Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INDICE
I - GRAÇA COMUM..................................................................................................................... 2
IX - A REGENERAÇÃO .............................................................................................................. 31
X - JUSTIFICAÇÃO ................................................................................................................... 33
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 1 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
A doutrina da eleição faz parte da fase preparatória da salvação, mas temos antes de estudar a
Graça de Deus.
I - GRAÇA COMUM
Graça comum é a graça de Deus pela qual ele dá às pessoas inumeráveis bênçãos que não
fazem parte da salvação.
Wayne Grudem
Não conduz à
A graça de Deus que
salvação. Ela é dada
conduz as pessoas à
igualmente a crentes
salvação.
e incrédulos.
- O Domínio Físico
Os incrédulos continuam a viver neste mundo unicamente por causa da graça comum de Deus.
- O Domínio Intelectual
A graça comum de Deus no domínio intelectual é vista no fato de que todas as pessoas têm
algum conhecimento de Deus.
- O Domínio Moral
Deus também, por meio da graça comum, limita as pessoas para que não sejam tão más
quanto poderiam ser.
2Cr 24.17-25; Sl 81.12, Rm 1.24, 26, 28; Rm 2.14-15; Gl 3.11
- O Domínio Criativo
Deus tem permitido medidas significativas de talento nas áreas artísticas e musicais, atividades
atléticas, arte culinária, literatura e assim por diante.
- O Domínio Social
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 2 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
- O Domínio Religioso
Até mesmo no domínio da religião humana, a graça comum de Deus produz algumas bênçãos
para pessoas incrédulas.
1) A graça comum não significa que aqueles que a recebem serão salvos
Rm 5.10; Cl 1.21; Tg 4.4; Mt 12.30; Fp 3.18-19
2) Devemos ser cautelosos para não rejeitar as coisas boas que os incrédulos fazem como se
fossem totalmente más.
3) A doutrina da graça comum deve conduzir nosso coração a uma extrema gratidão a Deus.
"Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a
esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Que diremos, pois, à
vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm 8:28-31 RA)
Admitindo a Polêmica
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 3 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
"Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade;
mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; de outra sorte, também tu serás
cortado" (Rm 11:22).
Quem prefere pregar a bondade de Deus, precisa se informar acerca da Sua severidade. Quem
prefere pregar a severidade de Deus, precisa informar-se acerca da Sua bondade.
Preordenação
Todos admitem que Deus faz tudo segundo a Sua vontade. Mas qual é essa vontade?
A polêmica aqui gira ao redor da ordem ou seqüência dos Decretos de Deus que vimos na
Doutrina de Deus. Lembramos que aquela doutrina é a nossa interpretação humana da
aparente política de Deus no mundo.
Também descrevemos estes decretos como sendo as regras do jogo. Das quatro posições1
principais a grande questão é se a salvação é providenciada para todos, todos aqueles que
crêem, ou apenas para alguns que Deus decidiu salvar.
Presciência
Todos admitem que Deus sabe desde a eternidade quem será salvo. A polêmica é uma questão
de que tipo de ciência ou conhecimento está implicado: intelectual ou pessoal (de
relacionamento)2. Os calvinistas crêem que Deus relacionou-se com alguns desde a eternidade
enquanto os arminianistas crêem que Deus soube desde a eternidade quem iria responder
positivamente ao evangelho.
Predestinação
No Antigo Testamento tanto Israel como os profetas foram predestinados para serem os servos
do Senhor. No Novo Testamento a predestinação focaliza-se em questões soteriológicas.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 4 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
João ou Maria foram predestinados para serem salvos, mesmo que não queiram? Ou, todos
aqueles que crêem foram predestinados para serem salvos?
A predestinação dupla ensina que uns foram predestinados para a vida eterna e ao mesmo
tempo outros foram predestinados para a perdição eterna. A predestinação simples ensina que
alguns foram misericordiosamente predestinados para a vida eterna e os demais foram
abandonados à justiça de Deus e ao castigo merecido de seus pecados.
Convocação
Justificação
Preservação
Todos crêem na preservação por Deus que faz parte da doutrina da perseverança dos santos. A
polêmica é se Deus garante a glorificação dos eleitos a despeito de qualquer coisa que fizerem,
ou se a glorificação depende da obediência individual.
As raízes do arminianismo, dizem os teólogos, estão em Pelágio, que pregava um tipo de auto-
salvação, negava que o homem é depravado, e negava que Deus tem algum plano.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 5 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Deus escolheu as pessoas para a salvação, antes da fundação do mundo, baseado em Sua
presciência. Ele previu quem aceitaria livremente a salvação, e predestinou os salvos. Não é
Deus somente quem escolhe o pecador. A salvação ocorre quando o pecador escolhe a Cristo
(sinergismo).
O pecador deve exercer sua própria fé, para crer em Cristo e salvar-se. Os que se perdem,
perdem-se por livre escolha: não quiseram crer em Cristo, rejeitaram a graça auxiliadora de
Deus.
Dt. 30:19; Jo 5:40; 8:24; Ef. 1:5, 6, 12; 2:10; Tg 1:14; 1 Pd. 1:2; Ap. 3:20; 22:17.
2. A expiação é universal
O sacrifício de Cristo torna possível a toda e qualquer pessoa salvar-se pela fé, mas não
assegura a salvação de ninguém. Só os que crêem nEle, e todos quantos crêem serão salvos.
Jo 3:16; 12:32; 17:21; 1 Jo 2:2; 1 Co. 15:22; 1 Tm. 2:3, 4; Hb. 2:9; 2 Pd. 3:9; 1 Jo 2:2.
Embora a queda de Adão tenha afetado seriamente a natureza humana, as pessoas não ficaram
num estado de total incapacidade espiritual.
Todo pecador pode arrepender-se e crer, por livre-arbítrio, cujo uso determinará seu destino
eterno. O pecador precisa da ajuda do Espírito Santo, e só é regenerado depois de crer, porque
o exercício da fé é a participação humana no novo nascimento.
Is. 55:7; Mt. 25:41, 46; Mc. 9:47, 48; Rm. 14:10, 12; 2 Co. 5:10.
Deus faz tudo que pode para salvar os pecadores. Estes, porém, sendo livres, podem resistir
aos apelos da graça. Se o pecador não reagir positivamente, o Espírito não lhe pode
conceder vida. Portanto, a graça de Deus não é infalível nem irresistível. O homem pode
frustrar a vontade de Deus para sua salvação.
Embora o pecador tenha exercido fé, crido em Cristo e nascido de novo para crescer na
santificação, ele poderá cair da graça. Só quem perseverar até o fim é que será salvo.
Lc. 21:36; Gl. 5:4; Hb. 6:6; 10:26, 27; 2 Pd. 2:20-22.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 6 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
O Calvinismo é o sistema teológico das Igrejas Reformadas, cuja expressão doutrinária oficial é
a Confissão de Fé de Westminster, redigida por determinação do parlamento inglês. Os
trabalhos tomaram cinco anos e meio, terminando em 1648, deles participando 120 ministros
ou teólogos, 11 "lords”, 20 "comuns" (alguns eram das universidades de Oxford e Cambridge) e
7 delegados da Escócia.
Mas foi o Sínodo de Dort, em Dortrecht, na Holanda, reunido em 1618-1619, que teve o
objetivo precípuo de contra-atacar o arminianismo.
Foi ali que surgiram os "cinco pontos do calvinismo", em resposta aos cinco pontos do Memorial
Arminiano. A ordem desses pontos difere: no documento de Dort, o ponto número 1 responde
ao ponto número 3, do memorial arminiano; o número 2 responde ao número 1; o número 3,
ao número 2; o número 4, ao número 4, e o número 5, ao número 5.
Os 5 Pontos do Calvinismo
1. Total depravação
O homem natural não pode apreciar sequer as coisas de Deus. Menos ainda salvar-se. Ele é
cego, surdo, mudo, impotente, leproso espiritual, morto em seu pecado, insensível à graça
comum. Se Deus não tomar a iniciativa, infundindo-lhe fé salvadora, e fazendo-o ressuscitar
espiritualmente, o homem natural continuará morto eternamente.
Sl. 51:5; Jr. 13:23; Rm. 3:10-12; 7:18; 1 Co. 2:14; Ef. 1:3, 12; Cl. 2:11-13.
2. Eleição incondicional
Deus elegeu alguns para a salvação em Cristo, reprovando os demais. Deus não tem obrigação
de salvar ninguém, nem homens nem anjos decaídos. Resolveu soberanamente salvar alguns
homens (reprovando todos os demais) e torná-los filhos adotivos quando eram ainda filhos das
trevas. Teve misericórdia de algumas criaturas, e deixou as demais (inclusive os demônios)
entregues às suas próprias paixões pecaminosas.
