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O Artista

Sua mente e suas mãos lhe foram dadas para criar. Você é uma
ebulição de novas ideias e precisa exteriorizá-las e fazer algo com
elas. É imaginativo, tem sensibilidade artística e uma visão diferente
das coisas. A imobilidade não lhe agrada, mas como poderia, se
essa sua cabeça não para de inventar?

https://litera.mus.br/jung-e-o-arquetipo-da-musica/

Jung e o arquétipo da música


Jung em Cartas 1946-1955 disse sobre a música:

É certo que a música, bem como o drama tem a ver com o


inconsciente coletivo […]. De certa forma, a música expressa o
movimento dos sentimentos (ou valores emocionais) que
acompanham os processos inconscientes. O que acontece no
inconsciente coletivo é por sua natureza arquetípico e os arquétipos
têm sempre uma qualidade numinosa que se manifesta na
acentuação do emocional. A música expressa em sons o que as
fantasias e visões exprimem em imagens visuais.

Ouça agora Arquétipos – O encontro com a sombra é um disco


diferente: são 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e
memórias de C. G. Jung:

O ser humano é um ser musical

A música preenche sua vida desde a canção de ninar aos que


recém nasceram até o réquiem. A música embala o sonho do que
nasceu e do que morreu. São tendências estruturantes do
pensamento, percepção e atuação do indivíduo na vida […]. Os
arquétipos exercem “influência” na percepção e conduta do ser
humano. 

A música provoca emoções no ser humano e vale lembrar que os


complexos na psicologia de Jung são conteúdos arquetípicos
carregados emocionalmente. A música faz o ser humano rir, chorar,
empolgar-se, acalmar-se e um mosaico de emoções podem ser
ativados pela influência da música. Todas estas emoções
suscitadas pela música são conteúdos psíquicos carregados de
emoção. A música atrai emoções e este é o modus operandi do
complexo psíquico e vale ressaltar que o núcleo de todo complexo é
um arquétipo.

Se a música atrai emoções ela atua como uma força


arquetípica

São ideias ou formas de pensamento que criam imagens ou visões


que são as representações arquetípicas, havendo assim um
determinante de predisposição interna para perceber o mundo de
certa maneira e de orientar-se no mundo movido por estas forças
arquetípicas.

Na antiga Grécia, acreditava-se que a música tinha sua origem nos


deuses. Um exemplo de representação arquetípica da música é o
deus Apolo, o deus das artes e, consequentemente da música. As
Musas utilizavam a música para encantar até os próprios deuses.
Na Grécia antiga os músicos eram tidos como descendentes de
Apolo e das Musas.

A música toca o ser humano no corpo e na alma

Orfeu empreendeu uma jornada ao mundo subterrâneo de Hades e


lá comoveu com sua música Hades e Perséfone. Hermes é
considerado o criador da lira, um instrumento de cordas. A música
era presente nas celebrações ao deus Dionísio e nos mistérios de
Eleusis. Representações arquetípicas são inúmeras e nas mais
variadas mitologias. A música faz parte da história humana e faz
com que o ser humano perceba o mundo de forma diferente.

Lançando o álbum Arquétipos – O encontro com a sombra

São 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e memórias de C.


G. Jung, codificador da psicologia analítica. As composições falam
sobre arquétipos, signos, símbolos e o encontro com as nossas
sombras. Traçam a jornada do anti-herói no cotidiano, o
inconsciente coletivo e a busca de si mesmo. Isso não é um
conceito. É um enigma.

Nossas músicas estão em todas as plataformas pra ouvir


grátis.

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“Ninguém se ilumina imaginando figuras de luz, mas se


conscientizando da escuridão”.

– Carl Jung –

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encontro-com-a-sombra/

Lançando o álbum Arquétipos – O encontro…


Pre-Save, lançando o álbum Arquétipos – O encontro com a
sombra. O álbum oficial vai ser lançado em 18 outubro de 2019

PLAYLIST: Músicas de Autoconhecimento


PLAYLIST: Músicas de Autoconhecimento. Às vezes, de tão pop,
não percebemos o quão profundas são as músicas que estão
disponíveis no cancioneiro popular. Enquanto não não vêm o novo
álbum Arquétipos, o encontro com a sombra, vamos trazer
assuntos que fazem parte das histórias que vamos contar nesse
novo ciclo.

Por exemplo, eu, André, sempre gostei das músicas de rádio,


músicas populares de todos os estilos. Por isso, resolvi fazer uma
lista que me inspira profundamente e vou compartilhar com vocês.
Tem muito de Lítera em cada uma delas.

O eu inconsciente

Então, essa é uma lista de músicas de autoconhecimento. São


letras de músicas para trabalhar o “EU”, que  falam sobre a vida,
coisas que estão lá no inconsciente, e por mais brega e batido que
possa ter se tornado falar em “autoconhecimento”, a gente sabe
como é importante manter esse tema em evidência com seriedade
e leveza.

Esta é uma seleção de músicas de autoconhecimento que


transformaram a minha vida. Sabe o que sua mente está dizendo
agora sobre você? Ouvir esses grandes mestres pode determinar
os resultados da sua vida atual. Sério mesmo.

“Minha cabeça só pensa aquilo que ela aprendeu. Por isso não

confio nela, eu sou mais eu”

— Raul Seixas —
Arquétipos, O Encontro Com a Sombra (2019)

São 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e memórias de C.


G. Jung, codificador da psicologia analítica. As composições falam
sobre arquétipos, signos, símbolos e o encontro com as nossas
sombras. Traçam a jornada do anti-herói no cotidiano, o
inconsciente coletivo e a busca de si mesmo. Isso não é um
conceito. É um enigma.
Renata Crawshaw, André Neto e Elaine Foltran integram a banda

Intitulado Arquétipos – O Encontro com a Sombra, o álbum parte de


uma jornada de conhecimento do grupo.

Se você ouvir da primeira até a décima segunda faixa, é os 12 passos,


a jornada do herói do cotidiano. Eu diria até do anti-herói, pois é uma
história aberta, com várias etapas. Me baseei muito nas ideias do
Jung, no inconsciente coletivo — explica André Neto (vocalista e
guitarra). Completam a banda Renata Crawshaw (bateria) e Elaine
Foltran (voz, piano e teclado).
Ao longo de 12 de faixas, a Lítera propõe versos que acabam em
interrogações, como em Prometheus (“Qual a diferença do que sou e
o que interessa?/ O que é um traço, natureza ou defeito?/ (...) Qual a
diferença entre palco e o que não presta?”) e Sagrado Coração de
Marcelo Lucídio (“E você? Pensa que vê tudo que vê?”).
— Não são canções que vão decifrar conceitos, pelo contrário, a
maioria das músicas traz perguntas que não têm respostas. Esse
processo de encontrar com a nossa própria sombra. Reconhecendo
na gente esse lado oculto. Entender a sombra para entender o que se
é — destaca André.
Em sua sonoridade, a banda flutua por diferentes estilos, indo do indie
pop, folk e se encaixando na cena da “nova MPB”. No entanto, em vez
de priorizar um gênero específico, a Lítera procura trabalhar todas as
faixas para proporcionar um clima que favoreça a música.
Independente, 12 faixas, disponível nas plataformas digitais. No show
no Teatro de Arena, estará sendo vendido um caderno a R$ 25 com
ilustrações e QR code para acessar as faixasReprodução /
Reprodução
— Cada música tem o seu favorecimento, se há menos guitarra, mais
piano ou violão. Foi um disco bem experimental — define o vocalista.
Por exemplo, em Prometheus, a banda buscou uma sonoridade que
proporcionasse a sensação de se estar caminhando no Centro de
Porto Alegre às 18h, em muvuca de gente. É uma música de
movimento. Por outro lado, a delicada Guarda-Chuva tem a batida de
um pingos de água no telhado.
— Teoria dos Afetos tem uma coisa de Nave da Xuxa, remete
a Strangers Things, de alguém que está se descobrindo. Cada música
é muito diferente uma da outra — pontua André.

Ingressos
EVENTO ENCERRADO
Lítera faz show de lançamento do álbum Arquétipos: o
encontro com a sombra.

Você tem coragem de encarar sua própria sombra? Arquétipos - O


encontro com a sombra

A banda
Lítera é uma banda brasileira formada em 2009, em Porto Alegre.
A banda mistura estilos que vão do chamado “Nova MPB” ao Indie
Rock. Seus álbuns são obras conceituais e em diversas
músicas há a presença de temas filosóficos, astrológicos,
simbolismo gótico e romântico.

A banda foi Finalista do Festival de Música de Porto Alegre, Melhor


disco do ano eleito pelo público do ClicRBS (2009), Turnê
UPCD de 60 shows no RS, SP e MG | 2009-2013. Shows
históricos no Solar da Marquesa e Cemitério da Consolação (SP) |
2016. Mais de 52 mil adesivos “Vc já viveu um amor
impossível?” espalhados pelo mundo em ação que fez história no
marketing da música. Turnê Caso Real de 120 shows no RS, SP e
Portugal e França | 2015-2018, fechando com um show na Casa
da Música na cidade do Porto, Portugal.

Trajetória

Na estrada há mais de 10 anos, a Lítera ficou super conhecida com


a intervenção urbana que espalhou mais de 52 mil adesivos pelo
mundo com a pergunta “vc já viveu um amor impossível?”.
Depois de três anos e muitas marcações em postagens de
admiradores do trabalho, a banda lançou o single que leva a
mesma frase dos adesivos no nome. Para a criação da música, os
fãs responderam à pergunta diretamente nas redes sociais e, para a
surpresa de muitos, o amor impossível era muito mais sobre pais e
filhos do que sobre relacionamentos afetivos.
Na bagagem, shows feitos em lugares, no mínimo, diferentes,
como o Cemitério da Consolação em São Paulo – ao lado do
túmulo da Domitila (a Marquesa que inspirou o álbum Caso Real).
Em 2018, o que era um power trio de rock resolveu dar uma virada
e se jogar em uma experimentação constante. Chamaram duas
mulheres: Elaine Foltran (pianista clássica) e Renata Crawshaw
(baterista), e abraçaram a proposta de sair totalmente da zona de
conforto com este novo trabalho.

Como a banda – André, Elaine e Renata – mesmo define a


experiência:

isso não é um conceito. É um enigma.

Estreia o disco Caso Real (2015) no Teatro do Sesc de Porto


Alegre. Em São Paulo, lançam no Solar da Marquesa de Santos, na
programação do aniversário da cidade.

Tocaram no Cemitério da Consolação, onde a Marquesa


(Domitila) está sepultada, sendo o primeiro show dentro de um
cemitério no país. Esse foi o ano de início da ação que em 2017,
encerrou o Festival de Verão da Casa da Música  (Porto,
Portugal).  Em 2018/2019 a banda preparou o novo álbum. São
12 canções baseadas nos sonhos, estudos e memórias de C. G.
Jung, codificador da psicologia analítica. Clique aqui para ouvir as
músicas.

As composições falam sobre arquétipos, signos, símbolos e o


encontro com as nossas sombras. Traçam a jornada do anti-
herói no cotidiano, o inconsciente coletivo e a busca de si
mesmo. A composição do disco vêm de uma longa pesquisa
do compositor André Neto e que mais tarde virou caminhadas
com os fãs pelo centro histórico de Porto Alegre.

Eae, você tem a coragem de encarar a sua própria sombra?


Biografia

André Neto, fundador, compositor e vocalista da Lítera

Sobre drogas, morar em ocupação, e entender de onde eu vim

Por André Neto

A história da Lítera se confunde com a minha. Me chamo André


Barbosa Hernandez Neto e nasci na Zona Norte de Porto Alegre, no
bairro Leopoldina. “Os invadidos” – esse era o apelido do conjunto
habitacional do governo que estava abandonado, onde morei até os
meus 7 anos.

