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Português I - Compreensão Textual - Aula 7 PDF
Português I - Compreensão Textual - Aula 7 PDF
E SUAS TECNOLOGIAS
Frente: Português I
EAD – MEDICINA
Professor(a): Ângelo Sampaio
AULA 07
APÓLOGO
Resumo Teórico É regido pelas mesmas características da fábula. Seu diferencial
são as personagens, em forma de objetos, posicionados em espaços
variados.
Obs: No apólogo, a moral aparece diluída na história.
A DIVISÃO DE UMA NARRATIVA
• Introdução (10% do texto) – trata de apresentar a trama para
o leitor, delimitando o espaço, pontificando o tempo e revela
a protagonista. É a Situação Inicial da história.
• Desenvolvimento (80% do texto) – delimita o ritmo da trama.
É nesse espaço que se apresenta ao leitor:
Quebra da situação inicial (acontecimento que rompe a
apresentação da narrativa para dar espaço ao andamento
da história).
Problemática (Toda narrativa possui uma. É algo a ser
resolvido, geralmente próximo ao fim da trama). Um apólogo, de Machado de Assis, narra uma conversa entre
Clímax (É o ponto alto da narrativa; é o acontecimento mais uma agulha e um novelo de lã
esperado e o mais importante. Antecede o desfecho).
• Conclusão (10% do texto) – É o desfecho da trama. Nas narrativas, CRÔNICA
tendem a ser surpreendentes, de modo a fidelizarem seus
leitores. • Narrativa curta, na literatura e no jornalismo.
• Produzida essencialmente para ser veiculada na imprensa
CONTO DE FADAS (Jornal o u Revista).
• Sua função é agradar aos leitores dentro de um espaço sempre
É uma narrativa em prosa, de curta extensão, tendo evoluído igual e com a mesma localização.
para uma escrita, de fato, para crianças, obedecendo a alguns • Aproximação entre escritor e leitor.
preceitos, quanto aos seus elementos. Destaque para os Irmãos Grimm, • Efemeridade.
Perrault e Andersen.
• Personagens: a protagonista é, em geral, uma princesa; os
antagonistas, bruxas ou magos; os coadjuvantes são seres
encantados. Exercícios
• Tempo: é cronológico, pontificado com a expressão inicial “Era
uma vez” e conclui-se, em geral, com “... e foram felizes para
sempre”. 01. (Enem/2015)
• Espaço: florestas, castelos, salões reais, dentre outros lugares O PERU DE NATAL
que relembrem a era medieval.
O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu
pai acontecida cinco meses antes, foi de consequências decisivas
FÁBULA para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente
felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta,
É uma narrativa em prosa, de curta extensão, escrita para o
sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades
público adulto e não para crianças, ao contrário do que muitos pensam. econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de
Antecedem os Contos Maravilhosos, tendo, inclusive, inspirado e se meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, duma exemplaridade
confundido com alguns deles. Sua origem foi no oriente e difundida incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele
por Esopo e La Fontaine. aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais,
• Personagens: são animais que agem, pensam, falam e portam-se um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira,
como seres humanos. coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático,
• Tempo: cronológico, com uma moral expressa na última linha, o puro-sangue dos desmancha-prazeres.
a transmitir um ensinamento para o leitor. ANDRADE, M. In: MORICONI, I. Os cem melhores contos brasileiros do século.
• Espaço: em geral, são florestas, onde vivem os animais. São Paulo: Objetiva, 2000 (fragmento).
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A passagem do texto I que melhor se articula com a ideia central 07. (Uerj/2016)
do “mito da caverna” é:
A) “A televisão A EDUCAÇÃO PELA SEDA
Me deixou burro
Muito burro demais”. Vestidos muito justos são vulgares. Revelar formas é vulgar.
Toda revelação é de uma vulgaridade abominável.
B) “Que eu nunca li num livro
Os conceitos a vestiram como uma segunda pele, e pode-se
Que o espirro
adivinhar a norma que lhe rege a vida ao primeiro olhar.
Fosse um vírus sem cura”.
