Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Maias PDF
Maias PDF
O REALISMO
GERAÇÃO DE 70
Segunda geração romântica – grupo de escritores, mais ou menos comprometidos com o regime
da Regeneração (privilegiados pelos cargos que esta lhes oferecia). Produziam uma literatura
oficial, caracterizada pelo conservadorismo e pela consequente deterioração estética.
Mais do que um confronto entre movimentos literários, a Questão foi sobretudo uma
confrontação entre duas concepções de literatura: uma alienada e perfeitamente decorativa
(ultra-romantismo) e outra, perfilhada por Antero, que defendia uma literatura em que os
problemas da sociedade deveriam ter lugar.
Deste grupo faziam ainda parte nomes como Guerra Junqueiro, Oliveira Martins, Eça de
Queirós e Ramalho Ortigão. Este último apareceu inicialmente ligado a Castilho na Questão
Coimbrã, mas acabou por ser um dos membros mais activos da Geração de 70.
IDEÁRIO DA GERAÇÃO DE 70
AS CONFERÊNCIAS DO CASINO
No final dos seus estudos em Coimbra, os jovens envolvidos na Questão Coimbrã foram viver
para Lisboa. Entendendo que Portugal se deveria aproximar da Europa culta, passaram a
reunir-se para discutir problemas sociais, políticos, filosóficos, culturais e religiosos; eram
conhecidos em Lisboa como o Grupo do Cenáculo. O grande impulsionador no âmbito do
grupo foi Antero de Quental que decidiu organizar na sala do Casino Lisbonense uma série de
conferências abertas, onde se expressassem as grandes questões contemporâneas: religiosas,
literárias, sociais e científicas. Nascem, assim, em 1871 as Conferências do Casino.
NATURALISMO
Trata-se de uma acção fechada: Os elementos sucedem-se por uma relação de causalidade e existe um
acontecimento final (desenlace) que inviabiliza a sua continuação.
Paixão Paixão
c) Pedro procura um encontro com Maria c) Carlos procura um encontro com Maria
Monforte Eduarda
d) Encontro através de Alencar / Melo d) Encontro através de Dâmaso (Indirecto)
Carlos – o protagonista
No que se refere a esta personagem, a narrativa compreende as seguintes etapas:
Práxis (pp.289-290)
Carlos incapacidade de concretização de projetos Reflexão de Carlos
Ega
[Tempo Psicológico]
*diletantismo - qualidade ou carácter de diletante; diletante - aquele que exerce uma arte (ou
profissão) por paixão e não por obrigação;
dandismo – o mesmo que janotismo; excessivo rigor ou luxo no trajar; apuro; ostentação.
DETERMINISMO de Taine
O meio não funciona como condicionante (os protagonistas foram criados em meios
diversos)
A educação não é condicionante (os protagonistas tiveram educações diferentes)
O factor hereditariedade não funciona como condicionante pois só descobriram parecenças
entre os pais e o facto de serem irmãos num ponto muito avançado da ação.
Professora Inês Barata
Os Maias, Eça de Queirós
Cap. I – pág.s 7 (“…eram sempre fatais aos Maias as Cap. II – pág. 38 (a escolha do nome Carlos Eduardo
paredes do Ramalhete.”), 22 (parecença de Pedro com o “parecia-lhe conter todo um destino de amores e
bisavô, que enlouqueceu e se enforcou), 29-30 (a façanhas.”)
sombrinha escarlate de Maria Monforte tapa Pedro e
parece a Afonso uma larga mancha de sangue) Cap. VI – pág. 152 (Ega diz a Carlos que cada um tem “a
sua mulher” e, ainda que estejam longe um do outro,
Cap. VI – pág. 152 (Ega compara Carlos a Dom Juan – inevitavelmente, encontrar-se-ão)
“Tu és simplesmente como ele, um devasso; e hás-de vir a
acabar desgraçadamente como ele, numa tragédia Cap. VIII – pág. 245 (imaginação de Carlos acerca de
infernal!”) Maria – “…foi-lhe surgindo na alma um romance radiante
e absurdo: um sopro de paixão mais forte que as leis
humanas, levava juntos o seu destino e o dela.”)
Cap. IX – pág. 263 (origem dos olhos azuis de Rosa)
Cap. XI – pág. 346 (similitude nos nomes de ambos –
Cap. X – pág. 344 (Carlos afirma que nunca se sabe se o “Quem sabe se não pressagiava a concordância dos seus
que nos acontece é, na verdade, bom ou mau. Craft destinos!”)
responde que, por regra, é mau.)