Meu pai e minha mãe eram batalhadores como a maioria das


pessoas naquele lugar. Durante esse tempo ocupando o prédio,
juntaram dinheiro, pegaram emprestado aqui e alí, pra gente
conseguir pagar um aluguel e aí fomos para a “Vila Leão”, no bairro
Sarandi, na época o maior bairro da cidade.

Era considerado um bairro de classe média baixa e algumas vilas


de lá estão em processo de regularização até hoje.

SARANDIRÚ

Um tempo depois descobri que, no centro da cidade, meu bairro era


chamado de “Sarandirú”. Pra nós, que morávamos ali, era
carinhosamente apelidado de “Saranda”.

Foram episódios mais ou menos como esse que me fizeram, aos


poucos, perceber que quem vinha de onde eu vim não podia fazer
certas coisas e nem estar em certos lugares.

Bairro Leopoldina, verão de Porto Alegre de 1985

Era nesse contexto que eu vivia o conflito da vida moderna. Estava


muito distante do porto, que dava o nome da cidade. Não me sentia
morador de Porto Alegre – eu era do Sarandi. Era um bairro que
tinha tudo que a gente precisava. Nem tão ruim a ponto de ser
miserável, nem tão bom a ponto de ser pleno.

Era o que tinha. Assim como muitos, sou filho de uma geração de
pais que trabalhavam demais, sem lazer, passavam muitas horas
na função do trabalho e no deslocamento até ele.

A FAMÍLIA QUE MEXE COM ESPÍRITOS

Sou o mais velho de três irmãos. Depois de mim veio a L. e o A.


Somos a junção de um motorista, A.F.B.H, e uma metalúrgica,
J.L.V.H. Fui criado dentro de um ambiente espírita. Por isso,
nas aulas de religião do colégio, me tiravam de dentro da sala.

Não fiz catequese nem crisma, o que aumentava meu ar de


estranho/esotérico/ocultista/batuqueiro/que-mexe-com-
espíritos na turma. A catequese era um evento social, todo
sábado o pessoal se encontrava, rolava os namoros e festinhas
no salão da igreja.

Eu, como não era da paróquia, ficava de fora. Me colocaram


então no grupo de jovens da sociedade espírita Homens de
Boa Vontade, mas não tinha nenhum amigo que frequentasse
lá.

BIPOLARIDADE E ALCOOLISMO

Meu pai tinha transtorno bipolar e fazia uso de bebidas alcoólicas e


drogas durante os períodos de recaída. Aliás, quando ele bebia era
uma faca de dois gumes: quando bebia até um certo ponto, não
muito, na minha inocência eu gostava, porque assim ele me deixava
sair pra rua, jogar futebol (claro, o motivo era que ele e minha mãe
iriam brigar ou então ele iria ficar horas trancado no banheiro ou na
cozinha).
Por outro lado, se bebesse demais, ficava violento. Aí não era

bom pra ninguém…

Hoje eu tenho um entendimento maior sobre isso, mas na época eu


via ele como um grande vilão. Já busquei ele no chão da rua
algumas vezes e levei pra clínicas de reabilitação outras tantas
vezes.

Quando eu era adolescente, muitas vezes ouvi piadas de colegas,


que achavam engraçada aquela situação de ver o pai do André
bebado, caído no chão. As crianças no colégio são cruéis
quando querem.

No começo eu tinha muita vergonha, mas depois eu passei a sentir


raiva e muita tristeza. Quando ele conseguia se manter
medicado e estável (fazendo uso de muitos remédios, sendo
muitas fórmulas à base de carbonato de lítio), era uma pessoa
doce, amável e um grande contador de história.

Ele se tornava um gigante gentil. Era agoniante não saber

quem ele iria acordar a cada manhã.

Minha mãe, sem palavras, é uma grande mulher. Forte, suportou


muitas coisas em silêncio, não deixou que muita notícia ruim ou
pesadelo chegasse na gente. Machucava ver minha mãe sofrer
com isso, mas mesmo assim eu sei que muitas vezes reproduzi
alguns comportamentos e causei sofrimentos à ela.

Eu me tornei rebelde, desaforado, não queria estar ali. Mas mesmo


com aquele ambiente totalmente contaminado de violência, nunca
me envolvi com drogas – lícitas ou ilícitas. Eu via a droga como a
grande causadora do sofrimento da minha família e da família dos
meus amigos.
Os bares no fim de tarde estavam sempre cheios com os pais. E as
mães em casa, fazendo comida. Eu me sentia muito triste e
impotente com aquela geração anterior à minha. Mães vivendo à
base de remédios, pais alcoólatras, vidas infelizes.

Enquanto isso, a propaganda na TV incentivava e estimulava o uso


delas. Contrastando com as cores em excesso do final dos anos 80
e início dos 90, naquele momento a vida parecia ser cinza, preta
e branca. Ainda era uma geração de muito consumo de coisas
ruins, então era difícil viver num ambiente assim e não se
portar da mesma forma.

NEM TODOS FICAM PRA CONTAR HISTÓRIA

O tédio me consumia. Os antigos “campinhos” eram o ponto alto do


meu dia, mas meu tempo pra jogar futebol lá também era regulado.
Eu não tinha o que fazer no resto do dia. Com o dinheiro sempre
contado pra sobreviver, nem cogitava conhecer outras partes da
cidade. Muitos dos meus amigos encontraram meios de ocupar
suas tardes, acharam uma forma de anestesiar aquela angústia. Eu,
por viver em casa todo o mal que aquilo causava, optei pelo tédio.

Escrever sobre isso me faz lembrar do dia em que, com quase 30


anos, reencontrei um colega da quinta série. Perguntei pra ele da
galera toda da Aldeia SOS, que foram nossos colegas. “Dos 12, 5
estão vivos, contando que 2 somos nós aqui.”

Nessa época, eu já tinha saído do Sarandi. E mais uma vez a vida


me lembrou que a realidade, as estatísticas e as condições de onde
eu vim são bem diferentes. Me senti privilegiado simplesmente por
morar num bairro menos distante do centro. E também carreguei
uma certa culpa naquele momento. Veio aquela sensaçãozinha de
“estou fazendo algo errado”. Afinal, querer viver de arte não era pra
mim. Não era pra alguém do Sarandi.

Me lembro de alguém um dia me perguntar “quantos por cento de


pessoas tu já viu saírem daqui e fazerem sucesso?”. Ainda bem que
eu não dei bola pra essa estatística.
Como eu virei gótico, trevoso e suave

Na adolescência, participei de gangues. Pra sair pra pichar ou pra


brigar nas saídas dos colégios. Vi um guri levando tiro do meu lado
(nunca soube o que aconteceu com ele), cheguei a roubar bonés e
objetos pequenos por pura rebeldia. Queria testar os limites, mas,
ao mesmo tempo, tinha muito medo de desapontar minha família.
Em casa eu era uma pessoa, na rua outra.

GÓTICOS DO SARANDI

Um dia, estava sentado na frente dos blocos do condomínio em que


morava e vi passar um cara de uns 18 anos, todo de preto, de
botas, sobretudo e olhos pintados.

Aquilo me impressionou muito! Fui atrás dele pra tentar entender


quem ou o quê ele era. Entrou dentro do bairro como se fosse um
morador, mas era fácil reconhecer alguém de fora, ainda mais
vestido assim. No Sarandi eram sempre as mesmas pessoas,
ninguém de outro lugar vinha lá, mesmo os familiares/visitantes, até
os carros a gente sabia de quem eram.

Segui até ele entrar no “Beco do Luterano”, que ficava de costas pra
uma escola. Lá, pichou num muro enorme: “Punk is not dead”,
“Góticos do Sarandi” e desenhou um caixão com uma cruz. Fiquei
chocado! E aquilo me mudou pra sempre.
“Saí correndo pra casa sem ter coragem de comentar o que

tinha visto, foi muito assustador.”

Como era em inglês, eu não tinha noção do que ele tinha escrito lá,
mas o caixão indicava que a coisa não era boa. E aquele cara todo
de preto… tinha um mistério que me dava muito medo, mas
também me instigava, eu não resistia a curiosidade de saber quem
ele era.

Voltava lá sempre, só pra ficar olhando pro muro. Ia escondido,


porque não podia sair de perto dos prédios onde morava, era
perigoso e os meus pais tinham me proibido. Um dia um amigo
traduziu a frase pra mim. Agora eu sabia o que estava escrito, mas
não entendia o que queria dizer. Inclusive a palavra “gótico”
ninguém sabia o que significava, mas pra mim era alguma coisa a
ver com noite e morte.

Quando eu voltava do beco, sentia vergonha de olhar um quadro


com a imagem de Jesus que tinha lá em casa, me dava muita culpa
de estar gostando daquilo.

A MÚSICA DA RUA DO VALÃO

Naquele momento, as bandas inglesas começam a chamar a minha


atenção. Tinham as mesmas insatisfações, vidas bem parecidas,
eram jovens do subúrbio britânico.

The Smiths, The Cure, Joy Division, Echo In The Bunnymen… elas
pareciam retratar tudo aquilo que eu vivia com sua poesia, som.
melancolia e fúria. Essas bandas do pós punk iriam influenciar o
que mais tarde se tornaria a Lítera.

A identificação com a estética, as letras, a sonoridade parecia dar


um sentido pra tudo aquilo que eu sentia.
Eu ficava no cordão da calçada, perto da casa de um cara da rua do
valão (Av. Sarandi),  pra ouvir as músicas que eu não fazia a menor
ideia de quem eram, e nem de como procurar, mas eu amava. E era
The Cure.

O espaço da música sertaneja e do pagode dos anos 90, além das


boy bands, era muito forte. Nesse momento se dava o começo do
fim do rock nas mídias de grandes massas. Bandas como o
Nirvana, RadioHead e Pixies fecharam a tampa desse caixão.

No Brasil, o que viria depois seriam bandas de rock com elementos


regionais, misturas, fusion e cada vez mais agradáveis pra mim,
como Chico Science, Pato Fu, Los Hermanos… e eu tava amando
isso.
Tempo de mecânico e sede de infinito

Aos 15 anos, fui trabalhar na oficina mecânica de caminhão do meu


avô. O “Neto” do meu nome é por causa dele. Éramos grandes
amigos, parceiros de viagem, de caça ao tesouro, entre outras
aventuras que um dia eu conto aqui. Em seguida, fui morar em um
quarto na oficina de mais ou menos 2×4 metros, era o quarto em
que o meu tio Chico morava antes.

Nesse momento, o futuro ficava cada vez mais incerto pra mim.
Tinha medo de ser pra sempre alguma coisa que não estava nas
minhas expectativas, mas também não queria desapontar o meu vô.
Dizer que não queria ser mecânico como ele seria uma grande
decepção eu acho.

Não sabia ainda exatamente o que gostaria de ser, mas as opções


que eu tinha eram: trabalhar como uma engrenagem numa
profissão com que eu não me identificava ou seguir uma via que
não era legal. Só que eu não queria nenhuma delas.

TU NÃO É HOMEM? TEM QUE AGUENTAR!

A vida numa oficina mecânica à moda antiga no inverno era fria,


mais fria do que se pode imaginar. No verão, o calor era
insuportável. A graxa do piso potencializava qualquer clima.

Era um trabalho pesado, e a única palavra de resiliência era


que meus tios também passaram por aquilo e que na época
deles era bem pior. Na minha cabeça, eu seria um fraco se não
suportasse. O machismo molda a gente desde pequeno,
ouvindo frases do tipo “tu não é homem? tem que aguentar!”.

