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Escrita Queiroziana em O Crime do Padre Amaro

Fig.1 Ilustração de Eça com as


personagens Amélia e Padre Amaro

Discente: Luís Machado


Número: 54929
Docente: António Gomes
Cadeira: Literatura Portuguesa do Século XIX
2º Ano – Estudos Portugueses – Ano letivo 2018/2019

Este trabalho contém escrita relativa ao século XIX


 Índice

Conteúdo

 Introdução....................................................................................................................2
 Contextualização.........................................................................................................4
 Escrita Queiroziana......................................................................................................5
 Simbologia...................................................................................................................5
 Hipocrisia.....................................................................................................................7
 Componente Epistolar.................................................................................................9
 As três versões.............................................................................................................9
 Conclusão...................................................................................................................13
 Bibliografia.................................................................................................................14

Este trabalho contém escrita relativa ao século XIX


 Introdução
Este trabalho intitulado de “Escrita Queiroziana em O Crime do Padre Amaro” tem
como essencial objetivo abordar a forma e as características da escrita de Eça de
Queiroz, assim como os temas abordados, simbologias e as transformações que a obra
foi sofrendo. Não tendo como objetivo fazer um resumo sobre a obra em questão.

Eça de Queiroz foi dos autores com maior importância para a literatura portuguesa,
deixando como herança grandes clássicos, não só O Crime do Padre Amaro, como
também Os Maias, A Cidade e as Serras, entre outros. Trazendo e desenvolvendo um
novo estilo literário, o realismo. É nesse parâmetro que se inicia este trabalho, ou seja,
vou fazer uma breve contextualização de como surge o realismo, e de que forma Eça o
aplica. De seguida, irei desenvolver a questão do simbólico, onde se observa que
certos nomes e locais não são ao acaso. Também irei debruçar-me na hipocrisia
espelhada pelo autor, por parte do clero. Sendo esta, das maiores obras anticlericais
até hoje escritas. Ao longo do trabalho algumas características, da escrita de Eça, serão
mencionadas, sendo que resolvi enfatizar a componente epistolar. Finalizando, com a
evolução do próprio texto, pois o escritor foi aperfeiçoando-o, ao longo das três
primeiras edições.

Pretendo tratar informações lecionadas em aula, complementando com alguma


pesquisa e recorrendo, sempre que possível, a excertos da própria obra, de forma a
justificar e a dar coerência e veracidade ao presente trabalho.

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Escrita Queiroziana em O Crime do Padre Amaro

 Contextualização
O realismo é uma corrente artístico-literária que surge em França, em 1857, através
das mãos de Gustave Flaubert, com a sua obra Madame Bovary. Este género, vem
confrontar e contrariar, até então, o Romantismo, grande corrente do século XIX. Se os
autores românticos eram excessivos no modo de expor os sentimentos, os realistas
defendiam uma nova arte que procurasse trazer a anatomia do carácter e descrever e
provocar sentimentos verdadeiros e emoções reais aos leitores.

Em Portugal, o realismo é inaugurado por Eça de Queiroz com a obra “O Crime do


Padre Amaro”, em 1875. Esta, talvez seja das obras de maior impacto na sociedade
portuguesa, devido, não só à sua componente de critica social, como à ousadia
empregue na forma de escrita e nos temas abordados. Pois, Eça entra na instituição
católica de uma forma visceral expondo os seus meandros e os seus podres.

Eça de Queiroz tem a qualidade de criticar o que está errado e de denunciar a


sociedade, utilizando a ironia – forte característica da escrita queiroziana – chegando a
ridicularizar certas classes, como a burguesia e o clero. Procurando através do enredo
e da trama consciencializar o lente para que a sociedade mude o pensamento.

O Crime do Padre Amaro é claramente um texto anticlerical, a começar pelo próprio


título, denunciando a falta de valores, a opressão e a corrupção exercida pelos
membros da igreja. O autor revela tamanha audácia e ousadia ao abordar temas tabu,
como a sexualidade, retratada explicitamente através da relação de Amélia Caminha
com o padre Amaro Vieira, que cometem o “pecado da carne”, como podemos
constatar:

“Nos seus braços, todo o terror do céo, a mesma idéa do céo


desapparecia; refugiada alli, contra o seu peito, não tinha
medo das iras divinas; o desejo, o seu furor da carne, como um
vinho muito alcoolico, davam-lhe uma coragem colerica; era
com um brutal desafio ao céo que se enroscava furiosamente
ao seu corpo”

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É de destacar, o modo como o autor é arrojado ao utilizar léxico do domínio do divino
enquanto descreve uma relação sexual. Algo escandaloso e de teor anticlerical para a
período em que a obra foi escrita. A obscenidade e perversão que Eça e o realismo
mostra é a promiscuidade da realidade vivida na época.