Rosa Amanda Strausz
C) “A mãe diz pra eu fazer Mínimo múltiplo comum: contos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.
Alguma coisa
Mas eu não faço nada”. A narrativa condensada do texto sugere uma crítica relacionada
D) “A luz do sol me incomoda à educação, tema anunciado no título.
Então deixa
A cortina fechada”. Essa crítica dirige-se principalmente à seguinte característica geral
da vida social:
E) “Oh! Cride, fala pra mãe
A) Problemas frequentes vividos na infância.
Que tudo que a antena captar
B) Julgamentos superficiais produzidos por preconceitos.
Meu coração captura”.
C) Dificuldades previsíveis criadas pelas individualidades.
D) Desigualdades acentuadas encontradas na juventude.
06. (Unicamp/2016)
(...) plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de 08. (FGV-RJ/2016) Leia o texto a seguir para responder à questão a
pedra, *macadamizar estradas, fazei caminhos de ferro, construí seguir.
passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas
contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo
tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e
hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai: reduzi tudo a cifras, todas viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem,
as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, alcançou o emprego de que o vemos empossado, e que exercia,
comprai, vendei, agiotai. – No fim de tudo isto, o que lucrou a como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo
navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria da hortaliça, quitandeira
espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens
das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitota. O Leonardo,
ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal-
se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar -apessoado, e sobretudo era maganão. Ao sair do Tejo, estando a
à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava
à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma
absoluta, para produzir um rico? valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo,
sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de
*Macadamizar: pavimentar. disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto
uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto
GARRET, Almeida. Viagens na minha terra. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012. p. 77. do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de
pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco
Formou Deus o homem, e o pôs num paraíso de delícias; mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos
tornou a formá-lo a sociedade, e o pôs num inferno de tolices. e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um Sargento de Milícias.
GARRET, Almeida. Viagens na minha terra. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012. p.190.
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09. (UEL/2016) Leia a crônica abaixo e responda à questão a seguir. É adequado o seguinte comentário sobre o que se tem no trecho
transcrito:
O DESAPARECIDO A) No segmento “Tiago é militante, ele não; só tomou parte
Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de em manifestações estudantis, coisas inócuas”, o leitor toma
antigamente que sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, conhecimento da explicação por meio da voz da própria
e então eu sinto uma saudade muito grande, uma saudade de noivo, personagem.
e penso em ti devagar, bem devagar, com um bem-querer tão certo e B) Uma frase como “É o pai que, apavorado, o sacode
limpo, tão fundo e bom que parece que estou te embalando dentro violentamente” evidencia a presença de um narrador
de mim. onisciente, pois, por exemplo, um narrador-personagem, que
Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens testemunha os fatos, não teria como ter indícios da sensação
para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém pensar que na do pai.
verdade estou aproveitando uma crônica muito antiga num dia sem C) No relato, observam-se tanto a evocação de momentos
assunto, uma crônica de rapaz; e, entretanto, eu hoje não me sinto anteriores (por exemplo, “Prenderam o Tiago”), quanto
rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, antecipações de eventos posteriores àquele em que o pai
o amor burro e comprido de um menino lírico. Olho-me ao espelho e acorda Leo.
percebo que estou envelhecendo rápida e definitivamente; com esses D) A intensa sequência de frases curtas, que poderia ser tomada
cabelos brancos parece que não vou morrer, apenas minha imagem como recurso para sugerir a rapidez dos acontecimentos, perde
vai-se apagando, vou ficando menos nítido, estou parecendo um desses esse valor expressivo, pois convive com frases longas, em que,
clichês sempre feitos com fotografias antigas que os jornais publicam por exemplo, há indícios de serenidade de espírito (Espera voltar
de um desaparecido que a família procura em vão. breve, tão logo se desfaçam os temores e as apreensões).
Sim, eu sou um desaparecido cuja esmaecida, inútil foto E) A narrativa apresenta dois únicos espaços em que se dão
se publica num canto de uma página interior de jornal, eu sou o as ações relatadas: o quarto de Leo – não mencionado
irreconhecível, irrecuperável desaparecido que não aparecerá mais
diretamente, mas composto por dados do contexto − e o
nunca, mas só tu sabes que em alguma distante esquina de uma não
“precário hotel do Quartier Latin”.
lembrada cidade estará de pé um homem perplexo, pensando em ti,
pensando teimosamente, docemente em ti, meu amor.
