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Universidade Federal Fluminense

Instituto de Química - IQ
Departamento de Química Analítica – GQA

Determinação da concentração de dicromato de potássio


( K ¿ ¿ 2 Cr2 O7) ¿ e permanganato de potássio ( KMn O 4) em uma
amostra binária com concentração desconhecida
Introdução
Ao se analisar amostras químicas, é comum a ocorrência de mais de um
componente dentro do analito. Isso pode interferir de diversas formas, no caso
dos métodos analíticos de bancada, pode haver reação cruzada, mudança de
características do composto, entre outros. Para as análises feitas em
espectrofotometria, o que mais pode-se ocorrer, é a absorção aumentada no
pico daquela substância, e a ocorrência de vários picos de absorção, de acordo
com a quantidade de substâncias ocorrendo no analito.
Para se ter resultados em casos como esse, é preciso saber o comprimento de
onda com pico de absorção de cada substância presente na amostra. Essa
análise pode ser feita por varredura no espectro visível e invisível por meio de
um espectrofotômetro de duplo feixe, onde a energia gerada a partir da fonte
de luz é dividida em dois feixes fazendo a leitura da amostra simultaneamente
com o branco, evitando variações provenientes da própria amostra e da fonte
de alimentação elétrica. O resultado se dá em um gráfico com o eixo “x” sendo
a faixa do comprimento de onda, e o “y”, a absorvância. Feito isso, é preciso
obter a absortividade molar das substâncias, que se faz analisando a absorção
de diferentes concentrações conhecidas das substâncias.
Ao relacionar os dados de análise de duas substâncias, é comparado com a
análise de absorvância da amostra problema nos dois comprimentos de onda,
onde se tem picos, e tem se que a absorvância é proporcional ao produto da
absortividade molar e concentração, dando origem às equações:
C 1 ( ε 1 ) ❑1 +C 2 ( ε 2 ) ❑1= A❑1 (1)

C 1 ( ε 1 ) ❑2 +C 2 ( ε 2 ) ❑2= A❑2 (2)

( ε 2) ❑2 A ❑1−( ε 2 ) ❑1 A ❑2
C 1= (3)
( ε 1 ) ❑1 ( ε 2 ) ❑2−( ε 2 ) ❑1 ( ε 1) ❑2
( ε 1) ❑1 A ❑2−( ε 1 ) ❑2 A ❑1
C 2= (4 )
( ε 1 ) ❑1 ( ε 2 ) ❑2−( ε 2 ) ❑1 ( ε 1) ❑2
No qual, “( ε x ) ❑x são as inclinações dos gráficos obtidos através das análises
de cada concentração das duas substâncias nos dois comprimentos de onda;
C} rsub {x ¿”, são as concentrações dos dois analitos dentro da amostra
problema; E “ A❑ x” são as absorvâncias encontradas na amostra.
Como experimento para ilustrar isso, foi usado o dicromato de potássio e o
permanganato de potássio, duas substâncias que possuem picos de absorção
bem definidos em lambdas distintos. Objetivando obter a medida dos espectros
de absorção dos constituintes, e a determinação simultânea da mistura binária.
Materiais
Espectrofotômetro de duplo feixe; Espectrofotômetro normal; Soluções padrões
de dicromato de potássio 4,0 x 10−3Mol L−1 e permanganato de potássio
1,0 x 10−3Mol L−1; Balões volumétricos; E cubetas.
Metodologia
Para se obter o pico de absorvância dos analitos, foi preparado uma solução
padrão de permanganato adicionando 25,00 mL da solução padrão em um
balão de 50 mL e avolumado com ácido sulfúrico 0,5mol/L, sendo assim
obtendo a concentração de 5,0 x 10−4Mol L−1. Foi feita uma solução de
dicromato do mesmo jeito da de permanganato, sendo obtido a concentração
de 2,0 x 10−3Mol L−1.
As duas soluções foram submetidas à varredura de espectrofotometria de
duplo feixe na faixa de 400 – 600nm, e depois foi misturado as soluções em
volumes iguais e colocados para a varredura obtendo um espectro da mistura
binária.
Em seguida, com os picos de absorção descobertos, foram feitas da mesma
forma, mais 3 soluções de permanganato de potássio e mais 3 de dicromato de
potássio, ambas adicionando: 10,00; 15,00; E 20,00mL da solução padrão.
Obtendo-se soluções de dicromato a: 8,0 x 10−4Mol L−1; 1,2 x 10−3 Mol L−1;
1,6 x 10−3Mol L−1; E a solução feita anteriormente a 2,0 x 10−3Mol L−1. E soluções
de permanganato a: 2,0 x 10−4Mol L−1; 3,0 x 10−4Mol L−1;4,0 x 10−4 Mol L−1; E a
solução feita anteriormente a 5,0 x 10−4Mol L−1.
As soluções foram colocadas todas para análise no espectrofotômetro nos dois
comprimentos de onda.
Foi analisado a amostra problema nos dois comprimentos de onda, e uma
mistura com concentração conhecida contendo 6,0 x 10−4Mol L−1de dicromato e
1,5 x 10−4Mol L−1 de permanganato.
Resultados e discussão
Para a primeira análise, que visava encontrar o lambda máximo de absorvância
dos dois analitos, foi obtido o gráfico da figura 1.
Figura 1

