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UFF - Universidade Federal Fluminense

Instituto de Química
GQA - Departamento de Química Analítica
Disciplina: Análise Instrumental I Experimental

Espectrofotometria no Visível (II e III)

Aluna: Ursula Rodrigues Cabral


Professor: Marco Antonio Oliveira

Rio de Janeiro, 22 de abril de 2023


1 INTRODUÇÃO
O ferro é um dos elementos mais abundantes do universo. Na maioria dos compostos, o ferro
apresenta-se na forma de Fe2+ (íon ferroso) e Fe3+ (íon férrico).
A orto-fenantrolina é um composto orgânico de fórmula molecular C12H8N2, solúvel em água,
álcool etílico e solventes orgânico. A orto-fenantrolina em contato com a solução de ferro (II) forma um
complexo de coloração vermelha, [Fe(C12H8N2)3]2+, em soluções ligeiramente ácidas. [1]
A prática espectrofotometria no visível (I) e (II) se baseiam na medida da absorbância da solução
colorida, resultante da formação do complexo. O objetivo disso é tornar o ferro visível. Porém, a 1,10-
fenantrolina apenas complexa com ferro (II). Então para esta prática é necessário garantir que todo ferro
esteja nessa forma. O ferro é um metal que sofre facilmente oxidação, então é provável que na solução
padrão de ferro quase todo ele esteja na forma de íon férrico. Para reduzir o ferro, é utilizado a
hidroquinona, que tem propriedades como agente redutora em meio aquoso. Também é necessário se
atentar a estabilidade da molécula, pois ela também é facilmente oxidada. Exposição ao ar, alto pH e
exposição a luz desencadeiam sua oxidação. Para garantir o estado da hidroquinona, adiciona-se acetato
de sódio (tampão) nas soluções para garantir que o pH delas se mantenha constante. [2]

Figura 1. Representação da reação de oxidação da hidroquinona.

Figura 2. Reação de complexação do Ferro (II) com Ortofenantrolina.

2 OBJETIVO
O objetivo desse relatório é: selecionar o melhor comprimento de onda para a determinação
espectrofotométrica de ferro, medir o espectro de absorção do complexo ferro (II)-ortofenantrolina,
medir a curva de calibração para determinação espectrofotométrica de ferro com ortofenantrolina,
determinar a concentração do ferro numa amostra desconhecida e calcular o erro relativo de acordo com
absortividade molar teórica versus experimental.
3 METODOLOGIA
Primeiramente, realizou-se o preparo das amostras. Em balões volumétricos de 100 mL foram
adicionados, 5,00; 10,00; 20,00 e 25,00 mL da solução padrão de ferro (II) com pipetas volumétricas
respectivamente, e 25 mL de água em um balão para o branco. Após isso, foi adicionado em todos os
balões: 2,0 mL da solução de hidroquinona, 5,0 mL da solução de ortofenantrolina e 8,0 mL da solução
de acetato de sódio. Esperou-se 15 minutos para a reação ocorrer e em seguida avolumou-se com água
destilada os balões até o volume final, e em seguida agitou-se os balões. As soluções de acetato de sódio
e ortofenantrolina já estavam preparadas, apenas a solução de hidroquinona foi necessária preparar na
hora, pois esta substância sofre oxidação facilmente quando em presença de luz, umidade e ar.

Figura 3. Espectrofotômetro (SP-1105) utilizado durante a prática.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Pontos calculados para determinação do 𝜆𝑚á𝑥 .

λ (nm) A T
400 0,152 72,9
420 0,233 59,7
440 0,296 51,1
460 0,349 43,1
480 0,428 38,2
500 0,456 35,2
510 0,467 34,2
516 0,461 34,6
520 0,432 37
550 0,14 72,5
570 0,044 90,4
590 0,012 97,2
600 0,005 98,8
650 0,003 100
700 0,005 101,1
Gráfico 1. Medida do espectro de absorção do complexo [Fe(C12H8N2)3]2+.

Cálculo de concentração de ferro para os volumes utilizados nas amostras:

• Balão 1

𝑚𝑔
𝐶 = 0,5 𝑜𝑢 𝑝𝑝𝑚
𝐿
• Balão 2

𝑚𝑔
𝐶 = 1,0 𝑜𝑢 𝑝𝑝𝑚
𝐿

• Balão 3

𝑚𝑔
𝐶 = 2,0 𝑜𝑢 𝑝𝑝𝑚
𝐿

• Balão 4

𝑚𝑔
𝐶 = 2,5 𝑜𝑢 𝑝𝑝𝑚
𝐿
Tabela 2. Concentração da solução do íon complexo ferro (II)-ortofenantrolina,

absorbância e transmitância das amostras no 𝜆= 510 nm.

Diluição
Concentração Fe+2 (mol/L) A T
(%)
25 4,477x10-5 0,467 34,2
20 3,581x10-5 0,374 42,3
-5
10 1,791x10 0,176 66,6
5 8,95x10-6 0,079 83,2

A lei de Lambert-Beer é expressa pela seguinte fórmula:


𝐴 = 𝜀. 𝑏. 𝐶
Onde: A é absorbância, 𝜀 é absortividade, b é espessura do caminho óptico e C é a concentração.
Ou seja, quanto maior a concentração de ferro na amostra, maior a absorbância, pois, quanto mais
concentrada a amostra, maior será o número de moléculas no mesmo volume de solução, dificultando
assim a passagem de luz. Além disso, a transmitância é a função logarítmica da absorbância.
A partir dos cálculos de concentração, foi possível construir o gráfico abaixo.

