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Assistência humanizada em UTI neonatal: os sentidos

ARTIGO ARTICLE
e as limitações identificadas pelos profissionais de saúde

Humanized attention in neonatal intensive-care unit:


senses and limitations identified by health professionals

Kátia Maria Oliveira de Souza 1


Suely Deslandes Ferreira 1

Abstract The present study aims at analyzing, Resumo O presente estudo objetivou analisar, sob
from the point of view of health professionals, the a ótica dos profissionais de saúde, a proposta de
proposal of humanized care and at detecting the atenção humanizada e detectar os sentidos e os
senses and limits, identified by those professionals to limites identificados por eles para a oferta desta
the provision of such care. It was an exploratory forma de assistência. Trata-se de um estudo explo-
and qualitative study where a group of twelve ratório qualitativo. Foi entrevistado um grupo de
professionals from a multiprofessional team in a doze trabalhadores que fazem parte da equipe mul-
neonatal Intensive-Care Unit were interviewed. tiprofissional de uma UTI neonatal. A pesquisa
The survey showed that there are significant ob- demonstrou que existem importantes pontos de
stacles to the provision of humanized care, such as impedimentos para a oferta da assistência huma-
lack of material and human resources, which in- nizada, como a falta de recursos materiais e hu-
crease the workload, relationship conflicts and ab- manos, influenciando a sobrecarga de trabalho,
sence of infrastructure both to professionals and to conflitos de relacionamento e a falta de infraestru-
the performance of humanization initiatives, as, tura, tanto para os trabalhadores como para con-
for instance, Breastfeeding Mother Accommoda- duzir as iniciativas de humanização, como o alo-
tions. The study showed that despite difficulties, jamento de nutrizes. Este estudo revelou que, em-
professionals come up with strategies to accom- bora existam obstáculos, os profissionais criam es-
plish what is laid down in the National Human- tratégicas para atender ao que foi preconizado na
ization Policy by the Ministry of Health. Política Nacional de Humanização do Ministério
Key words Care humanization, Health care team, da Saúde.
Neonatal ICU, Pleasure and suffering Palavras-chave Humanização da assistência,
Equipe de cuidados de saúde, UTI neonatal, Pra-
zer e sofrimento

1
Serviço de Psicologia
Médica, Instituto Fenandes
Figueiras, Fiocruz. Av. Rui
Barbosa 716, Flamengo.
22250-020 Rio de Janeiro,
RJ. katia@iff.fiocruz.br
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Souza KMO, Ferreira SD

Introdução figura um espaço de aprendizagem sobre as po-


tencialidades, os limites da proposta de humani-
Nos últimos dez anos, as iniciativas de humani- zação e os ajustes realizados na prática da assis-
zação da assistência têm trazido ao debate a im- tência para a adoção de tal ideário. A proposta
portância de se articular a qualidade técnica da deste artigo é analisar os sentidos e os limites
atenção dispensada e as tecnologias de acolhi- vivenciados pelos profissionais de uma UTI neo-
mento e suporte aos pacientes1. Estas iniciativas natal em face de seu processo de trabalho para a
têm se apresentado em diversos campos de aten- produção de cuidados humanizados.
ção, mas foram inicialmente implantadas no cui- No presente artigo, serão explorados, espe-
dado ao parto e ao recém-nascido. O método cialmente, os limites encontrados para a produ-
Mãe Canguru, originariamente proposto pelo Dr. ção deste tipo de cuidado.
Edgar Rey Sanabria no Instituto Materno-Infan-
til (IMI) de Bogotá, na Colômbia, em 1978 e
adaptado para a realidade brasileira em 20002, é Metodologia
um exemplo da implantação do modelo de cui-
dado humanizado no campo neonatal. Este mé- A pesquisa foi realizada em um hospital mater-
todo promove atenção humanizada ao recém- no-infantil da cidade do Rio de Janeiro. Este hos-
nascido de baixo peso e gera um conjunto de pital presta atenção terciária e possui a missão de
ações na assistência que envolve o paciente, sua ensino e pesquisa. Apresenta-se como um cam-
família e os profissionais de saúde. po de elaboração de novas tecnologias e também
Mais recentemente, o modelo assistencial ministra ensino técnico e de pós-graduação. O
humanizado passou a ocupar maior dimensão hospital conta com uma unidade de terapia in-
no Sistema Único de Saúde. A partir de 2004, o tensiva neonatal (UTI neonatal) ligada direta-
Ministério da Saúde dissemina em todo Brasil a mente ao Departamento de Neonatologia. Con-
Política Nacional de Humanização (PNH)3. sideramos que, pelo fato deste hospital ser refe-
A PNH possui um eixo de atuação na gestão rência na atenção a bebês de alto-risco e possuir
do trabalho e apresenta algumas estratégias que o título de Hospital Amigo da Criança, destaca-
propõem a valorização e o crescimento profissi- se como um campo adequado para estudos rela-
onal, a participação dos trabalhadores nos pro- tivos à prática da assistência humanizada.
