico de potência;

As 4 etapas, mostradas na figura 1, podem ser sucintamente definidas da


seguinte forma:

Geração:
A conversão da energia primária em elétrica se faz, normalmente, através
de conversões intermediárias até a geração de energia elétrica. De um modo

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CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 3

geral, a conversão eletromecânica de energia é realizada através de


geradores síncronos alimentados por turbinas hidráulicas.

Transmissão:
O transporte de energia elétrica é feito através das linhas de transmissão,
cujo valor de tensão, depende do comprimento da linha e da quantidade de
energia a ser transportada.
Sabe-se que, quanto maior a distância entre a geração e o consumo, maior
será a tensão para a transmissão. Além disso, atualmente, tem que se levar
em consideração, se a transmissão será feita em corrente alternada ou em
corrente contínua.

Distribuição
Nesta etapa, a energia deverá ser fornecida a tensões compatíveis com os
níveis de consumo.

O diagrama unifilar, representado na figura 2, ilustra os níveis de tensão


normalmente empregados nas diversas etapas envolvidas na transmissão da
energia elétrica.
Geração Transmissão Sub-Transmissão
MT e BT AT-EAT-UAT AT-EAT-UAT Distribuição
(CA e CC) (CA e CC) MT

Consumidor Consumidor

Consumidor Consumidor

Figura 2 – Sistema elétrico de potência consumidores;

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CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 4

Como pode ser visto na figura 2, existem consumidores, isto é, instalações


elétricas, alimentadas diretamente a partir das diferentes etapas do sistema
elétrico de potência em função da quantidade de energia e extensão.

Deve-se introduzir um sub-sistema, entre a transmissão e a distribuição,


para que se disponibilize aos consumidores todos os níveis de tensão,
denominado de sub-transmissão.

Dependendo do nível, a tensão é classificada em:


• Baixa tensão ( BT ) até 1kV
• Média tensão ( MT ) de 1 a 66 kV ( inclusive )
• Alta tensão ( AT ) de 69 kV a 230kV ( inclusive)
• Extra alta Tensão ( EAT ) de 230kV a 800kV ( inclusive )
• Ultra Alta Tensão ( UAT ) maiores que 800kV

Os consumidores estão classificados em quatro grupos:

• Grupo 1 – Grandes consumidores;


• Grupo 2 - Consumidores médios;
• Grupo 3 - Pequenos consumidores em média tensão;
• Grupo 4 - Pequenos consumidores em baixa tensão.

2 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES

A título de ilustração e para o desenvolvimento deste curso, adotar-se-á as


seguintes definições mais usuais extraídas da portaria 456 da ANEEL.

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CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 5

• Carga Instalada: soma das potências nominais dos equipamentos


elétricos instalados na unidade consumidora, em condições de entrar em
funcionamento, expressa em quilowatts (kW).
• Concessionária ou permissionária: agente titular de concessão ou
permissão federal para prestar o serviço público de energia elétrica,
referenciado, doravante, apenas pelo termo concessionária.
• Consumidor: pessoa física ou jurídica, ou comunhão de fato ou de
direito, legalmente representada, que solicitar à concessionária o
fornecimento de energia elétrica e assumir a responsabilidade pelo
pagamento das faturas e pelas demais obrigações fixadas em normas e
regulamentos da ANEEL, assim vinculando-se aos contratos de
fornecimento, de uso e de conexão ou de adesão, conforme cada caso.
• Consumidor livre: consumidor que pode optar pela compra de energia
elétrica de qualquer fornecedor, conforme legislação e regulamentos
específicos.
• Contrato de adesão: instrumento contratual com cláusulas vinculadas às
normas e regulamentos aprovados pela ANEEL, não podendo o
conteúdo das mesmas ser modificado pela concessionária ou
consumidor, a ser aceito ou rejeitado de forma integral.
• Contrato de fornecimento: instrumento contratual em que a
concessionária e o consumidor responsável por unidade consumidora
do Grupo “A” ajustam as características técnicas e as condições
comerciais do fornecimento de energia elétrica.
• Contrato de uso e de conexão: instrumento contratual em que o
consumidor livre ajusta com a concessionária as características técnicas
e as condições de utilização do sistema elétrico local, conforme
regulamentação específica.

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CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 6

• Demanda: média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas


ao sistema elétrico pela parcela da carga instalada em operação na
unidade consumidora, durante um intervalo de tempo especificado.
• Demanda contratada: demanda de potência ativa a ser obrigatória e
continuamente disponibilizada pela concessionária, no ponto de
entrega, conforme valor e período de vigência fixados no contrato de
fornecimento e que deverá ser integralmente paga, seja ou não utilizada
durante o período de faturamento, expressa em quilowatts (kW).
• Demanda de ultrapassagem: parcela da demanda medida que excede o
valor da demanda contratada, expressa em quilowatts (kW).
• Demanda faturável: valor da demanda de potência ativa, identificada de
acordo com os critérios estabelecidos e considerada para fins de
faturamento, com aplicação da respectiva tarifa, expressa em quilowatts
(kW).
• Demanda medida: maior demanda de potência ativa, verificada por
medição, integralizada no intervalo de 15 (quinze) minutos durante o
período de faturamento, expressa em quilowatts (kW).
• Energia elétrica ativa: energia que pode ser convertida em outra forma
de energia, expressa em quilowatts-hora (kWh).
• Energia elétrica reativa: energia elétrica que circula continuamente
entre os diversos campos elétricos e magnéticos de um sistema de
corrente alternada, sem produzir trabalho, expressa em quilovolt-
ampere-reativo-hora (kvarh).
• Estrutura tarifária: conjunto de tarifas aplicáveis às componentes de
consumo de energia elétrica e/ou demanda de potência ativas de acordo
com a modalidade de fornecimento.

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CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 7

• Estrutura tarifária convencional: estrutura caracterizada pela aplicação


de tarifas de consumo de energia elétrica e/ou demanda de potência
independentemente das horas de utilização do dia e dos períodos do ano.
• Estrutura tarifária horo-sazonal: estrutura caracterizada pela aplicação
de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica e de demanda de
potência de acordo com as horas de utilização do dia e dos períodos do
ano, conforme especificação a seguir:
a) Tarifa Azul: modalidade estruturada para aplicação de tarifas
diferenciadas de consumo de energia elétrica de acordo com as
horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de
tarifas diferenciadas de demanda de potência de acordo com as
horas de utilização do dia.
b) Tarifa Verde: modalidade estruturada para aplicação de tarifas
diferenciadas de consumo de energia elétrica de acordo com as
horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de
uma única tarifa de demanda de potência.
c) Horário de ponta (P): período definido pela concessionária e
composto por 3 (três) horas diárias consecutivas, exceção feita
aos sábados, domingos e feriados nacionais, considerando as
características do seu sistema elétrico.
d) Horário fora de ponta (F): período composto pelo conjunto das
horas diárias consecutivas e complementares àquelas definidas
no horário de ponta.
e) Período úmido (U): período de 5 (cinco) meses consecutivos,
compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas leituras de
dezembro de um ano a abril do ano seguinte.
f) Período seco (S): período de 7 (sete) meses consecutivos,
compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas leituras de
maio a novembro.

30
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 8

• Fator de carga: razão entre a demanda média e a demanda máxima da


unidade consumidora, ocorridas no mesmo intervalo de tempo
especificado.
• Fator de demanda: razão entre a demanda máxima num intervalo de
tempo especificado e a carga instalada na unidade consumidora.
• Fator de potência: razão entre a energia elétrica ativa e a raiz quadrada
da soma dos quadrados das energias elétricas ativa e reativa,
consumidas num mesmo período especificado.
• Fatura de energia elétrica: nota fiscal que apresenta a quantia total que
deve ser paga pela prestação do serviço público de energia elétrica,
referente a um período especificado, discriminando as parcelas
correspondentes.
• Grupo “A”: grupamento composto de unidades consumidoras com
fornecimento em tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou, ainda, atendidas
em tensão inferior a 2,3 kV a partir de sistema subterrâneo de
distribuição e faturadas neste Grupo nos termos definidos no art. 82,
caracterizado pela estruturação tarifária binômia e subdividido nos
seguintes subgrupos:
a) Subgrupo A1 – tensão de fornecimento igual ou superior a
230 kV;
b) Subgrupo A2 – tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;
c) Subgrupo A3 – tensão de fornecimento de 69 kV;
d) Subgrupo A3a – tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;
e) Subgrupo A4 – tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV;
f) Subgrupo AS – tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV,
atendidas a partir de sistema subterrâneo de distribuição e
faturadas neste Grupo em caráter opcional.
• Grupo “B”: grupamento composto de unidades consumidoras com
fornecimento em tensão inferior a 2,3 kV, ou, ainda, atendidas em

31
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 9

tensão superior a 2,3 kV e faturadas neste Grupo nos termos definidos


nos arts. 79 a 81, caracterizado pela estruturação tarifária monômia e
subdividido nos seguintes subgrupos:
a) Subgrupo B1 – residencial;
b) Subgrupo B1 – residencial baixa renda;
c) Subgrupo B2 – rural;
d) Subgrupo B2 – cooperativa de eletrificação rural;
e) Subgrupo B2 – serviço público de irrigação;
f) Subgrupo B3 – demais classes;
g) Subgrupo B4 – iluminação pública.
• Iluminação Pública: serviço que tem por objetivo prover de luz, ou
claridade artificial, os logradouros públicos no período noturno ou nos
escurecimentos diurnos ocasionais, inclusive aqueles que necessitam de
iluminação permanente no período diurno.
• Pedido de fornecimento: ato voluntário do interessado que solicita ser
atendido pela concessionária no que tange à prestação de serviço
público de fornecimento de energia elétrica, vinculando-se às condições
regulamentares dos contratos respectivos.
• Ponto de entrega: ponto de conexão do sistema elétrico da
concessionária com as instalações elétricas da unidade consumidora,
caracterizando-se como o limite de responsabilidade do fornecimento.
• Potência: quantidade de energia elétrica solicitada na unidade de tempo,
expressa em quilowatts (kW).
• Potência disponibilizada: potência que o sistema elétrico da
concessionária deve dispor para atender às instalações elétricas da
unidade consumidora, segundo os critérios estabelecidos nesta
Resolução e configurada nos seguintes parâmetros:
a) unidade consumidora do grupo “A”: a demanda
contratada, expressa em quilowatts (kW);

32
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 10

b) unidade consumidora do Grupo “B”: a potência e KVA,


resultante da multiplicação da capacidade nominal ou
regulada, de condução de corrente elétrica do equipamento
de proteção geral da unidade consumidora pela tensão
nominal, observado no caso de fornecimento trifásico, o
fator específico referente ao número de fases.
• Potência instalada: soma das potências nominais de equipamentos
elétricos de mesma espécie instalados na unidade consumidora e em
condições de entrar em funcionamento.
• Ramal de ligação: conjunto de condutores e acessórios instalados entre
o ponto de derivação da rede da concessionária e o ponto de entrega.
• Religação: procedimento efetuado pela concessionária com o objetivo
de restabelecer o fornecimento à unidade consumidora, por solicitação
do mesmo consumidor responsável pelo fato que motivou a suspensão.
• Subestação: parte das instalações elétricas da unidade consumidora
atendida em tensão primária de distribuição que agrupa os
equipamentos, condutores e acessórios destinados à proteção, medição,
manobra e transformação de grandezas elétricas.
• Subestação transformadora compartilhada: subestação particular
utilizada para fornecimento de energia elétrica simultaneamente a duas
ou mais unidades consumidoras.
• Tarifa: preço da unidade de energia elétrica e/ou da demanda de
potência ativas.
• Tarifa monômia: tarifa de fornecimento de energia elétrica constituída
por preços aplicáveis unicamente ao consumo de energia elétrica ativa.
• Tarifa binômia: conjunto de tarifas de fornecimento constituído por
preços aplicáveis ao consumo de energia elétrica ativa e demanda
faturável.

10

33
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 11

• Tarifa de ultrapassagem: tarifa aplicável sobre a diferença positiva entre


a demanda medida e a contratada, quando exceder os limites
estabelecidos.
• Tensão secundária de distribuição: tensão disponibilizada no sistema
elétrico da concessionária com valores padronizados inferiores a 2,3
kV.
• Tensão primária de distribuição: tensão disponibilizada no sistema
elétrico da concessionária com valores padronizados iguais ou
superiores a 2,3 kV.
• Unidade consumidora: conjunto de instalações e equipamentos elétricos
caracterizado pelo recebimento de energia elétrica em um só ponto de
entrega, com medição individualizada e correspondente a um único
consumidor.
• Valor líquido da fatura: valor em moeda corrente resultante da
aplicação das respectivas tarifas de fornecimento, sem incidência de
imposto, sobre as componentes de consumo de energia elétrica ativa, de
demanda de potência ativa, de uso do sistema, de consumo de energia
elétrica e demanda de potência reativas excedentes.
• Valor mínimo faturável: valor referente ao custo de disponibilidade do
sistema elétrico, aplicável ao faturamento de unidades consumidoras do
Grupo “B”, de acordo com os limites fixados por tipo de ligação.
• Carga Elétrica: Conjunto de valores das grandezas elétricas que
definem as solicitações impostas a um equipamento elétrico, tais como:
transformadores, motores, etc.
• Falta Elétrica: Contato ou arco acidental entre partes sob potenciais
diferentes e ou uma ou mais dessas partes para terra, em um sistema ou
equipamento energizado.

11

34
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 12

• Curto-circuito: Ligação intencional ou acidental entre dois ou mais


pontos de um circuito através de uma pequena impedância.
• Sobrecarga: Corrente que excede, ligeiramente, o valor nominal de um
equipamento.
• Corrente de Curto: Corrente que excede muitas vezes, o valor nominal
de um equipamento.

Os aspectos anteriores preocuparam-se tão somente em definir e conceituar


as principais grandezas elétricas (demanda, energia, etc.) necessárias à
compreensão do tema proposto. No entanto, não se reportou em nenhum
instante os conceitos e definições envolvendo as sobretensões devido às
descargas atmosféricas e àquelas oriundas de chaveamentos. Desta forma,
neste item, apresentar-se-á, resumidamente, a título de informação alguns
aspectos elétricos inerentes aos fenômenos citados.

3 – SOBRETENSÕES E COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO

a) Origem e Classificação das Sobretensões


As redes elétricas estão sujeitas a várias formas de fenômenos transitórios,
envolvendo variações súbitas de tensão e corrente provocadas por
descargas atmosféricas, faltas no sistema ou operação de disjuntores ou
seccionadoras.

De uma forma genérica, os estudos realizados com a finalidade de obtenção


dos valores referentes aos fenômenos transitórios, são necessários para a
especificação dos equipamentos de um sistema elétrico. Esses estudos são
denominados de sobretensões. Na prática, além dos valores das possíveis

12

35
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 13

sobretensões nos terminais dos equipamentos, também é de interesse a


determinação das sobrecorrentes. Os cálculos das correntes transitórias,
também são necessárias para a verificação dos esforços térmicos e
mecânicos nos equipamentos e barramentos de uma subestação.

As sobretensões podem ser classificadas de uma forma bem ampla em dois


grupos: sobretensões externas ou internas, conforme a causa que as
provocam seja de origem externa ou interna ao sistema elétrico.

As sobretensões atmosféricas são caracterizadas por uma frente de onda de


alguns microsegundos a poucas dezenas de microssegundos e são
provocadas principalmente por descargas atmosféricas. Uma sobretensão
de qualquer outra origem, que tenha característica de frente de onda
similares àquelas utilizadas para a definição das sobretensão atmosférica,
também é classificada como sobretensão atmosférica. A figura 3 apresenta
um exemplo típico de uma sobretensão atmosférica. A figura 4 apresenta
um exemplo típico de uma sobretensão de manobra fortemente amortecida.
KV
Va
0,9 Va

0,5 Va

0,3 Va

0 µs
1,2
50

Figura 3 - Sobretensão atmosférica típica;

13

36
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 14

Observa-se na figura 3 um valor de sobretensão elevado, atingindo o pico


em torno de 1,2 µs, reduzindo a sobretensão a metade após 50 µs.

KV

1000

600

200
µs
2 4 6 8 10

Figura 4 - Sobretensão típica de manobra fortemente amortecida;

Observa-se na figura 4, que a sobretensão atingiu aproximadamente


1000kV em 2 µs, enquanto que decorridos 10µs, a sobretensão foi reduzida
para 800 kV. Isto se justifica pelo forte amortecimento sofrido pela
sobretensão.

b) Características dos Isolamentos


Os isolamentos, de uma forma geral, abrangem os espaçamentos no ar, os
isolamentos sólidos e os imersos em líquido isolante. De acordo com a
finalidade a que se destinam, são classificados como sendo para uso
externo e interno, conforme se utilizam: em instalações sujeitas a agentes
externos como umidade, poluição, intempéries, etc., ou para uso interno.

Além dessa classificação, de ordem geral, existe outra, do ponto de vista de


isolamento. Os isolamentos podem ser: auto-regenerativos, que são os que
têm capacidade de recuperação de sua rigidez dielétrica após a ocorrência
de uma descarga causada pela aplicação de uma tensão de ensaio; ou não-
regenerativos, que são aqueles que não têm a capacidade de recuperação de

14

37
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 15

sua rigidez dielétrica. Havendo uma descarga, há danificação parcial ou


total do isolamento não-regenerativo.

c) Níveis de Isolamento dos Equipamentos


O nível de isolamento de um equipamento é o conjunto de tensões
suportáveis nominais, aplicadas ao equipamento durante os ensaios e
definidas em norma específica para esta finalidade, que define sua
característica de isolamento.

As tensões definidas em norma, a serem aplicadas nos ensaios para


comprovar o nível de isolamento de um equipamento, são as seguintes:
• tensão suportável nominal à frequência industrial de curta
duração, geralmente 1 minuto. Esta grandeza elétrica também é
conhecida como tensão aplicada.
• tensão suportável nominal de impulso de manobra (atmosférico).

A tensão suportável nominal à frequência industrial de curta duração, é o


valor eficaz especificado da tensão à frequência industrial que um
equipamento deve suportar em condições de ensaio especificadas e durante
um período de tempo, geralmente não superior a 1 minuto.

A tensão suportável nominal de impulso de manobra (ou atmosférica) é o


valor de crista especificado de uma tensão suportável de impulso de
manobra, que caracteriza o isolamento de um equipamento no que concerne
aos ensaios de tensões suportáveis. As tabelas 1 e 2 ilustram os níveis de
isolamento normalizados em função da classe de tensão de um
equipamento.

15

38
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 16

Tabela 1 – Níveis de isolamento normalizados para 1kV < Um ≤ 52 kV (NBR 6949);


Tensão suportável nominal de Tensão suportável nominal à frequência
Tensão máxima do equipamento
impulso atmosférico (kV – valor da industrial durante 1 minuto (kV – valor
Um (kV – valor eficaz)
crista) NBI eficaz)

20
3,6 10
40

40
7,2 20
60

95
15 34
110

125
25,8 60
150

170
38 80
200

48,3 250 105

Tabela 2 – Níveis de isolamento normalizados para 52kV < Um ≤ 300kV (NBR 6949);
Tensão máxima do Base para os valores Tensão Suportável Nominal Tensão Suportável Nominal
Equipamento Um em p.u. de Impulso Atmosférico à Frequência Industrial
(kV – valor eficaz) (kV – valor de crista) durante 1 minuto
2 NBI (kV – valor de crista)
Um
3
(kV – valor de crista)
72,5 59 325 141

92,4 75 380 150


450 185

145 118 550 230


650 275

750 325
242 200 850 360

950 395
1050 460

16

39
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 17

As normas de coordenação do isolamento, inclusive a NBR- 6939 têm por


objetivos fixar os níveis de isolamento dos equipamentos e estabelecer
diretrizes para a elaboração de especificações e métodos de ensaios de
equipamentos.

Os ensaios são realizados de acordo com os procedimentos estabelecidos


nas normas pertinentes e têm por objetivo verificar se um equipamento está
em conformidade com as tensões suportáveis nominais que determinam o
seu nível de isolamento. Para cada tipo de ensaio e cada tipo de
equipamento, a norma do equipamento considerado especifica os métodos
para detectar falha no isolamento e os critérios que permitem afirmar ter
ocorrido falha no isolamento, durante os ensaios. Sempre que possível, os
ensaios devem ser feitos de acordo com as recomendações constantes das
normas pertinentes. No entanto, pequenos desvios são admissíveis em
função de características especiais de um tipo particular de equipamento,
desde que os níveis de isolamento normalizados não sejam modificados. Os
ensaios nos equipamentos novos podem ser de tipo ou de rotina,
dependendo da finalidade a que se destinam. Os ensaios de tipo têm a
finalidade de verificar a conformidade de uma determinada característica
de projeto de um equipamento elétrico, ou de um componente, com a sua
respectiva especificação. Os ensaios de rotina têm a finalidade de verificar
se determinado equipamento, ou componente, está em condições adequadas
de funcionamento ou de utilização, de acordo com a respectiva
especificação. Basicamente, o ensaio de tipo é realizado num protótipo, ou
numa amostra, e o ensaio de rotina é realizado no equipamento, ou seção já
pronto para entrega.

17

40
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 18

d) Princípios Básicos de Coordenação de Isolamento


Denomina-se coordenação de isolamento ao conjunto de procedimentos,
utilizados principalmente para a especificação de equipamentos, que tem
por objetivo fundamental a redução, a uma nível econômico e
operacionalmente aceitável, a probabilidade de falhas nos equipamentos ou
no fornecimento de energia, levando-se em consideração as solicitações
que podem ocorrer no sistema e as características dos dispositivos de
proteção. Esses componentes para efeito de coordenação de isolamento de
subestações, são os pára-raios, escoando para a terra parte da corrente
proveniente da sobretensão devido ao desempenho que tem no controle das
sobretensões, tanto do tipo de manobra quanto atmosféricas.

Através do estudo da coordenação de isolamento que envolve a


determinação das sobretensões, as quais os equipamentos estarão
submetidos, seguida de seleção conveniente das suportabilidades elétricas,
considerando-se as características dos dispositivos de proteção disponíveis.
As concessionárias definem os valores da NBI normal e reduzido na SE.
Nestas condições, as margens mínimas recomendadas pela NBR-8186 são
as seguintes: 20% e 40% para equipamentos da faixa A, conforme mostra a
tabela 1.

e) Espaçamentos Elétricos e Distâncias de Segurança


Em adição aos estudos de coordenação de isolamento para a determinação
dos níveis de isolamento dos equipamentos das subestações, são definidos
estudos para a determinação dos espaçamentos elétricos mínimos e das
distâncias de segurança no interior da subestação.

Os espaçamentos elétricos numa subestação, ao contrário dos equipamentos


não podem ser ensaiados a impulsos e, providências devem ser adotadas

18

41
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 19

para evitar que ocorram descargas no isolamento, em tensões inferiores


àquelas para as quais os equipamentos foram especificados.

Com base em ensaios de laboratório de diversas configurações de eletrodo,


são obtidas informações sobre o espaçamento requerido para suportar um
determinado impulso aplicado, as quais devem ser utilizadas para o
estabelecimento das distâncias elétricas mínimas na subestação.

A NBR-8186 apresenta a Tabela 6, no anexo F, as informações sobre os


espaçamentos e valores de tensão suportável a impulso atmosférico, a qual
é reproduzida na Tabela 3.

Além das definições dos níveis de isolamento dos equipamentos, em


função das tensões nominais e NBI, são estabelecidas as distâncias
mínimas entre condutores-terra.

Tabela 3 - Correlação entre o nível de isolamento e o espaçamento mínimo fase-terra no


ar para tensões suportáveis nominais de impulso atmosférico até 750 kV
Tensão Suportável Nominal de Impulso Atmosférico Espaçamento Mínimo Fase-Terra no Ar
(kV) (mm)
40 60
60 90
95 160
110 200
125 220
150 280
170 320
200 380
250 480
325 630
380 750
450 900
550 1100
650 1300
750 1500

19

42
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 20

f) Distância entre Escoamento de Buchas e Isoladores

A complementação dos estudos de coordenação de isolamento é realizada


selecionando-se as distâncias de escoamento das superfícies isolantes
(isoladores) expostas ao meio ambiente, como as porcelanas das buchas e
isoladores.

Para estes isolantes, a solicitação mais importante é a tensão nominal de


operação, a qual está continuamente aplicada e que é sensível ao efeito das
condições ambientais.

O comportamento destes isolantes é bastante influenciado pela umidade e


densidade do ar. Pois, na presença de substância poluentes, há redução da
suportabilidade do isolante à tensão na freqüência industrial.

Em condições ambientais limpas, a corrente de fuga pela superfície da


porcelana é da ordem de miliampéres, tendendo a aumentar devido à
contaminação desta superfície por depósitos de sal, resíduos químicos ou
poeira. Este fenômeno é ainda agravado quando a superfície contaminada é
umedecida por chuva fina ou orvalho, criando camadas de maior
condutividade e propiciando a ocorrência de descargas através do
isolamento.

A tabela 4 a seguir, ilustra o exposto.

20

43
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 21

Tabela 4 – Escala Provisória dos níveis de poluição naturais.


Distância de Escoamento
Nível de Poluição
Ambiente Característico Admitida
(mm/kV eficaz)
Áreas sem indústria e áreas com baixa
densidade de indústria, mas sujeitas a ventos
e/ou chuvas freqüentes. As áreas
Desprezível
classificadas neste nível devem estar 16
localizadas longe do mar ou em altitudes
elevadas e em nenhum caso podem estar
sujeitas a ventos marítimos.
Áreas com indústrias que não produzam
fumaça particularmente poluente, áreas com
alta densidade de indústrias mas sujeitas a
Leve
frequentes ventos limpos e/ou chuvas e áreas 20
sujeitas a vento marítimos mas não muito
próximas da costa (afastadas no mínimo 1
km).
Áreas com alta densidade de indústrias
Forte produzindo poluição, áreas próximas ao mar
25
e de algum modo expostas a ventos
marítimos relativamente fortes.
Áreas geralmente de moderada extensão,
sujeitas a fumaças industriais, produzindo
Muito Forte camada condutora razoavelmente espessa,
31
áreas geralmente de moderada extensão
muito próximas da costa e expostas a ventos
marítimos muito fortes e poluentes.

A título de ilustração, mostra-se um exemplo de cálculo da distância de


isolação:

Exemplo: Para uma subestação em 138 kV, situada numa região de


poluição leve, a quantidade de isoladores necessários em cada ponto de
aplicação dos mesmos é obtida da equação:

no isoladores = 1,05 . V/d


138
no isoladores = 1,05. ≅ 8 isoladores
20

21

44
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 22

onde:
V = tensão nominal (kV)
d = distância de escoamento admitida em mm/kV
Como conclusão ao se elaborar uma oferta de uma subestação, em relação à
coordenação de isolamento, deve-se considerar:
• O NBI dos equipamentos em função da tensão nominal (classe de
tensão) da subestação;
• As distâncias entre condutores, definindo a área/lay out da subestação;
• A quantidade de isoladores em função das características do ambiente.

4 – NOÇÕES DE SUBESTAÇÕES

4.1 – CONCEITUAÇÃO

Uma subestação pode ser definida como sendo um “conjunto de


equipamentos com propósito de chaveamento, transformação,
proteção ou regulação da tensão elétrica”, ou ainda “instalação elétrica
destinada à alteração conveniente das características de energia
elétrica ou manobras de circuitos elétricos de potência”

Destinam-se basicamente a:
• Suprimento de energia elétrica a consumidores;
• Seccionamento de circuitos elétricos, necessários à estabilidade
dos sistemas elétricos.

22

45
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 23

Nestes seccionamentos há normalmente uma redistribuição de energia


proveniente de várias fontes de geração e destinadas aos vários centros de
carga a serem supridos.

Poderão ainda ser conceituadas em função do nível de tensão de operação,


como por exemplo:
• Extra Alta Tensão (EAT) – acima de 345kV, destinadas
basicamente ao seccionamento dos sistemas de transmissão;
• Alta Tensão (AT) – de 69kV a 230kV, destinadas ao
seccionamento dos sistemas de subtransmissão e subestações
transformadoras, as quais são construídas para o atendimento de
carga localizada, normalmente subestações abaixadoras de tensão
elétrica.

A função ou tarefa mais importante das subestações é garantir a


continuidade com a máxima segurança de operação e confiabilidade dos
serviços a todas as partes componentes dos sistemas elétricos. As partes
defeituosas ou sob falta devem ser desligadas imediatamente e o
abastecimento de energia deve ser restaurado por meio de comutações ou
manobras.

Consequentemente, a escolha das ligações quando do planejamento de uma


subestação, assume um significado especial e deve ser realizada
estritamente de acordo com o planejamento do sistema elétrico.

Em sistemas elétricos interligados, por exemplo, que possuem uma rede de


distribuição secundária, a falta de uma subestação de distribuição não
resulta em uma falta de alimentação. Para tais subestações, não é necessário
um alto investimento em sua construção. Por outro lado, em redes radiais,

23

46
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 24

quando da desenergização da subestação de alimentação principal, todos os


consumidores ficariam simultaneamente sem energia.

Deve-se considerar ainda o fato da rede possuir circuitos singelos ou


duplos. No caso de circuitos singelos, a segurança das subestações
alimentadoras deve ser particularmente considerada, com a possível
instalação de um barramento auxiliar.

4.2 – SUBESTAÇÕES PRINCIPAIS

É o espaço físico destinado aos equipamentos e estruturas eletromecânicas


que, interligados dentro de uma determinada configuração, recebem energia
em um dado nível de tensão proveniente de geração própria ou de
concessionária, e transmitem para pontos de utilização ou pontos de
transferência em outro nível de tensão ou frequência compatíveis com o
sistema elétrico existente ou a ser instalado.

4.3 – SUBESTAÇÃO UNITÁRIA

Local destinado a receber a energia elétrica proveniente da subestação


principal e transmitir às unidades elétricas industriais de produção em
níveis de tensão e frequência compatíveis.

4.4 - TIPOS DE SUBESTAÇÃO

Os projetos de subestação poderão ser elaborados segundo três tipos


básicos, de acordo com a maneira de instalar, ou seja:
• Subestação ao tempo;
• Subestação semi-abrigada;

24

47
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 25

• Subestação abrigada.

a) Subestação ao Tempo
São aquelas instaladas ao ar livre, cujos equipamentos ficarão sujeitos a
intempéries.

b) Subestação semi-abrigada
São aquelas providas somente de cobertura em toda à extensão do pátio de
manobra.

c) Subestação abrigada
São instaladas em locais abrigados, cujos equipamentos não estão sujeitos a
intempéries.

5 – PLANTA INDUSTRIAL

As figuras 5, 6, 7 e 8 mostram esquematicamente as configurações de


plantas industriais e a forma de participação da Schneider:
• Entrada de energia em AT, sem subestações unitárias;
• Entrada de energia em AT, com subestações unitárias;
• Entrada de energia em MT, sem subestações unitárias;
• Entrada de energia em MT, com subestações unitárias.

25

48
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 26

PONTO DE ENTRADA DA
CONCESSIONÁRIA ESCOPO DO
TURN-KEY
AT

CASA DE COMANDO
PN PROTEÇÃO E CONTROLE
PN CA/CC
RETIF / BATERIAS
SUBESTAÇÃO MT PAINÉIS MT
PRINCIPAL

MT

MT

POSSÍVEL IMPLATAÇÃO
UNIDADE INDUSTRIAL DA SCHNEIDER COM O
PRODUÇÃO PAINÉIS MT/BT
FORNECIMENTO DE
PAINÉIS

Figura 5 – Entrada de energia em AT sem Subestação unitária;

PONTO DE ENTRADA DA
CONCESSIONÁRIA ESCOPO DO
TURN-KEY
AT

CASA DE COMANDO
PN PROTEÇÃO E CONTROLE
PN CA/CC
RETIF / BATERIAS
SUBESTAÇÃO MT
PRINCIPAL

MT MT MT MT MT MT

Fornecimento dos
SE UNITÁRIA SE UNITÁRIA SE UNITÁRIA Equipamentos e
PAINÉIS MT/BT PAINÉIS MT/BT PAINÉIS MT/BT Instalação

Figura 6 – Entrada de energia em AT com Subestação unitária;

26

49
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 27

MT
ESCOPO DO
TURN-KEY

SUBESTAÇÃO
PRINCIPAL CABINE DE
FORÇA + MEDIÇÃO

Figura 7 – Entrada de energia em MT sem Subestação unitária;

MT
ESCOPO DO
TURN-KEY

SUBESTAÇÃO
PRINCIPAL
MT/BT MT/BT MT/BT

Figura 8 – Entrada de energia em MT com Subestação unitária;

Deve-se salientar que, os custos estão intimamente ligados à escolha do


tipo de subestação a ser utilizado. Assim, os requisitos técnicos exigidos
para uma subestação são proporcionais aos custos de investimento.

27

50
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 28

6 – EQUIPAMENTOS DE PÁTIO

Podem ser classificados dentro de dois grupos:


• Equipamentos de manobra;
• Equipamentos de transformação.

6.1 – EQUIPAMENTOS DE MANOBRA

Enquadram-se disjuntores e chaves seccionadoras, e podem ser ainda


classificados como:
• Ativo – disjuntores, visto que pode manobrar em carga normal ou
defeito. Esta manobra poderá ser comandada pelo operador, a
partir das chaves de comando instaladas nos painéis de comando
da subestação ou no próprio disjuntor, ou automaticamente, para
defeitos, através de relés de proteção;
• Passivo – Seccionadoras, as quais normalmente não podem fazer
manobras em carga.

6.2 – EQUIPAMENTOS DE TRANSFORMAÇÃO

São equipamentos de transformação das características elétricas de tensões


e correntes, proteção de outros equipamentos à surtos de tensão e
equipamentos para comunicação.

Neste item enquadram-se os transformadores de potência, transformadores


de potencial (TP), transformador de corrente (TC), pára-raios, filtros de

28

51
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 29

onda (bobina de bloqueio) e reguladores de tensão. Podem ser ainda


incluídos, os reatores e capacitores, os quais se destinam à melhoria da
regulação das linhas de transmissão possibilitando um melhor rendimento
dos sistemas a que estão conectados.

6.3 – EQUIPAMENTOS DE COMANDO, CONTROLE E


PROTEÇÃO

Destinam-se à supervisão dos sistemas elétricos. Conectados aos


secundários de TP’s E TC’s tomam uma imagem do que ocorre
eletricamente nos circuitos onde estão ligados os equipamentos.

6.4 – EQUIPAMENTOS DE COMANDO

Destinam-se ao acionamento de disjuntores e chaves seccionadoras. Podem


ainda ser vistos como:
• Local ou remoto – em função de sua localização em relação ao
equipamento a ser acionado;
• Manual ou automático – em função da necessidade ou não da
participação do operador.

6.5 – EQUIPAMENTOS DE CONTROLE

Destinam-se à supervisão dos sistemas elétricos. Sendo estes:


• Indicadores de tensão, corrente, potência ativa e reativa,
temperatura, freqüência;
• Medidores de controle e faturamento;
• Registradores gráficos de tensão, corrente, potência ativa e
reativa, temperatura;

29

52
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 30

• Registradores de defeitos (oscilógrafos);


• Anunciadores óticos e acústicos;
• Localizadores de defeitos;
• Etc.

6.6– EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

Compreende principalmente os relés de proteção que podem ser divididos


em função da sua aplicabilidade:
• Relés de sobrecorrente e relés de sobrecorrente direcional;
• Relés de distância;
• Relés de sobretensão;
• Relés diferenciais;
• Relés de religamento;
• Etc.

30

53
CAPÍTULO 3

CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES

54
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 2

CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES

1 – INTRODUÇÃO

Para o desenvolvimento de qualquer projeto de uma instalação elétrica, deve-se


representar todos os seus componentes de tal forma a se obter uma visão global
de toda a instalação, tanto sob o aspecto de disposição e localização no sistema
elétrico, como de suas funções.

A representação gráfica de um sistema elétrico de potência, ou os diagramas


elétricos, deve conter a maior quantidade possível de informações, com o
objetivo de representar os componentes e as suas funções específicas.
Consequentemente, vários são os diagramas elétricos que se tornaram os mais
usuais, os quais são analisados na sequência deste capítulo.

2 – DIAGRAMAS ELÉTRICOS

2.1 – DIAGRAMA UNIFILAR

Trata-se da representação mais usual na análise de um sistema elétrico. É um


diagrama onde se representa o circuito elétrico por uma de suas fases,
destacando-se as partes de força do sistema (aqueles que se destinam à condução
da energia), sem contudo entrar em detalhes da forma de conexão, ajustes,
comando, etc. Na figura 1a pode-se observar a representação unifilar do
diagrama de blocos representado na figura 1, enquanto que a figura 1b, mostra
um diagrama elétrico típico de uma subestação.

55
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 3

2.2 - DIAGRAMA TRIFILAR

É a representação de um circuito elétrico, levando-se em consideração as suas


três fases, sendo importante como subsídio para a elaboração dos demais
esquemas de detalhamento de um determinado projeto. O diagrama trifilar, além
de conter as informações básicas do diagrama unifilar, contém muitos outros
detalhes, que serão inclusive transportados a outros esquemas, dando uma
excelente idéia de conjunto. Na figura 2, pode ser ilustrado a representação do
diagrama trifilar tomando-se como base o diagrama da figura 1a.

(a)

56
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 4

MEDIÇÃO COM DUPLA


DISJUNTOR ALIMENTAÇÃO DISJUNTOR
A A

B B
ENTRADA AÉREA ENTRADA AÉREA

C C
3 TP”s 3 TP”s

2 TC’s 2 TC’s

MEDIÇÃO MEDIÇÃO

50 50 N 50 N 50
3 TC’s 67 67 N 67 N 67 3 TC’s
51 51 51 51

3 TP’s
TP’s PARA PROTEÇÃO DIRECIONAL

A PONTO DE LIGAÇÃO RELÉ DE SOBRECORRENTE DE FASE


67 COM ELEMENTOS INSTANTÂNEO E
B PONTO DE ENTRADA TEMPORIZADOS DIRECIONAIS.

A B RAMAL DE LIGAÇÃO RELÉ DE SOBRECORRENTE DE NEUTRO


67 N COM ELEMENTOS INSTANTÂNEO E
B C RAMAL DE ENTRADA TEMPORIZADOS DIRECIONAIS.

A C RAMAL DE SERVIÇO 50 RELÉ DE SOBRECORRENTE DE FASE


51 INSTANTÂNEO E TEMPORIZADOS.
PARA-RAIO, TIPO ESTAÇÃO 10 kA
50 N RELÉ DE SOBRECORRENTE DE TERRA
TRANSFORMADOR DE 51 INSTANTÂNEO E TEMPORIZADOS.
CORRENTE

TRANSFORMADOR DE DISJUNTOR
POTÊNCIAL
CONJUNTO TRIPOLAR DE CHAVES SECCIONADORAS C/
CHIFRES E ATERRAMENTO. C/ BLOQUEIO MECÂNICO

CONJUNTO TRIPOLAR DE CHAVES SECCIONADORAS DE


COMANDO SIMULTÂNEO
(b)
Figura 1 - Representação unifilar de uma subestação;

57
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 5

Figura 2 - Representação trifilar;

2.3 - DIAGRAMA DE IMPEDÂNICA

Quando se deseja analisar o comportamento de um sistema em condições


normais de carga ou durante a ocorrência de um curto-circuito, o diagrama
unifilar deve ser transformado num diagrama de impedâncias, mostrando o
circuito equivalente de cada componente do sistema, referido ao mesmo lado de
um dos transformadores.

Na figura 3, representa-se o diagrama de impedância referente ao diagrama


unifilar mostrado na figura 1a.

Figura 3 - Diagrama de impedâncias;

58
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 6

3 - ESTUDO E ESCOLHA DOS TIPOS DE DIAGRAMA EM


FUNÇÃO DAS CARGAS – APLICAÇÕES

3.1 – GENERALIDADES

O projeto de uma instalação é realizado com maior facilidade com auxílio de um


diagrama de ligação, o qual é completado no decorrer do surgimento de idéias,
até que contenha todas as indicações, assim como os dados técnicos dos
aparelhos, do material, dos instrumentos e dos diversos equipamentos de
proteção.

Inicialmente, torna-se necessário a definição de unidades funcionais, conhecidas


como “bay's”, podendo estes ser de linha, transformador e transferência.

Os aparelhos de manobra que compõem uma unidade funcional em ordem, são:


uma chave seccionadora de terra, que tem por finalidade o aterramento de linha
de transmissão quando das manutenções, sendo, portanto, um dispositivo de
segurança. Em seguida tem-se um disjuntor isolado por duas chaves
seccionadoras, uma de linha e outra de barramento.

Para a complementação da unidade funcional ("bay"), necessita-se de um pára-


raios, e dos transformadores de potencial e de corrente para conexão dos
aparelhos de medição e proteção. A posição destes transformadores, pode ser
feita de dois modos:
a) Entre a chegada de energia e o disjuntor colocado antes da
seccionadora de transferência “by pass”, pois facilita a transferência
da proteção para disjuntor de acoplamento;

59
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 7

b) Entre o disjuntor e o barramento, conseguindo com isto a própria


proteção pelo disjuntor.

Quanto à disposição, deve-se colocar o transformador de corrente antes do


transformador de potencial, pois deste modo o transformador de corrente
protege o de potencial.
A figura 4 mostra as unidades funcionais de uma subestação.

60
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 8

Unidade
funcional
CCP ( Comando, controle, proteção )
“bay da
linha”

CCP CCP bay de


“bay de transferência
transformador”

II

Legenda:

Disjuntor

Seccionadora com lâmina de terra

TC (transformador de corrente)

TP (transformador de potencial)

Transformador

Pára-ráio

Seccionadora

Figura 4 – Unidades Funcionais em uma Subestação;

61
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 9

3.2 - BARRAMENTO SINGELO (SIMPLES)

Representa o tipo básico, sendo comumente empregado em subestações de


distribuição. A figura 5 ilustra o diagrama básico de uma subestação com
barramento singelo.

SAÍDA / ENTRADA
DE LINHA

CCP CCP

CCP CCP

Figura 5 – Diagrama Básico – Barramento Singelo;

As características mais importantes dos barramentos singelos são:


9 Boa visibilidade de instalação: com isto é reduzido o perigo de manobras
errôneas por parte do operador.
9 Reduzida flexibilidade operacional; em casos de distúrbios ou manutenção
no barramento é necessário desligar toda a subestação.
9 Baixo custo de investimento (representa 88% de uma instalação idêntica, em
138 KV, com barramento duplo).

62
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 10

9 Pela introdução de um seccionamento ao longo do barramento


(seccionamento longitudinal), de acordo com a Figura 6, onde são oferecidas
possibilidades adicionais de operação em grupo, limitações de distúrbios e
possibilidades de divisão da rede. Além disto, os consumidores podem ser
alimentados no mínimo de duas maneiras diferentes. A operação com duas
tensões e frequência também é possível.

CCP CCP

CCP CCP

Figura 6 – Barramento singelo com seccionamento longitudinal;

Os barramentos singelos são utilizados em:


9 Subestações transformadoras e de distribuição quando a segurança de
alimentação dos consumidores pode ser obtida por intermédio de
comutações (redes interligadas formando malha por exemplo).
9 Em pontos da rede para os quais não há necessidade de fornecimento
contínuo (sem interrupção).

63
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 11

O sistema que utiliza barramento simples (singelo) com seccionamento ao longo


do mesmo, pode ser executado utilizando-se um disjuntor com seccionador
longitudinal. Assim, obtém-se o chamado barramento singelo com disjuntor de
acoplamento longitudinal desenhado na Figura 7.