11. (UFSC/2015) Os jornais da manhã noticiavam em grandes
BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2013. p. 465. manchetes o atentado. Os estudantes haviam entrado em uma
greve de “protesto contra o banditismo. Nossa alma está coberta
A respeito de expressões presentes na crônica, considere as
de 4o próbrio. Uma cova se abriu e o povo não esquecerá”.
afirmativas a seguir.
A repercussão do atentado no Congresso fora enorme.
I. Em “saudade de noivo”, identifica-se um desejo autêntico e
As galerias da Câmara dos Deputados e do Senado estavam lotadas
intenso, muito distante da indiferença;
quando foram abertos os trabalhos nas duas casas do Legislativo.
II. O “irrecuperável desaparecido” é a representação da
inconsistência do amor e da saudade expressa no início da Conforme os congressistas da oposição, “corria sangue nas ruas da
crônica; capital e não havia mais tranquilidade nos lares”. Representantes
III. A imagem de “um menino lírico” entra em desacordo com o de todos os partidos políticos haviam feito discursos condenando o
sentimento de imortalidade e com a inclinação dessa crônica atentado. O deputado Armando Falcão 1apresentara um projeto de
para a narrativa; amparo à viúva do major Vaz. Respondendo às afirmativas de Lacerda,
IV. A expressão “menos nítido” indica a angústia com a passagem publicadas nos jornais, de que as “fontes do crime estão no Palácio
do tempo e seus efeitos sobre a própria identidade. do Catete, Lutero Vargas é um dos mandantes do crime”, o líder
do governo na Câmara, deputado Gustavo Capanema, 2ocupara
a tribuna para classificar de infundadas as acusações ao filho do
Assinale a alternativa correta.
presidente da República. A multidão que ocupava as galerias 3vaiara
A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
Capanema estrepitosamente.
B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. FONSECA, Rubem. Agosto. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 74.
D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Com base na variedade padrão escrita da língua portuguesa, na
leitura do texto, no livro Agosto, de Rubem Fonseca, publicado
10. (PUC-Camp/2016) Para responder à questão a seguir, considere pela primeira vez em 1990, e no contexto histórico ao qual a obra
o texto abaixo, linhas iniciais do conto “Atualidades francesas”. remete, é correto afirmar que
No meio da noite é acordado bruscamente. É o pai que, 01. Rubem Fonseca faz um trabalho de recriação ficcional de
apavorado, o sacode violentamente. personagens históricas. São de sua autoria os pseudônimos
–– Prenderam o Tiago, Leo! Você tem de fugir. “Anjo Negro” e “Corvo”, empregados para designar,
Atarantado, senta na cama e começa a explicar: Tiago é
respectivamente, Gregório Fortunato e Lacerda.
militante, ele não; só tomou parte em manifestações estudantis,
coisas inócuas; o pai, porém, não quer saber de nada; já telefonou 02. na obra, a polêmica influência de Lacerda sobre a população
a um amigo, já falou com o advogado, já decidiu: o filho tem de fica evidente em termos e expressões tais quais “lacerdismo”
sair do país. Imediatamente. Leo não discute. Arruma depressa ou “lacerdistas doentes”, que se referem, respectivamente,
suas coisas. De madrugada embarca no Colossus, com destino às atitudes de quem apoiava Lacerda e aos adeptos de
à França. Em Paris, aloja-se num precário hotel do Quartier Lacerda que contraíram problemas de saúde após os
Latin. Espera voltar breve, tão logo se desfaçam os temores e as protestos contra o governo.
apreensões. Mas não voltará breve. Seis anos se passarão; o pai
04. o narrador que mais ganha voz em Agosto é Getúlio Vargas,
morrerá e logo depois a mãe; sem parentes, sem amigos, ele já
não terá motivos para retornar. tendo em vista que o ex-presidente é a personagem central
da trama de Rubem Fonseca.
SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 50
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08. Agosto é uma obra composta por uma sucessão de narrativas calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da
curtas que se desenrolam em núcleos distintos. Tais narrações outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou
tanto se desenvolvem paralelamente no tempo e no espaço pronta. Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu
quanto dão lugar a digressões e avanços. e decidiu. Um adeus para a gente. Nem falou outras palavras,
16. Mattos, o comissário responsável pelo suposto atentado a
não pegou matula e trouxa, não fez alguma recomendação.
Lacerda, incorpora o investigador de romance policial por
Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu
excelência. Rubem Fonseca destaca-se nesse gênero com
textos nos quais são recorrentes as investigações policiais, somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: –– “Cê vai,
os crimes e a brutalidade das personagens. ocê fique, você nunca volte!” Nosso pai suspendeu a resposta.
32. os verbos “apresentara” (ref. 1), “ocupara” (ref. 2) e Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns
“vaiara” (ref. 3) têm como variantes as formas compostas passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo
pelos verbos auxiliares ter e haver. Assim, sem que houvesse daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: – “Pai,
mudança de sentido, poderíamos substituí-los por tinha/ o senhor me leva junto, nessa sua canoa?” Ele só retomou a olhar
havia apresentado, tinha/havia ocupado e tinha/havia vaiado. em mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás.
64. considerando o sentido da palavra “opróbrio” (ref. 4), ela
Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber.
está empregada adequadamente na frase: “Nas ruas, as
Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa
multidões comemoravam.
saiu se indo – a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida
12. (Enem/2015) Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. longa. Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte.
Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços
homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não
dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer saltar, nunca mais.”
o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais ROSA, João Guimarães. “A terceira margem do rio”. In: Primeiras Estórias.
e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante
e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como Analise as afirmativas a seguir:
pode, arrancando as cascas das feridas que alcança. I. No fragmento do conto “A terceira margem do rio”, o leitor
BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). pode perceber que a linguagem utilizada pelo narrador tem
Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
especificidades que dão à narrativa um ritmo próprio e uma
A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um originalidade quando comparada a outros textos produzidos
painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do na mesma época, no Brasil;
olhar contemporâneo manifesta uma percepção que II. O narrador, um menino que presencia a partida do pai, também
A) recorre à tradição bíblica como fonte de inspiração para a
presencia a discordância da mãe em relação à atitude paterna.
humanidade.
B) desconstrói o discurso da filosofia a fim de questionar o Em muitos momentos do conto, a linguagem do sertanejo, com
conceito de dever. seus trejeitos e modos, é enunciada pelo autor, confirmando
C) resgata a metodologia da história para denunciar as atitudes seu estilo que merece sempre destaque;
irracionais. III. Os irmãos do narrador, mesmo diante da decisão do pai de
D) transita entre o humor e a ironia para celebrar o caos da vida ir embora, não esboçam qualquer reação. Eles sabem que
cotidiana. o pai não voltará, mas não se importam. Essa declaração é
E) satiriza a matemática e a medicina para desmistificar o saber confirmada pelo narrador do conto “A terceira margem do rio”,
científico. no momento em que ele diz: “Sem alegria nem cuidado, nosso
pai encalcou o chapéu e decidiu. Um adeus para a gente”;
13. (UPE/2015)
IV. O pai do narrador, embora diante das contrariedades da esposa:
A TERCEIRA MARGEM DO RIO “Nossa mãe jurou muito contra a ideia”, não mudava de ideia:
“Nosso pai nada não dizia”. Em razão da qualidade narrativa,
Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo;
da história, do enredo, da boa psicologia das personagens,
e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam
o conto de Guimarães Rosa permite muitas interpretações,
as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação.
muitas impressões sobre a atitude do pai do narrador.
Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio
V. A decisão do pai do narrador de sair de casa foi motivada pelo
nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto.
fato de não suportar mais a convivência com aquela família
Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente
repleta de problemas, vivenciando muitos desafios a serem
– minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso
vencidos. Isso fica evidenciado na hora em que o narrador diz:
pai mandou fazer para si uma canoa. Era a sério. Encomendou a
“Ele só retomou a olhar em mim, e me botou a bênção, com
canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha
gesto me mandando para trás.”
da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda
fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever Está correto
durar na água por uns 20 ou 30 anos. Nossa mãe jurou muito A) I, II e III
contra a ideia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia B) I, II e IV
propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. C) I, III e IV
Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de D) II, III e IV
nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, E) III, IV e V
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II. Verdadeira. A descrição caricatural das personagens 12. Fernando Bonassi, ironicamente, faz uma retrospectiva da História
(“Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma da Humanidade, através de um relato com períodos curtos, em
certa Maria da hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, sequência desordenada. Na verdade, os eventos mencionados não
saloia rechonchuda e bonitota. O Leonardo, fazendo-se-lhe respeitam a cronologia histórica, nem respeitam ordenamento
justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal-apessoado, de causa e consequência, o que permite inferir que sua intenção
e sobretudo era maganão”) e a informalidade conferem ao é registrar com humor o caos da vida cotidiana, como se afirma
texto o teor cômico e bem-humorado.
em D.
III. Falso. O narrador, apesar da linguagem coloquial, apresenta-se
em 3ª pessoa, como se nota em “Sua história tem pouca coisa
de notável. Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; Resposta: D
aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil.”
13. As proposições III e V são incorretas, pois
Resposta: B III. não há referência à reação dos irmãos do menino, nem ao
motivo que levou o pai a ir embora de casa.
09. As proposições II e III são falsas, pois V. a decisão do pai deve-se à busca do desconhecido dentro de si
II. a expressão “irrecuperável desaparecido” remete ao tempo mesmo e encontra no isolamento a única maneira de entender
passado do narrador, à meninice e juventude que não podem o incompreensível da vida.
ser recuperadas;
III. a imagem de “um menino lírico” enfatiza a sensação
Como as demais são verdadeiras, é correta apenas B.
angustiante do narrador ao perceber a passagem do tempo
e, por extensão, a sua condição de mortal; tampouco sugere
que a crônica possa ser considerada narrativa. Resposta: B
Como as demais são verdadeiras, é correta a opção B. 14. O trecho revela claramente que a narrativa é em terceira pessoa.
Resposta: B Exemplo: “Netto ficou olhando a umidade no forro, os reflexos
da água”.
10.
A) Incorreta. A explicação é dada pelo narrador em 3ª pessoa. Resposta: A
B) Incorreta. Um narrador-observador poderia facilmente
perceber o pavor de um pai que, preocupado com a prisão de 15. Brás Cubas, protagonista e narrador da obra, pertencia à elite
um filho, tenta preservar a liberdade de seu outro filho. carioca do século XIX. Nunca trabalhou (era rentista, ou seja, vivia
C) Correta. Como é próprio a um conto, de forma breve o de renda) e possuía escravos. Durante a leitura, não é difícil para o
narrador busca informações passadas para justificar a ação leitor perceber a falta de caráter e as incoerências de discurso do
presente; ao término do trecho, no entanto, ele adianta fatos personagem: por exemplo, ao encontrar um amigo de infância,
posteriores à viagem, como se percebe pelo uso de verbos Quincas Borba, na mendicância, Brás Cubas faz apologia ao
conjugados no futuro do presente do Indicativo: “Mas não
trabalho, de maneira moralista. Tal atitude é extremamente cínica,
voltará breve. Seis anos se passarão; o pai morrerá e logo depois
a mãe; sem parentes, sem amigos, ele já não terá motivos para uma vez que ele, como afirma no último capítulo da obra, teve
retornar”. a “boa fortuna de não comprar o pão com o suor do seu rosto”.
D) Incorreta. As frases curtas remetem a ações rápidas, como a
dos preparativos para uma viagem urgente; as frases longas, Resposta: C
no entanto, não indicam serenidade, uma vez que o narrador
menciona inclusive mortes (“Seis anos se passarão; o pai
morrerá e logo depois a mãe; sem parentes, sem amigos, ele
já não terá motivos para retornar”).
E) Incorreta. O trecho sugere outros dois espaços: o navio
(mesmo que indiretamente) e a capital francesa.
Resposta: C
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