Cap. XII – pág.s 409 (“...como se esperassem, suspensos, o
Cap. XI – pág.s 347 (quando vai a casa de Maria Eduarda desfecho supremo dos seus destinos...”) 411 (“...conhece-
para observar a governanta, em cima de uma mesa há me tão pouco, para irmos assim ambos, quebrando por
uma jarra com três lírios brancos, já murchos = os três tudo, criar um destino que é irreparável...”), 417 (Ega
Maias), 368 (Carlos acha semelhanças entre Maria percebe, pelo modo como Carlos fala de Maria, que esse
Eduarda e Afonso, pelo facto de ser piedosa) amor se tornou “o seu irreparável destino.”)
Cap. XII – pág. 415 (Ega pressente um “grave segredo” na Cap. XV – pág. 516 (Carlos considera-se “apanhado
vida de Carlos) dentro de uma implacável rede de fatalidades...”)
Cap. XIII – pág. 434 (decoração do quarto, na Toca) Cap. XVII – pág. 646 (o destino abate-se mais uma vez
sobre Afonso - “...vencido enfim por aquele implacável
Cap. XIV – pág.s 458 (ao adiar a partida para Itália “...o destino que, depois de o ter ferido (...) com a desgraça do
presságio de um futuro onde tudo seria confuso e escuro filho – o esmagava (...) com a desgraça do neto.”)
também.”), 471 (Maria vê em Carlos parecenças com a sua
mãe)
Cap. XVII – pág. 681 (“Há três anos, quando o Sr. Afonso
me encomendou aqui as primeiras obras, lembrei-lhe eu
que, segundo uma antiga lenda, eram sempre fatais aos
Maias as paredes do Ramalhete. O Sr. Afonso da Maia riu
de agouros e lendas... Pois fatais foram!”).
A temática do incesto, que domina todo o desencadear da intriga, era já tema fulcral da tragédia Rei
Édipo, de Sófocles. Pelo seu carácter de ocorrência excepcional (especialmente nas circunstâncias em que
ocorre n’ Os Maias) está talhado para servir uma acção que reúna dois requisitos da tragédia: a
impossibilidade de resolução pacífica do conflito instaurado e o facto de atingir, com o seu impacto
destruidor, seres dotados de condição superior e acariciados pela felicidade.
O NARRADOR
O narrador omnisciente sabe tudo sobre as personagens: o seu passado, presente e futuro, bem
como os seus sentimentos e desejos mais íntimos. É como um deus que tudo viu e tudo sabe.
Verificamos que o narrador do romance conhece todo o passado dos Maias, sabendo mais sobre
eles do que as próprias personagens. Isto permite-lhe arquitetar o romance, jogando com várias
técnicas narrativas ao nível do tempo do discurso (por exemplo, a analepse).
O ponto de vista, ou perspetiva narrativa, corresponde à adoção, por parte do narrador, de uma
determinada posição para contar a história.
Perspetivar a diegese de acordo com uma determinada focalização não é só ver a diegese por
certos olhos; é tomar em relação a ela uma posição afetiva e/ou ideológica. Constituir-se-á assim
uma imagem particular da história, configurada pela subjetividade da personagem que a
perspetiva.
N’Os Maias é fundamentalmente sobre Carlos que recai a focalização interna: as outras
personagens dependem da sua visão do mundo e é a sua subjetividade que atua como elemento
filtrante da realidade observada.
O ponto de vista de Carlos é sobretudo evidente nas passagens em que a obra nos dá a conhecer
Maria Eduarda (o primeiro avistamento, o primeiro encontro,…). Aliás, parece ser na
caracterização desta personagem feminina que o narrador mais abdica da sua omnisciência. Mas
também existem outros exemplos da focalização interna de Carlos, como o jantar do Hotel
Central ou o Passeio Final, em que a visão crítica da decadência do país é filtrada pelo olhar do
protagonista.
Ao privilegiar a focalização interna, o narrador vê, sente e julga os eventos ficcionais com e como
a personagem, o que, por outras palavras, significa que as leis da subjetividade da
personagem condicionam a imagem da diegese que é veiculada.
A focalização interna adota por vezes a perspetiva de João da Ega. Um exemplo relevante deste
ponto de vista são os episódios do jornal “A Tarde” e do Sarau no Teatro da Trindade.
Outro exemplo digno de nota em termos de focalização interna, é o ponto de vista de Vilaça (pai),
através do qual se apresenta a educação de Carlos em Santa Olávia.
O narrador pode também optar pela focalização externa, ou seja, a simples referência aos aspetos
exteriores da história contada: por exemplo, o aspeto físico das personagens, a sua vestimenta, ou
os espaços físicos onde se movimentam.