A salvação é efetuada exclusivamente por Deus (monergismo). A fé, como a salvação, é dom
de Deus ao homem, não do homem a Deus.
Ml. 1:2, 3; Jo 6:65; 13:18; 15:6; 17:9; At. 13:48; Rm. 8:29, 30-33; 9:16; 11:5-7; Ef. 1:4, 5;
2:8-10; 2 Ts. 2:13; 1 Pd. 2:8, 9; Jd. 1, 4.
Segundo Agostinho, a Graça de Deus é "suficiente para todos, eficiente para os eleitos". Cristo
foi sacrificado para redimir Seu povo, não para tentar redimi-lo. Ele abriu a porta da salvação
para todos, porém, só os eleitos querem entrar, e efetivamente entram.
Embora os homens possam resistir à graça de Deus, ela é, todavia, infalível: acaba
convencendo o pecador de seu estado depravado, convertendo-o, dando-lhe nova vida, e
santificando-o. O Espírito Santo realiza isto sem coação. É como o rapaz apaixonado que ganha
o amor de sua eleita, e ela acaba casando-se com ele, livremente.
Deus age e o crente reage, livremente. Quem se perde tem consciência de que está livremente
rejeitando a salvação. Alguns escarnecem de Deus, outros se enfurecem, outros adiam a
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 7 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
decisão, outros demonstram total indiferença para com as coisas sagradas. Todos, porém,
agem livremente.
Jr. 3:3; 5:24; 24:7; Ez. 11:19, 20; 36:26, 27; 1 Co. 4:7; 2 Co. 5:17; Ef. 1:19, 20; Cl. 2:13;
Heb. 12:2.
Se todo o processo de salvação é obra de Deus, o homem não pode perdê-la. Segundo a Bíblia,
é impossível que o crente regenerado venha a perder sua salvação. Poderá pecar e morrer
fisicamente (1 Co. 5:1-5). Os apóstatas nunca nasceram de novo, jamais se converteram.
Is. 54:10; Jo 6:51; Rm. 5:8-10; 8:28, 32, 34-39; 11:29; Fl. 1:6; 2 Ts. 3:3; Heb. 7:25.
Eleição é um ato de Deus, antes da criação, no qual ele escolhe algumas pessoas para serem
salvas, não por causa de algum mérito antevisto delas, mas somente por causa de sua suprema
boa vontade. Wayne Grudem
A Eleição não é:
A eleição é a escolha soberana de Deus – ele “nos predestinou para ele, para a adoção de
filhos” (Ef 1.5).
Deus nos escolheu simplesmente porque decidiu derramar seu amor sobre nós – não porque
anteviu em nós alguma fé ou mérito. Wayne Grudem
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 8 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
2) Com base na doutrina de eleição, nossas escolhas não são escolhas reais.
Resposta: Se Deus nos faz de determinada maneira e nos diz que nossas escolhas
voluntárias são escolhas reais e genuínas, então temos de concordar que são.
3) A doutrina da eleição faz com que sejamos marionetes ou robôs, não pessoas reais.
Resposta: Deus nos criou, e, portanto, devemos reconhecer que é ele quem define o que é a
genuína pessoalidade.
5) A eleição é injusta.
Resposta: Primeiro, devemos lembrar-nos de que seria perfeitamente justo que Deus não
salvasse ninguém, exatamente como fez com os anjos. Segundo, não seria justo que Deus
criasse algumas pessoas, as quais, ele sabia, pecariam e seriam condenadas eternamente, e
às quais ele não redimiria.
A Doutrina da Reprovação
Reprovação é a decisão soberana de Deus, antes da criação, de não levar em conta algumas
pessoas, decidindo em tristeza não salvá-las e puni-las por seus pecados, manifestando por
meio disto sua justiça. Wayne Grudem
Jd 4; Rm 9.17-22; 1Pe 2.8; Mt 11.25-26; Ef 1.3-6; 1Pe 1.1-3; Ez 33.11
- A doutrina da eleição responde que sou cristão só porque Deus na eternidade passada decidiu
aplicar seu amor sobre mim.
- A doutrina da eleição confere-nos humildade diante de Deus para pensar dessa forma. Faz-
nos perceber que não temos direito algum à graça de Deus.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 9 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
V - Quadro Sinótico
Memorial Arminiano
VERSUS
2. A expiação é universal. Cristo morreu por todos 3. A expiação é limitada, ou particular, "suficiente para
os homens, salvos e perdidos, mas Seu sangue não todos, eficiente para os eleitos". Cristo morreu para
assegura a salvação de ninguém, se não houver redimir Sua Igreja. O convite é universal. A aceitação é
aceitação pessoal. limitada.
3. O homem tem livre-arbítrio. É capaz de responder 1. O homem natural está morto espiritualmente, sendo
aos apelos do Espírito. Não é tão depravado que não incapaz de voltar-se para Deus. O pecador só tem livre-
seja capaz de decidir livre e conscientemente a arbítrio para o mal. Não consegue discernir as coisas de
aceitação ou a rejeição da graça divina. Deus. Se Deus não o ressuscitar, continuará morto.
4. O pecador pode rejeitar definitiva e eficazmente 4. A graça de Deus é infalível. Embora o pecador
os apelos do Espírito, por ser livre. O Espírito nada possa resistir o Espírito, entristecê-lo e extingui-lo, a obra
pode fazer se o pecador insistir na rejeição da graça. completa será feita nos eleitos. Deus regenera, santifica
O pecador pode frustrar os planos de Deus para sua e glorifica o crente, sem violentar-lhe a vontade livre.
salvação.
5. Os crentes regenerados pelo Espírito não estão 5. Os salvos não perdem a salvação. A perseverança
livres de cair da graça e perder-se eternamente. é do Salvador. Os apóstatas jamais nasceram de novo.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 10 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
O Calvinismo extremado
O termo hipercalvinismo é usado para designar uma idéia mais radical ainda, que é a dupla
predestinação, também chamada de supralapsarismo. É a crença de que Deus pré-destina os
eleitos para céu e os não eleitos para o inferno, independente da escolha humana.
Para o calvinismo extremado a livre escolha humana significa fazer o que desejamos e que
apenas os bons desejos são dados por Deus, e os maus são frutos da natureza pecaminosa do
homem.
Mas por que nem Lúcifer nem Adão tinham natureza má antes de pecarem e mesmo assim
pecaram? A grande pergunta é: quem fez o Diabo pecar? Se a livre escolha é fruto do desejo e
se todos os desejos vêm de Deus, a conclusão a que se chega é: Deus fez Lúcifer pecar contra
Deus.
Todavia, o profeta Habacuque, falando sobre Deus, garante: "teus olhos são tão puros que não
suportam ver o mal, e que não podes tolerar a maldade" - Hc 1.13. Tiago afirma que “Deus não
pode ser tentado e a ninguém tenta” (Tg 1.13).
Portanto, a posição calvinista radical deve ser rejeitada porque é extremamente contraditória
em si mesma.
O Arminianismo extremado
Algumas idéias citadas aqui como "arminianismo extremado" são também denominadas pelos
estudiosos de "pelagianismo" ou "teologia do processo".
O argumento dos arminianos extremados, negando que Deus conhece as ações livres e futuras
do homem não pode ser aceito porque é contrário às Escrituras. Observe, a Bíblia afirma que
Deus conhece todas as coisas.
No livro do profeta Isaías, Deus afirma que conhece o fim desde o começo (Is 46.10). Contudo,
isso não significa que Ele tenha destinado de antemão uns à salvação e outros à perdição. A
predestinação está relacionada com o plano redentor idealizado por Deus, o qual se estende a
todos os seres humanos que crerem no Senhor Jesus (Jo 3.16).
Deus sabia desde a eternidade que nosso Senhor morreria por nossos pecados (1Pe 1.18-20,
Ap 13.8). Contudo, este ato envolveu a livre escolha de Jesus (Jo 10.17,18).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 11 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Logo, se a afirmação dos arminianos extremados estivesse correta, isso não seria possível?
Sempre existiu e existirá uma tendência incurável para dois extremos: os que enfatizam a
soberania de Deus e anulam a liberdade de escolha humana; e os que enaltecem a livre escolha
humana a ponto de limitar os atributos de Deus, em especial a Onipotência, Presciência e a
Soberania.
Tanto o calvinismo extremado e o arminianismo extremado são posições que devem ser
evitadas, pois ambos são extremos desnecessários e como tais acarretam perigos teológicos
que contrariam a verdade bíblica.
Notemos o prefácio e posfácio da doutrina de Paulo: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28).
“Que diremos, pois, á vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8:31)
Não importa qual a sua orientação teológica3, todos os cristãos se abrigam das intempestividades da
vida, debaixo do teto da soberania do Altíssimo. Todos acreditam que Ele rege todas as cosias
beneficamente para aqueles que amam a Deus e são chamados segundo o Seu propósito.