CCP

Figura 7 – Barramento singelo com disjuntor de acoplamento longitudinal;

Esta execução oferece, ao contrário daquela com seccionamento longitudinal,


uma conexão mais simples, fácil e com possibilidades de separação das diversas
partes, sem interrupção de serviço. Oferece, ainda, a possibilidade de conexão
de uma bobina limitadora de corrente juntamente com o disjuntor. Uma
instalação com este tipo de conexão básica, determina, portanto, uma maior
flexibilidade no que se refere às diversas possibilidades de operação. Esta
conexão é encontrada, freqüentemente, nas instalações de consumo próprio de
usinas elétricas. Normalmente, em instalações de média tensão de grande porte,

64
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 12

há necessidade imperiosa de se seccionar os barramentos por causa da presença


de altas correntes de curto-circuito. Esta separação é perfeitamente possível
quando se dispõe de um disjuntor de acoplamento transversal.

A utilização de bobinas limitadoras de corrente é preferida quando se trata de


instalações existentes e que deva ser ampliada; normalmente, esta ampliação
provoca o aumento excessivo das correntes de curto-circuito, tornando
necessário a sua limitação. A Figura 8 ilustra os comentários expostos acima.

S"K1 = 280 MVA


S"K 2 = 345 MVA
S"K 3 = 450 MVA

Ampliação

345 MVA 345 MVA

500 KVA 500 KVA 500 KVA


µ = 5% µ = 5% µ = 5%

SA FECHADA
I"K1 = 31 KA I"K1 = 44,85 KA
I"K 2 = 31,42 KA I"K 2 = 45,76 KA
I"K3 = 31,87 KA I"K 3 = 46,71 KA

SA

Figura 8 – Ampliação de uma subestação;

65
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 13

3.3 – BARRAMENTO AUXILIAR

Os barramentos auxiliares identificados na figura 9, os quais normalmente estão


conectados ao barramento principal por intermédio de um disjuntor, oferecem
vantagem adicionais aos diagramas apresentados, a saber:
9 Livre possibilidade de manobra para qualquer disjuntor, sem desligamento de
derivação correspondente. Alta segurança de alimentação.
9 Conexão de derivação sem disjuntor e sem utilização dos barramentos
principais.
9 Aumento de custos relativamente reduzido (aproximadamente 4% quando
comparado com uma subestação de 138 KV – barramento duplo).

Este tipo de diagrama para subestações tem aplicação em:


9 Pontos da rede, nos quais é exigida alta segurança de alimentação (quando,
por exemplo, existe permanência de circuitos singelos).
9 Em conexão com barramentos múltiplos, para localidades com forte poluição
de ar, quando a limpeza acarreta desligamentos frequentes.

66
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 14

Barramento principal

CSA CSB CSE CSC CSD


Barramento auxiliar

CL CL

A B C D

Figura 9 – Barramento Auxiliar;

Observações:
Normalmente os transformadores de corrente são colocados entre o
transformador e a chave seccionadora ou na saída de linha (circuitos “A” e
“C”) para que eles permaneçam em serviço mesmo durante a utilização do
disjuntor auxiliar (acoplamento) no circuito de reserva. Deste modo, a proteção
do transformador pode ser facilmente comutada para o disjuntor de reserva
(auxiliar). Caso as linhas não tenham comprimento variável, os transformadores
de corrente para as saídas de linha podem ser dispostos conforme indica o
circuito “B” da Figura 9. Com isto, pode-se comutar facilmente o relé de
distância para o disjuntor de reserva. Não seria prudente comutar os

67
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 15

transformadores de corrente, pois estes não podem trabalhar com o secundário


aberto, mesmo por pouco tempo.

O barramento auxiliar em conexão com um sistema de barramentos duplos,


oferece uma grande segurança contra interrupções de fornecimento. Quase todas
as partes da instalação podem ser, consequentemente, comutadas sem tensão e
sem interrupção de fornecimento.

Em grande estações transformadoras é comum a previsão de um grupo de


transformadores de reserva. Neste caso, é suficiente coordenar o barramento
auxiliar com o circuito alimentador da linha. Entretanto, no caso em que todas as
linhas de alimentação deixam o barramento em uma mesma direção, os custos
são menores do que para um sistema de barramento adicional (barramento
duplo). Em conexão com um barramento singelo, esta solução é freqüentemente
adotada é tecnicamente mais vantajosa do que um barramento duplo.

Estas vantagens refletem-se principalmente na disposição dos equipamentos na


subestação, apresentando facilidades de manobra e visibilidade de instalação.

3.4 – BARRAMENTO DUPLO


A figura 10 identifica o diagrama unifilar de uma subestação com barramento
duplo, enquanto que a figura 11 ilustra o diagrama esquemático do barramento
duplo com o auxiliar.
A utilização do barramento duplo é recomendado nas seguintes situações:
9 Instalações de grande porte que operam com tensões e frequências diferentes.
9 Fornecimento de energia para diversos consumidores a partir de uma única
alimentação.

68
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 16

9 Onde o fornecimento de energia deve ser contínuo, sem sofrer qualquer


interrupção (por exemplo: durante a manutenção dos equipamentos da
instalação).
9 Impossibilidade de se fixar previamente a disposição das diversas derivações
(entradas e saídas).
Barramento I

Barramento II

Figura 10 – Barramento Duplo;

De uma forma geral, chega-se sempre a solução empregando-se barramentos


duplos; esta escolha depende da natureza da instalação (tipo de acoplamento dos
barramentos, etc.). Em alguns casos, chega-se à conclusão da necessidade do
emprego de até 6 barramentos; como por exemplo em instalações para consumo
próprio de usinas elétricas; pontos de união de redes; reunião de diversos
consumidores com tarifas diferentes.

69
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 17

Barramento I

Barramento II

Barramento
auxiliar

Figura 11 – Barramento duplo com barramento auxiliar;

Características dos barramentos duplos:


9 Liberdade de escolha das conexões para manobras;
9 Divisão racional de todos os circuitos em dois grupos, para limitação de
distúrbios e divisão da rede;
9 Manutenção de um barramento, sem interrupção do fornecimento de energia
dos circuitos, os quais são conectados ao outro barramento;

70
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 18

9 Para a manutenção dos aparelhos de um circuito é efetivamente necessário


desligar essa alimentação. Caso seja prevista uma forma de construção
adequada, pode-se utilizar o disjuntor de acoplamento e o 2° barramento
como disjuntor de reserva daquele circuito. Com esta solução, os aparelhos
são "jampeados" (curto-circuitados) com o auxílio de um cabo.

Observações:
Um acoplamento livre, entre duas partes da rede, permite o uso de um disjuntor
com características nominais reduzidas. Somente o disjuntor de acoplamento é
dimensionado ou especificado para a capacidade total de interrupção do curto-
circuito.

Aplicação
9 Pontos de alimentação importantes, cuja saída de serviço coloca um
consumidor em situação desfavorável;
9 Interligação de dois sistemas importantes.

As Figuras 12, 13 e 14 caracterizam diversos tipos de acoplamentos utilizados


em conjunto com o sistema de barramentos duplos.

Figura 12 – Acoplamento transversal ou disjuntor de transferência;

71
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 19

Figura 13 – Acoplamento transversal e secciomento longitudinal;

Figura 14 – Acoplamento transversal e seccionamento longitudinal duplo;

Prefere-se a utilização de uma terminologia própria para caracterizar o


acoplamento entre duas partes distintas de uma subestação. Assim sendo, será
utilizado, neste documento, termos tais como: disjuntor de acoplamento
longitudinal, quando a conexão é feita em um mesmo barramento seccionado;
disjuntor de acoplamento transversal, quando a conexão é feita entre dois
barramentos distintos.

A razão desta terminologia é decorrente de uma forma definida para diferenciar


os diversos tipos de acoplamento ou transferência. Assim sendo, poderia
igualmente utilizar um termo como “disjuntor de transferência”, como é usual na
maioria das publicações especializadas.

72
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 20

3.5 - BARRAMENTO TRIPLO

Uma análise da figura 15 mostra que tal construção “barramento triplo” é muito
dispendiosa e somente é aplicada em casos muito especiais. Suas principais
características e aplicações são:

Características:
9 Elevada flexibilidade operacional;
9 Altos custos;
9 Má visibilidade da instalação, o que pode levar o operador a executar
manobras indevidas.

Aplicação:
9 Somente em casos excepcionais, nos quais é exigida uma operação contínua
em grupo, com quaisquer disposições das alimentações;
9 O terceiro barramento é utilizado durante uma manutenção;
9 Pontos de acoplamento, quando este for em grande número;
9 Instalações de usinas elétricas.

73
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 21

Figura 15 – Barramento triplo com seccionamento


longitudinal triplo e acoplamento completo;

3.6 – SISTEMA COM DISJUNTOR EXTRAÍVEL

Este tipo de sistema é aplicável em subestações, onde se exige economia de


espaço. Esta configuração atualmente é utilizada somente para níveis de tensão
até 138 kV. As figuras 16,17 e 18 identificam os diagramas unifilares de uma
alimentação com disjuntores extraíveis.

Características:
9 Eliminação da chave seccionadora;
9 Intertravamento mais simples;
9 Áreas ou espaços de instalação reduzidos;
9 Barramentos duplos exigem dois disjuntores por circuito, consequentemente,
mais dispendiosos.

74
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 22

Aplicação:
9 Subestações para instalação abrigada (interiores), com barramento singelo
para economia de espaço (até 138 KV);
9 Subestações para instalação abrigada (interiores), com barramento duplo,
com dois disjuntores, somente para extrema segurança de serviço.

Figura 16 – Sistema com disjuntores extraíveis;

Apesar dos altos custos comparativos dessas instalações, a técnica de utilização


dos disjuntores extraíveis está sendo cada vez mais difundida, principalmente
em instalações de média tensão (6 a 34,5 KV). A interligação de disjuntores e
transformadores de corrente em um mesmo carrinho não é aconselhável quando
existem diversificações de correntes nos consumidores, pois seria necessário
manter diversos disjuntores de reserva.

75
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 23

Figura 17 – Disjuntores extraíveis instalados juntamente com TP e TC;

Figura 18 – Barramento duplo com disjuntores extraíveis;

76
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 24

3.7 – SISTEMA COM BARRAMENTOS EM ANEL

A figura 19 detalha o diagrama unifilar de uma subestação com barramento em


anel.
Características:
9 Um disjuntor pode sair de operação sem prejudicar o funcionamento normal
de instalação;
9 Todos os equipamentos localizados no anel devem ser dimensionados para a
maior corrente do anel (aproximadamente o dobro da corrente dos circuitos
derivados);
9 Sistema impróprio para grandes subestações, porque no caso de desligamento
de dois disjuntores, podem sair de serviço partes completas da instalação;
9 Pouca visibilidade da instalação e do fluxo de corrente.

Figura 19 – Barramento em anel;

77
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 25

Aplicação:
Em regiões onde existem predominância norte americana, para instalações de
médio porte com até 6 derivações.

Observações:
a) Caso os transformadores de corrente estejam situados dentro do anel
(disposição usual), quase toda a instalação fica coberta pela faixa de
proteção das derivações. Somente o trecho entre o transformador de
corrente e o disjuntor correspondente fica fora desta proteção. Entretanto,
caso sejam instalados transformadores de corrente, em ambos os lados do
disjuntor, desta forma, a proteção fica assegurada.
b) Não se consegue com sistema em anel, as mesmas condições apresentadas
pelos barramentos múltiplos, como por exemplo: divisão da rede.

3.8 – SISTEMAS COM DOIS DISJUNTORES

Características:
9 Enorme segurança de serviço para toda a instalação;
9 Altos custos de investimentos (cerca de 160% referidos a uma subestação de
138 KV com barramentos duplos).

Aplicação:
Na Rússia, para pontos importantes de redes.

78
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 26

Figura 20 – Sistema com dois disjuntores;

Observação:
Um desligamento seletivo de faltas nos barramentos, sem interrupção do
fornecimento, somente é possível se os barramentos estão em paralelo e com
religamento automático.
A figura 20 esclarece os comentários expostos.

3.9 – SISTEMA COM "1 ½" DISJUNTORES


A figura 21 é o diagrama esquemático que associa a alimentação de subestações
com o sistema chamado de 1 1/2 disjuntores.

Características:
9 Para cada dois circuitos existe um disjuntor de reserva, conseguindo-se
assim, grande segurança de serviço;

79
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 27

9 Muitos disjuntores e seccionadoras devem ser especificados, para sustentar


uma corrente dupla do circuito derivado, quando do desligamento de um dos
disjuntores;
9 Construção dispendiosa e má visibilidade implicando em manobras
indevidas.

Aplicação:
Na América do Norte, para pontos de redes com elevadas exigências no que se
refere à segurança de serviço.

Figura 21 – Sistema com "1 ½" disjuntores;

80
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 28

3.10 - SISTEMA COM CHAVE SECCIONADORA DE PASSAGEM (BY


PASS)

A figura 22 identifica a operação das subestações com a possibilidade da


operação com chaves by pass.

Características:
9 Uma derivação pode ser mantida em serviço também para o caso da
manutenção do seu disjuntor. A proteção, quando isso acontecer, é assumida
por um outro disjuntor;
9 Seccionadores sob carga, instaladas no lugar das seccionadoras de passagem
(By pass) possibilitam ou facilitam a comutação (ligar/desligar) de linhas de
transmissão e transformadores a vazio;
9 Em conexão com barramentos duplos, o disjuntor de acoplamento pode
servir como reserva.

Figura 22 – Sistema de barramentos duplos com acoplamento


transversal e seccionadora de passagem (by pass);

81
CAPÍTULO 3 – CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE SUBESTAÇÕES 29

Aplicação:
Em conexão nos barramentos singelos para subestação de pequeno e médio
portes (principalmente em países de língua inglesa).

82
CAPÍTULO 4

DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS


CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA ELÉTRICA

83
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 2
DE ENERGIA ELÉTRICA

DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS


CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA ELÉTRICA

1 - INTRODUÇÃO

Estudou-se no capítulo 3 que, em função das necessidades, características


elétricas, segurança, confiabilidade, etc., a subestação é definida a partir de um
diagrama elétrico que fixa o princípio de funcionamento da mesma,
características dos equipamentos de pátio, comando, controle e proteção.

Várias são as possibilidades de funcionamento, e os diagramas unifilares podem


conter muitos tipos de configurações, dentre os quais destacam-se:
• Barra simples;
• Barra simples seccionada;
• Barra principal e barra de transferência;
• Barra dupla;
• Barra dupla e barra de transferência;
• Barra dupla com “by-pass”;
• Barra tripla;
• Anel;
• Anel duplo ou interligado;
• Disjuntor e um terço;
• Disjuntor e meio;
• Disjuntor duplo.

84
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 3
DE ENERGIA ELÉTRICA

Sob o ponto de vista técnico, deve-se lembrar dos custos que estão intimamente
ligados à escolha do tipo de subestação a ser utilizado, isto é, todos os requisitos
técnicos exigidos para uma subestação são proporcionais aos custos de
investimento. Neste sentido, este capítulo tem por objetivo complementar o
anterior, mostrando os diagramas unifilares de algumas das principais
concessionárias. Desta forma o leitor passa a ter uma visão geral das
configurações das subestações brasileiras e realizar uma comparação entre as
mesmas.

1.1 – COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DO RIO DE


JANEIRO (CERJ)
1.1.1 – ESQUEMA UNIFILAR TÍPICO 1
a) Características Operacionais
O diagrama unifilar apresentado na figura 1 é o arranjo mais simples de uma
subestação. Geralmente é utilizada quando não há previsão de expansão de carga
ou a unidade consumidora não ultrapassar o seu limite de demanda permitido
para a alimentação em média tensão.
Com base no unifilar, pode–se concluir que:
• Qualquer defeito a montante do transformador implicará em desligamento da
subestação através do disjuntor;
• A manutenção dos equipamentos implicará na desenergização total da
subestação com a conseqüente interrupção do funcionamento da planta
industrial.
b) Vantagens
• Área reduzida para a subestação;
• Projeto civil, elétrico, eletromecânico simples;
• Estudos de proteção e seletividade simples;

85
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 4
DE ENERGIA ELÉTRICA

• Custo reduzido para implementação devido à simplicidade e o número de


equipamentos envolvidos

c) Desvantagens
• Interrupção de energia em caso de falhas dos equipamentos ou da
concessionária;
• Não permite a expansão do sistema.

PROTEÇÃO

52 I

MEDIÇÃO

Figura 1 – Diagrama unifilar típico da CERJ;

86
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 5
DE ENERGIA ELÉTRICA

1.1.2 – DIAGRAMA UNIFILAR TÍPICO 2

a) Características Operacionais
Esta configuração é utilizada para entrada única de energia alimentando dois
transformadores de força, ou alimentando apenas um, com previsão futura para
instalação de outro transformador.
Observa-se que este arranjo oferece maior flexibilidade e confiabilidade que a
configuração da figura 1. Cita-se a seguir algumas considerações importantes
sobre o diagrama unifilar da figura 2:
• Possibilidade de colocação dos transformadores em paralelo para
alimentação das cargas;
• Alimentação por apenas um transformador, permanecendo o outro em stand
by, operando a vazio;
• Manutenção de um transformador sem perda de alimentação de energia às
unidades de produção;
• Na ocorrência de uma falta interna no transformador, este pode ser colocado
fora de operação sem paralisar o fornecimento de energia elétrica, acessando
o primário dos transformadores através de disjuntores.
• Com a colocação de uma seccionadora by pass em paralelo com os
disjuntores, os mesmos poderão ser colocados fora de operação para
manutenção, sem paralisação do fornecimento de energia elétrica. Neste
caso, a subestação ficará protegido somente pelos relés da concessionária;

b) Vantagens
• Aumento da confiabilidade do sistema;
• Maior flexibilidade no sistema, permitindo a ampliação de cargas;

87
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 6
DE ENERGIA ELÉTRICA

• Facilidade de manutenção dos equipamentos sem interrupção do


funcionamento da planta industrial;

c) Desvantagens
• Custo maior de implantação exigindo uma área maior e um maior número de
equipamentos;
• Projeto civil, elétrico e seletividade mais complexos;
• No caso de manutenção do disjuntor de entrada, a subestação fica protegida
somente pela concessionária;
• No caso de problemas na alimentação da concessionária a subestação estará
desenergizada.

52

I
PROTEÇÃO

52

PROTEÇÃO
I

MEDIÇÃO 52

PROTEÇÃO

Figura 2 – Diagrama unifilar típico da CERJ;

88
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 7
DE ENERGIA ELÉTRICA

1.1.3 – DIAGRAMA UNIFILAR TÍPICO 3

a) Aspectos operacionais

a-1) Entrada de energia


A subestação é alimentada pelas linhas 1 e 2. Sendo alimentada pela 1, os
intertravamentos entre disjuntores não permitem o paralelismo com a linha 2.
No caso de defeitos nos equipamentos e/ou na alimentação da linha 1, a
subestação será alimentada pela linha 2, conforme procedimentos operacionais a
serem confirmados com a concessionária. As figuras 3 e 4 ilustram os
comentários realizados.

a-2) Bays dos transformadores


No lado primário dos transformadores são colocados disjuntores ou
seccionadoras ou seccionadoras com chifres.

a-3) Seccionadoras
O arranjo com seccionadora é o mais econômico, porém, no caso de uma falta
interna ou não, será desligado o disjuntor de entrada, interrompendo o
fornecimento de energia. A seccionadora é utilizada apenas para a manutenção
do transformador em questão, estando intertravada com o disjuntor da MT
localizada no painel da SE, assegurando a operação a vazio.

89
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 8
DE ENERGIA ELÉTRICA

a-4) Seccionadoras com chifres


São solicitados pelo cliente e/ou concessionária, devido ao fato de terem a
capacidade de operar em vazio, mas com a corrente de magnetização dos
transformadores sem desgaste dos pólos principais.

a-5) Disjuntores
No caso de faltas no bay de transformador, o seu disjuntor irá operar, isolando o
circuito sem interromper o fornecimento de energia às outras cargas.

b) Vantagens
• Aumento da confiabilidade e segurança do sistema;
• Maior flexibilidade;
• Alternativa de alimentação de energia à subestação, no caso de defeito na
linha da concessionária;
• Facilidade de manutenção dos equipamentos sem a interrupção do
funcionamento da planta industrial.

c) Desvantagens
• Custo maior de implantação exigindo uma área maior e um maior número de
equipamentos;
• Projeto civil e seletividade mais complexos.

90
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 9
DE ENERGIA ELÉTRICA

52
52

PROTEÇÃO

I
52

52 MEDIÇÃO

PROTEÇÃO

Figura 3 – Diagrama unifilar típico da CERJ;

91
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 10
DE ENERGIA ELÉTRICA

52

PROTEÇÃO

52

52 MEDIÇÃO

PROTEÇÃO

Figura 4 – Diagrama unifilar típico da CERJ;

Com base na figura 3, para subestações com dupla alimentação a CERJ permite
apenas o paralelismo temporário para a troca de alimentação. Nestes casos a
concessionária solicita que o projeto seja submetido a aprovação, para que o
sistema permita o paralelismo temporário através de disjuntores.

O paralelismo temporário só poderá ser utilizado quando houver tensão nos dois
ramais de alimentação, sendo para isto necessário instalar um TP para cada
circuito, antes das seccionadoras de entrada.

92
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 11
DE ENERGIA ELÉTRICA

Caso o consumidor não se interesse pelo paralelismo momentâneo deverá ser


previsto um intertravamento (elétrico ou mecânico) entre as duas seccionadoras
de entrada ou os dois disjuntores de modo que a entrada de um seja precedida da
abertura do outro.

Caso o consumidor deseje paralelismo continuamente nos dois circuitos de


alimentação, deverá ser objeto de estudo especial por parte da CERJ.

1.2 – ELETRICIDADE DE SÃO PAULO (ELETROPAULO)

Convém ressaltar que cada concessionária de energia elétrica, em função dos


níveis de tensão de operação das subestações a serem projetadas e construídas,
normalmente utiliza um determinado tipo de configuração.

É evidente que à medida que aumenta a flexibilidade operacional e a


confiabilidade da subestação, o custo de implantação da mesma também cresce.

Este item tem por finalidade apresentar, de uma maneira sucinta, a concepção de
uma subestação industrial envolvendo desde a entrada de energia em alta tensão
até a distribuição interna em média tensão, permitindo assim uma melhor
compreensão das fases da implantação do empreendimento e auxiliando os
engenheiros na elaboração das propostas técnicas.

A título de informação, o item subsequente apresenta algumas normas gerais de


operação recomendadas pela ELETROPAULO. Deve-se salientar que para as

93
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 12
DE ENERGIA ELÉTRICA

outras concessionárias estas informações estão contempladas nas normas


específicas de subestações.

1.2.1 – NORMAS GERAIS DE OPERAÇÃO

Visando orientar o consumidor em tensão de 88/138 kV, na escolha do esquema


que melhor corresponder à sua necessidade, apresentamos a seguir as Normas
Gerais de Operação, que deverão ser rigorosamente obedecidas pelos operadores
das estações dos consumidores.

• A ELETROPAULO mantém em funcionamento, durante as 24 horas do dia,


a sala de controle do Despacho da Carga, com o qual o pessoal autorizado
das estações dos consumidores em 88/138 kV deverá comunicar-se para todo
e qualquer entendimento relativo ao fornecimento de energia elétrica.
• Os consumidores deverão manter em suas estações, nas 24 horas do dia,
pessoal habilitado para efetuar quaisquer manobras que esta concessionária
possa vir a solicitar.
• A transferência de alimentação nas estações, de um ramal para outro, far-se-á
nos seguintes casos:
I - Estações com esquemas sugeridos nas figuras 5, 6, 7 e 9.
a- A pedido da sala de controle do Despacho da Carga, a
qualquer instante, o mais rápido possível, em condições de
emergência.
b- Por necessidade do consumidor, com autorização da sala de
controle do Despacho da Carga.
C- No caso da falta de tensão no ramal que estava alimentando a
estação. Caso a estação do consumidor não seja equipada com

94
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 13
DE ENERGIA ELÉTRICA

dispositivo de transferência automática, as manobras para a


transferência manual deverão ser iniciadas 01(um) minuto após a
ocorrência do desligamento.

As manobras de transferência de alimentação, na situação a e b, poderão


ser executadas sem interrupção, somente se a estação do consumidor for
dotada de esquema de transferência com paralelismo momentâneo. Em
hipótese alguma será permitida a transferência manual sem interrupção,
ou seja, com paralelismo dos ramais.

II - Estações com esquemas sugeridos na figura 8.


No caso de falta de tensão por mais de 2 minutos nos consumidores que
apresentarem um ramal único, estes deverão se comunicar imediatamente
com a sala de controle de Despacho da Carga.

• Todos os serviços de manutenção, programados pelo consumidor, que


necessitem o desligamento de um dos ramais ou de ambos que
alimentam a estação, deverão ser solicitados ao Setor de Programação
do Despacho de Carga com antecedência mínima de 15 dias e
confirmado por carta, telex ou fax encaminhado ao órgão supracitado
com até 10 dias de antecedência do início dos serviços.

Os serviços dos seccionadores de entrada ou nos demais equipamentos, no


lado dos ramais, somente poderão ser executados após o aterramento do
ramal correspondente. O aterramento será executado pela ELETROPAULO
na data programada, obedecendo a rotina acima mencionada.

95
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 14
DE ENERGIA ELÉTRICA

• Deverá ser comunicada, com a brevidade possível, à sala de controle do


Despacho da Carga.
a - Qualquer anormalidade que provoque o desligamento do disjuntor de
entrada nessa estação.
b - Qualquer manobra no(s) disjuntor(es) ou nos seccionadores de entrada.
c - Qualquer anomalia no fornecimento de energia elétrica, por parte da
ELETROPAULO.
Estas normas gerais de operação serão fornecidas aos consumidores sob forma
de ‘Instruções para Manobras’ adaptadas às condições de cada estação, logo
após a energização, as quais deverão ser rigorosamente obedecidas.
A seguir são apresentadas nas figuras de 5 a 10 as sugestões para diversas
configurações no âmbito da ELETROPAULO.

Figura 5 – Sugestão para instalação da estação para 2 circuitos


aéreos na tensão nominal de 88/138 kV;

96
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 15
DE ENERGIA ELÉTRICA

Figura 6 – Sugestão para instalação da estação para 2 circuitos


aéreos na tensão nominal de 88/138 kV;

97
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 16
DE ENERGIA ELÉTRICA

Figura 7 – Sugestão para instalação da estação para 2 circuitos


aéreos na tensão nominal de 88/138 kV;

98
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 17
DE ENERGIA ELÉTRICA

Figura 8 – Sugestão para instalação da estação para 1 circuito


subterrâneo (4 cabos) na tensão nominal de 88/138 kV;

99
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 18
DE ENERGIA ELÉTRICA

Figura 9 – Sugestão para instalação da estação para 2 circuitos


subterrâneos na tensão nominal de 88/138 kV;

100
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 19
DE ENERGIA ELÉTRICA

Figura 10 – Esquema para a transferência automática e programada


com paralelismo momentâneo das linhas;

101
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 20
DE ENERGIA ELÉTRICA

A seguir mostra-se nas figuras subsequentes, a título de comparação, as


informações adicionais referentes aos arranjos típicos das concessionárias
CEMIG, CPFL e CELCE.

102
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 21
DE ENERGIA ELÉTRICA

1.3 – COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS (CEMIG)


ENTRADA SIMPLES
BARRA SIMPLES ENTRADA SIMPLES
BARRA DUPLA
Comunicação Comunicação

Previsão de Espaço Previsão de Espaço


Nota 3 Nota 3

Opcional Opcional

PROTEÇÃO PROTEÇÃO

MEDIÇÃO E MEDIÇÃO E
CONTROLE CONTROLE

MEDIÇÃO MEDIÇÃO
FATURAMENTO FATURAMENTO

Nota 1 Nota 1

T1 T2
T1 T2

1 – Os equipamentos de medição de faturamento são fornecidos pela CEMIG ( TC’s, TP’s e


instrumentos de medição.
2 – Quando não for prevista chave “BY-PASS” recomenda-se colocar a chave 89D nesta
posição, para facilitar manutenção nos equipamentos de medição.
3 – Prever espaço para instalação de capacitores de acoplamento e bobinas de bloqueio.
4 – A seccionadora de entrada é aterrada do lado da linha par questões de segurar a CEMIG e
principalmente porque as linhas da CEMIG são dedicadas ao consumidor.
5 – Paralelismo momentâneo para transferência de alimentador é autorizada mediante consulta e
aprovação.
6 – Transferência automática é autorizada mediante consulta e aprovação.
7 – Entrada Dupla, é obrigatório o uso de disjuntores.

Figura 11 - Arranjos típicos da CEMIG;

103
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 22
DE ENERGIA ELÉTRICA

ENTRADA SIMPLES BARRA PRINCIPAL E TRANSFERÊNCIA

Comunicação

Previsão de
Espaço-Nota 3

Opcional

PROTEÇÃO

MEDIÇÃO E
CONTROLE

MEDIÇÃO
FATURAMENTO

Nota 1

BT
BP

1 – Os equipamentos de medição de faturamento são fornecidos pela CEMIG ( TC’s, TP’s e


instrumentos de medição.
2 – Quando não for prevista chave “BY-PASS” recomenda-se colocar a chave 89D nesta posição,
para facilitar manutenção nos equipamentos de medição.
3 – Prever espaço para instalação de capacitores de acoplamento e bobinas de bloqueio.
4 – A seccionadora de entrada é aterrada do lado da linha par questões de segurar a CEMIG e
principalmente porque as linhas da CEMIG são dedicadas ao consumidor.
5 – Paralelismo momentâneo para transferência de alimentador é autorizada mediante consulta e
aprovação.
6 – Transferência automática é autorizada mediante consulta e aprovação.
7 – Entrada Dupla, é obrigatório o uso de disjuntores.

Figura 12 - Arranjos típicos da CEMIG;

104
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 23
DE ENERGIA ELÉTRICA

ENTRADA DUPLA - BARRA SIMPLES – C/ CIRCUIT SWITCHER

Comunicação Comunicação

Previsão de Previsão de
Espaço-Nota 3 Espaço-Nota 3

Opcional Opcional

89D 89D

PROTEÇÃO PROTEÇÃO

MEDIÇÃO E MEDIÇÃO E
CONTROLE CONTROLE

MEDIÇÃO MEDIÇÃO
FATURAMENTO FATURAMENTO

Nota 1 Nota 1
Nota 2 Nota 2

T1 T2 T3 T4

1 – Os equipamentos de medição de faturamento são fornecidos pela CEMIG ( TC’s, TP’s e


instrumentos de medição.
2 – Quando não for prevista chave “BY-PASS” recomenda-se colocar a chave 89D nesta posição,
para facilitar manutenção nos equipamentos de medição.
3 – Prever espaço para instalação de capacitores de acoplamento e bobinas de bloqueio.
4 – A seccionadora de entrada é aterrada do lado da linha par questões de segurar a CEMIG e
principalmente porque as linhas da CEMIG são dedicadas ao consumidor.
5 – Paralelismo momentâneo para transferência de alimentador é autorizada mediante consulta e
aprovação.
6 – Transferência automática é autorizada mediante consulta e aprovação.
7 – Entrada Dupla, é obrigatório o uso de disjuntores.

Figura 13 - Arranjos típicos da CEMIG;

105
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 24
DE ENERGIA ELÉTRICA

1.4 – COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ (CPFL)


A A
BARRAMENTO BARRAMENTO

B B
ENTRADA AÉREA
ENTRADA SUBTERRÂNEA

C C
3 TP”s 3 TP”s

2 TC’s 2 TC’s

MEDIÇÃO MEDIÇÃO

50 50 N 50 N 50
3 TC’s 3 TC’s
51 51 51 51

A PONTO DE LIGAÇÃO
50 RELÉ DE SOBRECORRENTE DE FASE
51 INSTANTÂNEO E TEMPORIZADOS.
B PONTO DE ENTRADA
50 N RELÉ DE SOBRECORRENTE DE TERRA
A B RAMAL DE LIGAÇÃO 51 INSTANTÂNEO E TEMPORIZADOS.

B C RAMAL DE ENTRADA DISJUNTOR

A C RAMAL DE SERVIÇO

PARA-RAIO, TIPO ESTAÇÃO 10 kA NOTA: A unidade consumidora poderá ser


alimentada a partir do barramento 72,5 kV ou a
TRANSFORMADOR DE partir de uma derivação de linha de transmissão da
CORRENTE concessionária

TRANSFORMADOR DE
POTÊNCIAL
CONJUNTO TRIPOLAR DE CHAVES SECCIONADORAS C/
CHIFRES E ATERRAMENTO. C/ BLOQUEIO MECÂNICO

CONJUNTO TRIPOLAR DE CHAVES SECCIONADORAS DE


COMANDO SIMULTÂNEO

Figura 14 - Arranjos típicos da CPFL;

106
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 25
DE ENERGIA ELÉTRICA

MEDIÇÃO COM DUPLA


ALIMENTAÇÃO
DISJUNTOR DISJUNTOR
A A

B B
ENTRADA AÉREA ENTRADA AÉREA

C C
3 TP”s 3 TP”s

2 TC’s 2 TC’s

MEDIÇÃO MEDIÇÃO

50 50 N 50 N 50
3 TC’s 67 67 N 67 N 67 3 TC’s
51 51 51 51

3 TP’s
TP’s PARA PROTEÇÃO DIRECIONAL

A PONTO DE LIGAÇÃO RELÉ DE SOBRECORRENTE DE FASE


67 COM ELEMENTOS INSTANTÂNEO E
B PONTO DE ENTRADA TEMPORIZADOS DIRECIONAIS.

A B RAMAL DE LIGAÇÃO RELÉ DE SOBRECORRENTE DE NEUTRO


67 N COM ELEMENTOS INSTANTÂNEO E
B C RAMAL DE ENTRADA TEMPORIZADOS DIRECIONAIS.

A C RAMAL DE SERVIÇO 50 RELÉ DE SOBRECORRENTE DE FASE


51 INSTANTÂNEO E TEMPORIZADOS.
PARA-RAIO, TIPO ESTAÇÃO 10 kA
50 N RELÉ DE SOBRECORRENTE DE TERRA
TRANSFORMADOR DE 51 INSTANTÂNEO E TEMPORIZADOS.
CORRENTE

TRANSFORMADOR DE DISJUNTOR
POTÊNCIAL
CONJUNTO TRIPOLAR DE CHAVES SECCIONADORAS C/
CHIFRES E ATERRAMENTO. C/ BLOQUEIO MECÂNICO

CONJUNTO TRIPOLAR DE CHAVES SECCIONADORAS DE


COMANDO SIMULTÂNEO

Figura 15 - Arranjos típicos da CPFL;

107
CAPÍTULO 4 - DIAGRAMAS UNIFILARES TÍPICOS DE ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS 26
DE ENERGIA ELÉTRICA

1.5 – COMPANHIA ENERGÉTICA DO CEARÁ (CELCE)


A A
BARRAMENTO BARRAMENTO

B B
ENTRADA AÉREA
ENTRADA SUBTERRÂNEA

C C
3 TP”s 3 TP”s

2 TC’s 2 TC’s

MEDIÇÃO MEDIÇÃO

50 50 N 50 N 50
3 TC’s 3 TC’s
51 51 51 51

A PONTO DE LIGAÇÃO
50 RELÉ DE SOBRECORRENTE DE FASE
51 INSTANTÂNEO E TEMPORIZADOS.
B PONTO DE ENTRADA
50 N RELÉ DE SOBRECORRENTE DE TERRA
A B RAMAL DE LIGAÇÃO 51 INSTANTÂNEO E TEMPORIZADOS.

B C RAMAL DE ENTRADA DISJUNTOR

A C RAMAL DE SERVIÇO

PARA-RAIO, TIPO ESTAÇÃO 10 kA NOTA: A unidade consumidora poderá ser


alimentada a partir do barramento 72,5 kV ou a
TRANSFORMADOR DE partir de uma derivação de linha de transmissão da
CORRENTE concessionária

TRANSFORMADOR DE
POTÊNCIAL
CONJUNTO TRIPOLAR DE CHAVES SECCIONADORAS C/
CHIFRES E ATERRAMENTO. C/ BLOQUEIO MECÂNICO

CONJUNTO TRIPOLAR DE CHAVES SECCIONADORAS DE


COMANDO SIMULTÂNEO

Figura 16 - Arranjos típicos da CELCE;

108
CAPÍTULO 5

ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS


PROVOCADOS PELA CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

109
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 2
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS


PROVOCADOS PELA CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

1 – INTRODUÇÃO

Toda a engenharia elétrica está fundamentada na ciência de controlar os efeitos


positivos e negativos da corrente elétrica. Através de seus efeitos térmicos e
magnéticos, a corrente elétrica produz trabalho útil ou destruição. Esta realidade
motiva os estudos, análises e desenvolvimentos de equipamentos elétricos nas
mais variadas situações normais e anormais. Dentre as quais, destacam-se neste
capítulo as análises dos efeitos provenientes das sobrecargas e dos curtos-
circuitos.

2 – CORRENTES ANORMAIS

Tendo sido convencionado denominar de corrente de regime permanente Ith, a


corrente máxima que um dispositivo suporta em funcionamento contínuo. Toda
corrente que excede aquele valor é anormal. Esta anormalidade está vinculada
ao desenvolvimento de esforços térmicos e dinâmicos acima da capacidade
limite do equipamento. Estas anormalidades são definidas como sobrecargas e
curto circuito.

A diferenciação entre sobrecarga e curto-circuito pode ser feita de forma simples


e objetiva:

110
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 3
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Sobrecarga caracteriza-se por corrente maior que a nominal, surgida em


circuito/equipamento sem defeito. É quase sempre decorrente de solicitação
indevida do sistema e costuma, na maioria das vezes, não ultrapassar 50% dos
valores nominais de correntes.

O curto-circuito, ao contrário, já é um tipo de corrente anormal surgida em


função de defeito e, por isso, muito mais violenta e perigosa. Seus valores mais
freqüentes estão situados na faixa de 1.000 a 2.000% das correntes nominais,
podendo, em casos extremos, alcançar valores em torno de 10.000%. Estes casos
extremos correspondem às maiores solicitações em termos de capacidade de
interrupção dos equipamentos de proteção oferecidos no mercado. Estes
comentários podem ser observados na figura 1.

3 – COMPORTAMENTO DOS ISOLANTES EM FACE AS


CORRENTES ANORMAIS

Existem os mais diversos tipos de materiais isolantes empregados para separar


pontos com diferença de potencial.

Os fios e cabos condutores milimétricos utilizados atualmente têm isolamento de


PVC, borracha ou polietileno, sendo as respectivas áreas transversais
dimensionadas para 30°C de temperatura ambiente mais um ∆t de plena carga.
A plena carga supõe uma elevação de temperatura de 40°C, o que eleva a
temperatura final admissível do condutor em PVC a 70°C.

Não sendo excedidos estes valores, a vida média do condutor de PVC pode ser
estimada em 20 anos, conforme ilustrado na figura 2.

111
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 4
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

A durabilidade de um isolamento de PVC depende dos componentes químicos


que lhe conferem elasticidade. Quando aumenta a temperatura, aqueles
elementos tendem a desagregar-se, diminuindo sua capacidade
isolante.Acontece a queda de flexibilidade e o isolamento fica quebradiço,
absorvendo umidade.

Em função disso, as normas determinam que para 145% de carga deve haver
desligamento do circuito em menos de uma hora, sendo a temperatura limite
estabelecida em 160°C, de acordo com a figura 2. Esta temperatura tanto pode
ser atingida em curto tempo a partir de uma alta corrente, como em tempo mais
longo com sobrecargas mais moderadas, sendo ela, em última análise, quem
determina o tempo máximo que um isolante pode ficar exposto às
sobrecorrentes.

Completando, lembramos que o aumento de temperatura tem ainda um outro


efeito das sérias conseqüências sobre o isolamento de PVC. .

Com o amolecimento da capa isolante, acontece um deslocamento da mesma por


efeito dinâmico, tanto do peso do condutor como das tensões de estiramento no
perímetro externo das dobras mais acentuadas do condutor.

Esse deslocamento diminui a espessura do isolamento e consequentemente faz


surgir um ponto fraco sujeito à ruptura, e consequentemente, pode ocorrer um
curto-circuito.

112
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 5
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

IN

10.000%

Raro
5.000%
Pouco

Freqüente

2.000% Muito Freqüente

1.250%
600%

150%
120%
105%
100%

8ms 80ms 200ms 3s 5s 2min 2h 2 ∞ tempo

Figura 1 –Distribuição das correntes de sobrecarga e curto-circuito


por ocorrência e tempos máximos admissíveis;

113
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 6
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Tempo

20 anos A

1 hora B

200 ms C
8 ms

100 % 145 % 2.000 % 10.000% I

Figura 2 - Curva característica de vida do isolamento PVC de condutores;

4 – SOBRECARGAS

Sobrecargas de curta duração surgem durante o funcionamento de um sistema,


em decorrência da partida de motores trifásicos de indução, da ligação de
capacitores, etc. Estas sobrecargas, durante alguns poucos segundos ou frações,
atingem valores entre 7 e 10 vezes a corrente nominal e são consideradas
admissíveis, dentro daqueles limites, pela normalização que especifica a
construção de dispositivos de proteção. Consequentemente, aqueles

114
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 7
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

dispositivos apresentam curvas de retardo para evitar o desligamento


instantâneo, que seria danoso ao processo de produção.

Sobrecargas de duração mais longa acontecem quando os cabos são solicitados


por correntes surgidas da exigência de potência acima da nominal de um motor.
Isto é comum quando, por exemplo, a máquina acoplada ao motor é alimentada
com demasia de matéria prima, sofre defeitos mecânicos como eixo travado ou
oferece um conjugado resistente inadequado ao conjugado motor.

Alcançando o limite de duração admissível em cada caso de sobrecarga, é


necessária a atuação de um dispositivo de proteção. Assim, evita-se a
deterioração do material isolante das partes da instalação, que resultaria,
invariavelmente, em curto-circuito.

5 – ANÁLISE DE SOBRECARGA EM MOTORES

Quando o motor está operando com potência nominal, seu enrolamento é


percorrido pela corrente nominal. Esta corrente nominal provoca perdas que
permanecem constantes e faz aumentar a temperatura do motor.

Após a partida, a temperatura cresce exponencialmente, conforme destacado na


figura 3, sendo o calor gerado absorvido, em sua maior parte, pela carcaça.

Se não houvesse transmissão de calor para o ambiente, a temperatura cresceria


linearmente e após o tempo 1τ alcançaria a temperatura final Tm. Na realidade,

115
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 8
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

com a elevação da temperatura do motor, uma parcela da energia calorifica é


cedida ao meio ambiente.

Quanto maior a temperatura do motor, maior será a parcela de calor transferida


para o ambiente. O crescimento da temperatura torna-se, então, mais lento. A
sua curva de crescimento aproxima-se assintoticamente da temperatura limite
Tm. Após um tempo 5τ a temperatura já alcançou 0,9933Tm.

O intervalo de tempo representa uma grandeza física denominada constante de


tempo térmica. A constante de tempo τ é definida pela capacidade de absorção
de calor (capacidade térmica) pela resistência térmica e principalmente pelo
peso do material. Para motores mais modernos, esta constante varia entre 20 a
60 minutos, conforme o tamanho do motor. Isto significa que a temperatura final
será atingida entre 100 e 300 minutos. A temperatura final Tm corresponde à
temperatura máxima admissível para carga nominal. O calor resultante a partir
daí, é transferido totalmente para o ambiente. Passa então a existir um equilíbrio
térmico.
Temperatura
Temperatura TM
final 0,95
Curva de
0,865
Aquecimento

0,632

Curva de
Temperatura
Resfriamento
do meio de TO
refrigeração
1τ 2τ 3τ 4τ 5τ tempo

Figura 3 - Aquecimento de um equipamento devido à sua corrente nominal;

116
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 9
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

A temperatura cresce na forma exponencial. Isto, contudo, é válido para um


corpo homogêneo. Para um material heterogêneo como é o caso de uma
máquina elétrica, isto ocorre de forma aproximada.