 Escrita Queiroziana

É de salientar a própria escrita queiroziana que, para lá da sua componente critica e de


demonstrar uma clara visão da sociedade e dos seus problemas envolventes, utiliza e
trabalha os mais diversos componentes gramaticais – verbos, figuras de estilo,
advérbios e adjetivos - como nenhum outro autor. Na minha opinião, o mais fascinante
na escrita de Eça, é a singular adjetivação. Esta, desempenha o maior papel na sua
forma de escrita, pois os adjetivos são empregues numa tal configuração e
abundância, que consegue provocar no leitor a capacidade de visualizar a imagem
descrita pelo autor, permitindo uma envolvência absoluta e prazerosa na história.

Por Eça de Queiroz ter vivido alguns anos em Inglaterra e em França, devido à sua
carreira diplomática, começa a introduzir uma série de neologismos e estrangeirismos
ingleses e franceses, enriquecendo assim a língua portuguesa.

 Simbologia
Podemos comprovar a existência da questão do simbólico presente n’O Crime do
Padre Amaro. Em alguns momentos, a simbologia é facilmente interpretada, como por
exemplo, o facto da história ser passada em Leiria, pois a obra foi idealizada entre
1871 e 1872, altura em que Eça de Queiroz desempenhava a função de administrador
do concelho na mesma cidade. A simbologia está presente não só nos locais
mencionados, mas também em nomes, como os dos protagonistas. Amélia e Amaro.

Através do nome do padre Amaro, presenciamos outra característica do realismo, o


determinismo fatalista. Isto é, o próprio nome da personagem vai determinar e traçar
as suas ações. Amaro significa amargo, o que nos diz muito sobre o carácter do

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mesmo, não que a culpa fosse sua, mas porque foi assim moldado pela sociedade.
Após a morte da sua mãe, Amaro foi educado para seguir a vida de padre, não tendo a
mínima vocação e desde cedo sentia desejo por mulheres, como podemos observar no
próximo excerto, sendo extremamente anticlerical:

“revolvia-se sem dormir e, no fundo das suas imaginações e dos seus sonhos, ardia,
como uma braza silenciosa, o desejo da Mulher.
Na sua cella havia uma imagem da Virgem coroada de estrelas, pousada sobre a
esphera, com o olhar errante pela luz immortal, (…) ficando a contemplar a
lithographia, esquecia a santidade da Virgem, via apenas diante de si uma linda
moça loura; amava-a; suspirava; despindo-se olhava-a de revez lubricamente; e
mesmo a sua curiosidade ousava erguer as pregas castas da tunica azul da imagem
e suppôr fórmas, redondezas, uma carne branca…”

Também o nome de Amélia transmite a fisionomia e o carácter da personagem. O


nome da protagonista vem de mel, ou seja, indica alguém doce, amável e puro, é
sentimental e romântica. A sua descrição ao aparecer pelas primeiras vezes ao padre,
transmite uma candura e algumas semelhanças a uma imagem sagrada com uma
mescla de sensualidade, como podemos atestar pelas descrições dos dois primeiros
momentos em que o padre Amaro a vê:

- “uma bella rapariga, forte, alta, bem feita, com uma


manta branca pela cabeça e na mão um ramo de
alecrim.”

- “Amaro olhou para ella, etão, pela primeira vez.


Tinha um vestido azul muito justo ao seio bonito; o
pescoço branco e cheio sahia d’um collarinho voltado;
entre beiços vermelhos e frescos o esmalte dos dentes
brilhava; e pareceu ao parocho que um buçosinho lhe
punha aos cantos da boca uma sombra subtil e dôce.”

De muitos locais que surgem na história, considero de maior importância salientar o


último cenário, o Largo de Camões. Este, era o palco fundamental e de extrema
importância, pois transmite, de forma subtil e sublime, a visão e o alerta do autor. Ao
estarem perante a estátua do poeta épico - Camões – este é o grande símbolo trazido
pelos românticos, e significa a grandeza, a importância e o prestígio universal da nação

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e da pátria, confrontando com o Portugal da época, que se mostrar algo decadentista e
oposto ao patriotismo de Eça.