Não é diferente quando se trata do posfácio de Romanos 8:31: "Que diremos, pois, à vista destas
coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?".
Devida à ênfase que alguns teólogos dão à eleição, seria natural que algumas pessoas se focalizassem
na palavra "se": "se Deus é por nós". Senão a frase torna-se veículo de dúvida e o leitor pergunta:
"será que Deus é por mim?". No entanto, lido no contexto geral e específico da epístola, a palavra "se"
não inspira dúvida, e sim certeza! O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que
crê; ainda que sejamos pecadores Cristo morreu por nós; onde abundou o pecado, superabundou a
graça; não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus! A palavra "se'; de fato tem o
valor de ”desde que". Portanto, lemos: "desde que Deus é por nós - quem será contra nós?".
“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou”. Porque
eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as
coisas do presente, nem as do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem
qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso
Senhor“. (Rm 8:38-39).
"Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito" (Rm 8:28).
3 Por orientação teológica entendemos a estrutura teológica predomina em sua interpretação das
escrituras. As duas orientações principais são o Calvinismo (que destaca a soberania de Deus) e o
Arminianismo (que destaca a soberania do homem).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 12 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (Rm
8:37).
Infelizmente, em muitos casos a doutrina de eleição tem sido desvinculada de seu maior referencial: o
amor. Ao contrário, a ênfase tem sido a justiça e soberania de Deus.
O primeiro texto (Rm 8:28) destaca o amor para Deus, enquanto o segundo (Rm 8:37) destaca o
amor de Deus. Tudo indica que os expoentes de uma eleição incondicional não perceberam uma óbvia
contradição no seu argumento.
Para ser coerente com esse entendimento, Romanos 8:28 deveria dizer que "todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que são amados por Deus". Isto porque, segundo eles mesmos afirmam, TUDO
provém de Deus.
Contudo, o texto de eleição começa com o referencial do amor para Deus: "todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus”.Em outras palavras, há uma providência especial para
aqueles que são recíprocos com Deus, que respondem à Sua oferta de salvação.
O segundo texto (Rm 8:37), destaca o amor de Deus que opera a favor dos eleitos: “Em todas estas
coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou". Somos "mais que
vencedores" porque fomos amados. Se a revelação de Deus ao apóstolo Paulo se limitava ao favor
imerecido, este amor divino teria sido destacado em Romanos 8:28.
O que descobrimos é que, mais uma vez, a verdade bíblica sobrevive em meio à tensão. De um lado
nos empurra à soberania de Deus, do outro à responsabilidade humana.
Quem abraça apenas a soberania de Deus descansa na passividade; quem abraça somente a
responsabilidade humana levanta-se na agressividade: "Mas, os que esperam no SENHOR renovam as
suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam" (Is
40:31).
Verbete: pragmatisrno4
Doutrina segundo a qual a verdade duma proposição é uma relação totalmente interior à experiência
humana, e o conhecimento é um instrumento a serviço da ação, tendo o pensamento caráter
puramente finalístico: a verdade de uma proposição consiste no fato de que ela seja útil, tenha alguma
espécie de êxito ou de satisfação.
“E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato,
israelitas”. (Romanos 9:6)
A parte final do tópico anterior sobre eleição observa o desenrolar prático desta doutrina. Se a teologia
não é vivenciada ela se torna contraprodutiva. A doutrina de eleição nos conduz para a história do povo
de Israel em Romanos 9-11. Lá descobrimos que:
Israel foi eleito para receber os privilégios de "adoção e também a glória, as alianças, a
legislação, o culto e as promessas; deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo,
segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!" (Rm 9:4-5).
4
Dicionário Aurélio, Editora Nova Fronteira, 1996
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 13 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
A eleição não sobrepujou a sua vontade como nação. Israel não correspondeu à sua eleição.
"Quanto a Israel, porém, diz: Todo o dia estendi as mãos a um povo rebelde e contradizente"
(Rm 10:21).
Apenas um remanescente aproveitará as bênçãos de eleição. "Assim, pois, também agora, no
tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça" (Rm 11:5).
A eleição não é uma garantia incondicional de salvação. "Considerai, pois, a bondade e a
severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de
Deus, se nela permaneceres; de outra sorte, também tu serás cortado" (Rm 11:22).
Vimos que a doutrina de eleição é uma doutrina controvertida e que gera muita polêmica. A existência
desta polêmica deve alertar-nos para o fato de que existe mais que um lado desta questão.
No tocante à predestinação destacamos quatro áreas de fértil discussão para seu estudo se quiser levar
adiante o assunto. Observamos que a doutrina é bastante pastoral e vem conduzida pelo amor, a mais
nobre das virtudes. Como prefácio Paulo destaca o amor para com Deus. Como posfácio ele destaca
que fomos amados por Deus. Concluímos observando acima quatro fatos importantes acerca da eleição
de Israel.
Segundo a Palavra de Deus, tal escolha foi, primeiramente, coletiva. Deus elegeu em Cristo o seu povo
(Ef 1.4,5; 1 Pe 2.9). Daí Jesus ter dito: “... edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Isso significa que o Corpo de Cristo foi escolhido antes da fundação
do mundo.
Não houve eleição de alguns indivíduos para a salvação e de outros para a perdição, partindo de um
analise das posições arminiana e calvinista sob o ponto de vista bíblico equilibrado com base na
exposição do que está escrito na Bíblia Sagrada, à luz do contexto.
O plano de salvação abrange todos os indivíduos que vão sendo incluídos na Igreja por meio da fé na
obra de Cristo, como lemos em Atos 2.47: “... acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo
salvos”. A Igreja, como Corpo de Cristo, já foi eleita, porém ainda há lugar para a entrada de mais
indivíduos nesse Corpo: “... quem quiser tome de graça da água da vida” (Ap 22.17).
Jesus enfatizou que a eleição individual ocorre, mas para quem aceita o seu chamamento geral para a
salvação (Mt 11.28-30). Ao afirmar que “... muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”, Ele revelou
que, das multidões que ouvem o evangelho, apenas uma parte o segue (Mt 22.14).
De acordo com Ef 1.5, o Senhor “... nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si
mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”. No entanto, quando os indivíduos se tornam
efetivamente filhos de Deus e parte integrante do povo eleito?
A resposta está em João 1.12: “... a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos
de Deus: aos que crêem no seu nome”.
A Palavra de Deus menciona também uma eleição individual para o ministério. Ela nada tem que ver
com a eleição geral para a salvação.
Paulo afirmou que Deus o separou desde o ventre de sua mãe e o chamou pela sua graça (Gl 1.15). O
mesmo aconteceu com Davi (Sl 22.10), Jeremias (1.5), Isaías (49.1) e João Batista (Lc 1.15). Contudo,
essa escolha soberana do Senhor para o santo ministério não interfere em seu desejo de salvar a todos
os seres humanos (1 Tm 2.4).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 14 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Essa eleição individual também não exclui o livre-arbítrio, uma vez que os homens de Deus
mencionados podiam desobedecer à chamada divina. Paulo deixou claro isso ao contar o testemunho
de sua conversão ao rei Agripa: “E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava e, em
língua hebraica, dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? (...) Pelo que, ó rei Agripa, não fui
desobediente à visão celestial” (At 26.14-19). E se o apóstolo tivesse desobedecido à visão?
Em Romanos 8.29,30, está escrito que Deus predestinou para a salvação aqueles que conheceu por
antecipação. Mas, que o Senhor não conheceu antes da fundação do mundo? Todos nós fomos
conhecidos quando ainda éramos pecadores (Rm 5.8). E, como veremos, à luz das Escrituras Ele
predestinou, em Cristo, toda a humanidade para a salvação (Rm 11.32; 6.23; 2 Pe 3.9). O Senhor não
se vale de sua presciência para salvar ou condenar alguém. Ele sabia que Judas era “um diabo”;
mesmo assim, investiu nele e chamou-o para fazer parte dos doze apóstolos (Jo 6.70).
Por sua presciência, Deus conhece os que o rejeitarão, e mesmo assim, não interfere, uma vez que
dotou o ser humano de livre-arbítrio; Ele não viola esse princípio. Embora essa faculdade esteja
grandemente prejudicada pelos efeitos terríveis do pecado, o homem tem a capacidade de escolher
entre o bem e o mal. Ele não é um ser autômato, um robô, um fantoche, mas um ser responsável por
seus atos.
Existe livre-arbítrio?
Os seguidores do calvinismo extremista, com base em um evangelho centrado mais nas ilações
teológicas do que no evangelho bíblico, afirmam que o livre-arbítrio ficou praticamente sem efeito
depois da entrada do pecado no mundo. Contudo, A Bíblia Sagrada mostra que Deus, em todas as
épocas, antes e depois da entrada do pecado no mundo, respeitou as decisões humanas.