O comportamento no resfriamento ocorre de forma semelhante, conforme


também ilustra a figura 3.

As curvas indicadas na figura 4a mostram temperaturas atingidas pelo


enrolamento de um motor, quando percorrido por correntes maiores que a
nominal.

Para funcionamento com corrente nominal (1,0 IN), durante um período


correspondente a cinco vezes a constante de tempo térmica, o enrolamento do
motor atinge a temperatura final, que corresponde à temperatura máxima
admissível pelo motor, em função de sua classe de isolamento.

Se o motor funcionar com correntes maiores que a nominal, o enrolamento


atingirá temperaturas finais maiores. A temperatura final atingida é
aproximadamente proporcional ao quadrado da relação entre a corrente de carga
e a corrente nominal.

117
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 10
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Temperatura / 2IN
temperatura nominal

2,25 1,5IN

1,70 1,3IN

1,44 1,2IN

1,21 1,1IN
1,0 1,0IN

TO
1τ 2τ 3τ 4τ 5τ tempo

t1,2 t1,1
t1,3
t1,5
t2

Tempo de Carga
Admissível

t1,1

t1,2
t1,3
t1,5
t2,0

1,1 1,2 1,3 1,5 2 x In Corrente de Carga


em Múltiplos da
Coorente Nominal
(b)

(a) aquecimento por corrente nominal (l,0.IN) e sobrecargas (1,1; 1,2; 1,3; 1,5; 2 IN)
(b) Curva de capacidade de carga correspondente.
Figura 4 - Carga máxima admissível de um equipamento, para que sua temperatura máxima
não seja ultrapassada;

118
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 11
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Nas considerações anteriores, não se levou em conta que uma máquina elétrica
também tem seu aquecimento dependente da velocidade e da freqüência.

Quanto maior a sobrecarga, menor o tempo que o enrolamento leva para atingir
a temperatura máxima admissível.

Da figura 4, pode-se obter a seguinte tabela:

Tabela 1, Valores de corrente e seus respectivos tempos de funcionamento necessários para


alcançar a temperatura nominal do motor
Corrente de Carga Tempo p/ Alcançar Tm
1,0 IN
1,1 IN t 1,1
1,2 IN t 1,2
1,3 IN t 1,3
1,5 IN t1,5
2,0 IN t2

A figura 4b mostra a variação de corrente de carga em função do tempo para que


a temperatura máxima não seja atingida.

A figura 5 mostra a curva da capacidade de carga para um motor com rotor em


curto-circuito. Tal curva fornece as exigências para o comportamento do
dispositivo de proteção do motor contra sobrecorrentes. A curva de atuação
deste dispositivo deve situar-se um pouco abaixo da curva de carga do motor,
garantindo um aproveitamento máximo do motor em termos de potência e ao
mesmo tempo, protegendo-o contra sobreaquecimentos inadmissíveis.

119
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 12
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Tempo de
ligação

90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1.0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4
I

Figura 5 - Curva de carga de um motor com rotor em curto-circuito;

6 – CURTO-CIRCUITO

Os defeitos de isolamento permitem o contato direto entre pontos com diferença


de potencial, provocando drástica redução na impedância de um circuito. Em
conseqüência, a corrente sobe instantaneamente, na mesma proporção, com ação
devastadora sobre os componentes de um sistema. Geralmente a elevação da
corrente atinge valores em torno de 10 a 15 vezes a corrente nominal do circuito.
Também operações erradas têm o mesmo resultado, tornando o curto-circuito,
sem dúvida, o pior tipo de defeito numa instalação elétrica.

Os efeitos dos curtos-circuitos em uma instalação dependem dos níveis e da


duração das corrente de curto circuito. Quando nas instalações encontram-se em
operação transformadores em paralelo, são necessários preocupações ainda
maiores em relação à intensidade da corrente de curto-circuito no lado de baixa.

120
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 13
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Isto pode ser justificado pelo fato que o paralelismo aumenta os níveis das
correntes das faltas.

O dimensionamento adequado da proteção é uma das etapas fundamentais do


projeto de qualquer sistema elétrico de potência, quer seja a mesma uma simples
instalação residencial ou um complexo sistema industrial. O fato de dispositivos
de proteção atuarem quase instantaneamente quando ocorrem correntes de curto-
circuito, não é suficiente. Por isso a escolha correta dos dispositivos de proteção
deve-se levar em consideração sua capacidade de operar adequadamente e com
segurança, quando da ocorrência de uma falta em qualquer ponto da instalação.

A conseqüência do curto-circuito é sempre um corte no fornecimento de energia,


interrupção nos processos de fabricação, com prejuízos na produção, prejuízo
dos componentes, como também risco à segurança de operadores.

Os prejuízos são minimizados se os componentes como cabos, barramentos,


elementos de fixação, transformadores de corrente e comutadores forem
especificados para suportar ás solicitações térmicas e dinâmicas causadas pela
corrente de curto-circuito.

A solicitação térmica, além de ser função do quadrado do valor eficaz da


corrente de curto-circuito, depende do tempo de duração desta corrente. Desta
forma, é necessária que a proteção contra curto-circuito atue o mais rapidamente
possível e separe o ponto de falta da fonte de tensão.

A solicitação dinâmica depende principalmente do quadrado do valor do pico da


corrente de curto-circuito. Isto também exige uma rápida atuação do dispositivo

121
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 14
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

de proteção. Os componentes da instalação serão poupados de solicitações


térmicas e dinâmicas mais intensas, se a corrente de curto-circuito não atingir o
seu valor de pico.

O dispositivo de proteção contra curto-circuito deve, então, dentro das


possibilidades, atuar como limitador da corrente de curto-circuito. Este
dispositivo deve, também, estar em condições de interromper com segurança o
maior valor possível da corrente de curto-circuito, ou seja, ter uma capacidade
de interrupção dimensionada para este valor.

Para dimensionar e escolher os meios de serviços elétricos que se empregam em


instalações e de redes de abastecimento, deve-se recorrer as normas nacionais e
internacionais. Essas recomendações indicam que além de registrar as
solicitações permanentes que se originam durante o serviço normal, por
exemplo, pela corrente e tensão nominais, tem-se que considerar os efeitos
anormais, tais como o caso de curto-circuito. Já que a intensidade das correntes
de curto-circuito alcançam, geralmente, valores equivalentes a um múltiplo da
intensidade nominal, temos que contar com altas solicitações dinâmicas e
térmicas e, em determinadas circunstâncias, com tensões perigosas. Estas
constituem um perigo para as pessoas e meios de serviço, o que justifica, por
motivos de segurança, uma avaliação das solicitações em caso de curto circuito.
Para isso, é preciso conhecer os valores de intensidade da corrente de curto-
circuito.

Em condições normais, a corrente de um circuito é determinada basicamente


pela tensão aplicada e pela impedância da carga. Quando ocorre um curto-
circuito, a tensão da fonte de alimentação passa a ser aplicada a uma carga cuja

122
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 15
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

impedância é muito pequena, constituída pela impedância dos condutores


situados entre a fonte e o ponto em que se deu a falta, pela impedância do
transformador de onde parte o circuito e pelas impedâncias dos equipamentos
eventualmente existentes entre o transformador e a falta. A corrente de curto-
circuito é praticamente independente da carga e está diretamente relacionada
com a capacidade da fonte de energia. Quanto maior a potência do equipamento
que funciona como fonte para o sistema, maior será a corrente de curto-circuito.

O dispositivo de proteção deve ser capaz de interromper, com segurança, a


máxima corrente de curto-circuito que possa circular por ele caso ocorra uma
falta do circuito ou equipamento, protegendo-o de forma rápida e eficiente,
proporcionado uma coordenação seletiva, isolando o setor em que ocorreu a
falta, sem que ocorra a interrupção no fornecimento de energia a qualquer outro
setor do sistema. A titulo de ilustração, a figura 6 mostra 5 possíveis pontos de
ocorrência de um curto. Para uma falta no ponto 4, apenas o dispositivo de
proteção F4 deve atuar, isolando apenas este ramal, possibilitando que os demais
permaneçam energizados. Por outro lado, se o ponto de ocorrência da falta for o
1, o dispositivo de proteção que deverá realizar a interrupção será o F1.

123
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 16
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Figura 6 - Coordenação seletiva da proteção;

6.1 – FONTES DAS CORRENTES DE CURTO-CIRCUITOS

Em um sistema elétrico, considera-se como "fontes da corrente de curto-


circuito" a qualquer dispositivo que, a partir da ocorrência da falta, passa a
alimentar o sistema com a corrente de curto-circuito. As duas fontes básicas são
os geradores síncronos e os motores síncronos e os de indução, conforme ilustra
a figura. 7.

124
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 17
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Concessionária de
Gerador ::::
Energia Elétrica
::::

Contribuição de Corrente
de Curto-Circuito da
Concessionária

Quadro de Distribuição geral


de força

Contribuição de Corrente
de Curto-Circuito do Gerador

Corrente Total de Curto-


Contribuição de Corrente
de Curto-Circuito do
Circuito das Quatro
Motor de Síncrono Fontes de Contribuição
Contribuição de Corrente
de Curto-Circuito do
Motor de Indução
Motor
Motor de
Síncrono
Indução

Figura 7 - Fontes que contribuem quando ocorre um curto-circuito;

Os geradores síncronos são alimentados por máquinas primária, tais como:


turbinas hidráulicas, grupos diesel ou atualmente por outras fontes alternativas.
No instante que ocorre um curto-circuito trifásico em um sistema elétrico de
potência alimentado por um gerador, este continuará a produzir tensão, porque a
excitação de seu enrolamento de campo (corrente contínua) é mantida e a fonte
mecânica continua a acioná-lo com uma velocidade praticamente constante.
Nessas condições, o gerador faz circular a corrente de curto-circuito entre ele e o
ponto em que ocorreu a falta, sendo limitada apenas pelas impedâncias do

125
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 18
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

gerador e do trecho do circuito entre o gerador e a falta. Se o curto ocorrer nos


terminais do gerador, a corrente só será limitada pela própria impedância do
gerador, conhecida como reatância subtransitória da máquina síncrona.

Em seu funcionamento normal os motores elétricos realizam a conversão da


energia elétrica em mecânica, mas quando acionados mecanicamente, produzem
energia elétrica. No instante do curto, o motor passa a funcionar, por um breve
período de tempo como gerador, contribuindo para aumentar a corrente de curto
circuito . Deve–se salientar que somente nos instantes iniciais, ou seja, somente
no regime subtransitório, os motores alimentam o curto circuito. Essa
contribuição, no caso de grandes motores trifásicos, pode ser estimada
considerando que esta corrente é de 3,5 vezes a corrente nominal de cada motor.
Os transformadores são freqüentemente citados como fontes da corrente de
curto-circuito. Na realidade, o transformador simplesmente libera, de acordo
com a sua potência, a corrente de curto-circuito produzido pelos geradores e
motores que o antecedem, sua ação será simplesmente a de transformar os
valores da tensão e de corrente sem, porém, gerá-las. A corrente de curto-
circuito "fornecida" por um transformador é determinada por sua tensão
secundária, por sua impedância, pela impedância dos geradores e equipamentos
até os terminais do transformador e pela impedância do circuito entre ele e o
curto-circuito ( barras e cabos ).

126
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 19
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

7 – TIPOS DE DEFEITOS (CURTO-CIRCUITOS)

Os sistemas trifásicos distinguem-se essencialmente em 5 classes de defeitos,


que estão representados na figura 8, junto com as indicações dos sentidos de
percurso das correntes de curto circuito. Entre todos os tipos de curto circuito, o
tripolar é o mais fácil de compreender e calcular.

Do ponto de vista estatístico, a porcentagem de curto circuitos tripolares, entre


os tipos de falta que podem ser produzidos, é relativamente pequeno. Entretanto,
temos que levar em conta que, tratando-se de alta tensão, é geralmente o tipo de
defeito que provoca as maiores solicitações (efeito térmico e efeito dinâmico) e,
por conseguinte, estes valores são decisivos para dimensionar os meios de
serviço.

127
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 20
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Figura 8 – Tipos de faltas e sentido das correntes de curto circuito em sistemas trifásicos.a)
curto circuito tripolar; b) curto circuito bipolar sem contato à terra; c) curto circuito bipolar
com contato à terra; d) curto circuito unipolar à terra; e) contato duplo à terra;

128
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 21
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

7.1 – ANÁLISE DO CURTO CIRCUITO TRIFÁSICO (TRIPOLAR)

Sabe-se que, os sistemas elétricos industriais possuem características indutivas.


Desta forma, um curto circuito pode ser representado pelo fechamento da chave
“S” no circuito da figura 9.

Figura 9 – Circuito equivalente de uma rede em curto circuito trifásico;

Aplicando a Lei de Kirchoff na figura 9, tem-se:

di
v = Ri + L
dt

Ou:

di
2 *Uf * sen( wt + α ) = Ri + L (1)
dt

Onde:
Uf = valor eficaz da tensão (na fase);

129
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 22
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

R = Resistência do circuito (instalação) da entrada até o ponto em


que ocorreu o curto circuito;

L = Indutância do circuito (instalação) da entrada até o ponto em


que ocorreu o curto circuito.

A solução da equação (1) é:

R
2Uf 2Uf − t
i= sen( wt + α − ϕ ) − sen(α − ϕ ) * e L
(2)
R2 + X 2 R2 + X 2

Onde:
X = wL ≡ Reatância indutiva do circuito (instalação) da entrada até
o ponto em que ocorreu o curto circuito;
α ≡ Instante em que ocorre o fechamento de “S”;
ϕ ≡ Defasagem entre a tensão e a corrente.

Observando a equação (2), conclui-se que a corrente de curto circuito é


composta de duas parcelas, ou seja:

• Uma parcela de comportamento senoidal, dada por:

2Uf
i AC (t ) = sen( wt + α − ϕ )
R +X2
2

• Uma parcela de comportamento exponencial, unidirecional, dada por:

130
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 23
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

R
2Uf − t
iDC (t ) = sen(α − ϕ ) * e L

R2 + X 2

Nestas condições, a corrente de curto circuito tem a forma de onda típica


ilustrada na figura 10.

Fig. 10 – Corrente de curto circuito (α = ϕ ± 90º);

a) Cálculo do valor eficaz da corrente de curto circuito ( simétrico )

Para analisar os efeitos térmicos provocados pela corrente de curto circuito em


um equipamento, lança-se mão de um artifício, que simplifica bastante a
seqüência de cálculo.

Como a componente alternada da corrente de curto circuito tem a mesma forma


de onda da tensão, seu valor eficaz ( valor simétrico ) pode ser obtido a partir do
valor eficaz da tensão, ou seja:

Uf
I "K = (3)
Z

131
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 24
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Onde:
Z ≡ Impedância do circuito (instalação) da entrada até o ponto em
que ocorreu o curto circuito.

b) Cálculo do valor de crista ( pico ) da corrente de curto circuito


(assimétrico )

O efeito dinâmico provocado por uma falta trifásica é o maior valor instantâneo
da corrente de curto circuito . Como a partir da expressão (3), é conhecido o
valor eficaz da componente alternada, o maior valor instantâneo da corrente de
curto circuito pode ser determinado a partir da expressão (4).

Is = f i * 2 * I "K (4)

Onde:
fi ≡ Fator de impulso ou fator de assimetria, que leva em conta a
influência da componente contínua.

O fator de impulso ou de assimetria pode ser obtido a partir de dados do circuito,


com auxílio da equação (5).

R
− 3, 03
f i = 1,02 + 0,98 * e X (5)

Onde:

132
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 25
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

R ≡ Resistência do circuito (instalação) da entrada até o ponto em


que ocorreu o curto circuito;
X ≡ Reatância indutiva do circuito (instalação) da entrada até o
ponto em que ocorreu o curto circuito.
O valor de fi, também, pode ser obtido a partir da curva da figura 11, que
representa a equação (5).

Figura 11 – Fator de impulso;

Por exemplo, a circulação da corrente de curto circuito por uma chave fechada
produz solicitações térmicas e dinâmicas no equipamento que dependem da
intensidade da corrente. No caso de defeito, a chave deve suportar fechada o
valor eficaz da corrente de curto, durante um determinado intervalo de tempo,
sem que a temperatura das peças de contato ultrapasse o valor máximo
admissível. Geralmente o intervalo de tempo considerado é de 1s. A corrente de
pico ou a corrente de curto dinâmica é o maior valor instantâneo que a chave
deve suportar fechada, sem que ocorram danos mecânicos.

133
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 26
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Conclui-se então que para determinação das solicitações térmicas e mecânicas


provocadas pela corrente de curto circuito, deve-se calcular o seu valor eficaz,
responsável pelo efeito térmico, e o seu valor de pico, responsável pelo efeito
dinâmico.

7.2 – FORMULÁRIO BÁSICO PARA O CÁLCULO DA IMPEDÂNCIA


DOS CIRCUITOS ELÉTRICOS
Dispositivos Dados Cálculos R X (mΩ)
(mΩ)
Entrada Pcc = MVA r=0 zero
Un pr = kV Un s2
Z=X= = mΩ
Pcc *103
Trafo Pt = kVA Un s2
Z = Z% = mΩ
Z% = Pt *100
R% = Un s2
Un S =V R = R% = mΩ
Pt *100
X = Z 2 − R 2 = mΩ
Barras A = mm 2
l =m
n = l * 10 3
R =ρ = mΩ
1 n*A
ρ Cu = ou 0,0178 l
16 X = X'* = mΩ
mΩ n
X' = 0,144
m

Cabos A = mm 2
l =m l * 10 3
R =ρ = mΩ
n = n*A
ρ Cu l
X = X'* = mΩ
mΩ n
X ' = 0,096
m

134
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 27
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Após determinada as impedâncias equivalentes, pode-se calcular o valor eficaz e


dinâmico da corrente de curto circuito conforme as expressões 3 e 4,
verificando-se assim o efeito térmico e dinâmico provocado pela corrente de
curto circuito.

8 – CÁLCULO DAS CORRENTES DE CURTO CIRCUITO,


UTILIZANDO-SE O MÉTODO SIMPLIFICADO

Para que possamos efetuar um cálculo rápido do nível de curto-circuito de uma


instalação, basta considerarmos o curto na saída do transformador. Nestas
condições, a única impedância envolvida no sistema será a do transformador.
Com isso, se substituirmos a impedância equivalente do circuito pela do
transformador, tem-se que o valor eficaz da corrente de curto circuito pode ser
calculada pela expressão 6:

Uns
Ik "= (6 )
3*Z

Onde:
Z % * Uns 2
Z trafo = (7)
Pt *100
Portanto:
Pt * 100
Ik "= (8)
3 * Z % * Uns

O valor dinâmico da corrente de curto-circuito será dado pela equação 9:

Is = fi * 2 * Ik" ≅ 2 ∗ Ik" (9)

135
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 28
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Dentro do exposto, pode-se para calcular com base no esquema elétrico


fornecido, as correntes de curto-circuito trifásico, levando-se em consideração
os métodos completo e o simplificado. Deve-se ressaltar que, ambos os
exemplos de aplicação propostos serão desenvolvidos durante a realização do
curso, com objetivo de mostrar a metodologia apresentada neste capítulo.

9 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 1
CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO

Ao se elaborar uma oferta de subestação para a definição da capacidade de


interrupção/suportabilidade, é necessário obter o nível de curto-circuito das
instalações mostradas na figura 12 identificadas pelas regiões 1, 2 e 3.

a) Região 1 – Alta Tensão:


• Compreende a entrada da concessionária até o transformador AT/MT.
• Par o cálculo do nível de curto-circuito, deve-se conhecer a potência de
curto-circuito no ponto de entrega de energia. Estes valores são fornecidos
previamente pelas concessionárias.
• O Scc da concessionária é função da capacidade da linha que alimentará a SE
e esta varia com a localização da mesma.
• O nível de curto-circuito de corrente do Scc da concessionária interfere nos
preços dos equipamentos.

Para o cálculo da corrente de curto-circuito trifásica simétrica na região 1


emprega-se a seguinte expressão:

136
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 29
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Scc
Icc3φ = (10)
3 ⋅ Vno min al

b) Região 2 – Média Tensão

Compreende a saída do transformador T1 até o lado de alta do transformador


T2. O nível de curto-circuito obtido define a capacidade de interrupção de todos
os equipamentos desta região.

Caso os valores das correntes de curto-circuito não tenham sido definidas pelo
cliente para esta região, pode-se obtê-las, para efeito de oferta, desprezando-se a
impedância da concessionária e a impedância dos barramentos ou cabos de MT,
e considerando-se a maior impedância do trecho que é a impedância do
transformador T1.

Sn
Icc3φ = ⋅ 100 (11)
3 ⋅ Vno min al ⋅ Z %

Onde: Sn: Potência aparente do transformador.


Vn: Tensão nominal do lado de MT.

A expressão acima é válida para o caso de um único transformador. Também


pode ser aplicada, quando existirem dois ou mais transformadores desde que os
mesmos não operem em paralelo.

Quando os dois transformadores operam em paralelo para efeito de cálculo,


pode-se considerar que a corrente de curto-circuito tem seu valor dobrado, uma
vez que os dois transformadores, tendo a mesma impedância Z% e estas estando
em paralelo, resultam em uma impedância equivalente de Z%/2. Assim, o nível

137
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 30
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

de curto-circuito obtido é o dobro do curto-circuito com apenas um


transformador, ou seja, 2*Icc3φ.

c) Região 3 – Baixa Tensão:


Para o cálculo da capacidade de interrupção dos equipamentos instalados no
lado de BT (serviço auxiliar, QGBT, CCM, etc), deve-se utilizar a seguinte
expressão:
In
Icc3φ = ⋅ 100 (12)
Z%

Onde: In: Corrente nominal do transformador T2.


Z%: Impedância percentual do transformador T2.

Obs: Quanto a possibilidade da operação em paralelo, o nível de curto-circuito


deve ser calculado de maneira semelhante a região de média tensão.

138
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 31
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Scc

1) ALTA TENSÃO
O nível de curto circuito
D1 é função do Scc da
concessionária

BARRAMENTO AT

D2 D2

T1 T1
Z% Z%

2) MÉDIA TENSÃO
O nível de curto circuito
D3 D3 é função principalmente da:
BARRAMENTO MT - Potência Instalada (trafo’s)
- Da Impedância dos Trafo’s T1
- Do Paralelismo entre eles
D4 D4
D4

CABO MT
Taux
Z%

D5 D5

T2
BT 3) BAIXA TENSÃO
BARRAMENTO BT O nível de curto circuito
é função principalmente da:
- Potência do Trafo T2
D6 D6 - Da Impedância do Trafo T2
- Da Existência de Paralelismo de
Trafo’s

CARGAS

Figura 12 – Esquema unifilar para cálculo do curto-circuito – exemplo 1;

139
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 32
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

10 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 2
Calcular as correntes de curto-circuito (simétrico) nos pontos indicados no
diagrama unifilar da figura 13.

140
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 33
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

138kV -3φ 863.106


Scc=863 MVA (ano 2010) Icc1(3φ ) =
3.138.103
Icc1(3φ ) = 3615

33.106
In2 =
3.13,8.103
In2 = 1380 A
1380.100
138/13,8 kV Icc2 =
25/33 MVA 7,5
Z=7,5%
Icc2 = 18,4kV
2 Icc2( paralelo) = 36,8kV
In2

30.103
In3 =
3.220
In2 = 78 A
78.100
CABO MT Icc2 =
13,8/0,22 kV 4
3
30 kVA Icc2 = 2kV
Z=4%

13,8/0,48 kV
1000 kVA
Z=5% BT 1000.103
4 In4 =
3.480
In2 = 1203 A
1203.100
Icc2 =
5
Icc2 = 24kV

CARGAS

Figura 13 – Esquema unifilar para cálculo do curto-circuito – exemplo 2;

141
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 34
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

11 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 3
Calcular as correntes de curto-circuito (simétrico) nos pontos indicados no
diagrama unifilar da figura 14.
138kV - 3φ

138/13.8kV
10/12.2 MVA
Z=9%
2

13.8/0.22 kV
3 40 kVA Z=5%

Valores Fornecidos pela Concessionária

Ano de 1996:
Trifásico: 428∠-71º MVA Z1=0.2335∠-71º pu
Fase-Terra 270∠-74º MVA Z0=0.6642∠-76º pu

Ano de 2010:
Trifásico: 1757∠-73º MVA Z1=0.1159∠-73º pu (base de 100MVA)
Fase-Terra: 552∠-75º MVA Z1=0.3121∠-76º pu (base de 100MVA)

Figura 14 – Diagrama unifilar para cálculo do curto-circuito – exemplo 3;

142
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 35
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

12 – SOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 3 PROPOSTO

138kV - 3φ

1757 ⋅ 106
Icc1(3φ ) =
3 ⋅ 138 ⋅ 103
Icc1(3φ ) = 7350 A

138/13.8kV
10/12.2 MVA
Z=9%

In2

12,5 ⋅ 106
In 2 =
13.8/0.22 kV 3 ⋅ 13800
40 kVA
In 2 = 523 A
40 ⋅ 103 523 ⋅ 100
In = Icc 2 =
9
3 ⋅ 220
1Trafo − Icc2 = 5810
In = 105 A
2Trafos − Icc2 = 11621A
105 ⋅ 100
Icc =
5
Icc = 2100 A

Figura 15 – Diagrama unifilar do exercício 3 resolvido;

143
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 36
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

13 - CURTO-CIRCUITO FASE-TERRA (MONOFÁSICO)

A intensidade da corrente, no curto-circuito fase-terra, depende da impedância


Zn conectada entre o ponto neutro e terra. Esta impedância pode ser quase nula
se o neutro for solidamente aterrado ou, pelo contrário, quase infinito se o neutro
for isolado.

O cálculo desta corrente de curto-circuito desequilibrada requer o uso do método


das componentes simétricas. Este método substitui a rede real pela superposição
de 3 redes fictícias, as quais são denominadas por seqüência positiva, seqüência
negativa e seqüência zero. Cada componente do sistema fica caracterizado por 3
impedâncias: Z1 (seqüência positiva), Z2 (seqüência negativa) e Z0 (seqüência
zero). Desta forma, o cálculo da corrente I0 de falta fase-terra, é expresso por:

3U
I0 = (13)
Z1 + Z 2 + Z 0 + 3Z n

Este cálculo é utilizado em sistemas nos quais o neutro é aterrado por uma
impedância Zn e determina o ajuste da proteção de terra que deve intervir para
interromper a corrente de falta à terra. Na prática, por uma questão de facilidade,
U
costuma-se usar o valor de I 0 = . Para uma melhor visualização desta
3Z n
expressão, a figura 16 mostra o sentido da corrente Io.

144
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 37
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Figura 16 - Corrente de circulação Io;

13.1 – CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO NOS TERMINAIS


DE UM GERADOR

O cálculo da corrente de curto-circuito nos terminais de um gerador síncrono é


mais complicado que nos terminais de um transformador. Isto porque a
impedância interna da máquina não pode ser considerada constante depois do
início da falta. Ela aumenta progressivamente, influenciando no decaimento da
corrente de curto, caracterizando três períodos distintos, conforme pode ser
constatado na figura 17.

145
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 38
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Figura 17 - Corrente de curto-circuitos nos terminais de um gerador;

No período subtransitório, o valor eficaz da componente CA é elevado, variando


entre 5 e 10 vezes a corrente nominal de regime permanente. A duração deste
período é de aproximadamente 0.01 a 0.1 segundos.

No período transitório, a corrente de curto-circuito é reduzida à valores


compreendidos entre 2 e 6 vezes a corrente nominal de regime permanente. A
duração deste período é de aproximadamente 0,1 a 1 segundo.

Para o período permanente, o valor eficaz da componente CA assume valores


entre 0,5 a 2 vezes a corrente nominal.

Obviamente, esses valores dependem da potência da máquina, do seu modo de


excitação, das reatâncias subtransitória, transitória e do carregamento da
máquina no instante da falta. Além disso, a impedância de seqüência zero dos
geradores é de modo geral de 2 a 3 vezes menores que as suas impedâncias
seqüência positiva. Assim sendo, a corrente de curto circuito fase-terra será

146
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 39
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

então maior que a trifásica. Normalmente, a corrente de curto-circuito trifásica


permanente nos terminais de um gerador está compreendida entre 6 e 20 vezes a
corrente nominal, dependendo da potência da máquina.

14 - COMPORTAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DURANTE


O CURTO-CIRCUITO

Os equipamentos podem ser agrupados em: passivos e ativos.

Equipamentos passivos: são os do tipo que não intervém durante a falta, esta
categoria inclui todos os equipamentos que, devido a sua função, suportam as
solicitações térmicas e dinâmicas impostas pelas correntes de curto-circuito.
Nesta categoria enquadram-se: cabos, linhas aéreas, barramentos, chaves
seccionadoras, interruptores, transformadores, reatâncias e capacitores,
transformadores de medição, etc. A suportabilidade desses componentes estão
relacionadas com as suas capacidades de resistir aos esforços térmicos e
dinâmicos decorrentes de uma falta.

Equipamentos ativos: Esta categoria inclui os componentes projetados para


eliminar a corrente de curto-circuito, ou seja: disjuntores e fusíveis.
Estes dispositivos devem possuir, uma capacidade de abertura e, se necessário,
uma capacidade de fechamento sobre a falta existente.

Capacidade de abertura: Esta característica básica de um dispositivo de


interrupção é a corrente máxima (em kA eficazes) que ele é capaz de abrir nas

147
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS EFEITOS TÉRMICOS E DINÂMICOS PROVOCADOS PELA 40
CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

condições específicas definidas pelas normas, geralmente se refere ao valor


eficaz da componente CA da corrente de curto-circuito.

A capacidade de abertura depende também de outras condições


complementares:
• Tensão;
• Relação de R/X do circuito interrompido;
• Freqüência própria da rede;
• Número de aberturas com corrente máxima;

Capacidade de fechamento: Geralmente esta característica possui valores


idênticos ao da capacidade de abertura. No entanto, existem casos em que a
capacidade de fechamento precisa ser maior, por exemplo, para disjuntores de
geradores.

A capacidade de fechamento é então definida como sendo o maior valor da


corrente de curto circuito (valor de pico), que aparece nos primeiros instantes da
ocorrência do curto circuito. Este valor é que pode danificar os componentes sob
o ponto de vista dos esforços eletrodinâmicos.

148
CAPÍTULO 6

TRANSFORMADORES

149
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 2

TRANSFORMADORES

1 – INTRODUÇÃO

Os transformadores são máquinas elétricas estáticas, de construção simples e


rendimento elevado, destinados a cumprir uma missão de relevante importância
nos sistemas elétricos, que é a transformação da tensão de valores baixos para
altos e vice-versa, de forma a permitir a geração, o transporte e o uso da energia
elétrica na tensão mais adequada a cada situação.

Para entender o mecanismo envolvido neste processo e mesmo a sua


necessidade nos sistemas elétricos, considere um sistema elétrico constituído por
uma usina hidráulica de geração de energia elétrica e um centro consumidor
constituído de uma cidade com suas variadas cargas: residências, iluminação
pública, comércio, indústrias, etc..., situada a uma distância de, por exemplo,
300 Km. A energia gerada na usina não pode ter uma tensão muito alta já que
isto obrigaria a um gasto muito grande com a isolação interna dos geradores,
além de representar um risco muito grande de acidentes. Por estas razões, as
tensões nas usinas geradoras é limitada a valores tais como, 13.200 volts, 6.600
volts ou menos.

Por outro lado, o transporte de altas potências a tensões destes níveis em


distâncias tais como as do exemplo, pode significar um gasto muito grande com
torres e perdas no sistema. Por isso é necessário que a tensão da transmissão seja
elevada para valores mais condizentes, que levem a valores de corrente elétrica
menores e, consequentemente, possibilitem o uso de condutores de menor
secção, com redução dos custos das linhas de transmissão e dos próprios
condutores.

150
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 3

Ao se aproximar do centro consumidor, no nosso caso uma cidade, é perigoso e


mesmo inviável, efetuar a distribuição da energia elétrica na tensão de
transmissão - 34.500V, 69.000V, 13.800V ou maiores ainda - deve ser
distribuída nos circuitos primários com tensões que não são ainda as tensões de
consumo - 220V, 380V - já que a cidade pode apresentar distâncias
significativas. A tensão usada então, para a distribuição primária é normalmente,
de 13.800 volt. A cada quarteirão ou menos, a tensão é finalmente, transformada
para a tensão de consumo - 127V, 220V ou 380V, e nestas condições, entregue
ao consumidor final. Alguns consumidores de maior porte poderão,
eventualmente, receber a energia elétrica na tensão primária.

Nesta breve descrição percebe-se o indispensável papel do transformador, já que


é ele quem faz as transformações dos níveis de tensão citados. Na subestação
geradora deverá existir um transformador que eleve a tensão do nível de geração
(13.800V por exemplo) para o nível de transmissão (138.000 V por exemplo).
Como a potência elétrica é igual ao produto da tensão pela corrente, a corrente a
ser transportada, será 10 vezes menor do que aquela que existe no gerador, e o
condutor da linha de transmissão será, também 10 vezes menor do que aquele do
gerador, se usada a mesma densidade de corrente.

Na subestação da cidade um outro transformador fará o trabalho inverso daquele


da geradora, isto é, abaixará a tensão de 138.000 volts para os 13.800 volts dos
circuitos primários urbanos. Em vários pontos da cidade, transformadores de
distribuição, farão a transformação final, para a tensão de consumo.

Num sistema simples como este é facilmente perceptível o trabalho


indispensável do transformador e a sua grande importância nos sistemas
elétricos, mantendo as seções dos condutores dentro de limites aceitáveis,
econômica e tecnicamente.

151
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 4

2 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Um transformador consiste de dois ou mais circuitos elétricos acoplados


magneticamente.

O funcionamento do transformador é fundamentado no fenômeno da indução


magnética, ou seja, objetiva- transferir magneticamente potência de um
enrolamento (primário) a outro enrolamento (secundário).

Então, em princípio, não temos ligação elétrica entre os dois circuitos. Pode-se
representar esquematicamente um transformador conforme a figura 1:

Fluxo Magnético φ

I1 N1 N2

VP e1 e2 VS

Figura 1- Princípio de funcionamento de um transformador;

A circulação da corrente I1, na bobina com N1 espiras resulta na força


magnetomotriz F1 = N1I1 que dá origem ao fluxo magnético φ que, circulando
confinado no núcleo, envolve a bobina com N2 espiras.

A variação do fluxo magnético fará, pela Lei de Faraday e = dφ/dt, aparecer a


tensão induzida e2 no enrolamento secundário. Nestas condições, a tensão
induzida e1 pode ser relacionada com a tensão induzida e2, pela relação entre o
número de espiras.

152
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 5

e1 N1 VP N1
= ou = (1)
e2 N 2 V S N 2

O valor eficaz da tensão e1 é dada por:

E1 = 4,44.f.N1.φMX x 10-8 (2)

O valor eficaz da tensão e2 é dada por:

E2 = 4,44.f.N2.φMX x 10-8 (3)

A relação de transformação (kt) é definida pela equação 4.

E1 N1 V1
kt = = = (4)
E2 N 2 V2

Da expressão 4, observa-se que a relação entre as tensões é diretamente


proporcional ao número de espiras.

Por outro lado as correntes do enrolamento primário (I1 ) e do secundário (I2 )


podem ser relacionados com base na formula 5.

I1 N 2
= (5)
I 2 N1

Com base na fórmula 5, verifica-se que a relação de correntes é inversamente


proporcional a relação de número de espiras.

153
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 6

Comparando-se as expressões (4 e5), obtém-se:

V1 ⋅ I1 = V2 ⋅ I 2 (6)

Onde: V1 é a tensão aplicada no enrolamento primário;


V2 é a tensão obtida no enrolamento secundário;

Na equação 6, nota-se que o produto V1I1 (S1)é a potência aparente no


enrolamento primário, considerando transformadores monofásicos, e é igual a
V2I2 (S2) que é a potência aparente no enrolamento secundário. Nestas
condições, a potência aparente para um sistema trifásico é definido pela seguinte
relação:

S1 = 3 ⋅ V1 ⋅ I1 = S 2 = 3 ⋅ V2 ⋅ I 2 (7)

3 – PRINCÍPIOS CONSTRUTIVOS –
TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS

O funcionamento dos transformadores baseia-se nos fenômenos de mútua


indução entre dois circuitos eletricamente isolados, mas ligados
magneticamente. Para que a ligação magnética seja a mais perfeita possível, é
necessário que eles estejam enrolados sobre um núcleo magnético de pequena
relutância magnética. Este núcleo deverá ter alta permeabilidade magnética e
por isso seus entreferros devem ser reduzidos. Para a redução de perdas no ferro
ocasionados pelo fenômeno de histerese e correntes parasitas no mesmo, o
núcleo deve ser construído de uma liga de aço com uma pequena porcentagem
de silício (1 a 5%). O silício serve para aumentar a permeabilidade magnética do
aço, porém torna-o quebradiço. Além disso, o núcleo deve ser construído por

154
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 7

lâminas de espessura de 0,1 a 0,5 mm., devidamente isoladas. A laminação visa


dificultar a circulação das correntes parasitas induzidas no núcleo.
Envolvendo o núcleo são colocados os enrolamentos dos circuitos elétricos
primário - aquele que está ligado à tensão que se quer transformar (V1) - e
secundário - aquele que fornece a tensão transformada (V2). As correntes que
circulam nos enrolamentos primário e secundário, I1 e I2, constituem as correntes
primária e secundária do transformador. Denomina-se relação de transformação,
à relação entre as tensões primária e secundária (k=V1/V2) que é
aproximadamente igual à relação entre os números de espiras do primário e
secundário (N1/N2).

Como os fenômenos de mútua indução são reversíveis, nenhuma distinção pode


ser feita entre os circuitos primário e secundário, pois os dois enrolamentos
podem funcionar independentemente, como primário ou secundário bastando
para isso, alimentar um ou outro. Construtivamente, os dois enrolamentos
denominam-se enrolamento de AT - alta tensão - o que tem maior número de
espiras e enrolamento de BT - baixa tensão - o que tem menor número de
espiras. O transformador será elevador de tensão, quando se alimenta como
primário o enrolamento de BT e ao contrário, como abaixador de tensão quando
se alimenta o enrolamento de AT.

4 – RENDIMENTO E REGULAÇÃO DE TENSÃO

Para a utilização de um transformador em um sistema elétrico, uma série de


requisitos são desejados. Entre eles, citam-se o rendimento e a regulação de
tensão. Para transformadores de potência é sempre exigida uma baixa regulação
com altíssimo rendimento.

155
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 8

4.1 – RENDIMENTO DE TRANSFORMADORES

Os transformadores são máquinas estáticas que transferem energia elétrica de


um a outro circuito, mantendo a mesma freqüência e, normalmente, variando
valores de corrente e de tensão.

Essa transferência de energia, com foi visto anteriormente, é acompanhada de


perdas, tais como: no núcleo (Po), nos enrolamentos (Pj) e adicionais (PA). Essas
perdas dependem da construção do transformador (material e espessura das
chapas etc.) e do regime de funcionamento (tensão, corrente, etc.).

Considerando a existência dessas perdas, tem-se para os transformadores, assim


como para qualquer conversor de energia, uma diferença entre a potência de
entrada (P1) e de saída (P2). A relação entre P1 e P2 vem expressa pelo
denominado rendimento, cuja definição é:

P2
η= (8)
P1

Ou em porcentagem:

P2
η% = × 100 (9)
P1

Na maioria das máquinas, para se determinar o rendimento, bastaria medir as


potências na entrada e na saída e substituí-las nas expressões (8) e (9). No caso
de transformadores, é necessário o uso de um processo indireto, pois, para estes,
o rendimento pode chegar até 99% e, nessas condições, a diferença das

156
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 9

potências de entrada e saída é bem pequena, muitas vezes superando a classe de


precisão dos instrumentos de medida.

Para contornar esse problema, utiliza-se:

Pl=P2+Pj+Po+PA (10)

Como PA ≈ 15% a 20% de Po; considerando-se a pior hipótese e substituindo na


equação anterior, vem:

P1 = P2 + Pj + 1,2 Po (11)

tem-se ainda que:

P2 = V2 I2 cosψc (12)

PJ = r1I12 + r2I22 = R2I22 (13)

Na equação de P1, substituindo P2 e PJ pelos segundos membros das expressões


(12) e (13), tem-se:

P1 = V2I2 cosψc + R2 I2 + l,2Po (14)

De modo a generalizar a formulação, observa-se que a corrente na expressão


anterior não é I2n mas, sim, um valor qualquer de I2.

Levando-se (12) e (14) em (9), tem-se:

157
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 10

V2 I 2 cosψ C
η% = 100 (15)
V2 I 2 cosψ C + R2 I 22 + 1,2 PO

Deste modo, para a determinação do rendimento de um transformador, é


suficiente a colocação de um wattímetro no secundário (verificando o valor de
P2), um amperímetro (valor de I2), o conhecimento de R2 (ensaio em curto) e Po
(ensaio a vazio).

Nota: Segundo a ABNT, o rendimento fornecido pelo fabricante deve-se referir


às condições nominais e ao fator de potência da carga de valor unitário.

O ensaio para a determinação do rendimento não é um ensaio de rotina, sendo


geralmente feito em protótipos quando do projeto do transformador.
Dependendo do resultado, efetuar-se-á uma alteração do projeto de modo a
elevar tal valor.

Na figura 2, tem-se um ábaco para o cálculo do rendimento de transformadores


em função do Po e Pj, para diversas correntes de carga.

158
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 11

Figura 2 - Ábaco para cálculo do rendimento de transformadores;

Como exemplo, apresenta-se o cálculo do rendimento para um transformador


que apresenta perdas nos enrolamentos da ordem de 1,5% da potência nominal e
perdas no núcleo da ordem de 0,45% da mesma potência nominal. Como
resultado, tem-se que, para a plena carga (4/4), o rendimento será de 98,1 %.

4.2 – CONDIÇÃO DE MÁXIMO RENDIMENTO

É natural, na operação com qualquer componente de um sistema, que o mesmo


apresente o maior rendimento para o ponto de funcionamento onde a máquina
ou o equipamento permanece por mais tempo. Assim, imaginamos um
transformador de potência que seria instalado, por exemplo, em sua subestação.
Devido a seu funcionamento quase que constantemente próximo da potência

159
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 12

nominal, o que o caracteriza como transformador de força, é interessante que o


máximo rendimento ocorra para tal potência que corresponde à corrente
fornecida próxima da nominal. Um outro caso a ser considerado seria o de um
transformador de distribuição para o qual o funcionamento em grande parte do
tempo se encontra em subcarga. Uma curva típica de operação de um
transformador de distribuição é ilustrada na figura 3.

Nota-se, pela figura 3, que o transformador fica na maior parte do tempo


alimentando uma carga correspondente a, por exemplo, metade de sua carga
nominal (I2n/2). Portanto, nesse caso, é mais interessante o funcionamento com o
máximo rendimento para I2 = I2n/2. Para se verificar como isso se processa,
consideremos os desenvolvimentos a seguir.

P [kW]

Pn

½ Pn

6 12 18 24
Hora do Dia

Figura 3 - Curva de carga de transformador de distribuição;

A equação do rendimento para uma corrente I2 qualquer é:

V2 I 2 cosψ C
η% = 100 (16)
V2 I 2 cosψ C + R2 I 22 + 1,2 PO

Para transformadores e sistemas bem projetados, embora haja variação de I2, V2


é praticamente constante e a carga alimentada tem um fator de potência com um

160
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 13

valor praticamente constante. Nessas condições, podem-se introduzir algumas


simplificações na expressão do rendimento e obter algumas importantes
conclusões.

