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Um Português
bem Brasileiro
1
Índice
● Unidade 1
○ A rocha
○ Luis Fernando Veríssimo
● Unidade 2
○ Na escola
○ Carlos Drummond de Andrade
● Unidade 3
○ Tudo que você tem de fazer é andar
○ Raul Drewnick
● Unidade 4
○ Namorar é bom de qualquer jeito
○ Raul Drewnickk
● Unidade 5
○ O robô
○ Luis Fernando Veríssimo
● Unidade 6
○ Recado ao senhor 903
○ Rubem Braga
● Unidade 7
○ Livre
○ Luis Fernando Veríssimo
● Unidade 8
○ Pequenas felicidades
○ Danuza Leão
2
● Apêndice
● Apêndice gramatical
3
Unidade 1
A rocha
Luís Fernando Veríssimo
Com o tempo, dona Mimosa adquirira uma
sólida autoridade moral sobre a família.
Diziam:
- A dona Mimosa tem os pés no chão.
05 Também tinha a cabeça no lugar, bom nariz
para certas coisas, e enxergava longe. A velhice
só aumentava seu prestígio. Agora, além do
senso prático e da sabedoria herdada, tinha a
experiência.
10 Enterrara um marido, criara 11 filhos, ajudara a
criar 20 netos e, se não tivera nada a ver com
o começo da República, pelo menos estivera
presente. Aos 100 anos, estava lúcida e atenta.
15 Várias gerações da família tinham-se orientado
pelo seu nariz. E dona Mimosa não falhava.
- Vovó, o nenê está com soluço,
- Bota um algodão molhado na testa.
20 Tia Mimosa, o Olegário não sabe onde
aplicar o dinheiro.
- Terra.
- Mamãe, estou pensando em mudar o forro do sofá...
- Cinza.
25 As gerações se sucediam, mas os problemas eram parecidos.
- O Maneco não quer estudar.
- Traz ele aqui.
O Maneco ouvia uma preleção1 de dona Mimosa. Ouvia casos da família, de
vagabundos que acabaram na ruína, de doutores feitos na vida. O importante era
30 ter uma posição, Quem podia estudar e não estudava era pior que um vagabundo.
Era um perdulário2.
- O que é um perdulário, bisa?
- Estuda para aprender!
Brigas por dinheiro ou propriedade. Caso de desconfiança ou
35 ciúmes entre cunhadas. Dúvidas sobre a saúde: opera ou não opera. Tudo acabava
sendo decidido por dona Mimosa. Vez por outra ela tomava uma
ação preventiva. Chamava o filho mais velho e dizia:
4
- Meu nariz me diz que o Toninho está em dificuldades. Investiga.
Ou:
40 Tenho notado que a filha da Juraci sua muito, acho que deve casar.
E estava sempre certa.
Nos momentos de grande crise, dona Mimosa era a rocha da
salvação3. Como na vez em que descobriram que o Biluca tinha
outra família, dona Mimosa não aceitou discutir o assunto
45 reservadamente. Convocou urna reunião de família, vedada só aos
menores de dezoito, e expos o Biluca à reprovação geral sem dizer
uma palavra. Depois acertou como Biluca, reservadamente, o que
deveria ser dado como compensação a segunda família, que ele
abandonaria rapidamente.
50 A primeira vez na vida em que dona Mimosa não soube o que dizer
foi quando lhe contaram que o Sidnei, com 40 anos, estava fazendo
jazz.
- Eu sabia que ele tocava um instrumento.
- Não toca nada. Está numa aula de dança.
55 Pela primeira vez, em 100 anos, dona Mimosa ficou com a boca
aberta. Depois foi o tataraneto Duda - filho do Maneco, o vagabundo
que acabara se formando em Direito - que surpreendeu a velha
com um pedido de dinheiro, já que o pai aplicara tudo no open e
estava desprevenido. O Duda queria descolar uma nota pra levar
60 umas gatas a Porto Seguro no maior barato, falou?
Dona Mimosa ainda tentou ser categórica. Era difícil viajar com
gatos. Devia usar um balaio4. Ou caixas de papelão. Mas era óbvio
que ela estava tateando.
A família continuava procurando dona Mimosa pelos seus conselhos.
65 Mas já não os aceitava como antes.
- Vovó, acho que vou botar dinheiro numa butique só de coisas
importadas para o banheiro. Já tenho até um nome, "Xixique".
- Não, não. Compra terra.
- Ora, vovó, terra...
70 Há dias levaram mais um problema para dona Mimosa.
- A Berenice vai sair de casa.
- Não deixa.
- Não adianta. Ela vai se juntar.
- O que?
75 - Com a Valdirene.
-Ah, bom. Vai morar com uma amiga.
- Não. Vão formar um casal.
Silencio.
- O que é que a senhora acha?
80 Dona Mimosa sentiu que o mundo lhe escapava. Seu nariz não lhe dizia mais
nada. Era preciso, no entanto, resguardar a autoridade. Com um esforço,
5
recompôs-se e perguntou:
- E essa Valdirene, tem uma posição?
Questionário
1. Como o texto caracteriza dona Mimosa?
○ ____________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
____________________
4. O texto pode ser dividido em duas partes. Na primeira parte, a sociedade tem
uma conduta tradicional através das gerações. Na segunda parte, a sociedade se
moderniza. O que é que, dentro do texto, marca essa modernização!
○ ____________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
____________________
6
________________________________________________________________
____________________
Equivalências
Relacione as duas colunas considerando as equivalências:
a. Tem os pés no chão (H) ficou perplexa
b. Feitos na vida (F) é perspicaz
c. É a rocha da salvação (E) sem dinheiro
d. No maior barato, falou? (G) vou investir
e. Desprevenido (B) com boa posição econômica
f. Tem um bom nariz (C) é o apoio sólido
g. Vou botar dinheiro (D) na maior farra, entendeu?
h. Ficou com a boca aberta (A) é realista
Vocabulário
Observe:
7
Verbos
A partir do contexto da leitura complete as frases flexionando alguns
dos seguintes verbos:
Exercício
Complete as frases utilizando um dos seguintes conectores:
Aprendendo a conversar
De asas à sua imaginação:
8
○ ____________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
____________________
b) Olhe bem a cara do garçom, O que será que ele está pensando?
○ ____________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
____________________
9
Unidade 2
Na Escola
Carlos Drumond de Andrade
Democrata é Dona Amarílis, professora na escola pública de uma rua
que não vou contar, e mesmo o nome de Dona Amarílis é inventado,
mas o caso aconteceu.
Ela se virou para os alunos, no começo da aula, e falou assim:
05 Hoje eu preciso que vocês resolvam uma coisa muito importante. Pode ser?
- Pode - a garotada respondeu em coro.
- Muito bem. Será uma espécie de plebiscito. A palavra é complicada, mas a coisa
é simples. Cada um dá sua opinião, a gente soma as opiniões e a maioria é que
decide. Na hora de dar opinião, não falem todos de uma vez só, porque senão
10 vai ser muito difícil eu saber o que é que cada um pensa. Está bem?
- Está - respondeu o coro, interessadíssimo.
- Ótimo. Então, vamos ao assunto. Surgiu um movimento para as professoras
poderem usar calça comprida nas escolas. O governo disse que deixa, a diretora
também, mas no meu caso eu não quero decidir por mim. O que se faz na sala
15 de aula deve ser de acordo com os alunos. Para todos ficarem satisfeitos e um
não dizer que não gostou. Assim não tem problema. Bem, vou começar pelo
Renato Carlos. Renato Carlos, você acha que sua professora deve ou não deve
usar calça comprida na escola?
- Acho que não deve - respondeu, baixando os olhos.
20 Por quê?
- Porque é melhor não usar.
- E por que é melhor não usar?
- Por que minissaia é muito mais bacana5.
- Perfeito. Um voto contra. Marilena, me faz um favor, anote aí no seu caderno
25 os votos contra. E você, Leonardo, por obséquio, anote os votos a favor, se houver.
Agora quem vai responder é Inesita.
- Claro que deve, professora. Lá fora a senhora usa, por que vai deixar de usar
aqui dentro?
- Mas aqui dentro é outro lugar.
30 - É a mesma coisa. A senhora tem uma roxo-cardeal que eu vi outro dia na rua,
aquela é bárbara.
- Um a favor. E você, Aparecida?
- Posso ser sincera, professora?
- Pode, não. Deve.
35 - Eu, se fosse a senhora, não usava.
10
- Por quê?
- o quadril6, sabe? Fica meio saliente...
- Obrigada, Aparecida. Você anotou, Marilena? Agora você, Edmundo.
- Eu acho que Aparecida não tem razão, professora. A senhora deve ficar muito
40 bacana de calça comprida. O seu quadril é certinho.
- Meu quadril não está em votação, Edmundo. A calça, sim. Você é contra ou a
favor da calça!
- A favor I 00 %
- Você, Peter?
45 - Pra mim tanto faz.
- Não tem preferência?
- Sei lá. Negócio de mulher eu não me meto, professora.
- Uma abstenção. Monica, você fica encarregada de tomar nota dos votos iguais
aos do Peter: nem contra nem a favor, antes pelo contrário.
50 Assim iam todos votando, como se escolhessem o Presidente da República,
tarefa que talvez, quem sabe? No futuro sejam chamados a desempenhar. Com a
maior circunspeção. A vez de Rinalda:
- Ah, cada um na sua.
- Na sua, como?
55 - Eu na minha, a senhora na sua, cada um na dele, entende?
- Explique melhor.
- Negócio seguinte. Se a senhora quer vir de pantalona, venha. Eu quero vir de
midi, de máxi, de short, venho. Uniforme é papo furado7.
- Você foi além da pergunta, Rinalda. Então é a favor?
60 - Evidente. Cada um curtindo a vontade.
- Legal! - exclamou Jorgito - Uniforme está superado, professora. A senhora
vem de calça comprida, e a gente aparecemos de qualquer jeito.
- Não pode - refutou Gilberto - Vira bagunça8. Lá em casa ninguém anda de
pijama ou de camisa aberta na sala. A gente tem de respeitar o uniforme.