 Hipocrisia
Eça de Queiroz, ao longo da sua obra, vai mencionando a hipocrisia do clero, tanto a
nível dos membros como da instituição, por vezes, o manifesto é evidenciado de forma
mais passiva, no caso de determinadas ações, por outras, de forma mais ativa, quando
esta está presente nas falas das personagens. Considerei que existem três momentos
de maior importância e que devem de ser destacados.

“Já duas canecas de vinho estavam vazias: e o padre Brito desabotoára a


batina (…)

Um pobre então viera á porta rosnar lamentosamente Padre-Nossos; e


emquanto Gertrudes lhe metia no alforge metade d’uma brôa, os padres
fallaram dos bandos de mendigos que agoram percorriam as freguesias.

- Muita obreza por aqui, muita pobreza! dizia o bom abbade. Ó Dias, mais
este bocadinho da aza! (…)

- Então que diabo querias tu que elles comessem? exclamou o conego Dias
lambendo os dedos depois de ter esburgado a aza do capão. (…)

- A pobreza agrada a Deus Nosso Senhor.

- Ai, filhos! acudiu o Libaninho n’um tom choroso, se houvesse só


pobrezinhos isto era o reininho dos céos!”

O excerto acima representado, revela uma colossal hipocrisia por parte dos padres.
Esta, começa por estarem a cometer um dos sete pecados mortais, o pecado da gula,
pois encontram-se perante um farto e excessivo almoço. De seguida, o confronto entre
o mendigo que passa fome e que leva somente uma broa, enquanto existe uma mesa
repleta de comer, ilustra uma crueldade, uma injusta e uma discrepância e
desigualdade entre classes, sobretudo, pela a ação ser representada no domínio
eclesiástico, pois choca com os valores apregoados pela igreja, o que vai de encontro
com o facto de considerarem importante a existência de pobreza na sociedade. Pode-
se atentar como um reconhecimento, por parte dos padres, de que necessitam que

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haja pobreza para assim exercer o seu poder, de forma a oprimir e a controlar a
comunidade.

Outro momento de clara hipocrisia é quando, no mesmo almoço, se fala do tema da


confissão. Esta, provém do padre Natário, considerado o pior padre do grupo, sendo
descrito por João Eduardo, no seu comunicado, como: “Desconfiai d’elle: se puder trahir-
vos, não hesita; se puder prejudicar-vos, folga: as suas intrigas trazem o cabido n’uma
confusão porque é a vibora mais damninha da diocese”. Pois, este mesmo padre, expõe
que a confissão serve para se aproveitarem dos crentes, para conseguirem usá-la como
“arma” de domínio e de persuasão, conseguindo conduzir o povo em seu proveito.
Também acaba por admitir que os padres não têm o poder de Deus para absolverem
os pecados humanos. Como podemos observar:

“- E com a confissão, disse o padre Natario. A coisa então vai pelas


mulheres, mas vai segura! Da confissão tira-se grande partido.

O padre Amaro, que estivera calado, disse gravemente:

- Mas emfim a confissão é um acto muito sério, e servir assim para


eleições…

O padre Natario, que tinha duas rosetas escarlates na face e gestos


excitados, soltou uma palavraimprudente:

- Pois o senhor toma a confissão a sério? (…) O que eu quero dizer é que
é um meio de persuasão, de saber o que se passa, de dirigir o rebanho
para aqui ou para alli…”

O terceiro momento que considerei de maior hipocrisia, é no término na obra, quando


o cónego Dias conversa com padre Amaro, no largo de Camões. Estes, têm um discurso
que reprova a evolução da sociedade, por já não exercerem tanta influência na
comunidade, defendendo os antigos métodos da inquisição, mas, logo de seguida, o
cónego Dias chama a atenção para uma mulher, ao que o padre Amaro responde que
já só se envolve com mulheres casadas, cometendo adultério. Com a próxima
passagem, Eça de Queiroz pretende retratar um discurso que comprova a falta de
vocação dos padres, para o desempenho de funções eclesiásticas, comprovando em:

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“Eram necessarias as antigas repressões, a masmorra e a forca.
Sobretudo inspirar aos homens a fé e o respeito pelo sacerdote.

- Ahi é que está o mal, disse Amaro, é que nos não respeitam! Não
fazem senão desacreditar-nos (…)

Então junto d’elles passaram duas senhoras, (…)

Hein, seu padre Amaro? … Aquillo é que vossê queria confessar.

