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Resumo. O ensino do projeto de arquitetura é realizado por meio de orientações de trabalho prático, o
projeto. Neste universo de aprendizagem cada docente aplica sua maneira de ensino do projeto, fator que
por vezes pode ser incompatível com a percepção dos alunos. A teoria de aprendizagem de Kolb por meio
da experiência apresenta uma aplicação prática de identificação de estilos, os quais podem trazer
direcionamentos adequados para a seleção de estratégias de ensino. Pretende-se neste estudo analisar uma
proposta de aplicação dos estilos de aprendizagem de Kolb como subsidio de metodologia de ensino de
projeto em Arquitetura e Urbanismo. Os critérios propostos para este estudo estão em construção e os
resultados esperados com a sua aplicação visam a melhoria e qualidade do ensino.
Palavras-chave: Estilos de aprendizagem; Projeto Arquitetônico; Metodologias de ensino.
Teaching of the architectural project: a preliminary proposal based on the learning styles of Kolb
Abstract. The education of architectural design is carried out through practical work guidelines, the project.
In this learning universe, each teacher applies its way of design project’s education, factor that can
sometimes be incompatible with the perception of the pupils. The theory of Kolb’s learning styles by means
of the experience presents a practical application of style identification, which can bring appropriate
direction to the election of education strategies. This study intends to analyze a proposal of application of
Kolb’ learning styles as a subsidy of methodology of design project education in Architecture and Urbanism.
The proposed criteria for this study are under construction and the expected results with their application
aim at improving and quality of education.
Keywords: Learning styles; Architectural project; Teaching methodologies.
1 Introdução
O ensino nos conteúdos curriculares na Arquitetura e Urbanismo, assim como em outros campos de
conhecimento deve ser motivadores e eficientes para a promoção da aprendizagem. De acordo com
Libâneo, (2007) e Oliveira & Chadwick, (2008), o ensino deve priorizar as características individuais
nos processos de assimilação e acomodação de cada aluno. Assim, a prática docente não está
apenas interligada ao conhecimento levado à sala de aula, ao ato de ministrar aulas; mas sim a uma
postura transformadora da qualidade do ensino e da perspectiva dos alunos sobre os caminhos que
terão de trilhar enquanto profissionais. Por isso, o desempenho em sala de aula é essencial para a
promoção desta postura; a qualidade dos recursos utilizados em ambiente de ensino e as relações
entre professor e aluno, podem proporcionar um aumento no nível da aprendizagem.
No estudo da Arquitetura e Urbanismo, dotado de uma forte interação entre teoria e prática, os
conteúdos curriculares de projeto arquitetônico são desenvolvidos em ambientes de ateliês em que
a interação entre docente, alunos e turma são intensas. Entretanto, o ensino de projeto passou por
diversas modificações ao longo do tempo, desde a descoberta da perspectiva até a adoção da teoria
e prática reflexiva dos ateliês. Em ambos os casos, os professores atuam como tutores no
desenvolvimento dos projetos feitos pelos alunos. Tal processo é sempre orientado pela melhor
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2 Referencial Teórico
Silva, (2008), Cerqueira, (2008), Cué, (2009) e Gomes, (2016) descrevem que os estilos de
aprendizagem estão relacionados à forma com que os indivíduos aprendem, ou seja, o modo com o
qual conseguem processar, acomodar e assimilar as informações em nível ambiental, teórico, prático
e afetivo. Sugere também que a mente é influenciada pela profissão e tem a capacidade de ser
modificada de acordo com as experiências e o tempo. Sendo assim é possível que os mecanismos de
aprendizagem profissional, estejam também relacionados à personalidade e aos valores dos
indivíduos, construídos ao longo de suas experiências e vida. Atualmente, a preocupação no ensino
de adultos é o de identificar e entender como funciona a aprendizagem, várias publicações trazem
resultados promissores (Muñetón, Pinzón, Alarcón, & Olaya, 2012); e por meio interação é possível
traçar estratégias adequadas de ensino.
As publicações que tratam destes estilos de aprendizagem são extensas, de acordo com Cué, (2009)
podem ser encontrados pelo menos trinta e oito instrumentos de medição da aprendizagem; e se
destacam nestes os trabalhos de alguns teóricos mais relevantes (Tabela 01) que retratam as
possibilidades de desenvolvimento e demonstra o universo de diversidade encontrada (Schmitt &
Domingues, 2016; Silva, Candeloro & Lima, 2013; Lefrançois, 2012; Barragán; Deaquino, 2008).