65 Respeita, não respeita, a discussão esquentou. Dona Amarílis pedia ordem,
ordem, assim não é possível, mas os grupos se haviam extremado, falavam todos
ao mesmo tempo, ninguém se fazia ouvir, pelo que, com quatro votos a favor da
calça comprida, dois contra, e um tanto faz, e antes que fosse decretada por
maioria absoluta a abolição do uniforme escolar, a professora achou prudente
70 declarar encerrado o plebiscito, e passou a lição de História do Brasil.
Exercício
Após ler o texto, escreva C (certo) ou E (errado) nos enunciados
abaixo e justifique:
a. Dona Amarílis inventou o plebiscito porque gostava muito de seus alunos. (___)
b. O movimento pró uso de calça comprida nas escolas partiu dos professores e
diretores de escola. (___)
11
c. Alguns alunos votaram contra o uso da calça comprida apresentando como
motivo o quadril da professora. (___)
d. Todas as meninas votaram a favor da calça. (___)
e. Peter se absteve da votação alegando que não se metia em negócio de mulher.
(___)
f. Jorgito foi quem começou a questionar o uso do uniforme nas escolas. (___)
g. A professora encerrou o plebiscito porque tinha que passar a lição de História do
Brasil. (___)
h. O resultado final foi: quatro votos a favor, três contra e um tanto faz. (___)
Questionário
1. Que riscos a professora correu por ser muito democrata?
● ________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________
2. Em que momento o autor usa o recurso da ironia para referir-se ao momento político
brasileiro?
● ________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________
Atenção
12
Encontre no texto a oração de um aluno com uma concordância
verbal não apropriada e escreva-a corretamente.
● ________________________________________________________________
________
Verbos
Complete a frase utilizando o tempo verbal adequado:
a. Se todos dessem sua opinião, __________ .
b. Mas se todos os alunos falassem ao mesmo tempo, __________ .
c. Caso todos votassem a favor da calça comprida, __________ .
d. Quando houvesse votos contra, Marilena __________ e Leonardo __________
.
e. Caso a professora viesse à escola como quisesse, os alunos __________ .
f. Para evitar que o tumulto se instalasse na sala, __________ .
Equivalências
13
Vejas os exemplos de gíria que aparecem no texto "Na escola" e de
sua equivalência na norma culta:
a. Porque minissaia é muito mais bacana, (L.23) __________ .
b. Aquela é bárbara, (L.31) __________ .
c. Ah, cada um na sua , (L.53) __________ .
d. Uniforme é papo furado (L.58) __________ .
e. Cada um curtindo a vontade. (L.60) __________ .
f. Legal! - exclamou Jorgito. (L.61) __________ .
Exercício
Crie um diálogo com um colega, utilizando essas e outras gírias que
você conhece.
● __________
Debate
1. A sala de aula é o melhor lugar para educar alunos?
○ __________
2. Na sua opinião, qual é a diferença entre educação e instrução?
○ __________
3. Bons modos são imprescindíveis na convivência diária? Que atitudes são
essenciais para que uma pessoa seja considerada educada? De exemplos de boa e má
educação.
○ __________
14
Unidade 3
Tudo o que você tem de fazer é andar
Raul Drewnick
Há uns trinta anos, andar era uma atividade que só produzia dois efeitos. Um
era imediato, o outro demorava um pouco para se manifestar. O primeiro desses
efeitos, numa época em que ninguém falava ainda de stress, era conhecido pelo
prosaico nome de cansaço. O segundo que não afetava propriamente os
05 andarilhos11, mas o bolso deles, era o deplorável estado em que ficavam seus sapatos.
Naquele tempo, ainda não se atribuíam ao simples fato de uma pessoa ir pondo
um pé adiante do outro por dois, cinco ou dez quilômetros as maravilhosas
propriedades que se atribuem hoje. Andar era uma obrigação penosa para quem
não dispunha de carro ou ocupação besta para quem não tinha o que fazer.
10 Essa foi a situação até 1960, mais ou menos. A partir daí, tudo começou a mudar.
Primeiro houve a popularização dos tênis. Eles foram tão aperfeiçoados, tão
desenvolvidos, tão aprimorados12, que qualquer cidadão, mesmo sem nenhuma
prática ou habilidade, hoje pode andar cinco anos com um par deles sem gastar
a sola. E com outra vantagem, em comparação com os sapatos: a cada passo
15 espalha-se no ar a suave fragrância de uma pizza de quatro queijos. A economia
e o prazer de contribuir para a aromatização da cidade fizeram aumentar aos
poucos o número de adeptos do pedestrianismo. Andavam as coisas nesse
pé (com o perdão pelo trocadilho), quando renomados especialistas
chegaram a uma conclusão impressionante: caminhar - de preferência para a
20 frente - curava urticária, eczema, panarício, erisipela e mais uma dezena de
males. Caminhar depressa curava outros tantos. E caminhar ainda mais depressa
curava todos os outros. A partir disso, o número de andarilhos cresceu tão
vertiginosamente e os automóveis sofreram tão feroz campanha de perseguição
que uma equipe de antropólogos e biólogos ousou reformular a teoria segundo
25 a qual o homem era um animal de quatro rodas.
Depois dessa revolução científica, os parques das grandes cidades passaram a ser
invadidos diariamente por multidões de malhadores de todas as idades, alguns
andando, outros correndo, muitos pedalando atrás da saúde. Em certos dias,
principalmente nos fins de semana, o congestionamento de pedestres esbaforidos13
30 e a confusão armada por eles têm sido tão alucinantes que já
se pensa no óbvio: instalar faróis de transito nas pistas de cooper e providenciar
o emplacamento dos afoitos14 caçadores de bem-estar físico, passo inicial para
evitar que aconteça o pior e acabe faltando oxigênio nos logradouros15
municipais. A etapa seguinte consistiria em restringir o ingresso nos parques,
35 com a aplicação de uma norma muito simples: pedestres de chapa par seriam
15
admitidos só nos dias pares; pedestres de chapa ímpar, só nos dias ímpares.
Enquanto não se adotam essas medidas, milhares de pessoas, embora sonhando
com alamedas e suspirando por pistas arborizadas, exercem nas esburacadas16 e
pouco atraentes ruas de seus bairros essa atividade que já disputa com o sexo o
título de esporte das multidões. E cada dia encontram mais um motivo para
40 garantir que não há nada melhor do que andar. Meu amigo Félix, por exemplo,
além da saúde que ganha com seus passeios, deu de achar todas as manhãs
alguma coisa em seu caminho. Num dia é um isqueiro, no outro um par de
abotoaduras17, no terceiro um maço de notas de mil. Toda vez que ele se vangloria
de seus achados, eu lastimo os meus perdidos. Um dia é uma chave, no outro
45 um lenço, no terceiro um bilhete de dez viagens de metrô.
Humilhado com essas discriminações da sorte e ansioso por me reabilitar, tenho
andado mais do que nunca, e sempre de olho no chão. Além de topadas nos
postes e cabeçadas em transeuntes, eu não tinha conseguido achar nada mais
empolgante18 do que uma pilha usada e um distintivo enferrujado19 do Jabaquara.
50 Mas ontem, finalmente, senti que minha sorte podia estar mudando. Eu tinha
acabado de pegar um dinheirinho no banco e de comprar um quarto de queijo.
Descia a Rua Fagundes Filho, quando vi na calçada uma magnífica, uma reluzente,
uma maravilhosa ficha telefônica.
Os leitores talvez estejam considerando exagerado o meu entusiasmo. Só sei
55 que me abaixei rapidamente e peguei o tesouro.
Peguei mas não levei. Apesar do meu esforço, a ficha não saiu do chão. Estava
enterrada no cimento e creio que nem o diabo a tiraria de lá. Foi o que devem
ter pensado os três velhinhos que, na porta de um bar, haviam
observado a cena. Dois estavam sérios, o terceiro sorria. Deve ter
60 sido este que, ao me ver descendo a ladeira, desafiou os amigos:
- Aposto que aquele panaca20 vai cair no conto da
ficha. Vale uma cerveja. Ao chegar em casa, mais
vencido do que nunca, dei-me por feliz
de não ter perdido o dinheiro no
65 caminho. A única coisa que faltava
era o queijo.
Questionário
1. O autor critica a sociedade por meio da ironia do texto; retire exemplos disso.
○ __________
2. Qual a opinião do autor acerca do hábito de andar a pé? Você concorda com
ele?
○ __________
3. Por que os anos 60 são um marco para a mudança de encarar o ato de
caminhar?
○ __________
4. De acordo com o texto, caminhar virou uma nova mania. Justifique.
○ __________
16
5. Uma das ironias do autor diz respeito às soluções encontradas para os
problemas do transito. Identifique esta passagem. Depois analise a eficiência da
solução encontrada.
○ __________
6. Conte com as suas palavras como o autor caiu no conto da ficha.
○ __________
Equivalências
Complete com uma equivalência das seguintes expressões na ordem em que se
encontram:
Segundo o autor, o esporte das multidões atualmente é caminhar. Antigamente, isso não
__________ a vida das pessoas que consideravam uma atividade __________ ter de andar a
pé. Quando surgiu a moda do Cooper passaram a considerar que a __________ resolvia todos
os problemas de saúde. Os cidadãos começaram a dedicar várias horas da manhã pra essa
atividade __________ (na opinião do autor), e voltavam para suas casas __________ e
cansados. Os mais __________ atravessavam as ruas correndo e __________ grande rebuliço
no tráfego.
Félix, um amigo do narrador, sempre encontrava objetos perdidos em seus passeios. O que
mais o foi quando achou um maço de notas de mil. Em vista disso, o narrador __________ um
par de tênis e __________ andar olhando o chão. Mas, como todo bom __________ ,só achou
até agora uma ficha telefônica enterrada no cimento.
Verbos
Ontem eles fala(ram) - Se eu falasse, você falasse, nós falássemos,
eles falassem.