cessos de discussão, além de preconizar a gestão A assistência é prestada por médicos, enfer-
participativa e educação permanente aos seus tra- meiros, técnicos de enfermagem e pessoal admi-
balhadores nas unidades de saúde. nistrativo que são lotados na unidade, além de
Estas orientações, que visam favorecer os ca- profissionais como fonoaudiólogos, fisiotera-
minhos para que a proposta da política seja al- peutas, psicólogos, nutricionistas e assistentes
cançada, contrasta em alguns casos com a pouca sociais, os quais são responsáveis por responder
participação dos profissionais nas decisões, a falta pela demanda referida do local.
de reposição de materiais danificados, a escassez Trata-se de um estudo de natureza explorató-
de mão de obra qualificada e o pouco investi- ria. Por ser um tema sobre o qual buscamos ex-
mento à educação continuada dos profissionais, plorar a dimensão intersubjetiva, a abordagem
conforme relatam Leite et al.4. Em outro estudo qualitativa foi o modelo que melhor entende os
desenvolvido por Lamego et al.5 em uma UTI sentidos conferidos pelos sujeitos, as suas experi-
neonatal cirúrgica, também foi percebido alguns ências e o mundo em que vivem6. Como é ampla-
impasses à construção da assistência humaniza- mente conhecida, a abordagem qualitativa traba-
da, uma vez que o cotidiano mostrou-se perme- lha com o universo de significados, motivos, as-
ado por conflitos, negociações e adaptações na pirações, crenças, valores e atitudes, o que corres-
rotina. Estas dificuldades são indicativos que ponde a um espaço mais profundo das relações
apontam para os investimentos dos gestores, as dos processos e dos fenômenos que não podem
condições de trabalho adequadas e a existência ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
de uma política clara de investimento da qualifi- Para a construção dos dados, tomamos os
cação e valorização do profissional como requi- recursos técnicos de observação participante e
sito básico da implementação de uma política da entrevista semi-estruturada. Um dos pressu-
cuja proposta é tornar a assistência mais huma- postos da observação participante é o de que a
nizada no Brasil. convivência do investigador com o grupo estu-
Frente ao pioneirismo das iniciativas de hu- dado cria condições privilegiadas para que se te-
manização, o campo da assistência neonatal con- nha acesso aos níveis profundos da cotidianida-
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de. Admite-se que a experiência direta do obser- dos sentidos atribuídos e realização de inferên-
vador com o dia-a-dia do outro é capaz de reve- cias a partir da interpretação e do confronto com
lar na sua significação mais profunda, ações, ati- a literatura8.
tudes, comportamentos que, de um ponto de vis-
ta exterior, poderiam permanecer obscurecidas7.
As observações foram realizadas durantes dois Resultados e discussão
meses, o que incluiu situações tais como carna-
val, plantão noturno e finais de semana. Todo Humanização
registro compôs um diário de campo em que se e os sentidos atribuídos pelos profissionais
pretendeu explorar o processo de trabalho na
UTI neonatal, expressões de desgaste e gratifica- Ao analisar os sentidos atribuídos à humani-
ção no trabalho e ações definidas como de hu- zação, confirmamos a polissemia do termo que
manização na assistência. se confere nas diferentes interpretações apresen-
As entrevistas foram gravadas e orientadas tadas pelos trabalhadores no campo da produ-
por um roteiro que abordou as seguintes temá- ção de saúde.
ticas: os sentidos atribuídos para a assistência Deslandes9 aponta que, desde a década de se-
humanizada; a análise dos profissionais sobre o tenta, a humanização já era debatida como um
seu processo de trabalho na UTI; a visão do pro- tema relevante nos Estados Unidos. No Brasil, a
fissional sobre as condições geradas pela insti- partir da década de noventa, conforme Vaitsman
tuição para viabilizar a assistência humanizada; e Andrade10, o termo passou a fazer parte do vo-
a análise dos profissionais sobre os principais cabulário da saúde. Inicialmente, como um con-
obstáculos encontrados no processo de traba- junto que apontava o caráter impessoal e desu-
lho para um atendimento humanizado; o relato manizado da assistência à saúde, vindo mais tar-
no qual, embora houvesse o desejo, não foi pos- de a transformar-se em propostas que visam
sível prestar assistência humanizada e relato de modificar as práticas assistências.
