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Relatório de Análise Instrumental I

Medida do espectro de absorção do complexo Fe-


fenantrolina, calibração do método e determinação de Fe
em uma amostra por espectrofotometria de absorção
molecular no UV-Vis.

Aluna: Maria Luísa Correia Brito


Professor: Fabio Grandis Lepri
Niterói 2024
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Introdução
A espectrofotometria é uma técnica de análise usada para medir a quantidade de luz
absorvida ou transmitida por uma substância em diferentes comprimentos de onda.
Realizada por meio do instrumento espectrofotômetro, que emite luz em uma
variedade de comprimentos de onda através da amostra. A amostra absorve parte
dessa luz, ocorrendo uma transição eletrônica nas moléculas (UV e visível), ou seja,
quando os elétrons em uma molécula absorvem energia na forma de radiação
eletromagnética. Está relacionada à mudança de energia dos elétrons em orbitais
moleculares, como os orbitais ligantes e antiligantes.
O espectrofotômetro (Figura 1), mede a quantidade absorvida ou transmitida em cada
comprimento de onda, sendo proporcional à concentração da substância em solução,
os componentes de uma solução podem ser identificados por seus espectros
característicos ao ultravioleta, visível ou infravermelho. Produzindo um espectro de
absorção que indica os comprimentos de onda nos quais a substância absorve
radiação quando esta incide sobre ela. Com base nessas medidas, é possível
determinar a concentração de substâncias na amostra, identificar compostos
químicos, avaliar a pureza de substâncias, entre outros.

Figura 1: Espectrofotômetro 320 – 1020 nm – 4 nm. Disponível em: https://phoxlab.com.br/catalogo-de-produtos/v12-


espectrofotometro-vis-com-faixa-de-320-1020nm-4nm/

Para determinar a concentração de uma substância em solução, com base na medida


da absorvância da solução, que representa a quantidade de luz absorvida pela
substância, juntamente com o comprimento do percurso óptico da luz e o coeficiente
de extinção molar da substância para uma frequência de luz específica, usa-se
frequentemente a Lei de Lambert-Beer:
A=ε⋅b⋅c
A é a absorvância da solução
ε é o coeficiente de extinção molar
b é o comprimento do percurso da luz através da solução
c é a concentração da substância absorvente na solução
Que explica os processos nos quais a “quantidade” de radiação absorvida ou
transmitida depende da concentração do soluto na solução e do caminho ótico
(caminho que a luz percorre). A absorvância de uma substância em solução é
diretamente proporcional ao comprimento do caminho óptico (ou espessura) da
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amostra. Isso significa que quanto maior o caminho óptico, maior será a absorvância
observada. Isso ocorre porque a luz tem uma distância maior para interagir com a
substância, aumentando assim a probabilidade de absorção. No entanto, à medida
que o comprimento de onda aumenta para uma determinada solução, sua
absorvância aumenta, resultando em uma menor transmissão de luz. No
espectrofotômetro a informação gerada é a transmitância, proporção da radiação que
passa através da amostra sem ser absorvida. É possível converter da transmitância
para absorvância, como é mostrado na figura abaixo.

Figura 2: Fórmulas de Transmitância e Absorbância. Disponível em:


https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7674323/mod_resource/content/1/Aula%204.pdf

Para realizar este procedimento é necessário fazer a calibração do método que é


realizada através da obtenção de uma curva de calibração ou curva analítica de
referência. Na qual, mostra-se como o sistema de detecção de um equipamento
responde a diferentes quantidades conhecidas do analito em relação a um método
específico. Estabelecendo a relação entre a resposta analítica e a concentração do
analito, fornecendo os fundamentos necessários para realizar uma quantificação
precisa da substância de interesse.
O espectro eletromagnético (figura 3) é uma classificação para as ondas
eletromagnéticas, que podem ser organizadas de acordo com seus diversos
comprimentos de onda. Espectro visível, a luz que podemos enxergar com nossos
olhos está dentro de uma pequena faixa de comprimento de onda.

Figura 3: Espectro Eletromagnético. Disponível em: https://www.infoescola.com/fisica/espectro-eletromagnetico/.

Maiores comprimentos de onda, aproximadamente acima de 750 nm, encontramos


tipos de energia de frequência mais baixa, por exemplo os infravermelhos. Conforme
os comprimentos de onda são diminuídos, abaixo de 350 nm, temos os raios
ultravioletas (UV), raios X e raios gama. Esses tipos de radiação são prejudiciais aos
organismos vivos, devido às suas altas frequências.
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Procedimento experimental
Em balões volumétricos de 100 mL adicionou-se 5,00; 10,00; 20,00 e 25,00 mL da
solução padrão de ferro e 25,00 mL de água no balão correspondente ao branco. Em
seguida colocou-se 2,0 mL da solução de hidroquinona, 5,0 mL da solução de
ortofenantrolina e 8,0 mL da solução de acetato de sódio. Depois foi diluído a 100 mL
com água. 25,00 mL da amostra foi tratada de maneira idêntica. Com o branco sendo
usado de referência.
A ortofenantrolina é utilizada na complexação do ferro, o complexo resultante
apresenta coloração, tornando-o absorvível na faixa visível do espectro. Já a
hidroquinona é adicionada porque tem a capacidade de reduzir Fe3+ a Fe2+,
ocorrendo a reação com a ortofenantrolina.
No comprimento de onda de 510 nm mediu-se a absorbância após uma varredura
espectral entre 400 e 600 nm.
Materiais e reagentes
• Balão volumétrico
• Pipeta volumétrica
• Proveta
• Pêra de borracha
• Espectrofotômetro
• Cubetas
• Béqueres
Reagentes:
• Solução padrão de ferro
• Hidroquinona
• Ortofenantrolina
• Acetato de sódio
• Água destilada

Resultados e Discussões
Reação química de complexação do Fe (figura 4).