Siga o modelo:
● Fazer: __________
● Ter: __________
● Ser: __________
● Estar: __________
● Por: __________
17
● Querer: __________
● Saber: __________
● Vir: __________
● Ver: __________
Exercício
Um atleta importante
1. Se você __________ (ter) que eleger o atleta mais importante do seu país,
quem você elegeria?
2. Se você __________ (ir) entrevistá-lo, o que você lhe perguntaria?
3. Imagine três perguntas hipotéticas que você lhe faria
○ Se __________
○ Se __________
○ Se __________
4. Você mudaria a pergunta se __________ (perceber) que tinha sido um pouco
inconveniente?
Verbos
Complete com a forma adequada do verbo entre parênteses: (Recado à
Secretária)
Dona Teresa.
P.S. A senhora tem toda a razão com relação ao lugar de colocar a estante.
Ela realmente ficaria muito melhor se nós a __________ (deixar) contra a
parede em frente à porta. E melhor ainda se __________ (colocar) a estatueta
na última prateleira.
18
Música
Escute e depois complete
Vai passar (Francis Hime / Chico Buarque)
Vai passar
__________ avenida, um samba popular
Cada paralelepípedo
da __________ cidade
__________ noite __________
se arrepiar
__________ lembrar
que aqui __________ sambas __________
Que aqui sangraram __________ __________ __________
Que aqui __________ __________ __________
__________ tempo
__________ infeliz da __________ hitória,
__________ desbotada na __________
__________ __________ novas __________
Dormia
a __________ pátria mãe __________ __________
sem perceber que era subtraída
Em __________ __________
Seus __________, __________ cegos __________ continente,
__________ pedras __________ penitentes
__________ estranhas __________
E um dia, afinal,
__________ direito a uma alegria __________
Uma ofegante epidemia
que se __________ carnaval,
o carnaval, o carnaval
(Vai passar)
palmas pra ala __________ __________ famintos
O bloco dos __________ retintos
e os __________ do boulevard
__________ __________, __________ olhar,
__________ ver de perto uma cidade a cantar
A __________ da liberdade
__________ o dia __________
Ai que vida boa, olerê,
ai que vida boa, olará
O __________ do sanatório __________ vai passar
19
Exercício
Complete as colunas, flexionando os vocábulos no singular ou no plural,
conforme o caso:
Singular Plural
Popular __________
__________ Imortais
__________ Pés
__________ Ancestrais
Infeliz __________
Passagem __________
__________ Gerações
__________ Transações
__________ Catedrais
Fugaz __________
Carnaval __________
__________ Barões
__________ Pigmeus
Evolução __________
Geral __________
Atenção
Justifique a acentuação:
"O congestionamento de pedestres esbaforidos e a confusão armada por eles têm sido tão
alucinantes que já se pensa no óbvio: instalar faróis de transito nas pistas de Cooper e
providenciar o emplacamento dos afoitos caçadores de bem estar físico,... "
● __________
Exercício:
20
Acentue quando for necessário:
No Brasil, a vida dos fumantes sempre foi bastante tranquila, apesar de vários municípios
possuírem leis restritivas ao cigarro - sempre veementemente ignoradas. Nos últimos meses,
porem, o cerco contra os fumantes vem crescendo, principalmente em São Paulo. A maior
cidade do pais e, também, a que mais reprime o fumo. Hoje, na capital paulista, praticamente
só e permitido fumar em casa, na rua, ou dentro do próprio carro. Fiscais multam quem fuma
(ou permite que se fume) em restaurantes, lanchonetes, hospitais, shoppings, lojas e locais
públicos em geral. O mesmo se aplica aos meios de transporte, como ônibus, taxis, trens.
Dentro das empresas particulares, a proibição do fumo e opcional. Algumas já fazem
campanhas internas contra o cigarro e ate chegam a restringir o espaço para os fumantes, com
base no argumento de que a fumaça do cigarro gera desentendimentos entre fumantes e não
fumantes, ou "fumantes passivos".
Questionário
1. Como podemos relacionar o texto da Revista Viaje Bem com "Tudo que você tem de fazer é
andar"?
● __________
2. Essas leis restritivas ao cigarro dão resultado?
● __________
3. Cite argumentos que usualmente geram desentendimentos entre fumantes e não fumantes.
● __________
Aprendendo a conversar
Compreensão oral:
Após escutar a leitura do texto "Paulão" de Luís Fernando Veríssimo responda as
seguintes perguntas:
a. Como era o ritual com que Paulão recebia os seus alunos?
○ __________
b. Que atitudes de Paulão confirmam seu jeito expansivo?
○ __________
c. Para Paulão, o que significava tomar jeito?
○ __________
d. Contra que vícios (ou "excessos") o Paulão investia?
○ __________
e. Qual foi a verdadeira causa mortis do Paulão, na sua opinião?
○ __________
f. Interprete o desabafo do grupo: "Que m..."
○ __________
21
22
Unidade 4
Namorar é bom de qualquer jeito
Raul Drewnick
A noite estava quase tão gostosa quanto o chope e o salaminho. Na mesa do
bar, os seis amigos, todos catedráticos em mulher e futebol, conversavam disso
mesmo, porque não houve, não há e nunca haverá assunto melhor para o
brasileiro do que mulher e futebol. Sharon Stone foi comparada com Letícia
05 Spiller, Romário com Túlio, Angélica com Xuxa, Viola com Edmundo e, depois de
muito bate-boca, se chegou àquela conclusão de sempre: nenhuma.
Duas horas mais tarde, já sob o efeito das rodadas de chopinho que de dez em
dez minutos o garçom renovava, eles mudaram um pouco o debate. Começaram
a comparar Sharon Stone com Romário, Letícia Spiller com Túlio, Angélica com
10 Viola e Xuxa com Edmundo. Discutiram, exaltaram-se, quase se desentenderam
e no fim chegaram ao mesmo resultado do debate anterior: nenhum. Não houve
vencedores. E vencidos, se houve, foram os chopinhos e os salaminhos, dizimados
assim que se atreviam a aparecer.
Estavam felizes. E felizes ficaram até que um deles, o mais fofoqueiro24 dos seis,
15 começou a contar a história de uma garota, vizinha dele, famosa pelas curvas do
corpo e pela generosidade do coração.
- Vocês precisam conhecer a Adriana. É um estouro25, um petardo, uma bomba
atômica! Se ela sai de casa e vai até a esquina, a rua toda treme. Se ela vai um
pouco mais longe, explode todo o quarteirão.
20 - Nossa, ela é tudo isso, mesmo? Então a gente precisa conhecer.
- Ela não é tudo isso. É tudo isso e mais um pouco. Tudo isso e mais bastante. E
ela topa26 qualquer parada. Já namorou com o bairro inteiro.
Nesse ponto, o mais empertigado dos seis amigos arregalou os olhos e
perguntou com expressão de espanto:
25 - O que foi o que você disse?
- Eu disse que a menina é um avião e namora com todo o mundo. O que é que
você está estranhando?
- Eu estou estranhando que você, um sujeito com instrução, diga uma asneira
como essa.
30 - Que asneira?
- Que a menina namora com todo mundo.
- Mas é verdade. A Adriana é uma devoradora de homens. Dos 8 aos 80 não
escapa um.
- Não estou censurando o comportamento dela. Estou é indignado com o seu
35 desconhecimento gramatical.
- Com o meu desconhecimento gramatical? Você pode me explicar isso?
- Você disse que ela namora com
23
- Disse. E daí?
- Daí que isso é uma barbaridade. O verbo namorar é transitivo direto. Quem
40 namora, namora alguém, não namora com alguém.
Enquanto o acusado do crime contra a gramática assumia um triste ar de réu
para merecer a clemência dos amigos, um deles, quase tão empertigado27 quanto
o gramático de plantão, protestou:
- Espere aí, Aristarco. Você está massacrando o Cordeiro à toa28. O dicionário do
45 Aurélio diz que namorar com é perfeitamente válido.
- Ah, Praxedes, eu não esperava que você me viesse com essa. Você sabe muito
bem que o Aurélio não é uma boa fonte. O Aurélio admite tudo: nóis vai, nóis
fumo...
- Você está querendo dizer, Aristarco, que você tem mais autoridade do que o
50 Aurélio?
- Não. O que eu estou querendo dizer é que em nenhum outro dicionário você
vai achar esse absurdo de namorar com
No início do debate, o Cordeiro, que sem querer tinha provocado a confusão,
ainda tentou acompanhar os argumentos dos dois gramáticos, cada vez mais
55 nervosos. Depois ele acabou dormindo, como os outros. Acordou dali a dez
minutos, com a voz trovejante29 de seu defensor, o Praxedes:
- Olha, Aristarco, quando eu digo que estou namorando uma mulher, estou
dizendo que desejo essa mulher. Isso não significa que ela também me namore.
Quando eu digo que estou namorando com ela, estou dizendo que nós dois nos
60 entendemos e estamos numa boa. Namorar com quer dizer compromisso,
entendeu?
Antes que o Aristarco já rubro30 de cólera, apresentasse sua contra-argumentação,
o Cordeiro resolveu mostrar-se grato ao seu advogado:
- É isso aí, Praxedes, você está certo. Deixe de ser chato31, Aristarco. Você quer
65 saber de uma coisa? Namorar é tão bom, mas tão bom, que até namorar contra
é gostoso. Até namorar contra!
Questionário
1. a) Descreva a situação inicial do texto.
○ __________
2. b) O que acontece u duas horas mais tarde depois de vários chopinhos?
○ __________
3. c) Que história o mais fofoqueiro deles começou a contar? Como ele descreve a
Adriana?
○ __________
4. d) O que foi que causo u o espanto de um de seus amigos?
○ __________
5. e) Como foi que o Praxedes diferenciou "namorar alguém" de "namorar com
alguém"?
○ __________
6. f) Você concorda com a última frase do Cordeiro? Por quê?
○ __________
24
Equivalências
Diga de outro modo:
a. “... depois de muito bate-boca..." (L.5-6).
○ __________
b. "... É um estouro...” (L.17).