situações nas quais, sob o ponto de vista do tra- No nosso campo de pesquisa, os profissio-
balhador, foi prestada assistência humanizada. nais de saúde atribuíram diferentes sentidos para
Este roteiro possuiu o caráter de um guia para o o que definiram como assistência humanizada.
desenvolvimento do diálogo entre o investiga- Selecionamos três dos sentidos mais enfatizados
dor e o entrevistado. pelos profissionais:
Foram convidados para participar das en- 1) Cuidado integral: a humanização foi vista
trevistas os profissionais de diferentes áreas as- por boa parte dos entrevistados como uma for-
sistenciais que atuam diretamente com os paci- ma de assistência, cujo cuidado está relacionado
entes internados na unidade de terapia intensiva a um tipo de atendimento que envolve um pro-
neonatal, compondo pelo critério de saturação cesso assistencial resultante do conhecimento e
um acervo de doze entrevistas, distribuídas entre da prática das várias categorias profissionais atu-
um assistente social, uma enfermeira, um fisio- antes na produção de cuidados em saúde: Assis-
terapeuta, dois fonoaudiólogos, três médicos, um tência humanizada é toda aquela assistência vol-
psiquiatra e três técnicos de enfermagem. tada para o paciente como um todo (E7).
Os dados colhidos nas entrevistas e observa- Cecílio e Merhy11, ao refletirem sobre a inte-
ções participantes foram organizados e analisa- gralidade do cuidado no hospital, constataram que
dos através da análise de conteúdo, que constitui o paciente é visto como um somatório de diversos
conjunto de técnicas interpretativas das comuni- e parciais cuidados, revelando uma trama de atos
cações e utiliza procedimentos sistemáticos de que configuram o fluxo, os saberes, a rotina e o
descrição e inferências interpretativas do conteú- processo de trabalho dentro do hospital.
do das mensagens. Cabe ao pesquisador uma 2) Cuidado ampliado: outra perspectiva acer-
dupla função: a primeira é compreender o senti- ca do sentido de assistência humanizada narra-
do manifesto da comunicação e a segunda é es- do pelos entrevistados é o que chamamos aqui
tar atento às outras significações contidas nas de modelo de “cuidado ampliado”. O sentido está
entrelinhas das informações colhidas. relacionado à preocupação que a equipe tem de
Recorremos à análise temática, na qual os integrar, de forma participativa, os familiares que
exercícios de redução e categorização dos textos acompanham os pacientes durante a internação.
foram trabalhados a partir das seguintes etapas: Provavelmente, é uma forma de minimizar o
leitura flutuante e exaustiva; recortes temáticos; impacto da estranheza causado pelo ambiente
identificação dos núcleos de sentidos; descrição hospitalar, o qual é mediado por muitos recur-
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sos tecnológicos, cujas funções pouco se enten- preocupações apresentadas pela equipe em se-
dem e onde a comunicação se dá através de uma guir tais recomendações, a prática se revela dis-
linguagem constituída de termos especificamen- tante deste ideal teórico: Já presenciei algumas
te profissionais: O humanizado é olhar para o outro vezes, principalmente na UTI, a situação do baru-
lado. Não é só a clínica, não é só a doença. Mas o lho. Momentos em que houve uma preocupação
bem-estar deste indivíduo, até para que melhore em relação a isto. Ter mais silêncio, ter um ambi-
as condições clínicas dele. Quer dizer, ver este ou- ente com luz baixa, um ambiente mais calmo, mais
tro lado. E aqui, na UTI neonatal, isto [o cuida- tranquilo. Favorecendo um melhor repouso dos
do] se estende às mães, que não é o doente em si, recém-nascidos. Mas isto é difícil observar na UTI,
mas está ali junto (E10). principalmente na UTI de alto risco (E12).
