Guia de Hermenêutica 2 - Português-2 PDF

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GUÍA 2 HERMENÉUTICA

Livro: Normas de Interpretação Bíblica


Autor: Ernesto Trenchard

Guia de Estudo.
Leituras para enriquecer o entendimento

O EXAME DO TEXTO

O estado do texto original

Ocorrerá ao estudante reflexivo pensar: “Compreendo a necessidade de entender bem o texto


antes de procurar interpretá-lo, mas o que tenho diante de mim é uma tradução em português dos
originais em hebraico e grego. Como posso saber que a tradução é exata? Mais ainda, posso ter a
segurança de que se baseiam em originais de confiança? Alguns críticos das Escrituras falam de
milhares de variáveis nos textos hebraicos e gregos. Se isso é verdade, “não oferece um obstáculo
infranqueável à exata compreensão das Escrituras?” Devemos levar em conta, por certo, que todos os
escritos dos escritores inspirados desapareceram, e que o texto sagrado tem sido transmitido por
milhares de cópias, remontando o que foi escrito ou ditado pelo servo de Deus primeiramente. Desde
já, o mesmo acontece com respeito a toda a literatura da antiguidade, com a diferença de que os hebreus
e os cristãos tem sido muitíssimo mais diligentes e cuidadosos na transmissão da Palavra de Deus que
os pagãos que resgatavam do esquecimento os textos de seus filósofos, poetas e autores dramáticos.
Os problemas da transmissão do texto do Antigo Testamento e do Novo Testamento são distintos, e
não podemos fazer mais do que indicar suas características mais sobressalentes: o suficiente para que
possamos prosseguir com nossas considerações.

O texto hebraico

Todo o Antigo Testamento — com exceção de algumas breves passagens em aramaico nos
livros de Daniel e Esdras — está redigido em hebraico, e devemos a conservação do texto ao minucioso
cuidado dos judeus. Os escribas hebreus não multiplicavam cópias do texto sagrado, senão que, quando
uma ia desgastando-se, a copiavam com extrema precaução, comprovando até a soma das letras de
cada página, além de outras medidas para assegurar a identidade da cópia com o original. Quando
estavam satisfeitos com seu trabalho, o original era destruído, para que a Palavra de Deus — entendida
de forma externa — não sofresse deterioração. É por isso que os escritores, em suas investigações do
texto, não puderam, até datas recentes, basear seus trabalhos em manuscritos muito antigos, sendo os
textos hebraicos de maior confiança, os que os rabinos da escola dos Massoretas produziram nos
séculos IX e X de nossa era. Por isso o descobrimento dos manuscritos do Mar Morto no ano 1947 se
revestiu de grande importância para o estudo do estado do texto hebraico do Antigo Testamento, e,
resumindo em uma frase um assunto muito complicado, podemos dizer que estes documentos, que os
eruditos estão estudando com afinco em nossos dias, e que são datados nos séculos I e II a. C.,
aproximadamente, vem a confirmar o valor e a exatidão do texto massorético, base de nossas traduções.
2º GUIA DE HERMENÊUTICA 1
OBS.: NO CASO DAS VERSÕES DE TRADUÇÕES DA BÍBLIA, CONSIDERAR AS VERSÕES EM PORTUGUÊS
(COMO POR EXEMPLO, A ALMEIDA REVISTA E ATUALIZADA), POIS A REINA VALERA É PARA O ESPANHOL.
GUÍA 2 HERMENÉUTICA