Com certeza ali não era o lugar onde um adolescente gostaria de


estar. A coisa era bem rústica, as ferramentas rudimentares e a
insalubridade era vista como “sem frescura”. Ao mesmo tempo,
havia muita sinceridade, pessoas de verdade.
Lá conheci gente fantástica, histórias de caminhoneiros com um
conhecimento empírico inacreditável. A oficina nesse período era:
meu Tio Chico, meu avô e eu de ajudante. Essas são duas das
pessoas que construíram minha base, que me ensinaram sobre
honestidade e sobre nunca desistir. Sabe aquelas pessoas que não
tem tempo ruim? Eles. Hoje reconheço tudo que vivi e honro esses
momentos.

No auge da puberdade, trabalhar lá acabou potencializando coisas


boas e ruins que existiam em mim.

Comecei a escrever poesia nesse quartinho da oficina. Trabalhava


durante o dia e estudava à noite. Eu era muito organizado e meu tio
ficava muito orgulhoso de eu manter o quarto sempre arrumadinho,
mostrava pros clientes mais próximos todo faceiro. Acho que eu
surpreendi.

Ele gostou muito da minha atitude, de eu ter feito algo legal sem
ninguém precisar pedir. E eu ficava muito feliz de ver ele feliz.

Uma das coisas ruins era a vergonha de chegar na aula fedendo a


diesel e com as mãos encardidas de graxa. Antes de ir, conferia mil
vezes se estava tudo certo, mas mesmo assim tinha dias em que
aquilo simplesmente não saía de mim.

Eu sonhava em conseguir um emprego em que pudesse trabalhar


limpo, dentro de um escritório, pra poder ter mais tempo, ser
respeitado e conseguir montar uma banda. Não sabia exatamente o
que eu faria num escritório, mas achava bonita a ideia de estar com
roupas limpas, sentado na frente de um computador, tomando um
café.

A SAÍDA DA OFICINA

Meu avô, o Seu André, era muito conhecido e respeitado como


mecânico do bairro. Ele morreu quando eu tinha de 15 pra 16 anos,
em consequência de um câncer.

Foi muito triste. Com certeza o Tio Chico foi o que ficou mais
arrasado. A família, pra mim, mudou com a partida dele. Brigas,
disputa de bens, partilha familiar… assuntos delicados em que eu
não quero tocar. Eu pensava, e cheguei a escrever na parede do
meu quarto: “Não tínhamos nada e agora estamos brigando por
nada”.

Segui trabalhando na oficina por mais uns anos. Ficamos eu e o Tio


Chico lá. Ele sempre foi um grande exemplo de pessoa,
sinceridade, dedicação e trabalho, ainda que sempre com muita
dificuldade.

Nesse instante, eu sentia que aumentava ainda mais a


responsabilidade sobre mim. Por levar o nome do vô e de alguma
forma querer honrar a memória dele, sentia que eu tinha que “dar
certo”, mas me frustrava a ideia de ter que ser mecânico.

Eu queria ter uma banda, ser um poeta. Era um conflito entre a


necessidade de ter um emprego estável, seguir o negócio da
família, e o meu sonho de ser artista.

Saí da oficina e deixava ali boas e más recordações. Muitas lições.


Amadureci bastante. Acho que foi o que me salvou. Minha revolta
de adolescente tinha dado lugar a uma explosão criativa e
empática. Isso gerou em mim a reação de que eu iria mudar o eixo
da minha vida a qualquer preço.

Fui morar na garagem dos meus pais, dividia a peça com um


Monza 85. Quando meu pai ligava o carro, o cheiro de combustível
penetrava nas minhas roupas, nas coisas todas, era um horror.
Esse cheiro seguia comigo. E era assim que eu acordava todos os
dias. Mas era meu cantinho, aquele pequeno espaço era o meu
novo mundo.
A ORIGEM DA MINHA SEDE DE INFINITO

Passava os dias lendo Fernando Pessoa, Mario Quintana,


Nietzsche, Schopenhauer, Augusto dos Anjos. Conversava muito
com meu tio Carlos sobre filosofia. Foi numa conversa dessas em
que ouvi pela primeira vez a expressão “sede de infinito”. Ele teve
um papel fundamental na minha construção filosófica e ética.
Influenciou a minha paixão por assuntos como idade média,
cruzadas, pensadores e metafísica.

No verão, quando as ruas ficavam desertas, caminhávamos pela


rua do valão no fim de tarde. Tudo isso foi se misturando com a vida
insegura, os dias tediosos e um futuro incerto. Naquele momento
parecia confuso, mas hoje consigo entender que aquilo era eu
preparando a bagagem pra uma grande viagem em que eu nem
sabia que embarcaria.

Como o Raça Negra me transformou em roqueiro

Foi nessa fase que encontrei com o Rodrigo Bonjour, na varanda da


casa dos meus pais. Rodrigo tinha recentemente começado a
namorar a minha irmã, e fiquei sabendo que ele tocava muito bem
guitarra e vi ali uma grande oportunidade pra montar uma banda e o
convidei.

Tive que mentir que sabia cantar e que já tinha algumas músicas
feitas. Na verdade, eu nunca tinha cantado, nem tinha músicas,
mas tinha alguns poemas que sabia que poderiam ser musicados
por alguém que já soubesse tocar.
PREDESTINAÇÃO

Comecei a tocar violão aos 17 anos, o que era considerado bem


tarde pra época, nessa idade todos os meus ídolos já tinham suas
carreiras de sucesso e sempre acompanhava um fator “nasceu pra
isso, toca desde os 10 anos de idade” como se fossem realmente
predestinados pra isso.

Eu precisava correr, o tempo me esmagava, eu tinha que buscar


todos os anos de predestinação que não tinham acontecidos
comigo.
DESCOBRINDO COMO FAZER MÚSICA

Eu queria fazer uma banda de música autoral, falar das coisas que
sentia, mas não sabia como dizer. Lá no Sarandi, éramos a maioria
filhos de proletários, de pais que sustentaram suas famílias com
muita dificuldade. Tínhamos acesso a certas coisas, o básico.

Não passei fome, mas cheguei a dormir algumas noites sem janta.
Era uma vida sem muita diversão e com muita culpa. Fazer
qualquer coisa ligada à arte era visto como hobby, caso a gente
insistisse nisso, era “coisa de vagabundo”. O Brasil estava recém
saindo de uma grave situação econômica, de Sarney e Collor. Eram
muito presentes a frustração e o medo de ter uma vida igual a dos
nossos pais.

O som da primeira formação, ainda uma banda sem nome, era


pesado, com muita distorção, letras confusas, berros desafinados e
eu em alguns momentos tentando imitar o Jim Morrison. Era tudo
muito ruim e misturado, como uma criança recém nascida que tem
cara de joelho.
Eu ficava tentando colocar dentro da minha arte algo diferente,
como as bandas de pagodes do anos 90 faziam. A minha favorita
era o Raça Negra, que foi a primeira a regravar um sucesso do rock
brasileiro, “Pro dia nascer feliz” do Cazuza e “Será” da Legião
Urbana. Achava essas misturas de gêneros algo muito rico e que
seria a música brasileira do futuro.

A vida foi andando e no álbum “Caso Real” em 2015, fizemos a


regravação da música “Amantes”, do José Augusto, que fez
sucesso com a banda de axé Araketu no início dos anos 2000.

Thiago Marques ao fundo e André Neto, ensaio da Lítera em 2003

REQUISITOS PRA ENTRAR NA BANDA

A banda teve alguns nomes antes, “Marreta Biônica” (homenagem


ao personagem mexicano Chapolin Colorado) foi o primeiro e não
chegamos a fazer show com esse nome. Não pegou, então
mudamos pra “Absolon” (significa: senhor da paz), que fazia
referência ao filme do mesmo nome.
A banda era eu na voz, Rodrigo na guitarra, Felipe na guitarra solo,
Álvaro no baixo e Daniel na bateria. Os grandes requisitos pra
entrar na banda eram não usar drogas, gostar de Raça Negra e,
como dizia o Tim Maia, estar “no caminho do bem”. Não precisava
ser um grande músico, bastava gostar de refri, xis e pastel.

Absolon, o começo e o primeiro recomeço 

Todo final de semana a banda se encontrava pra tocar as três


únicas músicas. No começo na garagem do Álvaro, apenas com
violões. Foi assim por muito tempo, só depois que começamos a
revezar entre o estúdio Guedes no Sarandi e a garagem da casa da
vó do Rodrigo no Humaitá, bairro industrial, afastado e meio
deserto. Durante a semana o lugar era super agitado com o fluxo de
funcionários das indústrias, já nos finais de semana não tinha uma
viva alma.

O silêncio no bairro era tamanho que quando um de nós

chegava atrasado, ouvia da estação de trem o som da banda

tocando a muitas quadras de distância.

Até que conseguimos montar um repertório de músicas próprias


com oito canções e uma versão para “Cartas aos missionários” da
banda Uns e Outros. E assim fizemos o primeiro show num festival
no Clube Comercial de Sapucaia, cidade satélite de Porto Alegre.

As músicas tinham nomes estranhos, nosso baixista insistia que


tínhamos que ser uma banda “triste”, que o nosso som era deprê.
Não sei da onde ele tirou isso, mas nosso repertório era:
“Conspiração em segredo”, “Adolescente”, “Bungee Jump
Presidente”, “A escuridão”, “Se eu fosse a verdade, não estaria
mentindo”, “Museu de horror (Museu)”, “Esgoto”, “O Sol além do
horizonte”. E covers: “Cartas aos Missionários”, dos Uns e Outros, e
“Não Serve Pra Mim”, do Roberto Carlos.
Ainda assim, eu sentia que não era aquilo, não era a banda ideal
pra dizer as coisas que eu precisava dizer. Não daquela maneira.

A Absolon era pesada demais, o instrumental não dava espaço para


as métricas, não eram canções feitas pro cantor e sim para a banda
tocar.

Todo mundo tocava bem, eu que ainda estava aprendendo a

tocar as primeiras músicas.

Tocar violão me ajuda até hoje nas composições, então eu fazia o


suficiente pra dar melodia no que eu queria e poder mostrar pros
guris. Mas as minhas letras passavam por crises, eram pesadas e
confusas, com metáforas complicadas demais e excessos de
melancolia que nem sei se sentia tanto assim. Eu queria muitas
vezes me parecer com os meus ídolos, copiava eles, ainda não
tinha encontrado o meu método de escrever.
A banda começou a participar de festivais pela cidade e um deles
foi tipo a nossa “consagração”, quando fomos premiados com o
melhor instrumental do evento com a música “Conspiração em
Segredo”, no Festival de Música do Colégio São Francisco. Foi a
primeira vez que tocamos pra um grande público e então a zona
norte da cidade ficou sabendo que a gente existia.

Pelos menos era o que a gente gostava de pensar. Em seguida veio


mais um capítulo da história, quando depois do Festival de Música
de Porto Alegre, em que tocamos pra quase 5 mil pessoas, eu
decidi sair da banda e montar um outro grupo. Senti a necessidade
de ter mais liberdade pra fazer rock com poesia, como fazia o The
Doors, banda do Jim Morrison, do qual tinha me tornado muito fã.
Queria compor e tocar músicas sem gênero, sem compromisso com
um estilo, mas com atitude rock. É o início do meu primeiro
recomeço.
Somos a Lítera, o segundo e o terceiro recomeço

A nova banda, ainda sem nome definido, era eu na voz, Rodrigo na


guitarra, Rafael no baixo e Gabriel na bateria. Numa reunião pra
discutir o nome da banda, sugeri “Lithium”, por causa da música
do Nirvana e por ser uma medicação recorrente no meu ambiente
familiar (que anos mais tarde eu também consumiria).

A internet ainda estava dando seus primeiros passos, mas já foi o


suficiente pro “google da época” informar que existiam centenas de
bandas cover de Nirvana com o mesmo nome. Ok, vamos pensar
em outro. Durante esse período, fazíamos em média um ou dois
shows por ano, tocando pra públicos muito pequenos. Dois shows
foram cancelados por falta de público.