Na expressão do rendimento, multiplicando-se e dividindo-se os termos


dependentes da corrente por I2n, tem-se:

V2 I 2 cosψ C (I 2 n / I 2 n )
η% = 100 (17)
V2 I 2 cosψ C (I 2 n / I 2 n ) + R2 I 22 (I 2 n / I 2 n ) + 1,2 PO

ou

V2 I 2 n cosψ C (I 2 / I 2 n )
η% = 100 (18)
V2 I 2 n cosψ C (I 2 / I 2 n ) + R2 I 22n (I 2 / I 2 n ) + 1,2 PO

Considerando o que já se referiu anteriormente para V2 e cosψc, pode-se


escrever:
V2 I 2 n cosψ C = P2 n que corresponde à potência nominal e terá um valor
praticamente constante.
R2 I 22n = Pjn - que corresponde às perdas no cobre (nominais) e

terá um valor constante.

Chamando:
I2
= fc (19)
I 2n

em que: fC é a fração de plena carga, tem-se:

161
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 14

f C P2 n
η% = 100 (20)
f C P2 n + f C2 Pjn + 1,2 P0

De uma forma geral, isto é, para qualquer fator de potência, tem-se:

f C S n cosψ C
η% = 100 (21)
f C S n cosψ C + f C2 Pjn + 1,2 P0

sendo:
Sn a potência aparente nominal do transformador.

De onde se encontra que, em (20), a única variável é fC. Derivando, portanto, a


expressão (20) em relação a fC e igualando a zero, obtém-se:

f C2 Pjn = 1,2 Po (22)

Na fase de projeto do transformador, deve-se estabelecer o valor de fC como


aproximadamente igual a 1 para os transformadores de força e 1/2 para os de
distribuição, resultando em um rendimento máximo para o transformador.

Caso sejam levantadas as curvas η% = f(fC), para transformadores típicos de


força e de distribuição, os resultados serão dos tipos mostrados na figura 4.

162
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 15

n% n%
n %MAX

¼ ½ ¾ 1 ¼ ½ ¾ 1

Figura 4 - Curvas rendimento x fC para transformadores: a) transformadores de


distribuição (até 500 kVA); e b) transformadores de força (acima de 500 kVA);

4.3 – REGULAÇÃO DE TENSÃO PARA TRANSFORMADORES

A regulação de tensão de uma máquina mede a variação de tensão em seus


terminais devido à passagem do regime a vazio para o regime em carga.

Para o caso específico de transformadores, a regulação mede a variação de


tensão nos terminais do secundário, quando a este se conecta uma carga.

Com o transformador a vazio, no secundário tem-se a tensão E2, que passa para
um valor V2 ao se ligar uma carga. Se a regulação é boa, esta variação será
pequena e vice-versa.

A Variação ∆V = E2 - V2 depende da carga que se coloca no secundário, e pode


ser: positiva, negativa ou nula, sendo que seu valor é influenciado por I2 e
cosψC.

Em geral, a regulação dos transformadores é definida para valor nominal da


corrente e fator de potência da carga aproximadamente unitário.

A regulação é dada relativamente a V2, e sua expressão em porcentagem é:

163
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 16

E2 − V2
Re g % = 100 (23)
V2

∆V
Re g % = 100 (24)
V2

Analisando a expressão anterior, conclui-se que um grande valor da regulação


significa grande diferença entre E2 e V2, ou seja, grande variação de tensão. Se,
ao contrário, o valor da regulação é pequeno, tem-se pequena variação de
tensão.

Na prática determina-se a regulação de transformadores, utilizando-se a


expressão 24.1.
Re g % = fc ⋅ R% ⋅ cos φ + fc ⋅ X % ⋅ sen φ (24.1)

Onde: fc: fator de carga;


R%: resistência percentual do transformador;
X% reatância percentual do transformador;
cosφ fator de potência da carga;

5 – PRINCÍPIOS CONSTRUTIVOS –
TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

Para a transformação de tensão nos sistemas trifásicos podem-se empregar três


transformadores monofásicos distintos e iguais. Os três enrolamentos primários
destes transformadores serão alimentados pela linha trifásica primária através de
agrupamento em estrela ou triângulo. Dos três enrolamentos secundários que são

164
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 17

também agrupados em estrela ou triângulo, sai a linha trifásica secundária. Os


agrupamentos mais comuns são:
Estrela - Estrela Y/Y
Estrela - Triângulo Y/∆
Triângulo - Triângulo ∆/∆
Triângulo - Estrela ∆/Y
Estrela - ZigZag Y/Zig-zag

Define-se como relação de transformação nos transformadores trifásicos à


relação entre as tensões de linha de primário e secundário, independentemente
do esquema de ligação acima. Neste caso, esta relação já não será a mesma entre
os números de espiras como nos transformadores monofásicos, já que esta
relação é a que existe entre as tensões em cada fase. Assim, na ligação Y-Y e na
ligação ∆/∆ elas serão iguais, mas nas ligações Y/∆ e ∆/Y a relação entre as
tensões de linha será:

V11 V1 f N
K= = 3 = 3 1 na ligação Y/∆, e;
V21 V2 f N2

V11 V1 f ⎛ 1 ⎞ N1
K= = =⎜ ⎟ na ligação ∆/Y.
V21 3V2 f ⎝ 3 ⎠ N 2

O emprego de bancos de transformadores monofásicos em sistemas trifásicos é


limitado a casos especiais, devido ao alto custo desta solução. Normalmente,
empregam-se transformadores trifásicos, que são obtidos do agrupamento sobre
um mesmo núcleo trifásico, dos 6 enrolamentos dos 3 transformadores
monofásicos. Existem dois tipos de montagem normais dos transformadores:
• Núcleo envolvido
• Núcleo envolvente

165
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 18

O núcleo envolvido tipo mais comum para os transformadores de distribuição ou


de força de potência mediana, possui as formas indicadas na figura 5:

Monofásico Trifásico
Figura 5- núcleo de transformadores;

A montagem do núcleo é feita normalmente, com chapas cortadas em 1 e


colocadas superpostas, de 2 a 5 chapas, com a seguinte ilustra a figura 6:

Figura 6 – Montagem de núcleos de transformadores trifásicos;

As seções das colunas são, normalmente dentadas - de 2 a 4 dentes por canto -


de forma a reduzir o perímetro do círculo envolvendo o núcleo e
consequentemente, reduzindo também, o comprimento das espiras dos
enrolamentos, tornando-os mais baratos. Além disso, as seções dentadas
proporcionam maior número de pontos de apoio para as bobinas, tornando-as
mais resistentes aos esforços de deformação que atuam nas mesmas em
situações de curto-circuito e/ou de sobrecargas rápidas.

O inconveniente das seções dentadas em relação às quadradas, é o aumento do


custo da mão de obra de corte das chapas do núcleo, pois passam a ter uma

166
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 19

maior variedade de formatos de chapas com conseqüente aumento do custo da


mão de obra de montagem.
Quadrada Dentada-2 dentes Dentada-3 dentes

4 pontos de apoio 8 pontos de apoio 12 pontos de apoio

Figura 7 – Comparação entre as seções quadradas e dentadas;

Os enrolamentos dos transformadores trifásicos são construídos de tal forma que


as bobinas de AT e BT de uma mesma fase são colocadas sobre uma mesma
coluna. Nos transformadores monofásicos, apesar de ser possível a colocação de
cada enrolamento em uma coluna, adota-se também a construção com os dois
enrolamentos sobre a mesma coluna, para reduzir-se o fluxo de dispersão e, em
conseqüência, melhorar o acoplamento magnético, com redução da reatância de
dispersão e melhoria da regulação. Existem dois tipos de construção, de
enrolamentos concêntricos e de bobinas alternadas. No 1 ° tipo, um dos
enrolamentos, geralmente o de BT, envolve o núcleo e é envolvido pelo de AT.
O de BT neste caso, é constituído de uma única bobina. Já o de AT, é formado
por várias bobinas, separado do de BT por material isolante em forma cilíndrica.

Coluna
AT BT

Figura 8- Disposição das bobinas da AT e BT;

167
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 20

O 2° tipo de bobinas concêntricas, tem o enrolamento de BT também dividido


em várias bobinas da mesma forma que o de AT, que são dispostas na coluna,
alternadamente, uma bobina de AT e seguida de outra de BT.

Os condutores dos enrolamentos de BT, são normalmente de seção retangular, já


que possuem seção grande (>10mm2). Os condutores do enrolamento de AT, por
serem de seção menor, são normalmente circulares.

6 – PARALELISMO DE TRANSFORMADORES

Sem dúvida, uma das mais importantes operações com transformadores é a


ligação de várias unidades em paralelo, de tal modo a ser conseguida uma maior
confiabilidade e continuidade no fornecimento de energia, ou mesmo uma maior
potência para um sistema elétrico. Para que o propósito seja atingido
corretamente, certas precauções devem ser tomadas, e serão o objetivo desta
análise.

Entre as vantagens citadas do uso em paralelo de transformadores destaca-se,


como se disse, a obtenção de uma certa potência que, talvez, não pudesse ser
conseguida com um único transformador de potência normalizada. Uma outra
grande vantagem da ligação em paralelo de transformadores pode ser
evidenciada pelo diagrama unifilar de uma subestação alimentadora mostrado na
Fig. 9 .

168
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 21

ENTRADA

1 3

2 4

CARGA

Figura 9 - Subestação industrial típica com transformadores em paralelo

Nota-se que, no caso de defeito do transformador 1, ou mesmo para sua


manutenção, pode-se atuar nos disjuntores 1 e 2, retirando o citado
transformador de serviço, e mantendo a alimentação da carga pelo
transformador 2. Nota-se que há um aumento da confiabilidade do sistema em
termos de fornecimento de energia, o que foi conseguido pelo uso dos dois
transformadores operando em paralelo.

De modo geral, para que dois ou mais transformadores sejam colocados em


paralelo, eles devem satisfazer a uma série de condições que serão especificadas.
Duas essenciais, indicadas por (F), e duas de otimização, indicadas por (O). O
estudo será realizado para o caso mais simples (dois transformadores), podendo
os resultados serem estendidos a todos os casos.

169
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 22

6.1 - MESMA RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO, OU VALORES


MUITO PRÓXIMOS (F)

Como as tensões entre fases para a alimentação são as mesmas, quer para o
transformador 1, quer para o 2, conforme a figura10 , para que os mesmos
possam ser ligados em paralelo a primeira condição estabelece que as leituras
nos voltímetros indicados sejam as mesmas ou aproximadamente iguais.

H1 H2 H1 H2

X1 X2 X1 X2

Figura 10 - Verificação da relação de transformação;


Vejamos o caso de transformadores monofásicos que não satisfaçam a tal
condição, ou seja, as relações de transformação são diferentes ( K 1 ≠ K 2 ). A
análise é feita com base na Fig. 11.

E1 E1
T1 T2
E´2 E”2

Icirc

Icirc

Figura 11 - Circuito interno formado pelos enrolamentos dos transformadores;

170
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 23

Observa-se pela Fig.11 que, sendo as tensões do primário as mesmas, caso haja
diferença na relação de transformação, poder-se-á ter, por exemplo, E′2 > E′2′ ,
ou seja, K 2 > K1.

Considerando o funcionamento a vazio, pode-se traçar o diagrama fasorial da


Fig. 12 aplicado ao circuito interno formado pelos dois secundários. Deve-se
atentar para o fato de que as fems estão em oposição à referida malha.

∆E2

E”2 ϕ E´2

Icirc

Figura 12 - Diagrama fasorial para o circuito formado durante o funcionamento a vazio;

Na Fig. 12, tem-se:


E& ′2 - fem induzida no secundário do transformador T1 .
E′2′ - fem induzida no secundário do transformador T2 .
. ∆E& 2 = E& 2′ − E& 2′′ - fem resultante para a malha formada.

Icirc - corrente de circulação que se estabelece na malha

formada pelos secundários devido a ∆E& 2 .

Deve-se considerar que, neste estudo, admitem-se os dois transformadores com


impedância do mesmo valor, o que permite somar as impedâncias na forma
algébrica. Admite-se também que os transformadores estão ligados de forma
correta, e, conseqüentemente, o único problema se refere à relação de
transformação.

171
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 24

Dessa forma, prova-se que a equação 25 fornece o módulo da corrente de


circulação:
∆K %.100
I CIRC % = (25)
Z ′% + Z ′′%.( S n′ / Sn′′ )

Onde:
K 2 − K1
.100 = ∆K % (26)
K

K = K 1.K 2 (27)

∆K % : Variação percentual das relações de transformação;


k: Relação de transformação média;
k1: Relação de transformação do transformador 1;
k2: Relação de transformação do transformador 2;
Z ′% : Impedância percentual do transformador 1;

Z ′'% : Impedância percentual do transformador 2;

S n′ : Potência aparente nominal do transformador 1;


S n′′ : Potência aparente nominal do transformador 2;

Esta corrente de circulação não tem nenhuma utilidade e é responsável por um


sobreaquecimento do transformador, pois, circulando pelas resistências R′2 e
R′2′ , dissipam potências pelo efeito Joule. Assim, recomenda-se uma certa
percentagem máxima da citada corrente, expressa em função da diferença de
tensões, admitida no máximo igual a 0,5% da tensão nominal do enrolamento
correspondente.

A operação em paralelo de transformadores que possuam relações de


transformação diferentes, funcionando a vazio, conduz a uma tensão no

172
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 25

barramento, possuindo um valor intermediário entre E′2 e E′2′ , portanto menor


que a fem de um dos transformadores e maior que a do outro.

6.2 – MESMO GRUPO DE DEFASAMENTO (F)

Quando dois transformadores são colocados em paralelo, é essencial que, para a


malha interna formada pelos secundários, tenha-se a fem resultante nula. Para
tal, deve-se ter E′2 = E′2′ e as duas tensões em oposição, conforme se ilustra na
Fig. 13.

E”2 E´2

Figura 13 - Composição fasorial desejada para as fems, como ela ë vista


pela malha interna secundária formada pelos transformadores;

O problema da igualdade dos módulos foi devidamente analisado. Façamos


agora algumas considerações a respeito da oposição entre os fasores
representativos das fems.

Desejando-se conectar transformadores monofásicos em paralelo, o intento será


alcançado curto-circuitando os bornes de mesmos índices, com o que se espera
obter uma fem resultante nula para a malha interna formada pelos secundários.
Para a verificação desta condição, sejam os exemplos a seguir de conexão em
paralelo de dois transformadores, em que foram usadas as duas representações
para a polaridade, como se discutiu no capítulo anterior.

173
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 26

a) T1 e T2 subtrativos

Representando os transformadores como sendo vistos pela parte superior, tem-se


o arranjo ilustrado na Fig. 14.

T1 T2 T1 T2

H1 H2 H1 H2 H1 H2 H1 H2
O
O OO
X1 X2 X1 X2 X1 X2 X1 X2
E´2 E”2 E´2 E”2

Malha Interna

Figura 14 - Paralelismo de dois transformadores monofásicos subtrativos;

Na figura acima, não houve preocupação com as ligações da TS, visto que as
mesmas consistem simplesmente em unir também terminais de mesmo índice.
Sabendo-se que os sentidos das fems obedecem à ordem dos índices, podem-se
marcar ainda na Fig. 14 os sentidos para E′2 e E′2′ . Em conseqüência das
ligações realizadas, tem-se formado um circuito interno pelos dois secundários;
circuito este constituído de uma baixa impedância; portanto, se para esta malha
as tensões E′2 e E′2′ se somarem, haverá uma elevada corrente de circulação
correspondendo a uma corrente de curto-circuito. De modo a evitar tal
problema, conforme se pode constatar pela figura, basta que sejam conectados
os bornes de mesmo índice; e assim, para a malha interna, ter-se-á uma fem
resultante igual a zero.

174
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 27

b) T1 subtrativo e T2 aditivo
Neste caso, a representação seria a indicada na Fig. 15.

T1 T2 T1 T2

H1 H2 H1 H2 H1 H2 H1 H2
O O
O 180
X1 X2 X1 X2 X1 X2 X1 X2
E´2 E”2 E´2 E”2

a) 1a notação (comum) b) 2a notação

Figura 15 - Paralelismo de dois transformadores monofásicos: T1 subtrativo; e T2 aditivo;

No caso da 1a notação, o problema já foi devidamente analisado (ligar terminais


de mesmo índice), entretanto, à 2a notação, caberia um rápido comentário.

Quando o terminal X1 de T1 foi conectado com X 2 de T2 , o objetivo era


procurar os terminais correspondentes dos dois transformadores, de tal modo
que a fem resultante na conhecida malha interna fosse nula. Efetuando essa
operação, X1 estará ao mesmo potencial de X 2 , portanto este fato leva a uma
mudança dos índices do transformador aditivo. Alterando-se a marcação das
buchas de T2 , estar-se-ia transformando-o de 180° para 0° e, assim, X1 de T1
corresponderia a X1 de T2 , o mesmo ocorrendo com os X 2 . Deste modo,
constata-se que transformadores de mesmo tipo, porém de polaridades opostas,
podem operar em paralelo desde que sejam procurados os terminais
correspondentes.

175
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 28

Tal como foi abordado para monofásicos, ao se desejar colocar dois


transformadores trifásicos em paralelo, se o problema se resumir na ligação de
dois transformadores, sendo um 30° e outro 210°, concluir-se-á que é desejada a
operação de dois transformadores: um subtrativo e um aditivo, pertencentes a
um mesmo grupo. Neste caso, assim como no dos monofásicos, deve-se pela
mudança dos terminais de um deles - mudanças estas que poderão ser efetuadas
na TS ou na TI, ou em ambas -, transformar o angulo de 210° em 30°. Isto é
possível, como se observou no capítulo anterior.

Colocando em paralelo dois transformadores com um mesmo defasamento,


unindo os terminais X1 , X 2 e X3 , têm-se as tensões entre fases em oposição
correspondendo exatamente ao problema analisado. Este fato permite a ligação
em paralelo, pois, para as malhas internas formadas, as fems resultantes terão
valor nulo.

No caso de transformadores pertencentes a grupos diferentes, sem alterar as


ligações internas do transformador (transformando, por exemplo, uma estrela
em um triângulo), eles jamais poderiam ser operados em paralelo, pois não
haveria possibilidade da transformação para um mesmo defasamento. Caso fosse
tentada a ligação, na melhor condição ter-se-ia um defasamento entre os dois
secundários de no mínimo 30°, originando uma fem resultante, conforme se
indica na Fig. 16.

176
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 29

E2 α/2

f.e.m. resultante =
∆E2

α=30o

E2

Figura 16 – Fem resultante da tentativa de ligação em paralelo


de transformadores de grupos diferentes;

6.3 – MESMA IMPEDÃNCIA PERCENTUAL (Z%) OU MESMA


TENSÃO DE CURTO-CIRCUITO OU VALORES PRÓXIMOS (O)

Estando os secundários ligados em paralelo, verifica-se que a vazio, pela


primeira condição, deve-se ter E ′2 = E ′2′ . Nesta situação, nenhuma corrente de
circulação existirá e o conjunto estará operando em vazio. Colocando-se desse
modo um voltímetro entre os terminais do secundário de cada um, têm-se as
fems E ′2′ e E1′ , como mostra a Fig. 17.

T1 T2
a´ b´
a" b”

Figura 17 - Efeito das impedâncias dos transformadores na distribuição da carga;

177
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 30

Quando uma carga for conectada e alimentada por uma corrente I 2 , esta
corrente será distribuída entre os dois transformadores. Nota-se então que,
circulando uma corrente por um transformador, que como elemento de circuito
nada mais é que uma impedância, haverá uma queda de tensão interna, de tal
modo que as tensões terminais resultantes indicadas pelos voltímetros seriam
V2′ = V2′′ = V2 , ou seja, como E ′2 era igual a E ′2′ , ocorreu nos transformadores

uma mesma queda ∆V2′ = ∆V2′′ . Como já se referiu, essas quedas corresponderiam
ao produto de uma impedância pela correspondente corrente. Os módulos dessas
quedas de tensão são expressos por:

∆V2′ = Z′2 .I ′2 (28)

∆V2′′ = Z ′2′ .I ′2′ (29)

Como ∆V2′ = ∆V2′′ , tem-se:


I ′2 Z′2′
= (30)
I ′2′ Z′2

Já que a tensão é única ( V2 ) e como S = VI , a equação anterior pode também ser


representada por:
S′% Z′′%
= (31)
S′′% Z′%

em que: S′% é a potência que o transformador T1 fornece em porcentagem de


sua potência nominal; e S′′% , idem, para o transformador T2 .

178
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 31

Desta expressão, observa-se que as potências entre os transformadores se


distribuem de maneira inversamente proporcional às correspondentes
impedâncias percentuais.

Deve-se considerar que a condição analisada corresponde a um problema de


otimização, não constituindo um item obrigatório a ser obedecido. Este fato leva
à conclusão da possibilidade do paralelismo de transformadores mesmo com
diferentes impedâncias percentuais, com a ressalva apresentada pela equação da
distribuição de potências.

Um outro ponto a ser levantado é que o estudo foi realizado tendo em vista os
módulos das impedâncias; no próximo item analisar-se-á o efeito dos
correspondentes argumentos.

6.4 – MESMA RELAÇÃO ENTRE REATÂNCIA E


RESISTÊNCIA EQUIVALENTE (O)

Supondo que dois transformadores obedeçam a todas as condições impostas


( E ′2 = E ′2′ e Z′2 = Z′2′ - em módulos), pode-se ainda analisar se os argumentos das
referidas impedâncias podem ou não influenciar a operação em paralelo. Isso,
em outras palavras, vem a ser a consideração da influência do ângulo dado pela
relação entre a reatância e a resistência expressas em ohms ou em valores
percentuais.

O assunto pode ser facilmente desenvolvido com base na Fig. 18, mostrando o
circuito equivalente de dois transformadores em paralelo. Observa-se que o
circuito é constituído de duas impedâncias conectadas da mesma forma como os

179
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 32

transformadores estão ligados - índices 2 indicam que o sistema foi referido ao


secundário.

Z´2 I´2

I2
Carga

Z”2 I”2

Figura 18 - Circuito elétrico equivalente à associação dos transformadores;

As impedâncias Z′2 e Z′2′ , embora tenham o mesmo módulo, podem apresentar


os ângulos internos com valores diferentes, o que seria verdadeiro, caso as
relações X ′2 R ′2 e X ′2′ R ′2′ não fossem iguais.

Z´2
Z”2
Z´2=Z”2 → Módulos

ϕ´j ≠ϕ”j → Argumentos


X´2
ϕ´j X”2
R´2
ϕ”j R”2

Figura 19 - Transformadores com diferentes ângulos internos;

Pode-se provar que:

&I ′
2
= e j∆ψ .i (32)
&I ′′
2

Donde se conclui que:

180
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 33

Caso se tenha Z′2 = Z′2′ (módulos), as correntes se distribuirão com mesmos


módulos; entretanto, se os ângulos internos forem diferentes, as mesmas não
estarão em fase.

Como as tensões nos terminais dos trafos são as mesmas ( V& 2′ = V& 2′′ = V& 2 ), as
correspondentes potências aparentes seriam dadas por:
S& ′ = V
& .&I ′ *
2 2 (33)

S& ′′ = V
& .I ′′ *
2 2 (34)

Nas quais o símbolo (*) representa o conjugado da corrente.

A potência aparente total fornecida pelo conjunto será:


S& = S& ′ + S& ′′ (35)

Se existir o defasamento ∆ψ i entre as duas correntes, então esta diferença se


manifestará também nas potências. Em conseqüência, a soma anterior poderia
ser representada pela Fig. 20.

∆ϕj S”


S

Figura 20 – Potência aparente total;

181
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 34

Assim verifica-se que, com os mesmos dois transformadores, com ∆ψ i = 0 (isto


é, R ′2 X ′2 = R ′2′ X ′2′ ), tem-se o valor máximo de potência aparente disponível,
pois a soma vetorial se resume à soma aritmética ( S = S′ + S′′ ).

Conclui-se finalmente, que a condição de mesma relação entrem as reatâncias e


resistências é um problema de otimização do conjunto, pois, neste caso, ter-se-á
a maior potência aparente que se poderá extrair do sistema.

Exercício de Aplicação 1:

Considere T1 e T2 – dados a seguir – operando em paralelo e alimentando uma


carga de 720 kVA. Qual a contribuição de cada uma deles?
T1: SN=500 [kVA]
UN=13,8[kV]/380[V]
Z% = 4,5%

T2: SN=300 [kVA]


UN=13,8[kV]/380[V]
Z% = 4,5%
Solução:
Sabe-se que:
S1 Z 2 S 0,045
= ⇒ 1 = ⇒
S2 Z1 S2 0,045

S1 S
S1 = S2 ⇒ = 2 ⇒
S1N S 2 N

S 500
S1 = 1N .S 2 ⇒ S1 = .S 2 ⇒
S2N 300
S1 = 1,667.S 2 (1)
Por outro lado:

182
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 35

S1 + S 2 = 720 (2)
Levando (1) em (2). Tem-se:
1,667.S 2 + S 2 = 720 ⇒ 2,667.S 2 = 720 ⇒

S 2 = 270[kVA]

Logo:
S1 = 450[kVA]

O que está perfeitamente de acordo com a teoria, pois como a carga – 720 kVA
– solicita 90% da potência disponível – 800 kVA -, e como as impedâncias são
iguais, os transformadores estão igualmente carregados: 270 [kVA] = 90%. 300
[kVA] e 450 [kVA] = 90%. 500 [kVA].

Exemplo de Aplicação 2:

Considere T3 e T4 – dados a seguir – operando em paralelo e alimentando:


a) carga de 11250 kVA
b) carga de 12500 kVA
Qual a contribuição de cada um deles em cada um dos casos?

T3: SN = 7500 [kVA]


Z% = 5,84%
T4: SN = 5000 [kVA]
Z% = 5,62%

Solução:
Caso a:

Sabe-se que:

183
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 36

S1 Z 2 S 0,0562
= ⇒ 1 = ⇒
S2 Z1 S2 0,0584

S1 S
= 0,9623. 2 ⇒
S1N S2N

S 7500
S1 = 0,9623. 1N .S 2 = 0,9623. .S 2 ⇒
S2N 5000

S1 = 1,4435.S 2 (3)

Por outro lado:

S1 + S 2 = 11250 (4)

Levando (3) em (4). vem:

1,4435.S 2 + S 2 = 11250 ⇒

S 2 = 4604[kVA]

S1 = 6646[kVA]

e ainda:
6646
S1 % = .100 ⇒ S1 % = 88,6%
7500

4604
S2 % = .100 ⇒ S 2 % = 92,1%
5000

Caso b
S1 + S 2 = 12500

184
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 37

Levando (3) em (4). vem:

1,4435.S 2 + S 2 = 12500 ⇒

S 2 = 5116[kVA]

S1 = 7384[kVA]

e ainda:
7384
S1 % = .100 ⇒ S1 % = 98,45%
7500

5116
S2 % = .100 ⇒ S 2 % = 102,32%
5000

Os caso a e b mostram que devido à diferença de impedâncias não houve


distribuição eqüanime entre as potências (88,6%; 92,1% e 98,45%; 102,32%) e
que no caso de carga menor que a nominal – caso a - pode não haver
sobrecarga, dissimulando o problema que aparecerá, sem dúvida, no caso de
carga nominal – caso b.

7 – PERDA DE VIDA ÚTIL EM TRANSFORMADORES

As falhas nos transformadores geralmente estão associadas a problemas na


isolação do equipamento. Quanto maior a temperatura a que a isolação estiver
submetida, maior será a sua deterioração. Portanto, o carregamento de um
transformador está diretamente ligado à sua temperatura de operação, que, por
sua vez, influi sobre a expectativa de vida útil do transformador.

185
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 38

Assim, decisões inteligentes de carregamento de transformadores podem ser


tomadas no sentido de se admitirem sobrecargas em certos períodos do ciclo de
carga, sem sacrificar a sua vida útil ao longo do dia. Isto vai ao encontro da
tendência verificada atualmente no sistema elétrico brasileiro, de racionalização
do uso de energia.
Baseado na NBR 5416/1991 – “Aplicação de cargas em transformadores de
potência”, da ABNT, propõe-se uma técnica de carregamento que consiste,
basicamente, em determinar a máxima ponta de carga que pode ser suprida pelo
transformador durante um determinado tempo sem que haja um acréscimo de
perda de vida útil em relação à condição nominal.

Analisa-se o critério de carregamento em condições de operação do


transformador suprindo apenas cargas lineares (sem distorções de tensão ou
corrente).

a) Carregamento de transformadores suprindo cargas lineares


a1) Comportamento térmico:
As condições de sobrecarga em um transformador são governadas pela
temperatura ambiente e pela temperatura do ponto mais quente do enrolamento.
A NBR 5416, que fornece os procedimentos para carregamento de
transformadores de potência imersos em óleo isolante para potências nominais
trifásicas até 100 MVA, aplica-se a dois tipos de transformadores, a saber:
• Transformadores de 55oC – transformadores com elevação média de
temperatura dos enrolamentos, acima da temperatura ambiente, não superior
a 55oC, e elevação de temperatura do ponto mais quente do enrolamento,
acima da temperatura ambiente, não superior a 65oC;
• Transformadores de 65oC – transformadores com elevação média de
temperatura dos enrolamentos, acima da temperatura ambiente, não superior

186
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 39

a 65oC, e elevação de temperatura do ponto mais quente do enrolamento,


acima da temperatura ambiente, não superior a 80oC.

A equação de Arrhenius expressa pela 36, estabelece a perda da vida útil do


transformador em função da sua temperatura de ponto mais quente.

⎡ 6972 ,15 ⎤
−⎢ +A⎥
⎣ 273 + θ e
PV = 10 ⎦
.100.t (36)
onde:
PV% = perda de vida útil percentual em relação à expectativa normal;
θe = temperatura do ponto mais quente do enrolamento, em oC;
t = tempo em horas;
A = -13,391 para transformadores de 65oC e –14,133 para transformadores de
55oC.

Da expressão (36) é possível traçar curvas correlacionando a temperatura do


ponto mais quente do enrolamento com a expectativa de vida útil do
transformador de acordo com a figura 21, para transformadores de 65oC e de
55oC.

187
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 40

Vida (horas)
6
10

o
65 C o
10
5 55 C

4
10

3
10

2
10
300 240 180 160 110 95 80 40
o
Temperatura do ponto mais quente, em C

Figura 21- Curvas de expectativa de vida útil do transformador;

Da figura 21 conclui-se que, para um transformador de 65oC operando com a


temperatura do ponto mais quente do enrolamento (θe) igual a 100oC, a
expectativa de vida útil será equivalente a 110 mil horas.
A elevação de temperatura do topo do óleo sobre a temperatura ambiente e a
elevação da temperatura do ponto mais quente sobre a temperatura do topo do
óleo são dadas pelas equações (37) e (38), respectivamente.

( )
∆θ0 = (∆θ0 f − ∆θ0i ). 1 − e − t / To + ∆θ0i (37)

( )
∆θe = (∆θef − ∆θei ). 1 − e − t / Te + ∆θei (38)

onde:

188
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 41

∆θof e ∆θef = elevação final de temperatura do topo do óleo sobre a temperatura


ambiente e elevação final de temperatura do ponto mais quente sobre a
temperatura do topo do óleo, respectivamente (oC);
∆θoi e ∆θei = elevação inicial de temperatura do topo do óleo sobre a temperatura
ambiente e elevação inicial de temperatura do ponto mais quente sobre a
temperatura do topo do óleo, respectivamente (oC);
To e Te = constantes de tempo do óleo e do enrolamento, respectivamente
(horas).

A figura 22 mostra, a título de ilustração, os perfis de temperaturas do


transformador submetido a um ciclo de carga retangular.
S
Sp

Si Si

Tempo
∆θe + ∆θo

Tempo
∆θe

∆θei

Tempo
∆θe

∆θo i

Tempo
a) Ciclo de carga co m dois níveis de carregamento
b) Elevação de temperatura do ponto mais quente do enrolamento sobre a amb iente
c) Elevação de temperatura do ponto mais quente do enrolamento sobre a
temperatura do topo do óleo
d) Elevação de temperatura do ponto mais quente do topo do óleo sobre a amb iente

Figura 22 – Perfis de temperaturas do transformador submetido


a um ciclo de carga retangular;

189
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 42

A temperatura do ponto mais quente do enrolamento é:

θe = ∆θo + ∆θe + θa (39)

onde θa é a temperatura ambiente.

Partindo-se de um ciclo de carga retangular, com dois níveis de carga, é possível


determinar o máximo pico de carga que um transformador poderá suprir em
condições senoidais, sem que haja perda de vida útil em excesso. Geralmente,
torna-se necessária a determinação de um ciclo de carga equivalente a partir de
um ciclo real. A figura 23 mostra um ciclo de carga real (linha contínua) e a sua
correspondente representação em termos de ciclo de carga equivalente (linha
tracejada).
Carga em porcentagem da
nominal
150
Ponta de carga

100
Carga inicial

50
1 hora
Carga real

0
24 6 12 18 24 horas

Figura 23 – Ciclos de carga real e equivalente típicos de um transformador;

A carga equivalente, do ponto de vista de temperatura, produzirá as mesmas


perdas que as causadas pela carga real. A carga básica equivalente corresponde
ao valor médio quadrático obtido para os períodos anterior e posterior ao pico de
carga e a carga de ponta equivalente é o valor médio quadrático para o período
sobre o qual a maior parte da ponta parece existir.

190
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 43

É importante que, ao dividir o ciclo de carga em períodos distintos, não se


cometa o erro de fazer o equivalente de carga correspondente a períodos que não
apresentem características de carregamentos uniformes, correndo-se o risco de
subestimar a expectativa de perda de vida útil do transformador.
O método para determinação da máxima ponta de carga do transformador
consiste basicamente em dividir o ciclo diário de 24 horas em intervalos de
pequena duração e, ao fim de cada intervalo, calcular a temperatura do ponto
mais quente do enrolamento e a perda de vida útil do transformador por meio
das expressões (36) a (39).
A temperatura do ponto mais quente do enrolamento é suposta constante ao
longo do intervalo e igual ao valor final do mesmo, enquanto a perda de vida
total ao longo do ciclo diário de 24 horas será a soma das perdas de vida útil
calculadas para cada intervalo de tempo.
A metodologia determina que essa perda de vida útil total ao longo do dia não
pode ultrapassar a perda de vida normal do transformador. Por exemplo, para
um transformador de 65oC, a elevação de temperatura do ponto mais quente
acima da ambiente em condições nominais de operação é de 80oC. Portanto,
para determinar a sua perda de vida útil diária normal, considerando-se a
temperatura ambiente de 30oC, basta substituir o valor da temperatura do ponto
mais quente do enrolamento (80oC + 30oC) na equação (36), obtendo-se o
seguinte resultado:
⎡ 6972 ,15 ⎤
−⎢ −13, 391⎥
⎣ 273 + 30 + 80
PV % = 10 .100.24 = 0,03691%

A maior ponta de carga permissível é obtida através de um processo iterativo.


A primeira tentativa consiste em considerar a ponta de carga como sendo a carga
inicial. Usando este valor de ponta de carga, calculam-se os valores de elevação
de temperatura para cada intervalo de tempo dentro do período de 24 horas,
calculando-se, ao final do período, a perda de vida útil total, que é o somatório
das perdas de vida de cada intervalo de tempo. A seguir, compara-se o valor

191
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 44

calculado com o valor predeterminado como sendo a perda de vida normal diária
do transformador. Caso o valor calculado de porcentagem de perda de vida
ultrapasse a tolerância especificada (±4% do valor de perda de vida normal
desejado), o valor da ponta é recalculado. Se a perda de vida calculada for maior
que a desejada, a ponta de carga será reduzida e o seu novo valor será a média
entre o valor atual da ponta de carga e o valor mínimo da ponta de carga da
iteração anterior. Se a perda de vida calculada for menor que a desejada, a ponta
de carga será aumentada, e o seu novo valor será a média entre o valor atual da
ponta de carga e o valor máximo da ponta de carga da iteração anterior.
Repete-se o processo iterativo até que o valor calculado da porcentagem de
perda de vida chegue ao limite da tolerância especificada. O fluxograma
simplificado do processo é mostrado na figura 24.

Dados de entrada

Inicialização
Smáx = 200%
Smin = 0

Cálculo da carga máxima


A de ponta
Sp = (Smáx + Smin)/2

Cálculo das temperaturas e


da perda de vida total

≤ 0,04 Imprimir resultados


Sp, θe
(PVc-PV)/PV

Não Sim
Smin = Sp (PVc-PV)>0 Smáx = Sp

A
A

Figura 24 – Fluxograma simplificado do processo de cálculo;

192
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 45

a2) Resultados obtidos a partir de um exemplo


Admita-se que se deseja determinar a máxima ponta de carga a que um
transformador, com as características nominais mostradas na tabela I, poderá
estar submetido, considerando-se a ponta de carga com duração de quatro horas
e que a carga no período fora da ponta seja de 70% da nominal.

Tabela I – Principais características de um transformador de 65oC sob carga nominal


Elevação de temperatura do ponto mais quente acima da temperatura ambiente (∆θem + ∆θom ) . 80oC
Elevação de temperatura do topo do óleo acima da temperatura ambiente (∆θom ) 55oC
Constante de tempo do óleo (To) 3h
Constante de tempo do ponto mais quente (Te) 0,08 h
Relação entre perdas no cobre e as perdas no ferro (R) 3,2

Além dos dados da tabela I, informações adicionais de entrada a um programa


computacional, como as mostradas na tabela II, são necessárias para o
desenvolvimento do processo de cálculo.

Tabela II – Dados adicionais de entrada ao programa operacional


Carga inicial do ciclo de carga (Si) 70%
Tempo de duração da ponta de carga (tp) 4h
Temperatura ambiente (ta) 30oC
Perda de vida útil diária normal (PV) 0,03691%

Assim, utilizando-se os dados das tabelas I e II e com auxílio de um programa


computacional, obtêm-se os valores máximos de temperatura no transformador e
a máxima ponta de carga permissível. Os resultados obtidos estão na tabela III.

Tabela III – Valores máximos de temperatura e carregamento obtidos do programa


computacional
Máxima ponta de carga permissível 130%
Máxima elevação de temperatura do topo do óleo sobre a temperatura ambiente 66oC
Máxima elevação de temperatura do ponto mais quente sobre a do topo do óleo 38oC
Temperatura do ponto mais quente do enrolamento 134oC

193
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 46

Portanto, por essa tabela III, conclui-se que um transformador típico de 65oC e
resfriamento ONAN, operando com uma carga de 70% da nominal fora de
ponta, poderá estar submetido a um carregamento de 130% da carga nominal
durante o período de quatro horas de duração da ponta quando estiver suprindo
cargas lineares. A temperatura do ponto mais quente será de 134oC,
considerando-se a temperatura ambiente de 30oC. Nessas condições, a vida útil
diária do transformador não estará sendo alterada em função do seu
carregamento. A figura 25 mostra os perfis de temperatura conforme o ciclo de
carga, obtidos pelo programa.

o
C 140
130% 134oC

120

100
Temperatura do ponto mais
quente do enrolamento
80

Ciclo de carga 70%


60

Elevação da temperatura do topo do óleo


40 sobre a temperatura ambiente

Elevação da temperatura do ponto mais


20
quente sobre a do topo do óleo

0
0 5 10 15 20 25
Tempo (horas)

Figura 25 – Curvas de temperatura do transformador suprindo carga linear;

8 – QUADRO COMPARATIVO

A título de informação, mostra-se no quadro resumo 1, um estudo comparativo


de algumas características dos transformadores de força exigidas pelas
principais concessionárias de energia elétrica.

194
CAPÍTULO 6 – TRANSFORMADORES 47

Quadro Resumo 1 – Estudo comparativo das exigências das concessionárias quanto aos
transformadores.
TRANSFORMADORES DE FORÇA
Existe ficha
técnica?
Enrolamento primário: (triângulo)
Enrolamento secundário: (Estrela ou ZIG – ZAG) com neutro acessível.
CERJ Não
Comutador de tensão obrigatório com tensão (2x) +- 2,5%.
Regulação automática a critério do consumidor.
Enrolamento primário: (triângulo)
Enrolamento secundário: estrela eficazmente aterrado.
A potência e o número de unidades são função da capacidade prevista para
CPFL Não
subestação.
TAP’s sugeridos para comutação sem carga: 144,900 – 141,450 – 138,0 –
134,550 – 131,100 – 127,650 – 124,200 kV
CELESC Não há especificação na norma. Não
Padrão ELETROPAULO: Enrolamento primário (triângulo) – religável, nas
seguintes faixas:
76 a 92 kV para 88 kV
ELETROPAULO Não
119 a 144 kV para 138 kV
Regulação de tensão a critério do consumidor – Automática ou Manual tanto
na alta quanto na baixa tensão.
Enrolamento primário: (triângulo)
Enrolamento secundário: estrela com neutro aterrado via resistor de
CEMIG aterramento. Não
Regulação de tensão a critério do consumidor – Automática ou Manual tanto
na alta quanto na baixa tensão.
Enrolamento primário: (triângulo)
Enrolamento secundário: (Estrela ou ZIG – ZAG) com neutro solidamente
aterrado.
CELPE Aceita-se aterramento por resistor (adotado pela SCHNEIDER em LANESA) Não
Para regulação automática em carga recomenda-se 66 kV +- 10%.
Para regulação em vazio, recomenda-se:
67,65 / 66 / 64,35 /62,75 / 61,05 / 59,40 kV.
Enrolamento primário: (triângulo)
Enrolamento secundário: Estrela com neutro acessível.
COELCE Sugestões de derivações no enrolamento de tensão superior sem carga e sem sim
tensão 70950 / 69300 / 67650 / 66000 / 64350 volts.
Comutação automática: 66000 +- 8 x 1,25% volts.

195
CAPÍTULO 7

TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL

196
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 2

TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL

1 - INTRODUÇÃO

Os dispositivos de proteção ou medição precisam receber informações sobre as


grandezas elétricas dos equipamentos a serem protegidos. Por razões técnicas,
econômicas e de segurança, estas variáveis não podem ser obtidas diretamente
na alimentação de alta tensão, é preciso utilizar dispositivos intermediários, tais
como:
• Transformadores de tensão (TP),
• Transformadores de corrente (TC),
• Sensores toroidais (TC “janela”) para medir correntes homopolares.

2 - TRANSFORMADORES DE CORRENTE (TC'S)

Os TC’s destinam-se a evitar a conexão direta de instrumentos de medição e


proteção nos circuitos de corrente alternada de alta tensão. Permite, desta forma,
isolar o circuito de alta tensão dos instrumentos de medição e proteção, bem
como adaptar a grandeza a medir, no caso a corrente, em uma proporção
conhecida e de modo a assegurar uma medição mais favorável e segura.

A figura 1 representa, esquematicamente, o TC e as grandezas associadas, as


quais serão definidas ao longo deste capítulo.

197
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 3

N1
I1

TC

N2
I2

Z’

Figura 1 – Esquema elétrico de um T.C;

O TC tem N1 < N2, resultando no secundário uma corrente I2 < I1.

Os TC’s tem geralmente poucas espiras no primário, e dependendo do valor da


corrente primária, este pode ter apenas uma espira, constituída por uma barra
colocada em série no circuito.

Uma primeira observação essencial é que a corrente I1 (corrente no enrolamento


primário) é definida pelo circuito externo, pela carga Z, e portanto não depende
da carga Z’ do(s) instrumento(s) ligado(s) no secundário do TC. Como são
empregados para alimentar instrumentos de baixa impedância (amperímetros,
bobinas de corrente de wattímetro, de medidores de watt-hora e bobinas de
corrente de diversos relés), diz-se que são transformadores que funcionam com o
secundário quase em curto circuito permitindo a circulação de uma corrente
secundária proporcional à primária em módulo e com a menor defasagem
angular possível entre ambas.