O texto grego

O Novo Testamento está escrito em sua totalidade no grego helenístico (o Kioné, ou língua
comum) que, como resultado das conquistas de Alexandre Magno, se havia estendido pelo Oriente
Médio e a costa do Mediterrâneo, sendo falado por toda pessoa medianamente culta, e utilizado para o
comércio e o trato normal entre os diferentes povos do império romano. Os cristãos dos primeiros
séculos de nossa era tinham em alta estima os escritos que haviam saído do círculo apostólico, e
estendiam o conhecimento deles por meio de cópias que se enviavam às diferentes igrejas. Exerciam
todo o cuidado possível sem dúvida, mas frequentemente trabalhavam em circunstâncias de perigo e
pressa. Alguns copiavam um texto que tinham diante, enquanto que outros escreviam o ditado. Os dois
métodos podiam dar lugar a equívocos, seja por ver mal uma palavra, seja por ouvi-la mal. Esses
pequenos equívocos tem dado lugar às variáveis que se notam, e os eruditos — os críticos textuais, cujo
benemérito trabalho não se há de confundir-se com a “crítica” da teologia liberal — classificam os textos
em grupos segundo as características variantes, indicando estas, uma origem comum em certa região onde
muitos copiavam o mesmo texto.
Porém, os inimigos do Evangelho têm exagerado muito a importância dessas variáveis, já que
a imensa maioria delas não passam de ser pequenas mudanças — de prefixos, de ortografia, de partículas,
de ordem das palavras, etc. — que não alteram em nada o sentido do texto. Ainda no caso de poucas
variáveis de maior importância, não se acha nenhuma que afete doutrinas fundamentais, e podemos bem
crer que a providência de Deus estava acima do zelo dos cristãos dos primeiros séculos, velando pela pureza
da Palavra, apesar das fatídicas circunstâncias de então.
Fica como um fato reconhecido por todos os eruditos no assunto, que a base documental do Novo
Testamento é imensamente superior à dos clássicos daqueles tempos. Houve — e ainda há — um número
considerável de eruditos que dedicam sua vida a este trabalho da crítica textual, examinando e colecionando
milhares de manuscritos, agrupando-os segundo suas características, e aproximando-os mais e mais dos
escritos que saíram das mãos dos autores inspirados. Os textos de Westcott e Hort e de Nestlé, por exemplos,
são o resultado destes trabalhos, e podem ser usados com toda confiança.
Sir Frederick Kenyon, diretor em seus dias do Museu Britânico de Londres, e a maior autoridade
sobre questões do texto bíblico dos tempos modernos, pôde declarar que o leitor de hoje pode seguir seus
estudos bíblicos seguro de que o texto que tem diante de si não difere em nada essencial daquele que saiu
das mãos dos autores inspirados.
Para a imensa maioria de nossos estudantes, a parte prática do anteriormente dito consiste nisso:
para efeitos de estudos cuidadosos da palavra, deveríamos fazer uso de traduções que se baseiam nos textos
purificados à luz das muitas descobertas de valiosos documentos espirituais do último século e meio.
Obviamente a versão Reina Valera, produto dos séculos XVIXVII, não reúne estas condições, bem que
sempre será amada por sua bela linguagem e pela familiaridade que tantos crentes de fala espanhola hão
chegado a ter com ela durante os séculos passados. Ao mesmo tempo o estudante inteligente deve livrar-se
dos prejuízos em favor de determinada tradução, levando em conta as considerações que temos adiantado
acima.

O uso das traduções

O ideal seria que todos pudéssemos ler as Escrituras nas línguas originais, segundo os melhores
textos que os eruditos prepararam. Mas precisaríamos de profundos conhecimentos do hebraico,
aramaico e grego para poder beber desta fonte original, e este é um privilégio de uma seletíssima
minoria de eruditos. Conhecimentos elementares do grego e do hebraico poderão servir de ajuda para
o estudante humilde que os empregue para chegar com maior facilidade aos grandes comentários de
2º GUIA DE HERMENÊUTICA 2
OBS.: NO CASO DAS VERSÕES DE TRADUÇÕES DA BÍBLIA, CONSIDERAR AS VERSÕES EM PORTUGUÊS
(COMO POR EXEMPLO, A ALMEIDA REVISTA E ATUALIZADA), POIS A REINA VALERA É PARA O ESPANHOL.
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qualidade sobre os textos originais bíblicos. Mas, se alguém acredita que “Ler sobre o original” de uma
forma superficial o torna autoridade, então se engana miseravelmente, e seus conhecimentos não
passam de fumaça, que sobe com facilidade uma cabeça vazia.

O estudante diante de seu texto


Vamos supor que o estudante tem diante de si uma passagem que quer estudar. Desde já, o
mais essencial é ler com muito cuidado, atentando-se às palavras e frases, em primeiro lugar na versão
Reina-Valera. Está pedindo ao Senhor que lhe dê luz sobre sua Palavra, que quer entender bem.
Tantas verdades são entendidas pela metade (ou ao contrário) pela pressa! Depois de haver
considerado cuidadosamente o que tem diante de si, deve buscar ajuda de outras versões, notando os
diferenciais e procurando chegar a concordar os conceitos. Se tem à mão um comentário de confiança
(muitos são inadequados, e outros sofreram a influência de ideias modernistas) pode ver o que o
expositor disse sobre o sentido exato das palavras e frases.
Não tem que fazer caso das divisões em versículos e capítulos, feitas para a conveniência do
leitor, mas que não têm nada de inspirado. Algumas vezes estas divisões cortam o argumento de uma
seção natural, escurecendo assim o sentido.
Na prática, esta norma do cuidadoso exame do texto irá unida com outras que vamos
apresentar, mas para efeitos de uma clara apresentação do tema, temos que aprender a manejar nossas
“ferramentas” uma por uma.