Gráfico 2. Curva analítica da solução padrão de ferro.

O coeficiente de determinação (R²) é uma medida estatística que é usada para avaliar a qualidade
do ajuste de um modelo de regressão linear. O valor do R² varia de 0 a 1. Portanto, quanto maior o R²,
mais adequado é o modelo linear e maior é sua capacidade de se ajustar à amostra. [3]
No gráfico acima, o valor de R² é igual a 0,9999.
A partir desse gráfico é possível determinar a concentração da amostra desconhecida utilizando
a equação da reta: 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏
Onde: y é a absorbância, a é a absortividade molar e x é a concentração.
A equação da reta do gráfico acima é: 𝑦 = 10878𝑥 − 0,0182. A absorbância da amostra
desconhecida analisada foi 0,317, logo:
0,317 = 10878𝑥 − 0,0182
𝑚𝑜𝑙
𝑥 = 3,081 × 10−5 de Ferro (II)
𝐿
𝑔 𝑚𝑔
𝐶 = 3,081 × 10−5 × 55,845 = 1,7206 × 10−3 𝐿 𝑜𝑢 1,7206 𝐿
𝑜𝑢 𝑝𝑝𝑚 de Ferro (II)

A concentração calculada acima refere-se à solução diluída preparada, onde foi utilizado uma
alíquota de 25,00 mL da amostra e em seguida avolumou-se para 100 mL. Para calcular a concentração
da solução original é necessário multiplicar pelo fator de diluição da amostra (100 𝑚𝐿 ÷ 25 𝑚𝐿 = 4).
Logo, a concentração da amostra original é:
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑔
3,081 × 10−5 𝐿
× 4 = 1,2324 × 10−4 𝐿
de Ferro (II) ou 6,8824 𝐿
𝑜𝑢 𝑝𝑝𝑚 de Ferro (II)

Tabela 3. Concentração da amostra desconhecida, absorbância e transmitância no 𝜆= 510 nm.

Concentração Fe+2 (mol/L) A T


1,2324x10-4 0,317 48,2

• Cálculo absortividade molar e erro relativo

Figura 4. Valor teórico absortividade molar do complexo ferro (II)-ortofenantrolina. [4]

A absortividade molar (𝜀) pode ser calculada através da aplicação da lei de Lambert-Beer.
Considerando o valor da absorbância de 0,317 obtido na análise com a amostra de 25,00 mL e o caminho
𝑚𝑜𝑙
óptico da cubeta de 1,00 cm e o valor da concentração expressa em 𝐿
:

𝐴 = ℰ. 𝑏. 𝐶

0,317 = 𝜀 × 1,00 × 3,081 × 10−5


𝐿
𝜀 = 10288,87 𝑚𝑜𝑙×𝑐𝑚 (calculado)
𝐿
𝜀 = 11600 𝑚𝑜𝑙×𝑐𝑚 (teórico)

|𝑋𝑡𝑒𝑜𝑟í𝑐𝑜 − 𝑋𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜|
𝐸𝑟 = × 100
𝑋𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜
|11600 − 10288,87|
𝐸𝑟 = × 100
11600
𝐸𝑟 = 11,3%
5 CONCLUSÃO
A determinação dos pontos de calibração para construção da curva de calibração mostrou-se
satisfatória em 510 nm tendo em vista que o complexo ferro (II)-ortofenantrolina apresenta esse
comprimento de onda como o maior pico de absorção.
A curva de calibração do composto em questão também foi obtida com sucesso, levando em
consideração que o valor de R2 (R2 = 0,9999), responsável pela correlação linear entre duas variáveis
quantitativas está próximo de 1. Isso significa que a equação da reta representa com precisão a variação
de “y” (sinal analítico) em função de “x” (concentração de analito).
Dito isto, foi possível atingir de forma satisfatória os objetivos propostos sem interferências que
prejudicassem o experimento.

6 BIBLIOGRAFIA

[1] K. L. Cheng, K. Ueno e T. Imamura, Handbook of Organic Analytical Reagents,


2ª ed., Boca Raton: CRC Press, 1992, p. 313.

[2] I. Abraham, R. Joshi, P. Pardasani e R. Pardasani, “Recent advances in 1,4-


benzoquinone chemistry,” Journal of Brazilian Chemical Society, 2011.

[3] R. G. D. Steel e J. H. Torrie, “Principles and Procedures of Statistics with Special


Reference to the Biological Sciences,” McGraw Hill, 1960.

[4] L. S. G. Teixeira, J. F. Brasileiro, M. M. B. Jr., P. W. L. Cordeiro, S. A. N. Rocha


e A. C. S. Costa, “Determinação espectrofotométrica simultânea de cobre e ferro em álcool
etílico combustível com reagentes derivados da ferroína,” Química Nova, Julho 2006.

[5] D. A. SKOOG, D. M. WEST e F. J. HOLLER, Fundamentos de Química Analítica,


São Paulo: Thomson, 2009.

[6] “Apostila de Análise Instrumental I Experimental,” GQA, Niterói, 2020.

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