198
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 4

O equilíbrio de funcionamento do transformador de corrente é mostrado pela


equação:
→ → →
N1 I 1 + N 2 I 2 = N1 I 0 (1)

Ou seja, as forças magnetomotrizes (f.m.m) produzidas nos enrolamentos


primários (N1*I1) e secundários (N2*I2) fornecem como resultado a força
magnetomotriz de magnetização (N1*I0).

A equação 1 nos mostra que, se por um motivo qualquer, o enrolamento


secundário ficar aberto, obviamente a corrente secundária será zero, logo, toda
f.m.m. produzida pela corrente primária I1 irá se converter em f.m.m. de
magnetização. Isto causará a saturação do núcleo de ferro aumentando em
consequência, as perdas a um valor elevadíssimo, devido ao alto valor da
indução. Isto provoca um aquecimento excessivo. Além do problema citado, a
elevada tensão induzida no circuito secundário, coloca em risco os instrumentos
e principalmente vidas humanas.

Por esta razão, os transformadores de corrente devem ter sempre o seu


secundário fechado. Os enrolamentos não utilizados, que não pertençam ao
mesmo núcleo, devem ser curto-circuitados. Quando um TC possuir dois ou
mais enrolamentos no mesmo núcleo e apenas um destes enrolamentos for
utilizado o(s) outro(s) deve(m) ficar aberto(s), pois o enrolamento fechado
equilibra o TC.

Costuma-se para efeito de cálculo, desprezar a corrente de magnetização.

A equação anterior, pode então, ser escrita sob a forma:

199
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 5

N1I1 = N 2 I 2 (2)

ou ainda:
N1 I 2
= (3)
N 2 I1

Ao se fazer tal aproximação, depara-se com o transformador de corrente ideal.


Para defini-lo melhor deve-se compreender as definições das seguintes
grandezas:

2.1 – RELAÇÃO NOMINAL

É a relação entre a corrente nominal primária e a corrente nominal secundária. É


um dado de placa.

I1n
Kc = (4)
I2n

2.2 – RELAÇÃO DE ESPIRAS

É a relação entre o número de espiras do enrolamento secundário e o número de


espiras do enrolamento primário.

N2
Kc = (5)
N1

200
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 6

2.3 – RELAÇÃO EFETIVA OU RELAÇÃO VERDADEIRA


É aquela que o transformador efetivamente fornece, ou seja: “É a relação entre a
corrente primária e a corrente secundária, sendo ambas, medidas em termos de
valores eficazes”.

I1
Kr = (6)
I2

De posse do significado dessas grandezas, pode-se definir o transformador ideal:


“É o transformador no qual, o número que mede a relação nominal, a relação de
espiras e a relação efetiva, é o mesmo”.

Analisando as equações 2 e 3 verifica-se que as correntes primária e secundária


são inversamente proporcionais ao respectivo número de espiras.

Da suposição feita acima, pode-se concluir que a relação de transformação será


fortemente influenciada pela corrente de excitação, o que provocará um “erro de
relação” e, ao mesmo tempo, um “erro de fase”, como pode ser observado no
diagrama fasorial mostrado na figura 2.

201
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 7

β
n2
I1 .I 2
n1
+

θ0

Ip I0

0

I2
o
90

θ2

U2

r2 I2 E2

X2I2

Figura 2 – Diagrama Fasorial de um TC;

Sabe-se que o TC introduz 2 (dois) erros:

a) Erro de Relação
A corrente de excitação I0, composta da corrente magnetizante Iu, responsável
pela produção do fluxo φ, e da corrente associada às perdas no núcleo (histerese
e correntes de Foucault), causa um pequeno erro de relação.

Para a correção do erro de relação, deve-se definir o conceito de “fator de


correção de relação”, o qual é dado por:
Kr
FCR c = (7)
Kc

202
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 8

onde:
Kr = relação efetiva ou verdadeira
Kc = relação nominal

Portanto, o fator de correção da relação é o fator pelo qual deve ser multiplicada
a relação nominal Kc do TC para se obter a relação efetiva ou verdadeira Kr.

O erro de relação percentual fica sendo expresso por:

Erro rel. % = 100(FCRc –1) (8)

b) Erro de Fase
Como pode ser observado no diagrama fasorial da figura 2, a corrente primária
I1 é defasada da corrente secundária I2 por um ângulo de 180o ± β . O ângulo de
180o é compensado pela marcação correta da polaridade do TC, como mostra o

diagrama fasorial da figura 2, e o ângulo ± β , se constitui no erro de fase do


transformador, devido a corrente de excitação I0.

O ângulo β será positivo quando a corrente secundária (-I2) for adiantada da


corrente primária I1, e será negativo quando a corrente secundária (-I2) for
atrasada da corrente primária I1.

Os erros de fase e de relação não são valores fixos em um dado TC, dependem
da corrente primária, frequência, forma de onda da corrente primária e da carga
secundária incluindo os cabos secundários. Sob condições normais, onde a
frequência e a forma de onda da corrente primária são praticamente constantes,

203
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 9

tais erros dependem principalmente da corrente primária e da carga secundária


incluindo o efeito dos cabos secundários.

Define-se agora o que se denomina por “fator de correção de transformação” de


um TC (FCTc). É o fator pelo qual se deve multiplicar a leitura indicada por um
wattímetro, cuja bobina de corrente é alimentada através do referido TC, para
corrigir o efeito combinado do fator de correção da relação FCRc e do ângulo de
fase β .

Da ABNT-EB-251, item 4.3..1.2.1, transcreve-se as duas observações:


NOTA 1:
Os limites do fator de correção da transformação (FCTc) podem ser
considerados os mesmos limites do fator de correção da relação (FCRc),
quando o fator de potência da carga é unitário, visto que, nestas
condições, o ângulo de fase ( β ) do TC, por ser pequeno, não introduz
erros significativos.

NOTA 2:
Para qualquer fator de correção da relação (FCRc) conhecido de um TC,
os valores limites positivo e negativo do ângulo de fase ( β ) em minutos
são expressos por:

β = 2600.(FCRc – FCTc) (9)

Uma vez observados os aspectos anteriores, pode-se agora definir o TC.

204
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 10

2.4 – DEFINIÇÃO DA ABNT

“Transformador para instrumentos, cujo enrolamento primário é conectado em


série em um circuito, que se destina a reproduzir em seu secundário a corrente
do seu circuito primário, com sua posição fasorial substancialmente mantida, em
uma proporção definida, conhecida e adequada para uso com instrumentos de
medição, controle ou proteção”.

É muito comum, ao se estudar um transformador de corrente, fazer analogia com


os transformadores de força. Existem, de fato, muitas semelhanças entre ambos.
A principal reside no fato de que ambos dependem fundamentalmente do
mecanismo da indução magnética. Em termos de operação, existe diferenças
consideráveis:

• Num transformador de força, a corrente que circula no primário é


função direta da corrente que circula no secundário.
• Num transformador de corrente, a corrente que circula no enrolamento
primário independe da corrente do enrolamento secundário, uma vez
que o enrolamento primário é conectado em série com o circuito.

Segundo a norma ABNT-EB-251, os valores nominais que caracterizam os


transformadores de corrente são os seguintes:
a) Corrente nominal e relação nominal;
b) Nível de isolamento;
c) Frequência nominal;
d) Carga nominal;
e) Classe de exatidão;
f) Fator de sobrecorrente nominal (somente para TC de proteção);
g) Fator térmico nominal;

205
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 11

h) Corrente térmica nominal;


i) Corrente dinâmica nominal.

Far-se-á em seguida, um desenvolvimento das características acima, tentando


apresentar também alguns aspectos que envolve outra norma (ANSI –USA ).

a) Corrente nominal e relação nominal:


Segundo a ABNT as correntes primárias nominais e as relações nominais são as
especificadas na tabela 1. As relações nominais são baseadas na corrente
secundária nominal de 5A . No caso de TC’s com várias relações nominais,
todas as correntes primárias nominais devem ser escolhidas dentre as
especificadas na tabela 1.

Tabela 1 – Correntes primárias nominais e relações nominais para TC.


Corrente Relação Corrente Relação Corrente Relação
Nominal Nominal Primária Nominal Primária Nominal
Primária [A] Nominal [A] Nominal [A]
5 1:1 100 20:1 1000 200:1
10 2:1 125 25:1 1200 240:1
15 3:1 150 30:1 1500 300:1
20 4:1 200 40:1 2000 400:1
25 5:1 250 50:1 2500 500:1
30 6:1 300 60:1 3000 600:1
40 8:1 400 80:1 4000 800:1
50 10:1 500 100:1 5000 1000:1
60 12:1 600 120:1 6000 1200:1
75 15:1 800 160:1 8000 1600:1

Segundo a norma ANSI as correntes primárias nominais e as relações nominais


são especificadas nas tabelas 2 e 3.

206
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 12

Tabela 2 – Para TC’s que não são do tipo bucha.


CORRENTES EM (A)
RELAÇÃO SIMPLES Relação dupla com conexão série- Relação dupla com taps no
paralelo no enrolamento primário enrolamento secundário
10:5 800:5 25 x 50:5 25/50:5
15:5 1200:5 50 x 100:5 50/100:5
25:4 1500:5 100 x 200:5 100/200:5
40:5 2000:5 200 x 400:5 200/400:5
50:5 3000:5 400 x 800:5 300/600:5
75:5 4000:5 600 x 1200:5 400/800:5
100:5 5000:5 1000 x 1200:5 600/1200:5
200:5 6000:5 2000 x 2000:5 1000/2000:5
300:5 8000:5 1500/3000:5
400:5 12000:5 2000/4000:5
600:5

Tabela 3 – Para TC’s multi-relação do tipo bucha.


RELAÇÃO DE TAPS RELAÇÃO DE TAPS SECUNDÁRIO
CORRENTES (A) CORRENTES (A)
SECUNDÁRIO
600:5 2000:5
50:5 x2-x3 300:5 x3-x4
100:5 x1-x2 400:5 x1-x2
150:5 x1-x3 500:5 x4-x5
200:5 x4-x5 800:5 x2-x3
250:5 x3-x4 1100:5 x2-x4
300:5 x2-x4 1200:5 x1-x3
400:5 x1-x4 1500:5 x1-x4
450:5 x3-x5 1600:5 x2-x5
500:5 x2-x5 2000:5 x1-x5
600:5 x1x5 3000:5
1200:5 1500:5 x2-x3
100:5 x2-x3 2000:5 x2-x4
200:5 x1-x2 3000:5 x1-x4
300:5 x1-x3 4000:5
400:5 x4-x5 2000:5 x1-x2
500:5 x3-x4 3000:5 x1-x3
600:5 x2-x4 4000:5 x1-x4
800:5 x1-x4 5000:5
900:5 x3-x4 3000:5 x1-x2
1000:5 x2-x5 4000:5 x1-x3
1200:5 x1-x5 5000:5 x1-x4

Segundo as normas da ABNT e ANSI (tabelas 1, 2 e 3), os TC’s, para serviços


de medição, devem ser selecionados de modo que a corrente de serviço esteja
compreendida entre 10% e 100% da corrente nominal primária. Observar os
paralelogramos de limite da classe de exatidão nominal, os quais estão ilustrados
nas figuras 3, 4 e 5.

207
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 13

b) Nível de Isolamento
É definido com base na classe de tensão de serviço no circuito no qual o TC será
conectado. Deve-se considerar a tensão máxima de serviço. Cuidados especiais
devem ser tomados quanto à classe de isolamento. Sabe-se que o custo é função
direta da classe de tensão de isolamento nominal.

c) Frequência Nominal
As frequências nominais para os TC’s são 50 e/ou 60 Hz.

d) Carga Nominal
Todas as considerações sobre a classe de exatidão dos transformadores de
corrente, estão condicionados ao conhecimento das cargas dos mesmos. As
publicações dos fabricantes fornecem as cargas dos relés, medidores, etc., que
somadas às impedâncias dos cabos secundários, representarão a carga total do
TC.

De uma maneira geral, a carga do TC diminui à medida que aumenta a corrente


secundária do TC, devido à saturação dos circuitos magnéticos dos relés,
medidores e outros instrumentos.

Segundo a ABNT as cargas nominais são designadas pela letra “C” seguida pelo
número de volt-amperes em 60 Hz, com corrente nominal de 5 A e fator de
potência normalizado conforme tabela 4. Para seleção da carga nominal de um
transformador de corrente destinados à medição ou à proteção, somam-se às
potências consumidas pelos instrumentos de medição ou de proteção a serem
ligados no seu secundário. Quando necessário, considera-se também as
potências consumidas pelas conexões e cabos secundários. Nestas condições,
adota-se a carga padronizada de valor imediatamente superior ao valor
calculado.

208
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 14

Tabela 4 – Cargas nominais para TC.


CARGAS NOMINAIS CARACTERÍSTICAS A 60 Hz E 5 A
POTÊNCIA FATOR DE RESISTÊNCIA INDUTÂNCIA IMPEDÂNCIA
DESIGNAÇÃO APARENTE POTÊNCIA EFETIVA
(VA) (α) (mH) (α)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
C 2,5 2,5 0,90 0,09 0,116 0,1
C 5,0 5,0 0,90 0,18 0,232 0,2
C 12,5 12,5 0,90 0,45 0,580 0,5
C 25 25 0,50 0,50 2,3 1,0
C 50 50 0,50 1,0 4,6 2,0
C 100 100 0,50 2,0 9,2 4,0
C 200 200 0,50 4,0 18,4 8,0

Segundo a ANSI as cargas nominais são designadas pela letra “B” seguida pelo
valor da impedância em 60 Hz, com corrente nominal 5 A e fator de potência
normalizado conforme tabela 5.

Tabela 5 – Cargas nominais para TC


CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS PARA 60 Hz E 5 A
DESIGNAÇÃO RESISTÊNCIA INDUTÂNCIA IMPEDÂNCIA VOLT- FATOR DE
() (mH) () AMPERES POTÊNCIA
B-0,1 0,09 0,116 0,1 2,5 0,9
B-0,2 0,18 0,232 0,2 5,0 0,9
B-0,5 0,45 0,580 0,5 12,5 0,9
B-1 0,5 2,3 1,0 25 0,5
B-2 1,0 4,6 2,0 50 0,5
B-4 2,0 9,2 4,0 100 0,5
B-8 4,0 18,4 8,0 200 0,5

e) Classe de Exatidão Nominal


Especial atenção deve ser dada a esse item. É de primordial importância para a
correta especificação do TC.
Os TC’s, são agrupados em duas classes distintas:
• TC’s para serviço de medição;
• TC’s para serviço de proteção.

209
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 15

e1) TC’s para serviço de medição


É importante que esses transformadores retratem fielmente a corrente a ser
medida. É imprescindível, que apresentem erros de fase e de relação mínimos
dentro de suas respectivas classes de exatidão. Segundo as normas ABNT e
ANSI, os transformadores de corrente devem manter sua exatidão na faixa entre
10 a 100% da corrente nominal.

Em caso de curto circuito, não há necessidade que a corrente seja transformada


com exatidão. É vantajoso que em condições de curto-circuito, o transformador
entre em saturação, proporcionando assim, uma auto proteção aos equipamentos
de medição conectados no secundário.

Os transformadores de corrente são enquadrados em uma das seguintes classes


de exatidão nominal: 0,3; 0,6; 1,2 %.

As figuras 3, 4 e 5, mostram os paralelogramos de exatidão definidos para cada


uma das classes de exatidão.

Considera-se que o TC para serviço de medição, está dentro de sua classe de


exatidão, quando o ponto determinado pelo erro de fase e pelo FCRc estiver
dentro do paralelogramo de exatidão.

e1.1) Seleção da Classe de Exatidão


Para serviço de medição, indica-se a classe de exatidão seguida do símbolo da
maior carga nominal com a qual se verifica essa classe de exatidão. Cada
enrolamento secundário deverá ser indicado com todas as suas classes de
exatidão com as cargas nominais correspondentes.
Exemplo: 0,3 - C12,5 - segundo norma ABNT
0,3B - 0,5 - segundo norma ANSI

210
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 16

Pode acontecer que o TC tenha diferentes classes de exatidão, para diferentes


cargas. Nestas condições, estas classes deverão ser indicadas da seguinte
maneira: 0,6-C2,5:1,2-C12,5

A seleção da classe de exatidão é função direta da aplicação a que se destina o


TC. É importante considerar que, tanto o TC como os instrumentos de medição
devam possuir uma classe de exatidão, se não igual, pelo menos compatível.

e1.2) Aplicações Típicas


A título de ilustração, mostra-se na tabela 6 as classes de exatidão do TC em
função das cargas conectadas em seu secundário.

Tabela 6- Classe de precisão em função de sua aplicabilidade


Classe de Precisão Aplicação
0,3 Medidas em laboratório. Medidas de potência e energia para fins de
e faturamento.
0,6
Alimentação usual de:
• Amperímetros;
1,2 • Watímetro;
• Medidas de kWh;
• Fasímetros, etc.

OBSERVAÇÕES:
1 – É também normalizada a classe de exatidão 3, sem limitação do
ângulo de fase. Por não ter limitação do ângulo de fase, esta classe de
exatidão não deve ser usada em serviço de medição de potência ou de
energia. No caso de um TC para serviço de medição com classe de
exatidão 3, considera-se que ele está dentro de sua classe de exatidão,
em condições especificadas, quando nestas condições, o fator de
correção de relação estiver entre os limites 1,03 e 0,97.

211
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 17

2 – Todo TC para serviço de medição, com um único enrolamento


secundário e com classes de exatidão 0,3 ou 0,6 ou 1,2, deve estar
dentro da sua classe de exatidão para todos os valores de fator de
potência indutivo da carga medida no primário do TC compreendidos
entre 0,6 e 1,0. Uma vez que estes limites definem o traçado dos
paralelogramos representados nas figuras 3, 4 e 5.

Figura 3 - Limite da classe de exatidão nominal 0,3;

212
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 18

Figura 4 - Limite da classe de exatidão nominal 0,6;

213
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 19

Figura 5 - Limite da classe de exatidão nominal 1,2;

214
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 20

e2) TC’s para Serviço de Proteção

Os TC’s usados para alimentação de relés devem retratar fielmente as correntes


de curto-circuito. Sendo estas correntes múltiplas da corrente nominal, é
importante que o TC não sofra os efeitos de saturação.

Para aplicação com relés não é necessário considerar o efeito de erro de fase. A
corrente secundária se apresenta com um baixo fator de potência, podendo-se
afirmar, que a mesma está em completa oposição de fase com a corrente de
excitação. Portanto, o efeito da corrente de excitação no erro de fase é
desprezível.

Segundo a ABNT os TC’s para serviço de relés são enquadrados em uma das
seguintes classes de exatidão:
2,5 (erro percentual até 2,5%)
10 (erro percentual até 10%)

Considera-se que um TC para serviço de relés está dentro de sua classe de


exatidão em condições especificadas, quando nestas condições, o seu erro
percentual não for superior a 2,5% no caso da classe de exatidão 2,5, ou a 10%
no caso da classe de exatidão 10, desde a corrente nominal até uma corrente cujo
valor é dado pelo produto da corrente nominal pelo fator de sobrecorrente
nominal.

Segundo a ANSI os TC’s, para serviço de relés, são enquadrados em apenas


uma classe de exatidão:
10 (erro percentual até 10%)
Anteriormente, a norma ANSI também normalizava o TC classe 2,5.

215
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 21

Consideremos agora o circuito equivalente do TC, representado na figura 6,


referido ao seu secundário.

Z1' Z2
H1 X1
I '0 I
I1'

Vf
E2
Zc
'
Z m

H2 X2

Figura 6 – Circuito equivalente do TC referido ao seu secundário;

Pelo circuito equivalente da figura 6, pode-se concluir que parte da corrente


primária é consumida para excitação do núcleo, e a corrente I2 é uma parcela da
corrente primária realmente transferida para o secundário.

Conclui-se ainda que, a f.e.m. secundária é função da corrente de excitação (Io’),


das impedâncias do secundário e da própria carga (Zc).
A curva que relaciona E2 e Io’ é denominada “curva de excitação secundária”, a
qual está ilustrada na figura 7. Ela fornece subsídios importantes para a correta
especificação do TC.

216
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 22

Figura 7 – Curva de excitação secundária;

Esta curva permite determinar o ponto a partir do qual o TC irá saturar (“Knee-
point” ou joelho da curva).

e2.1) Seleção da Classe de Exatidão


De acordo com a ABNT, os TC’s para serviço de relés são classificados, quanto
à impedância, nas duas classes seguintes:
• Transformador classe B – é um TC cujo enrolamento secundário apresenta
reatância desprezível. Nesta classe se enquadram os transformadores com
núcleo toroidal, com o enrolamento secundário uniformemente distribuído
sobre o mesmo.
• Transformador classe A – é um TC cujo enrolamento secundário apresenta
reatância que não pode ser desprezada. Nesta classe se enquadram todos os
TC’s, exceto os que são definidos como classe B.

217
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 23

O método de seleção da classe de exatidão considera que o TC está fornecendo à


carga uma corrente igual ao produto de sua corrente nominal pelo fator de
sobrecorrente nominal ( F5; F10; F15e F20) e o TC é classificado na base do
valor máximo da tensão eficaz, que o mesmo pode manter no seu secundário
sem prejuízo da sua exatidão.

Exemplos de designação:
• Transformador para proteção, classe baixa impedância, com classe de
exatidão nominal 2,5, com fator de sobrecorrente nominal igual a 10 e uma
carga de 100 VA, seria designado por: B2,5F10C100
• Transformador para proteção, classe alta impedância, com classe de exatidão
igual a 10, com fator de sobrecorrente nominal igual a 20 e com carga de 50
VA, seria designado por: A10F20C50

De acordo com a ANSI, na antiga denominação ANSI teríamos para os dois


exemplos a seguinte descrição: 2,6 L 400 e 10 H 200. Notar que a letra L é
abreviação de “LOW” que significa BAIXA, enquanto que H é a abreviação de
“HIGH” que significa ALTA.

Segundo esta norma a especificação da carga é indireta, pela especificação da


tensão secundária máxima admissível para a classe de exatidão. O fator de
sobrecorrente, é sempre considerado igual a 20.

Na moderna denominação ANSI teríamos para os dois exemplos a seguinte


descrição: 10 C 400 e 10 T 200

Observação: Atualmente a ANSI não normaliza mais a classe 2,5 e substituiu as


letras L por C e H por T.
f) Fator de sobrecorrente nominal

218
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 24

É o fator empregado em transformadores de corrente para serviço de proteção. É


expresso pela relação entre a máxima corrente com a qual o transformador
mantém sua classe de exatidão e a corrente nominal.

Segundo a ABNT este fator pode ser 5, 10, 15 (somente para classe B) ou 20 e
segundo a ANSI, igual a 20.

g) Fator térmico nominal


É o fator pelo qual deve ser multiplicada a corrente nominal primária de um TC,
para se obter a corrente primária máxima que o transformador deve suportar, em
regime permanente, operando em condições normais, sem exceder os limites de
temperatura especificados para sua classe de isolamento. Segundo a ABNT este
fator pode ser 1,0; 1,20; 1,30; 1,50 e 2,0.

h) Corrente térmica nominal


É definido como sendo o valor eficaz da corrente primária simétrica que o
transformador pode suportar por um determinado tempo (normalmente 1,0
segundo) com o enrolamento secundário curto-circuitado, sem exceder os
limites de temperatura especificados para sua classe de isolamento.

i) Corrente dinâmica nominal


É definida como sendo o maior valor de pico da corrente primária que o
transformador deve suportar durante determinado tempo (normalmente 0,1
segundos), com o enrolamento secundário curto-circuitado, sem se danificar
mecanicamente devido às forças eletromagnéticas existentes.

219
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 25

2.5 – QUADRO COMPARATIVO

A título de informação, mostra-se no quadro resumo 1, um estudo comparativo


de algumas características dos transformadores de corrente para proteção
exigidas pelas principais concessionárias de energia elétrica.

Quadro Resumo 1 – Estudo comparativo das exigências das concessionárias quanto aos
transformadores de corrente para proteção.
TRANSFORMADORES DE CORRENTE PARA PROTEÇÃO
Equipamento
Existe ficha
padrão=S=
técnica?
atende?
Classe ≥ 10B200
CERJ Relação de transformação múltipla – sujeito à aprovação da Não Sim
concessionária.
Podem ser do tipo bucha ou enrolado.
CPFL Relação de transformação e classe de exatidão definidos em Não Sim
comum acordo com a CPFL.
CELESC Não há especificação na NORMA. Consultar concessionária. Não Sim
Classe 10B200
ELETROPAULO Não Sim
Sujeito à aprovação.
CEMIG Não há especificação na NORMA. Não Sim
Relação Múltipla
CELPE Não Sim
Classe 10F20C50
No de núcleos: 01
COELCE Sim Sim
Classe: 10B200

3 – TRANSFORMADOR DE POTENCIAL (TP)

3.1 – TRANSFORMADOR DE POTENCIAL INDUTIVO (TPI)

O TP é um transformador, cujo enrolamento primário é colocado em derivação


com um circuito elétrico, que se destina a reproduzir no seu circuito secundário
a tensão do circuito primário com sua posição fasorial substancialmente
mantida, em uma proporção conhecida e adequada para uso com instrumentos
de medição, controle ou proteção.

220
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 26

U1 Z

n1

TP

n2

U2

Z’

Figura 8 – Ligação de um TP;

A figura 8, representa esquematicamente, um TP. Este possui um número de


espiras no primário e no secundário, tal que N1 > N2, resultando no secundário
uma tensão U2 < U1.

Os TP’s devem ter seu ponto de funcionamento muito próximo à condição de


funcionamento a vazio, o que, corresponde a uma alta impedância conectada no
seu secundário. Devido a isso, a variação da tensão é muito restrita para a
variação da carga desde o regime a vazio até o regime a plena carga.

Diferentemente do TC, o TP precisa ter não só seus enrolamentos isolados entre


si e do núcleo, mas também as próprias bobinas, camadas e espiras de cada
enrolamento precisam ser devidamente isoladas uma das outras, devido à grande
diferença de potencial existente entre os bornes do circuito primário.

As perdas no ferro e no cobre, a impedância e a corrente de magnetização


adquirem uma grande importância no TP, uma vez que se exige do mesmo uma

221
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 27

transformação fiel e “exata” da tensão primária. Estes fatores causam pequenos


erros na relação de transformação e no ângulo de fase.
Distinguem-se as seguintes relações nos TP’s:

1 – Relação nominal:
A relação nominal (dado de placa fornecido pelo fabricante) é definida como
sendo a relação entre a tensão nominal primária e a tensão nominal secundária.

U1n
Kp = (10)
U 2n

2 - Relação de espiras:
É a relação entre o número de espiras do enrolamento primário e o do
secundário.
n1
Ke = (11)
n2

3 – Relação real do TP:


É aquela que o transformador efetivamente fornece. É a relação entre a tensão
primária e a secundária.
U1
Kr = (12)
U2

De posse dessas três relações pode-se definir o transformador ideal: “É o


transformador no qual, o número que mede a relação nominal, relação de espiras
e relação efetiva, é o mesmo”. Como pode ser notado no diagrama fasorial,
ilustrado na figura 9, a corrente de excitação Io, necessária na alimentação do
fluxo φ e das perdas por histerese e correntes de Foucault no núcleo, causa uma

222
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 28

pequena queda de tensão no enrolamento primário. Também a corrente de carga


I2 que é extraída para a alimentação da carga secundária, causa uma pequena
queda de tensão em ambos enrolamentos, primário e secundário. Como
resultado, a tensão secundária é ligeiramente diferente daquela que a relação
nominal indica, e também existe um ligeiro ângulo de defasagem adicional ao de
180o normalmente existente.

A figura 9 mostra o diagrama fasorial de um TP.

X1.I1
U1

r1.I1
+
-E1
α

-U2
I1
n2
− .I 2
n1

Ip I0
0 φ

I2
90o

θ2 U2

E2

r2I2
X2I2

E1

Figura 9 – Diagrama Fasorial de um TP;

223
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 29

O TP introduz dois erros, os quais estão descritos abaixo:


1 – Erro de relação:
Sabe-se que, as correntes Io e I2 causam quedas de tensões
internas nos TP’s. Estas quedas de tensão são responsáveis
pelo erro de relação.
Para a correção do erro de relação, define-se o “fator de
correção da relação”, como expresso pela equação 13.
Kr
FCR p = (13)
Kp

onde:
Kr = relação real do TP;
Kp = relação nominal do TP.

Portanto, o fator de correção de relação é o fator pelo qual


deve ser multiplicada a relação nominal Kp do TP para se obter
a relação Kr.
O erro de relação percentual fica sendo calculado, tomando-se
como base a equação 14.
ε rel. % = 100(FCRp-1) (14)

2 – Erro de fase:
Como pode ser notado no diagrama fasorial da figura 9, a
tensão U1 é defasada da tensão secundária U2 por um ângulo
de 180o ± α . O ângulo de 180o é compensado pela marcação
correta da polaridade do TP, como mostra o diagrama da
figura 9, e o ângulo ± α se constitui no erro de fase do TP.

224
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 30

O ângulo α será positivo quando a tensão secundária (-U2) for


adiantada da tensão primária U1, e será negativo quando a
tensão secundária (-U2) for atrasada da tensão primária U1.

Os erros de relação e de fase não são valores fixos em um dado TP, pois variam
com a carga secundária, tensão primária, frequência, forma de onda da tensão
primária.

Sob condições normalmente encontrada nos sistemas elétricos, onde a tensão


primária, frequência e forma de onda da tensão são praticamente constantes, tais
erros dependem principalmente da carga secundária e do efeito dos cabos
secundários.

Define-se agora o que vem a ser “fator de correção de transformação” de um TP


(FCTp). Este é definido como sendo o fator pelo qual se deve multiplicar a
leitura indicada por um wattímetro, cuja bobina de potencial é alimentada
através do referido TP, para corrigir o efeito combinado do fator de correção de
relação FCRp e do ângulo de fase.

Da ABNT-EB-251, item 3.2.1.1, transcreve-se as notas seguintes:

NOTA 1- Os limites de correção da transformação (FCTp) podem ser


considerados iguais aos limites do fator de correção da relação (FCRp),
quando o fator de potência da carga é unitário visto que nestas condições,
o ângulo de fase (α) do TP, por ser pequeno, não introduz erros
significativos.

225
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 31

NOTA 2 - Para qualquer fator de correção da relação (FCRp) conhecido


de um TP, o valor limite positivo ou negativo do ângulo de fase (α) em
minutos é expresso pela expressão:

α = 2600 x (FCTp – FCRp) (15)

Segundo a ABNT-EB-251, os valores nominais que caracterizam um TP, são:

a) Tensão primária nominal e relação nominal;


b) Nível de isolamento;
c) Frequência nominal;
d) Carga nominal;
e) Classe de exatidão;
f) Potência térmica nominal.

a) Tensão primária nominal e relação nominal:


A tensão normalizada é selecionada para uma tensão igual ou imediatamente
superior à tensão de serviço, conforme ilustra a tabela 7.

b) Nível de isolamento:
A seleção da classe de tensão de um TP, depende da máxima tensão de linha do
circuito.

A tabela 8, a seguir, apresenta as correspondências entre as classes de tensão, as


tensões de linha e os espaçamentos de ar recomendados pela ABNT.

226
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 32

Tabela 7 -Tensões primárias nominais e relações nominais para TP


Classe de Grupo 1 Grupos 2 e 3
Tensão de Para ligação de fase para fase Para ligação de fase para neutro
Isolamento Relações nominais
Nominal Tensão primária Relação Tensão primária
(kV) nominal Nominal nominal Tensão Secundária Tensão secundária
(V) (V) De 115 / 3 aprox. de 115 V
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
0,6 115 1:1 - - -
230 2:1 230/ 3 2:1 1,2:1
e 402,5 3,5:1 3,5:1 2:1
460 4:1 402,5/ 3 4:1 2,4:1
1,2 575 5:1 460/ 3 5:1 3:1

575/ 3
2300 20:1 2300/ 3 20:1 12:1
3450 30:1 30:1 17,5:1
5 4025 35:1 3450/ 3 35:1 20:1
4600 40:1 4025/ 3 40:1 24:1

4600/ 3
6900 60:1 6900/ 3 60:1 35:1
8,7 8050 70:1 70:1 40:1
8050/ 3
15 11.500 100:1 11.500/ 3 100:1 60:1
15-B 13.800 120:1 120:1 70:1
13.800/ 3
25 23.000 200:1 23.000/ 3 200:1 120:1
25.000 200:1(*) 200:1(*) 120:1(*)
25.000/ 3
34,5 34.500 300:1 34.500/ 3 300:1 175:1
46 46.000 400:1 46.000/ 3 400:1 240:1
69 69.000 600:1 69.000/ 3 600:1 350:1
92 92.000 800:1 92.000/ 3 800:1 480:1
138 115.000 1000:1 115.000/ 3 1000:1 600:1
138-B 138.000 1200:1 1200:1 700:1
138.000/ 3
16 161.000 1400:1 161.000/ 3 1400:1 800:1
161-B
230 196.000 1700:1 196.000/ 3 1700:1 1000:1
230-B1 230.000 2000:1 2000:1 1200:1
230-B2 230.000/ 3
345 287.000 2500:1 287.000/ 3 2500:1 1400:1
345-B1 345.000 3000:1 3000:1 1500:1(**)
345-B2 345.000/ 3 1700:1
440 402.500 3500:1 402.500/ 3 3500:1 2000:1
440-B1 460.000 4000:1 4000:1 2400:1
440-B2 460.000/ 3
125
(*) Tensões secundárias de 125 V V são consideradas normalizadas para sistemas existentes no Brasil; não
3
são recomendadas para futuros projetos.

227
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 33

Tabela 8 -Níveis de isolamento - tensões de linha -espaçamentos mínimos no ar


Classe de Tensão de linha Espaçamentos mínimos no ar
Tensão de (valor eficaz em V)
Isolamento de fase de fase
nominal para terra para fase
(kV) (mm) (mm)

(1) (2) (3) (4)


0,6 até 660 -
1,2 até 1320 25
5 1321 a 5.500 65
8,7 5.501 a 9.570 90
15-B 9.571 a 16.500 130
15 150
25 16.501 a 26.500 200
34,5 26.501 a 36.225 300
46 36.226 a 48.300 380
69 48.301 a 72.450 600
92 72.451 a 96.600 750
138-B 96.601 a 144.900 950
138 1.100
161-B 144.901 a 169.050 1.100
161 1.300
230-B2 169.051 a 241.500 1.500
230-B1 1600
230 1950
345-B2 241.501 a 362.250 Ainda não normatizados
345-B1
345
440-B2 362.251 a 462.000 Ainda não normatizados
440-B1
440

c) Frequência nominal:
As frequências nominais para TP são 50 Hz e/ou 60 Hz.

d) Carga nominal:
É a potência aparente em VA, indicada na placa do transformador, com a qual o
mesmo não ultrapassa os limites de sua classe de exatidão. As cargas nominais
estão apresentadas nas tabelas 9 e 10, segundo a ABNT e ANSI,
respectivamente. Para determinação da carga nominal de um TP, basta somar
todas as potências absorvidas por cada um dos instrumentos conectados no seu
secundário (relés, medidores, voltímetros, etc.).

228
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 34

e) Classe de exatidão:
Os TP’s são enquadrados em uma das seguintes classes de exatidão: 0,3; 0,6;
1,2%.
Tanto pela norma ABNT quanto ANSI cada classe de exatidão engloba uma
faixa de erro de relação e erro de fase.
Considera-se que um TP está dentro de sua classe de exatidão em condições
específicas quando, nestas condições, o ponto determinado pelo fator de
correção da relação (FCRp) e pelo ângulo de fase (α) estiver dentro do
“paralelogramo de exatidão”, especificado na figura 10.

Observações:
1- É também normalizada a classe de exatidão 3% sem limitação do
ângulo de fase. Por não ter limitação de ângulo de fase, esta classe de
exatidão não deve ser usada em serviço de medição de potência ou
energia. No caso de um TP com classe de exatidão 3%, considera-se
que ele está dentro de uma classe de exatidão em condições
especificadas quando, nestas condições, o fator de correção da relação
estiver entre os limites 1,03 e 0,97.
2- Todo TP com um único enrolamento secundário deve estar dentro de
sua classe de exatidão nas seguintes condições:
a) Para tensão compreendida na faixa de 90% a 100% da tensão
nominal, com frequência nominal.
b) Para todos os valores de carga, desde em vazio até a carga
nominal especificada, mantido o fator de potência.
c) Para todos os valores de fator de potência indutivo da carga
medido no primário do transformador, compreendido entre 0,6 e
1,0, uma vez que estes limites definem o traçado dos
paralelogramos na figura 10.

229
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 35

3 – Num TP com vários enrolamentos secundários cada um destes


enrolamentos deve estar dentro da classe de exatidão correspondente.

f) Potência térmica nominal:


É a máxima potência que o TP pode fornecer em regime permanente sob tensão
e corrente nominal, sem exceder os limites de temperatura especificados.

Para os TP’s pertencentes aos grupos de ligação 1 e 2, conforme as tabelas 7 e


11, a potência térmica não deve ser inferior a 1,33 vezes a carga mais alta em
volt-amperes (VA), referente à exatidão do transformador. Para os do grupo de
ligação 3, a potência térmica não deve ser inferior a 3,6 vezes a carga mais alta
em VA, referente à exatidão do transformador.

Tabela 9-Cargas nominais para TP


Características Potência Aparente (VA)

Tensão secundária nominal Tensão secundária nominal 60 Hz 50 Hz


Símbolo 115 V 115/ 3 V Fator de Fator de
Potência Potência
Resistência Indutância Resistência Indutância 0,75 0,806
(Ω) (mH) (Ω) (mH)

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)


P12,5 793,6 1.857,2 264,50 619,07 12,5 13,43
P25 396,8 928,6 132,25 309,53 25 26,86
P50 198,4 564,3 66,13 154,77 50 53,78
P100 99,2 232,15 33,06 77,383 100 107,44
P200 49,6 116,08 16,53 38,693 200 214,88
P400 24,8 58,04 8,26 19,346 400 429,76

NOTA: As características a 60 Hz e 120 V são válidas para tensões secundárias


entre 100 e 120 V, e as características a 60 Hz e 69,3 V são válidas para tensões
secundárias entre 58 e 75 V.
Em tais condições as potências aparentes serão diferentes das especificadas.

230
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 36

Tabela 10 - Cargas nominais para TP


Símbolo da Características da carga
carga
VA Fator de Potência
W 12,5 0,10
X 25 0,70
Y 75 0,85
Z 200 0,85
ZZ 400 0,85
As cargas normalizadas possuem valores de resistência ® e indutância (L) constantes.
Base 120, 60 Hz

231
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 37

LIMITES DAS CLASSES DE EXATIDÃO NOMINAIS – 0,3 – 0,6 – 1,2


EM TRANSFORMADORES DE POTENCIAL

Figura 10;

232
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 38

TABELA 11 -GRUPOS PARA LIGAÇÃO DE TRANSFORMADORES DE POTENCIAL


Grupo Ligação Designação Tipo de Isolamento
1 Entre Fases - Total
Entre fase e neutro de 2–T Total (**)
2 Sistemas sólido ou 2–R Bucha do neutro de isolamento reduzido (***)
efetivamente aterrados (*) 2–P Progressivo (***)
Entre fase e neutro de 3–T Total (**)
3 sistemas quaisquer (*) 3–R Bucha do neutro de isolamento reduzido (***)
3–P Progressivo (***)
(*) A especificação da ligação dos transformadores dos grupos 2 e 3 refere-se à ligação à terra do neutro dos
sistemas. O terminal do neutro dos TP’s de ambos estes grupos é sempre diretamente aterrado.
(**) Todos os TP’s com nível de isolamento até 15 KV inclusive, devem ter isolamento total.
(***) As extremidades com isolamento reduzido e a respectiva bucha devem satisfazer às exigências
especificadas para o nível de isolamento de 5 KV.

Complementando os itens anteriores, mostra-se na tabela 12 os valores da tensão


aplicada e do nível básico de impulso de um transformador de potencial em
função de sua classe de isolamento. Os ensaios de tensão aplicada são feitos na
freqüência industrial e sua duração é de 1 minuto. Por outro lado, os ensaios de
impulso são realizados tomando-se como base o teste com onda cortada e plena.
Tabela 12- Valores da tensão aplicada e do NBI do TP em função de sua classe de isolamento
ENSAIO COM FREQUÊNCIA ENSAIOS DE IMPULSO
INDUSTRIAL, DURANTE
NÍVEL DE 1 MINUTO (CALOR COM ONDA CORTADA COM ONDA
ISOLAMENTO EFICAZ EM KV) PLENA
VALOR DE TEMPO MÍNIMO VALOR DE
CRISTA (KV) DE CORTE (ms) CRISTA (KV)
0,6 4 - - -
1,2 10 36 1,0 30
5 19 59 1,5 60
8,7 26 88 1,6 75
15-B 34 110 1,8 95
15 34 130 2,0 110
25 50 175 3,0 150
34,5 70 230 3,0 200
46 95 290 3,0 350
69 140 400 3,0 350
92 185 520 3,0 450
138-B 230 630 3,0 550
138 275 750 3,0 650
161-B 275 750 3,0 650
161 325 865 3,0 750
230-B2 360 950 3,0 825
230-B1 395 1.085 3,0 900
230 460 1.210 3,0 1.050
345-B2 510 1350 3,0 1.175
345-B1 570 1500 3,0 1.300
345 630 1.640 3,0 1.425
440-B2 630 1.640 3,0 1.425
440-B1 680 1.785 3,0 1.550
440 740 1.925 3,0 1.675

233
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 39

3.2 – TRANSFORMADOR DE POTENCIAL CAPACITIVO (TPC)

Os TPC's são constituídos, basicamente, de conjuntos de elementos capacitivos


em série os quais formam um arranjo equivalente caracterizado por duas
capacitâncias representadas por C1 e C2, cujas funções são de viabilizar um
divisor de tensão e/ou de um acoplador, via carrier, entre os sistemas de
comunicação e de potência. A informação do secundário para os equipamentos
de controle, proteção e medição é, normalmente captada de um TPI (do tipo
anteriormente considerado), cuja tensão primária está compreendida entre 5 e 15
kV. A figura 11 ilustra o esquema elétrico básico de um TPC.

Figura 11 - Esquema elétrico básico de um TPC;

Um reator, projetado e construído pelo fabricante, é posto em série com o


primário do TP intermediário, conforme indicado na figura 11. Desta forma, o
conjunto passa a ter uma reatância wL que satisfaça a seguinte igualdade:
1
Lw = (16)
(C1 + C2 )w

234
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 40

A partir da figura 11, pode-se estabelecer a relação entre as tensões primária e


secundária. Nestas condições, pode-se deduzir as expressões de U1 e de U:
j(I + I1 ) jI
U1 = − − (17)
C1w C2 w

jI
U=− − jLwI1 (18)
C2 w

Substituindo-se em (18) o valor de Lw encontrado em (16), obtém-se:


jI jI1
U=− − (19)
C 2 w (C1 + C 2 )w

Dividindo membro a membro (17) e (19), tem-se:


U1 C1 + C 2
= (20)
U C1

A expressão (20) mostra que a relação entre as tensões U1 e U independe da


corrente. Isto é verdade, pois em vazio, isto é, quando o TP intermediário não
estiver ligado obtém-se o mesmo valor que o obtido em (20) para a relação entre
U1 e U. Para justificar o exposto acima, obtêm-se com base na figura 11 as
expressões (21) e (22) para as tensões U1 e U, respectivamente.
jI jI jI ⎡ C + C 2 ⎤
U1 = − − =− ⎢ 1 (21)
C1w C 2 w w ⎣ C1C 2 ⎥⎦

jI
U=− (22)
C2 w

Dividindo membro a membro, obtêm-se:


U1 C1 + C 2
= (23)
U C1

O TP intermediário construído de tal modo que: U=KU2, a expressão (20) ou


(23) pode ser rescrita da seguinte forma:
U1 C + C2
= K. 1 (24)
U2 C1

O TPC sendo construído para as tensões U1 e U2 tais que representem os valores


nominais, então a expressão (24) é o valor da “relação de transformação
nominal” do TPC:

235
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 41

U1n
= Kp (25)
U2n

Onde Kp equivale a:
C1 + C 2
Kp = K (26)
C1

Observações:
1o) Os TPC’s são construídos para tensões primárias de 34,5 kV a 765 kV, sendo
a tensão intermediária de 5 kV a 15 kV e a tensão secundária de 115V e
115 / 3 V.