○ __________
c. "... topa qualquer parada...” (L. 22).
○ __________
d. "... arregalou os olhos...” (L. 23).
○ __________
e. "Eu estou estranhando que você (...) diga uma asneira como essa." (L.28-29).
○ __________
f. "E daí" (L.38).
○ __________
g. “... um triste ar de réu...” (L.41).
○ __________
h. “... à toa..." (L.44).
○ __________
i. “... estamos numa boa.” (L.60).
○ __________
Vocabulário
Observe algumas expressões que se formam a partir da palavra
"jeito".
1. Ai, que dor!
○ Dei um jeito no pé
■ Dar um jeito em (torcer).
25
4. Pai, posso sair hoje à noite para dançar?
○ De jeito nenhum, você não tem idade para isso!
■ De jeito nenhum (de maneira alguma).
Aprendendo a conversar
Crie diálogos com seus colegas, usando expressões com jeito
● __________
Revisão gramatical
Complete criativamente flexionando os verbos indicados:
a. Como a noite estava muito gostosa, todos pediram que o garçom __________
(trazer).
b. Eles discutiram durante várias horas, no entanto não __________ (poder).
c. Ninguém acreditaria na história do Cordeiro enquanto não __________ (ver).
d. É possível que todos os homens __________ (conhecer e saber).
e. O Cordeiro nãose zangaria, se o Aristarco não __________ (vir).
Gramática
Pronomes pessoais oblíquos
Observe o emprego dos pronomes pessoais.
26
a. “Discutiram, exaltaram-se...” (L.10).
b. “Você pode me explicar isso?” (L.36).
c. “... dizimados assim que se atreviam a aparecer.” (L.12-13).
d. “... nós dois nos entendemos...” (L.59-60).
Exercício
Complete os espaços com pronomes pessoais oblíquos, fazendo as
alterações necessárias:
1. O garçom servia as rodadas de chopinho e __________ renovava de dez
minutos.
2. O mais fofoqueiro escutou a história de uma garota e foi repetir __________
para os amigos.
3. Vocês precisam conhecer a Adriana a ver __________ dentro de um biquíni.
4. O mais empertigado dos seis amigos arregalou os olhos e perguntou
__________ do que eles estavam falando.
5. O Cordeiro __________ disse que a menina era um avião.
6. Estou falando da Adriana, mas não __________ estou censurando o
comportamento.
7. Aristarco, você está discutindo com o Cordeiro e massacrando __________ à
toa.
8. Você não entende o que eu estou querendo __________ dizer.
9. No início do debate, o Cordeiro ainda tentou acompanhar os argumentos para
depois discutir __________.
10. Quando digo que estou namorando uma mulher estou dizendo que __________
desejo.
11. Desculpou-se com o amigo, dizendo que __________ queria bem.
12. A gente vai para casa agora. Você quer vir __________?
Música
Falando de Amor
Tom Jobim
Se eu __________ por um dia
Esse amor, essa alegria
Eu te __________, te __________
Se eu __________ esse amor __________ __________
__________ perto, __________ sem medo
__________ __________, meu coração
__________ ouvir esse segredo
__________ num choro-canção
Se __________ como eu __________
Do teu __________, teu __________ de flor
27
Não __________ um __________
A quem __________ __________ de amor
__________, flauta, __________, pinho
__________ eu, o teu cantor
__________ manso, bem __________
Nesse __________ falando de amor.
Quando __________, __________ bonita
Nessa rua __________ de __________
__________ alma __________ aflita
E eu me __________ até do futebol
__________ __________, __________ sem medo
Exercício
Substitua a expressão sublinhada pelo pronome adequado:
a. O poeta daria o seu coração ao seu amor.
○ __________
b. Ele pediu ao seu amor que ouvisse um segredo.
○ __________
c. O compositor jurou à sua amada que estava apaixonado.
○ __________
d. "Não negavas um beijinho".
○ __________
e. Quando ela passa, o poeta segue a sua musa.
○ __________
f. Será que ela também dará o seu coração ao poeta?
○ __________
Aprendendo a conversar
Dia dos Namorados
E quem não tem como é que fica?
É HOJE: Quando não há quem presentear, o jeito é ir a um dos points de azararão32
Enquanto uns chegam a suspirar de alegria só em lembrar que hoje é Dia dos Namorados,
outros não têm motivo algum para comemorar. Para quem está sozinho (a), hoje é o dia em
que a carência atinge seu nível mais elevado. Como se não bastasse a data especial e o monte
de casais andando de mãos dadas na rua, ainda é sexta-feira, pós-feriado e em pleno outono.
- Mas eu não vou ficar sozinha, de jeito nenhum - garante a estudante Cíntia Machado.
- Meu último namoro durou dez meses, só que ele começou depois do Dia dos Namorados do
ano passado e terminou antes de chegar o deste ano. É muito azar, parece praga33, mas eu
não vou ficar sem presente no Dia dos Namorados.
- Que nada, o Dia dos Namorados é muito melhor para quem está sozinho - afirma o auditor
Daniel Florence. - É nesse dia que a mulherada está a mil, ficam desesperadas para arrumar
namorado.
28
A total ausência de romantismo até assusta um pouco as meninas que querem arrumar um
romance, não uma roubada. Mas as mulheres sabem como reavivar a esperança.
- Veja o caso da minha amiga aqui, a Miriam (da Silva) - conta a estudante Ana Claudia Alves. -
Ela chegou a namorar por quatro meses um cara que ela conheceu numa boate, lugar onde
está todo mundo atirando34 para todos os lados.
Ana Claudia jura não estar desesperada atrás de companhia, mas admite que se recusa35 a
passar sexta-feira em casa. Ahã...
29
30
Unidade 5
O robô
Luís Fernando Veríssimo
Um dia ele chegou em casa com um robô. O robô era baixinho, redondo e
andava sobre rodinhas. A mulher achou engraçado, mas sentiu uma ponta de
apreensão. Para que um robô em casa?
- Olhe só - disse o marido. E, dirigindo-se ao robô, disse: - Seis! - O robô foi
05 até o quarto do casal e de lá trouxe os chinelos do homem e sua suéter de ficar
em casa. Voltou para o quarto levando o paletó, a gravata e os sapatos.
- Mas isso é fantástico - disse a mulher, sem muita animação.
- Ele está programado para só obedecer à minha voz - explicou o homem.
Estava tão entusiasmado com o seu robô que a mulher decidiu não lembrar a
10 ele que naquele dia faziam dez anos de casados. Ele continuou:
- É um código. De acordo com o número que eu digo, ele sabe exatamente o
que fazer.
-Sim.
- Os números vão de um a cem e obedecem a uma sequencia que corresponde,
15 mais ou menos, a importância relativa das tarefas. Entendeu?
- Entendi.
Se ela não tivesse dito nada, seria a mesma coisa, porque o homem não a
escutava. Olhava para o robô como um dia, dez anos antes, olhara para ela. Pelo
menos ela ficou sabendo que, os chinelos que lhe trazia todos os dias quando
20 ele entrava em casa, correspondiam a seis.
Depois de jantar, quando ela começou a limpar a mesa, ele a deteve com um
gesto. Disse para o robô:
- Sessenta e um!
O robô rapidamente tirou os pratos da mesa, botou tudo dentro da máquina de
25 lavar pratos, ligou a máquina e voltou para aguardar novas instruções.
Mais tarde, quando o marido disse "Que tal um joguinho de cartas?", ela
levantou-se, alegremente, para pegar o baralho. Logo descobriu que o marido
falava com o robô.
- Dezoito!
30 O robô correu na frente dela, pegou o baralho, pegou o bloco de papel e um
lápis, arrumou a mesa para o jogo e ficou esperando. Ele sentou-se para jogar
cartas com o robô. Ela perguntou:
- Posso jogar também?
- Esse jogo é só para dois, disse o marido. Você pode ir se deitar. Se quiser:
35 - Você não vai querer mais nada?
- O que eu precisar o robô pega.
Do quarto, ela ficou ouvindo o marido dizer, a intervalos: "vinte e seis" ou
31
“trinta e um", e o ruído do robô, na cozinha, pegando cerveja, salgadinhos, etc.
Tomou uma decisão.
40 Levantou-se e foi até a sala. De camisola.
- Querido...
- Você não estava dormindo?
-Não.
- Nós fizemos muito barulho?
45 - Não.
- Então o que é?
- Tem uma coisa que eu faço que esse robô não faz.
- O que?
- Uma coisa de que você gosta muito.
50 - Você quer dizer...
- Arrã - sorriu ela.
- É o que você pensa, disse ele. E, para o robô:
-Um!
Aí o robô correu até a cozinha e começou a reunir os ingredientes para fazer
55 uma musse de chocolate.
Grupos feministas a apoiaram durante o julgamento, com toda razão.
Questionário
1. Na sua opinião, por que o homem comprou o robô?
○ __________
2. Baseando-se no texto, descreva a vida do casal antes da chegada do robô.
○ __________
3. Faça um paralelo entre as aptid6es do robô e as da mulher.
○ __________
4. Em que parte do texto o robô demonstra ser o companheiro ideal?
○ __________
5. Que decisão tomou a esposa no quarto, após ouvir os ruídos dos dois na sala?
○ __________
6. Invente um final para a história.
○ __________
Aprendendo a conversar
Depois da divisão da classe em grupos dramatizem o julgamento do
final da crônica.
● Possíveis personagens:
○ O homem
■ __________
○ A mulher
■ __________
○ O juiz
32
■ __________
○ O advogado de defesa
■ __________
○ O promotor
■ __________
○ As testemunhas
■ __________
Exercício:
Forme enunciados gradativamente mais longos, por meio de
expansões das seguintes oracões base:
● Sugestões de conectores:
○ além disso
○ portanto
○ por isso
○ pois
○ embora
○ para que
○ porque
○ já que
○ logo
○ entretanto
Verbos
Complete flexionando devidamente os verbos entre parênteses:
a. Para que o robô __________ (funcionar), era necessário dizer um número de
um a cem.
b. A mulher não __________ (querer) falar sobre o aniversário de casamento,
quando __________ (ver) que o marido não a escutava.
c. Se o robô não __________ (obedecer) à voz do marido e não lhe __________
(trazer) todas as coisas que pedia, ele o __________ (devolver) à fábrica.
d. A mulher achou engraçado que o marido __________ (estar) tão entusiasmado
com um simples robô.