O fundo do livro
O livro

Dentro do conceito de uma biblioteca divina que temos formulado em quanto a totalidade da
bíblia, o livro é a unidade natural e divinamente ordenada. Corresponde aos expositores bíblicos
apontar as seções naturais anteriores. Já vimos que a divisão em capítulos é defeituosa, cortando
frequentemente os argumentos em ligar de destaca-los. Mas cada livro em si é uma unidade,
constituindo um volume da sagrada biblioteca, e vamos estudá-lo como tal. A única exceção é a série
de livros históricos que se chamam 1 e 2 Samuel com 1 e 2 Reis, que formam um conjunto, dividido
desde tempos muito antigos por serem tão extensos.

O fundo do livro

Ao apontar as dificuldades da interpretação das Escrituras, notamos que porções desta literatura
divina foram escritas durante o decorrer de 1.500 anos, por uma grande variedade de autores, sendo
estes muito diferentes em sua cultura e procedência social, e sob a pressão de uma grande diversidade
de motivos ou necessidades. A unidade total é complementada necessariamente pelo plano divino por
trás dessa diversidade, que, sem esta direção divina, não passaria de ser uma coleção de escritos
díspares. Não podemos perder de vista nem por um momento que todos os volumes da biblioteca divina
avançam em sua medida a revelação e a história do pano de redenção. Mas temos de compreender
também que cada um leva sua marca e foi redigido em determinadas circunstancias, por pessoas
escolhidas e preparadas por Deus.
Daí surge a grande importância, desde o ponto de vista exegético, de aprender tudo o que se
possa acerca do livro. Pelo fundo queremos dizer tudo o que está relacionado com o autor: o momento

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OBS.: NO CASO DAS VERSÕES DE TRADUÇÕES DA BÍBLIA, CONSIDERAR AS VERSÕES EM PORTUGUÊS
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em que viveu, o auditório a quem se dirigiu, com suas condições naturais e espirituais. Também é
preciso saber algo da terra onde morava, e as circunstancias geográficas e históricas que direta ou
indiretamente se relacionam com a produção do livro. Temos de considerar a classe (gênero) de
literatura a qual pertence a obra; mas isso constitui um tema aparte, que será tratado mais adiante.
Talvez as perguntas mais importantes que vamos formular e responder no decorrer de nossas
investigações são estas: “Porque o autor escreveu este livro?”, “Qual o propósito imediato dessa
produção literária?”.
As investigações sobre o fundo do livro bíblico se levam a cabo mediante a ajuda de 1)
evidencia externa, e 2) evidencia interna. Às vezes há abundância de evidencia externa que nos ajuda
a situar o livro, como a arqueologia, por exemplo, no caso de Atos dos Apóstolos. Referindo-se a este
mesmo livro, e aos quatro Evangelhos, achamos também um número considerável de menções e
citações na obras que se hão conservado dos chamados Pais apostólicos do século II, , assim como nas
de outros autores cristãos dos primeiros séculos de nossa era. De grande interesse são as notas sobre a
época disseminadas pelas obras de Flávio Josefo, o historiador judeu. Graças as modernas descobertas
arqueológicas se aumentam cada vez mais a evidencia externa do fundo de todos os livros bíblicos.
Outra luz muito importante é a que outros livros bíblicos podem jorrar sobre o que estamos estudando.
Chega a ser imponente o conjunto desta evidencia externa e é em si uma ampla esfera de estudo.
A evidencia externa é a que podemos tirar de cada livro por notar, em seu contexto, tudo quanto
se relaciona com o autor, os leitores e as circunstancias do momento. Para a Epístola aos Hebreus não
existe mais que a evidencia interna. Mas é notável o que podemos saber do fundo desta grande carta
por analisar os conceitos que ela mesma contém.

Manuais bíblicos

Os estudantes de hoje são afortunados por disporem de muitos livros de referência que
complementam, de forma conveniente, os dados mais essenciais em quanto ao fundo dos livros
bíblicos. Há muito mais escrito na língua inglesa que na espanhola, porém, não obstante, durante os
últimos anos, importante sobras deste gênero foram traduzidas, de modo que o número de manuais
bíblicos tem aumentado.