2o) Os TPC’s têm perdas bastante reduzidas e oferecem possibilidade de


acoplamento para onda portadora de alta frequência (telefonia). Sendo estas suas
duas grandezas vantagens.

3o) Apresentam entretanto um grande inconveniente: a influência acentuada que


podem sofrer por motivo da variação da frequência.

4o) É aconselhável consultar a documentação fornecida juntamente aos TPC’s


pelos seus fabricantes.

236
CAPÍTULO 7 – TRANSFORMADORES DE CORRENTE E DE POTENCIAL 42

3.3 – QUADRO COMPARATIVO

A título de informação, mostra-se no quadro resumo 2, um estudo comparativo


de algumas características dos transformadores de corrente e de potencial para
medição exigidas pelas principais concessionárias de energia elétrica.

Quadro Resumo 1 – Estudo comparativo das exigências das concessionárias quanto aos
transformadores de corrente e de potencial para medição.
TRANSFORMADORES DE CORRENTE E POTENCIAL PARA MEDIÇÃO DA CONCESSIONÁRIA
CERJ Fornecimento da concessionária – Montagem do consumidor.
CPFL Fornecimento da concessionária (colocado nas bases) – Montagem do consumidor.
CELESC Fornecimento da concessionária – Montagem do consumidor.
ELETROPAULO Fornecimento da concessionária – Montagem do consumidor.
CEMIG Fornecimento da concessionária – Montagem do consumidor.
CELPE Fornecimento da concessionária – Montagem do consumidor.
COELCE Fornecimento da concessionária – Montagem do consumidor.

237
CAPÍTULO 8

EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO

238
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 2

EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO

1 - INTRODUÇÃO

Apesar das preocupações e cuidados tomados durante a elaboração do projeto


e a execução das instalações, o sistema elétrico está sujeito a um defeito
transitório ou permanente. Esses defeitos poderão ter conseqüências
irrelevantes ou desastrosas, dependendo do sistema de proteção empregado.

Sabe-se que na elaboração dos projetos elétricos, os elementos de proteção são


identificados nos diagramas unifilares ou trifilares através de um número e/ou
letra. A titulo de ilustração, mostra-se na tabela 1 a relação entre os
dispositivos de proteção e as suas correspondentes nomenclaturas. Deve-se
salientar que esta função, aceita internacionalmente, é normalizada pela
American Standart Association – ASA.

239
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 3

Tabela 1 – Nomenclatura de aparelhos - ASA


No Função No Função
2 Relé de partida temporizado 52 Disjuntor de corrente alternada
3 Relé de verificação 53 Relé de excitatriz ou gerador de corrente contínua
8 Aparelho de desconexão de controle de potência 54 Disjuntor de corrente contínua de alta velocidade
9 Aparelho de reversão 55 Relé de fator de potência
10 Chave de seqüência de unidade 56 Relé de aplicação de campo
12 Aparelho de sobrevelocidade 57 Aparelho de curto-circuito ou aterramento
13 Aparelho de velocidade síncrona 59 Relé de sobretensão
14 Aparelho de subvelocidade 61 Relé de balanço de corrente
15 Aparelho de ajuste de freqüência e de velocidade 62 Relé temporizado de interrupção ou abertura
17 Classe de derivação 63 Relé de pressão de líquido ou de gás
18 Aparelho de aceleração ou desaceleração 64 Relé de proteção de terra
19 Contatos de transição de partida-marcha 65 Regulador
20 Válvula operada eletricamente 67 Relé direcional de sobrecorrente
21 Relé de distância 68 Relé de bloqueio
22 Disjuntor equalizador 70 Reostato operado eletricamente
23 Aparelho de controle de temperatura 71 Reservado para futura aplicação
25 Aparelho de sincronização ou de sua verificação 72 Disjuntor de corrente contínua
26 Aparelho térmico (detector de temperatura do óleo) 73 Contator de resistor de carga
27 Relé de subtensão 74 Relé de alarme
28 Função a ser definida 75 Mecanismo de mudança de posição
29 Contator de isolamento 76 Relé de sobrecorrente em corrente contínua
30 Relé anunciador 77 Transmissor de pulso
31 Aparelho de excitação em separado 78 Relé de medição de ângulo de fase
32 Relé direcional de potência 79 Relé de religamento
33 Chave de posição 80 Função a ser definida
34 Chave de seqüência operada a motor 81 Relé de freqüência
35 Aparelho para operação de escovas 82 Relé de religamento
36 Aparelho de polaridade 83 Relé de transferência automática
37 Relé de subcorrente ou subpotência 84 Mecanismo de operação
38 Aparelho de proteção de mancal 85 Relé receptor de onda carrier ou de fio piloto
43 Aparelho ou seletor de transferência manual 86 Relé de bloqueio
44 Relé de seqüência de partida de unidades 87 Relé diferencial
45 Função a ser definida 88 Motor auxiliar ou moto-gerador
46 Relé de reversão de fase ou balanceamento de fase 89 Chave de linha
47 Relé de seqüência de fase para tensão 90 Aparelho de religação
48 Relé de seqüência incompleta 91 Relé direcional de tensão
49 Relé de replica térmica para máquinas (temp. de enrol.) 92 Relé direcional de tensão e potência
50 Relé de sobrecorrente instantâneo 93 Contator de variação de campo
51 Relé de sobrecorrente temporizado

Além da importância dos aspectos referentes à proteção, outras funções são


igualmente necessárias nos sistemas elétricos de potência. Desta forma, surge
os dispositivos de seccionamento ou manobra, dentre estes, pode-se destacar:
contatores, disjuntores, seccionadores, etc. Estes equipamentos tem por

240
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 4

definição a capacidade de interromper e restabelecer correntes sob condições


normais e anormais de operação. A tabela 2 resume alguns dispositivos de
chaveamento, destacando-se as suas funções e aplicações.

Tabela 2 – Dispositivos de chaveamento, suas funções e aplicações


Abertura Fechamento
Isolação
Dispositivo Função
A Com Curto- A Com Curto-
vazio carga circuito vazio carga circuito
• Dispositivo de conexão mecânica que na
posição aberta garante uma distancia de
isolação satisfatória sob condições
Desconector específicas. sim Não não sim não sim (*) Sim
• Para garantir a segurança de isolação de um
circuito, normalmente é associado a uma
chave terra.
• Especificamente projetada para conectar os
condutores de fases à terra.
• Possibilita a desenergização dos condutores
Chave terra sim Não não sim não sim (*) Não
ativos quando estes são aterrados,
proporcionando uma maior segurança no
manuseio desses condutores.
• Dispositivo de conexão mecânica capaz de
estabelecer, sustentar e interromper
correntes sob condições normais e
eventualmente em sobrecargas.
Seccionadora • Empregado no controle de circuitos sim Sim não sim sim Sim sim (*)
(abertura e fechamento), é utilizada para
realizar a função de isolação. Em redes de
distribuição de MT são freqüentemente
associadas com fusíveis.
Dispositivo de conexão mecânica com
capacidade para estabelecer, sustentar e
interromper correntes sob condições normais de
Contator sim sim não sim sim Sim Não
operação. É usado, principalmente, no controle
de motores, pois pode exercer a sua função
freqüentemente.
Dispositivo de conexão mecânica com
capacidade para estabelecer, sustentar e
interromper correntes sob condições normais e
Disjuntor sim sim sim sim sim Sim Não
anormais de operação.
Substitui os contatores no controle de motores
MT de grande potência.

Dentro do exposto acima, este capítulo tem por objetivo apresentar e discutir
os principais equipamentos de manobra/proteção utilizados na subestação.

241
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 5

2– DISPOSITIVOS ELÉTRICOS EMPREGADOS


EM SUBESTAÇÕES

2.1 – DISJUNTORES

Os disjuntores são definidos como sendo dispositivos mecânicos destinados a


conduzir e interromper correntes sob condições normais e anormais de
operação, tais como as provenientes de um curto-circuito.

Os disjuntores devem sempre ser instalados acompanhados de relés, que são


elementos responsáveis pela detecção das correntes elétricas do circuito que,
após analisadas por sensores previamente ajustados, podem enviar ou não a
ordem de comando para a sua abertura. Na ausência de relés, um disjuntor não
passa de uma excelente chave de manobra, não possuindo nenhuma
característica de proteção.

No tocante a proteção, um disjuntor deve interromper as correntes de defeito


de um determinado circuito, durante o menor espaço de tempo possível, de
forma a limitar a um mínimo os possíveis danos causados aos equipamentos
conectados à jusante.

Os disjuntores são também solicitados a interromper correntes de circuitos


operando a plena carga e a vazio, e a energizar os mesmos circuitos em
condições de operação normal ou em falta.

242
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 6

2.1.1 – CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS

a) Tensão nominal
Tensão nominal é o valor eficaz da tensão pelo qual o disjuntor foi projetado e
construído, normalmente corresponde a máxima tensão de operação do
sistema para o qual o disjuntor é instalado.

b) Nível de isolamento
É o conjunto de valores de tensões suportáveis nominais que caracterizam o
isolamento de um disjuntor em relação à sua capacidade de suportar os
esforços dielétricos.

c) Tensão suportável a freqüência industrial (TAFI)


É o valor eficaz da tensão senoidal de freqüência industrial que um disjuntor
deve suportar, em condições especificas de ensaio. Normalmente, as normas
recomendam que os disjuntores devem suportar uma determinada tensão
aplicada em função de sua classe de isolamento. Em relação ao tempo de
aplicação desta tensão, geralmente, por recomendações normalizadas é de 1
minuto.
Por exemplo, para um disjuntor com classe de tensão igual a 15 kV, o valor da
tensão aplicada é de 34,5 kV, durante 1 minuto.

d) Tensão suportável a impulso


É o valor de impulso normalizado, atmosférico pleno ou de manobra, que um
disjuntor suporta em condições previstas de ensaios. Esta tensão define o nível
básico de impulso (NBI) do disjuntor. Este ensaio simula as condições
atmosféricas, que podem incidir nos terminais do disjuntor.

243
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 7

Por exemplo, um disjuntor com classe de tensão igual a 15 kV, deve suportar
um nível básico de impulso igual a 95 kV.

e) Tensão de restabelecimento
É a tensão que aparece entre os terminais de um pólo do disjuntor depois da
interrupção da corrente. Essa tensão é responsável pela reignição do arco entre
os terminais de um pólo de um disjuntor.

f) Corrente nominal
É o valor eficaz da corrente que o disjuntor deve ser capaz de conduzir
indefinidamente, sem provocar aquecimentos excessivos, ou seja, a elevação
de temperatura não excede seus limites térmicos pré-estabelecidos. Deve-se
destacar que a corrente nominal é função da temperatura ambiente do local de
instalação do referido equipamento.

g) Capacidade de interrupção
É a capacidade de interromper o valor eficaz da corrente de curto-circuito,
responsável pelo efeito térmico, sem danificar os contatos, ou seja, sem
ultrapassar os limites térmicos desses equipamentos.

h) Capacidade de fechamento
É a capacidade, em kVA ou MVA, de fechar o circuito. Normalmente, esta
capacidade é da ordem de 2,5 vezes a capacidade de interrupção. Esta
condição esta associado ao que se denomina efeito dinâmico da corrente de
curto-circuito.

244
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 8

2.1.2 – ARCO ELÉTRICO

Quando os contatos de um disjuntor, que estão conduzindo uma corrente


elétrica, são separados, dá-se a formação de um arco elétrico no ponto de
separação. Se a corrente e a tensão são suficientemente grandes para manter o
arco, forma-se um caminho para a corrente, juntamente com a formação de
gases incandescentes e a temperatura pode elevar-se a cerca de 2000oC. Como
esse arco é capaz de deteriorar os contatos, deve-se tomar medidas para
extingui-lo e para isso pode-se utilizar os seguintes procedimentos:

a) Aumento rápido do comprimento do arco


b) Resfriamento do arco
c) Deionização
d) Restabelecimento rápido da rigidez dielétrica do meio.

Para a almejar estes objetivos, os disjuntores utilizam-se de diversas técnicas


de interrupção. Dentre as quais, pode-se citar:

a) Jato de ar comprimido (disjuntores pneumáticos)


b) Câmara de óleo (disjuntores a óleo)
c) Câmara de vácuo (disjuntores a vácuo)
d) Jato de SF6 (disjuntores a gás)
Neste sentido, o item subsequente analisa de uma forma sucinta os tipos de
disjuntores utilizados na AT/BT.

245
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 9

2.1.3 – TIPOS DE DISJUNTORES

a) Disjuntores a ar
Os dispositivos de interrupção no ar à pressão atmosférica foram os primeiros
a serem usados (disjuntores magnéticos). A baixa resistência dielétrica e a alta
constante de tempo de deionização (10ms), permitem que o ar à pressão
atmosférica possa ser empregado para interromper tensões de até 20 kV. Mas,
para isso, é necessário que se tenha uma capacidade de resfriamento suficiente
para evitar problemas térmicos provocados pelo alto valor da tensão de arco.

Interrupção no ar
O princípio de interrupção no ar consiste na manutenção de um pequeno arco
tão longo quanto seja a sua intensidade, com o objetivo de limitar a energia
dissipada. O alongamento do arco ocorre quando a corrente se aproxima do
zero. Para tanto, é necessário uma câmara de interrupção para cada pólo do
disjuntor. Esta câmara, instalada no espaço existente entre os contatos,
composta por placas refratárias com alta capacidade de resistência ao calor,
permite que o arco seja alongado entre essas placas. A figura 1 ilustra o
alongamento de um arco elétrico entre as placas de material refratário na
câmara de interrupção de um disjuntor a ar.

246
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 10

Figura 1 – Alongamento de um arco elétrico em uma câmara de interrupção;

Na prática, quando a corrente diminui, o arco, que fica submetido a ação de


forças eletromagnéticas, penetra entre estas placas. Ele se alonga e resfria
sobre os contatos depositando material refratário até a tensão de arco se tornar
superior a da rede. Desta forma, a resistência do arco aumenta
consideravelmente e a energia que é fornecida pela rede permanecerá inferior
a capacidade de resfriamento, e então, a interrupção se realiza.

Devido a sua alta constante de tempo de deionização, a energia dissipada


permanece alta, entretanto, o risco de sobretensões durante a interrupção é
praticamente inexistente.

Os disjuntores a ar foram largamente utilizados em todas as aplicações, porém


seu uso limitou-se a tensões inferiores a 24 kV. Para altas tensões, o ar
comprimido é utilizado para aumentar a resistência dielétrica e as taxas de
resfriamento e de deionização. O arco é então resfriado por um sistema
soprador de alta pressão (entre 20 e 40 bars). Esta técnica tem sido empregada
em disjuntores de alto desempenho ou para altas tensões (superiores a 800
kV).

247
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 11

A técnica de interrupção a ar à pressão atmosférica é universalmente adotada


na baixa tensão, devido a sua simplicidade, durabilidade, etc. No entanto, na
média tensão existem outras técnicas mais vantajosas, pois a interrupção no ar
apresenta diversas desvantagens. Dentre elas, destacam-se:
• Tamanho do disjuntor (grandes dimensões devido ao comprimento
do arco)
• A capacidade de interrupção é influenciada pela presença de partes
metálicas e umidade do ar
• Custo e ruído elevados

b) Disjuntores a óleo

Desde o início do século, o óleo vem sendo utilizado como meio de


interrupção. Nos disjuntores, o seu emprego fica limitado entre as tensões de
5 à 150 kV.
Interrupção no óleo
O hidrogênio, obtido pela quebra das moléculas de óleo, serve como meio de
extinção, devido às suas excelentes propriedades térmicas e a sua constante de
tempo de deionização, que é melhor que a do ar, especialmente a altas
pressões.

Os contatos são imersos no óleo isolante. Na separação, o arco provoca a


quebra das moléculas de óleo liberando hidrogênio (≈70%), etileno (≈20%),
metano (≈10%) e carbono livre. A energia do arco de 100 kJ produz
aproximadamente 10 litros de gás, formando bolhas que, devido a inércia da
massa de óleo, estão sujeitas durante a interrupção, à uma pressão dinâmica

248
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 12

que pode atingir valores compreendidos entre 50 e 100 bars. Quando a


corrente passa pelo zero, o gás expande e atinge o arco que é então extinguido.

Há dois tipos básicos de disjuntores a óleo, a saber:


• Disjuntores a grande volume de óleo - os contatos ficam no centro
de um grande tanque contendo óleo, que é usado tanto para a
interrupção das correntes quanto para prover um isolamento para a
terra. Nos primeiros aparelhos a óleo, o arco desenvolvido
livremente entre os contatos criava bolhas de gás dispersas. Para
evitar o reacendimento entre fases ou terminais e terra, estas bolhas
não devem em hipótese alguma alcançar o tanque ou se juntar, como
mostrado na figura 2. Estes disjuntores podem, consequentemente,
ser extremamente grandes. Além do incomodo do peso, estes
aparelhos apresentam inúmeras desvantagens, tais como a falta de
segurança devido ao hidrogênio produzido que é acumulado sob a
tampa e ao elevado nível de manutenção exigido para monitorar a
pureza do óleo e manter as propriedades dielétricas.

249
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 13

Figura 2 – Seção transversal de um disjuntor a grande volume de óleo;

• Disjuntores a baixo volume de óleo – O arco e as bolhas são


confinadas em uma câmara de interrupção isolante. A pressão do gás
aumenta e o arco passa por um conjunto de sucessivas câmaras,
então ele se expande através de um duto na região do arco, quando a
corrente passa pelo zero. Por fim, a energia é varrida, restaurando as
propriedades dielétricas entre os contatos.

Para grandes correntes, a quantidade de hidrogênio produzida e a


correspondente pressão, aumentam consideravelmente. Em
conseqüência, o tempo de arco mínimo são curtos. Por outro lado,
para pequenas correntes, o aumento da pressão é insignificante e o
tempo de arco é longo. O tempo de arco aumenta até um valor
crítico onde torna-se difícil estabelecer a interrupção.
Adicionalmente, podem ser instalados mecanismos sopradores com
o intuito de melhorar este processo.

c) Disjuntores a vácuo
Nos disjuntores a vácuo o arco que se forma entre os contatos é bastante
diferente dos arcos em outros tipos de disjuntores, sendo basicamente mantido
por íons de material metálico vaporizado proveniente dos contatos. A
intensidade da formação desses vapores metálicos é diretamente proporcional
à intensidade da corrente e, consequentemente, o plasma diminui quando esta
decresce e se aproxima de zero. Atingindo o zero de corrente, o espaço entre
os contatos é rapidamente deionizado pela condensação dos vapores metálicos

250
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 14

sobre os eletrodos. A ausência de íons após a interrupção dá aos disjuntores a


vácuo características quase ideais de suportabilidade dielétrica.

Interrupção no vácuo
O arco elétrico sob condições de vácuo, dependendo da intensidade da
corrente a ser interrompida, pode apresentar características concentradas ou
difusas.

Para valores de corrente altos (≥10 kA), o arco é concentrado e único, como
nos fluidos tradicionais, conforme ilustrado pela figura 3(a). Regiões do
catodo e anodo, com alguns mm2 de área, sofrem brusca elevação de
temperatura. Desta forma, uma fina camada de material do contato é
vaporizada, portanto o arco é desenvolvido em uma atmosfera de vapor
metálico, que ocupa todo o espaço existente entre os contatos. Quando a
corrente diminui, estes vapores são condensados nos próprios eletrodos ou em
uma placa metálica instalada para esta finalidade. Neste caso, a tensão de arco
pode atingir 200 V.

Para valores de corrente inferiores a alguns milhares de amperes, a forma do


arco passa a ser difusa, constituída por diversos arcos de formato cônico
separados entre si, com ápice no cátodo, conforme mostrado na figura 3(b)

251
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 15

Figura 3 – (a) Arco concentrado, (b) Arco difuso;

Para os dois tipos de arco apresentados anteriormente, a extinção do arco e a


conseqüente interrupção são facilmente alcançadas quando a corrente passa
pelo zero, pois nestas condições os vapores metálicos são condensados.

A metodologia adotada na interrupção a vácuo vem exigindo alguns cuidados


específicos, tais como:
• Redução do fenômeno de corte de corrente para evitar problemas de
sobretensões;
• Evitar o desgaste prematuro dos contatos para manter alta
durabilidade;
• Atrasar o aparecimento do arco no estado concentrado para aumentar
a capacidade de interrupção;
• Limitar a produção de vapor metálico para evitar reignição;
• Manutenção do vácuo, essencial para manter as propriedades de
interrupção, durante a vida útil do disjuntor.

Para satisfazer as condições impostas acima, os fabricantes desenvolveram


duas alternativas: arco controlado por campo magnético e a composição do
material dos contatos.

I - Campo magnético

Dois tipos de conformações são utilizados no caso de campo magnético:

252
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 16

• Campo magnético radial – O campo é criado pela circulação da


corrente nos eletrodos projetados para este propósito. No caso de
arco concentrado, a base deste move-se de forma circular, o calor é
uniformemente distribuído limitando o desgaste e a concentração de
vapor metálico. Quando o arco é difuso, os pontos movem-se
livremente sobre a superfície do catodo como se esse fosse um disco
sólido. Na figura 4 nota-se que o arco obedece as leis
eletromagnéticas, movendo-se do centro para as extremidades dos
contatos.

Figura 4 – Campo magnético radial criado entre os contatos;

• Campo magnético axial – A aplicação de um campo magnético


axial necessita que os íons apresentem trajetória circular, o que
estabiliza o arco difuso e atrasa o aparecimento do estado
concentrado. O aparecimento de pontos no catodo é evitado, o
desgaste é limitado, permitindo uma elevada capacidade de
interrupção. O campo magnético pode ser gerado interna ou
externamente através da circulação permanente da corrente nos

253
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 17

enrolamentos de uma bobina. A figura 5 ilustra o processo de


distribuição do campo magnético axial nos contatos.

Figura 5 – Campo magnético axial criado entre os contatos;

II – Material do contato

Com o objetivo de manter a qualidade do vácuo, é essencial que os materiais


utilizados nas superfícies em contato com o vácuo apresentem elevado grau de
pureza e livres de gases. Além disso, é necessário que a resistência elétrica dos
contatos possua um baixo valor, para diminuir a possibilidade de soldagem
dos contatos e boa resistência mecânica. Deste modo, os principais fabricantes
de disjuntores utilizam ligas metálicas na superfície dos contatos, tais como:
cobre/cromo (50-80% de Cu, 50-20% de Cr), cobre/bismuto (98% de Cu, 2%
de Bi), etc.

254
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 18

d) Disjuntores a SF6
O SF6 é um dos gases mais pesados conhecidos (peso molecular 146), sendo
cinco vezes mais pesados que o ar. À pressão atmosférica o gás apresenta uma
rigidez dielétrica 2,5 vezes superior à do ar. A rigidez dielétrica aumenta
rapidamente com a pressão, equiparando-se à de um óleo isolante de boa
qualidade à pressão de 2 bars. A contaminação do SF6 pelo ar não altera
substancialmente as propriedades dielétricas do gás, um teor de 20% de ar
resulta numa redução de apenas 5% da rigidez dielétrica do gás.
O SF6 é um gás excepcionalmente estável e inerte, não apresentando sinais de
mudança química para temperaturas em que óleos empregados em disjuntores
começam a se oxidar e decompor. Por se tratar de um gás eletronegativo, o
SF6 possui uma elevada afinidade na captura de elétrons livres, o que dá lugar
à formação de íons negativos de reduzida mobilidade. Essa propriedade
determina uma rápida remoção dos elétrons presentes no plasma de um arco
estabelecido no SF6, aumentando, assim, a taxa de diminuição da condutância
do arco quando a corrente se aproxima de zero.
Foram desenvolvidas várias técnicas para a interrupção de correntes elétricas
utilizando-se o SF6. Dentre as quais, pode-se apresentar:

• Autocompressão – Simultaneamente com a separação dos contatos de


arco, um êmbolo, em cuja extremidade encontra-se o contato móvel, se
movimenta comprimindo o SF6, à medida que o contato móvel se afasta
do fixo. O gás é então direcionado para a região dos contatos, atingindo o
arco de forma transversal, retirando calor e provocando a sua extinção.

255
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 19

Para elevadas correntes, o arco causa um efeito de bloqueio que contribui


para o acúmulo de gás comprimido. Quando a corrente se aproxima do
zero, o arco é resfriado e extinto devido à injeção de novas moléculas de
SF6. O valor médio da tensão de arco encontra-se entre 300 e 500 V. A
figura 6 mostra a técnica da autocompressão.

Figura 6 – Princípio de funcionamento da autocompressão;

• Arco rotativo – Nesta tecnologia, o resfriamento do arco é provocado pelo


seu próprio movimento no gás SF6. A elevada velocidade no movimento
de rotação do arco (que pode exceder a velocidade do som), é causada por
um campo magnético criado pela circulação, em uma bobina ligada em
série com o contato de arco fixo, da própria corrente a ser interrompida no
momento da abertura. Quando os contatos principais se separam, a corrente
é forçada a circular pela bobina, acarretando o aparecimento de um campo
magnético. Portanto, a energia necessária para extinguir o arco é fornecido
pelo próprio sistema, este fato possibilita que esta técnica de interrupção

256
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 20

apresente um mecanismo de comando mais simples e econômico quando


comparado com as demais técnicas. A rápida movimentação da base do
arco sobre os contatos reduz substancialmente o seu desgaste. A figura 7
representa a tecnologia empregada no uso do arco rotativo.

Figura 7 – Técnica do arco rotativo;

• Auto-expansão – Basicamente esta técnica utiliza a própria energia


dissipada pelo arco para elevar a pressão de um pequeno volume de SF6
que penetra em uma câmara de expansão, conforme pode ser observado na
figura 8(a). Para altas correntes, o arco possibilita um efeito de bloqueio
direcionando o gás para o orifício da câmara de expansão. A temperatura
desse gás confinado aumenta devido à dissipação térmica do arco
(principalmente por radiação), criando um diferencial de pressão. Quando a
corrente se aproxima do zero, o gás confinado se expande formando um
fluxo de moléculas de SF6 em direção aos contatos, propiciando o
resfriamento do arco e extinguindo a energia calorífica como se fosse um
sistema de autocompressão. Dois métodos podem ser utilizados para o

257
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 21

aperfeiçoamento da referida técnica, estes consistem na centralização do


arco na região na qual ocorre a expansão do SF6. O método mecânico
consiste no confinamento do fluxo gasoso com o auxílio de placas
isolantes, como se observa na figura 8(b). No caso do método magnético,
um campo magnético devidamente dimensionado, centraliza o arco na
região de expansão de SF6 com um rápido movimento rotacional similar à
técnica do arco rotativo, como mostrado na figura 8(c).

Figura 8 – (a) Auto-expansão; (b) Método mecânico; (c) Método magnético;

O item a seguir traz um comparativo entre os diversos tipos de disjuntores e a


tendência do mercado europeu nos últimos 20 anos.

2.1.4 – COMPARAÇÃO ENTRE AS DIVERSAS TÉCNICAS


DE INTERRUPÇÃO

258
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 22

Atualmente na baixa tensão (BT), com raríssimas exceções, a técnica de


interrupção no ar é a única utilizada. Na EAT, a interrupção em SF6 é
praticamente a única empregada. Nas aplicações de MT, onde todas as
técnicas podem ser usadas, a interrupção à vácuo e a SF6 vem substituindo a
interrupção a ar por razões de custos e tamanho, conforme ilustra a figura 9.
Observa-se, também nesta figura, que a técnica de interrupção a óleo vem se
tornando cada vez mais obsoleta, quando em comparação com as modernas
técnicas à vácuo e a SF6. Isto se justifica pois as mesmas apresentam maiores
confiabilidade, segurança e manutenção reduzida.

Figura 9 – Trajetória dos disjuntores de MT no mercado europeu;

A tabela 3 faz uma comparação entre as diversas técnicas de interrupção,


utilizadas nos disjuntores de média tensão, destacando as vantagens da
utilização do SF6/Vácuo em relação ao óleo e ar.

259
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 23

Tabela 3 – Comparação entre as diversas técnicas de interrupção.


Óleo Ar SF6/Vácuo

Segurança Risco de explosão e fogo Efeitos externos Sem riscos de explosão e


se a pressão aumentar. significativos (emissão de efeitos externos
Múltiplas operações causa gás quente e ionizado
falhas. durante a interrupção)
Tamanho Volumoso Instalação exige grandes Pequeno
distancias.
Manutenção Troca regular de óleo Substituição dos contatos Nada para os componentes
de arco quando possível. de interrupção.
Manutenção regular do Lubrificação mínima no
mecanismo de controle. mecanismo de controle.
Sensibilidade ao meio Umidade, poeira, etc. Umidade, poeira, etc. Insensível. Lacrado por
ambiente toda a vida.
Ciclo rápido de A lenta evacuação do ar Tanto o SF6 como o vácuo
abertura quente exige uma restabelecem rapidamente
capacidade de as suas propriedades. Não
superdimensionar. há a necessidade de
sobredimensionamento.
Suportabilidade Medíocre Média Excelente

2.1.5 – QUADRO COMPARATIVO


A título de informação, mostra-se no quadro resumo 3, um estudo
comparativo de algumas características dos disjuntores de entrada exigidas
pelas principais concessionárias de energia elétrica.

260
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 24

Quadro Resumo 1 – Estudo comparativo das exigências das concessionárias quanto aos
disjuntores de entrada
DISJUNTOR DE ENTRADA
Equipamento Existe ficha
padrão=S= técnica da
atende? concessionária
Equipado com dispositivo mecânico de desligamento além
dos dispositivos elétricos de ligar e desligar.
CERJ Sim Não
Para definição do nível da capacidade de interrupção,
consultar a concessionária.
Tempo de interrupção inferior a 3 ciclos.
CPFL Sim A capacidade de interrupção não deverá ser inferior a 31,5
kVA.
Capacidade de interrupção dimensionada de acordo com
CELESC Sim Não
informações do nível de curto-circuito CELESC.
Icc = 33 kA em 88 kV
ELETROPAULO Sim
Icc = 31,4 kA em 138 kV
A ser fixado pela CEMIG para cada local específico.
CEMIG Sim Não
Para efeito de oferta consultar concessionária.
In ≥ 600 A – 60 Hz
Tensão máxima 72,5 kV
CELPE Sim Sim
Iccmáx = 12,5 kA
Aconselhável uso de TRIP CAPACITIVO
In = 1.600 a
COELCE Sim Sim
Icc = 20 kA

2.2 – FUSÍVEIS

Os fusíveis são dispositivos de interrupção súbitas, extremamente eficazes na


proteção de circuitos de média tensão devido às suas excelentes características
de tempo e corrente. Eles devem ser manualmente repostos para restaurar a
operacionalidade do circuito.

261
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 25

Enquanto os disjuntores necessitam de equipamentos adicionais (relês e TC’s)


para detectar e interromper correntes anormais, os fusíveis possuem
características próprias de detecção e interrupção, as quais devem ser
coordenadas com outros dispositivos de proteção.

Os fusíveis são empregados para executar a proteção de transformadores de


força, acoplados, em geral, a um seccionador interruptor, ou ainda, na
substituição do disjuntor geral de uma subestação de pequeno porte, quando
associados a um interruptor automático. Eles também são largamente
utilizados na proteção de motores de MT e banco de capacitores.

A principal característica deste dispositivo de proteção é a capacidade de


limitar a corrente de curto-circuito em tempos extremamente reduzidos de
atuação. Por possuir uma elevada capacidade de interrupção, os fusíveis
limitadores são largamente utilizado em sistemas elétricos onde o nível de
curto-circuito é elevado.

O fusível limitador de corrente é um dispositivo de interrupção único, pois não


aguarda a passagem de corrente pelo zero para efetuar a abertura, mas força a
mesma a anular-se.

2.2.1 – CARACTERÍSTICAS NOMINAIS

a) Tensão nominal (Vn)

262
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 26

É o maior valor da tensão de operação entre fases (expressa em kV) da rede na


qual o fusível poderá ser instalado. Os valores padronizados para as tensões
nominais, são: 3,6 – 7,2 – 12 – 17,5 – 24 – 36 kV.

b) Corrente nominal (In)


A corrente nominal é aquela em que o elemento fusível deve conduzir
continuamente sem ultrapassar o limite de temperatura padronizado. Esta
temperatura dependerá dos elementos que compõem o fusível.

c) Corrente mínima de interrupção (I3)


Neste valor de corrente é feita a distinção entre fusão e interrupção. Para
intensidade de correntes inferiores a I3, o fusível funde mas pode não
interromper. Neste caso, o arco é mantido até a corrente ser interrompida por
uma ação externa. Os valores usuais para I3 se encontram entre 2 e 6 In.

d) Corrente na região onde a energia produzida pelo arco é máxima (I2)


O valor de I2 está localizado, dependendo do elo fusível, na faixa entre 50 a
100 In. Esta corrente é responsável por um tempo de pré-arco da ordem de 5
ms.

e) Corrente máxima de interrupção (I1)

263
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 27

É a maior corrente de defeito presumida que o fusível pode interromper. A


ordem de grandeza de I1 é de 20 a 50 kA ou mais. Estes níveis de corrente são
oriundos de situações que envolvem curto-circuitos.

f) Característica tempo x corrente


Para cada tipo de elo fusível, a fusão ou o tempo de pré-arco é associado a um
correspondente valor rms de corrente. O tempo de pré-arco para cada valor de
corrente pode ser encontrado através de uma curva logaritma padronizada,
conforme mostrado na figura 10.

Figura 10 - Tempo de pré-arco em função da corrente;

Esta curva corresponde somente ao pré-arco. O tempo de arco (tipicamente de


5 a 50ms) deve ser adicionado para obter-se o tempo total. Esta curva é
importantíssima, pois pode-se analisar a seletividade deste componente com
os demais elementos de proteção existente na instalação elétrica.

f) Curva característica da corrente limitada

264
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 28

Esta curva, mostrada na figura 11, complemento indispensável à característica


tempo x corrente, determina o valor de pico da corrente limitada em relação a
corrente de curto presumida.

Figura 11 - Relação entre a corrente presumida e a limitada;

Nota-se na figura acima que, para uma corrente presumida de 40kA (ponto A),
um fusível de 200A limitaria a corrente em 25kA (ponto B), fato este que
reduz consideravelmente os danos provocados pelos esforços eletrodinâmicos
produzido por uma corrente de curto-circuito.

2.3 – SECCIONADORAS

São utilizadas exclusivamente para estabelecer a conexão ou a separação de


dois componentes ou circuitos de um sistema elétrico. Não se exige das
chaves seccionadoras a capacidade de abertura e interrupção de quaisquer

265
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 29

correntes. Em funcionamento, isto é, com os seus contatos fechados, elas


devem ser capazes de manter a condução de sua corrente nominal, sem sobre-
aquecimento. Além disso, devem suportar todos os efeitos térmicos e
dinâmicos das correntes de curto-circuito, sem se danificar. A vazio, isto é,
com seus contatos abertos, devem estabelecer um nível suficiente de
isolamento. Os seccionadores são utilizados em subestações para permitir
manobras de circuitos elétricos, sem carga, isolando disjuntores,
transformadores de medição e de proteção e barramentos. Também são
utilizados em redes aéreas de distribuição com a finalidade de seccionar os
alimentadores durante a manutenção ou para realizar manobras operacionais.

Interruptores:
São equipamentos de manobra que podem interromper correntes de qualquer
natureza, até poucas vezes a corrente nominal. Normalmente, os interruptores
são pequenos disjuntores, ou disjuntores de pequena capacidade nominal.

Chaves seccionadoras sob carga:


São chaves seccionadoras construídas com dispositivos especiais de extinção
de arco, em seus contatos fixos e móveis, capazes de interromper até sua
corrente nominal, ou seja, a sua operação poderá ser realizada com carga.

Chaves Seccionadoras Disjuntoras:


São disjuntores que igualmente atendem as condições de chaves
seccionadoras. São construídas excepcionalmente somente para pequenas
capacidades principalmente de interrupção.

266
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 30

2.3.1 – CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

a) Chaves Seccionadoras
Conforme citado anteriormente, as chaves seccionadoras servem para isolar
componentes ou circuitos de quaisquer outras partes sob tensão. Sob aspecto
de segurança, pode-se considerar um circuito isolado se o mesmo estiver
interrompido por uma chave seccionadora.

b) Tipos de Seccionadoras
Quanto à aplicação no circuito, pode-se considerar os seguintes tipos de
chaves seccionadoras:

b1) Chaves Seccionadora Simples (Abertura a Vazio):


Destinadas a abrir circuitos somente à vazio, nunca sob corrente;

b2) Chaves Seccionadora sob Carga:


Destinados a abrir circuitos sob corrente nominal. Este tipo de seccionadora é
encontrado para média e baixas tensões. Em alta tensão somente a SF6;

b3) Chave de Aterramento


Destinada a aterrar um componente ou circuito. São utilizados em redes com
ponto neutro aterrado através de baixa resistência ôhmica e, em particular,
para instalações exteriores.

As principais características são:


- Alta segurança para o pessoal de serviço;

267
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 31

- Aumento da segurança de alimentação;


- Intertravamento contra conexões às partes já aterradas;
- Redução do tempo fora de serviço, durante a manutenção e reparos.

c) Tipos de Abertura

c1) Lateral Simples

c2) Abertura Lateral Dupla com uma Coluna Rotativa

268
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 32

c3) Abertura Lateral Dupla com duas Colunas Rotativas

c4) Abertura Vertical

c5) Chave Pantográfica

c6) Chave Semi-Pantográfica

269
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 33

d) Tipos de Acionamento
- Manual
- Motorizado
- Ar comprimido

e) Acessórios

e1) Chaves Auxiliares (Baixa Tensão)

e2) Lâmina de Terra


Este acessório tem como função realizar o aterramento logo após a
abertura da chave seccionadora.

2.3.2 – QUADRO COMPARATIVO

A título de informação, mostra-se nos quadros resumo 2 e 3, respectivamente,


um estudo comparativo de algumas características das seccionadoras de

270
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 34

entrada e de By-Pass exigidas pelas principais concessionárias de energia


elétrica.

Quadro Resumo 2 – Estudo comparativo das exigências das concessionárias quanto as


seccionadoras de entrada
SECCIONADORA DE ENTRADA
Existe ficha técnica
da concessionária?
CERJ Não Manual ou motorizada sem lâmina de terra com chifres
In ≥ 600 A
CPFL Não
Tripolar – com operação simultânea de três pólos sem lâmina de terra
Manual ou motorizada com lâmina de terra do lado da linha.
CELESC Não
A lâmina só poderá ser operada com autorização prévia da CELESC.
ELETROPAULO Não Manual ou motorizada sem lâmina de terra.
Manual ou motorizada com lâmina de terra do lado da linha.
CEMIG Não
Aterramento da lâmina somente com autorização da CEMIG.
In ≥ 600 A
Manual ou motorizada, com lâmina de terra.
CELPE Não
Aterramento do lado da instalação do consumidor e nunca a LT que a
alimenta.
Manual ou motorizada – com chifres para extinção de arcos.
Abertura horizontal ou vertical.
COELCE Sim Com lâmina de terra.
Aterramento ao lado da linha.
In = 800 A/ Icc = 12,5 kA.

Quadro Resumo 3 – Estudo comparativo das exigências das concessionárias quanto as


seccionadoras By-Pass.
SECCIONADORA DE BY-PASS
Permitido, porém sujeito à aprovação da concessionária quando o arranjo da subestação
CERJ apresentar disjuntores nas linhas e no lado AT dos trafos. Vedado no caso de haver
somente disjuntor na entrada.
CPFL Não é permitido.
Admite seccionadora de by-pass.
CELESC
Sujeito à aprovação.
ELETROPAULO Não é permitido.
CEMIG Permitido/sujeito à aprovação da concessionária.

271
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 35

CELPE É permitido/sujeito à aprovação da concessionária.


COELCE É permitido. Sujeito à aprovação.

2.4 – RELÉS DE PROTEÇÃO

2.4.1 - GENERALIDADES

Estudou-se nos capítulos anteriores que em geral os danos mais graves para os
equipamentos elétricos são provocados pelas seguintes condições anômalas:
• Sobreintensidades (provocam sobretemperaturas);
• Sobretensões (causadoras de fadigas e disrupções dielétricas);
• Curtos-circuitos (causadores de danos por sobreaquecimento e por forças
eletrodinâmicas);
• Subfrequências e sobrefrequências (causadoras de falhas de sincronismo,
de sobreintensidade e sobretensão);
• Inversão de potência;
• Sobretemperatura;

Estas condições devem ser “sentidas” pelos relés de proteção ou pelas


proteções internas dos equipamentos (relés de gás, imagem térmica,
termômetro, etc).

272
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 36

Os relés de proteção devem possuir características tais que permitam


distinguir com a maior segurança uma situação de defeito de uma condição
normal de operação.

De uma maneira geral, um relé de proteção deve apresentar as seguintes


características de projeto:
• Operar com segurança nas condições de defeito para o qual foi projetado,
devendo permanecer inoperante para qualquer outra situação.
• Deve possuir uma faixa de ajuste suficientemente ampla de forma a
permitir seletividade entre os outros relés.
• Deve ser imune a ocorrência de transitórios de tensão e corrente
proveniente de transformadores de instrumentos (TP’s e TC’s), bem como
da alimentação de corrente contínua. Isso se aplica principalmente a relés
de alta velocidade, onde o tempo de operação é menor ou igual a 0,05s.
• Atender as especificações técnicas internacionais.
• Apresentar robustez em seus elementos principais, tais como bobinas e
contatos.
• Baixo consumo dos circuitos alimentados pelos TC’s.

2.4.2 - PRINCIPAIS TIPOS CONSTRUTIVOS

Quanto as características construtivas, os relés podem ser divididos em 5


categorias:
• Atração axial
• Disco de indução

273
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 37

• Watímetro
• Estáticos
• Eletrônicos
Existem ainda, dois tipos de relés utilizados como proteção interna de
transformadores e geradores:
• Relé térmico
• Relé de gás
Os relés eletromecânicos por serem amplamente conhecidos não serão
comentados.
a) Relés estáticos

Os relés estáticos têm o mesmo princípio de funcionamento dos relés


eletrodinâmicos, ou seja, comparam os valores de tensão e/ou corrente com os
valores de ajuste.

No entanto, ao invés de ter discos de indução e bobinas, os relés estáticos são


construídos com circuitos eletrônicos comparadores, amplificadores
operacionais e unidades de saída em contato.