Braga e Morsch12 acenam para o mesmo sen- Diante dos três sentidos atribuídos para a
tido quando reconhecem a importância da inte- assistência humanizada, é possível pensar que
gração entre a equipe e a família e apontam que o estes profissionais estão mais influenciados pela
aprendizado dos familiares na ocasião da inter- experiência viva do trabalho do que pelas diretri-
nação servirá como base para a continuidade do zes e metas prescritas na PNH. Percebe-se tam-
cuidado quando o bebê estiver em casa. bém uma associação importante à categoria da
3) Promoção de conforto: o terceiro sentido integralidade da atenção. Foram descritas as ações
que destacamos é o identificado pelos profissio- relacionadas à assistência humanizada que cer-
nais como norteador de assistência humanizada tamente representam as prioridades para este
e inclui a questão da promoção de conforto. O grupo de trabalhadores. No processo de traba-
ambiente da UTI neonatal é de intensa movimen- lho hospitalar, as prescrições são orientações
tação, principalmente no horário da manhã, transmitidas em períodos de formação. Porém,
quando há troca de plantão e são realizados os nas ações decorrentes do atendimento a cada
cuidados de rotina. Em função disto, os bebês paciente, surgem diferentes componentes rotinei-
são manipulados para a higiene, para a verifica- ros, reforçando a necessidade de improvisação
ção dos sinais vitais e os procedimentos progra- frente aos impasses que se apresentam14.
mados pela equipe médica. Também circula um Seja atendendo as prescrições ou elaborando
número significativo de profissionais que parti- novas alternativas operacionais, as ações cotidi-
cipam de visitas, round e outras atividades den- anas no processo de trabalho em saúde são fon-
tro da unidade. tes de prazer e desgaste para os profissionais.
Moreira e Bonfim13 concordam que o ambi- Esta dinâmica tem sido vista pelos estudiosos
ente físico de uma unidade de tratamento inten- como relevante ao potencial de produção de cui-
siva neonatal é estressante, não somente para os dados humanizados.
bebês, mas também para suas famílias: “Os equi-
pamentos, os sons dos alarmes, as luzes piscan- O trabalho na UTI neonatal -
do costumam gerar muita ansiedade na família e Uma dinâmica de prazer e de desgaste
até mesmo nos profissionais que ali trabalham”.
As autoras recomendam que algumas modi- Para Glina e Rocha15, o prazer e o desgaste
ficações devam ser feitas na ambiência, tais como podem coabitar de maneira paradoxal na mes-
diminuir o nível de ruído e som, reduzir a quan- ma atividade laboral.
tidade de luz, dar maior atenção ao posiciona- O prazer geralmente brota dos bons resulta-
mento do bebê, utilizar tratamentos menos es- dos do trabalho e pode advir não somente na
tressantes, reduzir o número de vezes em que o atividade em si, mas também na busca da supe-
bebê é manipulado, usando a perspectiva dos ração dos desafios e desgastes que ela provoca.
toques mínimos, preservar a temperatura em um Na presença de desafios, os profissionais usam
ambiente termo-neutro, evitando aberturas pro- de criatividade e inteligência, justamente os ele-
longadas de incubadoras e exposições repetidas mentos básicos que, para Dejours16, proporcio-
do bebê ao frio. nam o prazer no trabalho executado.
Na UTI neonatal do nosso campo de pesqui- A principal fonte de prazer do trabalho hos-
sa, as luzes artificiais permaneceram acessas du- pitalar, sob o ponto de vista dos profissionais
rante todo o tempo. Foi percebido que não há entrevistados, é a alta hospitalar do paciente, por
possibilidade de redução da luminosidade em retratar de forma mais completa o investimento
determinadas fases do dia. Apenas o recurso da da produção de cuidados em saúde. A alta está
colocação de um lençol sobre a incubadora, co- relacionada à expressão do trabalho bem-suce-
nhecido como “tetinho”, era utilizado. Apesar das dido, no qual o objetivo de manter o bebê vivo
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foi alcançado. Quando o paciente sai da hospita- ança. E a criança chora, chora, e a mãe não está
lização sem sequelas físicas, deficiências ou per- aqui. Você vai fazer o que? Você não tem tempo de
das funcionais ocasionadas pela patologia ou pelo ficar com a criança no colo. Às vezes se improvisa
próprio tratamento, é grande o grau de satisfa- uma chupeta. Na prática é diferente, é muito dife-
ção dos profissionais. A alta é a materialização rente, uma coisa é a teoria, outra é a prática (E7).
do resultado de um trabalho que exigiu intenso Para Machado e Correa14, a organização do
esforço da equipe. trabalho da produção de saúde pode produzir
Entretanto, apesar dos esforços da equipe e no trabalhador o sentimento de impotência pro-
dos recursos tecnológicos, muitos dos bebês não fissional. A impotência pode resultar das situa-
resistem. Se, por um lado, a alta hospitalar é fon- ções conflituosas que emergem das formas obje-
te de prazer e gratificação pelo trabalho,, por ou- tivas impostas pelas prescrições e das exigências
tro, testemunhar óbitos representa uma fonte de subjetivas dos aspectos afetivos e relacionais pre-
desgaste. sentes no cotidiano.