A geografia bíblica

Deus escolheu certos cenários para expandir as maravilhas do plano de redenção. O centro
deste cenário é a terra da Palestina, mas engloba também os países compreendidos desde a Pérsia até
a Itália, ou seja, a parte oriental do que agora chamamos de Europa (que é um conceito moderno) e
Oriente Médio. O estudando deveria tornar-se amigo de bons mapas que representem estas terras
bíblicas.
1. Palestina (Israel) - É uma terra muito limitada em extensão, mas adquiriu pela eleição divina
uma importância que a torna o eixo do mundo. É preciso notar sua posição entre o mar
Mediterrâneo e os desertos da Arábia, pois dela depende seu caráter de corredor por onde
haveriam de passar os imigrantes, os comerciantes e os exércitos dos conquistadores (ou dos
derrotados) que queriam transitar entre os grandes impérios que ocupavam a Mesopotâmia, por
uma parte e o Vale do Nilo por outra. Os acidentes orográficos permaneciam e permanecem
iguais, influindo silenciosamente no desenvolvimento da história, porém o mapa político ia
caminhando constantemente, de modo que deve estudar-se segundo a época de que se trata: a
patriarcal, a da conquista sob Josué, a dos juízes, a da monarquia sob Davi e Salomão, a da
divindade dos reino israelitas, a dos tempos herodianos, etc.

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2. Os grandes impérios - Os impérios que mais influíram na vida de Israel, e por conseguinte na
composição dos livros bíblicos, são: Assíria e Babilônia (que exerciam alternativamente a
hegemonia da Mesopotâmia, ou seja, as terras regadas pelos grandes rios Eufrates e Tigre),
Pérsia, Grécia e Roma. Para a devida interpretação de seus muitos livros é preciso que o leitor
da Bíblia adquira conhecimentos dos flutuantes limites destes impérios, com suas principais
cidades.

3. São importantes os países de fronteira com Israel, sujeitos frequentemente como varas na mão
de Deus para o castigo de seu povo infiel. Todos estes países tocavam a história de Israel em
algum momento, e com variável intensidade: Síria ao Norte (que não deve ser confundida com
a Assíria), Moabe, Ammóm, Edom, Filístia e Fenícia (Agora Líbano). É importante poder
localiza-los no mapa, e lembrar o nome de suas cidades mais destacadas.

4. Deve conhecer-se as terras que mediavam entre Jerusalém e Roma nos tempos de Paulo, e que
constituíam o cenário da evangelização dos gentios sob a guia deste grande apóstolo. Nelas se
acham as bases de Jerusalém, de Antioquia na Síria, de Tessalônica, de Corinto e de Éfeso,
desde as quais o evangelho se estendeu por toda aquela parte oriental do império de Roma, e
que forma o fundo geográfico dos Atos e das Epístolas.

A história dos tempos bíblicos

Se o cenário é importante, ainda mais o são os grandes fatos históricos que vão balizando o
desenvolvimento do plano da redenção. O mais importante se acha na própria bíblia, e o centro é
sempre o povo escolhido. Mas deveríamos adquirir conhecimentos sobre o maior destaque da história
dos países e impérios que esbarram com a de Israel. Pensamos espacialmente na da Assíria desde o
reinado de Tiglat Pileser III em diante; a do renovado império da Babilônia (que foi meio nas mãos de
Deus para castigar o povo rebelde, destruindo tanto o trono como o templo); a da Pérsia, que interessa
pelo conteúdo de Daniel, Esdras, Neemias e Ester; a da Grécia, que é referida profeticamente em
Daniel, e cuja breve hegemonia preparou não só o idioma do Novo Testamento, mas também muitas
das características da civilização que vemos em operação nos tempos do Senhor e dos apóstolos. Roma
ocupa um lugar preeminente, por sua relação com os primeiros tempos da igreja, como também por
seu lugar na palavra profética.
O estudante não deve desanimar antes da tarefa, pois não sugerimos que aprenda tudo o que
foi indicado num período de meses, senão que, se de verdade lhe interessa entender exatamente a
Palavra divina, vá adquirindo estes conhecimentos pouco a pouco. É notável o que se pode fazer com
esforços ordenados acompanhados de entusiasmo, durante um período de anos. A tarefa é árdua, mas
ao mesmo tempo muito gratificante, já que por ela nossa compreensão da Palavra vai sempre
aumentando, o que em si, é um rico galardão.

A data

Cada livro se situa num distrito geográfico concreto e em um período determinado de tempo.
A pregunta, “Quando se escreveu este livre?”, é de grande importância, já que as condições espirituais
do povo variavam constantemente, e delas surgiam as mensagens. Os profetas Jeremias e Ezequiel
eram contemporâneos, profetizando ambos nos anos anteriores à destruição de Jerusalém (Amém de
algumas profecias posteriores), o que determina a natureza de seus oráculos. As marcadas diferenças
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obedecem a diferenças no cenário e no auditório, poste que Jeremias ministrava dentro da cidade
rebelde de Jerusalém, enquanto que Ezequiel queria educar aos cativos que se achavam ya na
Mesopotâmia, frente a tragédia que se precipitava a seu fatal resultado na pátria. A missão profética de
Isaías é muito parecida em sua essência à dos profetas mencionados, porém, surgem importantes
diferenças e matizes em vista de que se profetizava em Jerusalém durante o oitavo século, enquanto
que os “profetas do fim”, proclamavam sua mensagem de juízo ao princípio do sexto século antes e
Cristo.
Muito se há dito para que o estudante se interesse nas datas dos livros, que, ainda tratando-se
de um período muito mais limitado, tem igual importância no Novo Testamento assim como no Antigo.