O relé estático é muito mais rápido e tem um consumo muito inferior ao relé
eletrodinâmico. Além disto, as dimensões são bastante reduzidas no relé
estático. Adicionalmente permitem uma grande faixa de ajuste, o que sem
dúvida reduz os problemas de coordenação normalmente encontrados.
Os relés estáticos podem ser montados individualmente ou por função.

b) Relés eletrônicos

274
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 38

A proteção feita através de relés eletrônicos (digital) é a mais moderna. Estes


equipamentos são microprocessadores, ou seja, tem um alto nível de
confiabilidade associado a uma rapidez de atuação.

c) Relés térmicos
Consiste em geral de uma lâmina bimetálica aquecida pela passagem de
corrente elétrica num resistor colocado adjacente. A lâmina ao se distender irá
modificar a posição dos contatos, para a posição aberto. Nestas condições, o
circuito fica desenergizado, e consequentemente desligando os ramais por ele
protegido. Deve-se atentar pelo fato que o relé térmico vem associado a outro
dispositivo de seccionamento ( contatores, disjuntores,etc.).

d) Relés de Gás

Este relé detecta dois tipos de defeitos:


• Mau contato
• Curtos-circuitos

O mau contato de partes internas do transformador provoca sobreaquecimento


que como conseqüência acumulará lentamente o gás na parte superior do
tanque.

Na ocorrência de um curto-circuito acontece a liberação de gás inflamável que


se acumula na parte superior do tanque do transformador. A figura 12 mostra
o relé de gás aplicado como proteção de transformadores.

275
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 39

Figura 12 – Diagrama esquemático mostrando a posição do Relé de Gás;

Observa-se que este relé possui um sensor para fluxo de óleo e um para
acúmulo de gás.

O sensor de fluxo de óleo atua quando ocorre curto-circuitos violentos,


internos ao transformador. O sensor para acúmulo de gás atua para correntes
de curto-circuitos pequenas e para maus contatos prolongados. Caso haja
vazamento de óleo isolante o relé de gás também opera quando o nível do óleo
estiver abaixo de um ponto crítico.

276
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 40

2.4.3 – CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEMPO DE OPERAÇÃO

Apesar de se esperar a maior rapidez possível na atuação de um relé,


normalmente, por questões de seletividade entre os vários elementos de
proteção, é necessário permitir uma certa temporização antes que ordene a
abertura do disjuntor. Logo, tomando-se como base estas considerações, os
relés podem ser classificados quanto ao tempo de operação em :
• Instantâneos;
• Temporizados com retardo dependente;
• Temporizados com retardo independente.

Os relés instantâneos não apresentam nenhum retardo intencional no tempo de


atuação.

Os relés temporizados com retardo dependente são os mais utilizados nos


sistemas elétricos. São caracterizados por uma curva de temporização
normalmente inversa, cujo retardo é função do valor da grandeza que o
sensibiliza. A figura 13 mostra a curva típica de um relé temporizado de
retardo dependente.

O relé temporizado com retardo independente, ao contrário do anterior, é


caracterizado por um tempo de atuação constante, independentemente da
magnitude da grandeza que o sensibiliza. A figura 14 apresenta as curvas de
um relé particular para operação por corrente.

277
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 41

Figura 13 - Curva típica de relé temporizado com retardo dependente;

Figura 14 - Curva típica de relé temporizado com retardo independente;

2.4.4 – CLASSIFICAÇÃO DOS RELÉS QUANTO À FUNÇÃO


Os relés quanto as suas funções podem ser classificados de acordo com os
enunciados abaixo:
• Relé de sobrecorrente (50/51)
• Relé diferecial (87)
• Relé direcional (67)
• Relé de distância (21)

278
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 42

• Relé de religamento (79)


• Relé de sincronismo (25)
• Relé de falha de disjuntor (50BF)
• Relé de sobretensão (59)
• Relé de subtensão (27)
• Relé de oscilação de potência (68)
• Relé de sobrecorrente com controle de tensão (51V)
• Relé de inversão e perda de fase
• Relé de terra (50/51 GS)

a) Relé de sobrecorrente

É de todas as proteções a mais simples e a mais econômica. Esta proteção atua


sempre que as correntes em uma máquina ou em um trecho do circuito
ultrapassa o valor máximo estabelecido.

A corrente de atuação deve sempre ser reajustada quando há uma alteração da


potência nominal do sistema.

Em sistemas de baixa tensão a corrente pode ser medida por relés de


sobrecorrente inseridos diretamente no circuito. Em todos os outros casos, a
corrente é medida através de um TC, e o seu secundário está ligado no relé de
sobrecorrente.

As proteções de sobrecorrentes são usadas em:


• Transformadores (retaguarda por falta externa)

279
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 43

• Motores e geradores
• Circuitos de distribuição e de subtransmissão (onde não se justifica a
proteção de distância), como proteção de falta fase à terra.
• Linhas de distribuição ( com relés de distância para proteção de fase) como
proteção de falta a terra.
• Linhas com proteção primária por fio piloto, como proteção de retaguarda.,

O diagrama básico unifilar de uma proteção por sobrecorrente é mostrado na


figura 15.

Figura 15 –Sistema elétrico representativo de um subestação com


as proteções de sobrecorrente

Os relés de sobrecorrente podem ser:


• Eletromecânicos
• Estáticos
• Eletrônicos

280
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 44

Os relés eletromecânicos dispõem de dois ajustes independentes:


• Ajuste de corrente de atuação
• Ajuste de tempo de atuação

A primeira regulação é feita ou por variação do entreferro, ou por tensão da


mola de restrição ou por seleção de uma tomada de bobina (ajuste de “taps”).

O ajuste de tempo é efetuado ajustando o percurso do contato móvel (DT) ou


então por meio de dispositivos mecânicos de temporização.

Apesar de os ajustes serem independentes, há uma inter-relação entre a


corrente e o tempo de atuação.

Os relés estáticos de sobre-intensidade são construídos seguintes blocos


eletrônicos:
• Entrada
• Ajuste de corrente
• Ajuste de tempo
• Sinalização e comando
• Alimentação auxiliar

Os relés eletrônicos são microprocessadores que atuam através de lógica


digital.

b) Relé diferencial de sobrecorrente

281
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 45

Este tipo de proteção compara vetorialmente duas correntes elétricas em dois


pontos de um mesmo sistema (por exemplo, em dois pontos de um barramento
ou entre dois enrolamentos de um transformador). Caso haja um diferença
entre as correntes, superior a um determinado valor ajustado, o relé é
sensibilizado, enviando ao disjuntor uma ordem de abertura. A diferença
vetorial pode ser determinada diretamente (relé diferencial amperimétrico) ou
em percentagem (relé diferencial percentual). Usa-se o sistema diferencial na
proteção de transformadores, reatores, geradores e barramentos. Na figura 16
observa-se a operação do relé diferencial para o ponto F, localizado dentro de
sua zona de proteção.

Figura 16 - Operação do relé diferencial para ponto de falta F, localizado


dentro de sua zona de proteção;

Nas conexões deve-se atentar para as polaridades do TC e os grupos de


ligação. Observa-se na figura 16 que, as ligações dos TC’s são estrela se as
ligações do transformador é triângulo e vice-versa.

282
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 46

Esta proteção é sensível a defeitos internos dos transformadores, barramentos,


geradores e reatores.

Por exemplo no caso de transformadores, pode proteger contra curto-circuitos


entre espiras, contra arcos nas buchas, contra curtos para o núcleo à carcaça,
etc.

c) Relé direcional
A proteção direcional detecta a inversão do fluxo de potência, com valores de
tensão próximos dos normais. É necessariamente, uma proteção temporizada
para evitar atuações incorretas durante as inversões momentâneas de energia
que ocorrem durante as oscilações de potência sincronizante dos geradores ou
quando das reversões de energia que acontecem após curtos-circuitos.

Na figura 17 está esquematizada uma proteção direcional. O relé 67 recebe um


sinal de corrente de um TC e, um sinal de tensão de um TP. Na ocorrência de
uma inversão no sentido de corrente, o relé 67 operará.

283
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 47

67 − 3
- Bobina de corrente da unidade temporizada da fase C; 67-3 - Unidade direcional
TOC
67 − 3
da fase C; - Bobina de corrente da unidade direcional da fase C
TOC

Figura 17 - Conexão típica do relé direcional;

Associado ao relé 67, atua também o relé 67N o qual funciona da seguinte
maneira. A sua atuação no caso de falta fase-terra, consiste em aparecer uma
tensão de seqüência zero no interior do triângulo aberto dos secundários do
TP. Esta tensão, associada à corrente de neutro (corrente de desequilíbrio)
provoca a operação do relé 67N.

284
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 48

d) Relé de Religamento
O relé de religamento tem por finalidade reduzir o tempo de interrupção de
energia e conservar a estabilidade do sistema. Estes podem ser para
religamento monopolar ou tripolar. Esta seleção é feita através de uma chave
seletora do próprio relé.

O acionamento do religamento é função da aplicação em que o relé está sendo


empregado. Todo relé de religamento tem uma entrada para bloqueio e
atuação, que também é função da aplicação do relé.

e) Relé de Sobretensão
A proteção contra sobretensões devidas a surtos de manobra ou atmosféricas é
feita com pára-raios. Para sobretensões de maior duração e de valor mais
baixo são utilizadas as proteções com relés de sobretensões.

Os relés de sobretensão são ajustados para um valor máximo de tensão


admissível; a ultrapassagem deste valor provoca a atuação do relé e o disparo
dos disjuntores correspondentes.

Em linhas de Extra Alta Tensão (EAT) são usadas duas proteções de


sobretensão, uma instantânea e outra temporizada; a instantânea atua para
defeitos simultâneos nas 3 fases, ao passo que a temporizada funciona para
sobretensões em qualquer das fases.

A proteção de sobretensão instantânea envia um sinal via “carrier”, para o


outro extremo da linha destinado ao desligamento do disjuntor aí alocado.

285
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 49

Em transformadores instalados em subestação de E.A.T. a proteção de


sobretensão desliga os disjuntores dos lados de A.T. e B.T..

f) Relé de Subtensão
O relé de subtensão é ajustado para um valor mínimo de tensão admissível; a
redução da tensão a valores abaixo do ajuste provoca a atuação do relé.

Em subestações a proteção de subtensão é combinada com a de sobrecorrente


para caracterizar melhor o curto-circuito. Estes relés também são utilizados
nos esquemas de religamento onde é possível o religamento do disjuntor sem
verificação de tensão.

g) Relé de Oscilação de Potência


O relé de oscilação de potência é aplicado em conjunto com o relé de distância
afim de que oscilações de potência de curta duração não permitam que o relé
de distância opere e cause o desligamento dos disjuntores da linha . A sua
operação é do tipo temporizada.

h) Relé de Sobrecorrente Controle de Tensão


É um relé acionado pela corrente do circuito (bobina de corrente) mas cuja
ação é restringida pela própria tensão do circuito (bobina de tensão).

286
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 50

Na ocorrência de um curto-circuito acontece uma sobrecorrente associada a


uma redução significativa (às vezes até zero) da tensão, daí a utilização deste
tipo de relé para caracterizar melhor a ocorrência de falta.

i) Relé de Terra
O relé de terra é um dispositivo de sobrecorrente com ajuste bastante baixo, de
modo a detectar correntes de defeito de baixa intensidade. Os relés de terra
podem ser também de tensão, polarizados ou não, que detecta tensão de
seqüência zero, que é causada por uma falta à terra.
Esta proteção podem também ser ligados a TC’s de janela que ao “abraçar” as
três fases do circuito irá “enxergar” a corrente de desequilíbrio do circuito,
com um ajuste adequado distingue-se uma corrente de desequilíbrio da carga
de uma corrente de defeito.

As Figuras 18 e 19 indicam a utilização de um relé de terra.

52 M

51 51 51T

Figura 18 – Relés de terra associado a três transformadores de corrente;

287
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 51

TC DE
JANELA

52 M

51T

Figura 19- Relé de terra associado a um TC tipo janela;

2.5 – PÁRA-RAIOS

2.5.1 - INTRODUÇÃO

Os pára-raios são equipamentos responsáveis por funções de grande


importância nos sistemas elétricos de potência, contribuindo decisivamente
para a sua confiabilidade, segurança e continuidade de operação.

Os equipamentos de uma subestação podem ser solicitados por sobretensões


provenientes de ocorrências no sistema ou de descargas atmosféricas. Com o
objetivo de impedir que estes equipamentos sejam danificados, é necessário a
instalação de dispositivos de proteção contra sobretensões, sendo os pára-raios
os dispositivos mais adequados para esta finalidade. Atuam como limitadores
de tensão, impedindo que valores acima de um determinado nível pré-
estabelecido possam alcançar os equipamentos para os quais fornecem
proteção.

288
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 52

Do ponto de vista construtivo, o pára-raios é um equipamento bastante


simples, é constituído de um elemento resistivo não-linear associado ou não a
um centelhador em série. Em condições normais de operação, o pára-raio é
semelhante a um circuito aberto. Na presença de sobretensões, o centelhador
dispara e uma corrente passa a circular pelo resistor não-linear, impedindo que
a tensão em seus terminais ultrapasse um determinado valor. É possível a
eliminação do centelhador, utilizando-se somente o resistor não-linear, se o
material não-linear apresenta característica suficientemente adequada para este
fim.

A figura 20 apresenta a característica tensão x corrente de um pára-raio ideal.

Figura 20 - Característica V x I de um pára-raios ideal;

Conforme pode ser observado na figura 20, um pára-raios ideal seria aquele
que iniciaria o processo de condução após a tensão ter alcançado um
determinado valor e que manteria a tensão terminal constante, independente
do valor de corrente. Na prática, esta característica ideal não existe, sendo a
característica não-linear indicada na figura 21.

289
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 53

A figura 21 apresenta a curva tensão x corrente para o carboneto de silício


(SiC) e para o óxido de zinco (ZnO), elementos utilizados no componente
não-linear do pára-raios.

Figura 21 - Características de dois pára-raios com o mesmo


nível de proteção 550kV / 10kA;

Caso a característica do material utilizado no pára-raio seja suficientemente


não-linear, aproximando-se, portanto, do pára-raios ideal, os “gaps” série
podem ser desprezados e o pára-raios seria constituído somente de um resistor
não-linear. A figura 21 mostra que o ZnO apresenta uma característica não-
linear superior a do SiC na região de correntes mais baixas.

Atualmente, os principais fabricantes de pára-raios estão fabricando somente


pára-raios de ZnO na área de transmissão de energia elétrica. Para os sistemas
de distribuição, ainda estão sendo utilizados pára-raios construídos com outros
materiais.

Os pára-raios de óxido de zinco podem ser construídos com “gaps” em série


ou paralelo, de acordo com a linha de projeto de cada fabricante, ou para

290
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 54

atender alguma necessidade especial requerida pelo sistema elétrico. A


tendência atual está na fabricação de pára-raios de óxido de zinco desprovidos
de centelhadores de qualquer espécie. Os pára-raios de ZnO apresentam
simplicidade construtiva muito grande, pois se constituem somente de
pastilhas de elementos não-lineares, montados dentro de um invólucro de
porcelana. A figura 22 ilustra o aspecto construtivo de um pára-raio ZnO.
Haste de conexão

Flange
(Liga de alumínio)

Anel elástico

Tubo de exaustão e rebite


dispositivo de
sobrepressão nos
flanges superior e Blocos de óxido de zinco (ZnO)
inferior
Arruela

Placa
Indicadora
de falta

Espaçador

Isolação térmica
Tubo de
exaustão
Invólucro de porcelana

Mola de compressão

Flange
Vedação de borracha

Dispositivo de
aperto

Dispositivo de sobrepressão
Dispositivo
de fixação

Figura 22 - Seção longitudinal de um pára-raios de óxido de zinco (ZnO);

291
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 55

2.5.2 -CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS PÁRA-RAIOS


DE ÓXIDO DE ZINCO (ZNO)

Tensão nominal (kV rms)


A tensão nominal de um pára-raio é o valor máximo eficaz da tensão na
frequência industrial aplicada aos seus terminais no ensaio de ciclo de serviço,
para o qual o pára-raios foi projetado e tem condições de operar
satisfatoriamente, durante o ensaio. O valor da tensão nominal é utilizado para
a especificação de suas características de operação.

Tensão máxima de operação em regime contínuo (kV rms)


É o maior valor de tensão para o qual o pára-raios é projetado, de modo a
operar continuamente com esta tensão aplicada a seus terminais.

Capacidade de sobretensão temporária


A capacidade de sobretensão temporária é definida em função da característica
de suportabilidade tensão x duração, onde o tempo para a qual é permitida a
aplicação de uma tensão superior à tensão máxima de operação em regime
contínuo nos terminais do pára-raios.

Nível de proteção a impulso de manobra (kV pico)


O nível de proteção a impulso de manobra depende da corrente de condução
no pára-raios, a qual aumenta a medida que o valor de impulso de tensão
aumenta. Com o intuito de definir o nível de proteção a impulso de manobra,
deve ser estabelecido um valor para a corrente de coordenação. Geralmente, o

292
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 56

valor de 3 kA é adotado na ausência de estudos específicos, uma vez que este


valor dificilmente será ultrapassado na prática.

Tensão residual (kV pico)


É a tensão que aparece no pára-raios quando da passagem de uma corrente de
impulso na forma 8 x 20 µs. Normalmente, os ensaios são realizados para
impulsos de corrente de valor 1,5; 3; 5; 10; 15; 20 e 40 kA. A tensão residual
depende da forma de onda do impulso aplicado e, geralmente, os fabricantes
fornecem informações relacionando a tensão residual com a frente de onda do
impulso aplicado.

Capacidade de absorção de energia


A capacidade de absorção de energia do pára-raios é de grande importância
nos sistemas de EAT e UAT. Os catálogos dos fabricantes, normalmente,
indicam a capacidade máxima de energia em kWs por kV da tensão nominal,
sendo esta capacidade função da tensão nominal e da corrente de condução
dos pára-raios. Geralmente, os pára-raios utilizados em sistemas de EAT tem
uma capacidade de absorção de energia na faixa de 7 a 8 kWs por kV de
tensão nominal.

2.5.3 - ASPECTOS IMPORTANTES RELACIONADOS COM


OS PÁRA-RAIOS

a) Operação de um pára-raios

293
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 57

Um pára-raios é composto de elementos de resistores não-lineares,


conectados em série com centelhadores (pára-raios convencionais) ou não
(pára-raios de ZnO).

Quando ocorre um surto de tensão, a corrente no pára-raios pode ser


aproximada por:

I = KV α

Onde:
I - é a corrente no pára-raios;
V - é a tensão aplicada em seus terminais;
K - é uma constante que dependente do projeto do pára-raios;
α - constante compreendida entre 4 e 6 para pára-raios convencionais (SiC) e
entre 25 e 30 nos pára-raios ZnO.

Esta corrente pode alcançar vários kA durante o surto e algumas centenas de


ampère após a sua dissipação, devendo o pára-raios ser capaz de interromper a
corrente subsequente e permanecer sem conduzir, mesmo que submetido a
alguma sobretensão temporária, no caso de um pára-raios convencional.
Geralmente, não é permitida mais que uma operação deste tipo nos pára-raios
convencionais. Nos pára-raios ZnO, a condução é permanente, sendo a
amplitude da corrente dependente da tensão aplicada a seus terminais. Quando
ocorre o surto a corrente é elevada, podendo alcançar vários kA, e, se o pára-
raios é submetido a sobretensões temporárias, a corrente de condução alcança
centenas de ampères, havendo condução por vários ciclos. Em operação
normal a corrente é de apenas alguns miliampères.

294
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 58

b) Tensão máxima na freqüência industrial

A tensão nominal de um pára-raios convencional deve ser igual ou superior à


maior sobretensão na frequência industrial que pode ocorrer no sistema, para
evitar que o pára raios seja submetido a disparos consecutivos e,
eventualmente, se danifique. No caso de pára-raios ZnO, devido a sua
característica peculiar, é estabelecido que a tensão máxima em regime
contínuo não pode ultrapassar a 80% do valor da tensão nominal do pára-
raios.

c) Classes de um pára-raios

Normalmente, três classes de pára-raios são utilizadas em sistemas de alta


tensão: estação, intermediária (subtransmissão) e distribuição. As diferenças
entre os três tipos estão nos níveis de proteção, nos ensaios de durabilidade, na
existência ou não de dispositivos de alívio de pressão e nas tensões do sistema
para os quais foram projetados. Os pára-raios tipo estação cobrem todas as
classes de tensão, os do tipo intermediário destinam-se às tensões
normalmente utilizadas no sistema de subtransmissão (<138 kV) e os do tipo
de distribuição para as tensões até 35kV.

d) características de proteção

A característica de proteção dos pára-raios convencionais é, usualmente,


apresentada como uma curva de tensão contra tempo para ocorrer o disparo e,
geralmente, pode ser obtida dos fabricantes. As informações normalmente
disponíveis são as seguintes: disparo para onda escarpada, disparo para onda

295
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 59

1,2x50µs, disparo para ondas do tipo manobra e tensão residual para onda
8x20µs, as quais, plotadas num gráfico, fornecem a característica de proteção
do pára-raios. A tensão residual depende da corrente de descarga, a qual
depende de uma série de considerações a respeito das características das
descargas atmosféricas referentes à região onde se encontra localizada a
instalação.

e) Níveis de isolamento dos equipamentos

O nível de isolamento de um equipamento é o conjunto de valores de tensões


suportáveis nominais, aplicadas ao equipamento durante os ensaios e definidas
em normas específicas para esta finalidade, que define a sua característica de
isolamento.

A NBR-6939 estabelece que, para os equipamentos com tensão máxima


inferior a 300 kV, o nível de isolamento é definido pelas tensões suportáveis
nominais de impulso atmosférico e à frequência industrial. Para equipamentos
com tensões igual ou superior a 300 kV, consideram-se as tensões suportáveis
nominais de impulsos de manobra e atmosférico.

Os níveis de proteção dos pára-raios devem ser selecionados, considerando-se


as suas características de proteção e os níveis de isolamento dos
equipamentos.

296
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 60

f) Localização dos pára-raios

É sempre uma prática conveniente tentar posicionar os pára-raios tão


próximos quanto possível dos equipamentos que se pretende proteger, sendo,
geralmente, os equipamentos principais protegidos diretamente por pára-raios
conectados nos seus terminais. Em algumas situações, a proteção de um grupo
de equipamentos pode ser efetuada por um único pára-raios. Uma prática
tradicional é a utilização de pára-raios nos transformadores e entradas de linha
de uma subestação.

g) Efeito distância

Quando o pára-raios não se encontra conectado diretamente nos terminais do


equipamento a ser protegido, é possível que oscilações provoquem tensões
superiores ao nível de proteção do pára-raios, devido à separação entre o
equipamento e o pára-raios.

h) Margens de proteção

A coordenação de isolamento é efetuada considerando-se determinadas


relações entre o nível de isolamento dos equipamentos e o nível de proteção
dos pára-raios. Geralmente, é recomendada uma margem mínima de 15% na
região de impulsos atmosféricos. A finalidade principal para a adoção destas
margens está relacionada com possíveis deteriorações das características de
proteção dos pára-raios, devido à poluição e envelhecimento, além da

297
CAPÍTULO 8 – EQUIPAMENTOS DE SECCIONAMENTO E PROTEÇÃO 61

amplificação da tensão, devido à impossibilidade de se conectar os pára-raios


exatamente nos terminais do equipamento a ser protegido.

2.5.3 – QUADRO COMPARATIVO

A título de informação, mostra-se no quadro resumo 4, um estudo


comparativo de algumas características dos pára-raios exigidas pelas
principais concessionárias de energia elétrica.

Quadro Resumo 4 – Estudo comparativo das exigências das concessionárias quanto aos
pára-raios.
PÁRA-RAIOS
Existe ficha
técnica?
Um conjunto de três pára-raios para cada circuito de alimentação.
CERJ Não
Um conjunto de três pára-raios para cada transformador.
Um conjunto de três pára-raios instalados entre a seccionadora de entrada
e o conjunto de medição da Concessionária.
CPFL Não
Para efeito de oferta, considerar um conjunto (três pára-raios) para o
transformador /transformadores.
Um conjunto de três pára-raios instalados entre a seccionadora de entrada
e o conjunto de medição da Concessionária.
CELESC Não
Para efeito de oferta, considerar um conjunto (três pára-raios) para o
transformador /transformadores.
Um conjunto de três pára-raios para cada circuito de alimentação,
localizado antes da seccionadora de entrada.
ELETROPAULO Não
Para efeito de oferta, considerar um conjunto (três pára-raios) para o
transformador /transformadores.
Um conjunto de três pára-raios instalados entre a seccionadora de entrada
e o conjunto de medição da Concessionária.
CEMIG Não
Para efeito de oferta, considerar um conjunto (três pára-raios) para o
transformador /transformadores.
Um conjunto de três pára-raios por circuito de alimentação.
CELPE Para efeito de oferta, considerar um conjunto (três pára-raios) para o Não
transformador /transformadores.
Um conjunto de três pára-raios instalados entre a seccionadora de entrada
e o conjunto de medição da Concessionária.
COELCE Sim
Para efeito de oferta, considerar um conjunto (três pára-raios) para o
transformador /transformadores.

298
CAPÍTULO 9

SELETIVIDADE

299
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 2

SELETIVIDADE

1 - INTRODUÇÃO

Dentre os principais requisitos para a proteção atingir as suas finalidades, a


seletividade é, sem dúvida alguma, o item de maior importância. Pois a
presença de uma anormalidade no sistema deve ser isolada e removida, sem
que as outras partes do mesmo sejam afetadas. Em outras palavras,
seletividade significa isolar, tão depressa quanto possível, a parte do sistema
afetada pela falta, e deixar todas as demais energizadas, garantindo a
confiabilidade e continuidade no sistema elétrico em questão.

Podem ser implementados vários meios para assegurar uma boa seletividade
na proteção de uma rede elétrica, os mais conhecidos são:
• Seletividade amperimétrica (através de correntes)
• Seletividade cronométrica (por tempo)
• Seletividade através de troca de dados, chamada de seletividade
lógica
• Seletividade pelo uso de proteção direcional ou diferencial.

2 - SELETIVIDADE AMPERIMÉTRICA

A seletividade amperimétrica baseia-se no fato que a corrente de falta diminui


de intensidade à medida que o local do curto "se afasta" da fonte de
alimentação.

300
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 3

Desta forma, utiliza-se uma proteção amperimétrica em cada ramal de


alimentação, com ajuste inferior ao valor mínimo da corrente de curto-circuito
causada por uma falta na seção vigiada, e superior ao valor máximo da
corrente causada por uma falta a jusante. Ajustado deste modo, cada
dispositivo de proteção só atua para faltas localizadas imediatamente a
jusante, e não é sensível a faltas a montante. Todavia, na prática, quando não
há redução notável na corrente entre duas partes adjacentes, é difícil definir os
ajustes para dois dispositivos em cascata e, ainda, assegurar uma boa
seletividade (o que acontece nas redes de média tensão). Porém, para seções
de linhas separadas por um transformador, este sistema pode ser usado com
grandes vantagens, por ser simples, econômico e rápido (desarme sem
demora). Algumas literaturas definem esse tipo de procedimento como sendo
uma seletividade por escalonamento das correntes de curto-circuito.

A figura 1 ilustra um exemplo típico da instalação desses elementos


envolvendo os enrolamentos primário e secundário de transformadores. Neste
caso, para garantir a seletividade, o dispositivo de proteção de sobrecorrente
instalado no primário deve respeitar a seguinte condição:

ICCA > Ir ≥ ICCB,


Onde:
Ir é a corrente de ajuste;
ICCB é a corrente de curto-circuito no secundário (ponto B), referida ao primário
do transformador.

301
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 4

Figura 1 - Exemplo de seletividade amperimétrica em transformadores;

3 - SELETIVIDADE CRONOMÉTRICA

A seletividade cronométrica consiste em ajustes diferentes nas temporizações


dos dispositivos de proteção distribuídos ao longo do sistema elétrico. Quanto
mais próximos da fonte supridora, as temporizações deverão ser ajustadas em
tempos superiores aos elementos de proteção a jusante, conforme pode ser
notado no diagrama unifilar indicado na figura 2.

302
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 5

Figura 2 - Exemplo de seletividade cronométrica;

A falta mostrada neste diagrama é “enxergada” por todas as proteções


(localizadas em A, B, C e D). A temporização D fecha seus contatos mais
rapidamente que aquela instalada em C, que por sua vez, é mais rápida que a
proteção em B, e assim sucessivamente. Assim que o disjuntor D é aberto, e a
corrente de falta eliminada, as proteções nos pontos A, B e C, que estavam
sensibilizadas, voltam a condição original (de vigilância).

303
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 6

A diferença dos tempos de atuação ∆t entre duas proteções sucessivas é o


intervalo de seletividade, definido a partir da seguinte inequação:

∆t ≥ tc + tr + 2dt
Onde:
tc - tempo de abertura dos disjuntores;
dt - tolerâncias da temporização;
tr - tempo de retorno à posição de espera das proteções.

Considerando o desempenho dos disjuntores e dos relês de proteção,


normalmente encontrados na prática, os valores adotados para o ∆t sã de
aproximadamente 0,4 s.

Esta seletividade apresenta duas vantagens, pois além de ser um sistema


simples, assumi a sua própria retaguarda (salvaguardando-se a parte isenta de
falta da instalação). Porém, quando há um número elevado de proteções em
série, observa-se que a proteção localizada mais a montante está ajustada com
um tempo de atuação elevado. Dependendo do nível de curto-circuito e do
tempo de resposta do relé de proteção, pode-se em alguns casos, danificar os
componentes dos sistemas elétricos, tais como: cabos, TC's, etc, devido ao
aquecimento adicional a que ficam submetidos.

304
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 7

3.1 - APLICAÇÃO DA SELETIVIDADE CRONOMÉTRICA

Existem dois tipos de relés cronométricos temporizados:


• Os relês de tempo independente – Observa-se na figura 3 que se o nível de
curto-circuito for inferior ao seu ajuste, este trabalha na região de não
operação. Por outro lado, para valores superiores a sua faixa de ajuste, o
relé atuará sempre com um valor de tempo constante e definido.

Figura 3 - Tempo independente do valor da corrente de curto;

• Os relês de tempo dependentes (tempo inverso) – Analogamente ao caso


anterior, a região de atuação dependerá do seu ajuste. No entanto, o tempo
de atuação não será constante, pois conforme mostrado na figura 4, o
tempo dependerá do valor da corrente de curto-circuito.

305
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 8

Figura 4 - Tempo dependente do valor da corrente de curto;

A título de ilustração, a figura 5 esclarece um exemplo utilizando a proteção


envolvendo tempo independente e inverso.

Figura 5 - Exemplo de aplicação cronométrica;

306
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 9

No caso particular desta figura, para assegurar a seletividade cronométrica


entre os dispositivos de proteção, devem ser respeitado os seguintes critérios:

• Relé de tempo independente: IrA > IrB > IrC, t A > t B > tC

Figura 6 - Ajustes dos relés do tipo tempo independente;

• Relé de tempo dependente ou inverso: IrA > IrB > IrC, IccA > IccB > IccC

Figura 7 - Ajustes dos relés do tipo tempo dependente ou inverso;

307
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 10

Os ajustes das temporizações estão determinados para obter o intervalo de


seletividade ∆t para a máxima corrente vista pela proteção a jusante.

As temporizações para obter a seletividade cronométrica é ativada quando a


corrente excede o valor de ajuste dos relês. Por exemplo, na figura 5, o tempo
de atuação na proteção do disjuntor A deve ser maior que o de B, que por sua
vez, é maior que C.

4 - SELETIVIDADE LÓGICA

Este princípio é usado quando se deseja diminuir o tempo de eliminação da


falta. A troca de dados lógicos entre os dispositivos de proteção sucessivos
elimina a necessidade de intervalos de seletividade.

Com efeito, num sistema radial, são ativadas as proteções localizadas a


montante do ponto de falta e aquelas localizadas a jusante não são solicitadas.
Podem ser localizados o ponto de falta e o disjuntor a ser comandado sem
qualquer ambigüidade. Cada proteção sensibilizada pela falta envia:

• Uma ordem lógica de espera para o nível situado a montante (ordem


para aumentar a temporização própria do relê a montante);
• Uma ordem de abertura para o disjuntor associado, a menos que o
mesmo receba uma ordem lógica de espera do situado a jusante. Um
desarme temporizado é provido como retaguarda.

308
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 11

A grande vantagem da seletividade lógica, quando comparado à seletividade


cronométrica, é que o tempo do desarme não depende da falta na cascata da
seletividade.

A figura 8 ilustra um sistema radial, onde os relés atuam baseados no princípio


da seletividade lógica.

Figura 8 - Exemplo de aplicação da seletividade lógica;

309
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 12

5 - SELETIVIDADE DIRECIONAL

Numa rede em anel, na qual uma falta fica alimentada de ambas as


extremidades, é necessário usar um sistema de proteção sensível à direção do
fluxo da corrente de falta, para localizá-la e eliminá-la.

A figura 9 apresenta um exemplo de utilização de proteções direcionais.

Figura 9 - Exemplo de aplicação da seletividade direcional;

310
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 13

Os disjuntores D1 e D2 estão equipados com proteções direcionais


instantâneas, enquanto H1 e H2 são dotados de proteções de sobrecorrente
temporizadas. No caso de uma falta no ponto (1), só as proteções em D1
(direcional), H1 e H2 "enxergam" a falta. A proteção em D2 não se
sensibiliza, devido a direção de seu sistema de detecção. Neste caso, D1 abre.
A proteção H2 fica de fora e H1 abre.
tH1 = tH2, tD1 = tD2, tH = tD + ∆t

6 - SELETIVIDADE ATRAVÉS DE PROTEÇÃO DIFERENCIAL

Estas proteções comparam as correntes nas extremidades do trecho de rede a


ser vigiada. Qualquer diferença em amplitude e fase entre estas correntes
indica a presença de uma falta. Este sistema de proteção reage apenas às faltas
dentro da área monitorada e é insensível a qualquer falta fora desta área. É
portanto seletivo por natureza.

Esta proteção é usada para detectar correntes de falta com valores inferiores à
corrente nominal e para desarmar instantaneamente, já que a seletividade está
baseada sobre a detecção e não na temporização.

O equipamento protegido pode ser: um motor, um gerador, um transformador,


ou uma conexão (cabo ou linha). A figura 10 ilustra a aplicação da proteção
diferencial.

311
CAPÍTULO 9 – SELETIVIDADE 14

Figura 10 - Aplicação da seletividade diferencial;

312
CAPÍTULO 10

PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES

313
CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 2

PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES

1 - INTRODUÇÃO

O transformador, por se tratar de um importante componente, necessita de um


eficiente sistema de proteção contra todas as faltas susceptíveis de danificá-lo.
O grau de complexidade do sistema de proteção depende da potência do
transformador, e está vinculado com considerações técnicas e custos.

2 – TIPOS DE FALTAS

As principais faltas que podem afetar um transformador são: sobrecarga,


curto-circuito e faltas à carcaça.

A sobrecarga pode resultar de um aumento no número de cargas que são


alimentadas simultaneamente ou de um aumento na potência absorvida por
uma ou mais cargas. O resultado disso é uma sobrecorrente de longa duração
que causa um aquecimento prejudicial ao isolamento e, portanto, pode afetar a
vida útil do transformador.

O curto-circuito pode ocorrer no interior ou fora do transformador. As faltas


internas são aquelas que acontecem entre condutores de fases diferentes ou
entre espiras de um mesmo enrolamento. O arco proveniente de uma falta
danifica o enrolamento do transformador e pode provocar um incêndio. Em

314
CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 3

transformadores a óleo, o arco causa a emissão de gases de decomposição. Se


a falta for de pequena intensidade, há uma leve emissão de gases e mesmo
nesta situação, o acúmulo pode ser perigoso. Por outro lado, um curto-circuito
violento causa estragos que podem destruir não somente a parte ativa mas
também o tanque, derramando óleo inflamado.

As faltas externas são as que ocorrem nas conexões a jusante. A corrente de


curto-circuito produz, no transformador, esforços eletrodinâmicos susceptíveis
de afetar mecanicamente os enrolamentos e então evoluir na forma de uma
falta interna.

A falta à carcaça é uma falta interna. Ela pode acontecer entre o enrolamento
e o tanque ou entre o enrolamento e o circuito magnético. Para um
transformador a óleo, ela causa uma emissão de gás. Com o curto-circuito,
pode ocorrer a destruição do transformador e um incêndio.

A amplitude da corrente de falta depende do sistema de neutro das redes a


montante e a jusante, e também na posição da falta dentro do enrolamento. Na
ligação estrela, a corrente para a carcaça varia entre 0 à um valor máximo
dependendo da localização da falta, do lado do neutro ou da fase da bobina,
conforme ilustrado na figura 1. Na ligação delta, a corrente para a carcaça
varia entre 50 e 100% do valor máximo, dependendo se a falta estiver no meio
ou nas extremidades dos enrolamentos.

315
CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 4

Figura 1 - Corrente de falta em função da posição da falta no enrolamento.

3 – DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

3.1 – SOBRECARGAS

A sobrecorrente de longa duração é geralmente detectada por uma proteção


com tempo independente ou inverso, que é seletiva com as proteções
secundárias.
É usada uma proteção de imagem térmica para detectar a elevação de
temperatura. Essa proteção tem por objetivo fazer com que as elevações de
temperatura não ultrapassem os seus limites térmicos, ou seja, respeitando as

316
CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 5

suas classes de isolamento. Com isto, espera-se que a vida útil do equipamento
fique preservada.

3.2 – CURTO-CIRCUITO

Para os transformadores a óleo são utilizados:


• O relê Buchholz ou detector de pressão e temperatura DGPT sensível à
emissão de gases e ao movimento do óleo provocados por um curto-
circuito entre espiras de uma mesma fase ou entre fases distintas.
• A proteção diferencial, mostrada na figura 2, assegura uma proteção
rápida contra faltas fase-fase. Ela é sensível às correntes de falta da
ordem de 0,5In e é usado para transformadores que alimentam cargas
essenciais.
• Uma proteção de sobrecorrente instantânea associada a um disjuntor
localizado no primário do transformador, assegura uma proteção contra
curto-circuitos violentos. O limiar da corrente primária está ajustado
num valor mais alto que a corrente devido a um curto-circuito no
secundário, assegurando assim a seletividade amperimétrica.
• Um fusível AT pode ser usado para proteção de sobrecorrente de
transformadores de baixa potência.

317
CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 6

Figura 2 - Proteção diferencial.

Figura 3 - Proteção de sobrecorrente associado ao disjuntor


localizado no primário.

318
CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 7

3.3 – FALTAS À CARCAÇA


Carcaça do tanque – A proteção de sobrecorrente instantânea é instalada na
conexão de aterramento do tanque do transformador (desde que seu ajuste
esteja compatível com o sistema de neutro utilizado) constitui uma solução
simples e eficiente para proteger contra faltas internas e à carcaça, isso obriga
a isolar o tanque do transformador do solo, conforme detalha a figura 4.

(a) (b)

Figura 4 - Proteção de sobrecorrente contra faltas à carcaça.

Uma outra solução consiste em assegurar uma proteção contra as faltas à terra:
• Através da proteção de terra, localizada na rede a montante, para faltas
na carcaça que afetam o primário do transformador, conforme figura
4(b).
• Pela proteção homopolar instalada na entrada do painel alimentado, se o
aterramento do neutro da rede a jusante estiver localizado no
barramento. Estas proteções são seletivas, e só são sensíveis as faltas
fase-terra localizadas no transformador ou nas conexões a montante e a
jusante.

319
CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 8

• Por uma proteção de terra restrita, se o aterramento do neutro da rede a


jusante for instalado no transformador. Trata-se de uma proteção
diferencial de alta impedância que detecta a diferença entre as correntes
homopolares medidas no ponto de aterramento do neutro e a soma vetorial
das correntes localizadas nas saídas trifásicas do transformador, conforme
esquematizado na figura 5.

Figura 5 - Proteção diferencial contra faltas à carcaça.

3.4 – EXEMPLOS DE PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES

A título de ilustração, mostra-se nas figuras 6 e 7, respectivamente, através de


dois diagramas unifilares, um exemplo de vários equipamentos utilizados na
proteção de transformadores MT/BT e MT/MT. Desta forma, oferecendo

320
CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 9

resumidamente, uma visão global sobre os assuntos expostos nos itens


anteriores.

Figura 6 - Exemplos de proteção de transformadores.

Onde os números identificados no diagrama unifilar 6, correspondem:

(1) Fusível ou relê de sobrecorrente com dois ajustes


(2) Sobrecorrente homopolar
(3) Buchholz ou DGPT
(4) Proteção de sobrecorrente para faltas `a carcaça
(5) Disjuntor BT

321
CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 10

Figura 7 - Exemplos de proteção de transformadores.

Onde os números identificados no diagrama unifilar 7, correspondem:

(1) Imagem térmica


(2) Sobrecorrente com dois ajustes
(3) Sobrecorrente homopolar
(4) Buchholz ou DGPT
(5) Proteção de sobrecorrente para faltas `a carcaça
(6) Proteção de terra restrita
(7) Proteção diferencial para transformador

322
CAPÍTULO 10 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES 11

3.5 – RECOMENDAÇÕES SOBRE OS AJUSTES DAS PROTEÇÕES

A tabela 1 ilustra um resumo sobre os ajustes dos dispositivos de proteção em


função do tipo de falta.

Tipos de falta Ajustes

• Disjuntor BT: In
Sobrecarga
• Imagem térmica: In (corrente nominal)
• Fusível: I > 1,3In
• Sobrecorrente com tempo independente ajuste inferior < 6In com
temporização de 0,3 s (seletivo com a jusante),
ajuste superior > Icc a jusante, instantâneo.
Curto-circuito • Sobrecorrente com tempo dependente
Ajuste inferior de tempo inverso (seletivo com a jusante), ajuste superior >
Icc a jusante, instantâneo.
• Diferencial para transformador, 25% a 50% de In.

™ Carcaça à terra:
Ajuste da proteção > 20A com temporização de 100ms.

™ Sobrecorrente homopolar:
• Ajuste de 20% da sobrecorrente de falta à terra e 6% da relação nominal dos
TC's ,se alimentado por 3 TC's independentes. A temporização é de 0,1s se o
Falta à terra aterramento for feito no sistema. Por outro lado, se o aterramento for
localizado no transformador, a temporização será de acordo com seletividade.

™ Proteção de falta à terra restrita:


• Ajuste da ordem de 20% da sobrecorrente de falta `a terra, se utilizado um
único TC toroidal englobando as 3 fases.
• Ajuste da ordem de 10% de In, se empregado o sistema somador com 3 TC's
indepedentes.

323
CAPÍTULO 11

PROTEÇÃO DE GERADORES

324
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 2

PROTEÇÃO DE GERADORES

1 - INTRODUÇÃO

Este capítulo abordará os esquemas de proteção associados aos geradores. O


alternador, de uma maneira geral, deve ser protegido contra as faltas internas e
externas. Na ocorrência de uma falta interna, como por exemplo um curto-
circuito entre espiras no enrolamento do estator, o sistema de proteção deverá
efetuar, o mais rápido possível, o desligamento da máquina. Desta forma, os
distúrbios provocados no sistema elétrico e os danos causados ao gerador são
minimizados.

2 – TIPOS DE FALTAS

Os geradores, assim como os motores, têm o seu comportamento elétrico e


térmico afetados pela operação em condições anormais. Esta anormalidade
pode estar vinculada a vários fatores, dentre os quais pode-se citar:
sobrecargas, desequilíbrio e faltas internas entre fases. Todavia, alguns desses
assuntos já foram abordados no capítulo anterior, e portanto, não serão
descritos novamente. Complementando estes estudos, passa-se a analisar
outros distúrbios que não foram contemplados quando da realização da análise
da proteção em transformadores.

325
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 3

Curto-circuito externo entre fases – Quando numa rede, o curto-circuito


acontecer nas proximidades de um gerador, a corrente de falta tem o
comportamento mostrado na figura 1.

Figura 1 - Comportamento da corrente na armadura do gerador


sob condições de curto-circuito.