O óbito pode gerar a sensação do trabalho Por isso, entendemos que algumas das situa-
inacabado ou malsucedido. Um trabalho inter- ções de impasses dentro do processo de trabalho
rompido pela morte, que por sua vez afeta o ethos podem apontar para uma necessidade de mu-
e a missão deste grupo profissional – salvar vi- danças na organização da rotina, nas quais se
das. Considerado um “produto” negativo den- conte com a efetiva participação dos trabalha-
tro do processo de trabalho, os óbitos são fontes dores em algumas instâncias do gerenciamento
de sofrimento e desgaste tanto para as famílias, institucional para padronizar as ações ou legiti-
como para os profissionais. mar as rotinas construídas ao longo dos anos.
Em relação ao desgaste, Souza18 descreve que Para tanto, conforme apontam Lacaz e Sato21,
este se caracteriza como uma perda da capacida- tal ação implica em identificar os problemas de
de biológica ou psíquica. Para o trabalhador, cada situação juntamente com os sujeitos envol-
muitas vezes ele se apresenta de forma inespecífi- vidos no processo, não cabendo tão somente ao
ca por apresentar pouca clareza de expressão e gestor a tarefa de pensar e replanejar. São medi-
difícil mensuração. No mundo do trabalho, o das que minimizam conflitos, uma vez que vi-
desgaste se coloca como um processo da coleti- sam diminuir a distância entre o planejamento
vidade que conforme a intensidade e a cronicida- da gestão e a atividade profissional.
de pode transformar em sofrimento17. Os ele- No que tange à participação dos profissio-
mentos relativos à organização do trabalho, nais, a literatura aponta que a disponibilidade de
como divisão do trabalho, situações adversas das espaços públicos de discussão e administração
condições e relações de trabalho, carência de re- de conflitos pode representar um fórum estraté-
cursos humanos ou materiais, escassez de espa- gico para a politização dos problemas e a cons-
ço físico, impotência do profissional, podem se trução de intervenções. Neste formato, os confli-
constituir como fontes laborais de tensão e pro- tos e ruídos passam a fazer parte da agenda da
vocar sofrimento, que segundo Dejours também gestão. Cecílio24 afirma que os conflitos deveriam
pode estar lado a lado com o prazer18-22. ocupar de maneira formal a agenda de gestão.
Clot23 aponta que o desgaste e o sofrimento Para o autor, os conflitos escapam e invadem a
podem ser gerados não somente pela atividade agenda de quem faz a gestão, podendo afetar
que o trabalhador executa, mas também na ati- qualquer tipo de assistência, inclusive a que de-
vidade que ele tem como impedida, ou seja, aquela nominamos como humanizada.
atividade não realizada. Trata-se do que não se A integração entre os profissionais da UTI
pode fazer, o que se desejaria ou que pensa ou neonatal e as demais equipes do hospital é limi-
sonha fazer. tada posto que no ambiente fechado a entrada
Em relação aos desgastes, os profissionais das pessoas é restrita. Devido à sobrecarga de
frequentemente criam alguns atalhos e elaboram trabalho e superlotação da unidade, muitos pro-
mecanismos que transgridem a prescrição das fissionais sequer se afastam do local para pausa
tarefas definidas pela rotina com a finalidade de ou almoço.
compensar as dificuldades e atender com quali- Outro fator desgastante está no tempo de atu-
dade o usuário, além de ajustar tais prescrições ação do profissional. Considera-se que, além do
às próprias concepções de trabalho, como ilus- desgaste emocional, existe um “desgaste físico” im-
tra este relato: Chupeta não pode. Mas, tem aquela portante. Apesar dos anos “trazerem” a experiên-
criança crônica, o quadro dela não se altera e não cia da prática, “levam” a vitalidade do corpo, con-
se toma nenhuma condução em relação àquela cri- forme demonstra a seguinte narrativa: Eu entrei
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aqui com vinte anos, então eu era bem novinha. definição de papéis dentro da equipe. É comum
Assim, dos vinte aos trinta, eu tive uma produção. o corpo de enfermagem entrar em conflito com
Dos trinta (eu estou com quase quarenta), eu já tive os residentes. Pelos relatos e nas observações, per-
uma outra. Dos quarenta aos cinquenta anos, será cebemos que é necessário um tempo para que a
diferente. Começam a aparecer os problemas, as do- relação seja afinada. Por conta da alta rotativida-
enças por desgastes físicos e emocionais. Você come- de de residentes na UTI, é frequente haver cho-
ça a cansar, tem doenças que atrapalham o seu de- ques de autoridades entre estes e técnicos de en-
senvolvimento, o seu rendimento (E6). fermagem.