Nos dias de Moisés, Josué e Elias (muito tempo depois da Queda), vemos como Deus desejava que os
homens fizessem escolhas: “... te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe,
pois, a vida, para que vivas, tu e a tua semente”; “... escolhei hoje a quem sirvais...”; “Até quando
coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o” (Dt 30.19; Js
24.15; 1 Rs 18.21).
Em Is 1.18, Deus convidou os pecadores a argüi-lo, a fim de que recebessem o perdão de seus mais
terríveis pecados, porém deixou claro que respeitaria as suas decisões: “Se quiserdes, e ouvirdes,
comereis o bem desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada, porque a
boca do Senhor o disse” (Is 1.19,20).
O salmista escolheu o caminho da verdade (Sl 119.30) e, sem duvidar, teve segurança para fazer este
pedido a Deus: “Venha a tua mão socorrer-me, pois escolhi os teus preceitos” (v. 173).
Em Apocalipse 22.17, no último livro da Bíblia, a água da vida não é oferecida a alguns eleitos para a
salvação. Jesus a oferece a quem tem sede e quer tomá-la de graça! Porém, o Senhor se importa com
aqueles que invocam o seu nome (At 2.21). Conseqüentemente, Pedro, ao pregar a Palavra de Cristo
na casa de Cornélio, afirmou: “A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele
crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome” (At 10.43)
MEDITAÇÃO FINAL
Os eleitos de Deus serão tentados, mas não serão enganados por falsos milagres: “porque
surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se
possível, os próprios eleitos" (Mt 24:24).
Deus não recebe acusações contra Seus eleitos: "Quem intentará acusação contra os eleitos de
Deus? É Deus quem os justifica" (Rm 8:33).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 15 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Os eleitos não andam nus: "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de
ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade" (Cl
3:12).
O obreiro deve estar disposto a sofrer por causa dos eleitos: "Por esta razão, tudo suporto por
causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com
eterna glória" (II Tm 2:10).
Somos eleitos: "segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a
obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo" (I Pe 1:2).
Com Cristo, os eleitos vencerão o inimigo: "Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os
vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos
e fiéis que se acham com ele" (Ap 17:14).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 16 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
"Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo
para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim" (Jo 13:1).
Mais que os outros evangelistas, o apóstolo João percebeu a plena consciência que Jesus tinha
do tempo.
O pedido da sua mãe em Canaã da Galiléia foi julgado fora de tempo: "Mulher, que tenho eu
contigo? Ainda não é chegada a minha hora" (Jo 2:4). Ele recusou-se a ir à festa em Jerusalém
com seus irmãos, dizendo: "meu tempo ainda não está cumprido" (Jo 7:8).
Mais tarde Ele foi à festa, mas Deus não permitiu que Seus inimigos o prendessem porque
"ainda não era chegada a sua hora" (Jo 7:30). Contudo, finalmente Jesus disse a Seus discípulos:
"É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem" (Jo 12:23).
distância de dias que separam uma festa da outra. A segunda seria esclarecer a distância
teológica que afasta as duas.
Em outras palavras, a páscoa realça a libertação do povo de Deus do reino das trevas e do
poder do pecado, enquanto o dia de expiação realça a remissão dos pecados cometidos como
povo de Deus.
Veja quão grande é a diferença entre as mensagens das duas festas. De propósito, Jesus
coordenou a hora da sua morte para destacar a libertação de Seu povo do reino das
trevas e do poder do pecado. Uma mensagem tão grande escondida dentro de um
calendário judaico. Eis a importância dos estudos do Antigo Testamento. Vale a pena dizer
que por falta de conhecimento técnico, a teologia de muita gente está seis meses fora de
uma sincronização bíblica.
“Não foram oferecidos para alcançar a sua graça, mas para retê-la, ou para evitar que a
comunhão existente entre Deus e seu povo fosse interrompida ou terminada pelas
imperfeições ainda inevitáveis do seu povo, quer seja de indivíduos, quer seja do povo
inteiro.”5
As implicações deste fato são suficientes para causar um terremoto na maior parte do
cristianismo. Torna-se claro que:
5
The Theology of the Old Testament, 316. Citado por A R. Crabtree. Teologia do velho
Testamento.3a ed. Rio de Janeiro: JUERP (1980), 196.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 18 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Não quero sugerir que o perdão de pecados não faça parte do Evangelho, mas quero
enfatizar que Cristo nos livrou do poder do pecado. Não devemos permanecer no pecado
para que a graça de Deus abunde.
"Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o
princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo" (I Jo
3:8).
O êxodo torna-se o padrão da obra salvífica de Deus e a páscoa seu memorial. Por este
motivo, Jesus coordenou a Sua morte para coincidir com isso. Quando Moisés e Elias
apareceram no monte de transfiguração, foi para discutir com Jesus o êxodo que Ele havia
de cumprir em Jerusalém:
“E aconteceu que, enquanto ele orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e suas
vestes resplandeceram de brancura. Eis que dois varões falavam com ele: Moisés e Elias,
os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em
Jerusalém.” (Lc 9:29-31).
Por trás da palavra "partida" está escondido o grego "êxodo", e embutido na palavra
"êxodo" está todo o conceito teológico da obra de Jesus. Vislumbramos Moisés liderando o
povo na sua saída da escravidão no Egito. Avistamos Elias preparando o sacrifício e fogo
descendo do céu. Mais tarde veremos que a cruz de Cristo toma o lugar da vara de Moisés
e devora toda a manifestação maléfica em Judas.
A saída de Moisés sinaliza a hora do povo entrar na terra prometida. A saída de Elias
sinaliza a chegada de Eliseu, que fará duas vezes mais de milagres do que Elias. Jesus
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 19 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
disse "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as
obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai" (Jo 14:12).
Jesus veio como Libertador do povo de Deus, e efetuou dois grandes livramentos:
a) Da Ira de Deus
Segundo a Bíblia, somos salvos da ira de Deus: "Logo, muito mais agora, sendo
justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira" (Rm 5:9). Mais uma vez
estamos de volta à importância fundamental do sangue do cordeiro pascal como meio de
evitar a ira de Deus. Lembre-se de que em qualquer tratamento da salvação, somos antes
criminosos que vítimas!
O segundo6 grande livramento do povo de Deus é seu livramento do reino das trevas.
Deus havia prometido aos israelitas: "Eu sou o SENHOR, e vos tirarei de debaixo das
cargas do Egito, e vos livrarei da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e
com grandes manifestações de julgamento" (Ex 6:6). Eles não foram apenas libertos da
escravidão no Egito, foram libertos do próprio império egípcio!
Eis o retrato da nossa salvação: "Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou
para o reino do Filho do seu amor" (Cl 1:13).
O Faraó tentou em vão impedir a saída do povo de Deus mandando suas tropas atrás. Mas
Deus abriu passagem no mar Vermelho. Seu povo passou para o outro lado em segurança
e, uma vez lá, Deus enterrou os inimigos no bravo mar!
Séculos mais tarde, o Filho de Deus invadiu o reino das trevas, noticiando: "edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16:18). Com o dedo
de Deus Ele expulsou os demônios e eventualmente estendeu Seus braços sobre a cruz do
calvário, abrindo uma passagem espiritual para nós sairmos do reino das trevas.
Crucificado em fraqueza, Ele foi ressuscitado em poder. Ele vive hoje eternamente para
fazer intercessão por Seu povo e “têm nas Suas mãos as chaves da morte e do
inferno”.(Ap 1:18).
6
Vamos lembrar que a salvação é primeiramente um livramento do juízo de Deus sobre o nosso
pecado, seguido de um livramento do poder e das conseqüências do pecado. O maior inimigo do
homem não é o diabo, e sim um Deus de misericórdia cuja oferta de salvação foi rejeitada. "De
quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho, e
profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós
conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor
julgará o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” (Hb 10:29-31).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 20 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Uma vez salvo pelo poder de Deus, o cristão precisa enfrentar dois grandes problemas: a
tendência ao legalismo e a tendência ao antinomianismo.
Legalismo
De modo geral a igreja brasileira parece sofrer desta primeira moléstia: o legalismo.
Contra o mesmo, Paulo escreveu aos Gálatas: "Sois assim insensatos que, tendo
começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?" (Gl 3:3).
O legalismo leva o crente a pensar que a sua situação espiritual não é tão séria assim. Ele
age como alguém querendo justificar-se diante de Deus, em vez de perceber que precisa
da justiça de Deus. Séculos antes de Cristo o profeta Isaias escreveu: "Mas todos nós
somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós
murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam" (Is
64:6).