Rafael, Gabriel, Rodrigo e André

Assim as coisas foram indo, até que novamente a banda se


classificou para o Festival São Francisco. Era a chance de alguma
virada e, na semana do evento, pra fazer a inscrição, decidimos que
o nome seria Lítera.  Derivação de Lithium e algo próximo à palavra
“literal”, de ser literalmente tudo ou nada. Parecia o nome perfeito.

Somos a Lítera! Nessa mesma semana, surge um novo revés,


quando o baterista Gabriel anuncia sua saída da banda. Havia
conseguido um emprego no estúdio “Nas Nuvens” do produtor
Liminha no Rio De Janeiro, e não teria mais como seguir com a
gente. Era uma oportunidade irrecusável. E aquela notícia caiu
como uma bomba. Estávamos felizes por ele, mas tristes por perder
o baterista.

DIÁRIO GAÚCHO

O Gabriel era o baterista perfeito, era sobrinho do Guedes, dono no


estúdio onde aconteciam os ensaios e as sessões de pré-produção
do disco que estava por vir. O jeito como ele tocava bateria era
ótimo pra banda, pra sonoridade que a gente buscava, então não
tínhamos ideia de como e onde iríamos conseguir um novo batera.
Fizemos o show no festival, fomos capa do Diário Gaúcho, jornal de
maior circulação nas regiões periféricas. No dia seguinte, a banda
não tinha mais baterista e estava novamente sem rumo. O Sarandi
não dispunha de um catálogo de bateristas.

Tivemos que recomeçar mais uma vez. A essa altura a gente não
queria sofrer de novo procurando alguém que não estivesse com a
mesma entrega, com vontade de viver da sua música. Foi aí que o
Rodrigo, mesmo sendo o melhor guitarrista que já tinha passado
pela banda, decidiu aprender a tocar bateria e assumir as baquetas.

Em seguida, o baixista Rafael convidou um amigo de bairro, Thiago,


que estava aprendendo a tocar guitarra, pra entrar na banda. A
gente já conhecia ele e a escolha foi certeira.
Lítera no Diário Gaúcho – Festival São Francisco

GREEN DAY

Muita gente passou pela banda fazendo testes, até chegar na


formação que parecia ideal: Rodrigo agora na bateria, Thiago na
guitarra, Rafael no baixo, eu na voz e mais tarde voz e guitarra.
Todos tinham uma ligação muito forte comigo: Rodrigo era casado
com minha irmã, com quem já tinha um filho; Rafael era meu amigo,
éramos fãs de punk rock e colegas no curso técnico de informática,
na Escola Mesquita; e o Thiago tinha sido meu vizinho anos antes –
na época, eu era amigo das irmãs do Thiago, tínhamos cinco anos
de diferença.

Eu era um adolescente com 15 anos e ele era uma criança voando


de bicicleta pra cima e pra baixo com 10 anos. Acaso ou destino, a
vida nos juntou novamente, eu na época com 23 e o Thiago com
18. E assim foi até as gravações do primeiro disco.

Parecia estar tudo bem, as coisas se encaminhando. Só que não.


Tivemos uma nova baixa na banda: o Rafael, depois de uma
discussão por email em que envolveu toda a banda, deixou a gente
quando tínhamos três shows por fazer e um disco por gravar.

Ninguém teve culpa, éramos jovens, pólvoras prontas pra estourar.


Assuntos que hoje seriam facilmente contornados, mas na época
não tínhamos maturidade pra resolver. Fim de mais um ciclo.
Rodrigo, André e Thiago

Às pressas, contamos com a ajuda de amigos pra terminarmos os


compromissos. Voltamos a gravar e a Lítera se tornou pela primeira
vez um trio. Eu até gostava da ideia.

Nessa fase era fã de bandas que tinham power trio como formação,
tipo o Green Day, que foi uma grande influência visual e estética
para mim, que até hoje uso a correia da guitarra vermelha por
causa do Billie Joe.
André Neto usando a correira vermelha em homenagem ao Billie
Joe, vocalista do Green Day

E se todo mundo perceber que eu sou uma farsa?

Tendo apenas uma canção da primeira fase da banda (“Museu”,


minha e do Rodrigo), todas as outras músicas nascem do meu novo
parceiro de composição, o Thiago. Ele tinha várias músicas sem
letra, foi muito fácil e rápido. Eu dizia que éramos Paul e Lennon do
Sarandi.

Que ótimo, tínhamos 11 canções! Enfim, depois de muitos

anos de espera, podemos gravar!

Com a nova formação sem baixista, Rodrigo e Thiago se


revezavam nas gravações do baixo. A gravação dos instrumentos
de cordas foram todas feitas no “home studio” que montamos na
casa do Rodrigo, apenas a bateria e voz foram gravadas fora. Eu
tive uma grande crise de ansiedade e depressão na fase da
primeira gravação de voz. Tinha medo de não dar conta, tinha medo
da crítica. Eram as primeiras vezes em que eu ouvia minha voz
cantada gravada num som mais limpo, organizado… e não
gostei do que ouvi (aliás, nunca gostei de me ouvir). As críticas
ao meu vocal eram recorrentes nas primeiras audições.
Sempre ouvia que a banda era boa, mas a voz deixava a
desejar, faltava emoção, brilho e afinação nem se fala.

EU NÃO SOU CANTOR

Esse é um ponto importante de virada na minha vida: conheci o


Iuri Sanson, vocalista da banda de metal Hibria. Era a melhor
pessoa que eu poderia conhecer naquele momento.

Um ser totalmente dedicado, simples, com uma linguagem


clara, motivadora e de um talento excepcional. Virou um
grande amigo e produtor vocal. Ajudou a desenvolver minha
personalidade de voz, a me expressar e por pra fora tudo que
estava preso.

Era muito mais do que técnica, era emocional. Soube me


preparar para o que estava por vir. Um cantor está sempre em
desenvolvimento e aprimoração, mas sem essa base não sei
dizer como estaria hoje.

Ele me ensinou que cantar bonito muita gente canta, mas


cantar com o coração são poucos.
Iuri Sanson, participando do show da Lítera

Eu poderia ter desistido ali, cheguei a pensar nisso.

Nada até então tinha me colocado tanto pavor como registar a


minha voz pra sempre e todo mundo perceber que eu era uma
farsa. Eu não era cantor. Fiquei seis meses me preparando com
o Iuri, e ele me acompanhou como um irmão mais velho em
todos os dias de gravação, me incentivou em cada nota boa.

Foram incríveis todos os conselhos em forma de conversa nos


intervalos, nas idas e nas vindas das gravações. Essa história
merece um capítulo só pra ela, vou fazer isso um dia dando o
devido mérito.

UM POUCO DE CADA DIA

Prestes a lançar o disco, o Rodrigo conhece o Lucas num site de


bandas e ele entra pra fazer um teste sem compromisso.
Acaba ficando oficialmente e a banda volta a ser um quarteto com
seu primeiro álbum independente gravado, o “Um pouco de cada
dia”, em 2009. As letras foram todas escritas por mim, com exceção
da música “Saudade”, canção instrumental do Thiago.

Ele chegou a me dar ela pra escrever uma letra, falou que era uma
canção pro pai dele, e tudo que eu fiz foi por o nome. Disse que ela
já estava pronta, pra deixar assim. E assim ficou.

Lítera: Thiago, Rodrigo, Lucas e André.

As letras do disco descrevem minha relação familiar, perda de


amigos e um recém término de namoro que me levaram pra
estatística da família – passei a tomar lithium diariamente. Não
consegui escapar.

O dia a dia daquelas relações e minhas músicas autobiográficas se


transformaram em uma ideia conceitual com a ajuda dos guris. O
disco abre com a frase “no fim do mês, conta comigo… ” e termina
com “…pra ver brilhar o nosso lar”.
Foi um alívio e uma grande emoção quando saíram as

primeiras críticas. Todas muito positivas. Com certeza o disco

marcava o início de uma nova etapa.

O álbum foi escolhido como “melhor lançamento de 2009” pela


audiência do blog da RBS, afiliada da Globo aqui na região sul.
Alguns medos foram amenizados, recebi muitos elogios sobre a
minha voz. Mesmo assim não estava convencido, me preocupava
mais com as críticas negativas do que com os aplausos.

O que as pessoas mais falavam e elogiavam eram as letras. Todo o


desdobramento do lançamento desse disco me marcou de um jeito
permanente.

Saudade, Boate Kiss e nossa chegada no centro

No lançamento de Um Pouco de Cada Dia, passamos a fazer parte


da produtora Marquise 51. Foi quando saímos do Sarandi e fomos
pro centro de Porto Alegre.

Começamos então a ter um certo reconhecimento na cena. Pra


gente, estar ali era incrível, todo o rock gaúcho circulava por lá.
Ficamos muito amigos dos guris da banda Identidade e o guitarrista
Lucas Hanke (também sócio e produtor da Marquise 51), era quem
cuidava da gente e nos ajudou pra caramba.

A nossa primeira turnê, nossos primeiros shows fora de Porto


Alegre começaram ali, ainda em 2009. Naquele mesmo ano, em um
show em Caxias, recebemos a notícia de que o pai do Thiago tinha
falecido. Era o nosso primeiro grande show fora da nossa cidade,
estávamos todos muito emocionados.

Assim que o show terminou, recebi uma ligação da namorada dele


na época avisando o que tinha acontecido. Fiquei com a missão de
dar a notícia e organizar nossa volta o quanto antes. Mas decidi não
falar nada. Avisei os outros guris da banda e pedi pra que fossemos
embora logo pra casa. Pensei

aquela noite inteira sobre a música “Saudade”, a que não consegui


escrever uma letra e não sei porque sugeri esse nome… justo ela,
que o Thiago tinha dito que fez pro pai dele. Mistérios da vida. Ou
não.

ÉRAMOS UMA BANDA DIFÍCIL DE VENDER

No ano seguinte, fizemos uma mini turnê pelo Rio Grande do Sul
como banda de abertura dos Faichecleres, uma banda clássica de
rock gaúcho que estava fazendo essa turnê de possível retorno às
atividades. As bandas não tinham nada um comum, mas foi ótimo.

Fomos bem recebidos. Ainda que muitas vezes diante de um


silêncio e com finais de canções sem aplausos do público, a gente
se divertiu.

A banda sempre fazia um fã ou outro, mas era muito pouco pra


conseguir se manter ou impressionar quem quer que fosse, seja
imprensa ou produtores. Começou a se criar um mito nos
bastidores de que éramos uma banda difícil de vender, por não se
encaixar em um estilo.

Diziam que éramos pop rock demais pra se encaixar no gênero


“rock gaúcho”. Aí a produção da gente tentava vender pra casas de
shows de pop rock, mas os contratantes nos achavam muito rock.

KISS

Em 27 de janeiro de 2013, a tragédia de Santa Maria na boate Kiss


abalou o Brasil. Naquela noite, 242 jovens morreram. Muitos
lugares fecharam as portas.

Existia e ainda existe muita coisa errada nas casas de shows. Muita
gente mal intencionada se aproveitou do momento. Todos
sofremos, quem não tinha um amigo ou conhecido lá, era amigo ou
parente de alguém que tinha. O que já estava difícil, ficou pior.
Apenas os grandes bares e teatros se mantiveram.

A máfia do alvará assombrava os pequenos lugares e fazia vistas


grossas aos que tinham mais poder. Enquanto isso, os jovens e
pais vivendo o luto. Não havia respeito nem consideração por parte
de muitos órgãos públicos e privados.

OLHAR PRA DENTRO

As bandas undergrounds ainda em formação de público estavam


numa encruzilhada. Não tínhamos clima pra fazer shows e nem as
pessoas de irem. Claro que, com o tempo, as coisas foram
voltando, mas muitas bandas acabaram nesse período.