Esta narrativa aponta para uma das frequen- Em relação aos recursos humanos, a UTI neo-
tes queixas dos profissionais. Muitos que atuam natal funciona com um déficit de profissionais,
nos berçários possuem o desejo de mudar de se- sobretudo na enfermagem, o que interfere de for-
tor; no entanto, existem obstáculos para que a ma direta na qualidade da produção de cuidados,
autorização seja concedida. Uma justificativa é o provocando uma sobrecarga de trabalho.
fato da equipe não contar com um número ideal Quanto ao processo de trabalho da enfer-
de trabalhadores. Logo, a dispensa de um funci- magem, discutimos a relação entre o número de
onário na equipe significa aumento de carga de pacientes e o de profissionais. A enfermagem
trabalho para os que ficam. aponta que, na prática, cada profissional fica fre-
A imprevisibilidade de promoções no setor quentemente responsável por cuidar de três crian-
público gera nos profissionais, que optam por ças em cada plantão. Pontes27 relata que a rela-
estudar, um nível alto de frustração. Apesar da ção profissional por recém-nascido clinicamente
estratégia número dois da Política Nacional de estável é de um profissional para dois recém-nas-
Humanização referente ao eixo da gestão do tra- cidos. A equipe da UTI neonatal também enten-
balho incentivar a valorização e o crescimento de essa proporção como ideal. No entanto, a re-
profissional do trabalhador, na prática existem alidade mostrada se revela diferente: Hoje eu lem-
limitações. bro, tem sete profissionais e 28 crianças, é a prova
Tais questões desestimulam a atuação do pro- do que eu estou falando. E isso é o nosso dia-a-dia.
fissional, conforme mostra Dejours ao apontar E isto não é um momento isolado, esporádico que
que uma divergência entre a adequação das com- aconteça por acaso. Isto acontece normalmente,
petências do trabalhador e sua prática pode re- rotineiramente. O que a gente acaba fazendo é cui-
sultar em falta de motivação e insatisfação no dar das prioridades (E5).
trabalho, podendo produzir no trabalhador so- Uma das variáveis importantes neste cenário
frimentos físicos e mentais. Definido como sinô- é o fato da capacidade de admissão de pacientes
nimo de mal-estar e de sentimento de vida con- encontrar-se além da oferta oficial, o que carac-
trariada, conforme assinala Palácios25. teriza superlotação. Esta situação também foi
As dificuldades de relacionamento também lembrada como um impeditivo para a assistên-
foram citadas como desgastantes. Os profissio- cia humanizada.
nais revelam que nem sempre o trato dispensado Na UTI neonatal estudada, a enfermagem li-
aos usuários é o mesmo entre os colegas de tra- mita-se à utilização do tempo para o cuidado
balho. Ainda que justificado pela tensão presente dos pacientes e isto acaba por interferir no tem-
no ambiente, situações de hostilidade são consi- po para outras ações do cuidado ampliado, como
deradas um desgaste que pode interferir direta- o tempo para as conversas com a família. Lem-
mente no cuidado dispensado aos pacientes. bramos que este é um momento quando as in-
Os profissionais que atuam em UTI convi- formações são fornecidas e oportuno para a pro-
vem com diversos fatores desencadeadores de moção da integração da equipe da unidade com
desgastes, tais como a dificuldade da aceitação a família.