Características do legalista:
Confia em si mesmo
Considera-se justo
Despreza os outros
Gosta de orar, mas faz da oração um exercício de orgulho
Reclama dos pecados dos outros
Enaltece-se a sim mesmo
Antinomianismo
7
Um termo que Lutero usou para descrever a opinião de Johann Schneider, posteriormente
conhecido como Agrícola. Este argumentava que não havia nenhum lugar para os 10 mandamentos
na experiência cristã. Desde então é usado para descrever aqueles que desprezam a importância
das proibições de Deus. Douglas, J. D., Comfort, Philip W. & Mitchell, Donald'. Editors, Agrícola,
Johann Schneider. Who's Who in Christian History (Quem é Quem na História Cristã), (Wheaton,
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 21 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
legalismo que ora presenciamos no Brasil, o antinomianismo é uma ameaça real. Ao invés
do “nada pode”, entra o “tudo pode!”.
Vejamos a réplica de Paulo contra o antinomianismo. São quatro8 os argumentos que ele
fornece contra a permanência no pecado.
O cristão:
Não pode, porque está unido com Cristo (6:1-2). Paulo está raciocinando.
Não precisa, porque o domínio do pecado foi quebrado pela graça (6:12-14). Paulo
está apelando.
Não permite, porque irá readmitir o pecado como mestre (Rm 6:15-19). Paulo
está comandando.
Não persista (no pecado), porque irá findar em desastre (Rm 6:20-23). Paulo está
advertindo.
Concluímos este assunto com um versículo muitíssimo importante, e um dos que os que
desprezam a lei gostam de citar pela metade:
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da
graça" (Rm 6:14).
Muitos citam a última parte deste versículo para dizer que estão isentos da lei, mas tal
não é nem o caso, e muito menos a interpretação correta deste versículo.
O que Paulo quer dizer aos cristãos em Roma e a nós, é que o pecado é derrotado porque
Deus não nos ajuda de acordo com os nossos méritos, e sim de acordo com as
nossas necessidades!
Debaixo da lei, o povo precisava merecer o favor de Deus. Debaixo da graça de Deus, Ele
vem ao encontro das nossas carências, principalmente nossa carência moral e ética.
Diante do fato de que o poder de Deus é manifesto em nossas fraquezas, podemos
esperar socorro da parte de Deus a qualquer hora. Assim, Paulo escreve aos Corintios:
"Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que
sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais suportar" (I Co 10:13).
8
Sanders, Oswald J. Spiritual Lessons (Lições Espirituais). Chicago: Moody Press. 1944,112-113.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 22 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Os dois livramentos de que trata a salvação são livramento da ira de Deus e livramento do
reino das trevas. Finalmente, consideramos os dois grandes problemas associados à vida
cristã: legalismo e o antinomianismo. A seguir veremos mais um assunto de soteriologia:
conversão, que por sua vez é a expressão de arrependimento e fé.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 23 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
VIII - CONVERSÃO
Por definição entendemos que é uma mudança não só de aparência, mas de substância.
Em outras palavras é uma mudança interna e não apenas uma mudança externa.
Enquanto a melhor ilustração de conversão é a parábola do filho pródigo, o melhor
exemplo bíblico é aquele de Saulo9 de Tarso.
O Chamado Eficaz
Quando Deus chama as pessoas ele as chama “das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe
2.9). Ele as chama:
O Chamado do Evangelho
A NECESSIDADE DE CONVERSÃO
A mensagem da Bíblia é que todos precisam se converter, e que ninguém se converte sem
arrependimento e fé. Nem sempre o arrependimento resulta em conversão.
Semelhantemente, a fé não é garantia de conversão. Precisa haver uma interação destes
dois elementos para que a conversão aconteça.
ARREPENDIMENTO
A primeira afirmação que podemos fazer acerca do arrependimento é que faz parte da
vontade de Deus:
"Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário,
ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos
cheguem ao arrependimento" (II Pe 3:9 RA).
9
Vale a pena dizer que mesmo convertido ele se chamava Saulo como vemos em Atos 13:2 "E,
servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo
para a obra a que os tenho chamado". Saulo era seu nome hebraico enquanto Paulo era seu nome
gentílico (grego) que preferiu usar por causa de seu ministério aos gentios.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 24 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
OS MEIOS DE ARREPENDIMENTO
OS FRUTOS DE ARREPENDIMENTO
A palavra profana refere-se a um terreno sem cerca, portanto aponta para uma pessoa
sem limites, sem restrições. Infelizmente, Esaú não conseguiu nenhum espaço de
arrependimento embora chorasse bastante (Hb 12:16-17). O texto sugere que todo o
terreno da sua vida foi tomado e ocupado, não sobrando mais nada para ele redimir:
"nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu
direito de primogenitura. Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a
bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o
tivesse buscado" (Hb 12:16-17 RA).
"Porque quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes
contristados! Que defesa, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que
vindita! Em tudo destes prova de estardes inocentes neste assunto" (II Co 7:11 RA).
Devido aos muitos pecados na igreja de Corinto, o apóstolo Paulo teve razão de disciplinar
e corrigir os cristãos. Certamente não foi uma situação agradável e causou-lhe bastante
tristeza. No entanto, como disse o autor da carta aos Hebreus: "Toda disciplina, com
efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois,
entretanto, produz fruto pacifico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça"
(Hb 12:11 RA).
Depois da correção o apóstolo congratulou os cristãos pela sua maturidade e óbvio
arrependimento. Ele destacou os seguintes sete elementos:
• Cuidado: um desejo de compensar o prejuízo.
• Defesa: uma disposição de vindicarem-se por condutas mais nobres.
• Indignação: contra o inimigo de Paulo que havia conseguido convencê-los.
• Temor: diante da sua própria passividade e os resultados desastrosos.
• Saudades: de Paulo.
• Zelo: para ver as coisas endireitadas.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 26 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
VOCÊ E O ARREPENDIMENTO
Ou cedo ou tarde, todos nós fazemos algo de que temos vergonha e precisamos nos
arrepender. Baseado neste versículo podemos dizer que você alcançou o arrependimento
quando estava disposto a:
• compensar o prejuízo
• viver uma vida mais nobre
• romper com as amizades prejudiciais
• estar chocado com a sua própria passividade e perceber os resultados desastrosos
• ter saudade de quem corrige você
• zelar para ver as coisas endireitadas
Salmo 51
O PAPEL DE FÉ NA CONVERSÃO
"De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Hb
11:6 RA).
"Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem"
(Hb 11:1 RA).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 27 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
O LADO INTELECTUAL DA FÉ
O LADO EMOCIONAL DA FÉ
A verdadeira fé é muito mais do que um conceito intelectual. Ela é uma calorosa certeza
que invade o coração e expulsa o desânimo. A fé enxerga e saboreia a queda de todas as
muralhas de Jericó. A fé produz uma coragem que alenta o coração. Quem tem fé sente
que qualquer obstáculo que se levanta contra a gloriosa vontade de Deus está destinado a
cair. O moço Davi disse a Golias: "Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com
escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos
exércitos de Israel, a quem tens afrontado" (I Sm 17:45).
O LADO VOLITIVO DA FÉ
A fé nunca é passiva. Ela inspira ação, e ação ousada. É neste sentido que Tiago insiste
"... assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta" (Tg
2:26).
Pela fé Moisés estendeu a sua vara e o mar Vermelho abriu-se. Pela fé Jesus estendeu
Seus braços sobre a cruz e as portas do inferno ruíram. Sem ação a fé nunca se
concretiza!
O VALOR ESTRATÉGICO DE FÉ
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 28 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
"De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Hb
11:6 RA).
Jesus exalta a manifestação de fé, reclama da sua falta e diz que é a medida que Deus
usa para nos abençoar.
A falta de fé é um grande impedimento na manifestação do poder de Deus.
• "Ó mulher, grande é a tua fé!" (Mt 15:28); "Faça-se-vos conforme a vossa fé" (Mt
9:29 RA);
• "Onde está a vossa fé?" (Lc 8:25);
• "não sejas incrédulo, mas crente" (Jo 20:27 RA);
• "E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles" (Mt 13:58).
Jesus, percebendo a estratégia satânica armando-se contra os discípulos, precaveu a
Pedro, contudo, ao mesmo tempo fez questão de orar pela sua fé: "Simão, Simão, eis que
Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a
tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos" (Lc 22:31-
32).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 29 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
0 grande antídoto ao veneno diabólico era a fé. Ela não podia faltar, por isso Jesus
intercedeu com ao Pai para que Pedro não desfalecesse.
A FÉ E A SALVAÇÃO
A Bíblia tem muito a dizer acerca da fé, e, portanto, não é uma surpresa constatar que as
frases “pela fé”, “por fé” ou “mediante a fé” ocorrem 59 vezes no Novo Testamento.
Segundo a Bíblia somos:
• Justificados pela fé: "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5:1 RA).
• Salvos pela fé: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós; é dom de Deus" (Ef 2:8).
• Vivemos pela fé: "o justo viverá pela fé" (Gl 3:11).