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Dos estilos de aprendizagem encontrados destaca-se, e é referência para este estudo, o trabalho de
Kolb, (1976). Este apresenta condições para a aprendizagem experiencial, retratando maneiras com
as quais os indivíduos podem e costumam a aprender, gerando um perfil que pode ser trabalhado
estratégicamente (Cué, 2009).
A teoria de Kolb, (1976) indica que os indivíduos podem aprender por meio: de Experiência concreta
(EC), o aprendizado acontece por meio da experiência, da vivência, da manipulação direta e concreta
do tema estudado, dos sentimentos e sentidos; de Observação Reflexiva (OR), o aprendizado
acontece quando há uma reflexão crítica sobre as experiências que participou, ou seja, aprender
observando; de Conceituação Abstrata (CA), aprendizado por meio de estruturas lógicas de
combinação da teoria com exemplos práticos, uso de lógica e ideias; de Experiência Ativa (EA), o
aprendizado acontece por meio da aplicação do conhecimento, da teoria e prática em novas
situações e desafios enfrentados na vida real.
Contudo, não há apenas uma destas características no processo de aprendizagem dos indivíduos,
mas uma combinação, uma predominância de dois ou mais estilos. Desta forma, de acordo com
Deaquino, (2008) e Gomes, (2016) podem ser identificados os Convergentes, Divergentes,
Acomodadores e Assimiladores. Por meio do inventário de estilos de aprendizagem de Kolb, (1976), é
possível determinar se o individuo tem o perfil: Convergente (CA - EA) que se dedica melhor ao fazer
uma coisa de cada vez, ou seja, se houver uma única solução correta, o aprendizado se desenvolve
de maneira mais eficiente. Aplica bem e fácil as ideias, toma decisões e define bem os problemas;
Divergente (EC - OR), este atua bem em situações que pedem novas ideias, é criativo, gerador de
alternativas e compreende bem os problemas e as pessoas. Possui talento para as artes e serviços;
Acomodador (EA - EC), aceita desafios e tende a se basear mais pelos sentimentos e sentidos do que
pela lógica. Pode resolver problemas triviais e desperdiçar energia, quanto também pode solucioná-
los por meio do ensaio e erro; Assimilador (OR - CA) que se destaca por um raciocínio indutivo e pela
habilidade de criar modelos abstratos e teóricos. Costuma a organizar o pensamento em uma
sequencia lógica, interessando-se em muito pela lógica do conceito do que por sua aplicação prática.
Interesse maior pelas ideias do que por pessoas.
Os estilos de aprendizagem, segundo Cerqueira, (2008) e Sousa, (2013) tendem ser mais expressivos
em diferentes áreas de conhecimento, o que pode resultar em estratégias adequadas para o ensino e
avaliação, promovendo assim o processo de ensino-aprendizagem. Cada professor com seu próprio
estilo de aprendizagem pode possuir seu “modo” próprio de transmitir seus conhecimentos em sala
de aula. A Tabela 2 apresenta estes perfis do docente.
Tabela 2. Comparação entre os estilos de aprendizagem e os estilos de ensino de docentes. Fonte: Cerqueira, (2008).
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Alguns autores (Schmitt & Domingues, 2016; Sousa, 2013; Silva, Candeloro & Lima, 2013; Travellin,
2011; Cerqueira, 2008; Hinojosa, 2004) sugerem que ao aproximar o estilo de aprendizagem dos
alunos com o dos professores, o rendimento escolar se torna melhor e há um maior índice de
satisfação com a qualidade de ensino.
3 Metodologia
Este estudo pode ser classificado como uma investigação qualitativa apoiada em um estudo de caso,
visto que há a uma exploração de temas até então pouco discutidos em uma situação particular de
ensino de projeto de Arquitetura e Urbanismo. Será desenvolvida a pesquisa bibliográfica,
documental e aplicação de instrumentos como o inventário de estilos de aprendizagem de Kolb,
(1976).
A metodologia de condução da pesquisa está em fase de construção e terá como meta principal a
proposição de estratégias e condutas para o ensino de projeto arquitetônico que proporcionem a
melhoria da qualidade de ensino e do rendimento escolar dos estudantes de arquitetura; a partir do
momento que o modo de ensinar do docente seja um aliado ao modo de aprender do aluno, através
da investigação dos estilos de aprendizagem de Kolb, (1976) em ambos os atores.
