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Lição nº 47

1. Considerem-se algumas expressões retiradas de "Os


Maias":
I. "As titis faziam meias sonolentas".
II. "Foi como uma inesperada aparição".
III. "duas janelas (…) bebiam à larga todo o ar do campo e
do sol de inverno".
Os recursos expressivos em destaque nas frases
anteriores são, respetivamente:

- Hipálage; Comparação; Personificação

Na primeira expressão, facilmente se depreende que a sensação


de sonolência das "titis" é refletida na elaboração das meias, ou
seja, ao ser afirmado que as meias se encontravam "sonolentas",
pretende-se, na verdade, evidenciar a sonolência que
caracterizava as "titis", possivelmente entediadas do trabalho que
estariam a elaborar, daí que o recurso expressivo evidente nesta
primeira expressão seja a hipálage.

Na alínea II), estamos perante uma evidente comparação,


empregue ao serviço da caracterização da figura de Maria
Eduarda, quando Carlos a viu pela primeira vez e, desde logo,
ficou impressionado com a sua invulgar beleza.

De seguida, na expressão "duas janelas (…) bebiam à larga todo


o ar do campo e do sol de inverno" está presente a
personificação, na medida em que as janelas ganham
características humanas.
2. Eça de Queirós caracteriza-se por um estilo complexo
e bastante expressivo. Com a adoção do diminutivo,
pretende não só evidenciar o seu caráter afetivo para
com algumas personagens, mas essencialmente
caracterizá-las de um modo depreciativo.
Tal ocorre com as personagens de:
- Pedrinho e Eusebiozinho.
O estilo que Eça de Queirós adota no romance "Os Maias" é
complexo e bastante expressivo, caracterizado por um conjunto
de elementos simbólicos que permitem antecipar o desfecho que
estará reservado para as personagens.

Nesta linha de pensamento, recorre ao diminutivo com dois


intuitos essenciais. Um deles é evidenciar a clara compaixão que
nutre para com algumas das personagens, por exemplo, quando
se refere ao protagonista como Carlinhos, revelando compaixão
pelo seu destino trágico; o outro objetivo da utilização do
diminutivo (e o mais recorrente) é a caracterização pejorativa e
satírica das personagens, devido ao seu caráter fraco e frágil,
caráter esse que acabaria por ditar o seu futuro, tal como ocorre
com Pedrinho ou com Eusebiozinho.
3. Considerem-se as seguintes afirmações relativas à
linguagem, estilo e estrutura do romance
queirosiano.
Selecione a afirmação falsa:
- Tempos verbais como o presente do indicativo e o gerúndio
são característicos do estilo queirosiano.
´Por outro lado, o texto narrativo oscila entre momentos de
narração presente (logo no início da obra), memórias e
lembranças do passado, através da técnica de analepse, e
futurismos através da prolepse. Também se perspetivam
momentos de omissão e reduções (elipses e resumos) assim
como anisocronias e isocronias.

São igualmente características da obra queirosiana: a


reprodução do discurso no discurso, através do discurso
indireto livre, para aumentar a expressividade da ação, a
utilização do adjetivo e do advérbio e o recurso a tempos
verbais como o pretérito imperfeito do indicativo e o
gerúndio.
4. Associe a seguinte caracterização a uma das
personagens do romance "Os Maias":

Inseparável amigo de Carlos; autêntica projeção de Eça de


Queirós; defensor convicto do naturalismo; pragmático;
fracassa na medida em que não completa a escrita do livro
"Memórias de um Átomo".
- João da Ega´

Guimarães: o tio de Dâmaso Salcedo. É ele que revela a Ega que


Carlos e Maria Eduarda são irmãos.

Pedro da Maia: pai de Carlos e filho de Afonso da Maia. O seu


caráter débil e fraco antecipa o seu trágico desfecho: suicida-se
na sequência da fuga da mulher com um napolitano.

Afonso da Maia: o grande patriarca da família. Defensor do


liberalismo, opõe-se à ideologia absolutista de seu pai, Caetano
da Maia. Acaba por morrer de uma apoplexia no jardim do
Ramalhete, desgostoso pelo incesto voluntário praticado pelo
neto.
João da Ega: o amigo inseparável de Carlos. Ega surge como o
"alter-ego" de Eça de Queirós, ou seja, uma autêntica projeção do
romancista, essencialmente pela ideologia literária defendida
(naturalismo, por oposição ao romantismo). Ega pode ser ainda
caracterizado como uma personagem excêntrica e critica, que
não consegue completar a escrita do seu livro "Memórias de um
Átomo".

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