- Já lá vai o tempo, padre-mestre, disse o parocho rindo, já as não


confesso senão casadas!”

 Componente Epistolar
Outra grande característica de Eça de Queiroz, e do realismo, é a componente
epistolar, fortemente presente e divulgada nas suas obras, e O Crime do Padre Amaro
não é exceção. A carta, no século XIX, tem uma particularidade muito própria, é um
meio privilegiado para que exista intimidade. Ao longo do texto, é nos divulgado cerca
de cinco cartas. Estas, permitem que o leitor entre na intimidade das personagens,
sem que se esconda nada do lente, e assim, que se deixe enredar pela história.
Exemplo de uma dessas cartas é a de Amélia a João Eduardo, para findar o noivado:

“Snr, João Eduardo.

O que estava decidido a respeito do nosso casamento era na persuasão que era V.
S.ª uma pessoa de bem e que me poderia fazer feliz; mas como se sabe tudo, e que
foi o senhor que escreveu o artigo do Districto, e calumniou os amigos da casa e me
insultou a mim, e como os seus costumes não me dão garantia de felicidade na vida
de casada, deve desde hoje considerar tudo acabado entre nós, pois não ha banhos
publicados nem despezas feitas. E eu espero, bem como a mamã, qué o senhor seja
bastante delicado para não nos voltar a casa, nem perseguir-nos na rua. O que tudo
lhe comunico por ordem da mamã, e sou criada de V. S.ª

Amelia Caminha”

 As três versões
É curioso ver que a versão atualmente conhecida de O Crime do Padre Amaro, não
corresponde à primeira versão. A obra foi sempre alterada ao longo das três primeiras
edições, estas em 1875, 1876 e 1880. Ao longo da leitura das três primeiras edições,

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pode ser testemunhada uma clara evolução do escritor. Estas, são uma evidente busca
pela perfeição, por parte de Eça de Queiroz, e uma consolidação e cimentação de um
recente processo estilístico que se vai adaptando à sociedade, fazendo com que a obra
final seja muito mais complexa, comparando à “obra embrionária”, de 1875. Como
podemos comprovar, pelo facto de a primeira versão ter 136 páginas e a terceira ter
674.

A personagem principal, o Padre Amaro Vieira, sofre uma grande mudança, quase
radical, a nível de carácter. Se nas duas primeiras versões é descrito como apaixonado,
revelando timidez e aspectos carinhosos, quase cândidos, que leva o lente a ter
alguma compaixão pelo mesmo, já na versão final é sedutor, tendo essa consciência, e
apresenta uma personalidade sem escrúpulos, passando bruscamente da candura
inicial a um ser desprezível. Também nesta, o nível de corrupção, de cinismo e de
luxúria aumenta, em Amaro. Através de pequenos pormenores, podemos ir vendo as
diferenças ao longo da evolução das edições.

“Então Amelia cantarolava baixo o Adeus ou o descrente:”

A partir deste excerto surgem três descrições diferentes:

- Versão de 1875: “Amaro accendia o seu cigarro, e escutava olhando”

. Versão de 1876: “Amaro accendia o seu cigarro, e olhava”

- Versão de 1880: “Amaro accendia o seu cigarro, e escutava bamboleando a perna”

Considero, que ao comparar as três versões é possível observar um carácter mais


sedutor do padre, por ter sido acrescentado o pormenor de este bambolear a perna.
As emendas efetuadas por Eça de Queiroz, são repletas de intencionalidades,
desenvolvendo maior intensidade na leitura e gerando um novo objetivo no romance.

Apesar de ser mais curta, a primeira versão da história exerce uma maior intensidade e
força na relação sexual dos protagonistas e, talvez, exista uma maior acentuação na
manifestação carnal como lei da natureza humana, sendo quase impossível de

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controlar, contudo existe a consciencialização das barreiras morais, por parte do
pároco, provocando um conflito mais tenso. A segunda versão, é a que mais toca na
questão naturalista do Homem enquanto ser humano, por salientar o aspeto físico das
personagens. Na versão final, atento que a trama não é tão notória e esperada, no
ponto de vista da sedução, tendo outro lado, que é o da ascensão a uma posição
igualitária com o cónego Dias, por também este ter uma relação com a senhora
Joaneira, mãe de Amélia. Estabelecendo e fortificando a conexão de mestre e
discípulo, não só ao nível doutrinário – por ter sido mestre de Amaro no seminário -
mas elevando a outro patamar.