Das que começaram a cena junto com a Lítera, no final da década


de 2000, quase nenhuma restou. As que vieram na geração anterior
a nossa já tinham um certo público e seguiram por mais um tempo,
mas também perderam a força. Faltava espaço para shows e, para
um contratante se interessar por ti, a banda tinha que oferecer algo
novo, muito além do show.
O espetáculo tinha que ser uma experiência.

O clima de depressão era geral, precisávamos de músicas mais


alegres, que ajudassem as pessoas – e a nós mesmos – a se
sentirem mais felizes, a saírem daquele clima pesado que pairava
na música e na vida noturna.

E nós, que estávamos tentando ser mais rock, vimos de camarote a


decadência desse estilo. Não sabíamos mais como soar nossas
canções. Era hora de olhar pra dentro.

Café com a Marquesa de Santos e o quarto recomeço

Caminhando numa tarde de outono em Porto Alegre, parei pra


tomar café num lugar chamado Domitila, que já não existe mais.

Lá, as pessoas eram recebidas com pétalas de rosas e tinha uma


tortinha de banana com doce de leite que eu comia chorando.

No cardápio estavam as cartas trocadas entre o imperador D. Pedro


I e a Marquesa de Santos, a Domitila. Aquela experiência era o que
eu buscava e na semana seguinte escrevi a música que virou o
nosso novo single “Domitila”. Lançamos em 2012 de forma
colaborativa em um dos primeiros crowdfunding de Porto Alegre.

No ano seguinte, decidimos fazer um disco dividido em 3 partes,


que fosse popular sem perder a nossa essência. Não tivemos
dúvidas: o nome do produtor Marcelo Fruet era o mais certo para
aquela obra e assim foi.

Ele já tinha produzido Domitila, já existia química entre nós. Agora,


era mão na massa! Começava ali uma virada de chave. Em seguida
gravamos o EP 1 A Marquesa e fizemos a primeira turnê em São
Paulo e Minas Gerais, com shows em circuitos alternativos e
pequenos festivais no interior dos estados.

Foram 14 shows em um mês. Na volta, a banda já era outra. Um


grande crescimento aconteceu. Na carreira, no pessoal e no
público.

Lítera durante uma turnê em Pindamonhangaba, São Paulo

O momento exigia uma novidade, ser diferente. Lançamos o clipe


de “Domitila” com uma estética inédita no Brasil, usando Tracking
3D e efeitos visuais e, ainda assim, falando de algo histórico.

Começamos a ganhar mais notoriedade e era momento de


experimentar, se desprender da formação clássica guitarra-baixo-
bateria. Foi assim que o pianista Fernando Spillari se tornou o
músico que acompanhava a banda em alguns shows.
Teatro Renascença, lançamento do EP 2 O Imperador

PARTIDAS E CHEGADAS

Estava tudo dando certo, entramos pra gravação do EP 2 O


Imperador e, durante a produção, o Lucas anunciou sua saída da
banda pra se dedicar à sua produtora de filmes. Ele faria o show de
lançamento como despedida. O show foi no Teatro Renascença em
Porto Alegre, casa cheia. Lindo e triste. Foi uma saída amigável,
mas dolorosa.

No tempo certo, pois tínhamos o substituto natural. O James era


nosso fã, tinha feito a turnê do ano anterior com a gente e estava
aguardando uma oportunidade.
Lucas Pinto, Ex-Baixista da Lítera

Enquanto nos preparávamos para começar a produção do disco e


finalizar a terceira parte da saga, o Thiago também anunciou sua
saída. A Lítera novamente entrava no estúdio com um dos
integrantes deixando o grupo. Como consolo, sua saída também foi
amigável, mas muito dolorosa.

Era um amigo de longa data que estava nos deixando. Perdi ali um
grande companheiro de composição. Eu acho que no fundo eu
entendia o pq dele ter saído, e não o culpava por isso. Já não
tínhamos mais compatibilidade sonora e também era difícil ter um
emprego formal, trabalhar na banda e suportar a pressão de família
e amigos.

Lógico que dói. Doeu, mas tinha que seguir. Tínhamos as músicas,
era a reta final daquele projeto que estava bem sucedido. O melhor
momento da banda, não poderíamos parar ali. E não paramos.
André e Thiago em São José do Rio Pardo, SP – Durante a turnê
da Lítera em 2013

Caso Real, reality show, Europa 

Depois da saída do Thiago e do Lucas e da entrada do James,


voltamos a ser um trio e agora tínhamos músicos para nos
acompanhar na trajetória. É aí que entra a figura do Fredi Bessa,
um grande guitarrista e amigo, que tem sua carreira solo e
acompanha outros artistas.

Conheci o Fredi nos corredores da Marquise 51, com a sua banda


de rock-jazz, o Sargento Malagueta. Estávamos completos. Junto
com o Fernando Spillari e o Juba Cardoso no violão e guitarra.
Tínhamos os guerreiros, estávamos prontos pra batalha e essa
formação alternava conforme o formato do show e a agenda dos
músicos.

O lançamento do disco Caso Real foi um sucesso, com o Teatro do


Sesc lotado em Porto Alegre. O disco saiu pelo selo Loop Discos e
no show tivemos participações dos ex-integrantes da banda e
amigos que ajudaram a construir a nossa carreira até então. Foi
incrível. Reunimos pessoas de vários eixos da cultura naquela
noite.

Banda Lítera

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vertical-align: middle; height: auto; max-width: 100%; display: block;
margin-right: auto; margin-left: auto;">Lançamento do disco Caso
Real em Porto Alegre, novembro de 2015
Foi o começo de um reconhecimento maior na cena underground
do Brasil. Todas nossas músicas nos shows são cantadas a plenos
pulmões pelo público e canções como “Mergulho”, “Bercy”,
“Domitila” e “Amantes” viraram hits indie.

Cena underground é muito curioso, pq em um lugar tu é muito


conhecido e, em outros, ninguém faz a menor ideia de quem tu é.
Adelino, buddy Valastro e André, recebendo o prêmio na final do
Batalha Dos Cozinheiros
Fizemos um novo empréstimo, de 15 mil reais. Já estávamos
devendo o disco, a prensagem do disco, nossas dívidas – só as
desse período – já passavam de 50 mil reais. Ainda que tivéssemos
bons shows, não estávamos ganhando o suficiente para pagar as
contas e ter lucro. Muitos dos shows mal pagavam nossos custos,
mas a gente entendia que estava em uma crescente. Era um
investimento importante, precisávamos dar esse passo adiante.

O que parecia impossível aconteceu, vencemos o programa que


ficou mais de 3 meses no ar em rede nacional e distribuição
mundial. Era surreal! Naquele período, junto com o Adelino, fiquei
muito famoso e conhecido como “O melhor cozinheiro amador do
Brasil”. Mas a Lítera, não.

A banda seguia no underground e ralando muito. Até consegui


entrevistas como na revista Caras, onde eu sempre tentava falar
da banda, mas parece que o público não tinha interesse de ouvir o
que eu cantava. Se não fosse pra falar de comida ou do Buddy, não
havia interesse da imprensa. Houve um momento de frustração,
pois criei uma expectativa de que a banda ganharia mais
notoriedade, o que acabou não acontecendo.
Me senti um tanto mal, eu tinha prometido que daria essa alegria
pra todos que tinham apostado na gente, mas não consegui.
Usamos todo o prêmio pra pagar as dívidas, zeramos as mais
antigas e seguimos com algumas mais recentes em aberto.

Eu andava nas ruas e as pessoas falavam comigo com se eu

fosse o novo milionário.

Como se a Lítera tivesse agora muito dinheiro, tivesse “bala na


agulha”, mas isso não era verdade. A banda não teve nada de
beneficio dessa fama midiática, e logo isso mexeu muito com a
minha cabeça, foi uma pressão muito grande e eu não soube lidar.
Essa tal fama traz muita gente bacana, mas também muitas
pessoas mal intencionadas. De primeira a gente nunca sabe quem
são.

No final daquele ano eu fiquei muito mal, tive uma depressão


profunda, fiquei dois meses em casa sem sair pra quase nada.
Tentei ao máximo manter as aparências. Uma pessoa muito
importante nesse processo de manter os pés no chão e se preparar
para o que viria de ruim com tudo isso, foi a Dedé Ribeiro. A
experiência, delicadeza de observar atenta as nuances do mundo,
me salvaram e comecei a me reconhecer.

EX-PARTICIPANTE DE REALITY SHOW

Passada a febre, o sucesso relâmpago de uma celebridade


instantânea de reality show, segui com a Lítera, como sempre foi. A
frustração de não ter recebido atenção das pessoas quando tentei
mostrar o que fazia meu coração bater, já estava mais resignada
em mim.

No início de 2017, a banda recebeu o convite da Casa da Música da


cidade do Porto, em Portugal, pra fechar o Festival de Verão
daquele ano. Era a chave de ouro pra fechar nossa turnê. Se a
banda começou por onde a Domitila viveu e morreu, encerrar onde
D. Pedro I foi morrer, seria simplesmente incrível. Era um ciclo
perfeito. Tínhamos ainda shows em Lisboa e na volta ao Brasil mais
alguns compromissos no Rio Grande do Sul e São Paulo, mas
consideraríamos esse show no Porto como um encerramento
simbólico.

OLHA ONDE A GENTE CHEGOU

Tínhamos um cachê bem razoável pra fazer o show, em torno de


800 euros no Porto e mais 3 shows em Lisboa e Paris em que
dependíamos da entrada de pagantes.

Só que as passagens em alta temporada pra Europa estavam


caríssimas, então fizemos um show em Porto Alegre pra arrecadar
essa grana e, apesar dos esforços do nosso pequeno grande grupo
de fãs, não conseguimos tudo o que precisávamos.

Tínhamos um custo total de passagens aéreas, hospedagens,


deslocamentos internos e alimentação próximo a 40 mil reais, e
conseguimos arrecadar 12 mil reais. Ficou muito em cima da hora
para comprar as passagens, que foram 80% da receita. Ainda tinha
a correria de tirar os passaportes, enfim… ir era importante, tudo
poderia acontecer durante e depois dessa viagem.
Casa da Música no Porto, Portugal

Fomos com o dinheiro contadinho, cada dia era uma vitória, e deu
tudo certo. Os shows foram ótimos, éramos crianças, eu estava
muito cansado e passei metade da gig com 12 aftas gigantes na
boca.

Merecíamos aquilo, depois de passar tudo que a gente tinha


passado, era por direito aquela paisagem, tocar em lugares
históricos e pra pessoas de outros idiomas, foi surreal, com toda
certeza ainda não sabemos como mensurar o que foi tudo isso.

Era inevitável olhar pro Rio Douro e pro Rio Sena e não lembrar do
Valão do Sarandi.

“Olha onde a gente chegou”

LÍTERA_CASA DA MÚSICA NO PORTO

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content/uploads/2018/03/LÍTERA_DIA11-54.jpg?w=3420&ssl=1
3420w" sizes="(max-width: 1024px) 100vw, 1024px" data-recalc-
dims="1" style="box-sizing: inherit; border: 0px; vertical-align:
middle; height: auto; max-width: 100%; display: block; margin-right:
auto; margin-left: auto;">Lítera na Casa da Música na cidade do
Porto em Portugal

Tudo novo de novo

Iniciamos mais um ano na terra, um novo ciclo, e os boletos das


passagens nos esperando. Nos reunimos no início de 2018 e
falamos de músicas novas, mostrei algumas, conversamos,
trocamos ideias e decidimos que tínhamos um novo disco de
músicas inéditas para ser registrado. Mas não poderíamos nos dar
o luxo de tirar um tempo para dedicar à produção do terceiro álbum.

