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Área I: A Pessoa

O sujeito Lógico-Psicológico
Tema-problema 1.3: A comunicação e a construção do indivíduo

Documento de ampliação
PARA LÁ DA NOSSA JANELA

Vinhas e Oliveiras,
Miro, 1919

«Todos nós somos inclinados a aceitar formas e cores convencionais como as únicas
corretas. Por vezes, as crianças pensam que as estrelas devem ter o mesmo formato estelar,

Fonte: Areal Editores


embora não o tenham naturalmente. Os adultos que insistem em que, num quadro, o céu
deve ser azul e a relva verde, não são muito diferentes dessas crianças. Indignam-se se veem
outras cores num quadro, mas se tentarmos esquecer tudo o que ouvimos a respeito da relva
verde e céu azul, e olharmos o mundo como se tivéssemos acabado de chegar de outro
planeta numa viagem de descoberta e o víssemos pela primeira vez, talvez concluíssemos
que as coisas são suscetíveis1 de apresentar as cores e formas mais surpreendentes. Ora, os
artistas sentem, às vezes, como se estivessem empreendendo tal viagem de descoberta.
Querem ver o mundo como se fosse uma novidade e rejeitar todas as noções aceites e todos
os preconceitos (...). Não é fácil libertarmo-nos dessas ideias preconcebidas, mas os artistas
que conseguem fazê-lo produzem frequentemente as obras mais emocionantes. São eles
quem nos ensina a ver na natureza novas belezas de cuja existência nunca havíamos
sonhado. Se os acompanharmos e aprendermos através deles, até mesmo um relance2 de
olhos para fora da nossa própria janela poderá converter-se numa aventura emocionante.»

GOMBRICH, E. H., A História da Arte (adaptado)

1
Aptos para receber, ter ou experimentar.
2
Movimento rápido.

Fonte: Areal Editores

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