As próprias técnicas narrativas vão sofrendo evolução, pois numa primeira fase existia
uma relação mais vincada e explicita entre o narrador e o leitor, esta é contada na
terceira pessoa e o narrador tem necessidade de ir comentando e explicando a
narrativa, o que já não acontece com tanta frequência e proximidade nas versões
posteriores.

É no final que existe a grande mudança e distinção das versões. Se na primeira versão,
Amélia e Amaro são pais de uma menina, na segunda e na terceira existe a alteração
do sexo, passando a um rapaz. Este fator, pode ser explicado por o autor querer evitar
um certo paralelismo entre a história e a sua própria vida, pois análises indicam que as
figuras de Amaro e Amélia são espelhadas, parcialmente, pelo pai e pela mãe de Eça.
Também existe, uma mudança abrupta em relação ao final do filho de ambos. Se na
primeira e segunda edição, é o padre Amaro que comete infanticídio, ao atirar o filho
para um ribeiro, na terceira edição o infanticídio é cometido indiretamente, pois
Amaro entrega-o a uma ama, que tem a reputação de matar as crianças, apesar de
este refletir um ligeiro arrependimento, sendo demasiado tarde para o ter.

No fundo, pode-se observar que a primeira edição é mais crua e simples, até na
imagem transmitida de um clero mais corrupto; e existe uma evolução no conteúdo,
por exemplo, a conversa que demonstra uma certa inocência de Amaro, em confronto
com os maus costumes dos restantes padres, é transferida do quarto do pároco – na
primeira edição - para o episódio do jantar em casa do abade – na versão final. Mas
não só, o progresso também se sucede nas ideias, na forma de escrita e na

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complexidade da narrativa. A terceira edição, recuperou a rudeza do realismo, que a
primeira abarcava, mas que se tinha perdido devido a pressões morais.

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 Conclusão
Em suma, consegue-se perceber a importância de Eça de Queiroz, sendo o pai do
realismo português, e consequentemente, da sua obra O Crime do Padre Amaro, a
primeira pertencente ao novo estilo literário, surgido na segunda metade do século
XIX, em Portugal.

A história, é uma forte crítica à igreja, e respetivos membros, onde o autor ataca as
perversões da devoção e do meio eclesiástico, a falta de vocação de alguns padres e a
decadência da instituição católica, esta que foi perdendo força no período oitocentista.
No fundo, Eça tem o intuito de abalar os alicerces da sociedade.

É curioso saber, a forma como a narrativa foi evoluindo, e quais foram as alterações
para o escritor chegar à perfeição da mesma. A escrita queiroziana está repleta de
particularidades, fazendo a distinção entre outros autores. Entre as diversas
características, existe a questão simbólica e a componente epistolar.

De importante salientar, mais uma vez, que o objetivo de Eça de Queiroz, face à época,
é incitar o pensamento, de forma a alterar as mentalidades, transmitindo sempre uma
mensagem, como podemos constatar, por exemplo, com a hipocrisia, ou ainda melhor,
através do último pano de fundo da trama, o Largo de Camões, em Lisboa,
estimulando uma visão mais atenta e preocupada do romancista como observador da
sociedade.

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 Bibliografia
- QUEIRÓS, Eça de, O Crime do Padre Amaro, Lisboa: Editora Livros do Brasil, 2013

- MATOS, Alfredo Campos, Dicionário de Eça de Queiroz, Lisboa: Editorial Caminho,


1988

Outras informações:

- Apontamentos de aula

Site utilizado para retirar citações*:

- http://purl.pt/226/4/l-41873-p_PDF/l-41873-p_PDF_24-C-R0150/l-41873-
p_0000_capa-capa_t24-C-R0150.pdf

*Para as citações estares de acordo ao tipo de escrita do século XIX

Sites utilizados para pesquisa:

- https://www.culturagenial.com/livro-o-crime-do-padre-amaro-de-eca-de-queiros/

- https://www.infoescola.com/literatura/escritores-do-realismo-portugues/

- https://pt.wikipedia.org/wiki/E%C3%A7a_de_Queiroz

- http://valiteratura.blogspot.com/2011/08/o-crime-do-pe-amaro-1875-eca-de-
queiros.html

- http://www.ufjf.br/revistaipotesi/files/2011/05/CAP06-77-90.pdf

- https://www.publico.pt/2002/11/26/jornal/o-crime-do-padre-amaro-o-livro-e-o-
filme-176923

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Imagem utilizada:

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