33
e. Embora o robô __________ (ter) muitas vantagens, talvez não __________ (ser)
uma boa ideia comprar um.
f. Quando a mulher se __________ (oferecer) para jogar cartas, o marido disse
que o jogo era só para dois e que ela __________ (poder) se deitar; se __________
(querer).
g. Vários grupos feministas __________ (declarar) que a esposa __________
(estar) certa e que não a apoiariam se __________ (saber) que tudo era uma farsa.
Revisão Gramatical
1. Acentue quando for necessário:
○ Ao fazer o primeiro voo orbital ao redor da Terra no inicio dos
anos 60, o astronauta soviético inscreveu na historia uma frase simples e
definitiva: "A Terra e azul". Ficaram surpresos todos os que estavam
acostumados a entender o planeta pelo verde florestal, o cinza urbano, os vários
tons do marrom ao vermelho que se enxergam no chão não calçado. A foto que
confirmou que o azul celeste não se desprendia do globo em uma fina camada
também dava a ideia de uma superfície homogênea, mares e terra firme mal
distinguidos sob a dança das nuvens. La de cima, tudo e tranquilidade. Diante
dessa vastidão do universo, a paisagem vista por Gagarin não mudou nos
últimos 2 ou 3 milhões de anos - foi quando o homem inteligente passou a
circular por aqui.
Revista Isto é
34
○ __________
○ __________
○ __________
○ __________
○ __________
Aprendendo a conversar
Para debater
Segundo um estudo recente, 55 % dos americanos apresentam, algum sinal de tecnofobia
caracterizado pela repulsa absoluta ou por uma relutância em conviver com a tecnologia ( ... )
Na galeria de equipamentos odiados pelos tecnófobos, porém, o computador ocupa a posição
de destaque. "Eles destroem nossa experiência com a natureza. E, claro, eliminam nossos
empregos", acusa o americano Kirkpatrick Sale, de 58 anos, colaborador da revista do The
New York Times. Para ele, "as tecnologias nunca são neutras e algumas chegam a ser
danosas".
Revista Veja, 6 de setembro de 1995
35
36
Unidade 6
Recado ao senhor 903
Rubem Braga
Vizinho –
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do
zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho
em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser
05 meia-noite - e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado
com tudo isso, e Lhe dou inteira razão, O regulamento do prédio é explícito
e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem
trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar
no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao
10 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como nãosei o seu nome nem o
senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números
empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a
Oeste pelo 100 I , ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto
pelo I 103 e embaixo pelo 903 - que é o senhor. Todos esses números são com-
15 portados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e
funcionamos fora dos horários civis: nós dois apenas nos agitamos e bramimos
ao sabor da maré, dos ventos, e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das
22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo.
Quem vier a minha casa (perdão, ao meu número) será convidado a se retirar as
20 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 as 7:00 pois as 8.15 deve
deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua,onde ele
trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que
ela só pode ser tolerável quando um número nãoincomoda outro número, mas
o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peco-Lhe desculpas – e
25 prometo silencio.
... Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que
um homem batesse a porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da
manha e ouvi música em tua casa. Aqui estou". E o outro respondesse: "Entra,
vizinho, e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e
30 cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela".
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas
do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o
murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos,
e o amor e a paz.
37
Questionário
1. Quem escreveu a carta que foi entregue ao zelador? Qual o seu principal
conteúdo?
○ __________
2. Que comentários gerais podem ser feitos a respeito da carta do 1003?
○ __________
3. Você acha que realmente estamos nos reduzindo a números?
○ __________
4. O que leva as pessoas a se tornarem tão individualistas?
○ __________
5. E a situação que o autor idealiza no final do texto é viável nos dias de hoje?
Comente.
○ __________
6. Escreva a carta que o senhor do 903 teria mandado ao homem do 1003.
○ __________
Equivalência
Relacione a coluna da esquerda com a da direita, de acordo com o
significado das palavras no texto:
1. Consternado (L.2) (__________) daqui pra frente
2. Reclamava. (L.3) (__________) suportável
3. Veemente (L.5) (__________) ir embora
4. Desolado (L.5) (__________) amontoados
5. Empilhados (L 12) (__________) aflito
6. Adotar (L.17) (__________) se queixava
7. De hoje em diante (L.18) (__________) angustiado
8. Retirar-se (1.19) (__________) pegar
9. Tomar (L.21) (__________) enérgico
10. Tolerável (L.23) (__________) assumir
Vocabulário
Substitua a expressão oracional por um adjetivo, ou locução, de
significação equivalente:
Exemplo
a. Ele tinha uma razão que se desculpa para fazer barulho àquela hora.
○ __________
38
b. Tratava-se de um vizinho que não tinha educação.
○ __________
c. O vizinho do 1003 teve um procedimento que merece louvor.
○ __________
d. O homem do 903 tinha uma voz que não agradava e um olhar parado, que não
tinha brilho.
○ __________
e. A autoridade do síndico é coisa que não se discute.
○ __________
f. Eis a proposta do homem do 1003! É uma proposta em que não se pode crer.
○ __________
g. Contaram-me, sobre sua vizinhança, histórias que impressionam.
○ __________
h. Havia uma reunião de condomínio de dois em dois meses.
○ __________
i. A moradora do 1103 tinha uma educação que causava inveja e era uma pessoa
que encantava.
○ __________
Verbos
Complete flexionando os verbos entre parênteses no tempo
adequado:
1. Por mais que os vizinhos __________ (reclamar), ele sempre ouvia música até
tarde.
2. O vizinho do 903 sempre __________ (pedir) silencio, ainda que o outro não lhe
__________ (obedecer).
3. Se as pessoas __________ (tentar), __________ (poder) conviver melhor com
seus vizinhos.
4. Embora todos se __________ (conhecer), não eram amigos.
5. O autor __________ (gostar) que as pessoas __________ (ser) menos egoístas.
6. Se o vizinho __________ (querer), __________ (ter) melhor relacionamento com
o morador do 1003.
7. Ele insistia em reclamar; embora __________ (ver) que sua atitude não
__________ (dar) resultado.
8. Era importante que todos __________ (vir) às reuniões de condomínio e
__________ (interessar-se) em resolver os problemas.
Aprendendo a conversar
Você é um número
Se você não tomar cuidado vira número até para si mesmo. Porque a partir do instante em que
você nasce classificam-no com um número. Sua identidade no Félix Pacheco é um número. O
registro civil é um número. Seu título de eleitor é um número. Profissionalmente falando você
também é. Para ser motorista, tem carteira com um número, e chapa de carro. No Imposto de
39
Renda, o contribuinte é identificado com um número. Seu prédio, seu telefone, seu número de
apartamento - tudo é número.
Se é dos que abrem crediário, para eles você é um número. Se tem propriedade, também. Se é
sócio de um clube tem um número. Se é Imortal da Academia Brasileira de Letras tem o
número de cadeira.
É por isso que vou tomar aulas particulares de Matemática. Preciso saber das coisas. Ou aulas
de Física. Não estou brincando: vou mesmo tomar aulas de Matemática, preciso saber alguma
coisa sobre Cálculo Integral.
LISPECTOR, Clarice. "A descoberta do mundo" (trecho). Rio de Janeiro,
Nova Fronteira, 1984. p. 572-573
Exercício
Defina-se, você também, através dos números:
40
Unidade 7
Livre
Luís Fernando Veríssimo
Decidi renunciar a civilização e seus descontentamentos. Deixo minhas posses
para a financeira, minha conta bancária para o imposto de renda, meu seguro de
vida e meu exemplo para a família e minhas dívidas para a posteridade. Rasgarei,
em ato público, minha carteira profissional, meu passaporte, meu atestado de
05 vacinação, licença de motorista, meu título de eleitor, meu certificado de
reservista e meu cartão do Touring. Peco que minha carteira do INPS e meu
cartão do ClC sejam queimados e as cinzas espalhadas ao venta. Que meu
nome seja sumariamente riscado de todos os cadastros. Depois de dois milhões
de anos, volto para o jângal, de onde nunca devia ter saído.
10 Empenhe-se meu relógio e leiloe-se minha coleção da "Playboy". Há um resto de
Ballantine na cozinha, que deve ser dividido entre os amigos depois que me for.
Meus vinhos para o povo. Do guarda-roupa levo apenas o suficiente para chegar,
com um mínimo de recato, até Manaus. Depois a nudez e a selva. Queimem-se
minhas três gravatas.
15 Meus livros? Queimem-se todos. Não. Vou precisar de alguma coisa para ler no
avião. Deixo um policial qualquer, nãoquero nem saber o título. Não, essa não.
Levo todos os meus livros, isso. Vou desaprender a ler assim que me instalar na
minha clareira na Amazônia. Começarei com a "Crítica da Razão Pura" e irei
desaprendendo, desaprendendo até a cartilha. Só serei livre quando Eva, a uva e
20 vovó nãosignificarem nada além de riscos pretos numa página branca, e aí
queimarei a página. Com que? É bom levar fósforos. Não sei se vou conseguir
fazer fogo por fricção. Aliás, tem um livro aí que ensina a sobreviver na selva.
Esse é melhor guardar.
Vão pedir meus documentos para embarcar no avião, E se eu dissesse,
25 simplesmente, "sou um humano, sem nome e sem número, meu único documento
é esta cara honesta?" Me prendiam, claro. Levo a carteira de identidade. A última
concessão. Depois, a liberdade.
Já sei! Vou de carro. Sem parar. Desbravarei matas e pradarias com meu temível
Passat. O meu adeus à engenharia alemã. Irei largando peças e acessórios pelo
30 caminho. Me despindo, simbolicamente, de camadas de civilização. Chegarei à
selva montado num esqueleto de máquina, que enferrujará lentamente na
umidade, enquanto eu reaprendo a andar sobre dois pés nus. O homem que
sobreviveu ao dinossauro, certamente sobreviverá ao Volkswagen.