• Recebemos O Espírito Santo pela fé: "afim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito
prometido" (Gl 3:14).
• Santificados pela fé: "E não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles,
purificando-lhes pela fé o coração" (At 15:9).
• Guardados pela fé: "que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a
salvação preparada para revelar-se no último tempo" (I Pe 1:5).
• Firmados pela fé: "porque somos cooperadores de vossa alegria; porquanto, pela
fé, já estais firmados" (H Co 1:24).
• Andamos pela fé: "andamos por fé e não pelo que vemos" (II Co 5:7).
• Herdamos as promessas pela fé: "pela fé e pela longanimidade, herdam as
promessas" (Hb 6:12).
• Rompemos as barreiras pela fé: “Tudo é possível ao que crê”.(Mc 9:23).
• Vencemos pela fé: "e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé" (I Jo 5:4).
• Cristo vive em nós pela fé: "e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé" (Ef
3:17).
Como se pode ver, a fé é essencial à salvação: "Quem não crer será condenado". Na Bíblia
a incredulidade é um crime hediondo contra Deus e foi responsável pela morte de uma
geração inteira da nação de Israel no deserto.
A falta de fé suscita a ira e o juízo de Deus porque questiona e repudia Sua capacidade,
generosidade, integridade e fidelidade:
"Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus,
suceda parecer que algum de vós tenha falhado. Porque também a nós foram anunciadas
as boas novas, como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou,
visto não ter sido acompanhada pela fé, naqueles que a ouviram" (Hb 4:1-2).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 30 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
IX - A REGENERAÇÃO
A regeneração é o lado divino da conversão. Ela produz a nova vida que nós buscamos no
processo de arrependimento. Não há nada que o homem possa fazer para se regenerar,
mas, quando o pecador arrepende-se de seus pecados, quando ele crê no Evangelho,
quando ele se converte de seus maus caminhos e busca a Deus, a regeneração não está
longe!
No Antigo Testamento o homem é visto como tendo um coração de pedra, mas o profeta
fala de um novo dia quando terá um coração de carne.
"Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de
pedra e vos darei coração de carne" (Ez 36:26 RA).
Quando Nicodemus veio falar com Jesus ele alegou que o concílio sabia que Jesus era um
mestre vindo da parte de Deus. Jesus não aceitou a proposta e insistiu que todos eles
precisavam nascer de novo para poder saber algo espiritual (Jo 3:1-3).
A Bíblia ensina que uma vez nascida de novo, a pessoa muda por completo. Baseados na
história de Nicodemus podemos afirmar que é possível o homem ser um respeitado
membro da igreja ou até do ministério, sem ter nascido de novo! E possível que alguém
que estude esta lição, ainda não tenha nascido de novo. Verifique algumas características
básicas dos regenerados. Quem é nascido de Deus:
• Vence a tentação: "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de
pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando,
porque é nascido de Deus" (I Jo 3:9).
• Ama: Ama a Deus, seus irmãos, e seus inimigos, ama a Palavra de Deus, a vontade
de Deus e as almas perdidas. "Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é
amor" (I Jo 4:8).
• Busca as coisas de cima: "Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo,
buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus" (Cl 3:1).
AGENTES DE REGENERAÇÃO
Concluímos esta aula observando o que a Bíblia fala em relação aos agentes da
regeneração. Nascemos de novo mediante:
• A vontade de Deus: "os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem, mas de Deus" (Jo 1:13).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 31 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
• A obra de Cristo: "Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele
que pratica a justiça é nascido dele" (I Jo 2:29).
• A Palavra de Deus: "pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de
incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente" (I Pe 1:23).
• Os ministros da Palavra: "Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em
Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo
Jesus" (I Co 4:15).
• O Espírito Santo: "não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua
misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo"
(Tt 3:5).
CONCLUSÃO
Com certeza que este assunto não trouxe grandes novidades. Quem nunca ouviu falar de
arrependimento, fé, conversão e regeneração? No entanto, por serem assuntos comuns,
muitas vezes não fazemos nenhum estudo sistemático deles. Este tipo de estudo deve
servir para você compartilhar um Evangelho mais apurado com os novos convertidos da
sua igreja.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 32 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
X - JUSTIFICAÇÃO
Agostinho (354-430 d.C.) entendeu que no pecado de Adão, toda a humanidade revoltou-
se contra Deus e o juízo de Deus caiu sobre todos. A natureza humana foi
irremediavelmente corrompida. Nascemos como inimigos de Deus por sermos ligados à
rebelião de Adão. Durante a história da Igreja é a teoria de Agostinho ou uma versão
modificada da mesma que tem sido a mais aceita.
Imagine que você ofendeu alguém e esta pessoa processa você legalmente. Quando você,
acompanhado por seu advogado, é ouvido no tribunal, você escuta todas as acusações
trazidas pelo litigante. Depois, representado por seu advogado você externa o outro lado
da questão, não negando os fatos, mas explicando-os. Depois o juiz emite seu veredicto -
inocente!
VOCABULÁRIO BÍBLICO
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 33 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
"Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm 8:1 RA).
Fica claro, biblicamente que, quem não está em Cristo, vive debaixo da ira de Deus e já
está sob o julgamento de Deus: "Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está
julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”.(Jo 3:18).
Em segundo lugar, a base da justificação é A Morte de Jesus Cristo: "Logo, muito mais
agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira" (Rm 5:9 RA).
Estas duas verdades acerca da justificação não são difíceis de entender, mas como foi
possível para Deus justificar os ímpios sem perverter a Sua justiça?
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 34 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Esta doutrina é um pouco mais complicada. Não parece que haja uma contradição entre a
graça de Deus e a Sua justiça? Alguém poderia alegar que a contradição é entre o coração
de Deus, e a Sua mente! Sabemos que tal coisa é impossível, e parece difícil resolver o
impasse.
"Da falsa acusação te afastarás; não matarás o inocente e o justo, porque não justificarei
o ímpio" (Ex 23:7 RA).
"Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é
atribuída como justiça" (Rm 4:5 RA).
Como se pode ver, o inculto tem certa razão quando diz que a Bíblia é “cheia de
contradições”. Contudo, existe uma explicação lógica desta contradição como veremos a
seguir:
A Bíblia diz que não podemos nos apresentar justos diante de Deus. Não há ninguém que
possa se justificar, pois todos são pecadores. Contudo, no tribunal divino, acompanhado
do nosso Advogado Jesus Cristo, podemos discutir a situação.
Somente Deus tem o poder de nos livrar da nossa culpa. No entanto não pode contravir à
Sua justiça. Seria um grande erro imaginar que em Cristo Deus estava procurando
furtivamente uma oportunidade para defraudar a Sua justiça.
Deus sempre faz a coisa certa e, portanto, não pode existir qualquer tensão entre o Seu
amor e a Sua Justiça! Se Deus nos justificou, e de fato o fez, Ele deve ter boas razões
para tanto. Sugerirei dois motivos para nossa absolvição: nosso relacionamento com Adão
e nosso relacionamento com Cristo.
Um fato que o nosso Advogado esclareceu no tribunal de Deus foi o nosso relacionamento
infeliz com Adão. Este relacionamento é muito importante porque a Bíblia ensina que foi
por ele que o pecado entrou no mundo, e não somente isso, mas também, que ele foi
responsável por nossa natureza pecaminosa.
"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a
morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm
5:12 RA).
Através dos séculos um dos debates importantes na área da teologia tem sido a questão
da nossa identidade como pecadores. Somos pecadores porque pecamos, ou pecamos
porque somos pecadores? O peso da evidência bíblica sugere o último caso: Pecamos
porque somos pecadores!
Como o cachorro late porque é cachorro, o ser humano peca porque é pecador. Assim
como ninguém precisa ensinar o cachorro a latir, ninguém precisa ensinar o ser humano a
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 35 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Tal não era o caso com Adão e Eva, mas desde então (com a notável exceção do nosso
Salvador, Jesus Cristo), nunca deixou de ser o caso. Enquanto Adão começou a sua vida
com uma natureza pura, nós começamos a nossa vida com uma natureza impura, caída,
depravada. Deus sabe disso e, portanto, possibilitou a nossa justificação baseada em
nossa total impossibilidade de fazer o bem.
A possibilidade de justificação repousa sobre este fato, que nós não começamos a nossa
vida com uma natureza pura. Nossos pecados não são do mesmo tipo de Adão. Ele teve
escolha - nós não tivemos. Sua culpa é inexorável, a nossa não é, porque Deus tem visto
a nossa desvantagem, e se propôs a justificar-nos do nosso passado baseado em nossa
decisão de rompermos com Adão, e aceitar a Cristo.