No entanto, n’Os Maias, a objetividade é, muitas vezes, apenas aparente. Assim, existem vários
exemplos de utilização de adjetivos, de advérbios e de diminutivos que conferem subjetividade
aos eventos narrados.
ESPAÇOS FÍSICOS
Os mais importantes:
Toca (território de Carlos e de Maria Eduarda – realça o caráter animalesco da relação, dominada pelo
desejo, pela paixão sensual)
A decoração permite antever o desfecho da relação que, desafiando valores humanos
se rende a outras leis, através da relação incestuosa.
CRÓNICA DE COSTUMES
Ao longo da acção Carlos vai tomando contacto com inúmeros ambientes e episódios que
ilustram a sociedade lisboeta do século XIX.
Objectivos:
Intervenientes:
Temas Discutidos:
2. As Finanças
3. História e Política
Hipódromo = palco onde desfila o cortejo das figuras principais em que assenta crítica social
feita pelos outros.
Linhas conceptuais:
1. Moda/status social
2. O (des)interesse da corrida
3. Atitudes das personagens – linguagem
OBJECTIVOS:
Novo contacto de Carlos com a sociedade lisboeta, incluindo o próprio rei;
Visão panorâmica dessa sociedade (masculina/feminina) sob o olhar crítico de
Carlos;
Tentativa frustrada de igualar Lisboa às capitais europeias, sobretudo Paris;
Cosmopolitismo (postiço) da sociedade;
Possibilidade de Carlos encontrar aquela figura feminina que viu à entrada do
Hotel Central.
Há quatro corridas:
1ª: a do primeiro prémio dos “Produtos”
2ª: a do Grande Prémio Nacional
3ª: a do Prémio de El-Rei
4ª: a do Prémio de Consolação
Visão Caricatural
- o hipódromo parecia um palanque de arraial;
- as pessoas não sabiam ocupar os seus lugares;
- as senhoras traziam vestidos sérios de missa;
- o bufete tinha um aspecto nojento;
- a 1ª corrida terminou numa cena de pancadaria;
- as 3ª e 4ª corridas terminaram de forma grotesta
Objectivos:
Reunir a alta burguesia e aristocracia do país
Reunir a camada dirigente do país
Radiografar a ignorância das classes dirigentes
A Imprensa
(pág. 530-579)
JORNAIS ATINGIDOS
A Corneta do Diabo A Tarde
O director é Palma “Cavalão”, um imoral; O director é o deputado Neves
A redacção é um antro de porcaria; Recusa publicar a carta de retractação de
Publica um artigo contra Carlos, mediante Dâmaso porque o confunde com um seu
dinheiro correligionário político
Vende a tiragem do número do jornal onde Desfeito o engano, serve-se da mesma
saíra o artigo carta como meio de vingança contra o
Publica folhetinzinhos de baixo nível inimigo político
Só publica artigos ou textos dos seus
correligionários políticos
O baixo nível; a intriga suja; o compadrio político; tais jornais, tal país
“sarau” – termo que sugere um público frequentador culto, NO ENTANTO os espectadores frequentam
estes lugares, não pela qualidade do espetáculo, mas pela importância do convívio social.
OS ORADORES
RUFINO ALENCAR
O bacharel transmontano O poeta ultra-romântico
O tema do Anjo da Esmola O tema da Democracia romântica
Desfasamento entre a realidade e o discurso Desfasamento entre a realidade e o discurso
Falta de originalidade Excessivo lirismo carregado de conotações
Recurso a lugares-comuns sociais
Público Os Discursos
- horroroso
- nojento
rejeita critica - asqueroso
PERSONAGENS A ORATÓRIA
(linguagem)
Palavras de campos semânticos arte de bem falar: belas imagens e
pouco agradáveis: asqueroso, asno, nojento sonantes construções frásicas
este episódio ocorre dez anos depois dos anteriores – passagem do tempo sobre o meio
ESPAÇOS
2º - Parte antiga da cidade – dominam aspectos ligados ao Portugal absolutista (anterior a 1820);
autenticidade nacional, destruida pelo presente afrancesado e decadente.
3º - Parte nova da cidade – domina o presente (tempo da Regeneração, a partir de 1851), marcado pela
decadência, o fracasso da regeneração, a destruição. As tentativas de recuperação não mobilizaram o
país – alcance muito restrito (caso do monumento aos Restauradores), imitações erradas de modelos
culturais alheios (caso do francesismo).
PASSEIO = viagem através do tempo feita a partir de lementos simbólicos que marcam o percurso deste
passeio.