da morte, a escassez de recursos materiais e de Outro ponto importante em relação à pro-
recursos humanos e a tomada de decisões con- dução de desgaste foi a questão da limitação de
flitantes relacionadas com a seleção dos pacien- espaço físico. Não foi raro ouvir depoimentos
tes que serão atendidos26. Estes são alguns dos nos quais os trabalhadores questionaram a ca-
dilemas éticos e profissionais que geram tensão pacidade de assistir aos pacientes segundo os
entre os profissionais e acabam por influenciar, preceitos da humanização, se sua atuação pro-
negativamente, a qualidade da assistência pres- fissional não é realizada em um ambiente de tra-
tada aos usuários. balho, considerado por eles, humanizado, em-
Algumas vezes, mal-entendidos advêm de bora o HumanizaSUS refira-se à ambiência hos-
choques de autoridades ou pouca visibilidade da pitalar como o tratamento dado ao espaço físico
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entendido como espaço social, profissional e de dos os profissionais que atuam dentro do hos-
relações interpessoais, que deve proporcionar pital - da recepcionista ao médico”.
atenção acolhedora, humana e resolutiva, seguin- Os entrevistados citaram de forma bastante
do um dos eixo que adverte que o espaço deva enfática uma tarefa que produz muito desgaste:
possibilitar a reflexão da produção do sujeito e a implantação do alojamento de nutrizes. Trata-
do processo de trabalho28. se de uma enfermaria próxima à UTI neonatal
No âmbito geral, cada atividade de trabalho que acolhe as mães dos bebês que podem ser
sugere a utilização de um espaço físico específico. amamentados durante a hospitalização, com o
Em relação ao ambiente de cuidados humaniza- objetivo de estimular o aleitamento materno e
do, a atmosfera de integração, segurança e confi- consequentemente estreitar o contato da dupla.
abilidade deve ser compartilhada e de forma co- A existência deste alojamento se deu em função
letiva, tanto para pacientes como para os profis- do título Amigo da Criança. Foi considerada de
sionais de saúde. alta relevância, na aquisição deste título, a pro-
A limitação de espaços pode configurar como moção de um local de acomodação para que
entrave para o profissional, sobretudo quanto durante a internação as mães amamentassem
se trata do assunto humanização, contando o seus filhos. Em caráter provisório, foi montado
espaço físico para acomodação dos trabalhado- um alojamento de nutrizes. Apesar de represen-
res, que podem permanecer por um período de tar inconfundivelmente uma excelente iniciativa
até 24 horas no ambiente de trabalho. na questão da humanização ao recém-nascido
Espaço físico é razão de muitos problemas de baixo peso, pelo incentivo ao aleitamento
dentro da instituição pesquisada. Podemos dizer materno e promoção do vínculo mãe-bebê, ain-
que o hospital, além de estar no ranking do me- da carece de adequações.
tro quadrado mais caro do Rio de Janeiro, já Atualmente, este alojamento fica nas proxi-
possui toda área edificada. midades da UTI neonatal e conta com um quarto
A construção de novas subespecialidades e com cinco leitos. No entanto, não existe pia nem
novas práticas acabam por demandar espaços um banheiro dentro do quarto. A acomodação
concretos de funcionamento, dentro da institui- não conta com cadeiras confortáveis nem varal
ção. Na UTI neonatal, não é diferente. de roupas para as peças íntimas das mulheres
O espaço físico utilizado pelos profissionais é que ali permanecem. A instalação improvisada,
crítico. Os trabalhadores dividem o mesmo local conforme relatam os profissionais, revela mais
de descanso com a copa. A copa é utilizada para uma vez sérios problemas de infraestrutura.
refeições rápidas e para o café, possui uma banca- Desgastes semelhantes são produzidos em
da onde fica uma cafeteira e no mesmo espaço função da proposta de implantação da posição
existe um beliche para o descanso da enfermagem. canguru dentro desta UTI neonatal. Esta posição
A questão do espaço físico é fonte de muito é uma medida técnica do cuidado neonatal que
desconforto para os profissionais. Utilizam o implica em colocar precocemente o bebê de bai-
banheiro localizado em frente à recepção do an- xo peso em contato pele a pele com a mãe, o que
dar, onde trabalham os profissionais da segu- promove estabilidade térmica, substituindo a
rança. Sentem-se constrangidos e expostos. utilização prolongada da incubadora. Além des-
Em trabalho desenvolvido por Leite et al.4 te benefício, o método contribui para a redução
sobre a implementação da política de humaniza- do tempo de internação, para a diminuição da
ção no hospital, foi também constatada a falta taxa de infecção hospitalar e se apresenta como
de espaços para promoção de lazer e repouso um incentivo ao aleitamento materno, promo-
dos profissionais. vendo um melhor desenvolvimento da criança.