Agora me dei conta de que vai ter espinhos no chão e coisa pior. Melhor levar
35 um estoque de sandálias para os primeiros anos. E, quem sabe, um bom
impermeável. Outra coisa: vou precisar de dinheiro para comida, gasolina e
pneus no caminho. E minha licença de motorista. E, por via das dúvidas, carteira
41
do Touring.
Então vamos ver. Livros, fósforos, licença, Touring, sandálias, dinheiro ... e só. Nada
40 mais. Queime-se o resto. Vivi milhares de anos sem máquinas e roupas feitas,
posso fazer o mesmo outra vez. Me bastam os dentes, o dedão opositor e a
imaginação. Vou precisar do relógio, claro. E de uma bússola para me orientar na
selva até aprender a ler a direção nas estrelas e cheirar o vento. Depois, de
cultura só me bastará o olfato.
45 Uma machadinha, um facão, uma lanterna e um estoque de pilhas até que eu
aprenda a enxergar no escuro. Pregos e martelos para construir um abrigo. Um
canivete suíço. E nada mais. Livre. Só comerei o que caçar e pescar com as
próprias mãos. Beberei a água pura das vertentes.
Cozinharei a carne e o peixe em espetos de pau-brasil. Vou precisar de sal. Umas
50 latinhas de ervilha, um patezinho e, muito importante: um abridor de latas. Puxa,
e cerveja. E nada mais.
Um homem sozinho com sua fibra e seu poder criador. Só voltarei à civilização
se precisar ir ao dentista. Outra coisa: rede de mosquito. E band-aid, Contarei os
dias pela passagem do sol e os meses pelas fases da Lua.
55 Aparelho de barbear, lâminas, loção. Me banharei na chuva. Sabonete, tesourinha
para unhas. Aspirina. E pomada contra assadura. Meu Deus, será que tem muita
cobra?
Livre. Com uma televisãozinha portátil para nãoperder o futebol.
Questionário
1. Que decisão o autor tomou?
○ __________
2. Como e para quem ele vai deixar as suas coisas?
○ __________
3. Em que momento do texto ele começa a se arrepender?
○ __________
4. Indique as frases que marcam o princípio desse arrependimento.
○ __________
5. Que desculpas ele dá para nãose desprender de determinadas coisas?
○ __________
6. Com que intenção o autor usa as express6es "a liberdade" (L.27) e "livre"
(L.58)?
○ __________
7. Você acha que nós somos escravos da civilização?
○ __________
8. O que você considera imprescindível para viver bem?
○ __________
Vocabulário
a. Na linha 22, encontramos a expressão "aliás". De uma equivalência para "aliás"
nesse contexto.
42
○ __________
■ Crie uma frase empregando "aliás" com o mesmo
sentido.
● i. __________
b. b) Aqui estão outras expressões que aparecem no texto: um resto (L. 10 ); isso
(L.17); aí (L. 20 ); é bom (L. 21 ); simplesmente (L. 25); claro (L. 26); quem sabe (L.35);
por via das dúvidas (L. 37); é só (L. 39); nada mais (L. 40).
Com a ajuda de um colega, crie um diálogo entre dois amigos que decidiram passar as
próximas férias juntos, usando o vocabulário acima.
○ __________
Exercício
"E se eu dissesse... me prendiam, claro."(L.24-26)
= E se eu dissesse... me prenderiam, claro.
Complete livremente:
1. Para que pudesse mudar de vida, __________.
2. Embora só tivesse um resto de uísque, __________.
3. Se ele se perdesse num lugar desconhecido, __________.
4. Quando abandonasse a civilização, __________.
5. Não levaria os documentos, ainda que __________.
6. Não pararia em lugar nenhum, a não ser que __________.
7. Assim que chegasse ao seu paraíso, __________.
8. Viveria em completo isolamento, enquanto __________.
43
○ (quando) __________
○ (embora) __________
5. Viajar sozinho/a
○ (entretanto) __________
○ (caso) __________
○ (enquanto) __________
Revisão gramatical
Substitua as expressões sublinhadas pelo pronome oblíquo
adequado, fazendo as modificações necessárias:
a. Deixo as minhas posses para a financeira.
○ __________
b. Deixo o resto de Ballantine para os amigos.
○ __________
c. Vou precisar ler estes livros no avião, Levo todos os meus livros.
○ __________
d. Vão pedir meus documentos para embarcar no avião,
○ __________
e. É bom levar fósforos.
○ __________
f. Irei largando peças pelo caminho.
○ __________
g. Se eu dissesse aos meus amigos que vou deixar para eles todos os meus
bens, eles não acreditariam.
○ __________
Atenciosamente,
Silva e Santos
44
45
Unidade 8
Pequenas felicidades
Danuza leão
As pessoas vivem reclamando, e nem prestam atenção aos pequenos e
maravilhosos prazeres que a vida oferece. É preciso estar atento para
identificar cada um deles no momento exato em que acontecem. Isso se chama:
a vocação para a felicidade. Você tem essa vocação?
05 A geladeira está com defeito. Você telefona para a oficina e uma pessoa gentilíssima
diz que o técnico está saindo para atender a um cliente pertinho de sua casa. Ele
chega, não pede nem a nota fiscal nem a garantia, e diz que é uma bobagem,
apenas um mau contato: em minutos, tudo resolvido. "Quanto é?" "Nada, não,
senhora." Isso é felicidade.
10 Quando o frentista do posto diz que o carro não precisa de óleo nem de água,
e que a bateria está joia, você não casaria com ele na hora? E quando, as seis da
tarde, destruída, para um táxi bem na sua frente, não é muito melhor do que
uma barra de ouro de 200 gramas?
Tanto te enlouqueceram que você parou de fumar, mas naquela hora venderia a
15 alma por um cigarro. A campainha toca, é o porteiro novo. Meio sem graça, você
pergunta se ele fuma. Simpático, ele tira o maço do bolso e - sábio - insiste
para que você fique com mais dois. Muito, mas muito melhor do que uma
informação privilegiada da Bolsa de Valores.
Outro momento de grande felicidade - raro, aliás - é chegar ao sítio e saber
20 que nenhum ladrão apareceu, os cachorros estão cheios de saúde e o boiler
funcionando na perfeição, O caseiro está resfriado, e aquela conversa comprida,
só amanha. Essa é uma grande prova da existência de Deus.
Você vê de longe, vindo pela calçada, aquele homem que já te fez perder o ruma
de casa, e que nãove há tanto tempo. Está horrenda, sem óculos escuros, e não
25 vai dar para evitar o encontro, droga de vida. Ele entra num prédio; isto é ou
não felicidade?
E quando a faxineira telefona e diz que não pode vir? e o dentista desmarcando?
e sua sogra dizendo que vai viajar e só volta daqui a três meses? e o tintureiro
que conseguiu tirar a mancha daquele vestido maravilhoso? e conseguir pegar o
30 carro sem o flanelinha te ver, pode ser melhor? Momentos como esses são
preciosos, mas há quem prefira um jantar com Jack Nicholson. Pode até ser, mas
só se tiver testemunha ( e uma boa foto no jornal, claro).
E tem os que você nem percebe mais. Depois da bagunça do fim de semana,
chegar do trabalho e encontrar a casa arrumada, roupa de cama trocada, camisetas
35 passadas no armário, cheirinho de comida na cozinha, parece até um milagre.
Para não falar do exame de saúde que não deu nada, de seu filho lindo, do
trabalho que você as vezes amaldiçoa, mas que no fundo adora. Sem falar do
46
prazer de estar viva, há quanto tempo não pensa nisso?
Se você acha que esses momentos apenas acontecem, preste atenção: a
40 felicidade também pode ser provocada. A qualquer hora, mesmo sozinha dentro
de casa, olhe em quanta coisa boa você pode pensar. Exemplo: "que maravilha
ter desistido da ginástica", " que delícia, como fulana está viajando, não vai
telefonar para me alugar", "que bom que voltei a fumar", "que alívio ele ter ido
embora e eu não ter que aturar os filhos dele nem os amigos que eu odeio",
45 "sou dona de minha vida, que privilégio".
Reserve o próximo fim de semana só para você. Escreva na agenda, em vermelho,
bem grande: 'dia de ser feliz'. Proteja-se, e não convide ninguém para esse
programa, vai ser você com você mesma. Nesse dia, faça tudo o que nunca se
permite, coma quilos de chocolate, abra um champanhe, não atenda o telefone,
50 tente sentir, do fundo da alma: ninguém pode me fazer tão feliz quanto eu
mesma. Se conseguir, vai ver que dá até para ser feliz com os outros. Com o
outro.
Questionário
1. Na opinião da autora, quais são as pequenas felicidades que a vida oferece?
○ __________
2. E quais seriam aquelas que a gente nem percebe mais?
○ __________
3. Segundo a autora, de que maneira a felicidade pode ser provocada?
○ __________
4. Que conselho ela dá aos leitores no final do texto?
○ __________
5. "As pessoas vivem reclamando, e nem prestam atenção aos pequenos e
maravilhosos prazeres que a vida oferece". Você se considera uma dessas pessoas ou
acha que é uma das que tem vocação para a felicidade?