Pedir o cancelamento das nossas ofensas contra Deus na base do nosso relacionamento e
plena falta de condições de escolher o bem, é um lado do assunto da justificação. O outro
lado é a questão do nosso relacionamento com Jesus Cristo, o Último Adão.
Podemos afirmar que o nosso grande problema éi uma natureza depravada, herdada de
Adão. Será que é convincente este argumento?
Existe alguma evidência de que havendo um novo começo um ser humano poderia viver
retamente diante de Deus? A enfática resposta é SIM!
Jesus Cristo, o último Adão, entrou neste mundo sem a deficiência de uma natureza
pecaminosa, e viveu toda a sua vida retamente diante de Deus e dos homens. Assim, há
evidência de que o problema da raça humana é congênito.
Baseado neste fato (a vida justa de Cristo), Deus se predispõe a absolver todos os
pecadores de todos os seus pecados oriundos do seu relacionamento doentio com Adão.
No entanto, existe um detalhe que ainda falta para o indivíduo ser justificável. Qual seria?
Seria a prova de que o indivíduo é de fato sincero quando diz que não concordou com a
rebelião de Adão contra Deus. Damos evidência desta sinceridade quando revogamos
oficial e publicamente a procuração que Adão exerceu ilicitamente em nosso nome.
É como se um parente publicasse uma notícia no Diário Oficial dizendo que de forma
alguma será responsável por dívidas contraídas em seu nome por fulano de tal.
A partir desta data, o contratante dessa noticia não será mais legalmente responsável por
dívidas que o nomeado contrair na praça. A nossa justificação no tribunal de Deus
depende da nossa decisão de rejeitarmos a nossa filiação com Adão, e buscarmos filiação
em Jesus Cristo - o último Adão.
Deus, o Justo Juiz oferece um novo começo em Seu Filho, Jesus Cristo, aquele que é a
propiciação para nossos pecados. Em Cristo, Deus nos concede uma oportunidade para
demonstrar que de fato desejamos viver uma vida reta diante d'Ele. Mediante a aceitação
de Cristo, e a vontade de Deus nEle, Deus nos justifica dos velhos pecados e dá-nos uma
nova natureza: "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 36 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Agora podemos entender porque é inadmissível que um cristão continue alinhado com o
pecado. Seria inconcebível que os que aceitaram a Cristo como seu Salvador, que foram
justificados dos pecados cometidos anteriormente em Adão, não buscassem viver vidas
santas diante de Deus.
"Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?
De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?"
(Rm 6:1-2).
Segundo o Novo Dicionário da Bíblia, das 39 vezes que o verbo justificare usado no Novo
Testamento, 29 aparecem nos escritos ou palavras de Paulo. Sem dúvida ele fez da
justificação algo central à sua doutrina soteriológica.
Para Paulo justificação é o ato fundamental de bênção da parte de Deus porque ela nos
salva do passado e nos assegura do futuro. De um lado, significa o cancelamento das
nossas dívidas contraídas em Adão, e sinaliza o fim das hostilidades entre nós e Deus.
Do outro, significa aceitação, uma nova filiação, e uma promissora herança em Cristo. O
grande triunfo do redimido é assim descrito por Paulo:
"Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura,
não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os
eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem nos condenará? É Cristo Jesus quem
morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por
nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição,
ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?" (Rm 8:31-35 RA).
A IMPORTÂNCIA DA FÉ
Quando Paulo fala do meio de alcançar a prometida justificação ele deixa bem claro o
papel da fé:
"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de Nosso Senhor Jesus
Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na
qual estamos firmes; e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isto,
mas também nos gloriemos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz
perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a
esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo
Espírito Santo, que nos foi outorgado" (Rm 5:1-5 RA).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 37 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Paulo também advoga isso dizendo que a partir do momento em que somos justificados
estamos em um novo relacionamento com Deus e temos assumido uma nova postura
diante do pecado. Jamais apresentaremos nossos membros ao pecado, e sim individual e
corporalmente, apresentar-nos-emos a Deus como servos da justiça.
CONCLUSÃO
"E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da
vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo
cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual
nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz” (Cl 2:13-14 RA).
"a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança
da vida eterna" (Tt 3:7 RA).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 38 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
"E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis
que se fizeram novas" (II Co 5:17).
• A União Entre o Edifício e Seu Alicerce (Ef. 2:20-22; Cl. 2:7; I Pd. 2:4-5)
"Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo
Jesus, a pedra angular; no qual todo edifício, bem ajustado, cresce para santuário
dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para
habitação de Deus no Espírito" (Ef 2:20-22 RA).
"Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois os membros
de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo nenhum." (I Co 6:15 RA).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 39 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
A entrada de Cristo na alma faz com que ela se torne uma nova criatura no sentido de
que as tendências dominantes, que eram pecaminosas, se transformem em tendências
santificadoras. Esta mudança é chamada REGENERAÇÃO.
• A União com Cristo efetua um novo exercício dos poderes da alma em Arrependimento e
Fé.
Fé é o ato da alma através do qual, sob a ação divina, Cristo é recebido. A esta ação da
alma chamamos CONVERSÃO. É o lado humano de Regeneração.
A União com Cristo efetua uma ligação vital com os outros Crentes. Esta ligação fornece a
base para as doutrinas da ECLESIOLOGIA e ESCATOLOGIA.
— mortos
— sepultados
— ressuscitados
— transformados
Não conheço uma verdade mais importante que a união com Cristo para determinar a
segurança da nossa salvação.
Um texto importante é João 10:28 "Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão,
eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão." Possivelmente este texto é um eco
de Isaias 43.13 onde Deus diz "Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que
possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? " (Is 43:13 RA).
No Brasil é bastante comum encontrarmos crentes que não têm segurança da sua
salvação. Vivem amedrontados imaginando que qualquer pecado ou falha possa afastá-los
de Cristo, e prejudicar a sua salvação. Não poucos imaginam um arrebatamento parcial
quando Cristo voltar para Sua Igreja. A seguinte ilustração pode ajudar você a cristalizar a
questão da sua salvação.
Tomando como base a doutrina do crente estar em Cristo, vamos usar a ilustração de um
avião para representar a Jesus. Quando o avião decolar, quantos passageiros irão subir
com o avião? Todos os que estiverem a bordo! Da mesma forma, todos os que estão em
Cristo subirão para os céus com Ele. E se alguém estiver doente? - Subirá! E se alguém
estiver brigado com um parente? - Subirá.
Agora, nem todos terão o mesmo prazer ao subir. Alguns serão flagrados no pecado, e
subirão para a sua própria vergonha, enquanto outros para receberem galardões diante do
tribunal de Cristo.
"Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e
ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão
primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com
eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre
com o Senhor: Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras" (I Ts 4:16-18).
Notem bem que a condição para o arrebatamento, como para a salvação, é o estar em
Cristo. Mesmo quando pecamos continuamos em Cristo.
Por este motivo o apóstolo fica horrorizado diante do pecado sexual por parte dos
cristãos:
"Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os
membros de Cristo e os faria membros de uma meretriz? Absolutamente, não." (I Co
6:15).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 41 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Saímos de Cristo apenas por meio da apostasia, mediante a qual renunciamos a Cristo
como nosso Salvador e Mediador.
CONCLUSÃO
Vimos como a salvação não é apenas uma obra de Cristo; como é imprescindivelmente
uma questão de relacionamento com Ele. Consideramos várias representações figurativas
desta união entre:
• um edifício e seu alicerce,
• o marido e sua esposa,
• a figueira e seus ramos,
• os membros e a cabeça do corpo
Em seguida vimos quatro conseqüências desta união, para depois falar da nossa
experiência desta união. Salientamos que a segurança do crente está intimamente ligada
à sua posição de estar em Cristo, e que o mesmo é garantia do arrebatamento.
Chama muita atenção o fato de que esta multidão conhecia a Jesus, mas Jesus não a
conhecia. Em outras palavras, este povo teve conhecimento de Jesus e Seu poder, mas
não teve um relacionamento vital com Ele.
Não sabemos quantos fazem parte deste grupo, mas segundo Jesus são muitos, e têm
todo sinal de vitalidade cristã, mas não estão servindo a Jesus, e sim seus próprios
apetites. A seguir estudaremos o assunto de Santificação, “sem a qual ninguém verá o
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 42 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 43 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
XII - SANTIFICAÇÃO
A santificação é algo tão importante que a palavra de Deus diz: "Segui a paz com todos e
a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12:14 RA).
Santificação não é uma opção para alguns supercrentes. É algo implícito em nosso
relacionamento para com Deus: “pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou,
tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento" (I Pe 1:15 RA).
Podemos dizer que santificação é algo que surge naturalmente da nossa união com Cristo,
que foi o assunto da aula passada.