Em relação ao espaço físico, lembramos que Os profissionais entendem que, para a efeti-
a Cartilha de Ambiência hospitalar do Ministé- va aplicação da posição canguru, algumas ques-
rio da Saúde aponta que o espaço deve servir tões necessitam ser solucionadas, dado que nem
como uma ferramenta facilitadora do processo sempre se dispõe das faixas para realizar este
de trabalho funcional, favorecendo a otimização procedimento. Embora os profissionais reco-
de recursos e atendimento humanizado, acolhe- mendem que as mães vistam roupas que facili-
dor e resolutivo. No que diz respeito ao traba- tem a posição canguru, isto não ocorre, dificul-
lhador de hospital, diz a Cartilha28: tando a acomodação do bebê ao corpo da mãe.
“[...] é importante que as áreas de apoio para Além de uma acomodação confortável da mãe
o trabalhador - como estar e copa - estejam bem com seu bebê na posição canguru, proporciona-
locadas, sejam em número suficiente e para to- do por um avental, faltam os encostos de cadei-
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ra que teriam a função de tornar ainda mais con- oferecer ao usuário uma assistência entendida
fortável esta posição. pelos profissionais como humanizada, na análi-
Os recursos materiais também foram citados se observamos que os desgastes não obscurecem
como obstáculos e fonte de desgaste na produção o prazer que os trabalhadores desfrutam de suas
da assistência humanizada. Os profissionais li- atividades, principalmente quando estas se apre-
dam com falta de equipamentos como cabos elé- sentam em forma de reconhecimento do traba-
tricos essenciais para o funcionamento de respi- lho bem-sucedido.
radores. Isto faz com que algumas vezes tenham As questões das gestões dos recursos huma-
que recorrer a outros serviços para empréstimos. nos e do espaço físico são descritas como um
A compra, distribuição e manutenção de re- fator que constitui uma grande barreira. Em con-
cursos materiais estão vinculadas à administra- sequência da presença de poucos funcionários e
ção hospitalar que, segundo Paulus29, deve su- muitos pacientes, a atenção demandada por fa-
prir todas as áreas da organização a fim de ga- miliares que acompanham a internação do bebê
rantir a produção de cuidados com qualidade, fica prejudicada em função do pouco tempo dis-
conformidade e continuidade para o paciente. Na ponível dos profissionais. Este cenário de dificul-
aquisição do material, também é considerado o dades muito se aproxima de outras UTIs neona-
menor preço e a qualidade do produto. No pro- tais da rede do SUS.
cesso de trabalho em saúde, é a administração Na UTI neonatal pesquisada, o local de aco-
que deve cuidar, para que a falta de material não modação para as mães – o alojamento de nutri-
se transforme em prejuízos para o paciente. zes – está distante do modelo de humanização
Tais prejuízos refletem no trabalho da fisio- que os profissionais gostariam de proporcionar.
terapia ao apontar que a falta de lençóis impede Esta questão foi apresentada pelos profissionais
o desenvolvimento de trabalhos específicos nos como uma causa urgente.
quais rolinhos servem para ajudar no posicio- Ressaltamos que, embora o processo de tra-
namento dos bebês durante os exercícios de fisi- balho da UTI neonatal proporcione constantes
oterápicos. A escassez de lençóis também afeta a desgastes e envolva fatores que constituem obs-
utilização dos “tetinhos”, utilizados como black táculos para a oferta da assistência humanizada,
out nas incubadoras com a finalidade de reduzir percebemos que trabalhadores criam estratégias
a luminosidade do ambiente. para atender às necessidades dos usuários e tam-
bém desenvolvem ações que facilitem suas práti-
cas. São profissionais que, conforme expressa o
Considerações finais dito popular, tiram leite de pedra em uma UTI
neonatal.
Através dos resultados deste trabalho, foi possí- Portanto, finalizamos acenando para a urgente
vel evidenciar que a produção de cuidado huma- necessidade de um olhar cuidadoso dos gestores
nizado no âmbito da UTI neonatal ainda é um em relação à qualidade da produção de cuidados
desafio, sendo numerosas as dificuldades e os em saúde neonatal e das condições de trabalho
obstáculos encontrados pelos profissionais em atualmente disponíveis para o alcance das metas
seu processo de trabalho. instituídas pelo Ministério da Saúde, no que con-
Apesar de entender que a falta das “condições cerne à produção de cuidados humanizados.
humanizadas do trabalho” impõe limites para
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Ciência & Saúde Coletiva, 15(2):471-480, 2010


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Artigo apresentado em 18/01/2008


Aprovado em 29/07/2008
Versão final apresentada em 14/08/2008

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