Figura 4: Reação de complexação do Ferro. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/QzxmSFGypPPn6SVTsLsjPBp/

É feita essa complexação pois o produto formado é colorido (cor alaranjada), sendo
possível de ocorrer a absorção na faixa do visível no espectro.
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Adicionando um excesso de complexante (Fenantrolina), garantimos a completa


complexação de todo o ferro presente. Assim, ao utilizar a absorvância registrada pelo
espectrofotômetro, podemos determinar a concentração de ferro na amostra.
Para determinar o comprimento de onda máximo, foi realizada uma varredura
espectral na faixa de 400 nm a 600 nm. O resultado encontrado foi 510 nm, conforme
demonstrado na tabela abaixo.
comprimento de onda/ nm Absorvância
400 0,167
420 0,268
440 0,341
460 0,392
480 0,445
500 0,473
510 0,489
520 0,465
540 0,264
560 0,096
580 0,039
600 0,019
Tabela do espectro de absorção

A partir dos valores obtidos na varredura espectral entre 400 nm e 600 nm, foi possível
determinar o λmáx 510 nm (conforme a literatura) onde a absorvância foi de 0,489.
Como mostra o gráfico a seguir.

Espectro de absorção de complexo [Fe(fen)3]2+.

Após a varredura, foi medido a absorvância em diferentes concentrações do


complexo, 0,5; 1,0; 2,0 e 2,5 ppm, nas soluções preparadas anteriormente, com o
espectro num comprimento de onda fixado em 510 nm, resultando numa absorvância
de 0,110; 0,203; 0,404; 0,489, respectivamente. Com isso a curva de calibração pode
ser feita. No qual, a equação da reta é y= 0,1918x + 0,0138, com um valor de R2 igual
a 0,9993.
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Curva de calibração: Absorvância x Concentração do complexo de Fe(mg/L). Comprimento de onda 510 nm. Feita no Excel.

Curva de Calibração: Concentração de Fe 2+ (mol/L). Comprimento de onda 510 nm. Feita no Excel.

A amostra de 25 mL foi diluída a 100 mL (fator de diluição igual a 4) teve um valor de


0,321 de absorvância no comprimento de onda 510 nm, com isso podemos calcular
a concentração de Fe2+ através da equação da reta na curva de calibração. Como é
mostrado a seguir.
Concentração = (0,321) + (0,0138) /0,1918
Concentração = 1,745 ppm (na amostra diluída)
No entanto, para a amostra concentrada é preciso multiplicar pelo fator de diluição.
Concentração = (1,745mg/L) *(4) = 6,98 ppm.
Do mesmo modo que as concentrações da primeira curva analítica foram convertidas
para mol/L, a concentração da amostra deve ser convertida.
C(mol/L) = (1,745mg/L) *(10^-3) / (55,85mol/L)
C(mol/L) = 3,12E-5 mol/L de Fe2+ na amostra diluída.
Na amostra concentrada: (6,98 mg/L) *(10^-3) / (55,85 mol/L) = 1,25 E-4 mol/L de
Fe2+.
Por meio da equação da reta o valor do ε pode ser determinado.
ε = 10727 L. mol-1 .cm-1.
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Comparando o valor obtido com a literatura, que é de 1,1E4 L. mol-1 .cm-1, podemos
ver um valor experimental bem próximo ao esperado.
Conclusão
Podemos concluir que o procedimento teve uma boa eficiência ao analisar a amostra
de Ferro. A absorvância do complexo teve como resultado 0,489 no comprimento de
510 nm, previsto na literatura. Indicando qualitativamente a presença de ferro.
Referências Bibliográficas
SKOOG, WEST, HOLLER, CROUCH, Fundamentos de Química Analítica, Tradução
da 8a Edição norte-americana, Editora Thomson, São Paulo-SP, 2006.
Rocha, F. R. P., Teixeira, L. S. G. ESTRATÉGIAS PARA AUMENTO DE
SENSIBILIDADE EM ESPECTROFOTOMETRIA UV-VIS. Quim. Nova, Vol. 27, No.
5, 807-812, 2004.
Nomura, C. S. Introdução à Análise Instrumental e Tratamento de Dados Analíticos.
QFL 1313 - Química Analítica III.
Faustino, R., Nascimento, J., Silva, N., Santos, N., Sousa, R., & Coelho, A. (UECE).
Determinação Espectrofotométrica de Ferro em Amostras de Solos com o Reagente
2,2‘-Bipiridina.
Breitkreitz, M. C., Souza, A. M., & Poppi, R. J. (Departamento de Química Analítica,
Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas, CP 6154, 13084-971
Campinas - SP, Brasil). Experimento Didático de Quimiometria para Planejamento de
Experimentos: Avaliação das Condições Experimentais na Determinação
Espectrofotométrica de Ferro II com o-Fenantrolina. Um Tutorial, Parte III.

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