Decidimos fazer alguns show pontuais para quitar as dívidas e


gravar o novo disco com recursos próprios. Seria um grande
desafio.
Lítera no começo de 2018 fazendo a pre produção do disco novo

QUINTO RECOMEÇO

Como um destino que volta pra me ensinar alguma coisa que eu


ainda não aprendi, foi a vez do Rodrigo deixar a banda. E, como um
karma, eu terei que enfrentar. Lembro e sei que ele precisou negar
e lutar contra tudo e todos pra viver a Lítera. Reconheço sua luta,
desejos, necessidades e obrigações.

Foi o mais antigo companheiro. Não teríamos chegados aqui sem


tudo que ele ajudou a construir, sem sua dedicação, esforço e
entrega. É um grande músico, um grande ser humano, tem a minha
admiração. Eu, como Lítera, farei com que tudo isso não tenha sido
em vão.

Conversei com o James, ele sempre muito compreensivo e aberto a


mudanças. Estamos crescendo juntos, aprendendo novos
instrumentos, nos reinventando. Decidimos que o melhor é deixar o
tempo passar, aliviar e com tranquilidade é que as novas ideias e
oportunidades virão. Nunca foi fácil, a sensação de abandono é
constante. As vezes me pergunto:

Qual é o sentido desse caminho?

O que ele espera de mim? O que eu espero dele? Entre os


aventureiros de estação e os marinheiros de primeira viagem,
quem sabe onde esse barco vai nos levar? O que é o ponto de
partida, e pra onde estamos indo?

André Neto e James Pugens

Sabendo que é depois de muitos erros que nos corrigimos e


melhoramos, confio que o melhor está próximo. É fé, não sei
explicar. No fundo, agradeço a todos que já foram meus
companheiros de banda. Por navegarem comigo boa parte desse
mar da vida. Mais um ciclo se encerrou, mas as nossas jornadas
seguem.
Ainda sou o mesmo só que diferente do que você conheceu

Cansei de ter que provar para os outros. É perda de tempo ficar


tentando provar para os outros que tu pode. A construção deve
ser pelo simples fato de que tu tem uma meta, um sonho, e
esse caminho faz parte do destino.

Minha história não é sobre um complexo de vítima. É sobre


redenção. Por mais que às vezes eu me sinta sozinho, essa
jornada foi repleta de pessoas fazendo sua parte, alguns
mais, outros menos, mas todos deram sua contribuição.

Uma vez eu li num post de instagram, nesses perfis de


autoconhecimento, que “a vida é como uma viagem de trem,
cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes
pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques
e de tristezas com os desembarques”. Alguns talvez façam
essa viagem até o fim com a gente. Mas não sabemos quem vai
ser.

Eu me pergunto: quando eu descer desse trem, do que eu

sentirei saudade?

Essa viagem é cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas,


embarques e desembarques. Tenho apenas uma certeza sobre
ela: o trem jamais volta. Então, se não for pra viver essa vida,
realizando ou até tentando realizar o meu sonho, não faz
sentido pra mim. Entender pq estamos, onde estamos, qual a
nossa missão ali, o que fazer pra sair… No meio disso muitas
pessoas tomam esse trem à passeio. E não tá errado.

Parafraseando o texto sobre o trem: felicidade enorme perceber que


muitas pessoas, como nós, estão dispostas a reconstruir para
recomeçar. Isso é tirar o melhor de todos os passageiros. Agradeço
a Deus por todos que fazem parte dessa viagem e, por mais que os
nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza o vagão é o
mesmo.

Essa é a minha/nossa história e, por incrível que pareça, ela recém


começou. Pra quem tá com a gente há mais tempo, eu digo: segue
a luta, nunca foi fácil, não seria diferente agora. Todos os insights
de como lidar com esses problemas a gente vai compartilhar, vamo
vê se a gente consegue se ajudar ou pelo menos se salvar.

André Neto, inverno de 2018.

Porto Alegre, sul da América do Sul.

Nossas músicas estão em todas as plataformas pra ouvir grátis.

Escolha a sua preferida, clicando


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música e psicologia analítica Ψ


Publicado por JULIO C. N. ITO em 11/07/2018
A música, a arte das musas, sempre exerceu um papel muito
importante na minha vida. Benditas musas, filhas da união de
Mnemosine (deusa da memória) com Zeus. A psicologia analítica
veio depois e, durante o ano passado, pude utilizar a minha
experiência pessoal e profissional para combinar esses dois temas
e tecer algumas observações e reflexões a respeito.
O resultado deste trabalho foi o artigo “Música: uma possível
ampliação de recursos no setting analítico” que foi aceito e
publicado recentemente na Revista Junguiana 36/1. Estou muito
feliz e satisfeito com o sentimento de fazer parte e em poder
contribuir no campo onde atuo.
Esse sentimento de estar contribuindo com novas proposições é
muito gratificante, pois às vezes sinto que apenas estudar e exercer
a prática “da coisa” (seja qual for) nos deixa apenas no “apenas”. É
apenas demais. Podemos contribuir e ir além do apenas. Seja
através da tentativa de aperfeiçoamento dos próprios estudos que
gerarão novas pesquisas e/ou do cultivo de campos ainda
totalmente desconhecidos.
A revista Junguiana é o periódico científico da Sociedade Brasileira
de Psicologia Analítica, editada pela primeira vez no ano de 1983,
destina-se à divulgação de trabalhos inéditos, que contribuam para
o conhecimento e o desenvolvimento da psicologia analítica e
ciências afins, em um espírito aberto ao debate científico, cultural,
social e político contemporâneo.
Você pode conferir o artigo completo nos links abaixo:
Download do artigo “Música: uma possível ampliação de recursos
no setting analítico”
Download da Revista Junguiana n. 36/1

te no ano 590 d.C., o Papa Gregório incorporou o Carnaval ao


calendário das festas cristãs.
JSPuzzles quebra cabeça online da Lítera dos arquétipos
Quebra–Cabeça – Junte as peças de belíssimas imagens e monte
o quebra–cabeça da Lítera. Quebra–cabeças grátis para você jogar,
jogos de quebra–cabeças grátis diariamente, jogos de quebra–
cabeças de 9 a 225 peças, para adultos e crianças.

Quebra–Cabeça – Junte as peças de belíssimas imagens e


monte…
Quebra–Cabeça – Junte as peças de belíssimas imagens e monte
o quebra–cabeça da Lítera. Quebra–cabeças grátis para você jogar,
jogos de quebra–cabeças grátis diariamente, jogos de quebra–
cabeças de 9 a 225 peças, para adultos e crianças.
O que é inconsciente Coletivo?
Inconsciente Coletivo, segundo o conceito de psicologia analítica
criado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, é a camada mais
profunda da psiquê.
Reta final das gravações do novo álbum

ARQUÉTIPOS

Reta final das gravações do novo álbum


Reta final das gravações. Fim das gravações dos vocais do álbum
Arquétipos, previsão de lançamento em outubro de 2019.

Lançando o álbum Arquétipos – O encontro com a sombra

São 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e memórias de C.


G. Jung, codificador da psicologia analítica. As composições falam
sobre arquétipos, signos, símbolos e o encontro com as nossas
sombras. Traçam a jornada do anti-herói no cotidiano, o
inconsciente coletivo e a busca de si mesmo. Isso não é um
conceito. É um enigma. O álbum oficial vai ser lançado em outubro
de 2019.

Leia o post aqui no blog de como foi a gravação dos


instrumentos.

Sábado chuvoso, pertinho do Guaíba, frio (a Zona Sul de Porto


Alegre é ainda mais fria), no estúdio da The Good Times
Band, banda do Ricardo Pellin, tio da Renata Crawshaw (baterista
da Lítera).

No pátio, bem em frente à casa, um pé de limão siciliano e gatos


com personalidade humana. Adentrando a casa, geleia de lemon
curd, chá inglês e Beatles pra qualquer lado que se olhasse. Foi um
clima muito britânico – como nos disse a tia da Rê, Denise
Crawshaw: British Style!

André Neto e o pé de limão siciliano

Fernanda, André e Ricardo mostrando a casa e contando a história


do estúdio
Liverpool, Zona Sul

Parte da família da Rê é de origem de anglo-saxões, o que não é


tão comum aqui pra nós. Ainda que Porto Alegre sonhasse em ser
uma Liverpool, estamos mais acostumados com famílias de matriz
Italiana, Portuguesa, Alemã e Africana.

Bom, o clima Liverpool compôs o cenário do final das gravações de


vozes.

Vista da cozinha da casa para o estúdio.

Chegamos bem cedo, fomos recebidos pelo Ricardo, a


cachorra Mandy e as gatas Sasha e Pulga (essa é uma vira-lata das
ruas da Bélgica). Clima nublado, céu cinza, chovendo sempre –
ainda que uma chuva fraquinha, a garoa era constante.

O estúdio é maravilhoso, um misto de estar em casa e em um


ambiente técnico ao mesmo tempo. Foi perfeito pra cantar o que
precisávamos.
Renata e Ricardo, abrindo o portão pro Fabi descarregar
os equipamentos

A gente não sabia ainda como seria gravar com os carros passando
na rua, a chuva, e os cachorros da vizinhança latindo. Aconteceu
que: por causa da chuva, quase ninguém saiu de casa, então
tinham poucos carros passando e os cachorros não tinham pra
quem latir. E a chuva? Só garoa, sem barulho. Perfeito!

Ricardo Pellin abrindo o estúdio, que um dia já foi sua casa


Logo depois dos cumprimentos, começamos a nos preparar: André
Neto e Elaine Foltran foram aquecer a voz, o Fabiano Cordella foi
montar o anexo do estúdio, onde improvisou uma sala de controle
dentro do banheiro/deposito com a ajuda da Grazi – que, aliás,
muito importante ressaltar: estava de aniversário! E mesmo assim
foi compartilhar parte do seu dia com a gente, como uma boa
canceriana, claro. Aqui retribuímos e também dedicamos pra ela
esse dia especial!

Fabi, dentro do banheiro, sua cabine técnica 


Fabi e a aniversariante Grazi, casal fantástico, mais que amigos,
friends!
Sasha, uma gata
Renata, outra gata, Ricardo e a porta do estúdio estilo inglês

O cronograma do dia

Tínhamos 7 músicas pra gravar as vozes principais, 10 músicas pra


gravar backing vocal, e alguns efeitos sonoros como palmas,
vocalizes e falas em cerca de 5 músicas. Nos preparamos muito pra
esse dia, não é comum gravar tantos vocais, mas a gente sabia que
poderíamos fazer.
Elaine Foltran e André Neto escutando as gravações e anotando as
correções

O time todo estava muito unido, o clima era leve, queríamos que
cada um de nós acertasse da sua forma, que o nosso melhor
pudesse se manifestar.

Elaine Foltran gravando voz, entrega total

E assim foi, uma atrás da outra, com uma pequena pausa pra um
almoço delicioso e finger food, pra podermos retomar logo as
gravações.
Bolo de pão de queijo da Fernanda

Sagrado Coração

Na tarde, já com mais da metade das canções gravadas, teve um


momento muito emocionante, em que a Rê começou a chorar
depois do André cantar “Sagrado Coração”, foi um momento muito
emotivo pra todos nós. Nos abraçamos durante toda a gravação. A
cada voz gravada, André e Elaine comemoravam como uma vitória,
uma vitória sobre si mesmos, e a alegria de deixar registrada pra
sempre uma emoção profunda.
Renata Crawshaw, palpitando

Em meio a tantas dificuldades, tantos obstáculos, mudanças de


planos e novos rumos, estávamos ali terminando enfim um longo
processo desgastante, sofrido, de muita entrega e mudança. E,
agora, recompensador. Quando chegamos ao final das gravações,
brindamos com um chá tradicional inglês com uma gota de leite,
bolo de pão de queijo com lemon curd e todos em volta da mesa
cansados e satisfeitos.

Legítimo chá inglês numa caneca inglesa.