○ __________
6. Que outros momentos você consideraria "pequenas felicidades"?
○ __________
Equivalências
De uma equivalência para as expressões sublinhadas:
a. As pessoas vivem reclamando... (linha 1) __________
b. ... a bateria está joia ... (linha 11) __________
c. ... você não casaria com ele na hora?(linha 11) __________
d. Meio sem graça... (linha 15 -16) __________
e. ... aliás... (linha 19) __________
f. ... já te fez perder o rumo de casa... (linha 23 - 24) __________
g. ... não vai dar para evitar o encontro... (linha 25) __________
h. ... droga de vida. (linha 25) __________
i. Depois da bagunça do fim de semana... (linha 33) __________
j. ... mas que no fundo adora... (linha 37) __________
47
k. Se você acha que esses momentos apenas acontecem... (linha 39) __________
l. ... não vai telefonar para me alugar... (linha 42 - 43) __________
m. ... e eu não ter que aturar os filhos dele... (linha 44) __________
Verbos
De acordo com o texto lido nesta unidade, complete com os verbos
no tempo adequado:
a. Na opinião da autora, é necessário que nós __________ (estar) atentos para
que __________ (poder) identificar cada momento de felicidade que venha a surgir.
b. A autora disse que se o técnico da geladeira __________ (vir), não __________
(pedir) a nota fiscal e __________ (dizer) que o problema era uma bobagem, isso
__________ (ser) a felicidade.
c. Há pessoas que __________ (preferir) um jantar com Jack Nicholson. Mas ela
só __________ (fazer) isso se __________ (ter) testemunhas.
d. Caso o leitor __________ (achar) que esses momentos apenas acontecem, a
__________ autora __________ (dar) uma sugestão: é possível que a felicidade
__________ (poder) ser provocada.
e. Finalmente a autora nos sugeriu que (reservar) o fim de semana só para nós,
que __________ (escrever) na agenda: "dia de ser feliz", que não __________
(convidar) ninguém para esse programa, que __________ (fazer) tudo aquilo que não
nos permitimos e que não __________ (atender) o telefone.
Aprendendo a conversar
Desenvolva com a ajuda de um colega um dos diálogos mencionados
no texto, usando os seguintes conectivos:
Revisão gramatical
48
1. Substitua as expressões sublinhadas pelo pronome adequado:
a. Você telefona para o técnico da geladeira, ele diz que já está indo
para a sua casa.
■ __________
b. Simpático, ele tira o maço do bolso.
■ __________
c. Não vai dar para evitar o encontro.
■ __________
d. E o tintureiro que conseguiu tirar a mancha daquele vestido?
■ __________
e. E conseguir pegar o carro sem o flanelinha te ver; pode ser
melhor?
■ __________
f. Depois da bagunça do fim de semana, encontrar a casa arrumada
parece até milagre.
■ __________
g. Que alívio não ter que aturar os filhos dele!
■ __________
h. Reserve o próximo fim de semana só para você
■ __________
i. Não convide os seus amigos para esse programa.
■ __________
2. Complete com o conectivo mais adequado:
49
50
Apêndice
Texto para compreensão oral (p. 17)
Paulão
Luís Fernando Veríssimo
Todos tinham entre 40 e 50 anos, aquela faixa de idade em que o homem subitamente
descobre a própria mortalidade.
Para entrar na academia do Paulão, todos tinham passado pelo mesmo ritual. O Paulão dava
um soco no ombro do novato e gritava, com seu jeito expansivo de ex-remador do Flamengo:
- Te conheço!
O novato massageava o ombro, meio sem graça, e dizia:
- não estou me lembrando ...
- Nunca nos vimos antes, mas sei tudo sobre você e sua barriga. Você passa o dia inteiro
sentado. Só anda de carro. Em casa, fica atirado na frente da televisão, comendo porcaria.
Bebe demais. Fuma. Agora que passou dos 40, decidiu tomar jeito. Por isso veio ao Paulão,
Estou certo ou estou errado?
- Está certo.
Paulão dava uma gargalhada e outro soco no ombro do novo inscrito, que naquela noite não
conseguiria mover os braços, Mas dormiria feliz, porque o sofrimento já começara, E se estava
doendo era porque estava fazendo bem.
Paulão não dava folga às suas turmas de ginástica.
- Vamos lá, seus moles! Estão pensando que isto aqui é o quê?
Aula de expressão corporal? Mexam esses traseiros de baiana!
O próprio Paulão, com mais de 50 anos, não tinha gordura e conservava seu corpo de atleta.
Com a camiseta esticada sobre tórax estufado, caminhava entre as suas vítimas, sem parar de
falar:
Cada centímetro a mais na cintura é um ano menos de vida.
E dando um soco na própria barriga:
- Olhem aqui. Uma tábua.
O grupo olhava para Paulão com um misto de ódio e adoração, Paulão os estava redimindo
pelo martírio. Purgava, gota a gota, cada gole de chope indevido, cada garfada de fritura, cada
excesso cometido no passado. Paulão os estava salvando da morte.
As ginásticas eram feitas no ritmo de uma ladainha macabra.
- Cigarro! Gritava Paulão,
E o grupo tinha que gritar:
- Mata!
- Gordura!
- Mata!
- Indolência!
51
- Mata!
- Bebida!
- Mata!
Um dia Paulão não apareceu na academia, que ficou fechada. No bar ao lado ninguém sabia
do Paulão ou da recepcionista, a dona Neiva. O que teria acontecido? Ninguém sabia. Pela
cabeça de todos passou a mesma coisa: Mulher!
- Mata!
Mas em seguida chegou a dona Neiva com os olhos injetados e a informação. O Paulão tinha
morrido naquela madrugada. Coração. Ficou todo mundo paralisado em volta da notícia,
estátuas de boca aberta. O Paulão!
Aos poucos o grupo foi se dispersando. Um grupo de quatro ou cinco ficou por ali, em estado
de choque, e quase sem sentir foi derivando para o bar: Alinharam-se contra o balcão. Um
pediu uma cerveja. Dali a pouco um pediu um bolinho de bacaIhau. Outro pediu batatinhas. E
alguém, tomado de uma súbita fúria contra o inevitável, bateu no balcão e pediu: "Bacon"! O
assunto, claro, era o Paulão, e o refrão era: “Quem diria”. E teve um momento em que todos
ficaram em silencio, mastigando e olhando para nada, pensando: "Que merda".
52
Apêndice gramatical
1. Acentuação Gráfica:
○ Vocábulos Oxítonos:
■ Devem ser acentuados os vocábulos oxítonos
terminados em a, e, o, (seguidos ou não de s), em, ens.
■ Exemplo:
● Atrás, Paraná
● Você, Através
● Avó, Cipó
● Alguém, Parabéns
■ Observação:
● Não devem ser acentuados os
vocábulos oxítonos e os monossílabos tônicos terminados em i,
u, seguidos ou não de s.
● Exemplo:
○ Em i(s): aqui, guris
○ Em u(s): chuchu, pus
■ Devem ser acentuadas as formas verbais
terminadas em a, e, o, tônicas, seguidas dos pronomes complementos
lo, la, los, las.
● Exemplo:
○ Em a: amá-Io, dá-Ios
○ Em e: vê-la, movê-las
○ Em o: repô-la, pô-los
○ Monossílabos tônicos:
■ Devem ser acentuados os monossílabos tônicos
terminados em a, e, o (seguidos ou não de s)
■ Exemplo:
● Pá, Fé, Dó
○ Vocábulos paroxítonos
■ Devem ser acentuados os vocábulos paroxítonos
terminados em r, x, n, l i(s), us, um, uns, ão(s), ã(s), ei(s), ps, e
ditongos crescentes.
■ Exemplo:
● Em i(s): júri, lápis.
● Em us: bônus, vírus.
● Em um: álbum, médium.
● Em uns: álbuns, médiuns.
● Em ao(s): órfão, sótãos.
● Em a(s): órfãs, ímã.
● Em ei(s): jóquei, úteis.
53
● Em ps: bíceps, fórceps
● Ditongos crescentes: ânsias, séries,
pátios, colégio.
○ Vocábulos proparoxítonos
■ Devem ser acentuados todos os vocábulos
proparoxítonos.
■ Exemplo:
● Pérola, Silaba, Ônibus, Último
○ Hiatos
■ Devem ser acentuados o i ou o u tônicos que
formam sílaba sozinhos ou com s e se apresentam em hiato com uma
vogal anterior.
● Exemplo:
○ Com i: egoísta, saída,
raízes, país.
○ Com u: baú, saúde.
● Exceção:
○ Se, no mesmo caso
acima, ocorrer nh depois de i tônico, este não se acentua.
■ Ex.:
●
B
ainha, Rainha
■ Recebe acento circunflexo o penúltimo o fechado
do hiato oo(s), nas palavras paroxítonas.
● Exemplo:
○ Vôos, Abençôo
○ Acentos diferenciais
■ Devemos colocar acento circunflexo na sílaba
tônica das formas verbais da terceira pessoa do plural do presente do
indicativo dos verbos TER e VIR e de seus derivados.
● Exemplo:
○ Eles têm, Eles vêm,
Eles retêm , Eles sobrevêm
■ Devemos colocar acento circunflexo sobre o
primeiro e da terminação eem (3ª pess. pl.) dos verbos CRER, DAR, LER
e VER, bem como de seus derivados.
● Exemplo:
○ Eles lêem, Eles
retêem
54
Verbos
Modo e tempos
Os modos indicam as diferentes maneiras de um fato realizar-se. São três: indicativo,
subjuntivo e imperativo.
Os tempos situam a época ou o momento em que se verifica o fato. São: presente, pretérito
imperfeito, pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.
● Indicativo
○ O indicativo exprime um fato certo, positivo.
○ Exemplo:
■ Vejo claramente a tua figura.
■ Saíamos às duas da madrugada.
■ Conseguirei vencer na vida.
● Tempos do indicativo:
○ O presente enuncia um fato como atual.
■ Exemplo:
● leio uma revista interessante.
○ O pretérito imperfeito apresenta o fato como anterior ao
momento atual, mas ainda não concluído no momento passado a que nos
referimos.
■ Exemplo:
● Eu era o galã, as garotas da
redondeza me adoravam.
○ O pretérito perfeito diz um fato já concluído em época passada.
■ Exemplo:
● Fui um galã, as gatas da redondeza
me adoraram.
○ O pretérito-mais-que-perfeito expressa um fato anterior a outro
fato que também é passado.
■ Exemplo:
● Quando cheguei à estação, o trem
já partira.
○ “cheguei” = fato
passado.
○ “partira" = fato
passado, anterior ao primeiro fato.
○ O futuro do presente diz um fato que deve realizar-se num
tempo vindouro com relação ao momento presente.