No qual, observa-se a absorção máxima do dicromato em 440nm com A =


0,794, e a absorção máxima de permanganato em 525 com A = 1,47.
Mostrando os dois espectros com picos de absorção em lugares distintos,
porém claramente sobrepondo uma parte da absorção de uma, na outra. Essa
diferença é corrigida na análise da amostra problema com a equação 3 e 4
Um terceiro espectro mostra a mistura dessas duas soluções, sendo observado
a diminuição da absorção das bandas, ocorrendo devido ao efeito de diluição
das duas substâncias, e a sobreposição entre uma banda e outra, fazendo com
que forme uma banda contínua entre um pico e outro.
Para a segunda parte da análise então foi colocado todas soluções para
verificação de absorvância em 440nm (❑1 ¿, e 525nm (❑2).
Foram obtidas 4 tabelas, que foram transformadas em gráficos. A primeira é
para o dicromato em 440nm.
Dicromato em 440nm
1
0.9
0.8
0.7 f(x) = 392.25 x − 0.02
R² = 1
Absorvância

0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 0 0 0 0 0 0
Mol/L

Na figura 2, a equação da reta “Y = Ax+ B” se relaciona com A'=εb”, no qual,


A=εb. Se b=1 , A=ε. Então ( ε 1 ) ❑1 =382,25.

Permanganato em 440nm
1
0.9
0.8
0.7
Absorvância

0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0 f(x) = 139 x − 0.02
0 R² = 0.94 0 0 0 0 0 0
Mol/L

A figura 3 dá, ( ε 2 ) ❑1 =139,00.


Dicromato em 525nm
1
0.9
0.8
0.7
Absorvância

0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0 f(x) = 33.5 x − 0.02
0 R² = 1 0 0 0 0 0 0
Mol/L

A figura 4,( ε 1 ) ❑2 =33,50.

Permanganato em 525nm
1
0.9 f(x) = 1792 x + 0.03
0.8 R² = 1
0.7
Absorvância

0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 0 0 0 0 0 0
Mol/L

E a figura 5, ( ε 2 ) ❑2=1792,00.

Na análise da amostra problema, mediu se em 440nm obtendo-se A = 0,346, e


em 525nm, com A = 300.
Para achar a concentração de dicromato (C1), usa-se a equação 3, e para
permanganato (C2) a equação 4.

( ε 2) ❑2 A ❑1−( ε 2 ) ❑1 A ❑2
C 1=
( ε 1 ) ❑1 ( ε 2 ) ❑2−( ε 2 ) ❑1 ( ε 1) ❑2
( 1792 X 0,346 )−(139 X 0,300)
C 1=
( 382,25 X 1792 )−(139 X 33,50)

C 1=8,5 X 10−4 Mol L−1


( ε 1) ❑1 A ❑2−( ε 1 ) ❑2 A ❑1
C 2=
( ε 1 ) ❑1 ( ε 2 ) ❑2−( ε 2 ) ❑1 ( ε 1) ❑2
(382,25 X 0,300 )−( 33,50 X 0,346 )
C 2=
( 382,25 X 1792 )−(139 X 33,50)

C 2=1,5 X 10−4 Mol L−1

Para comprovar a aditividade do composto é usado a fórmula:


AT = A1 + A2 =ε 1 b C1 +ε 2 b C 2

Onde, A1 e A2 são as absorvâncias medidas nos na mistura com concentração


conhecida, que foi 0,256 e 0,286 respectivamente. ε 1 e ε 2 são respectivamente,
( ε 1 ) ❑1 e ( ε 2 ) ❑2. E por fim, C 1 e C 2 são respectivamene 6,0 x 10−4Mol L−1 e
1,5 x 10−4Mol L−1.
Dando o cálculo,

0,256+ 0,286=( 382,25 X 6,0 x 10−4 ) +(1792 X 1,5 x 10−4 )


0,542=0,498
Resultando em valores próximos, significando que é possível confiar nos dados
obtidos da amostra desconhecida.
Conclusão
Foi possível identificar a concentração dos compostos da amostra
desconhecida. A metodologia de análise depois foi comprovada pelo cálculo de
aditividade em amostra conhecida, indicando que os resultados obtidos na
amostra desconhecida possuem um grau aceitável de precisão.
Referências bibliográficas

1. KÜCHLER, I., RODRIGUES, S., MOREIRA, S., Apostila de Análise


Instrumental I Experimental, Niterói-RJ: Universidade Federal
Fluminense, 2019.

2. SKOOG, D. A., HOLLER, F. J., WEST, D. M., CROUCH, S. R.,


Fundamentos de Química Analítica, 9ª Ed., São Paulo: Cengage
Learning, 2014.

3. < http://www.instrulab.com.br/produto.php?p=espectrofotometro-uv-vis-
duplo-feixe-modelo-t80 >

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