Antes da pós-produção

No dia 25 de julho temos gravações dos violões do André, do


guitarrista e cantautor Fredi Bessa, que lançou há pouco seu
primeiro disco solo com uma parceria com o André e está
tentando achar uma brecha na agenda pra conseguir vir gravar sua
participação. E ainda gravaremos o elegante e virtuoso violão de
sete cordas do Mathias 7 Cordas.

Cronograma da gravação quase completo

Claro que somos suspeitos pra falar, mas a cada dia que passa fica
ainda mais lindo nosso álbum. Cheio de conceitos, símbolos e
significados pra nós. Esperamos que seja assim pra vocês também.
Até o próximo registro de bordo das gravações. Boa semana,
genteSignificados, sinais e símbolos na letra de “Nessa Casa”

ARQUÉTIPOS

Significados, sinais e símbolos na letra de “Nessa Casa”


Oi, gente! Blz pura? Vamos usar nosso blog pra mostrar algumas
referências que estão nas letras do novo álbum. Por ser um disco
conceitual, muitas coisas não são claras.

O próprio tema do disco faz com que falemos das formas e não do
conteúdo das coisas. Hoje vamos falar sobre a música “Nessa
Casa“, que reflete acerca da forma como nos relacionamos com a
comida, de um jeito simbólico. Não tem nada óbvio na letra, mas ao
mesmo tempo ela é muito sugestiva. Vamo dale:

Arquétipos – O encontro com a sombra é um disco diferente: são 12


canções baseadas nos sonhos, estudos e memórias de C. G.
Jung, fundador da psicologia analítica.

 Lítera nos serviços de streaming


 Link para ouvir no YouTube
Nessa Casa

Tupã é um Deus trovão, abismo, me ajude!


Tupã (que na língua tupi significa trovão) é uma entidade da
mitologia tupi-guarani. Esse pedido de socorro ao divino simboliza o
sacrifício que antigos povos faziam aos seus deuses para ter uma
abundante colheita. O sacrifício contemporâneo é vestir uma roupa
e ir até o corredor de um supermercado, aparentemente nada
simbólico, e reclamar de tantas opções e variedades. Num outro
ponto do prisma, há pra quem o sacrifício seja ter dinheiro para
poder entrar em um supermercado.

No supermercado, quem agora Deus sou eu?


Pro ego Deus não pode duvidar
Ego, a partir da interpretação filosófica, significa o “eu de cada um”,
ou seja, o que caracteriza a personalidade de cada indivíduo, ao
fazer isso ele nega o externo e cria um embate com “Deus” em
algumas das suas definições.

E a geladeira, vazia com um pote de ketchup,


um de mostarda, quem agora Deus sou eu?
Melhor pro Kant que não pode duvidar
Kant aqui citado, é o filosofo alemão, que investiga a fundo muitos
conceitos. Sua contribuição é as regras morais dos imperativos
categóricos. Ele exauria os estudos e investigações das teses e
antíteses para não conviver com a dúvida.

O de ketchup tava no fim, a mostarda ta na metade


nessa casa não tem nada pra jantar
Acredita-se que o ketchup atual tenha sua origem no molho para
peixes da cultura chinesa chamado ketsiap (“molho”). Na Malásia,
uma outra versão deste mesmo molho tem o nome de kechap, que
significa “gosto”. O molho oriental foi levado aos Estados Unidos
pelos ingleses.

Já a mostarda, não se sabe, com precisão, quando o grão de


mostarda começou a ser utilizado como tempero. A história lembra
grandes nomes da gastronomia e criadores de pratos famosos
como Marcus Apicius (25 a..C.), Guillaume Tirel (1310 –1395),
Marques de Bechamel e tantos outros. Egípcios, gregos e romanos
já a utilizavam para realçar o sabor dos alimentos. Estima-se que na
Idade Média cozinheiros franceses foram os primeiros a elaborar o
condimento, utilizando as sementes, rusticamente moídas e
misturadas a mel e vinagre. Foi em Dijon, na França, que
a mostarda ganhou popularidade.

O ketchup e a mostarda citados na música são itens usados


esporadicamente. Ficam muito tempo na geladeira, muitas vezes
sozinhos, pois são alimentos de acompanhamento. A geladeira
“vazia” no Ocidente traz o arquétipo de crise econômica.

Caixa postal, a carta simples chegou registrada


com uma saudade que entra sem bater, não tenho saco se ninguém
me visitar
Na carta registrada você tem como rastrear a sua carta, caso não
chegue em tempo hábil. Já na simples, essa possibilidade não
existe. Outra diferença é que na registrada você pode pedir que
lhe seja entregue o aviso de recebimento, como prova de que a
pessoa efetivamente recebeu.

E os Sumérios, que gente louca com seu jeito de contar


Entre o rio Tigre e o Eufrates, que tanta gente – fome não pode
“ratiar”
Quando os Sumérios contavam, eles moviam o polegar da mão
direita sobre as falanges dos outros quatro dedos. Cada dedo tem
três falanges, então era possível contar até doze em uma mão. Já a
mão esquerda era usada para contar quantas mãos direitas tinham
sido completadas na contagem. Cinco dedos da mão esquerda
vezes doze falanges da mão direita, e temos o número
sessenta, até hoje usado como base de contagem para medidas de
arcos e ângulos, além de tempo.

Os Sumérios foram o primeiro povo a habitar a região da


Mesopotâmia, o atual Iraque, compreendida entre os rios Tigre e
Eufrates. O motivo da sua chegada ainda é ignorado, mas
provavelmente tenha sido a falta de comida e água, já que os
Sumérios viviam como nômades vagando.  Tanto para os povos
primitivos quando pra nós hoje, fome é uma coisa que não dá pra
brincar.

Aqui, entra uma pegadinha. A Lítera usou “ratiar” e não “ratear“, e


por que?

Significado de Ratiar: Cometer algum erro, muito utilizado no Rio


Grande do Sul.

Significado de Ratear: Realizar rateio de; separar ou repartir de


maneira proporcional ou de maneira justa entre as partes: ratearam
os prejuízos daquela festa. Etimologia (origem da palavra ratear).
Do latim ratus.a.um.

É como se dissesse “São tantas pessoas para alimentar, que não


se pode cometer erros ao repartir a comida”.

Escolher aquilo que vai comer


A fome de quem não sabe se vai ter que comer
Do primeiro ao último suspiro
e se sabe o que come
quem vai saber?
Aqui uma reflexão sobre quem pode escolher o que vai à mesa.
Não é um privilégio de todos ter uma mesa farta com as mais
variadas combinações, sabores e temperos.

Isso não é um conceito. É um enigma.

Veja Nessa Casa ao vivo na Casa da Dedé:

Lançando o álbum Arquétipos – O encontro com a sombra

São 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e memórias de C.


G. Jung, codificador da psicologia analítica. As composições falam
sobre arquétipos, signos, símbolos e o encontro com as nossas
sombras. Traçam a jornada do anti-herói no cotidiano, o
inconsciente coletivo e a busca de si mesmo. Isso não é um
conceito. É um enigma. O álbum oficial vai ser lançado em outubro
de 2019.

Nossas músicas estão em todas as plataformas pra ouvir


grátis.
Como os arquétipos de Jung podem ajudar o nosso
autoconhecimento?

ARQUÉTIPOS

Como os arquétipos de Jung podem ajudar o nosso…


Como os arquétipos de Jung podem ajudar o nosso
autoconhecimento? Como entender a nossa sombra?

Ouça agora Arquétipos – O encontro com a sombra é um disco


diferente: são 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e
memórias de C. G. Jung:

 Lítera nos serviços de streaming


 Link para ouvir no YouTube
Gente, muito importante trazer aqui esclarecimentos sobre o novo
álbum “Arquétipos” da Lítera, baseado nos estudos de Jung, na
jornada do herói, nos símbolos e significados das sincronicidades
do universo. E, claro, falar também sobre como tudo isso se reflete
em nossas vidas.

As investigações de Jung no campo da Psicologia Analítica


deixaram grandes contribuições para a nossa busca ao
autoconhecimento. Somos o resultado de várias influências. Tomar
consciência delas é uma forma de lidar melhor com nossos conflitos
internos e dar condições para que as nossas potencialidades se
manifestem.

Vamos saber mais sobre o conhecimento deixado por Jung,


principalmente no que diz respeito aos arquétipos que se
manifestam em nós e nos vinculam ao inconsciente coletivo, e que,
sem percebermos, influenciam até os acontecimentos em nossas
vidas.
Índice

1. A origem da palavra arquétipo


2. O arquétipo segundo Carl Gustav Jung
3. O Inconsciente coletivo
4. Como os arquétipos se manifestam?
5. Tipos de arquétipos
6. Os principais arquétipos conceituados por Jung
7. Os arquétipos e complexos de Jung
8. Arquétipos de Jung no mundo atual
9. Teste teu arquétipo predominante
10. Nossa relação com os arquétipos

1. A origem da palavra arquétipo

A palavra “arquétipo” tem sua raiz na Grécia antiga:

archein = original ou velho

typos = padrão, modelo ou tipo

O significado combinado desta duas palavras = padrão original

Arquétipo é o padrão original que abarca o que existe em comum


nas pessoas, objetos ou conceitos, que pode ser copiado, moldado,
padronizado ou estimulado para ser seguido e vivido.

2. O arquétipo de Carl Gustav Jung

O conceito de arquétipos surgiu em 1919 com o psicanalista suíço


Carl Gustav Jung, discípulo de Freud.

Carl Gustav Jung investigou até concluir que os fenômenos que


nossos antepassados viveram, a um nível coletivo e em diferentes
épocas, culturas e sociedades, modelam a nossa maneira de ser.
Ele conceituou isso como arquétipo.
Jung chegou à conclusão que os arquétipos são conjuntos de
imagens primordiais, provenientes de uma sucessão de repetições
progressivas de uma mesma experiência durante muitas gerações
que ficaram armazenadas no inconsciente coletivo.

O conceito do arquétipo foi utilizado por Jung em sua análise sobre


a psique humana.

Segundo ele, os arquétipos são míticos personagens


universais que residem no inconsciente coletivo das pessoas.

Os arquétipos representam as motivações humanas que vão


traçando nossas experiências e desencadeando emoções
profundas e somatizando-se de geração em geração.

Ouça agora Arquétipos – O encontro com a sombra é um disco


diferente: são 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e
memórias de C. G. Jung:

 Lítera nos serviços de streaming


 Link para ouvir no YouTube
3. O Inconsciente coletivo

Para Jung, inconsciente coletivo é formado por um conjunto de


aspectos individuais e coletivos que ficam armazenados em uma
parte secreta da nossa mente, que influi em nossa percepção e
interpretação dos acontecimentos e em nossas vivências.

Os arquétipos são expressões da influência de experiências e


memórias de nossos antepassados, portanto nós não os
desenvolvemos isoladamente, fazem parte e interferem em nossa
formação. A sociedade, o contexto cultural e histórico, nos
influenciam intimamente, gerando em nós padrões de pensamento,
modelos sociais e interpretações da realidade.

Na perspectiva individual, o inconsciente é representado por


padrões emocionais e comportamentais, sendo esses
representados pelos arquétipos, que influem em nossa forma de
sentir, perceber, interpretar, pensar, agir e direcionar nossa vida,
passando a ser o sentido de nossa existência.

Os arquétipos se originam da expressão do inconsciente


coletivo em nós, modelando nossa existência, se tornando um
padrão de comportamento, caracterizando nosso modo de vida e
jeito de ser.

Inconsciente individual e coletivo

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middle; height: auto; max-width: 100%; display: block; margin-right:
auto; margin-left: auto;">Inconsciente individual e coletivo

4. Como os arquétipos de Jung se manifestam?

Os arquétipos definidos por Jung representam padrões de imagens


e símbolos que aparecem de forma recorrente de diferentes
maneiras em todas as culturas e que passam de geração para
geração.
Um arquétipo, portanto, retrata a manifestação do inconsciente
coletivo em nós.