Observa-se na figura 1, que a corrente decresce ao longo do tempo. Define-se


três períodos característico que definem com maior precisão os valores das
correntes nas faltas externas. No período subtransitório a corrente de curto é
calculado tomando-se como base a reatância subtransitória X”d. No período
transitório a corrente deve ser calculado através da impedância transitória, X’d.
Para a corrente de curto-circuito em regime permanente, a impedância a ser
considerada deverá ser a síncrona Xd.

Falta interna de fase para carcaça – Este tipo de falta é semelhante ao já


visto em transformadores e seus efeitos dependem do sistema de aterramento
adotado para o neutro. O regime de aterramento do neutro pode ser diferente,

326
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 4

dependendo se o gerador estiver conectado ou não na rede. Assim sendo, os


dispositivos de proteção devem ser adaptados a ambos os casos.

Perda de excitação – Quando um gerador perde a sua excitação, a sua


operação passa a ser dessincronizada com a rede. Portanto, a máquina operar
no modo assíncrono, com ligeira sobrevelocidade, e absorve potência reativa.
Como conseqüência, ocorre um sobreaquecimento no estator, pois a corrente
reativa pode ser elevada. As correntes induzidas provocam um elevação de
temperatura no rotor, uma vez que o mesmo não foi dimensionado para tais
correntes.

Operação como motor – Quando um gerador estiver sendo alimentado como


um motor pela rede elétrica, ele fornece um energia mecânica no eixo, isto
pode causar desgastes e danos à máquina primária (motriz).

Variação de tensão e freqüência – Variações de tensão e freqüência durante o


regime permanente são atribuídos ao mau funcionamento dos reguladores de
velocidade e de tensão. Essas variações acarretam uma série de problemas,
dentre os quais pode-se citar:
• Freqüências acima de seu valor nominal causam um aquecimento
anormal nos motores;
• Freqüências abaixo de seu valor nominal provocam redução de potência
nos motores;
• Variações de freqüência acarretam variações de velocidade nos
motores, que podem causar danos mecânicos;

327
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 5

• Sobretensões exigem uma maior solicitação nos isolamentos em todos


os componentes da rede, quando comparados com a tensão nominal;
• Subtensões provocam redução no torque, consequentemente há aumento
da corrente e aquecimento adicional nos motores.

3 – DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

Sobrecarga – Os dispositivos de proteção de sobrecarga para geradores são


idênticos aos dos motores, ou seja, sobrecorrente com tempo dependente,
imagem ou sonda térmica.

Desequilíbrio – Neste caso, a proteção é semelhante aquela aplicada em


motores. Os dispositivos de proteção detectam o desequilíbrio através da
componente de seqüência negativa, com curvas de temporização do tipo
dependente ou independente.

Curto-circuito externo entre fases – Como o valor da corrente de curto-


circuito decresce em função do tempo, uma simples detecção desta corrente
pode ser insuficiente. Portanto, para que este tipo de falta seja detectada de
maneira eficiente, deve-se utilizar a proteção de sobrecorrente com retenção
de tensão. O ajuste de corrente do referido dispositivo obedece a relação entre
tensão e corrente ilustrada na figura 2. A atuação é temporizada.

328
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 6

Figura 2 - Comportamento da corrente de ajuste Ir em função da tensão.

Curto-circuito interno entre fases – Para este tipo de falta, a proteção


diferencial de alta impedância é uma solução rápida e sensível. Em certos
casos, especialmente para um gerador de pequeno porte, a proteção contra um
curto-circuito interno entre fases pode ser realizada da seguinte maneira:

• Uma proteção de sobrecorrente instantânea (A), habilitada somente


quando o disjuntor do gerador estiver aberto, com sensor de corrente
localizado no lado do ponto neutro, com ajuste inferior a corrente
nominal,
• Uma proteção de sobrecorrente instantânea (B), com sensores de
corrente localizados no lado do disjuntor, com um ajuste superior a
corrente nominal do gerador.

A figura 3 ilustra na forma de um diagrama unifilar o exposto acima.

329
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 7

Figura 3 - Proteção de gerador contra curto-circuito interno entre fases.

Falta à carcaça do estator – Se o neutro da rede for aterrado no ponto neutro


do gerador, a proteção de falta à terra restrita é usada. No entanto, se o neutro
do gerador for aterrado em um ponto diferente do neutro da rede, as faltas à
carcaça do estator são detectadas por:
• Uma proteção de sobrecorrente homopolar no disjuntor do gerador,
quando o mesmo estiver conectado a rede,
• Um dispositivo de monitoração da isolação para sistemas de neutro
isolado, quando o gerador estiver desligado da rede.

Se o neutro for flutuante, a proteção contra faltas à estrutura é assegurada por


um dispositivo que monitora a isolação. Este dispositivo opera detectando a
tensão homopolar ou injetando uma corrente contínua entre o neutro e a terra.

330
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 8

Falta à carcaça do rotor – Quando o circuito de excitação for acessível, as


faltas à massa são monitoradas por um medidor permanente de isolação.

Perda de excitação – Este tipo de falta é detectada medindo a potência reativa


absorvida ou monitorando o circuito de excitação (se acessível), ou então
medindo a impedância nos terminais da máquina.

Funcionamento como motor – É detectado por um relê sensível ao retorno


de potência ativa absorvida pelo gerador.

Variações de tensão e freqüência – São monitoradas, respectivamente, por


uma proteção de sobretensão e subtensão e uma proteção de sobrefreqüência e
subfrequências. Estes dispositivos de proteção são temporizados, pois estes
fenômenos não necessitam de uma ação instantânea. Na maioria das vezes, os
reguladores de tensão e velocidade, por si só reagem, e retornam o sistema na
sua condição normal.

4 – EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

As figuras 4, 5 e 6 exemplificam as principais proteções utilizadas nos


geradores de pequeno e médio porte.

331
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 9

Figura 4 - Proteções para geradores de pequeno porte.

Figura 5 - Proteções para geradores de médio porte.

332
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 10

Figura 6 - Proteções para bloco gerador de médio porte.

5 – RECOMENDAÇÕES PARA OS AJUSTES DAS PROTEÇÕES

A tabela 1 fornece as recomendações necessárias para os ajustes das proteções


dos geradores em função das anormalidades impostas ao mesmo.

333
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 11

Tabela 1 - Recomendações para os ajustes das proteções dos geradores

Tipos de falta Ajustes


Imagem térmica – os parâmetros devem ser adaptados às
Sobrecarga
características nominais do gerador.
Máximo permissível para a corrente de seqüência negativa. Na
Desequilíbrio falta de dados, o ajuste deverá ser de aproximadamente 15% de
In, com tempo inverso.
Curto-circuito Sobrecorrente com retenção de tensão, ajuste entre 1,2 a 2 In,
externo temporização de acordo com a seletividade.

Curto-circuito Proteção diferencial de alta impedância, ajuste em


interno aproximadamente 10% de In.
Neutro do gerador e da rede aterrados em pontos distintos:
sobrecorrente homopolar, ajuste entre 10 e 20% da máxima
corrente de falta à terra, temporização de aproximadamente 0,1
Fuga à carcaça s ou instantânea.

Neutro aterrado no ponto neutro do gerador: proteção de terra


restrita, caso não haja proteção diferencial de alta impedância.
Retorno de potência reativa, ajuste em 40% de Qn,
Perda de excitação
temporização de alguns segundos.

Operação como Proteção direcional de potência ativa, ajuste entre 5 e 20% de


motor Pn, temporização maior ou igual a 1 s.

Se a tensão não estiver compreendida entre 0,8Un < U < 1,1Un,


Variação de tensão
a temporização deve ser ajustada em aproximadamente 1 s.

Variação de Se a freqüência não estiver compreendida entre 0,95fn < f <


velocidade 1,05fn, a temporização deve ser ajustada em alguns segundos.

A título de ilustração mostra-se na figura 7, um exemplo mais completo dos


possíveis dispositivos de proteção normalmente utilizados para a proteção de
geradores.

334
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 12

25

51 67

27
87G 67N
59
E
59N

∼ 49T 81

64F
46 49 51 32P 32Q 51 V

Proteções mecânicas do gerador


49T - Temperatura do estator (para gerador
acima de 2 MVA)
Ponto estrela do gerador 49T - Temperatura dos rolamentos (para
geradores acima de 8 MVA)
64F - Proteção de terra do rotor

51G
Proteções conectadas aos TC’s de linha
(para operação em paralelo)
67 - Sobrecorrente direcional (não
Resistor de aterramento aplicável se a função 87G for usada)
67N - Falta direcional a terra

Proteções conectadas aos TC’s do


neutro do gerador
Proteções conectadas aos TP’s 32P - Potência ativa reversa
25 - Verificação de Sincronismo (para 32Q - Potência reativa reversa
operação em paralelo) 46 - Seqüência negativa
27 - Subtensão 49 - Imagem térmica
59 - Sobretensão 51 - Sobrecorrente
59N - Sobretensão de neutro 51G - Falta a terra
81 - Sobre e subfrequências 51V - Sobrecorrente de tensão restrita
87G - Proteção diferencial

Figura 7 – Proteções recomendadas aos geradores.

335
CAPÍTULO 11 – PROTEÇÃO DE GERADORES 13

A tabela 2 mostra os ajustes para cada função de proteção, e qual a ação a ser
tomada. Estas informações devem ser verificadas com o fabricante do gerador
para cada aplicação específica.

Tabela 2 – Ajustes recomendados para reles e suas ações.


Função Ajustes típicos Ação
27 0,75 Un, T≈3s, T deve ser o maior valor entre 51, 51V e 67 Desligamento
32P 1-5% para turbina, 5-20% para diesel , T = 2s Desligamento
32Q 0,3 Sn, T=2s Desligamento
46 0,15 In, curva de tempo inverso Desligamento
80% da capacidade térmica = alarme
120% da capacidade térmica = desliga
49 Alarme, sobrecarga pode ser temporária
Tempo constante de operação de 20 minutos
Tempo constante de parada de 40 minutos
51 1,5 In, T=2s Desligamento
51G 10 A, T=1s Desligamento
51V 1,5 In, T=2,5s Desligamento
59 1,1 Un, T=2s Desligamento
Sobrefrequencia: 1,05 Fn, T=2s
81 Desligamento
Subfrequências: 0,95 Fn, T=2s
87G 5% In Desligamento
67 In, T=0,5s Desligamento
67N Is0 ≈ 10% da corrente de falta a terra, T=0,5s Desligamento
Freqüência < 1Hz, tensão <5%, ângulo de fase <10o Inibe o fechamento durante a
25
(condições para realizar o paralelismo) sincronização.
49T 120oC Alarme, sobrecarga pode ser temporária.
64F 10 A, T=0,1s Desligamento
Proteção mecânica Desligamento sem bloqueio

336
CAPÍTULO 12

NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES


UTILIZADOS NAS SUBESTAÇÕES

337
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 2
SUBESTAÇÕES

NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES


UTILIZADOS NAS SUBESTAÇÕES

1 – INTRODUÇÃO

Ao analisar as fontes de alimentação de serviços auxiliares em corrente


alternada e corrente contínua para uma subestação, deve-se levar em
consideração a complexidade do sistema de serviços auxiliares. Isto se
justifica, pois os serviços auxiliares crescem em proporção com subestação de
maior porte, ou então onde as cargas a serem alimentadas tenham que ter uma
alimentação de alta confiabilidade, como são os casos de algumas indústrias
de processo contínuo, hospitais e centros de computação, etc.
Desta forma, há uma necessidade de mensurar com a devida atenção o sistema
a que estamos propondo alimentar para não incorrer em erros de avaliação
que possam levar a projetar sistemas de controle e supervisão complexos sem
um alto grau de confiabilidade das fontes que irão alimentar os próprios
controles.

2 – DESCRIÇÃO DOS TIPOS DE FONTES

2.1 – FONTES DE SERVIÇOS AUXILIARES EM CORRENTE


ALTERNADA

Estas fontes podem ser divididas em dois grupos:

338
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 3
SUBESTAÇÕES

fontes normais
fontes de emergência.
Em uma subestação as fontes normais seriam:
Alimentador externo em 13,2 kV (exclusivo)
Enrolamento auxiliar de transformador de aterramento
Transformador de serviços auxiliares 88/138 kV – 13,8 kV
Enrolamento terciário de banco de transformadores

As fontes de emergência em subestações são normalmente conseguidas


através da utilização de grupos geradores diesel.

2.2 – FONTES DE SERVIÇOS AUXILIARES EM CORRENTE


CONTÍNUA

Estas fontes podem ser divididas em dois grupos:


- Carregadores – retificadores
- Baterias

Em condições normais os carregadores-retificadores alimentam as cargas e


mantém as baterias em flutuação.

Por qualquer motivo, houver a perda dos carregadores-retificadores, as


baterias devem ter condição de alimentar as cargas por um período de no
mínimo 4 horas, obedecendo a um determinado ciclo de descarga.

339
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 4
SUBESTAÇÕES

3 – TIPOS DE ESQUEMAS DE MANOBRA

Sabe-se que o tipo de esquema de manobra dos serviços auxiliares,


dependerá da complexidade e do tamanho da subestação.
Sendo assim, pode-se ter vários esquemas de manobra, dos quais
apresenta-se, à título de ilustração, alguns tipos normalmente encontrados.

3.1 – ESQUEMAS DE MANOBRA PARA SERVIÇOS AUXILIARES


EM CORRENTE ALTERNADA

a) Subestações em níveis de 88 – 13,2 kV


A figura 1, mostra um diagrama unifilar típico de uma subestação de
88/13,2kV, onde destaca-se o seu sistema auxiliar representado por um
transformador com relação de transformação de 13,2/0,22kV.
Barras 88 KV

52 52

TR2 TR1
Cubículo blindado 88/13,2 KV 88/13,2 KV
13,2 KV
52 52
52

52 52 52
FU

TR SA
13,2/0,22 KV

A01 A05 A12 S.A.

Figura 1 – Diagrama unifilar de uma SE de 88/13,2kV;

340
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 5
SUBESTAÇÕES

Observa-se no diagrama unifilar da figura 1, que a fonte C.A. dos


serviços auxiliares é um único transformador 13,2/0,22 kV (ou 13,2/0,44 kV)
ligado diretamente à barra de 13,2 kV. No caso de um defeito, ou mesmo a
necessidade de uma manutenção no transformador, a subestação ficará sem
serviço auxiliar, uma vez que neste tipo de subestação não há fonte de
emergência (grupo diesel gerador).

b) Subestações em níveis de 230-88 kV


A figura 2, mostra um diagrama unifilar típico de uma subestação de
230/88kV, onde destaca-se o sistema auxiliar representado por duas fontes
auxiliares designadas por fontes 1 e 2. Estas fontes podem ser externas ou
utilizar um enrolamento auxiliar de um transformador de aterramento.

FONTE 1 FONTE 2

TR 1 TR 2
13,2/0,22 KV 13,2/0,22 KV
ou ou
13,2/0,44 KV 13,2/0,44 KV

Chave Inversora
Manual
Quadro de Serviços
Auxiliares

Figura 2 – diagrama unifilar de um sistema auxiliar de uma SE 230/88kV.

341
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 6
SUBESTAÇÕES

Mostra-se na figura 2, duas fontes C.A. dos serviços auxiliares, permitindo


uma maior confiabilidade. Desta forma ao ocorrer uma falta, ou mesmo
necessitar de realizar manutenção em um dos transformadores, inverte-se as
alimentações das fontes através de uma chave inversora manual.

c) Subestações em níveis de 345-88 kV


A figura 3, mostra um diagrama unifilar típico de uma subestação de
345/88kV, onde destaca-se o sistema auxiliar representado por três fontes
auxiliares normais designadas por fontes 1,2e 3. Além destas, apresenta-se
também uma de emergência.

342
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 7
SUBESTAÇÕES

Ramal Enrol. Auxil. Enrol. Auxil.


Externo TR. Terra 1 TR. Terra 2

Cubículo Cubículo Cubículo


15 KV 15 KV 15 KV

TR –1 TR –2 TR –3
13,2/0,22 KV 13,2/0,22 KV 13,2/0,22 KV

Quadro
A B C Principal

cargas não cargas cargas não


D E
essenciais essenciais essenciais

G M

Figura 3 _ diagrama unifilar do sistema auxiliar da SE de 345/88kV

Com base na figura 3, percebe-se que em condições normais de


operação cada transformador alimenta uma das barras do quadro principal.
Cada transformador é projetado para alimentar o conjunto das cargas

343
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 8
SUBESTAÇÕES

essenciais. Na falta de um, os dois restantes são comutados e garantem a


alimentação das cargas descrita acima.
Na falta dos três sistemas auxiliares, deve-se entrar em operação o
grupo gerador diesel, através de uma comutação manual de forma que o
gerador alimente somente as cargas essenciais ( aquelas que não podem ficar
desligadas a não ser por períodos muito curtos de tempo para não acarretarem
prejuízos operacionais à subestação).

d) Para Centrais Elétricas


Pode-se utilizar o mesmo esquema estudado anteriormente, somente levando-
se em consideração que no lugar de um único grupo diesel gerador tem-se
vários grupos geradores diesel em paralelo.

e) Subestações em níveis 460-138 kV


A figura 4, mostra um diagrama unifilar típico de uma subestação de
460/138kV, onde destaca-se o sistema auxiliar representado por duas fontes
auxiliares normais designadas por fontes 1e 2. Além destas, apresenta-se
também duas de emergência.

344
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 9
SUBESTAÇÕES

TR 5A Cubículo Fechamento
138/13,8 KV Delta

Cubículo Cubículo
15 KV 15 KV

TR –1 TR –2
13,8/0,44 KV 13,8/0,44 KV

Quadro de
A Intertravamento Elétrico B Distribuição
Principal

D C E

cargas não cargas essenciais cargas não


essenciais essenciais

F G

M G G M

figura 4 – diagrama unifilar do sistema auxiliar da SE 460/138kV.

Com base na figura 4, em condições normais de operação cada


transformador alimenta metade das cargas. Na falta de um deles é realizada a

345
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 10
SUBESTAÇÕES

comutação automática entre os disjuntores “A”, “B” e “C”, de forma que o


outro transformador alimente a totalidade das cargas.
Na falta de ambas as fontes normais, entrará em operação o grupo
gerador diesel, de forma que cada grupo auxiliar alimente metade das cargas
essenciais ficando as cargas não essenciais fora de serviço.

3.2 – ESQUEMAS DE MANOBRA PARA SERVIÇOS AUXILIARES


EM CORRENTE CONTÍNUA

a) Subestações
A figura 5, mostra um diagrama unifilar típico de uma subestação, onde
destaca-se o sistema auxiliar representado por duas fontes auxiliares de
corrente contínua, sendo um carregador retificador e uma bateria.

CARREGADOR
RETIFICADOR

BATERIA

Quadro de
Distribuição
125 Vcc

figura 5- diagrama unifilar de um sistema auxiliar em corrente contínua

346
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 11
SUBESTAÇÕES

Mostra-se na figura 5 que, a alimentação das cargas é realizado pelo


carregador. Nas situações de defeito,ou manutenção do retificador, o sistema
de bateria assumi a alimentação de todas as cargas.
Em condições normais de operação, carregador alimenta as cargas e mantém a
bateria em regime de flutuação.

b) Centrais Elétricas/Subestações de grande porte


A figura 6, mostra um diagrama unifilar típico de uma subestação, onde
destaca-se o sistema auxiliar representado por duas fontes auxiliares de
corrente contínua, sendo dois carregadores retificadores e duas baterias.

Conforme ilustra o diagrama unifilar da figura 6, na ausência de um conjunto


carregador e bateria haverá uma comutação manual ou automática dos
disjuntores “A”, “B” e “C” de forma que o outro conjunto supra as cargas de
ambas as barras.

Em condições normais de operação, cada carregador pode alimentar as cargas


da barra a ele associado com a recarga da bateria sendo feita por ele ou não.

347
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 12
SUBESTAÇÕES

CARREGADOR CARREGADOR
RETIFICADOR 1 RETIFICADOR 2

BATERIA 1 BATERIA 2

Intertravamento Elétrico
A B
Normal C Segurança

125 Vcc

figura 6 – diagrama auxiliar de uma SE de grande porte/central elétrica;

4 – DIMENSIONAMENTO DAS FONTES C.A.

4.1 – DIMENSIONAMENTO DOS TRANSFORMADORES 13,2 / 0,22


KV ou 13,2 / 0,44 KV.

Conforme apresentado anteriormente, cada transformador deve ser capaz de


alimentar todas as cargas da subestação. Nesta deve-se dividir as cargas em
dois tipos:

- CARGAS ESSENCIAIS: São aquelas que não podem ficar desligadas


a não ser por curtos períodos de tempo, para evitar prejuízos operacionais à
subestação.São normalmente as seguintes:

348
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 13
SUBESTAÇÕES

- Refrigeração dos transformadores


- Carregadores retificadores
- Iluminação parcial e tomadas das edificações
- Serviços auxiliares dos grupos geradores Diesel
- Iluminação externa suplementar
- Controle dos comutadores sob carga
- Motores de disjuntores e seccionadores
- Sistemas supervisivos.

- CARGAS NÃO ESSENCIAIS: São aquelas que podem ficar desligadas


por períodos mais longos de tempo sem causar prejuízos operacionais à
subestação. São normalmente as seguintes:
- Ar condicionado
- Iluminação complementar das edificações
- Iluminação e aquecimento dos quadros e caixas dos equipamentos
- Iluminação externa normal
- Tomadas externas
- Iluminação de áreas administrativas
- Tratamento de óleo
- Água potável

Para a especificação dos transformadores deve-se levantar os valores nominais


das cargas descritas acima. A partir dos dados nominais dos equipamentos,
aplica-se os fatores de demanda normalmente considerados, de acordo com a
tabela 1.

349
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 14
SUBESTAÇÕES

Tabela 1 – Valores do fator de demanda em função das cargas


Refrigeração 100%
Ar condicionado 100%
Iluminação 100%
Tomadas 20%
Carregadores-retificadores 50%
Controle de comutador 100%
Motor disjuntor e seccionador 20%
Serviços auxiliar grupo diesel l80%

Deve-se realizar a somatória das cargas acima descrita com seus respectivos
fatores de demanda. Este fator é definido como sendo a relação entre a
demanda máxima e a carga instalada. Enquanto que, o fator de diversidade
entre as cargas é definido pela relação entre a somatória das demandas
máximas individuais e a demanda máxima do conjunto.

Para subestações do tipo ETT, pode-se considerar como demanda máxima do


conjunto a somatória das demandas máximas de refrigeração de 50% dos
bancos de transformadores, de 100% da iluminação, ar condicionado e
carregadores, com 50% das demandas máximas de refrigeração de 50% dos
bancos de transformadores, tomadas, controle de comutador, motor de
disjuntores e seccionadores e serviços auxiliares do grupo gerador-diesel .

350
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 15
SUBESTAÇÕES

4.2 – DIMENSIONAMENTO DOS GRUPOS GERADORES DIESEL

O(s) grupo(s) diesel gerador(es) devem alimentar apenas as cargas essenciais.


Sendo assim, deve-se fazer a somatória das cargas essenciais já aplicadas
sobre as mesmas os fatores de demanda descritos no item 4.1, e sobre esta
somatória, aplica-se o fator de diversidade. Nesta situação, chega-se ao valor
da potência do(s) grupo(s) geradores diesel.

Para determinar o fator de diversidade para subestações do tipo ETT,


considera-se como demanda máxima do conjunto a somatória das demandas
máximas de refrigeração de 50% dos bancos de transformadores, de 100% da
iluminação parcial e carregadores, com 50% das demandas máximas de
refrigeração dos bancos de transformadores, controle de comutador, motor de
disjuntores e seccionadores e serviços auxiliares do grupo diesel .

5 - DIMENSIONAMENTO DE FONTES C.C.

5.1 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS BÁSICOS

5.1.1 – ACUMULADORES ELÉTRICOS

a) Definições
É o dispositivo capaz de transformar energia química em energia elétrica e
vice-versa, em reações quase completamente reversíveis, destinado a

351
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 16
SUBESTAÇÕES

armazenar sob forma de energia química, a energia elétrica que lhe tenha sido
fornecida e restituí-la em condições determinadas.
São classificados em dois tipos:
• Alcalinos (Ni – Cd, tipo bolsa)
• Chumbo- ácidos

Os tipos chumbo- ácidos, divide-se em:


- Placas positivas e negativas empastadas com grades de chumbo-
antimônio ou chumbo-cálcio;
- Placas positivas planté (rosetas) e por placas negativas do tipo Box;
- Placas positivas tubulares com grades Pb-Sb e Pb-Ag e placas
negativas empastadas.

b) Comparação Alcalina x Chumbo- ácida


As baterias do tipo alcalina apresentam melhor desempenho técnico nas
seguintes condições:
• Auto descarga;
• Não há formação de gases corrosivos;
• Facilidade de armazenamento;
• Resistência mecânica;
• Menor possibilidade de ocorrência de curtos internos;
• Maior vida útil;
• Menor peso e volume;
• Menor custo de manutenção em Hh.

352
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 17
SUBESTAÇÕES

As baterias do tipo chumbo-ácido apresentam melhor desempenho técnico nas


seguintes condições:
• Verificação do estado da carga (proporcional à densidade do
eletrólito. Para alcalinas a densidade é aproximadamente
constante.);
• Menor influência da alta temperatura;
• Menor necessidade de troca do eletrólito (nas alcalinas o hidróxido
empregado não é estável e reage com o ar absorvendo CO2
formando carbonato de potássio.);
• Maior capacidade para atender o mesmo ciclo de descarga;
• Maior número de fornecedores.

As baterias alcalinas resultam em uma capacidade menor (até 50%), que


as chumbo- ácidos desde que ocorram picos elevados durante o ciclo de
descarga, mas mesmo assim o seu custo é 30% maior.

c) Características Principais
• Tensão de flutuação (Vf1): é a tensão utilizada no processo de carga
pela qual são compensadas as perdas por auto-descarga de um
acumulador, no estado de plena carga.

• Tensão Final de Descarga (Vfn): é a tensão mínima na qual o


consumidor pode operar.

• Tensão de Equalização (Veq): é a tensão mínima utilizada no


processo de carregar uma bateria com uma tensão elevada.

353
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 18
SUBESTAÇÕES

• Tensão de Carga Profunda (Vcp): nesta situação poderá ser notada


uma intensa gaseificação. Só deve ser usada em caso de emergência.

Quanto menor a tensão de flutuação, maior será a vida da bateria, maior o


tempo de carga e maior a possibilidade de não se manter com 100% de carga.

Para baterias alcalinas a tensão de flutuação varia entre os seguintes valores


(Vf1 = 1,38 a 1,12 V/elemento).Enquanto que para baterias chumbo- ácidos os
valores estão compreendidos entre Vf1 = 2,15 a 2,2 V/elemento.

d) Valores Característicos de Fabricantes (por elemento)


A tabela 2, a título de ilustração, mostra uma comparação entre as tensões de
operação das baterias de diversos fabricantes. Adicionalmente também é
realizada uma comparação com a norma do GCOI.
Tabela 2- Tensões de operação de baterias de vários fabricantes
TENSÕES DE NIFE EXIDE C&D GCOI
OPERAÇÕES V V V V
2,15 – 2,22 2,15 – 2,18 2,20 – 2,25
Vf1 2,15 – 2,22
Rec. 2,20 Rec. 2,18 Rec. 2,20
Vfn 1,75 1,75 1,75 1,75 – 1,82
2,35 – 2,40 2,20 – 2,45 2,33 – 2,40
Veq 2,30 – 2,45
Rec. 2,40 Rec. 2,33 Rec. 2,33
Vcp 2,60 – 2,70 ⎯ ⎯ 2,60 a 2,75

354
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 19
SUBESTAÇÕES

e) Número de Elementos
Para a escolha do número de elementos que irão compor a bateria é necessário
que se defina as tensões máxima e mínima de funcionamento dos
equipamentos que o sistema irá alimentar.

A tensão mínima a ser considerada no cálculo do número de elementos de


uma bateria deverá ser superior à mínima permitida pelos equipamentos. Tal
justificativa deve-se à queda de tensão introduzida pelos cabos que
interligarão a bateria aos mesmos.

O número de elementos de uma bateria é definido através das seguintes


relações:

V Vmín Vn
n1 = máx n2 = n3 =
Veq Vfn Vf 1

Onde:
Vmáx = Tensão máxima admitida pelos equipamentos;
Vmín = Tensão mínima admitida pelos equipamentos.

Quando n1 = n2 = n3 , a solução encontrada é a ideal, com o aproveitamento


máximo da bateria.

Normalmente o que ocorre é encontrarmos valores diferenciados para n.

355
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 20
SUBESTAÇÕES

Neste caso, o valor de n não deve ser superior à relação Vmáx / Vf1, pois neste
caso, a tensão de flutuação da bateria será maior que a tensão máxima
admitida pelos equipamentos. Por outro lado, o valor de n não deve ser
inferior à relação Vmín / Vfn , pois a tensão final de descarga por elemento será
menor que a normalmente adotada para o cálculo da capacidade da bateria.

f) Tempo de Recarga
O tempo necessário para a bateria atingir sua plena capacidade após uma
descarga, será função da tensão aplicada nos elementos e da corrente
disponível para a bateria. A tabela 3 , ilustra o tempo de carga para as baterias
tipo chumbo-ácidos da NIFE.

Tabela 3 – Tempo de carga para baterias chumbo- ácidos da NIFE


TENSÃO DE TEMPO DE CARGA EM HORAS
CARGA V / Ele. Ic = 0,1 C10 Ic = 0,2 C10
2,2 100 – 120 65 – 80
2,3 60 – 80 25 – 35
2,35 45 – 60 20 – 30
2,4 25 – 30 17 – 20
2,5 15 – 18 10 – 12

Em função do ciclo de descarga será definido o tempo mais apropriado para a


recarga da bateria e consequentemente, a tensão de equalização a ser adotada e
ainda a limitação da corrente inicial. Para subestações e centrais elétricas o
tempo de recarga é de 10 horas.

356
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 21
SUBESTAÇÕES

Caso o tempo selecionado para efetuar a recarga da bateria, implique em um


valor da tensão de equalização acima da permitida pelo sistema, tem-se duas
opções:

9 Dotar o sistema de diodos de queda;


9 Desligar os consumidores quando da aplicação da carga de equalização.

A tentativa de uma ou outra solução deverá ser analisada em função do


esquema adotado para a alimentação das cargas.

Verifica-se também, que somente com uma determinada tensão de


equalização, a bateria pode atingir 100% de sua capacidade. Com base nas
curvas típicas de carga com tensão constante, determina-se qual poderá ser a
capacidade recolocada na tensão e tempo escolhido. Se for, por exemplo 90%,
acrescenta-se 10% da capacidade necessária ao sistema quando a bateria
estiver com 90% de sua capacidade.

g) Variação da Resistência Interna (Ri)


Durante a descarga de um acumulador e, portanto segundo seu estado de
carga, ocorre variação da resistência interna do elemento. Nos acumuladores
chumbo- ácidos, durante um ciclo de descarga, a densidade do eletrólito
diminui e, portanto, também à tensão, aumentando, por conseguinte, a
resistência interna.

357
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 22
SUBESTAÇÕES

h) Classificação quanto ao Serviço


Os acumuladores podem ser classificados em:
• Estacionários
• Tracionários

Os estacionários destinam-se a fornecer energia elétrica em casos de picos de


consumo, ou em caso de falha dos correspondentes carregadores.
Os tracionários destinam-se a fornecer energia para partida de motores de
combustão interna, acionamento de freios magnéticos, etc.

5.1.2 – CARREGADORES – RETIFICADORES

a) Equação geral
A figura 7 mostra o circuito elétrico de um carregador-retificador

A
Retifi- Ip Ic It
VAC cador

Figura 7 – circuito elétrico de um carregador de bateria

Com base na figura 7, pode-se escrever:

I = I p + I c + It (1)
Onde:

358
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 23
SUBESTAÇÕES

Ip – perdas na baterias (por auto-descarga);


Ic – consumo permanente;
It – consumo transitório.

b) Tipos de Carregadores – Retificadores

Podem ser encontrados os seguintes tipos de carregadores –


retificadores:
• Não regulados, não ajustáveis (manual);
• Não regulados, mas com ajuste da tensão de carga e corrente de saída
(semi-automático);
• Regulados (automático).

A equação (1) definida acima, só é inteiramente satisfeita pelo


retificador automático. Desta forma, para subestações e centrais elétricas o
tipo de retificador apropriado é o automático para carga com tensão constante
e limitação de corrente.
O carregador-retificador automático consiste de um sistema de
transdutores ou SCR, que processam uma realimentação da informação de
saída para a entrada da ponte retificadora.A figura 8 ilustra o comentário
realizado.

359
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 24
SUBESTAÇÕES

Vnom.

Inom.(%) I
figura 8 – curva característica de um carregador-retificador.

A partir do joelho da curva o retificador funciona como gerador de


corrente constante e não de tensão. É uma auto-proteção contra solicitações
excessivamente altas.

c) Características Principais
De entrada:
• Tensão nominal
• Faixa de variação de tensão (± 15%)
• Frequência nominal
• Faixa de variação de frequência (± 5%)
• Fator de potência (0,6 a 0,85)

De saída:
• Corrente nominal (limitada ao valor nominal In – ajustável de 50% a
105% de In)
• Regulação estática e dinâmica da tensão de saída
• Tensão de “ripple”

360
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 25
SUBESTAÇÕES

• Tensão de recarga
• Tensão de Flutuação
• Eficiência

OBSERVAÇÕES:

1) Regulação estática da tensão de saída


Variação permissível da tensão de saída, em regime de flutuação ou de
carga, sem o emprego de baterias em paralelo com os carregadores.
Na condição de funcionamento em vazio, a variação da tensão de saída
não deve ultrapassar o dobro do valor especificado.

2) Regulação dinâmica da tensão de saída


Variação permissível da tensão de saída, após 150ms da aplicação de
um degrau de 50% da corrente nominal (crescente ou decrescente), entre 50%
e 100% do valor da corrente de saída do carregador, ou de um degrau de 5%
da de saída (crescente ou decrescente), em ambos os casos, com emprego de
carga resistiva e sem a bateria em paralelo com o carregador.

d) Unidade de Diodos de Queda (U.D.Q.)


Conforme descrito anteriormente às vezes é necessário evitar que a tensão de
saída C.C. ultrapasse um certo valor. Para isto, deve-se reduzir a tensão em
recarga ou mesmo em flutuação. A UDQ reduz automaticamente a tensão
mediante um sensor.

361
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 26
SUBESTAÇÕES

Para reduzir a tensão, emprega-se uma série de diodos cuja queda de tensão
varia muito pouco com a corrente, podendo-se adotar o valor médio de 0,8 V
por diodo, para efeito de cálculo, sempre que a corrente for superior a 10% em
relação à capacidade nominal da UDQ. A figura 9, identifica o diagrama
simplificado de uma unidade de diodos de queda.

1° ESTÁGIO 2° ESTÁGIO

SENSOR

Figura 9 - Diagrama Simplificado de uma UDQ.

5.2 – DIMENSIONAMENTO DOS ACUMULADORES

a) Cálculo da capacidade
A capacidade de uma bateria é a quantidade de eletricidade em ampere-hora,
corrigida para a temperatura de referência, fornecido pelo acumulador em
determinado regime de descarga até atingir a tensão final de descarga.

A adoção de um ciclo de descarga irá ter uma variação em função de cada


caso, mas para subestações e centrais elétricas, de uma maneira geral, deve-se
colocar a maior solicitação no final do ciclo.

As equação gerais para a determinação da capacidade da bateria, a partir de


um determinado ciclo de descarga são caracterizadas pelas equações 2 e 3.

362
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 27
SUBESTAÇÕES

I (I 2 − I1) (I3 − I 2) (I n − I n −1)


Ct = 1 + + + ........ + (2)
K1 K2 K3 Kn

C t = K1I1 + K (I 2 − I1 ) + K 3 (I3 − I 2 ) + ........ + K (I n − I n −1) (3)


2 n

Os valores de K1 , K2 , ..., Kn são obtidos através das curvas de descarga e são


funções do tipo de bateria, do tempo, da tensão final requerida e da
temperatura.

Os valores de I1 , I2 , ..., In são obtidos em função dos ciclos de descarga.


A NIFE apresenta os valores de K para serem aplicados na equação (2).
A EXIDE e a C & D apresentam os valores de K para serem aplicados na
equação (3).

b) Consideração sobre o ciclo de descarga


- Cargas Permanentes
- São as que solicitam a bateria durante todo o ciclo de descarga, entre as
quais, destacam-se: sinaleiros, relés de intertravamento, fontes auxiliares
de relés estáticos, pontos anunciadores, oscilógrafos, telefonia.

- Cargas Não Permanentes


São as que solicitam a bateria durante um determinado tempo no ciclo de
descarga. As cargas não permanentes devem ser plotadas no ciclo de descarga
nos tempos correspondentes à sua entrada e saída do ciclo.

363
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 28
SUBESTAÇÕES

Cargas momentâneas que existem por fração de segundo devem ser


consideradas como tendo a duração de 1 minuto, pois a queda de tensão na
bateria causada por uma carga momentânea é praticamente a mesma após 1
minuto.

Quando cargas momentâneas ocorrem dentro do mesmo minuto, deve ser


verificado se existe ou não a possibilidade de serem simultâneas. Se existe a
possibilidade, as cargas deverão ser somadas, caso contrário toma-se, a maior.

A bateria deve ter uma capacidade suficiente para atender estas cargas
momentâneas. O valor da corrente da bateria para 1 minuto à tensão final,
deverá ser igual ou superior aos picos de corrente produzidos pelas cargas.
Caso contrário, tem-se uma queda de tensão nos terminais da bateria de valor
superior ao admitido pelo sistema.

Quando se perde o retificador, o comportamento da carga torna-se um valor


variável, isto é, conforme a tensão nos terminais da bateria atinja valores
decrescentes, a corrente alcança valores crescentes. Dada uma carga com
determinada potência deve-se, para determinar a corrente, dividir este valor da
carga pela tensão mínima que poderá aparecer nos bornes do equipamento,
quando a tensão nos terminais da bateria for a mínima admitida.

O cálculo da corrente, quando efetuado da maneira acima exposta, conduz a


um resultado conservativo, isto é, há um sobredimensionamento da
capacidade da bateria.

364
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 29
SUBESTAÇÕES

c) Efeito da Temperatura

Para as baterias chumbo- ácidos, após encontrar o valor de sua


capacidade nominal, deve-se fazer a sua correção para uma temperatura de
referência, a qual é dada por:
C
Creal = 10 (4)
k1
onde:
k1 – constante que leva em consideração quando a temperatura é
diferente da referência. Este fator é fornecido pela tabela 4.

Tabela 4 – Valores de temperatura de referência


Para as baterias alcalinas não há necessidade de correção.
TEMPERATURA [°C] k1
0 0,72
5 0,80
10 0,86
15 0,91
20 0,96
25 1,00
30 1,02
35 1,04
40 1,07

365
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 30
SUBESTAÇÕES

d) Efeito do Envelhecimento
Após levar em consideração a correção dos efeitos da temperatura, deve-se
corrigir a efeito do envelhecimento natural. Para baterias alcalinas, há um
acréscimo de 10%, enquanto que para as baterias chumbo- ácidos, há um
aumento de 20 a 25%.

5.3 – DIMENSIONAMENTO DOS RETIFICADORES

O valor da capacidade nominal de um carregador é dado pela equação 5.

In = Ip + Icb (5)

Onde: Ip – corrente permanente


Icb – corrente de carga da bateria.

O valor da corrente de carga da bateria pode variar de 0,1 a 0,2 vezes a


capacidade em 10 horas, em função da tensão de recarga e do tempo desejado
para restabelecer a bateria a sua plena capacidade, conforme apresentado no
item anterior.

Este valor pode também ser calculado conforme a equação 6.

K Cn
I cb = (6)
H

366
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 31
SUBESTAÇÕES

Onde: K – é variável dependendo do tipo da bateria;


• Para baterias chumbo-ácidos: K = 1,10
• Para baterias alcalinas: K = 1,40
H – tempo escolhido para carregar a bateria. Este valor varia de 6
a 24 h. Para subestações e centrais elétricas, usa-se H = 10 h.

A potência de saída pode ser expressa pela equação 7.

Psaída = Vc . In (7)

P
Pentrada = saída (8)
η

Onde: η - é a eficiência (rendimento)

Vc – é a tensão máxima em regime de carga.

5.4 – DIMENSIONAMENTO DA UNIDADE DE DIODOS DE QUEDA


(U.D.Q.)

Para verificação da necessidade e para o dimensionamento da unidade de


diodos de queda, baseia-se nas seguintes informações:

367
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 32
SUBESTAÇÕES

a – Tensão de trabalho máxima permissível pelo consumidor (Vmáx)


b – Tensão de trabalho mínima permissível pelo consumidor (Vmín)
c – Tensão de carga da bateria (V1)
d – Tensão de Flutuação da bateria (V2)

Se Vmáx ≥ V1 – não há necessidade de UDQ


Se Vmín < V1 – há necessidade de UDQ.

Neste caso, a queda de tensão necessária será dada por: ∆V = V1 – Vmáx

Se V2 ≤ Vmáx – recomenda-se apenas um estágio de UDQ


Se V2 > Vmáx – recomenda-se mais de um estágio de UDQ
Se (Vmáx - ∆V / n) < Vmín – recomenda-se aumentar n (número de
estágios até que ocorra o inverso).

Devem ainda, ser considerados nestes cálculos, os seguintes dados:


• Queda de tensão nos cabos entre bateria- retificador-consumidor;
• Estabilidade de tensão do retificador (± 1%);
• Precisão do sensor de tensão da UDQ (1%);
• Corrente que deve suportar a UDQ.

Para o cálculo de corrente da UDQ, pode-se aplicar o método simplificado,


levantando-se através da curva do fusível que protege o consumidor, tanto na
ausência quanto na presença de CA de alimentação e utilizar o diodo e o
contator seletivos com o fusível.

368
CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 33
SUBESTAÇÕES

Quando utilizar a mesma curva de consumo na ausência e na presença de CA,


o fusível será único e portanto, os diodos e o contator são de mesma
capacidade. A figura 10 ilustra o exposto.

UDQ

DIODOS FUSÍVEL
(Tipo 1)

CONTATOR

Figura 10 – Proteção com um único fusível

Quando a curva de consumo na ausência de CA for diferente da curva de


consumo na presença de CA, tem-se dois fusíveis de proteção. A figura 11
ilustra o comentário exposto.
UDQ

DIODOS FU 1
(Tipo 2)
FU 2
CONTATOR

Figura 11 - Proteção dos diodos por dois fusíveis. Sendo que o fusível 1 deve
ser seletivo com os diodos, enquanto que fusível 2 deve ser seletivo com o contator.

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CAPÍTULO 12 – NOÇÕES SOBRE SISTEMAS AUXILIARES UTILIZADOS NAS 34
SUBESTAÇÕES

5.5 – CÁLCULO DO CURTO-CIRCUITO

Geralmente a máxima corrente de curto-circuito é da ordem de 9 a 12 vezes a


capacidade de descarga durante 1 minuto para 1,75 V. Normalmente é adotado
o valor de 10 vezes o valor da descarga de 1 minuto.

5.6 – PROTEÇÃO DOS CIRCUITOS

Para baterias de capacidade ≥ 200 Ah, o dimensionamento do dispositivo de


proteção é feito para suportar a corrente com tensão final de descarga de 1,75
V.

No caso de baterias menores de 200 Ah, recomenda-se utilizar um dispositivo


de proteção para suportar uma corrente igual a 1,5 vezes a capacidade de
descarga da bateria durante 1 minuto para uma tensão final de 1,75 V.

Os dispositivos de proteção devem atuar após 1 segundo em carga máxima.


Recomenda-se que os dispositivos de proteção dos circuitos individuais
devem suportar 1 / 3 da corrente necessária para o mecanismo de fechamento
dos disjuntores.

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