Os procedimentos a serem adotados para deste estudo, com embasamento trazido por Otani,
Barros, & Marin, (2014); terão como etapas principais: (1) A seleção dos alunos nos componentes
curriculares de projeto arquitetônico, por meio de uma amostragem por conveniência; (2)
Reconhecimento dos estilos de aprendizagem (Convergente, Divergente, Assimilador, Acomodador),
seguindo o Inventário de Kolb (Kolb, 1976; Travellin, 2011) com discentes, através da disponibilização
do instrumento na plataforma virtual com o devido feedback ao aluno; (3) Reconhecimento dos
estilos de aprendizagem dos professores, por meio do inventário e entrevista para identificação das
estratégias de ensino adotadas, bem como identificação do estilo de ensino do professor (Tutor,
Motivador, Expositor e Inovador); (4) Determinação do perfil de estilos de aprendizagem
predominantes nas turmas de alunos, bem como identificação dos rendimentos escolares; (5)
Seleção de estratégias adequadas ao ensino de projeto para cada estilo identificado, após as
conclusões na análise dos dados e com base na bibliografia de referência.
A avaliação do processo de ensino aprendizagem focado nas estratégias escolhidas, será realizada
mediante a demanda de comentários dos discentes, organizados em grupos focais (Pontes, Campos,
& Miranda, 2014), seus representantes e por meio do monitoramento das notas das avaliações dos
estágios, e através de questionário aplicado junto aos discentes.
A análise dos dados será realizada conforme as instruções do inventário de Kolb (Kolb, 1976;
Travellin, 2011) de maneira qualitativa, complementadas por análises estatísticas descritivas e
inferência conforme necessário. Com o intuito de descobrir possíveis correlações entre o perfil de
alunos, professores, estilos de aprendizagem e rendimentos escolares. Serão utilizados também
outros dados para esta fase, como bibliografias de referência, a exemplo dos estudos levantados por
Muñetón, Pinzón, Alarcón, & Olaya, (2012).
4 Considerações Finais
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processo de aprendizagem (de Piaget, de Vigostky, Skinner e o Behaviorismo, entre outras), com
contribuições advindas da Neurociência, indo até o modo como os processos cognitivos acontecem
para que o conhecimento seja assimilado, acomodado e adquirido.
Assim, o conhecimento sobre os estilos de aprendizagem, especialmente o de Kolb, apresenta uma
nova maneira de compreensão de como os alunos universitários aprendem. E também a possiblidade
de trabalhar estratégias adequadas para a garantia do ensino nos componentes curriculares,
especialmente no campo do projeto arquitetônico. Espera-se com o início deste trabalho, a abertura
de um novo campo para investigação e promoção da melhoria da qualidade do ensino, além de
transformar as atividades desenvolvidas em motivadoras e criativas para os alunos.
Referências
Barros, G. T. F. (2010). Os professores pelos alunos – uma avaliação dos docentes da UnB. Brasília:
PPGA/UNB.
Barragán, P. P. (2008). Una proposta de incorporación de los estilos de aprendizaje a los modelos de
usuario en sistemas de enseñanza adaptativos. Tese de doutorado, Escola Politécnica Superior,
Universidad Autonoma de Madrid (UAM), Madrid, Espanha.
Lefrançois, G. R. (2016). Teorias da Aprendizagem. O que o professor disse. São Paulo: Cengage
Learning.
Muñetón, M. J. B., Pinzón, M. A. V., Alarcón, L. L. A., & Olaya, C. I. B. (2012). Estilos y estrategias de
aprendizaje: una revisión empírica y conceptual del os últimos diez años. Pensamiento
Psicológico, 10(1), 129-144.
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Oliveira, J. B. A., & Chadwick, C. (2008). Aprender e Ensinar. Belo Horizonte: Instituto Alfa e Beto.
Otani, M. A. P., Barros, N. F., & Marin, M. J. S. (2014). Pesquisa Qualitativa. A possibilidade de
combinar Métodos. Atas CIAIQ 2014, 3, 194-199.
Pontes, D. A. M., Campos, I. O., & Miranda, A. A. M. (2014). Fatores que limitam e potencializam a
aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos. Atas CIAIQ2014, 1, 446-447.
Silva, E. (1998). Uma introdução ao projeto arquitetônico. Porto Alegre: Ed. Da Universidade.
Silva, C. C. S., Candeloro, M., & Lima, M. C. (2013). Estratégias de ensino orientadas pelos estilos de
aprendizagem dos estudantes de graduação em Administração. In: IV Encontro de Ensino e
Pesquisas em Administração e Contabilidade. Brasília.
Sousa, G. H. S. (2013). Estilos de aprendizagem dos alunos versus métodos de ensino dos professores
do curso de administração. In: XXXVII EnANPAD. Rio de Janeiro.
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