DEFINIÇÃO
Exclusividade
No tocante à exclusividade, alguma coisa é tida como santa quando dedicada a um uso
restrito. Assim, todos os utensílios que pertenciam ao culto do Antigo Testamento foram
santificados, isto é, separados para o uso exclusivo do culto divino. Não poderiam ser
usados para outros fins. É importante entender que não eram utensílios estranhos ou
diferentes daqueles que os israelitas tinham em casa. O que fazia a diferença era o fato de
que somente seriam usados no culto divino.
Pureza
Você percebeu a evidente ligação entre santo lugar e mãos limpas, e pureza de coração?
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 44 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Às vezes é importante definirmos algum assunto negativamente, isto é, dizer o que não é.
Para evitar os abusos mais comuns no pensamento e tratamentos populares, quero
enfatizar que a santidade não nos converte em anjos. Ao contrário, ela nos faz
plenamente humanos.
A santidade não elimina certos aspectos da natureza humana que recebem forte censura
por parte de algumas comunidades eclesiásticas. Refiro-me à nossa sexualidade.
Vamos lembrar de que foi Deus, não o diabo que inventou o sexo. Portanto, uma pessoa
santificada não é sinônimo de uma pessoa assexuada. Na próxima vida, tudo indica que
não haverá mais relações sexuais entre os seres humanos, mas enquanto aqui, a Bíblia
diz: "Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula;
porque Deus julgará os impuros e adúlteros" (Hb 13:4 RA).
Positivamente, entendemos que a santificação tem tudo a ver com saúde, separação, e
serviço. É importante observarmos que o modelo ou paradigma da nossa santificação é
Jesus e não seu “primo” João Batista.
Lembre-se da palavra do próprio Jesus: "Pois veio João Batista, não comendo pão, nem
bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e
dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores”.(Lc 7:33-
34 RA).
João batista, que era o precursor de Jesus, não conseguiu entender os conflitantes
relatórios que recebia acerca de Jesus. "Quando os homens chegaram junto dele,
disseram: João Batista enviou-nos para te perguntar: És tú aquele que estava para vir ou
esperaremos outro?” (Lc 7:20 RA).
A Santificação é evidenciada não por costumes diferentes, mas por uma qualidade de vida
diferente. Jesus mandou uma palavra de consolo ao coração de João dizendo:
"Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os
leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres,
anuncia-se-lhes o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo
de tropeço" (Lc 7:22-23).
A plena verdade é que algumas vezes queremos ser mais santos que o próprio Jesus. O
reconhecimento da diferença entre as perspectivas de João e Jesus pode promover uma
grande melhoria na convivência de irmãos na mesma ou em diferentes comunidades. O
fato de que Jesus era bem mais liberal que João Batista é óbvio. Enquanto João vivia
afastado da sociedade, Jesus vivia dentro dela. Mais uma vez enfatizamos que Jesus, não
João Batista, é o nosso paradigma! O apóstolo Paulo enfatiza isso:
"Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem se casam, nem se dão em casamento; pelo
contrário, são como os anjos nos céus." (Mc 12:25)
"o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda
a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo" (Cl 1:28 RA).
METODOLOGIA DO ESTUDO
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 45 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Perspectiva Objetiva
Esta parte do curso pode ser bastante interessante (leia-se, complicada). Portanto vamos
começar com algo simples: um porco e uma ovelha. Segundo o conceito bíblico do Antigo
Testamento, todos os animais cabiam em uma de duas categorias: animais limpos ou
imundos. Você consegue decidir que animal pertence a que categoria? Provavelmente que
sim. O porco pertence à classe de animais imundos, enquanto a ovelha à classe dos
limpos.
Agora vamos usar estas categorias para ilustrar a questão da santificação objetiva.
De igual modo, nunca pode o porco pertencer à classe das ovelhas ou um não-cristão
pertencer à classe dos cristãos. Santificação objetiva é aquela que depende da natureza.
Perspectiva Subjetiva
Sabemos que a ovelha pertence à classe de animais limpos, enquanto o porco à classe dos
animais imundos. Mas o que dizer se a ovelha cai em um lamaçal, e alguém decidir dar
um banho no porco?
Teremos um animal limpo que é imundo, e um animal imundo que é limpo! Conseguiu
entender? Quando a ovelha se suja, continua pertencendo à classe de animais limpos. Do
outro lado, o porco pertence à classe dos animais imundos, não importa quantos banhos
receba. Esta ilustração simplifica a dificuldade que enfrentamos dentro e fora da Igreja.
Algumas pessoas salvas estão sujas, enquanto outras pessoas perdidas estão limpas.
Falando de santidade objetiva, sabemos que o que separa um ser humano do outro é seu
relacionamento com Jesus. Uma pessoa pode estar em Cristo e ainda estar vivendo aquém
do padrão de Deus. Sua santificação objetiva é garantida, (porque está em Cristo), mas
sua santificação subjetiva é comprometida, porque não está se sujeitando à vontade dEle.
"à Igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para
ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus
Cristo, Senhor deles e nosso" (I Co 1:2 RA).
"Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo
entre os gentios', isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai" (I
Co 5:1 RA).
Aos santificados: aqueles que estão em Cristo (Santificação objetiva), chamados para ser
santos, pesa sobre eles a obrigação de manter-se limpos (Santificação subjetiva).
Os gentios são como se fossem o porco limpo, enquanto o cristão em questão é como se
fosse a ovelha imunda.
Durante a história, a ênfase sobre santificação tem oscilado entre as idéias internas e
externas. Encontramos as duas verdades na Bíblia, e ambas têm a sua importância.
Santificação Externa
Santificação externa é aquela santificação óbvia que pode ser vista nas doutrinas de usos
e costumes. A ênfase é sobre cabelo, roupa, comportamento. Os fariseus estavam
preocupados com estas coisas. Quanto a estas coisas, podemos afirmar o direito de cada
comunidade eclesiástica estabelecer seus padrões sociais, uma vez que perceba que não
são os únicos que um cristão pode ter.
"Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze
ao que não come; e o que não come não julgue ao que come, porque Deus o acolheu. Um
faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem
definida em sua própria mente" (Rm 14:2-3,5).
Santificação Interna
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato,
mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança. Fariseu cego! limpa
primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo. Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por
fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda
imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro,
estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade" (Mt 23:25-28).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 47 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
Uma santificação interna é aquela que é operada dentro de nós pelo Espírito Santo, a
Palavra de Deus e a presença de Cristo.
"Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem
impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões,
nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de
Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas
fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus" (I Co
6:9-11 RA).
Como você está percebendo é muito fácil radicalizar a verdade, mas a Bíblia nos ensina o
equilíbrio. A santificação é tanto objetiva como subjetiva; ela é tanto uma questão externa
quanto uma questão interna; a santificação é algo que acontece de imediato, mas leva a
vida inteira.
A diferença entre as duas tradições é que os pentecostais entendem que "sereis minhas
testemunhas" significa poder para evangelizar, enquanto os metodistas entendem que a
mesma frase significa convincentes testemunhos de vida cristã.
Uma Parceria
"Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença,
porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e
tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua
boa vontade" (Fl 2:12-13).
Há ampla evidência bíblica que sugere que o cristão precisa assumir responsabilidade para
sua vida e fazer progresso na santificação. Do outro lado, relembramos a amarga
experiência de Paulo em Romanos 7, onde ele encarou a sua própria falência espiritual.
Por este motivo ele chama a atenção dos filipenses para a necessidade de uma parceria.
Que trabalho difícil! Durante o projeto Noé tinha várias oportunidades para questionar as
exigências de Deus. Havia mil maneiras de reduzir o trabalho mediante uma modificação
dos planos de Deus. Por que tão alto, tão largo? Por que aquela madeira, por que duas
impermeabilizações? Deus não fiscalizava nada. Deixou Noé trabalhar do jeito que ele bem
entendia.
Um belo dia Deus chega para Noé e diz "Entre na arca!" Noé entrou e Deus trancou a
porta! Começou a chover e não parava! Agora era a hora da verdade. Agora era a hora de
Noé ficar dentro da embarcação que havia construído com temor e tremor! Agora iria se
manifestar à fidelidade do servo do Senhor, mas, se não tivesse sido fiel, ia morrer lá
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 49 de 50
ACADEMIA TEOLÓGICA
dentro!
Semelhantemente vai chegar o dia quando Deus chegará para nós e vamos ter de viajar
na embarcação celestial que temos construído segundo a Palavra de Deus. Por enquanto
cada um constrói como bem entender.
"Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à
vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria
glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes
promessas para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos
da corrupção das paixões que há no mundo, por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa
diligência, associai com a vossa fé a virtude: com a virtude, o conhecimento; com o
conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a
perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.
Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais
nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois
aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto,
esquecido da purificação dos seus pecados de outrora. Por isso, irmãos, procurai, com
diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo
assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois desta maneira é que vos será amplamente
suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (II Pe 1:3-
11).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização
expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2007]…Pág. 50 de 50