■ Exemplo:
● Viajaremos pelo Brasil.
○ O futuro do pretérito expressa um fato posterior com relação a
outro fato já passado; frequentemente, o outro fato já passado é dependente do
55
primeiro e inclui uma condição,
■ Exemplo:
● Ganharíamos o premio, se
quiséssemos.
● Subjuntivo
○ O subjuntivo exprime fato possível, hipotético ou duvidoso;
normalmente o subjuntivo diz fato dependente de outro fato, sendo, por isso,
característico de oração subordinada.
○ Exemplo:
■ Talvez possa participar.
■ Se isso fosse correto, você entenderia.
● Tempos do subjuntivo:
○ O presente traduz uma ação subordinada a outra, e que se
desenvolve no momento atual e expressa dúvida, possibilidade, suposição; pode
ainda formar frases isoladas manifestando desejo (frases optativas).
■ Exemplo:
● Seja feliz.
● É possível que ela seja nossa
candidata
● Pode ser que ele chegue a tempo.
○ O pretérito imperfeito diz uma ação passada, mas posterior e
dependente de outra ação passada.
■ Exemplo:
● O professor receou que eu
desistisse.
○ "receou" = ação
passada
○ "desistisse" = ação
passada, mas posterior e dependente da primeira.
○ O pretérito imperfeito expressa, frequentemente, condição,
■ Exemplo:
● Se pudéssemos, participaríamos.
○ O futuro expressa ação vindoura – condicional, temporal ou
conformativa - dependente de outra ação também futura
■ Exemplo:
● Se for preciso, nós te ajudaremos.
● Imperativo
○ O imperativo expressa ordem, conselho, pedido.
■ Exemplo:
● Dirija o carro atentamente.
2° GRUPO
A este grupo pertencem os verbos PROGREDIR, AGREDIR, REGREDIR, TRANS-
GREDIR, PREVENIR:
Não só muda o e para i na primeira pessoa do singular como também na segunda e terceira
pessoas do singular e na terceira pessoa do plural, do presente do indicativo e formas
derivadas das mesmas.
3° GRUPO
A este grupo pertencem os verbos PEDIR, IMPEDIR, DESPEDIR, EXPEDIR, MEDIR:
Conservam o e na penúltima silaba e mudam d para ç; nos mesmos casos do 1º grupo.
4° GRUPO
OUVIR: muda v para c na primeira pessoa do singular do presente do indicativo e, por
conseguinte, em todas as formas derivadas dessa pessoa. Nos outros tempos e pessoas, este
verbo é regular.
5° GRUPO
Os verbos que possuem o na penúltima silaba do infinitivo impessoal mudam para o para u na
primeira pessoa do singular do presente do indicativo, e, portanto, em todas as formas
derivadas dessa pessoa. Nos outros tempos e pessoas estes verbos são regulares.
Fazem parte deste grupo os verbos DORMIR, COBRIR, DESCOBRIR, TOSSIR, ENGOLIR.
6° GRUPO
57
ACUDIR: muda o u para o na segunda e terceira pessoa do singular e na terceira pessoa do
plural do presente do indicativo; por isso, a mesma alteração se dá na segunda pessoa do
singular do imperativo afirmativo. Como ACUDIR conjugam-se: SACUDIR, BULIR, CONSUMIR,
CUSPIR, ESCAPULIR, FUGIR, SUBIR, SUMIR.
Conjunções
CONJUNÇAO é a palavra invariável que liga duas orações entre si, ou que, dentro da mesma
oração, liga dois termos entre si independentes.
● Exemplo:
○ Ligando orações: "Vestia uma cueca preta e calçava enormes
tamancos."
○ Ligando termos: Pedro e Paulo viajaram.
As conjunções dividem-se em coordenativas e subordinativas.
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
● Conjunções coordenativas são as que ligam duas orações ou dois termos dentro
da mesma oração, sendo que ambos os elementos ligados permanecem entre si
independentes.
○ Exemplo:
■ Maria estuda e Pedro trabalha.
■ João e Pedro são bons amigos
● As conjunções coordenativas subdividem-se em:
○ ADITIVAS ligam pensamentos similares ou equivalentes: e, nem,
não só... mas também.
■ Exemplo:
● O médico não veio nem telefonou.
○ ADVERSATIVAS ligam pensamentos que contrastam entre si:
mas; porém; contudo; no entanto; entretanto; todavia.
■ Exemplo:
● Minha tarefa foi intensa, porém não
me queixo.
○ ALTERNATIVAS ligam pensamentos que se excluem ou se
alternam: ou; ou ... ou; ora... ora; já... já; quer ... quer.
■ Exemplo:
● Ou você brinca ou você estuda.
○ CONCLUSIVAS ligam duas orações, sendo que a segunda
encerra a dedução ou conclusão de um raciocínio: logo; portanto; por
conseguinte; então; por isso; pois.
■ Exemplo:
● Penso, logo existo.
○ EXPLICATIVAS ligam duas orações.sendo que a segunda se
apresenta justificando a anterior: pois; porque; que; por isso; isto é; ou seja.
■ Exemplo:
58
● Não faca caso, que estamos aqui
para ouvi-Io.
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS
● Conjunções subordinativas são as que ligam duas orações, sendo que a
segunda é sujeito, complemento ou adjunto da primeira. A primeira é oração principal da
segunda, e esta é subordinada a primeira.
● As conjunções subordinativas subdividem-se em integrantes e adverbiais.
○ CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS INTEGRANTES
■ São as que ligam duas orações, sendo que a
segunda é sujeito ou complemento da primeira: que; se.
■ Exemplo:
● O examinador verificará se o aluno
está preparado.
○ CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS ADVERBIAIS
■ São as que ligam duas orações, sendo que a
segunda é adjunto adverbial da primeira, ou seja, a segunda expressa
circunstancia de finalidade, modo, comparação, proporção, tempo,
condição, concessão, causa ou consequência.
■ As conjunções subordinativas adverbiais
subdividem-se em:
● FINAIS ligam duas orações, sendo
que a segunda expressa circunstancia de finalidade: para que; a
fim de que.
○ Exemplo:
■ Parei-
o, para que me desse notícias do irmão.
● CONFORMATIVAS ligam duas
orações, sendo que a segunda expressa circunstancia de
conformidade ou modo: como; segundo; conforme.
○ Exemplo:
■ Tudo
se realizou, conforme havia previsto o astrólogo.
● COMPARATIVAS ligam duas
orações, sendo que a segunda contém o segundo termo de uma
comparação: como; (tal) ... tal; (menos) ... do que; (mais) ... do
que; (tal) qual.
○ Exemplo:
■ Tal
fora o pai, tal hoje o filho.
● PROPORCIONAIS ligam duas
orações, sendo que a segunda expressa fato que decorre ao
mesmo tempo que outro: à medida que; à proporção que.
○ Exemplo:
■ Eu ia
contando-lhe a história, à proporção que
59
remávamos.
● TEMPORAIS ligam duas orações,
sendo que a segunda expressa circunstancia de tempo: quando;
enquanto; mal; logo que; assim que; depois que; antes que; até
que; apenas.
○ Exemplo:
■ Bate-
me o coração mais forte quando a vejo.
● CONDICIONAIS ligam duas
orações.sendo que a segunda expressa uma hipótese ou
condição: se; caso; desde que; sem que; a menos que.
■ Exemp
lo:
●
D
á-lhe o meu recado, caso o encontres.
● CONCESSIVAS ligam duas
orações, sendo que a segunda contém um fato que não impede a
realização da ideia expressa na oração principal, embora seja
contrário aquela ideia: embora; ainda que; mesmo que; posto
que; por mais que; se bem que.
○ Exemplo:
■ Não
consigo ouvir a voz do astronauta, por mais que
me esforce.
● CAUSAIS ligam duas orações,
sendo que a segunda contém a causa e a primeira, o efeito:
porque; visto que; já que; porquanto; como.
○ Exemplo:
■ Foi
reprovado, porque não estudou.
● CONSECUTIVAS ligam duas
orações, sendo que a segunda diz a consequência de uma
intensidade expressa na primeira: (tão) que (tal) que (tanto) que.
○ Exemplo:
■ A
moca chorou tanto, que ficou doente.
Pronomes pessoais
Retos Oblíquos átonos Oblíquos tônicos
60
2° Sing: tu te ti; contigo
● Observação:
○ Os pronomes oblíquos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los,
las, quando vêm ligados a formas verbais terminadas em R, S ou Z. Nesses
casos, a forma verbal perde o S, R ou Z, conforme o caso.
■ Exemplo:
● Encontrei o livro e vou entregá-Io
amanha
○ Quando a forma verbal terminar em M, ÕE ou ÃO, os pronomes
assumem as formas no, na, nos, nas, sem alteração da forma verbal.
■ Exemplo:
● O livro está aqui, põe-no sobre a
mesa.
61
apurar.
■ Próclise
● Como norma geral, devemos
colocar o pronome átono antes do verbo, quando antes do verbo
houver uma palavra pertencente a um dos seguintes grupos:
○ PALAVRAS OU
EXPRESSOES NEGATIVAS: não; nunca; ninguém, etc.
○ RELATIVOS: quem;
que; qual; cujo; onde; quanto.
○ INDEFINIDOS:
alguém; algum; qualquer; etc.
○ CONJUNÇÕES
SUBORDINATIVAS: quando; se; que; etc.
○ ADVÉRBIOS: talvez;
ontem; aqui; ali; etc.
■ Exemp
lo:
●
J
amais te exponhas ao perigo.
●
O
s alunos que me ouvem estudam
gramática.
●
A
lguém lhe disse que havia perigo.
● Usa-se também a próclise nas
frases optativas.
○ Exemplo:
■ Deus
te abençoe, meu filho!
■ Mesóclise
● Usa-se o pronome no meio da forma
verbal, quando esta estiver no futuro simples do presente ou no
futuro simples do pretérito do indicativo.
○ Exemplo:
■ Quand
o ela voltar; contar-lhe-ei tudo.
62