As imagens arquetípicas são universais e podem ser percebidas


nas expressões culturais de diferentes sociedades, seja na fala, no
comportamento ou nos ideais. A cultura interfere no que somos e
fazemos, mesmo sem dar-nos conta.

Alguns terapeutas, psicólogos e psicanalistas utilizam os arquétipos


junguianos para decifrar conflitos internos entre o inconsciente e o
consciente na mente do paciente.

5. Os arquétipos de Jung em nós

Os arquétipos simbolizam as motivações básicas humanas.

Cada tipo de arquétipo tem seus valores, significados e delineia


traços de expressão da pessoa.

A maioria, ou até todas as pessoas, possuem vários arquétipos que


interferem na construção de sua personalidade.

Geralmente, um determinado arquétipo se pronuncia mais na


pessoa.

Perceber qual arquétipo influencia nossa personalidade pode nos


ajudar a compreender melhor nosso comportamento, reações e
motivações.

6. Os principais arquétipos conceituados por Jung

Os arquétipos se pronunciam a partir de aspectos inatos que têm


relação com o inconsciente coletivo e foram se formando ao longo
dos milênios, através de experiências recorrentes, a partir de
nossos ancestrais e passando/somando-se de geração para
geração.

Para conhecer as características dos principais arquétipos descritos


por Carl Gustav Jung, segue uma síntese de cada um:
Animus: O Animus é o aspecto masculino que existe na mulher, o
yang, a energia masculina, tem relação com a racionalidade e está
associado à figura paterna.

Anima: A Anima é o arquétipo do feminino na mente do homem, a


energia Yin, tem relação com a sensibilidade e está associada com
a figura materna.

Mãe: O arquétipo da mãe se associa a comportamentos e


representações associados à maternidade, que vem desde remotos
tempos de nossos antepassados.

Pai: O Pai representa a figura da autoridade e serve como modelo


de conduta para nós.

Pessoa: O arquétipo da pessoa representa nossa imagem pública,


como nos relacionamos com os outros.

Sombra: Aquilo que está oculto e escondido em nós é nossa


sombra e vive nas profundezas do inconsciente.

Herói: O herói luta pelo bem comum e por vezes reprime a sombra
que é uma ameaça para o social.

Sábio: O arquétipo do Sábio lança luz sobre o caminho do herói,


desenvolve nossa percepção.

Trapaceiro: O arquétipo do trapaceiro ou do malandro, desafia o


que é pré-estabelecido pela sociedade, ele cria paradoxos para o
Herói.

Ouça agora Arquétipos – O encontro com a sombra é um disco


diferente: são 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e
memórias de C. G. Jung:

 Lítera nos serviços de streaming


 Link para ouvir no YouTube
7. Os arquétipos e complexos de Jung

Nesse vídeo do Canal Didatics são explicados com mais detalhes


os seguintes arquétipos definidos por Carl Gustav Jung: a anima, o
animus, a grande mãe, o sábio, o herói e o self.

8. Os arquétipos de Jung no mundo atual

Margaret Mark e Carol S. Pearson, autoras do livro “O herói e o


Fora da Lei”, investigaram e aprofundaram-se nos arquétipos de
Carl G. Jung, estabelecendo as características marcantes de 12
grupos comportamentais, que inclusive profissionais de marketing e
gestores de marca têm utilizado no mundo da publicidade, para
direcionar produtos para o público adequado, baseando-se em cada
arquétipo.
O conceito do arquétipo não se limita só à psicologia, é utilizado
também na propaganda, no mundo dos negócios e pelas empresas.

Várias marcas hoje em dia buscam alinhar-se a determinado


arquétipo para vincular o produto ao consumidor.

Os 12 arquétipos baseados nos fundamentos de Jung e descritos


no livro O Herói e o Fora da Lei são:

O INOCENTE

Palavra de Ordem: Liberdade

Ideal: Viver no paraíso

Meta: Felicidade

Medo: Sofrer por algum erro

Forma de viver: Ser correto

Fragilidade: Ingenuidade

Virtudes: Fé e Positividade

Expressões: Sonhador, ingênuo, místico, casto, romântico e


idealista.

O CARA COMUM OU ÓRFÃO

Palavra de Ordem: Igualdade

Ideal: viver em harmonia com os outros

Meta: Se integrar

Medo: Ser excluído ou discriminado

Forma de viver: Viver com simplicidade e em comunhão com os


seres
Fragilidade: Se anular em função do outro e da sociedade

Virtudes: Empatia, humildade, desapego e simplicidade.

Expressões: Bondoso, dedicado, trabalhador, ético e humilde

O HERÓI

Palavra de Ordem: Vontade

Ideal: Mostrar seu valor através da coragem

Meta: Contribuir para melhorar o mundo

Medo: Ser um covarde e demonstrar fraqueza e vulnerabilidade

Forma de viver: Ser forte e agir com competência

Fragilidade: Viver sempre em luta

Virtudes: Competência, determinação e coragem

Expressões: Guerreiro, salvador, lutador, defensor, heroico e


corajoso

O CUIDADOR

Palavra de ordem: Amor

Ideal: Proteger e cuidar dos outros

Objetivo: Ajudar e ser compassivo com os seres

Medo: Egoísmo, falta de generosidade e ingratidão

Forma de viver: Ajudar e ser útil para os outros

Fragilidade: Ser explorado pelos outros

Virtudes: Compaixão, generosidade e solidariedade


Expressões: Generoso, empático, altruísta, protetor, incentivador e
assistencial.

O EXPLORADOR

Palavra de Ordem: Superação

Ideal: Se descobrir através da aventura de conhecer mundo

Meta: Um mundo melhor e uma vida mais gratificante

Medo: Se sentir preso, limitado, conformado e entediado.

Forma de viver: Experimentar o novo, sair do tédio e conhecer


novas pessoas e novos lugares.

Fragilidade: Andar sem destino, sem eira nem beira e se tornar um


desajustado

Virtudes: Livre, aventureiro e fiel à sua alma

Expressões: Caminhante, andarilho, individualista, peregrino e


nômade

O REBELDE

Palavra de ordem: Revolução

Ideal: Sair do padronizado e inovar

Meta: Romper o sistema

Medo: Impotência

Forma de viver: Questionar e não seguir o que está ultrapassado


ou é limitante

Fragilidade: Se tornar uma marginal ou terrorista

Virtudes: Ousadia, vanguardismo e originalidade


Expressões: Revolucionário, selvagem, desajustado e
questionador.

O AMANTE

Palavra de ordem: Valorização

Ideal: Viver com profundidade um relacionamento íntimo

Meta: Se relacionar com pessoas que ame de fato, sejam amigos,


colegas de trabalho, par romântico.

Medo: Ficar no anonimato, indesejado e mal amado

Forma de viver: Gosta de ser atraente e fazer a diferença

Fragilidade: Na ânsia de ser amado e valorizado corre o risco de


perder sua individualidade

Virtudes: Amoroso, grato, atraente, compromissado e parceiro

Expressões: Amigo íntimo, entusiasta, sensual e cativante.

O CRIADOR

Palavra de Ordem: Criatividade

Ideal: Realizar o que tem verdadeiro valor

Metas: Concretizar e realizar o que pode trazer benefícios para a


humanidade

Medo: Mediocridade, falta de visão e ação

Forma de viver: Expressar a criatividade, imaginação e o senso


artístico

Fragilidade: Fracassar em sua realizações e perfeccionismo

Virtudes: Criatividade, ser visionário,culto inspirado e imaginativo


Expressões: Artista, inventor, inovador, idealizador, sensível,
promotor da arte e cultura

O TOLO

Palavra de ordem: Viva

Ideal: Viver intensamente

Meta: Vivenciar um grande momento

Medo: Se sentir aborrecido e chateado por causa de uma vida sem


graça

Forma de viver: Brincar, se divertir, jogar, fazer piadas, ser


engraçado e não levar tudo a sério

Fragilidade: Frivolidade, futilidade, superficialidade e


irresponsabilidade

Virtudes: Alegria e bom humor

Expressões: Bobo da corte, malandro, palhaço, brincalhão,


comediante e humorista

O SÁBIO

Palavra de ordem: Verdade

Ideal: Busca do conhecimento e da verdade

Meta: Usar a inteligência e a razão para compreender a vida

Medo: O engano, a desilusão e a ignorância

Forma de viver: Buscar, estudar, investigar e analisar tudo que traz


conhecimento, reflexão e compreensão dos processos da vida.

Fragilidade: Teorizar e não agir, buscar a compreensão da vida e


deixar de viver
Virtudes: Sábio, inteligente, racional, estudioso, reflexivo e
consciente

Expressões: Erudito, investigador, conselheiro, pensador, filósofo,


pesquisador, planejador, mentor, educador e contemplativo

O MÁGICO

Palavra de ordem: Realização

Ideal: Compreender as leis universais

Meta: Tornar realidade os sonhos

Medo: Atrair negatividade

Forma de viver: Viver seus sonhos e ideais

Fragilidade: Para conseguir o que quer se tornar manipulador

Virtude: Realizador e inventivo

Expressões: Inventor, líder, místico, esotérico, curandeiro e mago

O GOVERNANTE

Palavra de ordem: Poder

ideal: Controlar e ser poderoso

Meta: Ter uma família e viver em uma comunidade de forma


próspera

Forma de viver: Busca ter e exercer o poder

Medo: Perder o controle da situação e não ter poder

Fragilidade: Se tornar autoritário e centralizador

Virtudes: Autoridade, responsabilidade e liderança


Expressões: Chefe, líder, ditador, aristocrata, rei, rainha, político,
gerente, comandante, empresário e administrador

Ouça agora Arquétipos – O encontro com a sombra é um disco


diferente: são 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e
memórias de C. G. Jung:

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9. Teste teu arquétipo predominante

Quer saber qual arquétipo de Jung predomina em você?


Faça este Teste.

10. Nossa relação com os arquétipos


Os arquétipos são figuras que se instalaram em nosso imaginário
desde a infância.

Independente do país, cultura, religião e costumes, essas imagens


são muito parecidas para todos nós.

Os arquétipos estão presentes nos mitos, fábulas, lendas, contos de


fadas, histórias que foram criadas para externalizar o inconsciente
coletivo.

São eles que fazem parte dos marcos e grandes acontecimento da


história humana e vivem a se repetir, sendo bons ou ruins, mudam
os cenários e a roupagem, mas os personagens (arquétipos) são os
mesmos.

Na atualidade, os arquétipos são representados e vistos nos filmes,


na publicidade, nas séries, nas novelas, nos reality-show, na
internet e constantemente em nosso cotidiano.

Os arquétipos são mecanismos que utilizamos para satisfazer


nossas necessidades, tais como: realização, pertencimento,
independência, segurança e estabilidade, entre outras.

Para vender seus produtos, por exemplo, a publicidade pode fazer


uma propaganda com pessoas alegres e realizadas usando um
produto de determinada marca, o que irá provocar uma identificação
do arquétipo que existe no inconsciente do consumidor e que busca
aquilo que é mostrado ali, levando-o a associar o produto com o
que ele deseja para si: alegria e realização.

O importante é refletirmos sobre a forma que os arquétipos atuam


em nós e como se formaram, como os alimentamos e somos
influenciados por eles.

Dentro de cada um de nós moram muitos arquétipos. Observem,


para se conhecerem melhor.

Fonte original da matéria 


Lançando o álbum Arquétipos – O encontro com a sombra

São 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e memórias de C.


G. Jung, codificador da psicologia analítica. As composições falam
sobre arquétipos, signos, símbolos e o encontro com as nossas
sombras. Traçam a jornada do anti-herói no cotidiano, o
inconsciente coletivo e a busca de si mesmo. Isso não é um
conceito. É um enigma.

Ouça agora Arquétipos – O encontro com a sombra é um disco


diferente: são 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e
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