A ocasião do livro

Desde o ponto de vista da exegese de um livro, a consideração de maior importância é a


seguinte: “Porque foi escrito?”. Ainda nestes dias da multiplicação desmedida de publicações, alguma
razão terá o autor ao dar uma obra ao público, e na antiguidade custava muito mais estampar seus
pensamentos em um escrito. Além do mais, os livros desta biblioteca divina foram selecionados pelo
Espírito de deus, o que dá um realce especial tanto na ocasião imediata como à mensagem permanente.
Quanto ao lindíssimo Evangelho segundo João, se nos explica o porquê do escrito no próprio
livro: “Estes (sinais) foram escritos para que creiais que Jesus é o cristo, o Filho de Deus, e para que
crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo. 20:31). Ao qual poderíamos adicionar outros versículos chave
como 1:14; 18; 3:16 e 17, etecetera. Os quatro Evangelhos foram escritos para dar a conhecer a “glória
de Deus na face de Jesus Cristo”, bem que se distinguem por apresentações diferentes e
complementares, segundo o propósito imediato do autor.
As epístolas oferecem bons exemplos de escritos que se motivaram por circunstancias
claramente determinadas, e que devem ser levadas em conta cuidadosamente se vamos chegar a uma
exegese adequada. A epístola de Gálatas, por exemplo, foi redigida com o fim de salvar a certas igrejas
da província da Galacia do perigo de se deixar arrastar pelas doutrinas dos judaizantes, ou seja, os
judeus que haviam aceitado a Jesus como seu Messias nacional, mas criam que os convertidos gentios
deviam entrar no redil do judaísmo mediante o rito da circuncisão, para em seguida se submeterem às
demandas da lei de Moisés. A urgência da ocasião impõe uma grande homogeneidade sobre o escrito,
até o ponto de que não há um só texto que não tenha referência ao propósito. Se desconhecêssemos a
ocasião perderíamos muito do sentido da apresentação magistral e forte da doutrina apostólica nesta
epístola.
A primeira epístola aos Coríntios também foi motivada por umas notícias e cartas que Paulo
havia recebido da igreja. Mas neste caso a situação era complexa, e é mais difícil em certas passagens
discernir o porquê da resposta ou esclarecimento apostólico. Porém, contudo, muitos pontos se
iluminam se considerados sobre o fundo das circunstancias que podemos vislumbrar.
Na seção sobre gêneros literários teremos ocasião de mencionar o propósito por trás dos livros
de Crônicas, que servem de chave para compreender o princípio de seleção que admite ou exclui certos
incidentes históricos.

Conselhos práticos

Suponhamos que o estudante das Escrituras que se interessa em considerar as normas


exegéticas desta pequena guia fique preocupado também por adquirir compêndios e manuais que lhe
forneçam as ajudas precisas para orientar-se sobre o fundo dos livros bíblicos. Recomendamos que
antes de estudar um livro o estudante o leia várias vezes, seguida e cuidadosamente, em várias

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OBS.: NO CASO DAS VERSÕES DE TRADUÇÕES DA BÍBLIA, CONSIDERAR AS VERSÕES EM PORTUGUÊS
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traduções. Ao mesmo tempo pode ir juntando dados sobre o fundo, utilizando as ajudas que tenha a
mão. Depois deve poder distinguir a análise do livro, ou seja, o desenvolvimento do pensamento,
destacando as seções e subseções naturais. Conhecendo já o fundo e o contexto, estará preparado para
examinar o texto minuciosamente, segundo as indicações anteriores, e por fim, e sempre que busque
humildemente a iluminação do Espírito Santo, haverá tomado posse destes tesouros que seu Pai
celestial proveu para o aumento de sua riqueza espiritual.

PERGUNTAS
1. Explique o que entende por “o fundo bíblico”, e quais ajudas são úteis para lançar luz sobre ele.

2. À luz do aprendido neste capítulo, enumere as coisas que deverão ser levadas em conta para
compreender bem o conteúdo do livro dos Atos dos Apóstolos. Justifique sua resposta.

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